O cãozinho de jesus

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Jesus teve um cãozinho Ele era vira-lata Mexia em todo canto Metia em tudo a pata De cão ele o chamava Como se chama a flor Nem pensava o menino Outro nome, senhor! Não queria o cãozinho Outro dono, outro amor Dormindo aconchegado Colado ao Salvador Se fariseu entrasse Franzia logo a testa Mas se criança fosse Fazia aquela festa Maria era sorriso José, um cafuné Ia assim noite e dia Mas, Jesus deu no pé Foi numa romaria - José, cadê o menino? Afligiu-se Maria Querendo seu destino


Ela pediu pro cão Farejar o seu cheiro Seguindo bem atento Encontrou o matreiro Jesus adolescente Boa desenvoltura Falava a qualquer um Sobre a Santa Escritura Lá na carpintaria Muito bom artesão Jesus criava o móvel Ao lado do seu cão Quando José morreu Jesus dizia a Deus: - Cuida, Pai, do meu pai Amor dos olhos meus Cresceu o nosso mestre Com justiça e bondade Com seu companheirinho Fazendo caridade Até que anunciou Pra sua mãe um dia Que Deus o convocava Que logo partiria


Foi-se embora o rapaz Mas não seguiu sozinho Tendo sempre do lado O seu fiel cãozinho Fazia o vira-lata Furdunço no Jordão Durante o batizado De Jesus por João Ouvia ele o sermão Milagre sempre tinha Cestas de pão e peixe Pescados sem ter linha O pão surgia assim Do nada levedava Na boca de Jesus No forno da palavra Não fosse o cão ali Perto daqueles peixes Acho que sobrariam Mais ou menos dez feixes... Latiu rumo a Zaqueu Pra poder ver o anão Lhe guiava pras casas Repletas de aflição


Lambeu a Magdala A quase apedrejada E aquela que no manto Tocou e foi curada Viu Lázaro de perto O quanto ele fedia Antes de ressurgir Da morte que o cobria Metade dos milagres Foi coisa do cachorro Reanimando os tristes Ou vindo em seu socorro Todo mundo sabia Que atrás daquele cão Logo vinha Jesus Seu olhar, sua mão No dia, então, da cruz Do lado de Maria Seguia ele Jesus Grunia e latia Até às três da tarde Que dó dava de ver Mordia aquela cruz Tentava até roer


Ao tirarem o corpo Mordeu ele o soldado Pisaram muito nele Sofreu ele um bocado - Que cão mais feio e sujo! Que cão mais horroroso! Se fosse do Messias Seria mais garboso! Qualquer um que passava Lhe chutava e cuspia Pois muito ele lembrava Aquele que morria Até mesmo os apóstolos Lhe deixaram de lado Pois quem o acolhesse Seria, então, culpado Ele levou três dias Até chegar na gruta Onde o corpo do Mestre Ficava em pedra bruta Deitado lá na porta Da cova de Jesus Viu se bulir a pedra E dela vir a luz


Vinha de dentro o Mestre Aos seus pĂŠs ele vai - Vem a mim, meu amigo Sobe, vamos ao Pai!

Fim


Palavras do Autor Um dia me veio a mente imagens da vida de Jesus, esse moço cujas façanhas ressignificam as histórias das pessoas desde há muito. Quis recontar grandes cenas do evangelho em uma forma que ficasse chamativa para meus filhos. Vi ao lado de Jesus um cachorrinho, como quase toda criança desejou ter. Os versos caiam em frente aos meus olhos, e eu os tomando no ar como quem estoura bolhas de sabão. Depois deste, vieram mais sete, e dois no prelo. O projeto ficou claro ser de dez poesias, associando um animal carismático com um personagem do evangelho. Meu desejo maior é que os meninos e meninas se tornem íntimos deste moço cuja amizade considero a salvação de cada Espírito. Outros trabalhos meus estão presentes neste blog, fique à vontade para visitar: Por uma filosofia espírita



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