Revista Ponto & Vírgula - Ano 6 - Edição 39 - Maio/Junho 2018

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Maio/Junho Ano 6 | Edição 39 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331

PONT & VIR ULA

MAESTRO NAZIR BITTAR E SOLISTAS DA ÓPERA "LA TRAVIATA" NO THEATRO PEDRO II


2  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


ÍNDICE MAIO/JUNHO

Foto: Heloísa Crosio

Pág. 1 Capa Ópera La Traviatta no Teatro D. Pedro II Pág. 2 Anúncio Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 e 5 Matéria de Capa: Cia. Sol’ Ópera e solistas de La Traviata Pág. 6 Poetas em Destaque Pág. 7 Cantinho Literário de Vera Regina Marçallo Gaetani Pág. 8 Chover no molhado - Jugurta de Carvalho Lisboa Págs. 9 A Mancha - Ely Vieitez Lisboa Pág. 10 Histórias de Irene: Toinha e a quadrinha Mini crônica - Alice Soares Valadares Págs. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 Poetas Inesquecíveis Anúncios Pág. 13 Os Diamantes de Ophir - Francisco A. Moura Duarte Pág. 14 Poetas em Destaque Pág. 15 O Casamento Real - Aline Olic Pág. 16 e 17 Sarau de Lançamento 38a. Revista Ponto & Vírgula Pág. 18 Prefácio da 12ª. Antologia - Sérgio Kodato Pág. 19 Participantes da 12ª. Antologia Ponto & Vírgula Pág. 20 Foto em Destaque - Aline Olic

EDITORIAL

Maio, mês das mães, voou! Junho, dos namorados e das festas juninas, também! Mergulhados no Mundo da Literatura, vamos nós no mesmo ritmo! Nosso comprometimento com a Educação e Cultura, não pode parar! Temos certeza que, com as belas mensagens de nossos cronistas e poetas, chegaremos lá! Alimentaremos almas famintas e as incentivaremos também a lutar por um mundo melhor! Músicos e artistas, não só de Ribeirão Preto, mas de várias cidades do Brasil, juntam-se a nós na luta pelo mesmo ideal. Por essa razão e com muita alegria, homenageamos e destacamos, como Capa da Ponto & Vírgula, o Maestro Nazir Bittar, da Orquestra Sinfônica de Franca, e os solistas: Alan Faria, Carla Barreto, Carlos Gonzaga, Priscila Cubero, Marcos Pinafo, Fernando Munhoz, Rafael Stein, Fernando Diniz e Anita Furlan. Músicos e artistas que brilham e encantam o público por onde passam. São, pois, dignos de nossa homenagem. A todos os apoiadores e colunistas da Ponto & Vírgula o nosso agradecimento! A você, leitor/a, desejamos uma boa leitura e que se encante com todos os artigos aqui escritos! Fica, também, o convite para juntar-se a nós! Irene Coimbra| Editora

EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio – irene.pontoevirgula@gmail.com | Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Olic | Impressão: São Francisco Gráfica e Editora. Foto de Capa: Guilherme Oliveira Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 Tiragem: 2 mil exemplares Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial. Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  3


Foto: Vinícius Barros

Cia. Sol’ Ópera e solistas de La Traviata Criada em 2017, a Cia. Sol'Ópera é fruto do sonho do tenor Alan Faria, que visa trazer aos palcos do interior paulista as mais belas páginas da literatura operística, dando oportunidade a jovens cantores que buscam experiência nesta seara, tão concorrida e escassa em produções. A Cia Sol'Ópera pretende realizar montagens de óperas nos mais diversos conceitos buscando sempre instruir e entreter a população das cidades da região. A ópera "La Traviata" de Verdi foi a escolhida para a temporada 2017 que findou em grande estilo no dia 29 de maio no Theatro Pedro II, um dos maiores teatros de ópera do país. Nesta produção tivemos Carla Barreto com o papel principal de 'Violetta Valery', Alan Faria como 'Alfredo Germont' e Carlos Gonzaga como 'Giorgio Germont'. A direção artística, musical e cênica, assim como a regência ficou sob a batuta do maestro Nazir Bittar. No elenco estão ainda: Priscila Cubero (Flora), Marcos Pinafo (Marquês), Fernando Munhoz (Barão), Rafael Stein (Gastone), Fernando Diniz (Doutor Grenvil) e Anita Furlan (Anina) e grande coro lírico.

Maestro Nazir Bittar

Bacharel em regência pela UNICAMP, mestre em musicologia pela Universitaet zu Koeln (Alemanha), doutor em música pela UNICAMP. Desde maio de 2008 é regente titular da Orquestra Sinfônica de Franca. Em 2010 criou a Orquestra Jovem de Franca e em 2015 o ‘Ensemble Vocal OSF’, um octeto vocal do qual faz parte como maestro, diretor artístico e também cantor. Atua como diretor musical, artístico e cênico em projetos como “Religare”, “Música Volver! Concerto Documentário”, ópera ‘La Traviata’ e outros. 4  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


Alan Faria

Teve seu debut em óperas no papel de Rinuccio "Gianni Schicchi" em 2012, no projeto ópera na escola. Atualmente é orientado e tem como coach a experiente cantora lírica Helly Anne Caran. Faz parte, como solista, do grupo Core d'Italia, e da Cia. Sol’ Ópera.

