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Capítulo Um

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Fim

Fim

Capítulo Um

Vivian sorriu, olhando para Mikey sobre o dispositivo de vídeo. — Você sabe que esta será a reunião mais chata de todas.

— Você deveria vir se juntar a mim.

— Não, obrigada. Eu já passei por muitas dessas reuniões como líder da equipe de segurança. Por isso me tornei especialista em cultura.

— Papai não a teria mantido com ele o tempo todo quando era adolescente, se você não desse tanto trabalho.

Ela riu. — Certo. Você não está feliz por eu ser uma adulta agora?

— Estou feliz por você estar em casa, onde pertence. Sentimos sua falta enquanto estava fora.

Ela sentia falta de seu irmão adotivo e de seu pai. Ficou muito empolgada quando terminou seus estudos e foi contratada para trabalhar com eles no Gorison Traveler, como seu primeiro emprego oficial.

Ele se mexeu em seu assento. — Papai está a caminho.

— Diga a Big M olá por mim quando tiver uma chance. Acho que é hora de terminar a nossa conversa.

Mikey lançou-lhe um olhar travesso. — Você não quer ver como são os Ke'ters? Papai pediu para avisar que um pequeno grupo deles se juntará a nós. Ele não queria que ninguém se assustasse com a

visão.

A excitação repentinamente a percorreu. — Por que eles estão

em um uma reunião com o líder de equipe?

Ele encolheu os ombros. — Talvez estejam curiosos para descobrir como mantemos todos seguros ou como administramos as coisas em uma nave tão grande? Quem sabe. Mas estão aqui. — Ele virou o dispositivo de vídeo portátil o suficiente para ela ter uma visão da grande sala. Dezenas de homens e mulheres em uniformes de segurança estavam sentados em fila na frente dele e ela viu seu pai adotivo entrar na sala com seis alienígenas grandes.

Uma delegação Ke'ters embarcou no Gorison Traveler na Estação Espacial Branston dez dias antes. Os deveres de Vivian incluíam a criação de perfis e a interação com raças alienígenas, mas o Comandante Alderson proibiu-a de ir a qualquer lugar perto de seus convidados importantes. Não a surpreendeu. Ela era nova no

trabalho e guardava rancor pela associação da família dela com Big M, o chefe de segurança da nave, que lhe deu o emprego.

Ela ainda se queixou de que recebeu ordens de ficar longe de seus convidados alienígenas. Os Ke'ters eram uma raça quase desconhecida, atualmente tentando conquistar uma aliança com a Terra Unida. Seria uma oportunidade incrível estudá-los e compartilhar o que aprendeu com seus colegas especialistas em cultura.

Os Ke'ters se aproximaram do Comandante Alderson na estação espacial depois de serem apresentados pelo Diretor da estação, um amigo dele, que garantiu sua confiabilidade. Vivian sabia a verdadeira razão pela qual o Comandante concordou e foi para marcar pontos com seus superiores. Ele poderia ter uma grande promoção se convencesse os Ke'ters a compartilharem parte de sua tecnologia. Havia rumores de que eram avançados em armamento.

Mikey abaixou a voz, sussurrando: — Eles são grandes... e me lembram Pete.

Ela silenciou-o. Pete era a iguana de estimação de Mikey. Silenciosamente concordou, no entanto. Os Ke'ters eram uma raça

reptiliana com braços e pernas grossos. Andavam na posição vertical,

mas eram semelhantes a lagartos. Garras negras dominavam as extremidades de seus três longos dedos e um apêndice em forma de polegar que saía do que seria a as mãos, se fossem humanas. Os Ke'ters também tinham cabeças largas presas a pescoços finos e longos. Seus uniformes cobriam a maior parte de sua pele, mas as escamas expostas pareciam densas.

