ALIMENTAÇÃO ANIMAL TEMA DE CAPA
65.ª ASSEMBLEIA GERAL DA FEFAC
Discurso da Ministra da Agricultura Maria do Céu Antunes Asbjørn Børsting, Presidente da FEFAC (Federação Europeia de Fabricantes de Alimentos para Animais)
para a promoção do bem-estar e da sustentabilidade da sociedade europeia.
Janusz Wojciechowski, Comissário da UE para a Agricultura
O setor pecuário tem, nos últimos 30 anos, melhorado a sua eficiência de produção e diminuído o seu impacto por unidade de alimento produzido, seja carne, leite ou ovos, sendo o setor que, neste período e atualmente, mais aplica os princípios da reutilização e da economia circular.
Kerstin Rosenow, Chefe de Unidade, Investigação e Inovação, DG AGRI, Comissão Europeia Frank O’Mara, Presidente da ATF (Animal Task Force) Christiane Lambert, Presidente da Copa-Cogeca Todos os intervenientes nos painéis de discussão Maria do Céu Antunes Ministra da Agricultura
Muito obrigada pelo convite para participar neste encontro anual da Federação Europeia dos Fabricantes de Alimentos para Animais. O primeiro semestre de 2021 tem trazido vários desafios a Portugal, entre eles, o de liderar os destinos da União Europeia, mas, também, o de fazer chegar à economia os fundos de recuperação económica, intrinsecamente ligados à sustentabilidade ambiental. E no que respeita à indústria de alimentos para animais, estes objetivos devem ser estabelecidos atendendo ao contexto mundial, que se caracteriza pela volatilidade nos preços de matérias-primas, ao mesmo tempo que se verifica uma quebra dos preços ao consumidor e alguma redução na procura dos produtos pecuários em geral. Na última década, o mercado global cresceu significativamente, razão pela qual não podemos dissociar as políticas europeias e os planos estratégicos nacionais, da futura Política Agrícola Comum, da realidade dos mercados internacionais. Temos de apostar num reforço da nossa autonomia estratégica. É também de destacar que as evoluções de mercado estão a ser acompanhadas em contínuo e com regularidade, nomeadamente no quadro dos observatórios de mercado da Comissão Europeia, dos Comités de Gestão da DG AGRI, e são objeto de comunicações regulares da Comissão Europeia ao Conselho de Ministros da Agricultura. Outro dos principais desafios a que o setor terá de dar resposta é a transição para uma economia verde, com metas ambiciosas no quadro da estratégia europeia do Prado ao Prato ou do Pacto Ecológico. Desde já se acolhe com muito agrado a vontade dos industriais de alimentos compostos em fazer parte da solução para esta transição. Pretende-se alcançar uma agricultura mais inovadora, eficiente e sustentável, que possa contribuir
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ALIMEN TAÇÃO AN IMAL
Uma das lições que pudemos retirar dos efeitos da pandemia COVID 19 para este setor prende-se com a importância da minimização dos impactos para o setor pecuário, decorrentes da diminuição de produção de biocombustíveis para implantação de energia renovável. Procura-se a caracterização do risco relativo às emissões ILUC (Indirect Land Use Change) das fontes de matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis, a avaliação do potencial daquelas matérias-primas virem a originar alimentos para animais e, consequentemente, a desejada promoção da economia circular e, até, da possibilidade de utilização de outras matérias-primas na produção de biocombustíveis avançados no futuro. Destacam-se, igualmente, as estratégias de mitigação como a alimentação de precisão, ingredientes dietéticos, gestão de gramíneas e pastagens, proteínas protegidas e fontes de aminoácidos que contribuem para a redução das emissões de metano (CH4) e de amoníaco (NH3). Porém, existe uma desinformação generalizada no que respeita aos impactos ambientais gerados pela agricultura, considerando-se que o setor pecuário é alvo de uma responsabilização que não condiz com a realidade. Em termos mundiais, a produção animal é responsável por cerca de 14% de todos os gases com efeito de estufa de origem antropogénica, valor muito aquém dos registados noutros setores, como é o caso da produção de energia, transportes, manufatura e construção, tratamento de resíduos urbanos. Por sua vez, o pastoreio reduz o risco de incêndios, as pastagens, corretamente geridas, contribuem para o incremento do teor de matéria orgânica do solo. Isto é, a relação entre a atividade pecuária e as emissões e remoções de Gases com Efeito de Estufa tem de ser abordada numa perspetiva holística. Estas conclusões devem ser devidamente esclarecidas e divulgadas à sociedade, por forma a minimizar a responsabilização de um setor cujo papel