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Capítulo Quatorze
Capítulo Quatorze
Vivian digitou a última frase e leu o que escreveu. Escolheu o formato do relatório, como o centro cultural pediu. Foi treinada assim, para avaliar alienígenas e registrar informações. Apenas que agora não enviava para a Terra e o assunto era sobre mulheres humanas.
As portas atrás dela se abriram e se virou, sorrindo para Brassi. Ele a verificava com frequência quando passava tempo no computador em seu escritório. Era como a sala comum. Ele entrou com um lanche e uma bebida.
— Você está aqui há horas.
— Ele colocou o prato e o copo para baixo, movendo-se atrás dela para olhar a tela. — Eu não consigo ler.
— Eu tenho que o traduzir em sua língua, então poderá lê-lo. — Ela o olhou. — Estou nervosa.
Ele se inclinou e beijou a cabeça dela. Ela sorriu, amando que fizesse isso com frequência, além de dar-lhe beijos.
Não havia dúvidas de que ela já estava loucamente apaixonada por Brassi. As palavras não foram ditas, mas não eram necessárias. Sabia que ele sentia o mesmo por ela.
— Como está o estoque?
Ele sentou-se na beirada da mesa. — Nada está faltando. Nunca
está. Nós apenas fazemos isso por hábito antes de pousar ou atracar para descarregar.
— É melhor prevenir do que remediar. Qual era a carga mesmo?
— Nós viajamos para aquele planeta fora do caminho para comprar sementes para uma colônia em crescimento. É por isso que estávamos em sua parte do espaço quando ouvimos seu sinal de socorro. Esta colônia da qual estamos nos aproximando nos pediu várias amostras. Temos centenas de caixas de sementes.
— Eles pagaram bem?
Ele sorriu. — Sim e encontrei uma companheira. Melhor viagem até agora.
— Sim, foi.
Ele olhou para a tela dela. — Como está seu anúncio?
— Basicamente repassei como nos conhecemos e nos acasalamos.
Ele franziu a testa.
— Eu não entrei em detalhes. Apenas me apresentei, fiz o resumo básico de nossa reunião e a atração que sentíamos. Expliquei algumas das nossas diferenças físicas e como nos unimos. Deixei claro que as mulheres humanas não lutam com seus machos para mostrar interesse sexual.
— Estou ansioso para lê-lo.
— Você pode vetar qualquer coisa e reescreverei.
— Vetar?
— Mudar. Tirar. — Ela pegou o que parecia ser um rolo de sushi e colocou em sua boca. Não era peixe cru. Apenas bolos arredondados com arroz branco e algum tipo de carne cozida no centro. Parecem fritos e eram muito saborosos. — Tem certeza de que alguém em seu planeta vai querer ler isso?
Ele assentiu. — Não apenas nosso planeta, mas nossas colônias. Todo homem no espaço também vai querer lê-lo e aprender sobre suas fêmeas, já que somos compatíveis.
Ela sorriu. — Muito compatível e muitas vezes.
Ele riu. — Funcionamos.
— Sim, funcionamos. Eu gostaria de poder escrever algo assim para Terra, deixar nossas mulheres saberem o que estão perdendo, para encorajá-las a acasalar com Veslor. Mas não ouvimos nada de Abby. — O bom humor dela desapareceu. — Então, pelo que sei, a Terra tem um mandado de prisão para mim. Faz apenas três semanas desde que você me pegou. A investigação pode nem ter começado ainda.
Ele saiu da mesa e a surpreendeu, puxando-a para fora da cadeira. Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço. — Eles são estúpidos se decidirem que você fez algo errado. Mas você não será presa, independente disso. Podemos evitar qualquer aliado da Terra, se for assim.
— Você quer abrir negociações comerciais com a Terra Unida?
— Para o meu povo. Mas não a arriscarei, companheira. Estamos bem até agora sem eles. Continuaremos fazendo isso.
— E se o seu rei fizer alianças com a Terra e eles me mandarem
de volta?
— Eu disse que isso não acontecerá. Enviei meu relatório e até falei com meu rei.
— Eu sei. Você disse que estava feliz por termos nos acasalado e sou considerada um Veslor agora. A Terra pode colocar muita pressão sobre os outros, no entanto. Eles são muito bons nisso.
— Pare de se preocupar. — Ele a levou em direção à porta. —
Você não precisa pensar.
Ela sorriu. — Você apenas me quer nua.
— Sempre. Trabalho feito. Agora vamos para nosso quarto.
Eles estavam no elevador quando a náusea a atingiu de repente. Ela estremeceu. — Coloque-me no chão!