— Todo mundo, acalme-se. — Big M subiu ao pódio, a sala ficou em silêncio. — Eu gostaria de lhe apresentar Krrnt Sheesk. Ele é o Embaixador que estamos hospedando e gostaria de dizer algumas palavras.

Vivian gostou que Mikey mantivesse o link aberto, a câmera focada nos alienígenas. Era a única maneira de conseguir vê-los enquanto estivessem a bordo. Uma das mãos aproximou-se de Big M. Seu pai adotivo era alto para um humano, mas o alienígena ao lado dele era mais alto.

— Estamos gratos por terem nos deixando entrar em sua nave. — O dispositivo tradutor preso ao redor da garganta de Krrnt Sheesk proporcionou em uma voz masculina robótica. Sua linguagem natural era apenas cliques e silvos para os ouvidos humanos. — E agora mostraremos o nosso apreço. — Ele fez uma pausa, virando a

cabeça para olhar para os outros em seu grupo. — Os humanos são uma raça ingênua... mas saborosa.

Vivian ofegou quando os alienígenas repentinamente se lançaram para frente, apontando para as filas de oficiais de segurança.

Mas seu foco permaneceu em Krrnt Sheesk quando ele agarrou Big M e o jogou com força na parede.

Mikey amaldiçoou, o dispositivo de vídeo se moveu rápido o suficiente para que a recepção continuasse. Ela teve flashes de rajadas de laser atingindo os Ke'ters, mas eles não caíram ou diminuíram seus ataques. Ficou claro que as armas não podiam perfurar suas escamas. Os danos eram apenas em seus uniformes.

Mikey recuou, sua arma ainda disparando.

— Vivian, chame o Comandante!

Ela estava chocada demais para responder, ainda observando enquanto os alienígenas pulavam em oficiais de segurança, levandoos para o chão e rasgando suas barrigas.

Mais gritos e gritos. O fogo doslasers quase sufocando suas próximas palavras.

— Papai! Eles mataram o papai!

Ela saiu de sua cadeira e correu para o painel na parede ao lado de sua porta, apertando o botão de segurança.

Uma voz masculina calma respondeu. — Qual é a sua emergência?

— Os Ke'ters estão atacando a todos na reunião do líder da

equipe. Estão matando eles!

— O que?

— Estou assistindo! Big M está morto! Oh meu Deus. Envie os seguranças! Ajude-os. Os Ke'ters estão assassinando todo mundo!

— É melhor não ser uma piada. — Ele parecia chateado, sua voz elevando-se a quase um grito.

— Ajude-os!

Ele terminou a ligação e ela correu de volta para sua mesa onde seu dispositivo de vídeo estava. Mikey recuou para o fundo da sala, ainda atirando nos alienígenas.

— A ajuda está chegando. Espere, Mikey!

Ele virou seu dispositivo de vídeo e Vivian olhou em seus olhos chocados. — Controle tudo. Bloqueie. — Ele ordenou. Seu olhar saiu do dela, então o terror cobriu seu rosto.

Algo o atingiu e o dispositivo de vídeo voou. Aterrissou no chão. Tudo o que podia ver era o teto... mas ouviu gritos e mais disparos a laser.

O tempo pareceu demorar a passar, mas tudo aconteceu em menos de um minuto na realidade. Logo se aquietou, com apenas alguns gemidos baixos e sons sibilantes.

Mikey estava vivo?

Ela ficou sentada em silêncio atordoada, com medo de dizer uma

palavra. Eles a ouviriam se estivessem perto o suficiente do dispositivo eletrônico. Os Ke'ters tinham excelente audição. Era um dos poucos fatos conhecidos sobre eles.

— Nós pegamos a nave. —Afirmou uma voz robótica, suave, mas ela foi capaz de ouvir. — Vamos levar ao nosso planeta muita comida.

Horror penetrou em seus ossos, fazendo com que Vivian se sentisse gelada. Eles estavam falando sobre as pessoas. Krrnt Sheesk

disse que os humanos eram saborosos. Havia seiscentos e vinte e três humanos a bordo da nave.