Carla Barreto

Iniciou seus estudos como cantora erudita com o Barítono Carlos Vial, Diretor do Coral Lírico do Teatro Municipal de São Paulo. Atualmente participa como solista do Coral de Câmara da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e Sinfonietta.

Carlos Gonzaga

Graduado em Música pela USP, especialista em fisiologia da voz, barítono e pianista. Atualmente é parte da companhia brasileira Sol´Opera, e solista do Coro de Câmara da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto.

Priscila Cubero

É graduada em Canto e Arte Lírica pela USP/RP. Como solista esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Franca, sob a regência de Nazir Bittar; Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, regência de Reginaldo Nascimento e Cláudio Cruz e USP Filarmônica, regência de Rubens Ricciardi e Vantoil Souza Jr.

Fernando Diniz

Iniciou seus estudos de canto lírico em 2008. Atualmente, participa do Ensemble Vocal da Orquestra Sinfônica de Franca, como um dos oito integrantes do grupo, sob a direção musical e artística do Maestro Nazir Bittar.

Marcos Pinafo

É graduado pela Faculdade de Música da USP/Ribeirão Preto. Iniciou seus estudos em canto lírico com a professora de técnica vocal Gisele Ganade. Integra, como solista e coralista, os corais da Cia Minaz.

Rafael Stein

Cursa o quarto ano de graduação em Canto e Arte Lírica pela USP. É integrante dos Corais Minaz desde 2010, onde atua como solista e como professor de técnica vocal. Atualmente é orientado por Angelo Fernandes – UNICAMP.

Fernando Munhoz

Iniciou seus estudos de piano e canto em 1996 integrando os coros da Cia. Minaz. Atualmente é membro do Coro de Câmera da OSRP e solista da mesma.

Anita Furlan

É formada em Música pela Universidade de São Paulo. Canta desde os 16 anos quando começou a participar dos coros da Cia Minaz. Atualmente é orientada pelo professor de canto lírico Alexandre Galante. Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  5


Poetas em Destaque

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Adriano Roberto Pelá Dores...

Dores... Ah, dores não rimam com amores! Amores rimam com flores, as rosas rubras da paixão. Amor, paixão, cor, beleza, harmonia, deleite, galanteios e pedidos de perdão. Mensageiras eloquentes, sem palavras, presentes nas emoções, amenizam a dor, sublimam o amor.

Alceu Bigato Ilusão de Ótica

Meu personagem, um percussionista. Se encontrar madeira, emite um som bonito. Tem o bico menor que o do tucano, maior que o do periquito. Da minha varanda avistei um sobre o poste, com o cimento entrando em atrito. - Pica-pau, ao vê-lo se retirando, pressenti sentir-se pássaro inferior. Não foi falha sua, nem seu bico é frágil, é que o homem é um destruidor e você confunde cimento com troncos de árvores, relíquia sublime que o homem não vai repor.

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Roberto Ferrari Crepúsculo

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Fernanda Rocha Mesquita O Desconhecido

Um desconhecido com algo em comum; procurar o instante da solidão encontrar o momento superior do tão longe ainda que a poucos metros viva a gigantesca sociedade, a aparente área vencedora. O desconhecido passa e por um instante, apenas por um instante, o som dos nossos passos misturam-se. Tudo o resto é o universo, sem precisar do homem.

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Quando o crepúsculo beijar a Terra, quando os ventos sibilarem pelas florestas, quando meu olhar iluminar teu coração, as estrelas e o brilho do luar abençoarão nosso amor. Minha paixão canta teu nome e escreve nas areias do tempo o significado do nosso amor. Nosso viver é intenso, repleto de desejo. Nosso amor é infinito como o mar. Em ti encontro paz para o meu querer e felicidade para minha vida. Meu coração palpita, embalado por versos de amor que te declamo. Através de nossa união, somos um. Através de nossa paixão temos um ao outro, e nem o infinito pode alcançar a grandeza do nosso amor.


Cantinho Literário de

Vera Regina Marçallo Gaetani

MEU DESAFIO Grita a alma perdida Na dor de ser ouvida Quando os olhos reprimidos Esqueceram como chorar Somem as bênçãos desejadas Sem poder tornar-se real Quando me arrasto iludido No perfeccionismo social Os outros Um monstro em mim A deplorar-me Estupidamente A negar-me Maliciosamente

Até o câncer me devorar Só eu posso curar-me Se tiver a coragem de ser eu Só para mim.

