Julho/Agosto Ano 7 | Edição 46 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331
PONT & VIR ULA
DANIELA POMINI MUSICISTA E DIRETORA DO CONSERVATÓRIO MUSICAL "CANTABILE"
2 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
ÍNDICE JULHO/AGOSTO
Foto: Natan Ferraro
Pág. 1 Capa: Daniela Pomini: Musicista e Diretora do Conservatório Musical "Cantabile" Pág. 2 Publicidade Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 - 5 Matéria de Capa Pág. 6 Poetas em Destaque Pág. 7 Cantinho Literário de Vera Regina Marçallo Gaetani Pág. 8 Poetas em Destaque Pág. 9 Cantinho Literário de José Antônio de Azevedo Pág. 10 Me ajuda, Pai! - Irene Coimbra Pág. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 Oração aos Solitários - Ely Vieitez Lisboa Pág. 13 Cantinho Literário de Fernanda e Eduardo Pág. 14 Às vésperas da partida, o pequeno bosque... - Perce Polegatto VII Salão Internacional de Arte Fotográfica - Antônio Tórtoro Pág. 15 Novamente o veria - Aline Cláudio Pág. 16 Dizem por aí - Ithamar Vugman ARL promove "Agosto das Letras" Págs. 17 e 18 Sarau de Lançamento 45a. Revista Ponto & Vírgula Pág. 19 Publicidade Pág. 20 Foto em Destaque - Aline Cláudio
EDITORIAL
E o tempo voooooaaaaaa... Lá se foram julho e agosto e aqui vamos nós! Nossa homenageada desse bimestre é a pianista, cantora, bacharel em musicoterapia, produtora artística de espetáculos musicais: Daniela Pomini!!! Daniela é Fundadora e Diretora do Conservatório de Arte Musical “Cantabile” desde 1990. Como professora, ministra aulas de piano erudito e popular, teclado e técnica vocal para crianças, jovens e adultos. Nas páginas seguintes terão oportunidade de conhecer um pouquinho mais do trabalho dessa guerreira! A “Ponto & Vírgula” está sempre recheada de poemas, contos e crônicas, para o deleite de nossos leitores! Impossível não se apaixonar por ela! Poetas e escritores em destaque, nesta edição: Alceu Bigato, Adriano Pelá, Maria Auxiliadora N. Zeotti e Simone Neves (Pág. 6); Vera Regina Marçallo Gaetani (Pág. 7); Luzia Madalena Granato, Cecília Figueiredo, Leda Pereira e Idemar de Souza (Pág. 8); José Antônio de Azevedo (Pag.9); Irene Coimbra (Pág. 10); JC Bridon e Arlete Trenini dos Santos (Pág. 11); Ely Vieitez Lisboa (Pág. 12); Fernanda Rocha Mesquita e Eduardo Mesquita (Pág. 13); Perce Polegatto e Antônio Carlos Tórtoro (Pág. 14); Aline Cláudio(Pág. 15) e Ithamar Vugman (Pág. 16). A todos, uma boa viagem pelas páginas de nossa “Ponto & Vírgula” e o convite para também juntar-se a nós! Irene Coimbra | Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Cláudio Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade | Fotos de Capa: LC Fotos & Eventos Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 / WhatsApp: (16) 98104-0032 Tiragem: 2 mil exemplares Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 3
Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.
