Futebol Total #01

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EDIÇÃO 01

JUNHO e JULHO 2018

NO MUNDO DE GAZELA Sporting CP / campeonato de portugal / Campeonato do Mundo'18



#01 Junho/JULHO2018

A Primeira revista Futebol Total foi criada por apaixonados pelo desporto-rei, sem qualquer remuneração. Um grupo pequeno, mas corajoso, aventurou-se numa jornada de trazer, de forma gratuita e para todos, várias histórias e momentos do futebol atual e passado.

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Nesta primeira edição, começamos desde Portugal até ao Mundo. Apresentamos as duas maiores competições nacionais: a Liga NOS e a Taça de Portugal. A Segunda Liga era demasiado pequena para as ilhas e contamos quem e como subiram Nacional e Santa Clara. O Campeonato de Portugal foi decifrado, naquele que é, provavelmente, a competição mais complicada de todo o país. Apenas dois subiram e um sagrou-se campeão em pleno Estádio do Jamor. Há também espaço para mostrar alguns dos treinadores e jogadores que mais se revelaram esta temporada, contra as expetativas, sem nos esquecermos dos júniores do SL Benfica, que se sagraram campeões. Mas o futebol não existe só cá “dentro” e o Manchester City encantou o Mundo enquanto batia todos os recordes imagináveis da Premier League. Viajamos até à Segunda Divisão Holandesa e Italiana onde, o Fortuna Sittard foi guiado em bom português à subida de divisão e o Parma retomou aos grandes palcos que tanto nos habituaram. E sem sair do país holandês, espreitamos ainda o Ajax, clube do mítico Johan Cruijff, impulsionador do chamado Futebol Total, que inspirou o nome desta revista. Entre Cruijff e despedidas, fazemos homenagem a quem marcou uma era num clube e no futebol e a jogos e golos que dificilmente iremos esquecer. E, com golos, chega também o Campeonato do Mundial, na Rússia, onde poderá entender o que aconteceu na Fase de Grupos e o que ainda está por chegar, na fase a eliminar. Brindamos os nossos leitores com uma entrevista a Jorge Santos, também conhecido por Gazela, e a sua fantástica história marcada por diversos altos e baixos e o constante reerguer. Esperamos que esta seja uma edição memorável mas não única e que disfrutem tanto desta aventura como nós. André Nogueira Criador da revista Futebol Total

Ficha Técnica Diretor Geral André Nogueira Paginação André Nogueira Tiago Nogueira Redação André Nogueira Sérgio Velhote Revisão Raquel Santos Contacto aonogueira16@gmail.com Créditos CD Nacional Chicago Tribune Estoril Fortuna Sittard Getty Images Global Imagens Globo Esporte Jorge Marques Photography Lusa Luso Golo MaisFutebol Manchester Evening News Observador PA Sport Público SL Benfica Sul Informação


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14

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Especial FC Porto Campeão

Belenenses nas Mãos de Silas

Especial Taça de Portugal

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16

28

Tondela de Pepa

Liga das Revelações

Júniores: Futuro Garantido


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44 Especial Mundial 2018

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64

74

Campe천es Segunda Liga

Entrevista Gazela

O Adeus das Lendas

Especial Ajax

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58

72

Campeonato de Portugal

Especial Campe천es

Hist처rias com Hist처ria



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FC Porto

Deixem passar o Campeão! Sérgio Conceição chegou e, com os recursos disponíveis, criou um FC Porto quase imbatível. Quatro anos depois, os azuis e brancos voltaram a festejar na maior competição nacional, com antigos “patinhos feios” a serem determinantes para as contas finais.


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Sérgio Velhote sta temporada, assistiu-se a um dragão adormecido a acordar, assistiu-se à fúria do Norte a voltar, assistiu-se a uma nação inteira a festejar. O FC Porto conquistou a Liga NOS, depois de liderar a tabela classificativa em 31 das 34 jornadas disputadas. Depois de quatro anos sem vencer, os dragões trouxeram o troféu à cidade invicta, criando uma Avenida dos Aliados (novamente) pintada de azul e branco. E se esta retrospetiva engloba a temporada completa, nada melhor do que começar pelo início: Nuno Espírito Santo saiu do comando técnico para viver um desafio diferente em Inglaterra, onde, juntamente com o médio da formação Rúben Neves, conquistou a Segunda Divisão Inglesa ao serviço do Wolverhampton. Para o seu lugar chegou Sérgio Conceição, outro homem da casa, mas com uma abordagem diferente. A mística tinha voltado. No seu primeiro momento como treinador do FC Porto, percebeu-se no olhar e nas palavras esses sinais de mudança: “Não venho para aqui aprender, venho para aqui ensinar. Nas equipas que eu treinei, tentei sempre potenciar ao máximo os plantéis para conseguir sempre os três pontos. Os portistas vão estar felizes em maio”. Adivinho ou não, o que é certo é que com Sérgio Conceição ao leme, os dragões foram navegando pelo campeonato, com pontos atrás de pontos e com muitos, muitos golos. A vitória com o Estoril por 4-0 marcou o início da viagem (quase) perfeita pelo mar que era o campeonato

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português. Capitaneada pelo mexicano Héctor Herrera, algo que, inicialmente, até criou uma certa confusão ao próprio treinador, o barco azul e branco nunca virou e, apesar de um ligeiro desvio já perto do final, o caminho foi sempre feito em primeiro lugar. Numa temporada onde o FC Porto não tinha muitas possibilidades financeiras para trazer novos jogadores, o regresso dos emprestados tomaram a posição de reforços. Ricardo Pereira, Sérgio Oliveira e a dupla Aboubakar-Moussa Marega tiveram um papel importantíssimo no 4-4-2 de Sérgio Conceição, que conseguiu potenciar uma avalanche ofensiva não vista há algum tempo na Cidade Invicta. Ataques rápidos, alas pelo meio e laterais ofensivos. O FC Porto criou muito perigo na grande área adversária, qualquer que fosse o adversário. No entanto, não se pode desvalorizar o trabalho defensivo dos jogadores, como Felipe, Iván Marcano e os guardiões José Sá e Iker Casillas, que seguraram os dragões do início ao fim do campeonato. Muitos não acreditavam no começo, depois dos poucos reforços e de um plantel curto. Contudo, o FC Porto que se manteve na liderança desde a primeira jornada, foi mostrando o seu futebol de ataque, sem dar possibilidades de respirar aos adversários, tamanha era a pressão que a primeira linha aplicava. O primeiro Clássico foi no Estádio de Alvalade XXI, onde o FC Porto foi ligeiramente melhor, mas acabou sem golos. A confiança trazida por Sérgio Conceição para o


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balneário impulsionou os dragões, feridos durante quatro duras temporadas, que agora se sentiam em plena forma. O SL Benfica visitou o Estádio do Dragão e saiu feliz com outro empate a zero. O sabor doce de pontuar para os encarnados foi azedo para os azuis e brancos, que tiveram diversas oportunidades para marcar. Moussa Marega, que vinha a ser a figura ofensiva dos portistas, foi quem mais desperdiçou. No entanto, aqui se viu a mudança de mentalidade. Muitos anos sem vencer trouxe uma massa associativa impaciente, que elogiava quando tinha de elogiar, mas que criticava ao mínimo deslize. Este ano, isso não aconteceu. O mar azul, como foi chamado, esteve sempre atrás da equipa. Foram sempre o 12.º jogador, como se costuma dizer. Sempre com uma multidão atrás, o plantel foi cumprindo e mudou de ano na frente da classificação. Nesta caminhada, o FC Porto também passou aos oitavos de final, sendo o único clube português a chegar a esta fase da competição nesta temporada. O desaire com os ingleses do Liverpool, em casa, manchou a imagem deixada pelos portistas, que se redimiram no Estádio de Anfield, com um empate a zero, num jogo com baixo ritmo de uma eliminatória já decidida. Esta goleada sofrida frente aos ingleses marcou o fim do reinado de José Sá na baliza dos dragões, que tinha ganho a totalidade a San Iker. O espanhol voltou ao onze e às grandes exibições, mantendo a calma e a capacidade de liderança que fez dele

campeão europeu e mundial pela seleção espanhola. A segunda metade da temporada já tinha começado e o FC Porto continuava na liderança. Numa temporada em que só perdeu pontos em seis jogos (quatro empates e duas derrotas), um Clássico voltava ao Estádio do Dragão, agora com o Sporting CP. Um dos capitães e dos membros mais influentes no que toca a defender, Iván Marcano, deu o exemplo e colocou os dragões na liderança. Já na segunda parte, e depois dos leões terem empatado pelo jovem Rafael Leão, Yacine Brahimi colocou o ponto final no marcador, numa partida em que Iker Casillas esteve em destaque, salvando um golo muito perto do final. Mas como todas as equipas, a fase menos boa chegou. As derrotas com o Paços de Ferreira e com o Belenenses, na 27.ª e 29.ª jornada, respetivamente, colocavam o FC Porto em segundo lugar, atrás do SL Benfica. As esperanças encarnadas em chegar ao pentacampeonato voltaram a nascer e os dragões ainda tinham de visitar o Estádio da Luz. 15 de abril chegava e com as águias no topo. A fortaleza encarnada encheu para o grande jogo da temporada. O discurso de Sérgio Conceição ao intervalo mudou a atitude azul e branca, que tinha entrado apática para os primeiros 45 minutos. Yacine Brahimi avisou, mas o herói seria alguém que viveu uma época repleta de críticas nos anos anteriores: Héctor Herrera. A “bomba” do meio da rua beijou as redes, para delírio dos muitos adeptos