Gasparetto

Deixo aqui minha homenagem a esse grande Médium Luiz Antônio Gasparetto, com a mesma frase que terminei o livro que escrevi sobre ele: “Onde quer que me encontre amanhã, serei profundamente grata a Luiz Antônio Gasparetto, por toda oportunidade de trabalho e aprendizado que me trouxe sua mediunidade, exercida de maneira tão nobre”. Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  7

Foto: Fúlvia Freitas

Luiz Antônio Gasparetto foi um médium Psicopictógrafo (que pinta ou desenha sob a influência dos espíritos). Na realidade, fui procurar Luiz Antônio Gasparetto como psicólogo imaginando que, devido às suas atribuições mediúnicas, pudesse me ajudar com os problemas que eu estava passando no momento. De paciente passei a amiga, colaboradora, abrindo-lhe várias portas aos contatos que tinha em vários países da Europa. E, assim, viajei com ele pela França, Itália, Espanha, Suíça, para ele fazer apresentações, em púbico, da sua mediunidade, ao mesmo tempo em que eu relatava um pequeno histórico de como tudo começou, e apresentava, em slides, um estudo comparativo de obras originais dos mestres da pintura e as elaboradas mediunicamente por Gasparetto com assinaturas dos mesmos. Tudo isso terminou num livro que escrevi a respeito: “Gasparetto, nem Santo nem Gênio, Médium”, com uma tiragem de cinco mil exemplares. Fiquei profundamente abalada quando soube que ele estava com câncer no pulmão. Devido ao estado debilitado em que se encontrava, recusava-se a receber visitas, por uma questão pessoal. Respeitei-o. E sofri muito quando soube do seu falecimento, dia 3 de maio deste ano. Já bastante enfraquecido, no dia 24 de fevereiro, sete dias antes do seu falecimento, escreveu a poesia “Meu Desafio” que enviou por WhatsApp para nosso amigo comum, Joaquim José Miralles Pose. (Joca), que me repassou.


CHOVER NO MOLHADO POR JUGURTA DE CARVALHO LISBOA

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título desta crônica é uma expressão pouco usada e conhecida, principalmente pelos mais jovens. Quando se quer repetir o mesmo conselho dado a uma pessoa, sabendo-se que ele jamais será seguido, ou viver sonhando com coisas utópicas, diz-se que isto é estar chovendo no molhado. Estes são apenas dois exemplos desta expressão, sendo que ela poderá ser usada em outras tantas situações semelhantes. O leitor já pensou na pretensão de alguém querer mudar os hábitos e costumes de um idoso? Seria o mesmo que querer dobrar o tronco de uma árvore centenária. Em outras palavras, cometer um ato de violência. Cada indivíduo é portador da sua personalidade, que normalmente é fruto da genética e esta é imutável. Hábitos e costumes são adquiridos ao longo do caminhar e são passíveis de mudanças, antes que estejam sedimentados na massa do sangue. Feitas as considerações acima, a intenção deste cronista seria tornar o texto universal. Entretanto, enquanto pensava em identificar exemplos pertinentes ao tema, resolveu torná-lo meramente pessoal. Então, vamos lá! Sou um velho de oitenta e quatro anos, portador de hábitos e costumes em dose exagerada. Sigo o exemplo de Cristo que, segundo o Apocalipse, teria dito que não gosta de gente morna. Com isso, sou intenso em tudo que faço e não consigo esconder o que sinto. Em que pese minhas oitenta e quatro primaveras, sou fascinado com o trabalho, sendo tachado pela minha esposa como um workaholic. Uma coisa que me causa tédio é quando sinto que no dia seguinte minha agenda de trabalho está vazia. Não consigo passar um dia sequer, na ociosidade. Tenho minha oficina munida de equipamentos para trabalhar com serralheria e madeira. Vejo esse espaço como um verdadeiro Templo, onde dou vasão às minhas energias físicas. Como tenho o hábito de executar todos os trabalhos relacionados com nossa residência, tais como parte hidráulica, elétrica, conservação, manutenção da piscina, grama, cerca viva e demais afazeres, sou criticado por um dos meus filhos, que me tacha de munheca, porque estou tirando o ganho daqueles, cuja sobrevivência depende destes tipos de trabalho. Tenho consciência de que não respeito meus limites e, assim, fico exposto, não só sob a vigilância da esposa, mas também sob o controle remoto, principalmente das filhas, que não dão trégua e de longe, é um tal de Ely, não deixa o papai fazer isto, Ely, não deixa o papai fazer aquilo. Isto é quase que diariamente. Voltando ao tema, já pensou a perda de tempo em querer mudar a cabeça deste velho? Isso é um verdadeiro Chover no Molhado.