Apresentação Musical em Homenagem ao Imortal Patrono Gastão Miranda da ALARP - Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto. Foto:Thaise Giunco
DANIELA POMINI
D
aniela Pomini, nascida em Ribeirão Preto, é pianista, cantora, Bacharel em Musicoterapia e Licenciada em Pedagogia pela Universidade de Ribeirão Preto – Unaerp. Atua também como Produtora Artística de espetáculos musicais, eventos sociais e gravações de Cds de vários artistas do cenário musical de nossa cidade, tendo realizado produções artísticas no Teatro Pedro II e em outras cidades da região. Como professora, ministra aulas de piano erudito e popular, teclado e técnica vocal para crianças, jovens e adultos. É acadêmica na ALARP – Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, sendo a 2ª Titular da cadeira Nº 23 do imortal Patrono Gastão Miranda. Fundadora e Diretora do Conservatório de Arte Musical Cantabile desde 1990. Um pouco de História... Em Fevereiro de 1990, na Rua Pinheiro Machado, em Ribeirão Preto, a professora Daniela Pomini deu início às atividades musicais, com alunos particulares. Mais tarde, no ano de 1997 foi formado um coral de alunos intitulado: Coral “Cantabile”, nome esse que em 1998 toma maior dimensão e se torna nome da Escola. Nasce então a Instituição de Arte Musical “Cantabile”, oferecendo aulas de curso livre musical em diversos instrumentos. No ano de 2000 a escola se instala em novo endereço, na Rua João Ramalho nos Campos Elíseos. Em 2003 a escola é oficializada pela Dirigente Regional de Ensino de Ribeirão Preto e autorizada pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura) a ministrar Curso Técnico profissionalizante e Curso Básico Musical, o nome altera-se então para Conservatório de Arte Musical “Cantabile”, ganha ampliação em novas instalações na Avenida Meira Júnior no ano de 2006, nosso atual endereço. 4 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
No Conservatório são oferecidos cerca de 30(trinta) cursos de instrumentos musicais e canto. Seu corpo docente conta com profissionais altamente qualificados e didaticamente preparados para ministrar cursos para crianças, jovens e adultos, incluindo atendimento de Musicoterapia, preparação para Vestibular de Música, preparação para exame OMB (Ordem dos Músicos do Brasil), Cursos de extensão musical e Aperfeiçoamento Musical para profissionais.
2ª Titular da cadeira Nº23 da ALARP - Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto.
Foto: Guilherme Bordini
“O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.” (Cora Coralina)
Foto: LC - Fotos e Eventos
E vivenciando a Arte... Sou imensamente agradecida a Deus, pois através da arte que me impulsiona a viver, pude ser escolhida a experenciar especiais momentos em minha vida. A música me escolheu e me encantou aos 6 anos de idade. Meus pais me incentivaram e com grandes esforços permitiram minha formação. Ser musicista e educadora, hoje, significa que os sonhos e a liberdade nos remetem a caminhos nunca imaginados, surpresas e aprendizados acadêmicos que jamais se findam e que nos conduzem à imortalidade. Força, fé e foco, eis meu lema de vida.
Performance de Montserrat Caballé no Jubileu de Ouro de Renata Iann
Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 5
Poetas em Destaque 1
1
3
2
Alceu Bigato
4
3
2
Adriano Roberto Pelá
Detalhes da Natureza
O Sorriso e as Lágrimas
As luzes naturais sempre em sintonia: de doze em doze horas, doze vão descansar. Não são necessários fusíveis como garantia, nenhuma delas corre o risco de queimar. Se o dia surgir carrancudo, com raiva do planeta, ofuscando a luz do sol que tenta brilhar, mas não brilha; se a natureza transforma casulos em borboletas, mais fácil alegrar o dia; componentes da mesma família. Mesmo se alguns pássaros não cantam bonito, mesmo assim, queremos ouvi-los cantar. São astros humildes, não entram em conflitos. Direto do estúdio, floresta duplamente no ar. A letra é misteriosa, mas todo mundo ouve as melodias mais antigas e imortais. Creio que algumas foram plagiadas por Beethoven. Eles se identificam, única diferença, direitos autorais.
Sorriso aberto sinal de boas vindas, receptividade, aproximação de pessoas primeiro passo, abertura ao amor, novas amizades, simpatia à mostra, acolhimento, uma forma de abraço. Dom divino suavizando a lide! Lágrimas, divina providência lavando magoas, abrindo espaço para novas esperanças, novos sorrisos.
Maria Auxiliadora N. Zeotti Vou esquecer-te Seria fácil dizer: vou esquecer-te, porque é preciso, tem que ser! Mas a lembrança é você. A vida deveria ser, sempre uma linda canção no compasso do querer, embalando o coração. Mas não é, e aparece, junto com ela, a dor que fica e prevalece com a palavra amor.
6 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
4
Simone Neves Poema O meu poema quero escrever com pincel e tinta, ternura e amor. Entre a alvura da tela, branco, azul, rosa, verde, vermelho, o que escolher? Mãos que criam sonhos contados, vivências passadas, o que pintar? A vida inteira tento expressar sentimentos. A mão que segura o pincel nega-se a colaborar. Me diz que o passado, sentimentos vividos, só a mim diz respeito.
Cantinho Literário de
Vera Regina Marçallo Gaetani GRAÇAS À INTERNET A meu irmão Reynaldo
"
Isso, após o pranto que, por sua vez, veio depois de haver vasculhado todo o meu íntimo à procura de algo que justificasse sua indiferença, nada encontrando.