Vivian estendeu a mão, terminou a conexão e correu para a parede segura. Big M lhe deu um rifle a laser. Ele também ensinou autodefesa e vários métodos de luta na esperança de que um dia ela se tornasse uma agente de segurança.

Os rifles não fariam efeito. Viu como os lasers foram ineficazes

contra os alienígenas. Mas ela puxou a lâmina e o cinto táticos do seu pai. Big M lhe deu no funeral de sua melhor amiga. Ela nunca usou, mas Big M a treinou com facas também.

Caminhou até a porta, amarrando o cinto grande demais para embainhar a lâmina e ligou o monitor que mostrava o corredor. Ninguém esperava do lado de fora e nenhum outro membro da tripulação estava à vista.

Ela segurou a alça da lâmina e abriu a porta, saindo.

Controle Um estava a quatro corredores do outro lado da nave.

Seu coração acelerou quando ela se dirigiu para o elevador e empurrou para levá-lo ao seu Deck. Ela recuou, preparada para lutar

quando as portas se abriram. O medo a fez dar uma olhada ao redor, procurando pelos Ke'ters.

Vinte e dois deles embarcaram no total. Oito eram agentes de segurança, o que significa que seriam bons combatentes. Todos eram do sexo masculino e pelo que Big M disse a ela durante o jantar depois

que chegaram, comedores de carne.

Ela estremeceu. — Incluindo seres humanos. —Sussurrou.

O elevador se abriu, abençoadamente vazio. Ela correu para dentro e apertou o botão. As portas se fecharam e ela recuou para um canto, segurando firmemente o cabo da faca. Apenas esperava que não tivesse que usá-la e se o fizesse, estivesse afiada o suficiente para perfurar as escamas.

As portas se abriram no Deck Sete e ela avançou para frente, sem ouvir nenhum som de luta. Os alarmes da nave também não

dispararam. Isso a confundiu. Estavam sob ataque. A segurança deveria ser acionada, pelo menos. Era o procedimento.

Ela desceu pelo corredor e congelou quando ouviu alguém gritar. Vivian se jogou contra parede, virando a cabeça na direção do som. O corredor se curvava à frente e o que quer que estivesse

acontecendo, estava perto. Deslizou para frente, puxando a longa lâmina de seu cinto.

O grito parou e segundos depois ouviu gemidos altos. Um silvo soou e ela prendeu a respiração, olhando ao redor.

A visão que encontrou quase a fez gritar.

Um Ke'ter estava agachado sobre alguém em um uniforme médico branco que manchado de vermelho. Seu estômago estava aberto, seus intestinos arrancados e empilhados no chão do convés. O alienígena se inclinou para perto de sua vítima e Vivian ouviu sons de estalos molhados. Ele estava comendo o membro da tripulação.

A vítima virou a cabeça. Ele ainda estava vivo!

Seu horror aumentou quando seus olhares se encontraram e sua boca se abriu. Outro gemido veio dele e ele levantou a mão, estendendo-a para ela.

O alienígena continuou mastigando, mas poderia notar as ações de sua vítima a qualquer momento. Ela não tinha tempo para pensar. Big M e Mikey a treinaram para se defender.

Ela pulou nas costas do Ke'ter. Ele era solidamente construído, como uma pedra, mas ela passou o braço esquerdo ao redor de sua

garganta e apertou com força as coxas ao redor do meio dele. Usando toda sua força, bateu a faca na parte de trás de sua cabeça perto da base de seu crânio.

A lâmina penetrou e o alienígena sob ela gritou. Ele tentou arremessá-la, mas empurrou a lâmina mais profundamente e torceu.

Ele parou... e depois caiu.

Vivian se afastou quando chegaram ao chão. O pobre membro da tripulação a olhou enquanto o olhava, a boca ainda aberta, os olhos arregalados e outro gemido soou.