Jugurta de Carvalho Lisboa, mineiro de Cássia (1933) onde viveu até 1944. Desde então, vários pousos e decolagens entre Minas, São Paulo e Rio de Janeiro; neste último durante trinta e um anos. Em dezembro de 2004, mudou-se para Ribeirão Preto. No limiar de seus oitenta anos, nasceu o sonho de publicar um livro. O tema escolhido foi sua própria vida. Recolheu os cacos guardados no fundo de seu baú e os desnudou sob forma de Literatura Testemunhal. 8  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


A MANCHA POR ELY VIEITEZ LISBOA

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lhou para a face da filha. À vista da man- as suas entranhas lhe

cha escura que lhe cobria parte do rosto, teve um estremecimento. Apalpou a barriga e arrepiou-se de novo; teria sido um sonho? Não. A menina já estava com dois anos. Havia dois anos que acontecera aquilo. Precisava esquecer... Mas como? O estigma ali estava a relembrá-la sempre. Casara-se nova, com rapaz pobre. Foram morar numa chácara pequena que o marido arrendara. Ela o ajudava, trabalhando com ele em quase toda espécie de serviço. Foi numa tarde, quando abaixou para apanhar algo, que sentiu a primeira tonteira. Esperou que a vista desturvasse e enrugou a testa, imaginando o que seria. Depois sorriu. Estava grávida. João ficou contente com a notícia: “Podia ser homem, mas se fosse mulher não seria mal”. A vida não mudou nada; Maria trabalhava muito, lavava roupa, andava sempre descalça. Nunca gostou de sapatos. Só para festas. Era bom sentir a terra morna sob os pés ou o chão duro da cozinha. Raramente usava calças. “Besteira... Pra que, se a gente tem a saia pra se cobrir?” Foi uma gravidez comum. Com enjoos e azia. Nos últimos meses chagava a se arrepender da tolice que fizera, deixando pegar filho. Agora estava ali com aquela barriga tão grande e incômoda, já não podia fazer muita coisa nem agachar quase. Dormia pouco, procurando posições melhores. João acordava às vezes, olhava-a com pena e ao mesmo tempo com orgulho: “Isto passa logo, mulher, no mês que vem você está de barriga vazia. Está mexendo muito hoje?” Foi numa tarde quente e abafada que começou a sentir as primeiras dores fortes, terríveis. De vez em quando ficavam mais fracas, depois aumentavam; parecia que uma faca rasgava-lhe as entranhas. Rosa, mulata gorda, de meia-idade, estava com ela, preparando panos e água quente. Mandou João para fora. “Se precisar eu chamo; homem só atrapalha”. Ás dez horas da noite as dores aumentaram. Suada, ofegante, contorcendo-se, ela sentiu que a hora chegara. Não aguentava mais! Não queria gritar. Mordeu furiosamente o lençol que cobria parte do seu corpo e fez um último esforço. Pareceu-lhe então que todas

foram saindo pelas pernas... Um alívio imenso tomou-a; sentiu vontade de dormir. Abriu os olhos e viu Rosa segurando a criança pelos pés, dando palmadas leves nas nádegas pequenas e úmidas. Sorriu. Tudo acabado. “É fêmea”, disse Rosa. Foi quando sentiu aquilo. Seria impressão?! Não, algo se mexeu ainda no seu ventre. Olhou aparvalhada para a barriga murcha. De novo a coisa movimentou-se! - Rosa! A parteira colocou a mão sobre a barriga de Maria e arregalou os olhos, franzindo a testa. Tinha que ver o que era aquilo, fazer o “outro parto". Precisava não pensar mais no que acontecera. Teria sido um pesadelo? Olhou para fora. O milho começava amadurecer; algumas bonecas já tinham perdido o cabelo. Logo era colheita. Reparou na cara da filha. A mancha, a mancha! E viu de novo Rosa horrorizada, com aquilo que tirara de sua barriga! Um bicho preto, enorme, parecendo rato, esperneando na mão da parteira. Sem saber o que fazia, Rosa jogou o bicho no chão, atirando-lhe uma bacia em cima. Depois gritou por João. Maria olhava com olhos arregalados, sem entender nada. Aquilo, aquilo dentro dela?! Virou-se para o canto horrorizada e principiou a chorar. Por dois meses não comentou mais o caso. Rosa prometera não falar e o marido esquivava-se do assunto. Soube mais tarde, por frases rápidas e de má vontade, que João matara “aquilo”, esmagando-o com o pé. E nada mais disse, num mutismo cheio de horror e de nojo. Ele tentava esquecer; ela lembrava sempre procurando entender o que havia acontecido. O bicho gerara na sua barriga, junto com sua filha. Como? Vinham-lhe náuseas e calafrios. Sim, a prova ali estava, aquela mancha escura, de um formato estranho, que lembrava o animal. Com certeza ela apanhara algum micróbio quando trabalhava agachada ou sentada no chão. Então o bicho era... Besteira, por que não deixava de pensar? Mas lá estava a mancha, escura, arredondada, feia, tomando parte da face da menina. *** Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  9


Histórias de Irene Por Irene Coimbra

Toinha e a quadrinha Lá estávamos nós, crianças do primeiro ano, ouvindo a professora, Dona Sílvia, explicar a lição. No finalzinho da aula ela perguntou qual de nós sabia recitar uma quadrinha. Mais que depressa Toinha levantou a mão e, toda entusiasmada, levantou-se, foi para a frente da classe e começou a recitar: "Fui andando prum camim Encontrei um buraquim Pensei que era dinheiro Era..." Os alunos explodiram em gargalhadas. A professora passou-nos um sermão e colocou Toinha de castigo no canto da sala. Toinha ria, ria, ria. Quando a aula terminou e saímos da classe, íamos repetindo a quadrinha e ríamos sem parar. Nunca me esqueci de Toinha nem daquela quadrinha! O final da quadrinha? Ah, não posso falar. ***

