Março/Abril Ano 7 | Edição 44 Distribuição Gratuita ISSN: 2317-4331
PONT & VIR ULA
QUINTETO & CIA UMA VIAGEM NO TEMPO ATRAVÉS DA MÚSICA
2 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
ÍNDICE MARÇO/ABRIL
Foto: Heloísa Crosio
Pág. 1 Capa: Quinteto & Cia - Uma viagem no tempo através da música Pág. 2 Publicidade Pág. 3 Índice, Editorial e Expediente Págs. 4 - 6 Matéria de Capa: Quinteto & Cia - Uma viagem no tempo através da música Pág. 7 Um tango para Astor Piazzolla - Cláudio Chinaski Pág. 8 Poetas em Destaque: Wlaumir Souza, Idemar de Souza, Alceu Bigato e Adriano Pelá Pág. 9 Cantinho Literário de José Antônio de Azevedo Pág. 10 Uma viagem inesquecível - Irene Coimbra Pág. 11 Cantinho Literário de Bridon e Arlete Pág. 12 A vida exige coragem - Sonia Zaghetto Pág. 13 Poetas em Destaque: Andreia Alfama, Mikayla Rosario Fata e Nuno Alfama Apoio: Frutão Pág. 14 Em menos de vinte e quatro horas... - Perce Polegato Trovas Pág. 15 Poetas em Destaque: Fernanda Mesquita, Marlene Cerviglieri, Adélia Woellner, Raquel Naveira Pág. 16 Poetas em Destaque: Ricardo José Daiha Vieira Págs. 17 e 18 Sarau de Lançamento 43a. Revista Ponto & Vírgula Apoio Pág. 19 Publicidade Pág. 20 Foto em Destaque - Aline Olic
EDITORIAL
Os meses voam e maio já bate à nossa porta! Como é bom olhar para trás, ver o caminho trilhado, os obstáculos vencidos e a consciência em paz! Como é bom encontrar pessoas idealistas, que não desistem de seus sonhos e continuam lutando, com garra e coragem, por um mundo melhor! Como é bom encontrar pessoas que vivem o presente, sonham com o futuro, sem jamais esquecer o passado! Como é bom encontrar pessoas como os integrantes do QUINTETO & CIA! Cinco sonhadores que viajam no tempo através da música e nos levam a reviver momentos sublimes, executando músicas que já embalaram gerações e gerações e continuam a nos encantar e emocionar! Que privilégio conhecer um pouco da trajetória de César (baixista e idealizador da banda), Lima Neto (cantor), Bagatin (baterista), Toninho Diniz (tecladista) e Jorginho (guitarrista)! Que história linda!!! E, por conhecer a história de cada um, os selecionamos para homenageá-los e destacá-los como capa de nossa Revista Ponto & Vírgula! Nas páginas que se seguem conhecerão, também, um pouquinho de cada integrante desse fantástico QUINTETO & CIA! A você, leitor/a, desejamos uma Feliz Viagem pelas páginas de nossa Ponto & Vírgula! Irene Coimbra| Editora
EXPEDIENTE Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Olic | Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade Foto de Capa: Francine Rodrigues Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual. Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 Tiragem: 2 mil exemplares Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 3
Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.
QUINTETO & CIA
UMA VIAGEM NO TEMPO ATRAVÉS DA MÚSICA MÚSICA Lima Neto Quem és tu, que dissolve medos e acalenta sonhos? Quem és tu, que transporta as memórias e acolhe os afetos? Quem és tu, que fala do amor vivido e do amor sonhado? Quem és tu, que nos faz viajar a lugares inesperados e nos inunda de esperança? Quem és tu, que acalma a alma e a faz transportar, conduzindo ao que não perdemos e ao que sequer existe? Quem és tu, que preenche o vazio e nos traz de volta quem está longe? Tu és Música! Métrica sonora que aproxima criatura do Criador? Tu és Música! Expressão maior do que sou.
O
Quinteto & Cia, nasceu do amor de cinco músicos pela música, forma mais sublime de expressar sen-
timentos. Músicas que marcaram a vida de cada um deles embalando gerações e corações. Músicas que, até os dias de hoje, são como flores no campo, emitindo o mais delicado perfume. 4 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Canções que atravessaram o tempo, passando pelas décadas de 20 até 70, compostas com requinte de sensibilidade. Épocas em que, ansiosamente, as pessoas esperavam o momento de ir aos grandes bailes, nos clubes, para dançar e sonhar, fazendo daquele momento algo transformador e feliz para todos. Décadas gloriosas, onde vivenciamos melodias, letras e arranjos magníficos, através de
interpretações maravilhosas e inesquecíveis de grandes orquestras e intérpretes. Através dessas canções, tantos foram amores e romances iniciados que transformaram e formaram vidas. Há cerca de um ano, cinco músicos de Ribeirão Preto, sentindo a necessidade de levar ao público um repertório musical que resgatasse os grandes bailes e shows que marcaram o século 20, através de músicas que contam uma história, se reuniram para aglutinar suas experiências e gosto musical e formaram o Quinteto & Cia!