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portistas que presenciaram ao vivo e para os muitos mais a verem pela televisão. FC Porto alcançava, novamente, o topo e nunca mais voltaria a escorregar. A festa chegou três semanas depois, na consequência do empate entre os dois grandes de Lisboa. Uma vitória merecida de quem realmente foi melhor. Contra os adversários diretos, o FC Porto nunca perdeu. E por isso, mereceu dar essa alegria aos adeptos azuis e brancos. No Estádio do Dragão e, na semana a seguir, na Avenida dos Aliados, o sentimento foi de alegria, por um dragão que esteve adormecido durante quatro anos. Acordou, olhou e venceu, através de uma mística por muitos esquecida, que voltou a arder nos olhos de um Sérgio Conceição, e que agora arde nos olhos dos 30 campeões. Uma temporada tão fantástica, onde os 88 pontos finais igualaram o recorde do SL Benfica de Rui Vitória, na temporada de 2015/16, não teria sido possível sem alguns destaques, muitos dos quais que pareciam irrealistas em setembro. Começamos com Moussa Marega. De indesejado a herói, o internacional maliano foi a surpresa da época azul e branco. A ausência de técnica foi muito bem compensada pela força e capacidade atlética do internacional maliano, que criou inúmeras oportunidades de golo, para ele e para os seus colegas de equipa. No total, foram 22 golos (terceiro melhor marcador da Liga NOS) em 29 jogos, num ano em que também esteve parado devido a lesão. Por outro lado, sinal mais para Sérgio Oliveira. Renasceu das cinzas, depois de um longo período no banco. Sérgio Oliveira não cedeu à pressão depois de ter de render Danilo Pereira no onze de Sérgio Conceição, que se lesionou com gravidade, falhando, inclusive, o Campeonato do Mundo, na Rússia. Membro da casa, o médio adotou o espírito de equipa ganhador e conquistou os corações dos adeptos do FC Porto. Com a sua rapidez na decisão e qualidade de passe, o centrocampista mostrou que poderá ser uma das opções para fazer doer a cabeça a Fernando Santos no futuro. Destacando-se pela estabilidade, Alex Telles, mesmo com aquilo que fez na época passada, conseguiu ser ainda melhor. O lateral esquerdo foi o jogador que mais assistiu na Liga NOS, mas não foi só em termos ofensivos que se destacou. Sempre ativo sem bola, o jogador ajudou os azuis e brancos a tornarem-se na melhor defesa do campeonato, com apensas 18 golos sofridos, e a garantir que a fortaleza azul e branca nunca deixaria ficar mal o mar que os rodeou toda a temporada.


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O Tondela De Pepa André Nogueira Tondela viveu dias mais tranquilos durante esta temporada, sob o comando técnico de Pepa, o mesmo que tinha conseguido salvar os beirões na última jornada da temporada de 2016/17. Os auriverdes alcançaram a melhor posição de sempre na Liga NOS (11.º classificado), além do maior número de pontos (38), de vitórias (10), de golos marcados (41), golos sofridos (50) e o menor de derrotas (16). No meio de todas estas recordações, a melhor de todas será, certamente, a vitória no Estádio da Luz, frente ao SL Benfica, por 2-3, apenas uma semana depois de garantida a permanência frente ao Desportivo das Aves (3-0). O técnico Pepa, de 37 anos, foi o grande obreiro da revolução sentida no futebol de uma equipa que viu entrar muitas caras novas no começo da temporada, com entradas importantes de jogadores como o experiente Ricardo Costa (ex-Luzern), Joãozinho (ex-Kortrijk), Tomané (ex-Arouca) ou Tyler Boyd (emprestado pelo

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Vitória SC). Em janeiro, juntaram-se Jorge Fernandes (emprestado pelo FC Porto) e Juan Delgado (emprestado pelo Nàstic) a um plantel onde já iam brilhando jogadores com Cláudio Ramos, Pedro Nuno ou Miguel Cardoso. O futebol do Tondela tinha um certo encanto. Num 4-5-1, Tomané servia de principal referência ofensiva, servido pela velocidade e capacidade de drible de Tyler Boyd e Miguel Cardoso, claramente já preparado para novos voos. É importante não esquecer Murilo Freitas. O brasileiro, de 22 anos, estava a ser um dos jogadores em destaque até sofrer uma nova lesão na vitória (2-0) frente ao Desportivo de Chaves, a 4 de março, que o afastou do resto da temporada. Num acompanhamento mais próximo ao ponta de lança, Pedro Nuno era o criativo dos tondelenses, com uma visão de jogo e capacidade de passe de qualidade, a mesma que já tinha demonstrado ao serviço da Académica, o que levou o SL Benfica a recrutá-lo.


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A completar o meio campo, Claude Gonçalves e Bruno Monteiro mantiveram a regularidade da temporada passada, com o Monteiro a melhorar o rendimento desta temporada, em comparação com Hélder Tavares, apesar dos vários minutos acumulados pelos três elementos. Na defesa, formou-se um verdadeiro muro amarelo e verde que levou muitas pessoas a pediram a presença de Cláudio Ramos no Mundial da Rússia. Também Ricardo Costa e Jorge Fernandes eram pedidos por vários jornalistas e comentadores, mas num número consideravelmente menor. David Bruno e Joãozinho, com passagens por FC Porto e Sporting CP respetivamente, foram apostas seguras de Pepa. Importa ainda referir a saída de Yordan Osorio para o FC Porto, em janeiro. O internacional venezuelano ganhou notoriedade na Liga NOS e, após uma temporada e meia com as cores dos auriverdes, chamou a atenção de Sérgio Conceição, que o recrutou para alinhar em apenas 72 minutos na segunda volta, na derrota frente ao Belenenses (2-0), mas recebendo a medalha de campeão. Com passagens pela Sanjoanense, Feirense e Moreirense, os beirões já chegaram a acordo com Pepa para se manter no comando técnico na próxima temporada. Ainda assim, 2017/18 dificilmente sairá da mente dos adeptos do clube.


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Nas mãos de Silas André Nogueira o começo da temporada da Liga NOS 2017/18, seria muito difícil de imaginar que o Belenenses voltasse a sofrer tantos altos e baixos, tal como já tinha acontecido na temporada anterior. A formação do Restelo nunca mais conseguiu regressar aos tempos de “glória” de 2014/15 onde, principalmente, orientados por Lito Vidigal e, mais tarde, por Jorge Simão, terminaram na sexta posição, apurando-se para a Liga Europa. Porém, o momento inicial dos azuis era dececionante,

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precisando de mudanças rápidas e drásticas. Jorge Silas, ou simplesmente Silas, é uma figura conhecida do futebol português, com destaque para as passagens como jogador do Restelo ou Leiria, mas, após terminar a carreira como atleta do Cova da Piedade, entregou-se ao curso de treinador. Com o Belenenses como 11.º classificado, Domingos Paciência perdeu o cargo, sendo substituído por Silas que, após um bom arranque, não conseguiu fazer


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melhor, mas trouxe outra imagem ao futebol nacional. Com um incomum 3-5-3, o Belenenses utilizou uma tática que tem sido trazida de volta, principalmente em países como a Inglaterra, em clubes como o Arsenal ou Chelsea, ou onde fez sucesso na Juventus de Barzagli, Bonucci e Chiellini. Neste trio defensivo apareceu aquele que foi uma das revelações da equipa esta temporada: Nuno Tomás. Depois de três temporadas emprestado (Eléctrico, Sintrense e Real), o central apresentou-se em grande forma e com uma veia goleadora em evolução, acompanhado de um seguro Gonçalo Silva e de Robert Ahman-Persson ou Vincent Sasso. Atrás estava a baliza (muito) bem guardada por Muriel Becker ou André Moreira, que chegou a Belém por empréstimo do Atlético de Madrid, depois de uma inglória passagem pelo SC Braga, não sem antes quase ter vestido as cores do SL Benfica. Com o meio-campo a variar entre a magia de André Sousa e a qualidade defensiva de Marko Bakic ou de Yebda, Florent Hanin fez uma boa época numa posição que lhe deveria ser nova. No lado direito, o papel foi inicialmente dado a André Geraldes, sendo substituído mais tarde por Diogo Viana, que melhorou as transições ofensivas em várias combinações com o extremo do corredor. Com a saída de Miguel Rosa para o Cova da Piedade, janeiro brindou os adeptos com dois regressos ao nosso

país: Nathan e Licá. Ambos trouxeram mais qualidade ofensiva ao plantel mas o brasileiro, que apontou apenas dois golos, conseguiu ser decisivo no empate frente ao SL Benfica (1-1) e na vitória frente ao FC Porto (2-0). Aliás, contra os chamados “três grandes”, Silas conseguiu arrancar quatro pontos e marcar seis golos. Números que demonstram este acréscimo da qualidade atacante. Convém ainda não esquecer do melhor marcador da equipa, Maurides, e do regressado Fredy (ex-Excelsior). O brasileiro realizou o melhor registo da sua carreira, enquanto o angolano apresentou estabilidade, garantindo a sua presença regular no onze inicial, mesmo com a mudança de treinador. Na verdade, Silas não conseguiu fazer melhor do que Domingos Paciência em termos de resultados, mas apresentou um futebol mais atractivo que brindou os adeptos com golos, quase sempre. Aliás, um pouco como já fazia nos tempos em que representou o clube enquanto jogador, desde a temporada de 2005/06 até 2008/09, contabilizando a presença numa final da Taça de Portugal e uma presença na extinta Taça UEFA.