Mini crônica

ALICE SOARES VALADARES

Abri a janela para que entrasse a manhã e a infância entrou junto trazendo, pela mão, minha mãe a abrir janelas: abria-as todas, antes de ir para o quarto de costura, onde se entretinha por todo o dia a produzir arte, através de panos e agulhas. Tenho ainda a velha tesoura que, apoiada à mesa de madeira, fazia um som rouco, prontamente suavizado por sua bela voz a cantar músicas que jamais serão esquecidas. Pela janela aberta, entrava a umidade refrescante do muro de pedras tapiocanga, onde se acomodavam samambaias e os pássaros que as tinham semeado; juntando-se ali, então, o muro, as samambaias e os pássaros numa plateia só possível num sarau de Sarah, minha mãe. O corredor das samambaias se alargava mais à frente, transformando-se num mundo místico de cheiros, texturas e visões ora reais ora inventadas: coisas boas de cheirar e apalpar, frescas e perfumadas, do canteiro de minha avó, e eu me declarava proprietária daquele pedaço de terra, esquecida de todos e por todos, ouvindo ao longe os cantares de minha mãe e me sentindo a grande arquiteta do universo. Ao voltar, vinha devagar, resvalando as mãos pelas plantas e ouvindo a voz de minha mãe ainda a distribuir amores, sonhos, mistérios e esperança. 10  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


Cantinho Literário de

Bridon e Arlete AJUDA-ME, SENHOR! JC Bridon

SENHOR, Tu que conheces meu mais profundo ser e sabes das minhas angústias, acode-me neste momento de fraqueza e incertezas.

CRIANÇA

Studio Cine Foto Mary

Arlete Trentini dos Santos

Tem uma criança bem viva Sabes que, muitas vezes, morando no meu interior. tenho tentado afastar os maus pensamentos Ela faz peraltices, não segue as regras, e trazer à realidade sobe onde não querem que ela suba. teus belos ensinamentos, É uma criança capeta, que faz careta, porém fraquejo na hora que ri de qualquer bobagem, que deveria jogar para o alto que não gosta de carregar tristezas na bagagem, tudo aquilo que me prejudica. que se alegra com cada aniversário, Por isso, SENHOR, venho até tua presença para que olhes este filho que tanto precisa de tua ajuda. SENHOR, tira a venda que cobre meus olhos e destampa meus ouvidos para que eles enxerguem e ouçam tuas palavras que devem cair fundo na minh’alma, livrando-me assim de todo perigo.

sabe que não são seus adversários. Conta os dias com alegria e espera o Natal e o São Nicolau. Sei que as vezes merece até umas palmadas para ficar mais sossegada. Mas eu não vou fazer nada minha criança é vacinada.

Obrigado, SENHOR!

Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  11


POETAS INESQUECÍVEIS Círculo Vicioso

Machado de Assis Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume: - Quem me dera que fosse aquela loura estrela, que arde no eterno azul, como uma eterna vela! Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: - Pudesse eu copiar o transparente lume, que, da grega coluna à gótica janela, contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela! Mas a lua, fitando o sol, com azedume: - Mísera ! tivesse eu aquela enorme, aquela claridade imortal, que toda a luz resume! Mas o sol, inclinando a rutila capela: - Pesa-me esta brilhante aureola de nume... Enfara-me esta azul e desmedida umbela... Porque não nasci eu um simples vaga-lume? ***

O Palhaço

Pe. Antônio Tomás Ontem, viu-se-lhe em casa a esposa morta E a filhinha mais nova, tão doente! Hoje, o empresário vai bater-lhe à porta, Que a plateia o reclama, impaciente. Ao palco, em breve surge... pouco importa A sua dor àquela estranha gente... E ao som das ovações que os ares corta, Trejeita e canta e ri, nervosamente. Aos aplausos da turba, ele trabalha Para esconder no manto em que se embuça A cruciante dor que o retalha. No entanto, a cruel dor mais se lhe aguça E enquanto o lábio trêmulo gargalha, Dentro do peito o coração soluça.

