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Tipografia

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Caderno de campo

Caderno de campo

Capa do SPECIMEN de lançamento da Helvetica, desenhado por Hans Neuburg e Nelly Rdin. Imagem: Rietveld Academie

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tipografi a

A tipografi a usada no projeto é a Helvética, lançada em 1957, criada por Max Miedinger a pedido de Edouard Hoffmann, que desejava lançar no mercado uma família tipográfi ca não serifada. O desenho da Helvética traz uma revalorização da estética modernista que ganhava força no cenário Pós-Guerra. Os tipógrafos classifi cam a Helvética como fonte realista por ser concebida nos moldes da racionalidade projetual, distanciando-se das tipografi as humanistas e trazendo ao designer certa neutralidade estrutural e um

leque interessante de variações de peso.

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78 Wim Crouwel, designer e tipógrafo holandês, discorre sobre suas considerações à cerca da Helvética no documentário produzido por Gary Hutwit, cujo título é o mesmo da fonte. Crouwel comenta que:

“Foi um verdadeiro passo adiante com relação às tipografias do século 19. Ela era um pouco mais como se fosse feita por uma máquina, descartando detalhes manuais, o que nos deixava muito impressionados, porque era mais neutra. E ‘neutro’ era uma palavra de que gostávamos muito. [O design] não deveria ter um significado em si, o significado era dado pelo texto”. (NEXO JORNAL, 2017).

A neutralidade da Helvética caiu no gosto dos designers para o desenvolvimento de sistemas de sinalização, transporte e identidade de grandes corporações. Seu desenho é isento de marcas culturais, datação ou localização. A Helvética está presente sim na identidade de grandes marcas, porém é inegável sua relação com a cidade, seja através de sinalizações ou na identidade de comércios, anúncios informais, lambe-lambe e outros veículos de comunicação. A escolha da Helvética para compor o projeto gráfico dos zines se deu por sua forte presença no meio urbano, dado que dialoga com o recorte temático da pesquisa, a rua Aurora. A neutralidade do desenho estrutural da fonte, que não traz marcas para o discurso e nem o destina a um público específico, fez-me considerar a Helvética uma fonte polifônica por ter, justamente, a flexibilidade de comportar diferentes vozes nos projetos em que é usada. Além disso, promove equilíbrio na composição do layout dos zines, que possui dois eixos estruturais opostos, mas complementares. O eixo visual, formado por registros fotográficos de natureza subjetiva, e o eixo textual, construído por uma tipografia objetiva, cria um contraste em que ambos potencializam a mensagem a ser transmitida para cada eixo de forma singular.

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