Ela se agachou ao lado do homem. Ele não era alguém que ela conhecia. — Aguente. — Ela disse a ele. — Teremos ajuda. — Ela afastou o olhar dele e olhou seu estômago.

Bile subiu. O Ke'ter abriu o homem da caixa torácica até a pélvis, rasgando o uniforme. Ela não era médica, mas parecia que o alienígena retirou os intestinos do homem para se alimentar de seus órgãos internos. Era uma bagunça sangrenta.

Um silvo baixo veio do alienígena e ela quase caiu de bunda tamanha sua surpresa. A mão do Ke'ter se contorceu, as garras ensanguentadas e os dedos se curvando.

Ela atacou, indo para a arma amarrada ao seu quadril e a puxou para fora do coldre. Parecia estranho em sua mão, já que não foi projetada para humanos, mas havia um botão. Ela apontou o cano para o alienígena e apertou.

Ele abriu um buraco no uniforme do Ke'ter e sangue verde escorreu para o chão. Ela se levantou, apontou para cabeça e disparou

novamente.

O alienígena se sacudiu, mas duvidava que ainda estivesse vivo. Um buraco do tamanho de um punho se abriu em seu crânio. Ela se aproximou e usou a mão esquerda para pegar a faca tática do pai. Sem deixar de olhar para a cabeça do alienígena. Saltou quando o membro da tripulação gemeu novamente com dor. Ela virou a cabeça para olhá-lo.

— A ajuda está chegando. Aguente.

Ela correu em direção ao Controle Um. Era tripulado vinte e quatro horas por operadores que trabalhavam em turnos. Ela conhecia os protocolos da nave melhor que a maioria dos agentes de

segurança.

As portas estavam seladas. Zumbiram, mas ninguém respondeu. O medo a fez olhar para a câmera. — Abra, droga!

As portas permaneciam seladas.

Um leve grito soou em algum lugar nos corredores e ela rapidamente usou a mão esquerda para digitar o código de substituição. Não deveria saber, mas Big Mike lhe confiou os números.

As portas se abriram, mas a mesa estava vazia. Choque bateu nela novamente. Ninguém deveria deixar este posto sem supervisão. Era contra o protocolo.

Ela entrou, as portas selando em suas costas. Colocou a arma alienígena na mesa enquanto se sentava, seus dedos se movendo rapidamente nos controles para ver a imagem da sala de interrogatório.

A visão que encontrou seu olhar a fez gritar de dor. O corpo de Mikey estava parcialmente à vista, bloqueado por cadeiras. Ele não se movia. Não podia ver Big M do ângulo da câmera, mas via suas botas. Ele também não se movia. Os Ke'ters não estavam mais naquela sala. Eles fugiram da cena do crime.

Isso significava que estavam todos dentro da nave. Ela alcançou debaixo da mesa e cegamente sentiu a tampa que protegia o controle

de emergência. Sua mão tremeu quando tirou o escudo e apertou o botão.

Luzes vermelhas brilharam acima das portas do Controle Um e um alarme estridente soou.

Ela estendeu a mão, ligando os motores de bordo. Era imperativo que avisasse a tripulação. O alarme os informaria que haveria problemas. Abriu a boca e abruptamente parou. Os alienígenas usavam tradutores de idiomas. Ela estava bem familiarizada com os dispositivos, aprendeu tudo sobre eles em suas aulas... incluindo suas falhas.

A falha mais fundamental, os tradutores linguísticos apenas trabalhavam com palavras faladas.

— BLOQUEAR. — Ela rapidamente soletrou. — BAIXA. Repito, BLOQUEAR os Ke'ters estão atacando a tripulação. Isso não é um treinamento. Encontre SHELTER agora! Repito. Encontre SHELTER agora. BLOQUEAR em DOIS

Ela terminou a mensagem e deixou seus dedos voarem sobre os controles, preparando-se para iniciar o bloqueio. Isso prenderia os alienígenas e esperançosamente, protegeria a tripulação se chegassem

em seus alojamentos ou em um abrigo de emergência. Havia dois em cada nível.