12  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


Os Diamantes de Ophir Francisco A. Moura Duarte*

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sse é o título de um dos livros de Annibal Augusto Gama. Os Diamantes de Ophir constituem-se em escritos sobre autores, livros e leitura. Procura-se neles despertar, na paisagem desoladora de silêncio e vazio das bibliotecas, o gosto pelos livros e pela leitura. E, assim, vão iniciando uma discussão amena sobre muitos temas, desde os títulos dos livros aos seus prefácios, desde a leitura clandestina e colaboração do leitor à leitura dos filósofos e poetas. O prazer proporcionado pela leitura é o cunho da moeda de seu autor como bom escritor. As exigências da informação exata e do conhecimento da matéria acrescem o discurso claro, sem os engodos da falsa erudição que, ao invés de pasmar o leitor, aborrecem-no e amarfanham a pagina escrita. Configura-se, afinal, aquilo que se denomina estilo, numa casa construída por letras, da qual se retiraram os andaimes. As palavras estão ai, não para nos enganar, mas para dar nome às coisas. Os ensaios são um gênero que admite a controvérsia, mas repudia a perfídia e a deslealdade. “Eis, porque, seu criador, e mais singular autor, Montaigne, escreveu, no pórtico dos seus Essais: Eis aqui, leitor, um livro de boa-fé, concluído, assim, leitor, sou eu mesmo a matéria deste livro”. Lendo os livros, o leitor lê-se a si mesmo. E também descobrem os outros. Por isso, os livros e os autores somos nós mesmos. Repetimos neles a vida, que, embora comum a todos, particulariza-se em cada um de nós. E não há vidas desprezíveis. Por mais apagado e anônimo que seja o homem, é ele indispensável no conjunto harmônico da natureza. A vaidade e a soberba é que são a toleima de quem não soube ver, nem compreender. Adicionalmente, revelam que, para que viajemos, nem sempre é preciso sair de casa. Exemplo disso são os metros quadrados do quarto de Xavier de Maistre, pois, propiciaram-lhe aventura e conhecimento do mundo e das pessoas. Os livros são aquilo que o autor diz no título de um de seus escritos: “A aventura é uma aventura”. Ao que acrescenta: “A aventura está relacionada às coisas futuras, ou ao que pode sobrevir, e que não se sabe.” (...) “Há ainda qualquer coisa de vento, na aventura. Do vento que sopra onde quer, e passa, trazendo ou não tempestades. Do vento que arrasta as naus no mar, e as tangeu para as terras desconhecidas de Vera Cruz.” Ler um livro, portanto, é uma forma de aventura. Somos apresentados a outras personagens e conduzidos para outras regiões da geografia literária. Não é sem razão que, em muitas obras de ficção, o seu protagonista se apresenta imediatamente na primeira página: “Chamai-me Ismael. Há alguns anos – precisamente não vêm ao caso – tendo eu pouco ou nenhum dinheiro na carteira e sem nenhum interesse em terra, ocorreu-me navegar por algum tempo a ver a parte aquosa do mundo” (Moby Dick, Herman Melville). Todo livro é um tratado de antropologia, sociologia, psicologia e metafísica. Muitos autores anteciparam a sistematização destas ciências. Dostoievski ou Machado de Assis são prolegômenos de Freud, ou sua introdução. Com uma vantagem: eles ensinam sem pedantismo e sem dogmatismo. O escritor propõe; o leitor dispõe. O ensaísta ou crítico é um intermediário entre ambos. Já os poetas laboram numa filosofia assistemática. Ou, como pensava Mário Quintana, s livros de poemas são os livros pornográficos dos anjos. E, quando lemos um livro, é como se bebêssemos um copo d’água fresca na porta de casa. A sede naturalmente se renova, mas é inesgotável a água da moringa. Portanto, leiam e bebam. Cada livro, realmente bom, renova nosso compromisso com a vida. Os Diamantes de Ophir, é um exemplo dos mesmos. *Francisco A. Moura Duarte Diretor-Presidente da FUNPEC/RP (Fundação de Pesquisas Científicas de Ribeirão Preto) Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  13


Poetas em Destaque

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Nely Cyrino de Mello Dor Maior

Faz pouco tempo, esvaiu-se o pranto. O riso, de há muito se perdeu. A alegria se encolheu a um canto. A dor prevaleceu. O passado? Triste ilusão desfeita. O futuro... Já não alimenta a esperança: Sonho longínquo e errante. A vida? Só a fé ainda a sustenta. Só o amor ainda é uma Constante 3

Eduardo Mesquita

Marlene Cerviglieri Tecelã dos sonhos

Sem rumo, depressa, passando, até sem prumo, vejo-te indo e voltando, os erros contando. Sem rumo, correndo no tempo, fazendo história, tecendo sonhos. No silêncio furtivo, contando os acertos, na busca do nada... Sem rumo, com direção incerta, indiferente, sem exigir nada. Esperando no tempo, ser cobrada, és tu, vida, tecelã dos sonhos! No tear do mundo, onde nada se acaba...

Aparência Quantas vezes eu pareço triste na minha vida, àqueles a quem só os sorrisos mostram a verdade, quantas vezes uma lágrima no meu rosto vertida, é mais um sorriso que esconde a felicidade. Se a minha alma conhecessem com claridade, aqueles que na escuridão a veem ferida, sentiriam ao seu redor toda a grandiosidade, da ventura que no meu peito vive escondida. Mas quão tolo é o engano que não sente, que a minha tristeza é apenas aparente, por não querer os meus sorrisos revelar, Para a minha alma um dia poderem conhecer, terão antes, que nos meus olhos saber ler, aquilo que só o meu coração sabe mostrar. 14  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018

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Luzia Madalena Granato Vaga-lume em minha alma

Sonhar meus sonhos, realizar meus sonhos. Ser criança na alma... Ver estrelas na noite que descansa e ilumina. Acordar com os raios de sol. Vida linda que segue como vaga-lumes, que estão brincando em minha alma, que não esquece a criança, hoje mulher, que não desiste. Graças à vida.