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Liga Nos 2017/18

liga das revelaçþes


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Renan (Estoril) André Nogueira om o Estoril despromovido à Segunda Liga, Renan Ribeiro é uma das caras que deverá abandonar os canarinhos na próxima temporada, chamando a atenção de vários clubes, onde o SL Benfica se destaca como o clube que realiza a observação mais aproximada para a contratação do guarda-redes. Apenas chegou a Portugal em janeiro, proveniente do São Paulo, mas agarrou a titularidade com a mesma facilidade com que agarrava os remates adversários. Reconhecido, principalmente, pela sua velocidade de reflexo e elasticidade, foi ele quem alimentou as esperanças da equipa da Linha até ao final da temporada, mas o empate sem golos com o Feirense não foi suficiente para realizar uma possível epopeia. O guarda-redes já demonstrava grande qualidade em solo brasileiro e a mesma não se alterou com a mudança de país. Visivelmente preparado para subir mais um patamar, o brasileiro, de 28 anos, não deverá

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acompanhar os estorilistas na descida e esperamos que também não abandone o nosso país tão cedo.


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Paulinho (SC Braga) André Nogueira único desta lista que parece não estar no radar do SL Benfica, foi não só uma das revelações do SC Braga, mas de todo o campeonato, estando inserido no lote de pré-convocados de Fernando Santos para o Mundial 2018, falhando a convocatória final devido à forte concorrência de André Silva e... Cristiano Ronaldo. Recrutado ao Gil Vicente, realizou uma temporada de sonho na estreia no principal campeonato. Depois de ser o segundo melhor marcador da Segunda Liga na temporada passada (19 golos), juntou ao currículo o facto de ter sido o melhor marcador português na Liga NOS 2017/18, com 13 golos. Apesar dos vários recordes da equipa de Abel Ferreira, nas quais coleccionaram goleadas atrás de goleadas, Paulinho, de 25 anos, junto a Ricardo Horta, Wilson Eduardo ou Fábio Martins, fez parte de um dos melhores ataques 100% português das últimas temporadas. Depois de uma época em que se revelou como um dos melhores avançados do campeonato,

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2018/19 promete ser o ano das certezas, já com os olhos postos na Seleção Nacional A, onde procura alcançar a sua primeira internacionalização.


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Joel Tagueu (Marítimo) André Nogueira mprestado pelo Cruzeiro em janeiro, o camaronês foi uma das maiores revelações dos maritimistas neste campeonato, apesar de só ter alinhado em 15 jogos esta temporada. Com nove golos, não precisou de muito tempo para se tornar o melhor marcador dos insulares na Liga NOS, levando o clube a procurar a sua contratação em definitivo, porém, sem sucesso, aparentemente. Com um custo de um milhão de euros, apesar de fora do alcance financeiro do Marítimo, a sua veia goleadora não pode fugir à nossa Liga. Os verde-rubros falharam a qualificação para a Liga Europa, mas Joel é um dos jogadores que merece essa oportunidade de disputar as competições europeias com clubes como o SL Benfica interessados na sua contratação. Com um remate fácil e um cabeceamento preciso, o esquerdino, de 24 anos, conta já com passagens por clubes como o Botafogo, Avaí ou Santos, sempre

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por empréstimo do Cruzeiro, clube não se conseguiu afirmar no ano de 2015, não obtendo outra oportunidade, apesar dos seus três golos.


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Alfa Semedo (Moreirense) André Nogueira

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fácil olhar para Alfa Semedo e entender porque é que o SL Benfica está interessado na recompra do passe do médio defensivo do Moreirense, que acabou a temporada a atuar como central. Como os encarnados, também vários clubes europeus procuram recolher informações sobre o seu passe, mas os cónegos não parecem querer vender o atleta por baixo custo, uma vez que partilham metade do passe com o SL Benfica. O luso-guineense tem também rejeitado pedidos da Seleção da Guiné-Bissau pois mantém o sonho de representar Portugal, esperando uma presença na seleção de sub-21, num futuro próximo. Com dois golos marcados em 28 jogos da Liga NOS, destaca-se pelo poderio físico e pela velocidade que coloca no jogo, tendo sido um dos pilares defensivos da formação comandada por Petit, que garantiu a permanência na última jornada, no Estádio da Luz. Não deverá fazer parte da formação dos

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cónegos mas foi, a par de Tozé, um dos melhores jogadores da equipa na temporada.


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aves voou para a história

André Nogueira

e a semana que antecedeu a final da Taça de Portugal foi de pesadelo para o Sporting CP, o Desportivo das Aves continuou a sua semana em festa. No dia 20 de maio, perante cerca 35 mil adeptos, Alexandre Guedes, jogador formado nos leões, bisou na partida (16’ e 72’). O tento de Fredy Montero (85’) não foi suficiente para o Sporting CP levar a partida para prolongamento, repetindo o feito de 2015 onde, com a equipa a perder 2-0 frente ao SC Braga e reduzia a dez elementos, Islam Slimani e Fredy Montero empataram a partida que os leões acabariam por vencer nas grandes penalidades. A verdade é que a história nem sempre se repete e a primeira vitória do Desportivo das Aves sobre o Sporting CP esta temporada foi também a mais saborosa. Curiosamente, nos jogos da Liga, dois jogadores estiveram em destaque: Gelson Martins e Bas Dost. O português bisou na vitória (0-2) na jornada inaugural e o gigante holandês assinou um hat-trick na vitória (3-0) da segunda volta. Ambos estiveram em evidência, pela negativa, na final da Taça de Portugal. Depois de ver negados dois golos por Quim, na primeira parte, o internacional português perdeu a bola que criou

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o lance do segundo golo avense. Já o holandês teve nos pés o golo que colocaria o Sporting CP de regresso à partida mas, na recarga a uma defesa do veterano Quim, e com apenas a baliza pela frente, o internacional holandês disparou à trave, na oportunidade mais clamorosa. O Sporting CP já não sofria dois golos na competição desde a 3.ª eliminatória, na vitória (2-4) frente ao ARC Oleiros. A formação do Desportivo das Aves repetiu o resultado que garantiu a passagem para a final, nas Caldas (1-2). De dispensado a herói Alexandre Guedes foi eleito o Melhor Jogador do Jogo após a conquista da Taça de Portugal. O avançado português, de 24 anos, fez os dois golos que deram o inédito título ao Desportivo das Aves frente ao Sporting CP... o clube que o formou e dispensou. Depois de vários anos na Academia de Alcochete, onde foi campeão de júniores e iniciados, viu a sua importância no onze titular reduzida na subida à equipa B. Com apenas três jogos realizados, Guedes abandonou o clube onde chegou em 2007 e rumou ao Reus, da Espanha, jogando uma temporada e meia.


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Em 2015, assinou pelo Desportivo das Aves, então na Segunda Liga. Com 27 golos em duas temporadas (13 deles na última), celebrou com a equipa da Vila das Aves a subida à Liga NOS, como 2.º classificado, atrás do Portimonense. Com apenas três golos esta temporada, garantiu a permanência e alinhou de início na final da Taça de Portugal, competição onde nunca tinha marcado. A primeira vez estava reservada para o encontro frente ao Sporting CP... e em dose dupla! No final, Guedes foi mais feliz que os ex-companheiros Daniel Podence, Gelson Martins e João Palhinha. Liga Europa não é uma realidade Apesar da vitória na Taça de Portugal, o Desportivo das Aves não efetuou a inscrição na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o passo essencial para obter o licenciamento que permite participar nas competições da UEFA. Apesar do presidente avense, Luiz Andrade, ter garantido que o licensiamento foi efetuado, tal não se veio a confirmar. Rodrigo, no final do jogo frente ao Sporting CP, falou sobre o facto do clube avense participar na Liga Europa. “Agora tem a Liga Europa...só vai cair a ficha daqui a uma semana”, declarou o brasileiro, antes de ser conhecida a informação.