Brassi a abaixou e ela colocou a mão sobre a boca, tentando
respirar pelo nariz e lutar contra a vontade de vomitar. O elevador parou e abriu. Ela correu para fora e encontrou um painel de lixo, abrindo-o. Rapidamente perdeu o conteúdo de seu estômago.
Brassi gentilmente a segurou até que terminou. Ele rosnou, esfregando as costas dela. — É a terceira vez que isso acontece. Vamos até Vassi agora.
Ela balançou a cabeça. — Não. Apenas estou me adaptando à sua comida. Acho que essas coisas de carne está me fazendo mal.
Assim como a pimenta da outra noite que me fez vomitar. Acho que
estava muito picante.
— Você comeu aquela carne antes e não ficou doente. Vou levála para Vassi.
—Estou bem, Brassi. Ajustes alimentares. Isso é tudo. Eu tive a mesma coisa quando fui para Terra no começo. Não estava acostumada a comer tanta carne real. A maioria das coisas em
embarcações de frota são baseadas em vegetais e apenas com sabor de carne.
Ele a pegou e virou, entrando no elevador novamente. Ela manteve seu rosto virado, já que achava que sua respiração seria ruim. Ele saiu no próximo nível e levou-a para a porta do irmão, tocando para entrar.
Abriu-se e Vassi apareceu de bermuda. — Encontre-nos na ala médica. — Brassi se afastou pelo corredor até a sala de exames. Ele a levou para dentro e a colocou na cama.
Ela se abaixou e foi até a pia, abrindo uma das gavetas ao lado até encontrar o que procurava. Foi um dia glorioso quando descobriu que os Veslor tinham escovas e pasta de dente. Vassi mantinha pacotes na sala de exames. Ela escovou os dentes e limpou a boca.
A porta se abriu e ela se virou. Vassi vestiu mais roupas e parecia alarmado agora, com preocupação em seus olhos. — O que há de errado?
— Minha companheira perdeu o conteúdo de seu estômago
novamente.
— Apenas estou me adaptando à comida.
— Ela encolheu os ombros. — Eu disse a Brassi que estou bem. Sinto-me bem agora.
Vassi assentiu.
Quando ela terminou de enxaguar a boca, Brassi agarrou-a antes que pudesse se mover e a colocou de volta na cama. Ele a ajustou como se ela fosse uma criança, colocando-a suavemente sobre a
superfície. Ela suspirou, olhando-o. — Estou bem. Você se preocupa
muito.
— Você é minha companheira. Meu coração. — Sua voz estava rouca. — Não sabemos muito sobre humanos. E se pegou um vírus que é inofensivo para nós, mas não para você?
— Eu dei a ela todas as vacinas que temos.
— Lembrou Vassi. — Carreguei todas as informações médicas disponíveis sobre sua raça em nosso computador. Havia muita informação. Eles não escondem
essa informação dos outros. — Ele ligou o scanner e a grande máquina acima dela abaixou.
Brassi recuou, mas ainda ficou perto. — Eu me sentirei melhor quando você a verificar.
— Estou fazendo isso.
— Vassi encontrou seu olhar. — O que significa quando os humanos vomitam?
— Essa comida não nos faz bem por algum motivo ou nós pegamos um vírus. Isto apenas aconteceu três vezes e sempre me sinto melhor logo depois. A última vez foi há quatro dias.
— Eu não gosto disso. — Brassi grunhiu.
— Eu também não. Vomitar não é divertido. — Ela tentou fazê-
lo sorrir, mas ele não o fez, olhando para o irmão em seu lugar.
— Encontre o que há de errado com ela e conserte.
Vassi assentiu. — Provavelmente é a comida. Que horas são?
Comeu o ensopado de ket?
— Não. Eu evitei sua versão do chili depois da última vez.
O scanner começou, um zumbido baixo enchendo a sala. Vassi
pegou um bloco, lendo enquanto a máquina enviava dados para ele. — Sua temperatura esta um grau mais alto que o normal.
— Provavelmente de vomitar.
E de repente, ele se virou e tocou alguma coisa no lado da cama, com as feições tensas.
— O que foi? Ela está doente? —Brassi se aproximou.
Vassi se afastou, apertou o bloco no peito brevemente, arregalou os olhos e depois passou os dedos pelo lado da cama, onde estavam os controles de varredura.
Finalmente, depois de alguns minutos tensos, ele encontrou o olhar de Vivian. — Eu sei o que está deixando você doente.
— Tem cura? — Brassi agarrou Vassi pelo braço. — Diga-me que você pode consertá-la!