O CASAMENTO REAL Por Aline Olic

Olhei meu celular e vi a mensagem de meu amigo, no WhatsApp: "Você vai estar aqui no dia 19 para irmos no casamento?" A minha primeira reação foi negar o convite, mas depois de alguns minutos, resolvi que não perderia a oportunidade. Príncipe Harry sempre fora o meu "preferido". Agora ele estava prestes a casar com uma atriz norte-americana linda e simpática e eu, que sempre tive fascínio pela história da Família Real Britânica estava prestes a presenciar um casamento real. O casamento começaria ao meio-dia, horário do Reino Unido. Às 05:00 eu já estava de pé, no ponto de ônibus, esperando o número 65 que me levaria até a estação de trem. De lá partiríamos para Windsor, 35km de Londres. Logo na estação já se notava que aquele sábado não seria como qualquer outro de costume. No trem lotado, mulheres com fascinators (uma espécie de tiara com um pequenino chapéu, feito de seda, laços ou redes, frequentemente usados por mulheres Cristãs, em batizados e especialmente, em casamentos no Reino Unido). Outros vestiam roupas com a bandeira do Reino Unido estampada, e havia corajosos que usavam blazers, apesar de a previsão do tempo acusar que a temperatura chegaria aos 26o.C. Podia-se notar a felicidade das pessoas em poder presenciar o momento histórico: um príncipe real britânico, casando-se com uma atriz norte-americana, divorciada, filha de uma mulher negra. Enfim chegamos a Windsor, uma cidade de 30 mil habitantes que estava prestes a receber 100 mil pessoas. Apesar de tantas pessoas, tudo corria bem, com segurança triplicada e organização impecável. Garrafas de água sendo entregues, gratuitamente, assim como bandeirinhas do Reino Unido, coroas de papel e um folheto explicando como seria a cerimônia. Encontramos um lugar para sentar perto da cerca que separava o público, ao lado do portão dos fundos do castelo, onde a futura Duquesa de Sussex passaria com sua mãe para chegar a Capela de St. Georges. Ao meio-dia, estávamos preparados e ela então, dentro de um carro antigo, preto, seguido por ou-

tros carros, passou como um jato. Foi o primeiro momento que pudemos ver a duquesa. Telões foram instalados para que o público pudesse assistir ao casamento. Enquanto assistíamos, uma senhora simpática que trabalhava na organização, oferecia protetor solar a nós e aos que estavam próximos. Resolvi que não aceitaria já que estava vidrada no telão. Um sol de 26oC não faria nada a uma Ribeirãopretana acostumada ao calor de 35oC. A cerimônia, linda e tocante, só me fazia ficar ainda mais ansiosa pelo momento em que os recém-casados, passariam por nós, em sua carruagem. O público que chacoalhava bandeiras, foi ao delírio com o "I Do!" ("Aceito") dos noivos, entoando um coro com o hino do Reino Unido "God Save the Queen" ("Deus Salve a Rainha"). Finalmente, chegava a hora de presenciar o Duque e a Duquesa de Sussex passando por nós. E lá estavam eles, em uma carruagem, lindos, como um conto de fadas. Vê-los tão perto me teletransportou à minha infância quando lia sobre a Família Real nas aulas de Inglês, e quando vi aquele menino ruivo, tão novinho, no velório de sua mãe, a eterna adorada Diana. Ele estava casado, e eu, agora, era parte deste dia histórico. Deste dia trouxe comigo um sonho realizado, um nariz vermelho queimado de sol e um ensinamento: use filtro solar.

Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  15


SARAU DE LANÇAMENTO

38a. REVISTA PONTO & VÍRGULA FOTOS POR

NATAN FERRARO

Dr. Geovah Paulo da Cruz, Irene Coimbra, Alceu Bigato e Idemar de Souza

Ely Vieitez Lisboa, Irene Coimbra, Jugurta de Carvalho Lisboa

Celuta Pessini, Irene Coimbra, Rita Mourão

Marlene Cerviglieri, Irene Coimbra, Nely Cyrino de Mello e Jannes de Mello

Adélia Ouêd, Irene Coimbra, Luiz Antônio Titon e Terezinha Titon

Shirley Stefani, Adriano Pelá e Nilza Pelá, Irene Coimbra e Lucy Stefani

16  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


Irene Coimbra, Luzia Madalena Granato e João Cechetto

Francisco e Fernanda Ripamonte e Irene Coimbra

Vera Regina Marçallo Gaetani, Irene Coimbra e Rosa Maria Gaetani

Toninho Angeloti, Cristina Modé, Irene Coimbra, Dr. Denizard Gomes e Leandro Silva