Maria Collin, Johnny Alf, Luís Vieira, Eliseth Cardoso, Sergio Reis entre outros. Participou de várias orquestras em São Paulo, Rio de Janeiro e Interior de São Paulo. Também participou da famosa “Lenha do Bosque”. Lima Neto - Cantor. Biomédico de formação, gerente na indústria farmacêutica e músico. Foi Crooner de Bandas/Orquestras de bailes no Interior de São Paulo. Participou de vários festivais de MPB nos anos 80, como intérprete e em Shows com Johnny Alf e Jair Rodrigues. Solista de corais sacros e gospel com apresentações no Brasil e EUA.
O Quinteto é formado por Luís Antônio Bagatin, Toninho Diniz, César FerQuinteto & Cia reúne um repertório que nando Sêneda, Jorginho de Carvalho e relembra sucessos de Nat King Cole, Frank SiLima Neto. Músicos que durante décadas, natra, Tony Bennett, Billy Holiday, Jamelão, fizeram parte de orquestras e bandas. Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Johnny Alf, Elton John, The Platters, Paul MacCartney, Bagatin - Baterista. Engenheiro civil de John Lennon, Ray Charles, Sergio Endrigo e formação e músico. Acompanhou grandes no- outros. “Venha fazer parte de uma viagem no mes da música como: Elis Regina e Wilson Si- tempo através da música” monal. Participou da “Lenha do Bosque” com maestro Viviane e outros, também da Banda Biriba Boys. Toninho Diniz - Pianista, maestro e arranjador. Foi pianista de Elza Soares, Aguinaldo Rayol, Nelson Gonçalves, Eliseth Cardoso, Roberto Carlos, Altemar Dutra, entre outros. Arranjador do Programa Enzo de Almeida Passos na TV Bandeirante e Almoço com as Estrelas. Participou de várias orquestras de bailes em São Paulo, Rio de Janeiro, interior de São Paulo e exterior. Cesar Fernando Sêneda - Baixista. Advogado de formação, idealizador, fundador e músico das Bandas One Way, onde foi tecladista; Quarteto em Branco e Preto, Blues Up e Quinteto & Cia. Jorginho de Carvalho - Guitarrista, maestro e arranjador. Tocou em várias bandas de bailes e orquestras, acompanhou grandes nomes da música como Cauby Peixoto, Rosa
Quinteto & Cia - contato para shows: +55(16)99962-1945
Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 5
QUINTETO & CIA Fotos: Francine Rodrigues
Lima Neto
Luís Antônio Bagatin
Jorginho de Carvalho
Cesar Fernando Sêneda
Toninho Diniz
6 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Quinteto & Cia se apresenta no Encontro de Escritores e Leitores Ponto & Vírgula que aconteceu no dia 9 de Março de 2019.
