Figura 1 – Difusão da epidemia de COVID-19 de abril a julho de 2020.
CIDADE PÓS-COVID Para outros processos históricos tão marcantes quanto, foram necessários anos de estudo e reflexão para apreender-se as principais contribuições e ensinamentos dessas situações. Como sabemos, este não é o caso, pois ainda vivemos sob os efeitos do vírus e o medo da doença. Contudo, é importante traçar o histórico do processo, ainda recente, buscando entender as diversas relações com as coisas, pessoas e espaço. Para tanto, inicialmente me apoiarei no capítulo “Epidemia de COVID-19, mapas à procura de fatores associados” de Hervé Théry na coletânea do livro “COVID-19: passado, presente e futuro”. Sabe-se que o vírus que surgiu na China percorreu primeiramente a Europa e posteriormente as Américas, estágio onde adentrou o Brasil. Nos mapas ao lado é possível acompanhar o percurso do coronavírus e o seu processo de contagiosidade pelo país. O que é importante notar nesses mapas é que à medida que o tempo avança, os círculos vermelhos aumentam em número e em raio, indicando o aumento no acúmulo total de casos; e as tonalidades em azul tornam-se mais escuras, indicando a relação de casos com a população de determinado estado, mais especificamente em direção a Amazônia. Ele acrescenta que, embora a região seja pouco povoada, a população está concentrada ao longo dos rios, que para aquele contexto são como nossas rodovias, isto é, os principais meios de transporte e por onde a população urbana se concentra, o que facilitou a rápida circulação da doença. (Théry, 2020) O autor segue analisando e relacionando mapas do avanço da COVID-19 com outros fatores socioeconômicos do país, como densidade em domicílios, razão de dependência familiar, saneamento inadequado, esperança de vida e população ativa sem renda. E pontua:
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“Analisando esses mapas, pode-se argumentar que a distribuição de casos (conhecidos) de COVID-19 é semelhante à de fatores como pobreza, más condições sanitárias associadas a ela, alta densidade de ocupação de moradias e seus equipamentos sanitários insuficientes, composição familiar com muitos dependentes (crianças, jovens e idosos) e baixo nível de escolaridade.” (THÉRY, 2020, p.109)
600 km
Fonte: Elaborada pelo autor (2020) com base em dados das Secretarias Estaduais de Saúde (MINISTÉRIO DAThéry SAÚDE, Software Cartes & Données ©Articque. FONTE: Elaborado por Henvé (2020)2020). com base nos dados das Secretarias Estaduais de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). Disponível em: http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/552
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