"
Ele voltou... Voltou como saiu: sem explicações. Nem as pedi. Deixei o papo fluir, conectado no ar... Meio tímido no começo, pouco a pouco foi se soltando. De repente surgiu como sempre fora: competitivo, alegre, brincalhão. Lá estava o meu Nadinho! Aquele mesmo do pijaminha de flanela estampada de palhacinhos. Chorei! Talvez tenham sido as lágrimas que anuviaram meus olhos, as responsáveis pelo degelo imediato do meu coração. Eu o havia congelado. Auto-defesa. Isso, após o pranto que, por sua vez, veio depois de haver vasculhado todo o meu íntimo à procura de algo que justificasse sua indiferença, nada encontrando. Ao contrário, sempre me vi presente, amiga, solidária nos momentos difíceis. Defeitos? Quem não os tem... O importante é a essência e a minha foi boa, eu sei. Então, doeu!... pois só sobrou o descaso, o desamor, e isso é irremediável. Não podemos exigir do outro o que não tem para dar-nos. Congelei, pois, meu coração, num “deixa pra lá... não me importo mais.” Mas, quê!!! Tão logo ressurgiu descongelado, vi que estava como sempre fora. Inútil querermos esconder sentimentos, quando fortes, quando queremos que o outro sinta igual. Devo agradecer à Internet? Às mentes que bolaram essa máquina? Certamente à Inteligência Maior, criadora dessas mentes. Após o papo virtual, sentei-me na varanda de meu apartamento, contemplando a lua cheia, cheia de orgulho de sua pompa, tão brilhante, que humilhava as estrelas. Recordei tantas coisas... tantas coisas que não voltam mais. Ausências queridas, lembranças sofridas, que viverão comigo até eu partir.
Foto: Fúlvia Freitas
Poetas em Destaque 1
1
2
Luzia Madalena Granato
4
3
2
Anjo Arco Íris
Canção da Descoragem
Meu Anjo Arco Íris, estou a te esperar! Teu olhar humano me seduz. A tua voz mansinha e diretiva, é, para mim, uma luz! Nos livros que leio, nos dias e noites que passam, sinto o teu olhar. Venha logo, sem medo. Sacia essa paixão ácida e doce que é vida, amor a se encontrar.
3
Leda Pereira
Cecília Figueiredo Deus, dê-me um dobrado de três um linho para bordar um sapato fino de baile um manto para me escorar. Dê-me o pão branco gratuito e tira-me de vez a coragem posto que me atrapalha Manda-me cortar lenha, envia-me para a batalha - que batalha injustiçada a de domar a palavra!
4
Idemar de Souza
Manhã no Campo
Caminhando - XXIII
Jardim colorido, flores miúdas Gramado verdinho, orvalho fresquinho Noite sumindo, dia chegando Manhã nascendo, eu acordando Penumbra partindo e o sol raiando A fêmea no cio, o pássaro cantando É a vida anunciando o prazer de existir E o perfume do verde, me faz viajar Lembranças bonitas, e os sonhos presentes Olhar divertido amplia a visão Respiração tranquila devora a beleza Da obra perfeita, da mãe natureza.
Seu nariz era comprido. Sim, mas bem feito e a boca sensual, como sempre, bem pintada, até lhe dava um jeito de ovelha desgarrada. Ó Deus! Por que agora lhe imputo esse defeito?
Era alta, a Juju; mulher em que a delgadeza destacava. Era formosa, elegante, generosa, obstinada, chorosa e, também, muito ciosa, mas o que lhe ressaltava era a sua singeleza.
Mas quando - eu me lembro - da língua mortífera da sociedade o já desperto menino prevenia, fazia-o com certeza. Já sentira essa dor inominável. Era o bastante olhar nos olhos seus e lá a via! E cada beijo que me dava, era um antídoto afável a prevenir o filho da maldade humana, venenífera.