UM TANGO PARA ASTOR PIAZZOLLA POR CLÁUDIO CHINASKI/BRASÍLIA/DF
É comum o ser humano chorar a morte de entes queridos e seguir vida afora carregando o luto, mas só os gênios da raça são capazes de transformar dor em arte. Astor Piazzolla converteu suas dores em algumas das mais belas melodias do nosso tempo. Uma delas, Adios, Nonino, um réquiem sentimental composto em homenagem a seu pai, falecido em 1959, é considerada sua obra-prima. Mas a vida e a obra de Piazzolla ultrapassam, e muito, o estereótipo de "artista de uma só obra". Astor Pantaleón Piazzolla nasceu em 11 de março de 1921 na cidade argentina de Mar del Plata, filho único de um casal de imigrantes italianos. Em 1925, a família se mudou para Nova York, onde permaneceu por mais de uma década. Astor se envolveu com a música desde cedo: aos 8 anos ganhou de seu pai seu primeiro bandoneón e aos 9 começou a estudar música clássica com um pianista húngaro. Aos 14 anos, ao participar como extra no filme “El Día que me Quieras”, conheceu Carlos Gardel e foi convidado para integrar sua nova turnê. Seus pais não autorizaram e salvaram-lhe a vida. Meses depois, Gardel e sua equipe viriam a falecer em um acidente de avião. Em 1937, a família Piazzolla retornou definitivamente a Mar del Plata, onde Astor fez suas primeiras apresentações. "Piazzolla provocava Em 1952, ganhou uma bolsa do governo francês para estudar a todos com sua vesticom a lendária Nadia Boulanger, que o incentivou a seguir seu próprio estilo. Em 1955 re- menta informal, com sua torna a seu país e fixa residência em Buenos Aires, formando o pose para tocar o ban- Octeto Buenos Aires. Sua seleção de músicos termina delineando arranjos atrevidos e doneón (de pé, quando a timbres pouco habituais para o tango, como a introdução de guitarra. Elementos do jazz são tradição era fazê-lo sen- igualmente integrados às suas composições, gerando descon- tado) e com declarações forto e críticas dos músicos do tango tradicional. De forma irônica ele chama cada vez mais polêmi- seu estilo de “música popular contemporânea da cidade de cas." Buenos Aires”. Mas isso não era tudo: Piazzolla provocava a todos com sua vestimenta informal, com sua pose para tocar o bandoneón (de pé, quando a tradição era fazê-lo sentado) e com declarações cada vez mais polêmicas. Começou a trilhar um caminho de sucesso que teria picos na musicalização de poemas de Jorge Luis Borges (1965), na composição da ópera-tango María de Buenos Aires (1968) e na canção Balada para un Loco (1969) junto ao poeta Horacio Ferrer e o saxofonista Gerry Mulligan (1974), em concertos memoráveis no Philarmonic Hall de Nova York (1965) e no Teatro Colón de Buenos Aires (1972 e 1983), entre outros. Em seus últimos anos, Piazzolla preferiu se apresentar em concertos como solista acompanhado por uma orquestra sinfônica ou por seu grupo. Foi assim que percorreu o mundo e ampliou a magnitude de seu público em cada continente. Astor Piazzolla casou-se duas vezes e teve dois filhos, Daniel e Diana. Faleceu no dia 4 de julho de 1992, quase dois anos depois de sofrer um derrame cerebral. Seu túmulo está em um cemitério particular em Buenos Aires; sua música, sempre muito vibrante, prossegue encantando gente do mundo inteiro.
Poetas em Destaque 1
1
2
4
3
Wlaumir Souza Percursos Entre caminhos e possibilidades Me perdi em labirintos de desejos Trançados pelas fiandeiras do destino A liberdade brandiu o sinete da vitória Os riscos foram inglórios Caminhei em estradas espinhosas Redefini os percursos E não parei Fui até a Paz Profunda Que é destina a quem ousa buscar Os sentidos mil da existência Em vestes que se trocam pela busca da plenitude Trouxe assim entre possibilidades e caminhos O destino que sempre quis
3
Alceu Bigato
2
Adriano Roberto Pelá Paz Tal qual o ocaso do dia, em cores de diversos matizes. Vigoroso espetáculo, em silêncio absoluto, inspirador de paz. Busquemos ser, também, a exemplo, esplêndidos, vigorosos, como o poente, ter a paz guiando nossos atos.
4
Idemar de Souza
Gelo da Paixão
Poema XII - Caminhando
Quero dormir em seus braços, sonhar com seus beijos, beijando você. Acordar matando desejos, depois, novamente, adormecer. Misturar ficção com realidade, expulsar a saudade que me invadiu, alegando motivos de força maior. Você viajou, me deixou na pior, sofrendo as angústias das noites de frio. Fiquei arretado com o cobertor. Cheguei a jogá-lo ao chão. Que adianta em meu corpo, tanta lã em cima, se elas aquecem somente o clima, aumentando o gelo da minha paixão?
E confessou-me, Dona Júlia, que vivia preocupada que a ausência, dele, me levasse ao descaminho. Mas bem por isso, não se desfez do nosso ninho e manteve bem aquecida sua cria e resguardada.