Seu irmão se libertou do domínio de Brassi. — Calma. Estou
procurando mostrar a você. — Ele se moveu para o outro lado da cama e pegou outro bloco, tocando nele. — Não há razão para alarme. — E de repente, ele sorriu quando olhou para cima. — Veja.
Ele tocou o bloco e uma tela deslizou da parede ao lado dele. Acendeu e uma imagem encheu o monitor.
Vivian olhou para ela, tentando entender o que estava vendo, então entrou em pânico, olhando para Brassi.
Mas ele não a olhou. Estava olhando para a tela com a boca aberta e os olhos arregalados.
Ela apertou o braço dele. — O que foi?
Ele não parecia ouvi-la, seu foco completamente na tela. Ela virou a cabeça para olhar novamente. O que quer que aparecia no monitor estava se movendo levemente.
Vassi riu e deu um zoom... e o que Vivian viu então a chocou. Era algo vivo e dentro de um saco cheio de fluido. A forma ficou mais clara e finalmente ela entendeu.
Era uma pequena pantera alienígena enrolada em uma bola.
— Sua companheira é compatível com nossa raça.
—Disse Vassi. — Você terá um filhote! Vivian esta com aproximadamente três semanas. Parece que fizeram mais do que acasalar, criaram uma vida juntos! Seu filho é provavelmente a causa dela vomitar. É muito comum com a gravidez.
Lágrimas a cegaram. Ela estava grávida?
Brassi segurou a mão dela em seu braço e virou a cabeça. Ele tinha lágrimas nos olhos também. Sua boca se fechou, abriu e depois fechou novamente. Ele tropeçou mais perto e se inclinou, colocando a cabeça contra a dela, acariciando-a.
Ela estava grávida! Eles não achavam que fosse possível. Então algo lhe ocorreu. — Parece sua forma de batalha.
Brassi acenou com a cabeça contra ela e soltou sua mão,
envolvendo o braço em suas costas, abraçando-a. Ele manteve o rosto
enterrado em seu cabelo e seu corpo tremeu.
Vassi se moveu ao redor da cama e sorriu para ela, colocando a mão nas costas de Brassi. — Ele está dominado pela felicidade. Dê-lhe um minuto. Todo homem quer filhotes, mas achamos que isso não seria possível com humanos. Nós estávamos errados... e isso é ótimo.
Brassi acenou com a cabeça novamente contra ela e a olhou
gentilmente. — Feliz. — Ele disse asperamente.
Ela piscou as lágrimas. — Eu também. Atordoada, embora. — Ela estendeu a mão e acariciou a parte de trás de sua cabeça, mas manteve sua atenção em Vassi. — Está em forma de batalha, certo?
— Todas as crianças nascem assim.
— Uau. Eu não sabia disso. Então tem garras? Isso é seguro para
mim?
— As garras e os dentes afiados não aparecem até depois do nascimento de um filhote. Você está segura.
Ela se sentia extremamente grata por isso. Ela viu Brassi se transformar e as garras eram terrivelmente afiadas. — Quão grande será esse bebê?
Vassi estendeu a mão e gentilmente tocou seu estômago, acariciando-a, antes de pegar um bloco e tocar nele. — O peso médio do bebê humano é de três a cinco quilos, de acordo com o que aprendi. Os nascimentos médios dos filhotes Veslor estão entre dois e três
quilos. O que pode ser curioso é o período de sua gravidez. — Ele olhou para o monitor. — Eu preciso perguntar. Vocês dois copularam com Brassi em forma de batalha novamente, desde que se acasalaram?
Brassi limpou a garganta e se moveu, acariciando-a mais uma vez antes de se afastar. Ele pegou a mão dela, levou-a para boca e beijou-a. Seus olhares se encontraram e ele sorriu. — Teremos um filhote.
— Sim.
— Eu preciso saber. Um de vocês me responda, por favor. Foi apenas a primeira vez quando se acasalaram ou aconteceu novamente desde então?
Brassi respondeu seu irmão. — Por que você pergunta?
— Porque se foi apenas quando você se acasalou, pela taxa de crescimento de seu filhote, sua gravidez será Veslor. E se não, estou alarmado com o tamanho.
Vivian se abaixou para tocar seu estômago. — Há algo errado? — Isso iria devastá-la. Ela acabou de descobrir que estava grávida! Nada poderia acontecer com seu bebê. Ele era seu milagre e o de
Brassi.
— Apenas uma vez, quando nos acasalamos. — Brassi disse a
ele.
Vivian assentiu. — Nós conversamos sobre fazer isso
novamente, mas já danificamos um sofá.
Vassi franziu a testa. — Como?
— O filhote.
— Brassi lembrou a ele. — O que isso significa? Nosso filhote está bem?