8 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
Cantinho Literário de José Antônio de Azevedo Foto: Natan Ferraro
Evolução da Juventude Acumulada “Quando se esquece alguns nomes, números ou episódios do passado, é até salutar na pessoa do idoso, porque ele sabe que esquecer é normal, porém, retrocedendo na imaginação, recordo que há muitos fatos que nem é bom serem lembrados.” Assim refletiu Zé Baiano numa tarde enfumaçada de agosto, posto sob a sombra copada da mangueira que ele mesmo plantara no jardim de sua propriedade. É ali que ele instala seu escritório nos dias ensolarados e noites enluaradas para sua inspiração redacional. É um cenário aprazível, numa elevação de onde se descortinam lindas paisagens num vasto horizonte. A luz do sol vê-se ao longe onde em meio aos cafezais o céu se encontra com a terra. Na escuridão da noite o céu estrelado ou a lua prateada extasia os apreciadores da natureza. Este é o lugar que o protagonista sonhara desde criança poder possuir – uma pequena fazenda produtora de cereais orgânicos afastada de centros urbanos e rodovias movimentadas. Agora, na casa dos setenta com esposa, filhos e netos, bem sucedido, pode completar outro sonho recente e tornar realidade seu hobby de passar o tempo exercendo atividade prazerosa: escrever um livro. Nesse ambiente vive Zé Baiano com a esposa e dois empregados serviçais, um para tomar conta da casa e outro do jardim que rodeia a casa e o pomar que envolve ambos. Os três filhos, noras e netos completam a família feliz nos finais de semana. Estão ali postas todas as condições para o trabalho com as parafernálias tecnológicas de computadores e rede interna de Internet sem fio. Essas são as condições para o trabalho do protagonista e seus coadjuvantes. Zé Baiano é um idoso sofrido na vida que desenvolveu desde jovem o poder de lutar contra as adversidades, mas com muita persistência, acima de tudo. Apesar da pouca estatura, é resistente e, a despeito da idade, é determinado. É um caboclo troncudo, braços fortes e pernas grossas, ossos e musculatura maçuda bastante resistente a tudo que se opuser no caminho de sua vida. Está grisalho, mas tem aparência de rosto bem feito, pele esticada e olhar desconfiado, porém persuasivo. A simpatia faz parte de sua personalidade ao comunicar-se com as pessoas de modo sorridente. A esposa, pouco mais nova, é uma garota sessentona, como ela mesma se classifica. Morena clara, baixinha, cabelos curtos, ondulados e caídos até os ombros que lhe cobrem parte do rosto, deixa transparecer sua beleza na face e nos lábios grossos e úmidos, uma beleza que lhe empresta o nome. Na sua intenção, Zé Baiano tenta defender os idosos muito sofridos no Brasil com as parcas aposentadorias, o abandono das famílias e a indiferença da sociedade, tudo levando os infelizes a se depauperarem pela solidão e falta de reconhecimento dos seus circunstantes, principalmente dos familiares. Do livro: “O coração infarta quando chega a ingratidão” Pág. 53 Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 9
ME AJUDA, PAI! POR IRENE COIMBRA
N
Foto: Aline Claudio
unca me esquecerei daquele culto dominical, na capela, quando a pequenina Tayná, garotinha esperta, de apenas 4 aninhos, vendo os irmãos se levantarem e irem até o púlpito, para prestarem seus testemunhos sobre a veracidade da Palavra de Deus, disse que também queria falar. O pai, carinhoso, a pegou pela mão e a ajudou a subir a escada em direção ao púlpito. Todos nós a olhávamos com admiração. Ia toda alegrinha, confiante, descontraída e animada, segurando a mão do pai. Decidida, pegou o microfone, subiu no banquinho para alcançar o púlpito, mas quando olhou para frente e viu todos olhando para ela, atrapalhou-se, virou-se para o pai e falou: “Me ajuda, pai!” Foi tão incisiva sua fala e tão alto soou, que ninguém conseguiu conter o riso. O pai abaixou-se e, carinhosamente, foi sussurrando palavras em seu ouvido. Palavras que ela ia repetindo, sem saber sequer o significado delas. Naquele instante o Espírito sussurrou em meu ouvido: “Diante do Pai Celestial, você também é assim, como essa menininha. Não tenha receio de pedir ajuda a Ele, quando se sentir atrapalhada, sem saber o que fazer. Ele a tomará pela mão e sussurrará em seu ouvido o que deverá fazer. Confia Nele! Chorei naquele momento. - Me ajuda, Pai!