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LEÕES caem sem glória André Nogueira


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em o ex-presidente Bruno de Carvalho presente no Estádio do Jamor, o Sporting CP chegava desmoralizado depois de várias conferências, comunicados e reuniões que se foram acentuando conforme os dias iam passando. Sem treinar desde terça-feira, os jogadores realizaram apenas o treino já no estádio, sem efetuarem o estágio de preparação em conjunto. O clima de festa vivia-se apenas entre os adeptos e, principalmente, antes da bola começar a rolar. Já os jogadores, sentiam-se “mentalmente afetados”, segundo afirmou Jorge Jesus no final da partida. “Foi uma semana muito complicada, parecia um filme de terror”, começou por explicar o antigo técnico. “Quero agradecer aos meus jogadores por ainda terem tido alguma capacidade para fazer este jogo. O que conta é como a equipa estava em termos emocionais. Isso fez com que a equipa não tivesse jogado como sabe fazer”, declarou Jorge Jesus, na conferência de imprensa após da derrota na final da Taça de Portugal, a terceira em quatro presenças. O desalento nas faces dos jogadores foi o ponto de destaque do lado leonino, enquanto o Aves levantou a taça num estádio já praticamente vazio devido à saída dos adeptos do Sporting CP. Depois da derrota na Madeira, frente ao Marítimo (2-1), que custou a 2.ª classificação na Liga NOS, perdida para o eterno rival, o Benfica, o grupo orientado por Jorge Jesus não conseguiu esconder o mau momento vivido dentro e fora das quatro linhas. Com este derrota, o Sporting CP perde também a possiblidade de disputar a Supertaça na próxima temporada, contra o campeão em título, o FC Porto.

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A Liga Europa segura Os adeptos leoninos sairam do Estádio do Jamor

convictos que o Sporting ainda teria de disputar uma eliminatória para garantir a presença na fase de grupos da Liga Europa, mas tal foi “desmentido” no dia seguinte. Com a falta de licenciamento da formação do Desportivo das Aves, o Sporting CP garantiu a presença na fase de grupos através da classificação na Liga NOS. Ainda assim, o objetivo secundário da qualificação para a Liga dos Campeões, uma vez que ser campeão era o principal objetivo definido no começo da temporada, não foi cumprido. O trabalho do treinador, Jorge Jesus, foi, mais uma vez, colocado em causa. Ronaldo do lado dos jogadores Entrevistado pela RTP antes da final da Liga dos Campeões, o atual Melhor Jogador do Mundo, Cristiano Ronaldo, mostrou-se atento às notícias do seu clube de formação, apoiando os jogadores e o ex-treinador durante um momento mais delicado. “É uma situação aborrecida. Tenho de ficar do lado dos jogadores e do treinador porque sou da mesma profissão. Só tenho a dizer que estarei sempre do lado dos jogadores e do treinador”, declarou o avançado do Real Madrid. O adeus Face à semana vivida em Alvalade, vários foram os jogadores a terem realizado o jogo de despedida com a camisola do Sporting CP. Rui Patrício, já transferido para o Wolverhampton, Bruno Fernandes, Gelson Martins, William Carvalho, Rúben Ribeiro, Daniel Podence, Rafael Leão e Bas Dost rescindiram contrato, enquanto Fábio Coentrão regressou ao Real Madrid, após um período de empréstimo. No dia 23 de junho, em Assembleia Geral, Bruno de Carvalho foi também destituído de presidente, abandonando o clube por vontade dos adeptos.


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Futuro Assegurado André Nogueira om um plantel bastante jovem, o SL Benfica B segurou a permanência na Segunda Liga e provou como é que uma equipa tão nova pode jogar tão bem, em escalões mais adiantados. Porém, chegada a fase final do play-off campeão, alguns nomes regressaram ao escalão de formação para ajudar na luta pela conquista de um título que foge desde a temporada de 2012/13, numa equipa que contava com nomes como Gonçalo Guedes, Bernardo Silva, João Cancelo, Bruno Varela, Lindelof, Fábio Cardoso, Rochinha, Hélder Costa ou Romário Baldé. Já este ano, os encarnados depositam as suas esperanças num futuro risonho com um jogador em particular: João Félix. Aos 18 anos, cumpriu 19 jogos ao serviço da equipa B, marcando 6 golos e valendo-lhe uma convocatória para o plantel principal, na última jornada da Liga NOS, frente ao Moreirense. Entretanto, pelos júniores, apresentou registos incríveis. Com 15 golos em apenas 11 jogos, o português foi o melhor marcador da competição, com

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larga vantagem para o segundo classificado, João Mário, do FC Porto, marcou (apenas) 7 golos. Proveniente da formação do FC Porto, na temporada de 2015/16, é já uma escolha habitual de Rui Jorge para a seleção sub-21. Orientados por João Tralhão que, em março, recebeu o prémio de Treinador de Formação do Ano atribuído na Gala Quinas de Ouro da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o Benfica perdeu apenas um encontro (0-1 vs Braga), somando nove vitórias e quatro empates, 27 golos marcados e 11 sofridos. O jogo do título foi alcançado com duas jornadas por realizar. No Seixal, frente ao Leixões, o SL Benfica venceu por 3-1, com golos de Miguel Nóbrega, João Félix e Úmaro Embaló. Vasco Almeida ainda conseguiu reduzir para o emblema de Matosinhos, feito que foi insuficiente para mais que uma derrota. O futuro parece assegurado numa equipa que conta ainda com algumas figuras como Gedson Fernandes, Florentino Luís, Úmaro Embaló, João Filipe, José Gomes, Tiago Dantas ou Gonçalo Loureiro.


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Das ilhas para a primeira O Nacional e o Santa Clara estão de volta à Liga NOS depois de garantirem a subida esta temporada. Os madeirenses foram campeões e regressaram após um ano na Segunda Liga. Os açorianos já não participavam no principal escalão do futebol português desde a temporada de 2002/2003, porém, a sua presença ainda não é certa...


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Bailinho da Madeira André Nogueira passagem do CD Nacional pela Segunda Liga foi breve. Despromovidos na temporada passada, Costinha conseguiu levar os madeirenses ao título e regressar aos palcos a que estão habituados. “Sinto uma felicidade enorme, depois da descida de divisão na época passada e de termos concretizado o sonho de voltar à I Liga logo na época seguinte”, declarava Rui Alves, presidente do CD Nacional.

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A subida foi consumada graças a uma inspiração surpreendente de Ricardo Gomes. O avançado cabo-verdiano apontou 22 golos em 36 jogos e tornou-se o melhor marcador da Segunda Liga - uma temporada claramente melhor que em 2016/17, onde não marcou qualquer golo. Outro destaque terá de ir para a baliza. Daniel Guimarães, de 31 anos, chegou à Madeira proveniente do Red Bull Brasil, falhando apenas os últimos dois jogos da temporada, com a subida praticamente garantida. É importante não deixar de fora Murilo. O extremo, de 23 anos, esteve emprestado pelo Barra (Brasil), mas não deverá ficar no clube, com o SC Braga entre os maiores interessados na sua contratação. Com 13 golos e 7 assistências no campeonato, usava a sua capacidade física e drible para desiquilibrar as defesas adversárias. Foi a primeira vez que o CD Nacional venceu a Segunda Liga em nove tentativas e irá agora realizar a sua 19.ª participação na Liga NOS.


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ponto alto Acoriano i

André Nogueira uando o Santa Clara subir de divisão, nós, a equipa técnica, todos os jogadores, vamos ao Pico subir a montanha com a bandeira dos Açores e a bandeira do Santa Clara”, informava Rui Melo Cordeiro, presidente da SAD do clube, em conferência de imprensa na ilha de São Miguel, em Ponta Delgada. A promessa foi cumprida. O Santa Clara foi promovida e a equipa subiu até ao ponto mais alto do Pico, numa jornada que durou, aproximadamente, oito horas a ser efetuada. A estreia do Santa Clara no principal escalão ocorreu em 1999/2000. Comandados por Manuel Fernandes, antiga lenda do Sporting CP, a equipa não foi além da 18.ª posição, sendo último classificado. A formação açoriana registou, ainda, mais duas presenças na Primeira Liga, a última em 2002/03. O melhor desempenho ocorreu em 2001/02, quando conquistaram uma honrosa 14.ª classificação. Esta temporada, orientados por Carlos Pinho, que não acompanhará o Santa Clara na subida, a equipa alcançou

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a subida perto do final, fruto dos maus resultados finais da Académica e de um ataque inspirado, graças a Clemente, Fernando Andrade e Thiago Santana. O avançado açoriano, de 34 anos, é o melhor marcador da história do clube nos campeonatos profissionais, merecendo um voto de louvor, aprovado pela Câmara Municipal de Lagoa.