8 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Disse mais, que, de repente, se via contemplada, pois podia até fazer de nossas vidas um paraíso. Pude ver nos seus lábios, pintados, um sorriso, de mulher que, orgulhosa, se vê recompensada. Então, me segredou outra história, não sabida, quando de um lanche que fazíamos, ao deitar, com um chazinho bem quentinho, relaxante: "Não mais sonhava ser levada aos pés do altar. Esse sonho que tivera, de mulher, ficou distante, mas, hoje, tinha a mim, que era toda a sua vida"
Cantinho Literário de José Antônio de Azevedo Foto: Natan Ferraro
M
MÃE DAS MÃES
aicro quer homenagear uma mãe muito especial que, de tão humana que é, consente em dar amor de qualquer modo, a todos que a procuram: “vocês podem impor o jeito de amar que eu aceito”, dizia ela. O protagonista desta história não quer exaltar a gata, mãe de uma filharada de gatinhos, nem a galinha, mãe de uma ninhada de pintainhos, pois todas são mães de seres viventes. Quer sim, primeiramente, homenagear a mãe de seus filhos que já não está entre nós. Dizia ele, outrora, para suas gerações: - A gente cresce, vira adulto, casa e nunca mais tem sossego com a meninada e bastantes netos, mas é uma perturbação que causa satisfação aos pais e avós. Em lugar de você, mãe no além, ter perdido uma filha, ganha um genro; mais tarde com a vinda dos netos, crescendo a família num desassossego sem fim é cada vez maior. Mas você, em outra dimensão, não se importou com tudo isto porque seu coração foi tão grande que sempre cabia mais e mais noras, genros, filhos, netos e bisnetos que sequer observava a elasticidade da família. Você não se esgotou em dar amor a todos eles. Porém, um dia, de tanto distribuir afetos, você tornou-se estrela para morar no céu sem fim e continuar alegrando na eternidade os antepassados na Terra. Por tudo isto a imagem da sua alma mereceu ficar plasmada na escrita desta crônica. --Em seguida Maicro exalta outra mãe potencial, uma amiga solteira que, para não gerar filhos, passou a ser mãezona de filhos das outras, porque de tão afetuosa que é, poderia corromper os seus, se os tivesse. Há uma infinidade de mães merecedoras de todas as homenagens neste mundo de meu Deus consagrado a elas que também devem ser citadas, porém Maicro menciona somente algumas que, dentre todas, sofrem e padecem muito por seus filhos desviados do bom caminho. São as mães de filhos drogados. Estas são capazes de sublimarem-se com atitudes incríveis para ter seus rebentos nos trilhos. E o que dizer das mães de filhos ingratos? Os sofrimentos destas são maiores ainda, pois padecem duas vezes. Uma, para converter os filhos e a outra por não ter o reconhecimento deles nas lutas para regenerá-los. Estas, apesar do denodo para tornar os filhos pessoas honradas passam o tempo todo na amargura terminando a vida com andrajos, jogadas em catres no canto de algum asilo qualquer. Contudo, para proteger todas as mães da terra, Deus quis nascer humano do ventre de uma delas na pessoa de Jesus Cristo. Nossa Senhora com vários títulos, assim é Nossa Senhora Aparecida, a protetora de todas as mães brasileiras e intercessora, junto a seu Filho Jesus, de todos os filhos drogados e ingratos. --Todavia, a maior consagração que Maicro quer dedicar é para sua avó, uma senhora merecedora do título de rainha, apesar da sua simplicidade de vida e pobreza cultural. Ela é a princesa dos irmãos, a rainha do lar, e a imperatriz da família. Como pessoa do mesmo sangue seus irmãos querem elegê-la miss da cidade, como esposa seu marido a proclamou rainha do lar e, como cidadã, a comunidade a aclamou Imperatriz. Portanto, ela impera, reina e dirige a família somente com a arma do Amor. Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 9
UMA VIAGEM INESQUECÍVEL POR IRENE COIMBRA
Q
uando Aline me disse: “Mãe, hoje vamos conhecer Stonehenge!”, mal pude acreditar. Regressar 5000 anos ao passado para conhecer essa maravilha do mundo era algo que me deixava em estado de êxtase! E lá fomos nós (Vince, Aline, Luana (uma amiga dela), Paulo e eu), naquele sábado, 29 de setembro de 2018, saindo de Londres às oito da manhã, rumo à Stonehenge! Viagem tranquila, estrada sem muito movimento e belas paisagens! Uma hora e meia de viagem! História, mistério e misticismo nos aguardavam! De longe o avistei! Paramos bem na entrada do parque, pagamos o ingresso em cujo valor também estava incluído o ingresso ao museu e um áudio guia, com explicações sobre os povos que ali habitavam durante a construção do sítio. Vídeos completos, artefatos expostos e muita informação sobre o que ali víamos. Depois de alguns minutos, vendo e ouvindo as explicações, pegamos um