10 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
Cantinho Literário de
Bridon e Arlete
Tempo de férias
Arlete Trentini dos Santos Studio Cine Foto Mary
Passeando por aqui te vejo. Te observo de longe. És lindo, forte! Para falar a verdade, acho que és agressivo demais. Tento me aproximar. Sou cautelosa, tenho medo de me machucar. Recuo, e observo. Vejo a algazarra de muitas meninas que correm para ti. Me afasto, não és para mim. E assim as férias chegam ao fim. O tempo passa, e passa rápido. Novo ano com sabor de novas aventuras. E aqui estou eu suplicando coragem para me aproximar. Fico assim, meio sem graça. Já sou adulta. Me acomodo numa cadeira, e fico a bebericar meu suco. Decidi não fugir mais. Estou pronta para o que der e vier. Em vez de te namorar de longe vou me aproximando, e quando tu te aproximas, sinto um arrepio que estremece todo o meu corpo Mas me acaricias bem de mansinho, lambes os meus pés... Me sinto extasiada... Me deixo envolver por essa caricia e penso no tempo que perdi fugindo de ti. E quando recuas, sou eu que corro para ti. Quero me banhar em tuas águas. Aprendi a amar, O MAR.
Teus Passos JC Bridon
Se teus pés são tão pequenos onde pensas chegar? Se teus pensamentos são tão curtos onde pensas que irás? Se tua direção não está definida o que achas que alcançarás? Se não entendes a vida o que pensas que te acontecerá? Se não buscares compreender as pequenas coisa que te cercam dificilmente encontrarás algum cantinho que te queira acolher. Usa sempre teus conhecimentos que eles te levarão onde pensas não ir pois se mudares tua mente descobrirás um mundo novo que abrirá as portas do teu subconsciente e te mostrará o caminho certo a seguir.
Imagem de fundo: "Viajante Sobre o Mar de Névoa" Caspar David Friedrich, 1817 Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 11
Poetas Lusófonos em Destaque Vaidade
Fernanda Rocha Mesquita O vaidoso ataca o sábio com vara zombadora por não compreender a sabedoria. O sábio, como é sábio, envolve-se numa proteção de luz e atrai ou afasta o inimigo. O vaidoso, se por longo tempo já sofre dessa doença, afastar-se-á em direção ao inteligente, pois sabe que a inteligência tem calcanhar vulnerável. Ao inteligente, por vezes, geme-lhe um frenesim para mostrar os seus atributos e monta um templo pouco santo que se entrega à arrogância carregada de cegueira que chama de inteligência erguida pelos pilares da sociedade. Travessia Inteligência isenta de sabedoria? Pobre árvore infrutífera! Eduardo Mesquita Não basta dizer que se quer viver de amor, com paz e alegria para sempre no coração, quando num momento apenas se oferece a dor, a alguém que se deixa a sofrer na solidão. Não pode ser só de um o que é de dois, quando numa união se jura a fidelidade aquilo que se tinha antes ou depois, no amor é de ambos para a eternidade.
Fernanda e Eduardo vivem em Edmonton, Canadá. 12 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
É com um quase nada que tudo começa, quando na raiva de um grito a razão desaba, é com um quase nada que o tudo tropeça, com o quase nada em que tudo acaba.
Imagem: Pintura Abstrata por Cy Twombly
Acaba-se o verdadeiro, o prometido, a dedicação e a pureza de um sentimento, quando o gesto de deixar só é repetido, também se acaba aí todo o fingimento.
ORAÇÃO AOS SOLITÁRIOS POR ELY VIEITEZ LISBOA
P
siquiatras recebem um número exacerbado de clientes doentes da alma, que sofrem, na realidade, de solidão. A síndrome, modernamente aparece com novos sintomas e nomes: distúrbio bipolar, por exemplo, que é uma forma de transtorno de comportamento caracterizado pela variação extrema de humor, proveniente de causas físicas e psicológicas. Em uma visão leiga, penso que muitos sofrem é de solidão. O pior é que não se sabe se este infortúnio é algo endógeno ou exógeno, isto é, que se forma no interior dos seres humanos, faz parte de sua essência, ou surge de causas externas, de fora para dentro. Solidão é o termo genérico de outros sofrimentos. O nome não é importante, porque para entender esse vazio, essa chaga interior, é preciso procurar as causas várias, como grandes