Vassi olhou para o monitor, bateu no bloco e finalmente sorriu para eles. — Ele é perfeitamente saudável e cresce como um Veslor.
— Porque está nesta forma? — Vivian ainda estava um pouco perplexa com o fato de seu bebê estar em forma de pantera alienígena em vez de parecer mais uma combinação dela com Brassi.
— Seu tamanho. Como eu disse, todos os nossos bebês nascem
em forma de batalha. Eles não mudam até depois do nascimento, quando aprenderem a controlar suas emoções.
Ela entendeu surpresa a informação. Pensou que a atual forma deles fosse natural. Em vez disso, eram uma pantera. — E quanto ao tamanho dele?
— Gravidezes humanas duram nove meses. Isso significaria que seu filhote seria muito menor do que ele. Gravidez Veslor são de três meses. Esse é o tamanho do seu filho como deveria estar neste
momento. — Vassi deixou o bloco e usou as mãos para formar uma bola de beisebol. — Ele está crescendo como uma Veslor, perfeito.
Ela olhou de suas mãos para tela, antes de chegar ao seu estômago. Notou que sua barriga cresceu um pouco, mas Brassi estava sempre levando lanches. O macho era obcecado em mantê-la bem alimentada. Não ganhou muito peso, no entanto. Talvez dois ou três quilos.
Então repetiu o que Vassi disse, fez as contas e ficou feliz por estar deitada.
Em pouco mais de dois meses, seu filho nasceria.
Brassi aproximou-se e gentilmente afastou a mão para o lado, colocando a palma grande sobre a barriga. Ela encontrou seu olhar. Ele sorriu amplamente. Não pode deixar de sentir sua felicidade
— Você precisa comer mais.
—Explicou Vassi. — Evite alimentos fritos e qualquer coisa com tempero forte. Isso foi provavelmente o que a fez vomitar. É típico das nossas mulheres. Eu teria avisado e feito uma varredura se achasse que você poderia se reproduzir. Sinto muito, Vivian. Você nunca deveria ter ficado doente. É minha culpa.
— Não, não é.
— Ela balançou a cabeça, incapaz de desviar o olhar de Brassi. — Nós não achamos que poderíamos engravidar.
— Estávamos errados. —Sussurrou Brassi, acariciando seu
estômago com ternura. — Nós teremos um filhote. Eu sou um homem
com sorte.
— Terei que fazer uma lista de perguntas. Por favor, me diga que suas mulheres expulsam bebês e eles não... as rasgam na saída.
Os olhos de Brassi se arregalaram e ele se virou para Vassi.
Vassi riu. — O parto é o mesmo para as duas raças. Filhotes são inofensivos na gravidez. Como eu disse, ele não tem garras afiadas agora. Depois que nascer, suas garras vão crescer e engrossar. Não há dentes para se preocupar até que tenha cerca de seis meses de idade. Também é seguro para você copular por enquanto. Continuarei fazendo exames toda semana e avisarei se isso mudar. — Ele deixou
o bloco e acenou para seu irmão. — Leve sua companheira para seus aposentos. Evite alimentos fritos e cha no que ela comer. Sua doença deve acabar assim.
— As mulheres humanas têm enjoos matinais. — Ela respondeu.
Vassi encontrou seu olhar. — Seu corpo está se comportando como um Veslor agora. Tudo indica isso. Mas se ficar doente novamente, venha a mim imediatamente.
Brassi pegou-a, sendo extremamente gentil. — Não conte a ninguém. Compartilharemos amanhã. Agora, quero abraçar minha companheira.
— Você tem minha palavra. Parabéns a todos.
Vivian se apertou em seu peito enquanto Brassi a levava para seus aposentos. Não conversaram, até que ele a colocou na cama e se deitou ao seu lado.
— Teremos um bebê.
Ele se apertou contra ela. — Sim. Este filhote é a melhor surpresa.
— Eu sei. Sinto-me da mesma forma. Apenas espero ser uma boa mãe para um Veslor.
— Você é uma companheira perfeita. Será uma mãe perfeita.
— Precisamos comprar uma nave maior? — Ela temia que ele dissesse que sim e fosse um fardo financeiro.
— Não. Temos espaço de armazenamento que podemos converter em outro cômodo.
Ela suspirou de alívio. — Bom. Como acha que todo mundo receberá a notícia?
— Eles ficarão emocionados. Todo mundo ama um filhote.
Ela relaxou. — Mesmo? Até Nessel?
Ele riu profundamente. — Ele vai resmungar... mas apenas observe. Ele estragará nosso filhote quando achar que ninguém está olhando.