O comunicador na mesa zumbiu e ela se aproximou, respondendo.

— Que porra é? O que você pensa que está fazendo?

Ela se encolheu, identificando a voz do Comandante Alderson.

Ela reconheceria seu tom em qualquer lugar. — Os Ke'ters atacaram todos na sala de interrogatório do líder de equipe, senhor. Big M, Mikey e todos os líderes da equipe de segurança presentes foram assassinados ou gravemente feridos. Não estão se movendo.

— O que? Isso é absurdo! Quem é?

— Vivian Goss, senhor. É verdade. Mikey Miller estava em seu dispositivo comigo quando eles atacaram. Eu vi toda a coisa acontecer. Iniciei o bloqueio para selar a nave.

— Você não pode fazer nada disso! Estou enviando segurança para lidar com o que porra estiver acontecendo e você enfrentará uma corte marcial por colocar a tripulação em pânico com sua pequena façanha, Senhorita Goss.

— Isso não é um truque! É verdade! As armas laser não faz nada para os Ke'ters, senhor. Não os machuca. Essa é a arma mais forte que temos a bordo.

— Isso é besteira. Eles não atacariam. Você sempre foi a pior agitadora quando menina. Isso não é nada mais do que uma maneira de se vingar por eu lhe dizer para ficar longe de nossos convidados alienígenas, mas agora foi longe demais. Precisa parar imediatamente este absurdo e se reportar a ponte. Como ousa...

Ela cortou a comunicação e repetiu sua mensagem anterior, soletrando a maioria das palavras para evitar que os alienígenas compreendessem sua intenção.

A linha zumbiu, mas ela ignorou. Em vez disso, observou o relógio. Dois minutos se passaram e então ela iniciou o bloqueio.

Alarmes agudos continuaram pelos alto-falantes por todaa nave e ela sabia que as portas de emergência estavam sendo lacradas, os pontos de acesso nos corredores foram cortados por grossas paredes e cada eixo de ventilação entraria em crise. Vedariam para evitar vazamentos de oxigênio em caso de explosões, mas bombeariam ar suficiente para manter todos vivos.

Ela virou a cadeira, de frente para os controles de comunicação de longo alcance. Ligou-os para enviar uma mensagem, mas o dispositivo se recusou a lhe dar acesso. Não tinha o código de acesso, mas havia uma opção geral de sinal de socorro.

Vivian o iniciou. O Gorison Traveler precisava de ajuda. O sinal de perigo automático piscou ao transmitir um padrão de SOS. Ela se virou, ainda ignorando o zumbindo do comunicador e começou a executar os protocolos de segurança.

A ala médica foi devastada. Estava claro que algum dispositivo incendiário disparou na enorme sala. Os corpos estavam em pedaços, espalhados entre o equipamento quebrado e queimado.

Lágrimas a cegaram, mas Vivian piscou de volta. Os Ke'ters devem ter atingido a ala médica para prejudicar os esforços do Gorison Traveler em ajudar os feridos. Não havia mais lugar para levar seus feridos. Também significava que o pobre homem que encontrou no corredor morreria.

Continuou passando pelas câmeras da nave para obter uma visão geral da situação. Nada aparecia nos corredores, mas ela viu alguns corpos humanos. Viu alguns Ke'ters em corredores aleatórios e também encontrou mais três presos dentro de um elevador.

— Espero que morram, bastardos.

Encontrou mais alienígenas quando mudou para a ponte. Estavam comendo os pilotos e outros tripulantes. Foi quando ela se lembrou da intenção de assumir o controle da nave. Eles teriam

sucesso, já que agora tinham o controle da ponte.

Ela estendeu a mão e ligou as câmeras internas que zumbiam.