decepções, amores frustrados, traições, sonhos rotos, impotência diante das desgraças, tudo que envenena, corrói, mata a vítima dolorosa e tragicamente. A sabedoria popular afirma que o tempo ameniza, consola e às vezes até cura tais mazelas, contudo elas deixam cicatrizes horrendas, que jamais desaparecem. Fica-se mutilado, cronicamente doente do espírito. Remédios, terapias apenas mascaram a dor, o desencanto, a morte vagarosa e inexorável. Os espíritos, no entanto, são diferentes. Há os fortes que sobrevivem, sublimam e até conseguem parecer felizes. Os fracos sucumbem, morrem aos poucos, como planta sem água, sem ar. Os crédulos agarram-se em Deus, nos Santos de sua devoção, mas a salvação não vem. O sofrimento faz parte da essência dos mortais, da nossa condição humana. É bela, todavia, a luta para não soçobrar diante da areia movediça dos fracassos. A oração surge como um cântico e chega-se a sentir uma sensação de refrigério na dura aprendizagem.Viver dói. Foi após algumas borrascas experimentadas há anos, que escrevi o poema Oração aos Solitários: “Senhor! Veja como vamos sós, pelos caminhos, / pelas ruas, nas casas, nos empregos, nos carros. / A solidão é profunda e amarga, dolorida e falaz. / Vem com as sombras, aumenta na escuridão, / sufoca nas madrugadas / quando a alma parece exilar. / De quem os surdos soluços? / Da alma que se vai / triste melodia do coração que chora? / A vida é tão breve, Senhor, / os homens tão insensatos, tão mal informados. / Os passos se desencontram, / as mãos não se acasalam, / separam-se lábios que nunca se juntaram. / A névoa envolve a cidade. / É a bruma dos sonhos desfeitos, / das desilusões, dos amores prematuramente mortos, mal nascidos? / A solidão machuca Senhor! / É tão amargo, Senhor, / Braços feitos para o nada, mãos que acariciam o vazio, / palavras perdidas de ternura estéril. / A solidão gera angústia, Senhor. / E com ela o estômago preso, / a garganta seca, / o grito estrangulado. / A solidão dói, Senhor! (...) E vêm as súplicas finais: “Mostre-nos portas e caminhos, Senhor! / Dê-nos alento na procura / não permita que sonhemos / só com o inatingível. (...) A vida é áspera, Senhor! O caminho é duro e árido. E nós, os SOLITÁRIOS, somos tantos”... O poema segue, até o fim, pedindo por todos que sofrem. É o último grito de quem mergulha no abismo, a tentativa de consolo, a esperança derradeira: “A SOLIDÃO é cruel, Senhor! / Livre-nos dela”. ***
Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 13
ÀS VÉSPERAS DA PARTIDA, O PEQUENO BOSQUE...
À
POR PERCE POLEGATTO
s vésperas da partida, o pequeno bosque onde tanto de sua infância absorvera luz e fascínio. Fixava-se no desenho rugoso dos troncos, o tapete de folhas, os insetos das raízes. “Uma criatura tão frágil”, o avô com sua voz característica, “por menor que seja, pode guardar um grande segredo.” A luz tênue penetrava as copas. Desfazia-se em focos suaves, dando diversos tons aos arbustos, ao musgo dos troncos, às criptógamas. Júlio os copiava obstinadamente, aos focos e aos seus efeitos, com precários lápis de cor, sonhando gravá-los para sempre no papel, talvez um primeiro passo no sentido de interpretá-los um dia. Também para que não se perdessem e para que o impedissem de esquecer o arrebatamento, o frescor e a intensa realidade daquelas manhãs. A escola de pintura, os meninos que o ensinaram a fumar, outros desenhistas, pequenos intelectuais, o chafariz de carranca ao redor do qual se reuniam antes das aulas, o recanto entre as árvores, o artista que poderia ter sido... Era notável que sempre houvesse perdido tantas oportunidades. Pudesse e diria a si mesmo, se naquele tempo o alcançassem as palavras: são medos e alegrias tão íntimas que te constrangem e te calam. Tão caras que te pedem o preço do silêncio. Por isso conterás tua voz, evitando assim a propagação do que ainda não conheces inteiramente. Mas não queiras compreender tudo a um tempo. Não aceites a primeira resposta. Não digas a ninguém que este bosque é teu. Distância do avô morto. As folhas no chão. Tudo retorna à terra, não há muito que dizer. Mas ali estava ele, o velho humilde e arcado, acenando-lhe devagar. Pensou que o chamasse pelo nome. Entre as árvores vivas. Adivinhava que por trás da cortina de orvalho ele sorrisse mansamente, a silhueta de névoa contra a luz diáfana, a ilusão dos focos. Intuía que também ele, à maneira dos escaravelhos, guardasse seu grande segredo. Podia jurar que sorria, a distância. A que distância? Os limites da lembrança, as asas do sonho. Focos dispersos. Lágrimas puras de menino perdido. Em silêncio, o fantasma sorria. Trecho do romance "Os últimos dias de agosto"