Convidados

Irene Coimbra e Elza Rossato

Ed Lemos, Anamaria Silveira, Irene Coimbra, Alice e Luiz Fernando Valadares

Cristiane Vitulli Sant'Ana, Cristina Modé e Gustavo Molinari

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PREFÁCIO DA 12ª ANTOLOGIA PONTO & VÍRGULA Por Sérgio Kodato 12ª Antologia Ponto & Vírgula: um ramalhete de flores cheirosas colhidas pela florista Irene Coimbra! Irene Coimbra - Coordenadora das Antologias Ponto & Vírgula

A

ntes de mais nada é preciso declarar que a 12ª Antologia Ponto & Vírgula é uma preciosa colheita de flores cheirosas e vistosas, realizada pela nossa grande florista Irene Coimbra. Ela cuidadosamente arranjou e organizou essa coleção em múltiplos ikebanas, como artes florais literárias, sensíveis e gostosas de se apreciar. Antologia significa, etimologicamente, coletânea de flores; o termo remete à ideia de escolha, coleção, seleção estética. Sendo assim, essa 12ª antologia é uma coleção de expressivos trabalhos literários e poéticos dos melhores escritores e artistas de Ribeirão Preto e Região. A importância de se produzir uma obra como esta (12ª Antologia Ponto & Vírgula), está no fato de que estamos tendo contato com uma seleção de poemas e textos literários, que simbolizam um modo estético de expressar o jeito de existir, sentir e viver do ribeirão-pretano da gema. Essa Antologia explora uma mesma temática: nosso encanto/desencanto pelo mundo e pelas pessoas ao nosso redor; um período: séculos XX e XXI, com Sevandija e Lava-Jato; uma autoria: nossa identidade de escritores forjada no cotidiano da vida dura e suada, mas abençoada e transcendente; nos saraus Ponto & Vírgula, onde com sabor, saber e arte, viramos um Grupo de Escritores que ritualiza, dramatiza e degusta a literatura produzida. A primeira antologia "[...]uma seleção de poemas que se tem registro é de autoria do poeta grego No entanto, até e textos literários, que simbo- Meleagro. meados do século XVIII a palavra "antologia" não era utilizada para se refe- lizam um modo estético de ex- rir às coleções de textos literárias, mas sim termos pressar o jeito de existir, sentir como florilégio, romanceiro, silvas ou flores. e viver do ribeirão-pretano[...]" alma, pureza, amor, fertiA flor simboliza beleza, lidade, natureza, criação, infância, juventude, harmonia, perfeição espiritual e o ciclo vital. Por vezes, é considerada o símbolo da virgindade ou de sua perda (processo chamado de defloração). Quando estão abertas, as flores simbolizam a natureza em seu maior esplendor. Assim, representam a glória e refletem tudo o que é passivo e feminino, portanto, tudo o que esteja ligado à beleza, à juventude, à paz, ao espírito e à primavera. Irene Coimbra! Você não é uma Holambra, mas seu campo de flores está antológico, florido e frutificando muita estética. Seu Sarau Literário inventou um grupo de escritores que instiga e inspira o imaginário social e poético ribeirãopretano a florear e alegrar nosso cotidiano. As produções literárias favoreceram e potencializaram a criação artística, cultural e subjetiva, pois ao expressar nossos pensamentos e sentimentos na fala declamada e na escrita, construímo-nos como sujeitos e agentes sociais capazes de interagir e encantar a realidade.

Sérgio Kodato é Professor de Psicologia da USP/RP 18  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018


PARTICIPANTES DA 12ª. ANTOLOGIA PONTO & VÍRGULA

Adriano Pelá

Alceu Bigato

Alciony Menegaz

Aldair Barbosa

Alice S. Valadares

Aline Olic

Anamaria Silveira

Antônio C. Tórtoro

Arlete T. Santos

M. Auxiliadora Zeoti

Carlo Montanari

Cecília Figueiredo

Diamantino Bártolo

Eduardo Mesquita

Elizabeth Bevilacqua

Ely Vieitez Lisboa

Fernanda R. Mesquita

Helena Agostinho

Heloísa M. Alves

Idemar de Souza

Isolino Coimbra

José A. de Azevedo

JC Bridon

Jugurta de C. Lisboa

Leonor Barros

Luiz F. Valadares

Luzia Granato

Maris Ester de Souza

Marlene Cerviglieri

Nely C. de Mello

Neusa Bridon S. Garcia

Renata C. Sbórgia

Roberto Ferrari

Sandra Valadão

Sérgio Kodato

Silvia Regina C. Lima

Tatiane Santos Melo

There Válio

Waldomiro Peixoto

Irene Coimbra

Maio/Junho 2018  Revista Ponto & Vírgula  19


E ST AQ U DE EM FO TO 20  Revista Ponto & Vírgula  Maio/Junho 2018

"Conversa com Deus" Foto: Aline Olic


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