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Farense e CD Mafra sobem à Segunda Liga André Nogueira arense e CD Mafra reservaram o seu lugar para a Segunda Liga 2018/19 ao vencerem os respetivos jogos nas meias-finais da fase final do Campeonato de Portugal. A última participação de ambos os clubes no segundo escalão foi há duas temporadas. Em igualdade pontual (54 pontos), não resistiram à despromoção, ficando somente a um ponto de SL Benfica B e Leixões, que seguraram a permanência. Com um tarefa mais tranquila depois da vitória por 3-0 na primeira volta, o Farense empatou com o Vilafranquense (1-1) e festejou no terreno adversário. Tais festejos deram origem a uma invasão de campo de uma centena de adeptos, travada com carga policial e sprays de pimenta da Polícia de Segurança Pública

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(PSP). Essa ação gerou fortes manifestações por parte de adeptos, jogadores e equipa técnica que, num dia de festa, repudiaram tal ato. “É normal que os adeptos se sintam com vontade de se extravazar e festejar com alegria. Não me parece que tenha havido confronto com os adeptos do Vilafranquense. Durante o jogo, havia respeito entre as duas partes. Depois as coisas descontrolaram-se... houve jogadores que levaram com o spray”, explicou Rui Duarte, treinador da formação visitante, em flash-interview no final da partida. Com o mesmo resultado, o CD Mafra também festejou em pleno Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria. Depois do empate em casa (0-0), Hugo Ventosa empatou o jogo fora de portas, no seguimento de um golo de João Vieira, na recarga a


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um penalti defendido por João Godinho. O percurso do Farense Foi sem dificuldades que o Farense venceu a Série E. Com apenas três empates e uma derrota em 30 jogos, o emblema de Faro terminou a temporada com mais 13 pontos que o segundo classificado, o Oriental. Já na fase final, a equipa deixou para trás o FC Felgueiras 1932 (3-2 e 0-1), antes de eliminar o Vilafranquense (3-0 e 1-1). Não é fácil escolher um elemento determinante numa equipa que fez uma temporada quase perfeita mas, entre várias possibilidades, decidimos escolher o guarda-redes Hugo Marques. O internacional angolano, de 32 anos, relançou a sua carreira depois de ter chegado desde o Sporting da Covilhã, no começo da temporada. Formado no FC Porto, conta ainda com passagens com clubes como o Gil Vicente ou o Kabuscorp e 1º de Agosto, de Angola. Destaque ainda para o avançado goleador Fábio Gomes e o veterano Neca, que deverá terminar carreira depois da final. O percurso do CD Mafra Com uma temporada mais complicada, o CD Mafra foi mais forte que o Vilafranquense, segundo classificado, por apenas seis pontos, após seis empates, três derrotas e vinte e uma vitórias. Na fase final derrotaram o Vilaverdense (2-1 e 4-2) e a União de Leiria (0-0 e 1-1).

O maior destaque da época vai para o avançado Bruninho. Aos 29 anos, o antigo homem de clubes como Penafiel e Vitória FC, apontou 20 golos em 34 jogos. O campeão Apesar de garantidas as subidas, ficava ainda a faltar conhecer o campeão. No dia 10 de junho, domingo, às 17h00, o Estádio do Jamor foi o palco do jogo que determinou o vencedor do Campeonato de Portugal 2017/18, competição que já foi ganha pelo CD Mafra em 2014/15 (1-1, 3-4 g.p. vs Famalicão). Para encontrar registo semelhante do Farense, será necessário recuar mais algumas temporadas, mais propriamente a 1982/83. Numa liguilha entre os campeões das três séries (Norte, Centro e Sul), o Farense foi mais forte que Penafiel e Águeda. Nesse tempo, cada vitória valia apenas dois pontos. Mas não foi preciso recuar muito. O Mafra venceu 2-1, contando com uma reviravolta no segundo tempo. Depois de Fábio Gomes colocar os algarvios em vantagem, a segunda parte viu Rodrigues entrar e ser decisivo no encontro. Empatou o jogo e cometeu grande penalidade, prontamente defendida pelo guarda-redes. Seria preciso esperar até aos 90’+4’, após livre por Mauro, Juary carimbou a reviravolta e segurou a festa dos homens de Luís Freire, que estará no banco do Estoril na próxima temporada.


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no mundo de GAZELA


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Jorge Santos

“aS PESSOAS QUISERAM-ME TORNAR NA PIOR COISA DO MUNDO”


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oi de forma entretida e emocional que Jorge Santos esteve à conversa com o Futebol Total, contando-nos histórias de vários momentos da sua carreira. É conhecido no mundo do futebol como Gazela, alcunha que acabou por ficar, ao contrário de outras como “Bale de Alvalade” e “Hulk do Padroense”. Nasceu em Miragaia, no Porto. Com 10 anos descobriu o seu talento para o desporto-rei utilizando a camisola axadrezada do Boavista. Bastou um ano para que chamasse à atenção do FC Porto, onde passou mais duas temporadas, até mudar para o clube onde passou grande parte da carreira e se formou como jogador: o Padroense. Três épocas de alto nível enquanto sénior levaramno ao Sporting CP, na transferência mais inesperada da temporada de 2014/15. Mas a sua passagem por Alvalade foi curta e cedo se mudou para o Salgueiros. Entretanto, após uma temporada ao serviço do Gondomar, transferiu-se para o Benfica de Castelo Branco, onde foi um dos destaques da Série C do Campeonato de Portugal. “Penso que esta época serviu para me afirmar novamente, porque me permitiu ter bons minutos e um papel importante na equipa, fazendo uns bons números, boas exibições e, sobretudo, tive novamente a sensação de me sentir útil e de ser feliz quando entrava em campo”, começou por nos confessar, antes de se virar a quem o criticou após a passagem pelo clube leonino: “Esta época também serviu de resposta, a chamada

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«chapada de luva branca», para toda a gente que duvidou de toda a minha qualidade. Começaram a divulgar coisas muito más depois da minha saída do Sporting CP... o que também pode ter sido algo muito bom. As pessoas quiseram-me tornar na pior coisa do mundo, mas como quem anda no futebol sabe, criticar qualquer um critica, mas são essas pessoas que, um dia, nos vão aplaudir de pé”. Benfica de Castelo Branco Presente na Série C do Campeonato de Portugal, a temporada do Benfica de Castelo Branco terminou mais cedo depois da 3.ª posição, que deixou o clube fora do play-off. Um fim precoce mas não uma época falhada, segundo o jogador. “Se no início da temporada nos tivessem dito que, no final, íamos acabar a lutar para ir à fase de subida, nós assinávamos por baixo. Isto porque os nossos objetivos não eram esses. Os lugares que os adeptos nos esperavam ver não eram esses mas, com o decorrer da temporada, começamos a afinar a máquina e conseguimos chegar mesmo à 1.ª posição isolados. A partir daí, embora o objetivo fosse o mesmo, olhávamos sempre jogo a jogo e, no final das partidas, era menos um rumo a um feito, que podia ter sido bastante engraçado”. Esse foi, aliás, o momento chave para o declive que o clube encontrou e que mudou a paisagem da segunda volta do campeonato. A equipa jogava bem e estava a ter bons resultados, mas tudo mudo com o virar do


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ano. Segundo Jorge Santos, são fáceis de enumerar todos os desafios que apareceram no caminho durante o percurso final: “Os problemas começaram entre os meses de janeiro e fevereiro. Tivemos algumas lesões de jogadores importantes, os castigos por quinto amarelo também apareceram quase todos na mesma altura, juntando a saída de vários jogadores no mesmo período, o que não ajudou. Tudo isso fez com que a nossa segunda volta fosse totalmente diferente da primeira. Perdemos pontos com equipas que estavam a lutar para descer. Na minha opinião, o jogo chave foi a derrota contra o Lusitano FCV (1-2). Com esse resultado, passaram à nossa frente na tabela classificativa e nós nunca mais encontramos argumentos para dar a volta”. O Lusitano FCV acabou mesmo como 2.º classificado, apenas atrás do União de Leiria. Por ordem do acaso, os dois emblemas encontraram-se na fase final do Campeonato de Portugal, com a formação de Leiria a vencer as duas partidas (3-1 e 0-1), seguindo em frente. O União de Leiria, a quatro jornadas do final da temporada, recebeu o Benfica de Castelo Branco. A tarde no Estádio Dr. Magalhães Pessoa adivinhava-se complicada para a formação visitante e, após um golo de João Vieira, ao minuto 72, a dar vantagem à formação da casa, Gazela, num só toque, utiliza o pé esquerdo para colocar a bola no canto oposto da baliza de Mika, colocando o resultado final de 1-1. Um golo que o jogador não considera o melhor da sua carreira, apesar da divulgação que teve direito a nível nacional. “Foi, sem dúvida, um bom golo, mas não considero o melhor golo da minha carreira. Tenho melhores (risos). Posso dizer que foi o melhor desta temporada, isso sem dúvida”. Esse foi apenas o primeiro dos três empates que se seguiram, afastando o Benfica de Castelo Branco do sonho do play-off. Ainda assim, sublinha que a temporada foi cumprida com sucesso, segundo os objetivos definidos inicialmente. “O objetivo inicial era fazer um campeonato tranquilo. Sabíamos que era um modelo de campeonato onde iam descer muitas equipas (seis). É um número elevado de equipas e ninguém está a salvo, por isso, penso que, depois de uns primeiros meses um pouco complicados, talvez por ser um plantel novo, onde quase ninguém se conhecia, fizemos uma grande época. Aliás, foi talvez dos melhores balneários que tive até hoje. Foi muito cruel para nós não conseguirmos ir à fase de subida. Sentimos que podíamos ter chegado lá. Também gostaríamos de ter dado essa alegria a toda aquelas pessoas que nos acompanharam desde início da temporada e que nunca nos faltaram com nada... merecíamos um pouco mais”. Tal alegria não é fácil de se tornar realidade. Das 81 equipas divididas por entre cinco séries, apenas oito avançaram para a fase final. Por outro lado, 30 clubes viram a porta da descida aberta, seis por cada série. Trata-se de um campeonato cuja organização é, cada vez mais, criticada, mas nem por isso consegue ser considerado o campeonato mais complicado do país por parte de Jorge Santos: “Todos os campeonatos são complicados. Acho que, no que toca a futebol, nada