— Por Deus, Goss! Você conseguirá uma pena de morte por selar

esta nave!

— Os Ke'ters estão na ponte.

— Ela tentou manter a voz calma, apesar do pânico que sentia. — Eles estão roubando a nave, senhor. Estão comendo a tripulação viva! Não sei mais o que fazer. Como podemos impedi-los?

O Comandante Alderson desconectou.

— Desgraçado!

Então ela pensou em Donny e sua esposa, Maggie. Ele era o chefe da engenharia. Digitou o código da cabine deles. Zumbiu até que Donny atendeu.

— O que está acontecendo?

— Apenas o que eu disse. Os Ke'ters nos atacaram.

Donny murmurou uma maldição. — Por quê?

— Somos comida. Eles estão nos comendo. — Ela explicou, ainda se sentindo doente. — Maggie está segura com você?

— Sim. Nós dois estamos no quarto. Quão ruim?

— Os Ke'ters têm a ponte, os médicos foram derrubados e hum... o Comandante Alderson acha que eu estou fazendo uma brincadeira.

— Ele é um idiota. Você não é mais adolescente e as brincadeiras

que fez sempre foram inofensivas. Ninguém inicia um bloqueio como uma brincadeira. Eu acredito em você, Vivian.

— Há alguma forma de desligar os motores do centro de controle para impedi-los de nos voar para Deus sabe onde?

— Você enviou um sinal de socorro?

— Sim.

— Ela olhou para a direita, observando o painel piscar. — Ainda estou transmitindo.

— Não há mais nada que você possa fazer. — Ele fez uma pausa. — Espere, precisa chegar ao Controle Um.

— Estou aqui. Mikey me enviou. Foi assim que pude colocar a nave no bloqueio. Donny... o operador desta estação não estava aqui. Por que deixariam seu posto?

Ele soltou outra maldição. — Eu não sei, porra. Eles não deveriam fazer isso. Graças a Deus Mikey está bem.

O pesar feriu seu coração. — O que eu posso fazer? — Ela precisava que ele pensasse claramente. Contaria a verdade sobre seu melhor amigo depois.

— O Controle Um possui capacidade de sobrepor no caso de um incêndio no motor. Isso os pararia. Mas preciso orientá-la.

— Ok. Como funciona?

— Abafará todo o oxigênio nos compartimentos do motor. Eles precisam de oxigênio para funcionar, então desligarão imediatamente. Mas... há um lado ruim nisso, Vivian.

— Qual?

— Entraremos em backup. O sistema de emergência entrará em ação, então não morreremos, mas duraremos apenas quatro dias. Os mecanismos são o que recarregam o sistema de backup. Estamos a dez dias da estação espacial mais próxima e acho que ninguém está

tão longe. A Colônia Bassius é nova demais para acomodar visitantes por períodos prolongados e duvido que eles tenham naves de longo alcance.

Prioridades, Big M sempre dizia. Era nisto que ela precisava se concentrar. Lidar com uma bagunça de cada vez. Fechou os olhos, pensando. — Posso reiniciar os motores se desligá-los?

Ele hesitou. — Sim.

Ela sabia o porquê de sua hesitação. — Quanto tempo precisam ser mantidos em funcionamento antes que o sistema de backup seja recarregado?

Ele ficou quieto por outro momento. — Vinte horas, pelo menos. É um grande risco, Vivian, ligar os motores novamente.

— Eu sei. A primeira prioridade é manter as pessoas vivas e impedir que os Ke'ters nos levem mais longe. Diga-me como liberar o oxigênio dos motores. E se o suporte de vida emergencial cair antes que a ajuda chegue, eu os reiniciarei.

— Porra.

— Ele estava respirando com mais força. — Primeiro, entre no submenu para manutenção.

Vivian respirou fundo e colocou as mãos nos controles, procurando brevemente por ele. — Estou dentro.

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