ônibus, do próprio parque, que leva os turistas do Visitors Centre até Stonehenge. Poderíamos ter ido a pé, o que demoraria uma meia hora de caminhada, mais ou menos, mas era uma subida e eu estava com os pés doendo, então optamos pelo ônibus. Chegando ao local, contornamos o monumento (infelizmente só é permitido caminhar ao redor do monumento) e visualizamos aquela imagem clássica que tínhamos na cabeça. Colunas de pedras, cada uma com 5 metros de altura e quase 50 toneladas. Eu não conseguia acreditar (e ainda não consigo), que algumas daquelas pedras foram trazidas do País de Gales e puxadas por trenós. Tentava imaginar pessoas carregando pedras de quase 50 toneladas na Idade do Bronze e que resistiam até os dias atuais. Qual seria a utilidade daquele sítio arqueológico na Idade do Bronze?- perguntava a mim mesma. Sabia, através de leituras, que artefatos dos druidas, celtas, romanos e saxões foram ali encontrados. Mas qual seu significado? Para que servia? Seria verdade que servia como “canal meteorológico”? Teria sido um cemitério ou um local de cura, como muitos afirmavam. Por via das dúvidas, Luana tirou os sapatos e colocou o pé direito na grama verdinha, do outro lado do cordão que isolava a área, para “receber a energia renovadora do lugar”, dizia ela. Depois de passarmos uma hora caminhando pelo local, pegamos o ônibus de volta ao Visitors Centre. Do lado de fora, cabanas em tamanho real, reprodução de como se vivia no neolítico, telhados e palha e paredes de barro. Em exposição, ao lado, uma réplica dos trenós usados para puxar as enormes pedras que formam Stonehenge. Depois de comprarmos alguns souvenirs do lugar, dissemos adeus a Stonehenge e seguimos para Salisbury, uma cidadezinha de, mais ou menos, trinta mil habitantes que fica a menos de 20 minutos de Stonehenge. Lá almoçamos, demos uma volta pela cidade e voltamos para Londres! Voltei mais enriquecida, culturalmente falando, e essa foi mais uma Viagem Inesquecível! 10 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Cantinho Literário de
Bridon e Arlete
Sonhas com um mundo melhor? JC Bridon
Studio Cine Foto Mary
Está na hora de trazer à realidade teus mais acalentados sonhos. Só assim o “teu mundo” se transformará e viverás muito feliz. O que vives a sonhar, meu amigo? Sonhas com bons momentos em tua vida? Com a realização dos teus ideais? Sonhas com teu mundo mais feliz, mais sincero, mais humilde? Desejas ver concretizado tudo aquilo com que um dia sonhavas? São perguntas que todos se fazem. Mesmo achando que tudo está bem, que tudo já aconteceu, sabemos que, na realidade, os sonhos são muitos e que só serão concretizados se sonhados com o coração. Esta realidade poderá, no princípio, ser um pouco traumática. No entanto, com o passar dos dias, este “sonhas com um mundo melhor” irá penetrar no mais profundo de nosso ser e nos transformará em seres humanos felizes. Para que os nossos desejos encontrem eco e retornem em forma de realização pessoal, faz-se necessário que saibamos caminhar com nossos próprios pés, pois só assim entenderemos o que significa alcançar objetivos. Devemos afastar o temor de nossas mentes. O medo da não realização pode toldar nossos pensamentos. Com isso, haverá um retrocesso nesse processo de aperfeiçoamento e nossa escalada estará prejudicada. Devemos ter fé e acreditar sempre, pois este é o único e verdadeiro caminho. A meditação feita com convicção irá nos levar por um caminho radioso, que poderá nos proporcionar momentos maravilhosos em nossas vidas. Cada dia é um novo dia e em cada novo dia, um novo passo em direção às realizações. Do livro “Why – Por quê” – Pág. 108
Águas mansas
Arlete Trentini dos Santos Enquanto flutuo nessas águas mansas observo o céu azul. Aos poucos algumas nuvens aparecem e fazem a minha imaginação criar asas. Parece que o tempo parou ou agora serei eu a dona do tempo. Mas o vento muda as nuvens e faz um rebuliço no céu. E assim, pensativa, vejo que o tempo muda meus pensamentos, que muitas vezes encontra meu coração entristecido. Respiro fundo e deixo o vento carregar, para bem longe de mim, a dor. Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 11
A VIDA EXIGE CORAGEM POR SONIA ZAGHETTO
H