Esta época também serviu de resposta, a chamada «chapada de luva branca», para toda a gente que duvidou de toda a minha qualidade.Começaram a divulgar coisas muito más depois da minha saída do Sporting CP... é fácil e temos exemplos disso: equipas que investem muito numa temporada, através da construção de um vasto plantel que chegue ao seu campeonato, ganhe a maioria dos jogos e suba de divisão. O que é acontece é que, por vezes, até descem de divisão”. Porém, deixa o aviso a quem gere os clubes e federações do futebol nacional. Para o extremo do Benfica de Castelo Branco, o campeonato não tem tido a atenção que merece. “Toda a gente conhece o atual modelo do Campeonato de Portugal. É um campeonato que teve 80 equipas na ultima temporada. Tantos jogadores com imensa qualidade que fazem deste campeonato super equilibrado, seja em que série for. Aqui ninguém dá nada por vencido, luta-se até ao ultimo minuto e penso que deviam olhar para este campeonato de outra maneira. Como é possível existir tanto valor e as pessoas não darem o mínimo de destaque ou apoio a um campeonato tão importante como este? Dá que pensar...” E era entre a qualidade do campeonato, das equipas e dos jogadores que nos começamos a debruçar mais sobre o futuro. À medida que cada vez mais jogadores começam a abandonar o Campeonato de Portugal pelos campeonatos profissionais, também nós quisemos saber mais sobre por onde passará a sua carreira. “O futuro está em aberto... É verdade que fiz uma boa época no Benfica Castelo Branco mas não sei onde vou jogar para na próxima temporada, ainda é uma incógnita. Tenho recebido alguns contactos mas nada certo. Estou tranquilo, não tenho qualquer tipo de pressão. De certeza que irei tomar a melhor decisão para a minha carreira porque aprendi coisas que agora me podem ajudar a escolher o melhor para mim”. Na altura, os contactos com a Sanjoanense ainda não estavam numa fase tão adiantada. O Passado Inesquecível Com a cabeça segura e “tranquila” no presente, nunca foi capaz de esconder um passado que tanto teve de saboroso como de traumatizante, onde a passagem


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pelo Sporting CP se mostra como a grande razão dessa variação. “Não acredito que a mudança para o Sporting CP tenha sido um salto demasiado grande porque, quando me adaptei ao conjunto de fatores que um jogador tem que se adaptar sempre que dá o salto, como sair da sua cidade pela primeira vez, sentia que já jogava com eles desde sempre. Quando se está num meio que tem qualidade, tudo é mais fácil e foi isso que aconteceu. Sentia-me bem, aprendi muito no tempo em que lá estive, fiz grandes amizades mas, infelizmente, não deu certo. No meio de toda a «sorte», talvez tenha tido um pouco de «azar». Mas não vejo essa passagem pela negativa, muito pelo contrário. Foi até bastante positiva e fez de mim um jogador muito melhor em alguns aspectos”. Entre altos e baixos, apenas alguns jogadores conseguem dar a volta, algo que Jorge Santos considera também ter conseguido, a seu tempo, mesmo sem ter recebido oportunidades para o ter provado mais cedo. “No início até acabei por ser opção, joguei logo o primeiro jogo em Faro. As coisas até correram bem para mim mas, depois na troca de treinador [Francisco Barão substituído por João de Deus], sinto que podia ter tido oportunidades que não me foram concebidas... mas são opções técnicas e, em relação a isso, a única coisa que podíamos fazer era trabalhar, trabalhar e trabalhar, só assim poderiam aparecer oportunidades para me mostrar. Enfim, a vida não acabou ali. Tenho um exemplo de um jogador que esteve comigo nessa época que não fez um único minuto nessa temporada. Este ano, estava a jogar na Primeira Liga. O futebol dá muitas voltas e eu acredito que quem trabalha acaba sempre por ser valorizado”, esclarecia, numa referência a Wilson Manafá, jogador que atua no Portimonense.

O futuro está em aberto... Fiz uma boa época no Benfica Castelo Branco mas não sei onde vou jogar para na próxima temporada, ainda é uma incógnita Embora a carreira só tenha passado por território nacional, a mesma podia ter sido bastante diferente caso se tivesse realizado uma tranferência para um clube estrangeiro. “Cheguei a ter propostas de países como Inglaterra e Alemanha. Os projetos eram apetecíveis mas, por uma coisa ou por outra, nunca se chegaram a concretizar. Cheguei a ter contacto com os clubes, vieram a Portugal para negociar comigo e depois acabou por não acontecer. Nunca irá deixar de ser hipótese, gostava

de conhecer outro tipo de realidades, outros métodos, outras culturas de futebol. Quem sabe se não aparece algo que me motive e me leve a deixar Portugal?” No estrangeiro ou em Portugal, nunca teve dúvidas de que se adaptou e que continua a conseguir adaptar-se rapidamente às várias etapas da sua carreira, muito devido a experiências passadas. “Felizmente, nunca precisei de muito tempo para me adaptar a um clube. Nos sítios por onde passei, sempre gostei dos meus colegas e da cidade onde estava, nunca tive problemas com nada. Talvez a ida para Lisboa também me tenha ajudado a ter outro tipo de bagagem que não tinha até lá porque jogar longe de casa, para mim, sempre foi um problema. É engraçado que cheguei a ser chamado pela Académica e a minha ideia era «Se ficar cá, consigo ir e vir [para o Porto] todos os dias?» (risos). Era essa a minha maneira de ver as coisas mas, quando teve mesmo que ser, fui. E ainda bem! Hoje em dia, acho que me consigo adaptar a qualquer lado ou a qualquer clube, o que acaba por ser um ponto positivo”. Mas, se o Sporting CP foi um passado que teve de avançar, o Salgueiros parece nunca ter saído da sua mente, demonstrando-se dececionado pela descida do histórico clube do Norte aos campeonatos distritais. “É um clube que toda a gente sabe que adorei estar, em certa parte. Estive uma temporada e meia lá e conheci o verdadeiro Salgueirismo. As pessoas que me acompanhavam quando lá jogava continuam a acompanhar a minha carreira, seja onde for. Ainda durante esta temporada, por vezes, colocava uma foto para anunciar o meu jogo desse fim de semana e recebia imensas mensagens de adeptos do Salgueiros a desejarem-me boa sorte, e isso fica connosco. Custa-me ver o que aconteceu ao Salgueiros este ano, mas de certeza que vão dar a volta por cima e irão regressar ainda mais fortes como nos têm habituado”. Caldas SC e a Taça de Portugal Com a campanha memóravel realizada pelo clube das Caldas da Rainha, sente que o Campeonato de Portugal não estava a ser representado, mas apresentado. “O Caldas SC fez um excelente percurso na Taça da Portugal, esta temporada. De certeza que muita gente não conhecia o Caldas SC antes disso. No futuro, toda a gente se vai lembrar do que o Caldas fez na Taça. Não vejo isso dessa forma [a representar o Campeonato de Portugal]. Vejo sim que, o Caldas SC, este ano, mostrou o que algumas equipas ja tinham mostrado antes: a diferença da nossa divisão para a Segunda Liga, ou até mesmo para a Primeira Liga, não é assim tanta. Talvez o percurso do Caldas SC tenha vindo retirar esse tipo de dúvidas. Espero que este feito faça com que as pessoas comecem a dar o real valor que este campeonato merece, porque existe muita qualidade a ser desperdiçada aqui. O tema do jogador português ser desvalorizado cá de ano para ano é assunto em todo lado. Embora já existam equipas a apostar mais no que é nosso, será que se essas equipas aumentarem,


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Flash Interview

o Varzim. Estavam a mais neste campeonato e a prova disso é que, hoje em dia, olhamos para essas equipas e continuam nos campeonatos profissionais... e ainda bem!

Qual foi o jogador mais complicado que já defrontaste? Isso é difícil de escolher, já joguei e treinei com tantos jogadores que definir um não é fácil... mas vou dizer o Hugo Moreira, quando estive no Salgueiros. Talvez dos jogadores que mais dores de cabeça me deu até hoje porque nunca chegava passar por ele uma vez. Ele arranjava sempre maneira de voltar a aparecer à minha frente outra vez... Era impressionante, acho que nunca vi nada assim! (risos) Gosto muito dele, não só como jogador mas também como pessoa. Penso que é daqueles casos que falei há pouco: tem um potencial

Quem foi o melhor jogador com que jogaste? Esta não tenho mesmo hipótese (risos), vocês não tem perguntas fáceis? Quando passei no Sporting joguei com jogadores que, de certeza, que irão ser o futuro da nossa seleção: Francisco Geraldes, Daniel Podence, Domingos Duarte, Gelson Martins, Ricardo Esgaio, Iuri Medeiros, ..., e não vou continuar para não estar a dizer o plantel todo. Mas já tive jogadores noutras equipas com muita qualidade também: Hugo Moreira no Salgueiros, Diogo Costa no Benfica Castelo Branco, Bruninho no Padroense,

enorme... por que é que nunca teve uma oportunidade?