VII SALÃO INTERNACIONAL DE ARTE FOTOGRÁFICA POR *ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO O VII Salão Internacional de Arte Fotográfica, promovido pelo GAF, teve início no dia 16 de agosto de 2019, na Casa da Cultura, Praça Alto do São Bento, s/ no. O evento teve início às 19h. Duzentas fotos foram selecionadas e expostas (de um total de 1.780, de 590 fotógrafos, de 16 Estados brasileiros, e de oito países). Paralelamente, no mesmo local, ocorreu exposição de fotos do jovem fotógrafo, Rod Tórtoro, com o título: “O que revela a Nikon do Rod”: uma homenagem póstuma. A Secretária Municipal de Cultura, Isabella Carvalho Pessotti, abriu o evento. AC Tórtoro, deu início com as seguintes palavras: “Senhoras e senhores, boa noite. Nesta noite estaremos comemorando a vida, seja 14 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
ela vivida em qual dimensão for. Comemoramos a vida, porque comemoramos a luz: a luz com a qual cada fotógrafo escreve sua obra. Nesta noite, convido a todos para colocarem na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração para, juntos, registrarmos em nossas mentes toda a explosão de cores e contrastes com as quais nos brindam dezenas de fotografeiros encantados. Ontem foi o Dia Mundial do Fotógrafo. Hoje é a noite da fotografia Ribeirãopretana, quando estaremos escrevendo uma página internacional da arte de Daguerre em nossa cidade”. *Diretor do GAF - Grupo Amigos da Fotografia
NOVAMENTE O VERIA POR ALINE CLAUDIO
F
ora em seu aniversário de 85 anos que ela recebera a notícia: novamente o veria. Mal podia acreditar! Depois de 25 anos, ela o veria novamente. O sentimento de felicidade logo transformou-se em nostalgia. Lembranças vieram à sua mente. Lembrou-se então da primeira vez que o viu. Era menina-moça, 17 anos, nascida e criada no interior. Apaixonou-se instantaneamente. Mal podia acreditar como era belo e como a fazia se sentir em paz. Durante as férias de julho, fora passar uma semana na casa de suas primas. Precisava vê-lo todos os dias. No entanto, era frio, não permitindo que se aproximasse dele com a intensidade que gostaria. Não queria deixá-lo. Mas assim o fez. Quilômetros de distância agora os separavam. Durante os anos seguintes, ao visitar suas primas, sempre encontrava tempo para vê-lo. Algumas vezes, ele se mostrava tão agitado que parecia a ponto de explodir. Ela não sentia medo, mas sabia que não era prudente ficar perto dele em dias assim. Outros dias, era calmo e tranquilo. Era popular. Todos queriam estar próximos a ele. Casou-se com o amor da sua vida e fora morar no interior do Mato Grosso do Sul. Dona de casa, mãe de 4 crianças e esposa. Todos os anos ia passar as férias no litoral com a família. Todos sabiam de seu grande amor por ele. Os filhos, ao chegarem à idade adulta, mudaram para a capital. Todos casaram. Agora, as férias já não eram mais no litoral. As férias, dos netos, eram na casa dos avós, no interior. Com os anos, ela acabara se esquecendo dela própria. Seu tempo era preenchido cuidando da família e buscando que todos estivessem felizes. Seu amor por ele era inegável, já seu amor por ela própria, parecia ter sido esquecido há anos. Certo dia, enquanto revirava gavetas, buscando um documento que o filho mais velho havia solicitado, encontrou a última foto tirada com ele. Ela, à frente, ele, ao fundo. Suspiros... O filho mais velho, presenciando a cena, resolveu presenteá-la no dia de seu aniversário. De passagem comprada, lá foram visitá-lo. Ela tremia, o coração batia forte. Sabia que ele ainda estaria lá. Quando chegaram, seu filho, delicadamente, tirou suas sandálias e ela, apoiando-se nele, foi andando bem devagar até seus pés sentirem a areia quente e fofa. Ele estava calmo. Havia uma leve brisa naquele domingo de setembro. Ao vê-lo, era como se tivesse 17 anos. A felicidade era visível. O sentimento de paz, novamente. Caminharam até seus pés estarem molhados. As ondas, quebraram delicadamente em suas pernas. Finalmente, estava ela, depois de tantos anos, próxima a sua grande paixão, o mar. ***
Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 15
DIZEM POR AÍ
E
POR ITHAMAR VUGMAN
le é velho, dizem por aí.Acusam-me de ser velho.Acusação infundada. Não apresentam quaisquer provas comprobatórias. Acusam-me somente por eu ter completado 90 anos. Rejeito a acusação. Não tenho culpa. Tornar-me nonagenário não foi ato deliberado. Premeditado. Foi acontecimento completamente involuntário. Sim, devo reconhecer. Tenho saudade do tempo em que caminhava e enxergava normalmente. Minha capacidade deambulatória está severamente reduzida. Lento é meu caminhar. Desloco-me na velocidade de uma tartaruga reumática. Evoco as antigas locomotivas a vapor: Resfôlego, bufo, lanço fortes jatos de ar pelas ventas. Minhas pernas atendem minhas solicitações com grande relutância. “Dão o grito do Ipiranga”: Independência ou morte. Glaucoma e DMRI (degeneração macular relacionada com a idade) reduziram fortemente minha visão .). Deficiências físicas não constituem provas irrefutáveis da grave acusação contra mim lançada, não são exclusivas da idade avançada. O tempo de vida vivido não pode ser o único critério para diagnosticar a velhice. A atitude perante a vida é muito mais relevante. Pode-se ser ou estar velho. Ser velho é ver a vida passar. Estar velho é aceitar as limitações físicas que a idade nos traz. É conviver com tragédias. É conviver com a dor da perda, com as lembranças, dos seres amados que se foram. É aproveitar com alegria a vida até o fim. Ser ou estar velho é uma decisão pessoal intransferível. Velho velho, velho jovem, jovem velho, cada um envelhece à sua maneira.
ARL PROMOVE “AGOSTO DAS LETRAS" A Academia Ribeirãopretana de Letras (ARL), dando continuidade à divulgação de seus trabalhos, promoveu o “Agosto Das Letras”, no Centro Cultural Palace, com as seguintes palestras: - Reflexões sobre a Análise Estrutural da Narrativa - Prof. Sérgio Fumio Miyahara (8/8) - Modernidade de Monteiro Lobato - Acadêmico Waldomiro Waldevino Peixoto (15/8) - Vinícius de Morais – O Poeta em seu labirinto - Prof. Elias Antônio Neto (22/08) - Abraçando o mundo com a arte postal Artista Plástica - Sônia Maria C. Albuquerque (29/8) Palestras proferidas por palestrantes de alto nível intelectual, que agradaram e enriqueceram a todos os presentes. Parabéns a todos da ARL! 16 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
SARAU DE LANÇAMENTO
45a. REVISTA PONTO & VÍRGULA FOTOS POR
NATAN FERRARO
Cia.Vocal Enrico Nery
Raul Aguilera O. Cláudio, Fernando de O. Cláudio, Irene Coimbra e Juliana Dias
Evinha Machado, Vera Regina M. Gaetani, Anelisa Machado e Enrico Nery
Adriano Pelá, Irene Coimbra, Nely C. de Mello e Jannes de Mello
Fátima M. Mello, Marly Marchetti, Irene Coimbra e Alciony Menegaz
Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 17
Adriano Pelá, Alceu Bigato, Alciony Menegaz, Elisa Alderani, Fátima M. Mello, Gilson Rollemberg, Lima Neto, Luzia Madalena Granato, Marlene Cerviglieri, Nely Cyrino de Mello, Perce Polegatto e Wlaumir Souza
Raul Aguilera O. Cláudio e Irene Coimbra
Enrico Nery e Irene Coimbra
Irene Coimbra
Maria Tomásia S. Magalhães, Irene Coimbra, Regina Célia Silva e Helandyr C. Magalhães
Lima Neto, Irene, Rosa Vugman e Ithamar Vugman
Simone Neves, Irene Coimbra e Carlos Alberto Kalil Neves
Telma Nery Geron, Elisa Geron, Bárbara Nery, Pedro Geron e Enrico Nery
Miguel Angelo, Maris Ester, Perce Polegatto, Irene Coimbra, Enrico Nery, Alceu Bigato e Wlaumir Souza
18 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019
Julho/Agosto 2019 Revista Ponto & Vírgula 19
E U D ES TA Q EM FO TO
Foto por Aline Olic
20 Revista Ponto & Vírgula Julho/Agosto 2019