á uma zona de conforto chamada certeza e uma região assustadora que se chama verdade. Encarar esta última exige coragem, artigo sempre raro em todas as épocas da humanidade. Há gente demais trombeteando suas convicções. Em geral, enfrentam os outros armados de opiniões desprovidas de base sólida ou de argumentos forjados em fontes contaminadas. Soterrados pela avalanche de informações que a Internet oferece, acabam alguns por se perder no matagal das certezas instantâneas. E haja patrulhamento. Tudo isso me ocorre quando espio diariamente as redes sociais e sua onisciência, mas neste texto refiro-me ao julgamento sumário que se abate sobre as dezenas de mulheres assassinadas ou agredidas no Brasil diariamente. Não é natural que aceitemos passivamente este estado de coisas. É vergonhoso que, após cada notícia estarrecedora de agressão ou de morte, haja quem justifique a violência. Pior que isso é testemunhar as próprias mulheres julgarem sem piedade a vítima, encontrando desculpas para a agressão e até minimizando as barbaridades. Tolas. Para além da definição biológica, é necessário ter uma consciência plena deste estado de absoluta graça, de intensidade e de desafios diários que é a condição feminina. Minha escritora favorita - Virginia Woolf - é permanente inspiração. Admiro nela a liberdade interna extremada, a capacidade de desafiar a adversidade de seu ambiente de mulher rica no início do século passado, lutando para estudar nas universidades exclusivas para homens; polemizando de igual para igual com adversários que sustentavam a risível tese de que nós, mulheres, somos intelectualmente inferiores. "Três Guinéus" é um livro que, por sua força estética, moral e argumentativa, deveria ser lido por toda mulher. "Um Quarto Todo Seu", também de Virginia, é minha bíblia, pois fala do espaço inviolável a que todos temos direito. Para criar, para escrever, para pensar sobre a vida, para nada fazer. Espaço necessário, indevassável, todo seu. No Brasil contemporâneo, quero tudo isso de que fala Virginia, mas quero também para mim e para as outras mulheres o direito à vida e à liberdade de ser o que bem entender (recatada, empresária, mãe em tempo integral, workaholic, jogadora de futebol, "do lar", perua, periguete, funkeira, motorista de caminhão ou engenheira da computação). Quero essa liberdade inteira, que se permite dizer não; que escolhe profissões e parceiros; que termina um casamento quando acha necessário; que põe fim a um relacionamento abusivo; que toma seu destino nas próprias mãos. A liberdade que luta apenas pela verdade e não se dobra perante as certezas alheias. A liberdade de escolher e não pagar por isso com a própria vida. Ah, antes que eu esqueça: não confunda meu texto com as ações cosméticas de meia dúzia de millennials de axilas não depiladas e adoradoras de cansativos jargões. A luta aqui é pelo combate à violência inaceitável que alcança a nós, mulheres. Seja aqui no Brasil, onde nos espancar e matar vai se tornando perigosamente banal; seja em alguns países árabes, onde mulher sequer pode dirigir um carro; seja na Índia, onde estupros coletivos e casamentos forçados ainda perduram; seja nos países desenvolvidos onde a violência doméstica fica restrita a quatro paredes; seja nos países em que casamentos com crianças, mutilação genital e sequestro de garotas pelo Boko Haram dão a este planeta, em pleno século XXI, uns ares de Idade Média. Esta luta, acredite-me, começa em nós mesmas. E o passo inicial se chama solidariedade perante a bofetada, o murro na cara, o nariz sangrando, a roupa empapada de sangue, o corpo estendido no chão. Coragem, portanto. 12 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Poetas em Destaque
De Edmonton - Canadá
1 1
3
2
Andreia Alfama
3 2
Mikayla Rosaria Fata
Could be
Woman
20 days and I don’t know what pace this is Could you ever take me.You could be my pearl king. I could be your diamond queen You could be my new desire. Friends on fire Hold me like you mean it.Take me away sun ray Show me what it takes.To play in the flames Melting like ice on a summer day Kiss me, take me all the way. I don’t want a facade. I don’t want a show. I just want to know. What’s going on, on that head of yours I could be the one who saves you from a long day Come, you know I’m fun to play You could be my live’s best part Just open the door the mind the heart I’ll be right there. Do more than care
If the act of gardening requires: water to nourish, flowers to grow, and weeds to be pulled Then the act of a woman should be; A river of self-love, that overflows Rooting herself deep within the soil of her soul To pull every word from her mouth, that says she can't, into she can
Nuno Alfama Every Other One, The One, No One Love? Love is like a married man stuck in a hurricane, It is like no other storm And yet there's another. Love is like your grandma that is haunting me, She does not hate me, she does not love me But... But you do. Love? Love is like your shadow that follows me, I feel it. I see it. I can't touch it I can't touch you. I can't see you I can't feel you. Another gale.Another gal Another woman falls into the hurricane.
Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 13
EM MENOS DE VINTE E QUATRO HORAS... POR PERCE POLEGATO
E
m menos de vinte e quatro horas, dois colegas, separadamente, disseram algo sobre eu acabar sozinho no futuro. “Desse jeito, você vai acabar sozinho”, uma colega normalmente muito agitada, dela eu recordo cada palavra, fácil. Eu não respondia. Não me importo de ficar sozinho. De ficar sempre sozinho. Ela não acreditaria, tenho certeza. Há algo em mim que não me faz sofrer com isso. Lembrei-me num relance do que lera certa vez sobre os guerreiros nórdicos: que eles eram audaciosos e não se importavam de sofrer. É claro que não sou audacioso – e não posso me comparar a nenhum desses bravos entusiasmados. Mas, também, não me importo de sofrer, esse é o ponto. A solidão não me faz, propriamente, sofrer. Caminho pelas ruas observando tudo, inalando o ar úmido da chuva mais recente, e sentindo o peso de meu corpo em movimento, constatando a brutalidade e a sutileza de estar vivo. Não, não sou audacioso, sei disso. Não tenho certos valores apreciados pela maioria. Mas não estou vencido. Tenho planos subversivos para mim mesmo. Ainda que tentasse evitar – o que nunca faço –, as ruas costumavam cercar-me de cenas avulsas, frases ouvidas por acaso, pessoas em movimento protagonizando os dias, todos os dias, antes que viessem outros, outros dias, outro tempo, outras gentes. Poucos dentre nós sabem que o dia é um globo que gira, um cilindro fechado, uma espada que cai, um dente que devora o que, de nossa parte, nunca mais será o mesmo. Descobrir o óbvio é sempre mais difícil. Eu assimilava a diversidade de tipos, suas roupas, cortes de cabelo, as religiões que os acalmavam, que os poupavam de desafiar o infinito e a razão da vida, as vozes e ruídos que produziam sob o sol, tão destoantes do silêncio onde o universo trama sua treva. Gente no meio da vida, a cada um seu passado, idioma e ideologia; a cada um seu futuro, o apodrecimento de tudo em que creem. Posso dizer mais, gosto de discorrer sobre isso. Mas considero muito inquietante e belo o que as palavras não dizem. Trecho do conto “Vina entre os morcegos” (do livro: A conspiração dos felizes” – Perce Polegato)
TROVAS EM HOMENAGEM À MULHER Não sou escrava, nem flor, nem outra coisa qualquer; nos teus braços, meu amor, sou simplesmente MULHER! Domitilla B. Beltrame/SP
Se houver luz no doce olhar da MULHER que se revela, ninguém vê ruga a enfeiar essa luz dos olhos dela. JB. Xavier/SP
Ele diz que é rei, que é dono, que mandar é seu mister... mas deixa feliz seu trono, por causa de uma MULHER! Marisol/Teresópolis
Toda MULHER com vaidade sempre escolhe o que fazer. Se tiver habilidade Vai a luta até vencer! Elisa Alderani/Rib.Preto
Tudo o que nasce da luz, venha de onde vier, ao feminismo conduz: Fotografia, és MULHER ! Antônio Tórtoro/Rib.Preto
Vá MULHER, lute com garra mas faça por merecer vê se arrebenta essa amarra você nasceu pra vencer.
14 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Helena Agostinho/Rib. Preto
Poetas em Destaque 1 1
2
Raquel Naveira
4
3 2
Bicho Esquisito
Fim de Tarde
Poeta é cão perdigueiro farejando tudo: até no lixo encontra cacos de estrelas. Poeta é inseto de antena, captando sons, imagens, mensagens telepáticas. Poeta vive procurando rastros, códigos cifrados, hieróglifos em rosetas. Poeta vive deixando trilhas, caindo em armadilhas, desvencilhando-se de teias. Poeta vive catando sinais, atento a gestos, a gosmas, a gemidos no vento. Poeta é bicho esquisito, meio cachorro, meio mosquito e com mania de perseguição.
4
Fernanda R. Mesquita
Marlene Cerviglieri Sinto sua aproximação com seu manto escuro todo salpicado pelas estrelas, junto ao clarão da lua! Noite amiga aproximando-se, trazendo uma calma serena, com o frescor do vento acariciando meu rosto. Quase num esforço, tento manter meus olhos abertos. Em minha mente o rodopio de pensamentos num giro silencioso e constante, leva-me a longas distâncias em busca das lembranças já dormentes e ancoradas. Neste embalo de paz profunda, meu corpo adormece, agradecido, embalado pelas ondas do mar, chegando a mim nos sonhos que ficam acalentados, onde tudo é azul e dourado Outono.
3
Adélia Maria Woellner
Um verso de Deus, é a poesia
Aceitação
É a poesia verso de um Deus pleno que pleno de amor abriu a sua mão e a soprou sobre a Terra, sopro sereno serenamente tornando-a afirmação.