Digas no Salgueiros, João Amaral no Padroense ou Tiago Graça no Gondomar. Existem excelente jogadores em todas as equipas... Ganhem um tempo e vejam que qualidade não falta, seja em que equipa for.

os campeonatos conseguem crescer ainda mais?”

E a equipa mais difícil? Isso também não é nada fácil, todos os anos aparecem equipas muito boas. Talvez o Varzim da temporada de 2014/15 e o Chaves da temporada de 2012/13. Ambas subiram de divisão nessas temporadas. Tinham um grande plantel e jogavam muito bem, principalmente

Portugal e o Mundial 2018 A Seleção Nacional, comandada por Fernando Santos, já realiza os primeiros treinos de preparação para o Campeonato do Mundo 2018, a ser realizado na Rússia,


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mas faltou uma escolha “indispensável” na convocatória. “Não sou muito de prognósticos, não gosto muito de dizer que temos equipa para isto ou para aquilo... Prefiro dizer que temos muito bons jogadores. Os 23 escolhidos que irão representar Portugal talvez sejam os melhores 23 jogadores portugueses na atualidade, mas continuo a achar que o mister Fernando Santos me podia ter chamado... (risos)” Sem prognósticos quanto até onde poderá chegar a Seleção Nacional, o extremo, de 25 anos, recorda o feito de 2016, quando Portugal venceu a França (1-0) e se sagrou campeão da Europa pela primeira vez na história e como o país se uniu para festejar. “Somos Campeões da Europa, por isso, provamos que podemos disputar todos os jogos, seja com que seleção for. Vamos acreditar que somos melhores e quem sabe se, daqui a uns meses, não estamos a festejar o que talvez ninguém esperava festejar há uns anos atrás...”

Existem excelente jogadores em todas as equipas... Ganhem um tempo e vejam que qualidade não falta, seja em que equipa for Novo destino Pouco tempo depois de realizada a entrevista, Jorge Santos foi apresentado como reforço da Sanjoanense para a próxima temporada. A Revista Futebol Total deixa votos de maior sucesso para o atleta.


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O Sonho português André Nogueira

steve em contagem decrescente o início do Campeonato do Mundo 2018, a ser realizado na Rússia, de 14 de junho a 15 de julho. Os campeões da Europa, estiveram inseridos no Grupo B, onde defrontaram a Espanha (15 de junho, às 19h), Marrocos (20 de junho, às 13h) e o Irão (25 de junho, às 19h). Dos 35 pré-convocados pelo selecionador Fernando Santos, Antunes (Getafe), João Cancelo (Inter), Luís Neto (Fenerbahçe), Nélson Semedo (Barcelona), Rolando (Marselha), André Gomes (Barcelona), Rúben Neves (Wolverhampton), Sérgio Oliveira (FC Porto), Éder (Lokomotiv), Nani (Lazio), Paulinho (SC Braga) e Rony Lopes (Mónaco) não entraram nas contas finais. Éder, que tinha sido o herói na final do Europeu de 2016, não conseguiu entrar nos 23 convocados, apesar da sua importância no título do Lokomotiv na Liga Russa. “O patinho feio tinha que vir de algum sítio. Em março ninguém pedia o Éder. Faço as escolhas de acordo com aquilo penso, com a estratégia e modelo”, esclareceu o selecionador quando questionado

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sobre a ausência do avançado português. Fernando Santos lembrou ainda a convocatória para o Europeu 2016, onde Éder foi opção em detrimento de André Silva. “Nessa altura, o André Silva faz dois golos na final da Taça e fui alvo de muitas críticas. No aspeto humano, tenho imensa pena de não convocar todos aqueles que estiveram comigo no Europeu. Não podia esquecer os que lá estiveram como aqueles que nos ajudaram a chegar ao Europeu. Tenho que fazer escolhas, neste momento foram outras”. Portugal, 4.º classificado do Ranking da FIFA, vai procurar fazer melhor do que no Campeonato do Mundo de 1966. Nesse ano, os lusos, guiados por Eusébio, alcançaram a 3.ª posição. Mais recentemente, em 2006, Portugal perdeu o encontro com os anfitriões, a Alemanha, e terminou como 4.º classificado. A Seleção das Quinas nunca conseguiu chegar à final do maior torneio de seleções de futebol. Depois de ultrapassar, com muito esforço a Fase de Grupos, Portugal enfrentará o Uruguai nos oitavos-de-final, vencedores do grupo A, sem derrotas.


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Os 23 convocados

Anthony Lopes

Beto

Rui Patrício

Cédric Soares

Ricardo Pereira

Pepe

José Fonte

Bruno Alves

Rúben Dias

Raphael Guerreiro

Mário Rui

William Carvalho

João Moutinho

João Mário

Manuel Fernandes

Adrien Silva

Bruno Fernandes

Bernardo Silva

André Silva

Gonçalo Guedes

Gelson Martins

Ricardo Quaresma

Cristiano Ronaldo


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FASE DE GRUPOS

eSPANHA


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Grupo A

Grupo B

Rússia Arábia Saudita Egipto Uruguai

Grupo C

Portugal Espanha Marrocos Irão

Grupo D

França Austrália Peru Dinamarca

Argentina Islândia Croácia Nigéria

Grupo e

Grupo f

Grupo g

Grupo h

Brasil Suiça Costa Rica Sérvia

Alemanha México Suécia Coreia do Sul

Bélgica Panama Tunisia Inglaterra

Polónia Senegal Colômbia Japão

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Grupo A MO SALAH DECEPCIONOU, RÚSSIA sURPREENDEU ATÉ AO ÚLTIMO JOGO Grupo A

URUGUAI RÚSSIA ARÁBIA SAUDITA EGITO

RÚSSIA 5-0 ARÁBIA SAUDITA EGITO 0-1 URUGUAI

RÚSSIA 3-1 EGITO URUGUAI 1-0 ARÁBIA SAUDITA

URUGUAI 3-0 RÚSSIA ARÁBIA SAUDITA 2-1 EGITO


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Grupo B dRAMA ATÉ AO ÚLTIMO SEGUNDO SORRIU PARA O LADO IBÉRICO Grupo B espanha Portugal Irão Marrocos

Marrocos 0-1 Irão Portugal 3-3 Espanha

Portugal 1-0 Marrocos Irão 0-1 EspanhA

Irão 1-1 Portugal Espanha 2-2 Marrocos


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Grupo C pERU BRILHOU MAS A PONTUAÇÃO acenou à fRANÇA E à dINAMARCA Grupo C

FRANÇA dinamarca Peru Austrália

frança 2-1 Austrália peru 0-1 dinamarca

frança 1-0 peru dinamarca 1-1 austrália

dinamarca 0-0 frança austrália 0-2 peru


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Grupo D AVANÇAR “rOJOS” DE VERGONHA ATRÁS DO XADREZ CROATA Grupo d croácia argentina nigéria islândia

argentina 1-1 islândia croácia 2-0 nigéria

argentina 0-3 croácia nigéria 2-0 islândia

nigéria 1-2 argentina islândia 1-2 croácia


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Grupo E sAMBA DEMOROU MAS APARECEU A TEMPO COMO NUM RELÓGIO SUIÇO Grupo e brasil suíça sérvia costa rica

costa rica 0-1 sérvia brasil 1-1 suíça

brasil 2-0 costa rica sérvia 1-2 suíça

sérvia 0-2 brasil suíça 2-2 costa rica


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Grupo F O FUTEBOL SÃO onze contra onze E, NO FIM, FICA A ALEMANHA Grupo f

suécia méxico coreia do sul alemanha

alemanha 0-1 méxico suécia 1-0 coreia do sul

alemanha 2-1 suécia coreia do sul 1-2 méxico

coreia do sul 2-0 alemanha méxico 0-3 suécia


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Grupo G pANAMÁ CELEBROU O GOLO E OBSERVOU O PASSEIO DA bÉLGICA E DA iNGLATERRA Grupo g

bélgica inglaterra Tunísia panamá

bélgica 3-0 panamá tunísia 1-2 inglaterra

bélgica 5-2 tunísia inglaterra 6-1 panamá

inglaterra 0-1 bélgica panamá 1-2 tunísia


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Grupo H sENEGAL PAROU NO AMARELO, Colômbia aproveitou ultrapassagem Grupo h colômbia japão senegal polónia

polónia 1-2 senegal colômbia 1-2 japão

japão 2-2 senegal polónia 0-3 colômbia

japão 0-1 polónia senegal 0-1 colõmbia


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#01 Junho/JULHO2018

Ninguém pára este manchester City!