Nem tanta poesia na alma, nem tanta realidade no olhar. Nem pouca coisa, eu sei, sonhava; nem tanta coisa na verdade, eu queria. Nem tudo que pretendia, realizei, mas muito do que idealizara, consegui. Nem sempre fui como gostaria de ser, mas fui muito mais do que podia esperar. Sou como sou. E gosto de mim. na prática da minha própria mensagem.
Afirmação do que existe e não existe igual a Ele, livre-arbítrio, amorosamente criando liberdade ao poeta, que ainda triste entende que ainda poetando tristemente é a poesia Os livros, livres espíritos poéticos são que pelo universo e ao universo se dão. São tempestuosos ou momentos acolhedores luas pacíficas desabrochando ao anoitecer incompreensíveis desassossegos madrugadores um turbilhão de sensações a acontecer é a poesia
Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 15
POEMA EM DESTAQUE
PARTILHA
POR
RICARDO JOSÉ DAIHA VIEIRA
Fique com os planos, o medo, o desengano, o desassossego. Guarde bem seus tesouros, que brilham como se fossem ouro. Fique com a fuga, as viagens, as imagens profanas, as futilidades com as quais você se engana. Apague seus rastros das noites insanas. Acredite nos astros e suas tramas. Fique com os presentes, os mimos, os pajens. Guarde-os bem em sua bagagem. Leve consigo a escusa idade, a falsidade, o dissimulado glamour, a efêmera vaidade. Abasteça-se da indiferença, dos falsos amigos, dos crédulos, das crenças e das promessas esquecidas e acomodadas. Das juras quebradas, das frases desfeitas. Prenda-as em seu coração petrificado. Fique com a fama, a gana, a grana e a bagana. Use-as como bem entender. Esconda bem seus anseios, seus receios, seus amores, seus seios. Guarde-os bem trancados dentro de você. Arranque do seu peito a ternura, a candura a maculada alma pura. Amargue bem a doçura e torne-se mais e mais dura. Para se resguardar, fique com tudo. Arrolhe tudo o mais que puder. É-lhe essencial, imprescindível, indivisível, inseparável.
16 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Deixo-lhe o meu amor eterno. No armário do coração, o terno, o cômodo da cômoda laqueada que, nas gavetas lacradas, guardam as intocadas lembranças, não resolvidas e nunca mais revolvidas. Deixe-me a paz, o fim dos sonhos e pesadelos. Deixe-me o sono das noites insones, a tranquilidade, o fim da saudade. Deixe-me serenos os pensamentos e, sem temor, os momentos sós. Deixo-lhe o lenço que lhe enxuga as lágrimas para que, se um dia chorar, as possa secar outra vez. Deixo-lhe, enfim, todas as bênçãos e orações, sem mágoas ou fingidos perdões. Só me deixe a esperança, a verdade, o puro sentimento dos bons momentos, das lembranças, sem alarde, que nem o tempo, nem a idade, não apagarão jamais.
SARAU DE LANÇAMENTO
43a. REVISTA PONTO & VÍRGULA FOTOS POR
NATAN FERRARO
Irene Coimbra
José Osvaldo Santana, Carolina Rodrigues Ferrari e Irene Coimbra
Eduardo Pereira, Irene Coimbra e Lucimara Carvalheiro
Sérgio Kodato, Sandra Valadão e Irene Coimbra
Márcia Nascimento, Adélia Ouêd, Irene, Coimbra, Terezinha Titon e Luiz Antônio Titon
Adriana Cyrino de Mello Risau, Irene Coimbra e Juan José Risau
Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 17
Alberto Gonçalves, Adriano Pelá, Irene Coimbra e Miguel Ângelo
Dra. Janete, Irene Coimbra e Dr. Luiz Pimenta
Osvaldo, Carolina, Adriana e Helena Agostinho
Sônia Elizabeti Lorenzato Sêneda, Irene Coimbra e César Fernando Sêneda
Convidados
Luzia Madalena Granato e Alceu Bigato
Adélia Ouêd, Sérgio Kodato, Perce Polegato, Marly Marchetti, Luzia Granatto, Marlene Cerviglieri, Maris Ester, Heloísa Alves, Helena Agostinho, Alciony Menegaz, Alceu Bigato, Alberto Gonçalves, Adriano Pelá e Miguel Ângelo
Osvaldo e Carolina dançam em comemoração
18 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019
Março/Abril 2019 Revista Ponto & Vírgula 19
E U D ES TA Q EM FO TO
Stonehenge , Reino Unido
Foto por Aline Olic
20 Revista Ponto & Vírgula Março/Abril 2019