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oS INÉDITOS 100 PONTOS André Nogueira

pós 37 jornadas e mais de 3300 minutos, o Manchester City, já campeão, teve de fazer horas extra para conquistar o objetivo final: os 100 pontos. Na deslocação ao terreno do Southampton, que garantia a permanência com as cinco derrotas consecutivas do Swansea de Carlos Carvalhal, Gabriel Jesus encontrou espaço e, num toque de classe, fez a bola passar por cima do guarda-redes Alex McCarthy e encontrar o fundo da baliza adversária. O brasileiro tirou a camisola, Guardiola correu para o fundo da linha e as bancadas levantaram-se. Corria o minuto 94 e o Manchester City provava o quanto a equipa evoluiu após dois anos sob o comando técnico do génio espanhol. Numa mistura entre jovens e atletas mais veteranos, a inexperiência nunca esteve em causa. Bernardo Silva (23 anos) já tinha provado todo o seu valor no Mónaco. O mesmo acontecia com Stones (23 anos), no Everton, ou Leroy Sané (22 anos) no Schalke. Um plantel recheado de estrelas que contava com Ederson, Kompany, Danilo, Kyle Walker, Fernandinho, Gündogan, David Silva, Kevin De Bruyne, Sergio Agüero, Raheem Sterling ou Gabriel Jesus.

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Além deste onze, contava ainda com alternativas como Otamendi, Bernardo Silva ou Gabriel Jesus, jogadores com vários minutos acumulados

Maior número de pontos numa edição da Premier League (100), maior diferença para o segundo classificado (19), maior número de pontos como visitante (50), maior número de golos marcados (106), maior diferença de golos (79), maior número de vitórias (32), maior número de vitórias na condição de visitante (16), maior número de vitórias consecutivas (18), campeão mais precoce, em igualdade com o Manchester United de 2000/2001 (33.ª jornada). Com as derrotas frente ao Liverpool (4-3) e Manchester United (3-2), o Manchester City de Pep Guardiola só não conseguiu igual Arsène Wenger no aspeto da invencibilidade, de forma a igualar o Arsenal de 2003/2004, que somou “apenas” 90 pontos. A época de sonho também viveu os seus momentos mais negativos, na qual se destaca a eliminação precoce na FA Cup ante o Wigan (1-0), clube do terceiro escalão. Depois da vitória por 5-0, na 4.ª jornada, perante um irreconhecível Liverpool, os citizens nunca mais foram capazes de vencer a equipa de Jürgen Klopp. Em três partidas, o mesmo número de derrotas. A primeira foi também a primeira derrota da formação de Pep


#01 Junho/JULHO2018 Guardiola na Liga, as outras duas, com a derrota frente ao rival Manchester United pelo meio, que adiou a festa do título, ditaram a eliminação da Liga dos Campeões, com um agregado de 5-1. Por outro lado, além da Premier League, a equipa festejou também a conquista da EFL Cup, nome da Taça da Liga Inglesa, despachando o Arsenal com a goleada de 3-0, onde Agüero, Kompany e David Silva marcaram, num jogo em que até Phil Foden jogou. O jovem de 17 anos foi reconhecido por Guardiola como um dos maiores talentos que já viu jogar. Além de campeões na Liga Inglesa, o Manchester

City também se tornou campeão do clube que mais jogadores cedeu para o Campeonato do Mundo da Rússia: 16 jogadores (Ederson, Vincent Kompany, Fabian Delph, Danilo, Nicolás Otamendi, Benjamin Mendy, Kyle Walker, John Stones, Fernandinho, David Silva, Ílkay Gündogan, Kevin De Bruyne, Bernardo Silva, Gabriel Jesus, Sergio Agüero e Raheem Sterling). A maior questão estará agora em compreender como é que Pep Guardiola conseguirá melhorar os feitos de este ano ou se algum dia alguma equipa conseguirá superiorizar-se ao Manchester City da temporada de 2017/18.


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histórico Parma não se cansou de subir André Nogueira

ão há duas sem três. Costuma-se dizer e o Parma decidiu colocar o provérbio à prova. Há quatro anos anos, o histórico clube italiano declarou bancarrota e foi refundado sob o nome de S.S.D. Parma Calcio 1913. Inseridos na Série D, o equivalente à 4.ª divisão italiana, celebraram este ano a terceira subida de divisão consecutiva e estarão de “regresso” à elite já na próxima temporada. Tal feito não poderia ser alcançado sem um pouco da magia do futebol. Com o Parma a vencer 2-0 o Spezia, a equipa dependia de um deslize do Frosinone para ascender à 2.ª posição. Decorria já o minuto 89 quando o Foggia marcou o segundo golo e igualou a partida frente ao Frosinone (2-2), tornando o sonho do Parma real. Apesar das duas Taças UEFA, uma Supertaça Europeia, uma Taça das Taças, uma supertaça e três taças italianas, o Parma nunca conseguiu ser campeão, apesar de jogadores como Sérgio Conceição, Fernando Couto, Gianluigi Buffon, Taffarel, Fabio Cannavaro, Lilian Thuram, Carlo Ancelotti, Hristo Stoichkov, Adriano ou Gianfranco Zola já terem vestido a camisola do clube. Se grandes atletas passaram pelo clube, há um que não o abandonou: Alessandro Lucarelli.

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Aos 40 anos, o defesa central cumpriu a décima temporada consecutiva pelos Giallo Blu, alcunha pela qual a equipa do norte de Itália é conhecida. “Fiz uma promessa de levar o Parma até à Série A e cumpri”, afirmou o veterano italiano após o apito final, sem esconder a alegria através das lágrimas que lhe escorriam pelo rosto. “Não pode ser real, é impossível. Ninguém podia imaginar um final como este, nem nos sonhos”. O central presenciou duas realidades dentro de campo através do que sentia vindo das bancadas. “Os outros estavam a celebrar e, de repente, ouvimos um enorme estrondo vindo das bancadas. Inicialmente, nem entendi o que tinha acontecido.” Tinha sido golo e o Parma juntava-se ao Empoli, campeão, na subida à Série A. O veterano italiano decidiu abandonar o futebol no final desta temporada, saindo pela porta grande do clube. O capitão que tinha afirmado aceitar “morrer para depois renascer” com o clube, retirou-se na semana seguinte, com a cabeça levantada e sensação de dever cumprido. Frosinone, Palermo, Venezia, Bari, Cittadella e Perugia disputaram o play-off de promoção. Numa final muito bem disputada, o Frosinone bateu o Palermo, por 2-0, e segurou a subida.


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Fortuna Sittard e a arte de escrever ‘campeões’ em holandês André Nogueira

Segunda Divisão Holandesa, conhecida por Jupiler League Eerste Divisie, não é uma competição muito reconhecida, mas foi o lugar ideal para vários portugueses revitalizarem a sua carreira. No caso do extremo André Vidigal, as suas prestações valeram-lhe ainda uma chamada inédita aos sub-21 nacionais, orientados por Rui Jorge. Segundos classificados na tabela classificativa, garantiram a subida ao primeiro escalão, a famosa Eredivisie, apesar do sucesso do Ajax B, que foi campeão, mas não pode disputar o mesmo campeonato que a equipa principal. Por esse motivo, o Fortuna Sittard teve entrada direta num campeonato que já não disputa desde 2001/2002, onde foram últimos classificados. Treinados pelo português Cláudio Braga, a equipa conta ainda com o guarda-redes Miguel Santos, o lateral-esquerdo Mica Pinto e os extremos André Vidigal e Lisandro Semedo. Estes dois últimos foram duas das principais caras da subida, chegados por empréstimos da Académica e Apollon Limassol, respetivamente. O último a chegar foi Mica Pinto. Depois de meia-época ao serviço do União da Madeira, viajou para a Holanda a título

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definitvo, onde foi habitualmente titular. O técnico destacou ainda a recuperação que o clube efetuou num ano, até alcançar o sonho. “É um momento único. O Fortuna era um clube que lutava para não descer. No ano passado esteve para fechar as portas. Entretanto entrou um novo dono e a situação alterou-se”. Porém, o treinador não seguirá com a equipa para a primeira divisão holandesa, mas sim portuguesa. Isto porque, aos 43 anos, o técnico lisboeta acordou contrato com o Marítimo, chegando à Liga NOS pela primeira vez como treinador principal.

Miguel Santos, Mica Pinto, André Vidigal e Lisandro Semedo trouxeram perfume português para a Segunda Divisão Holandesa.


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O ADEUS DAS LENDAS Vários jogadores puseram o ponto final na carreira, após várias temporadas ao serviço de um clube. Outros abandonaram a equipa para se mudarem para outros países. Todos eles saem pela porta grande, com o nome inscrito na história.


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André Nogueira

omo todas as temporadas, são vários os jogadores que mudam de emblema pelos mais variados motivos. E entre os muitos milhares de atletas, algumas “lendas” também abandonam o clube que tantos anos representaram ou, até mesmo, a prática profissional do desporto-rei. Através das páginas que seguem, fazemos homenagem a oito nomes que não serão esquecidos dos respetivos clubes, seja como jogadores ou como treinadores: Fernando Torres (Atlético de Madrid), Gianluigi Buffon (Juventus), Yaya Touré (Manchester City), Michael Carrick (Manchester United), Xabi Prieto (Real Sociedad), Andrés Iniesta (Barcelona), Roman Weidenfeller (Borussia Dortmund), Thiago Motta (Paris Saint-Germain) e Arsène Wenger (Arsenal). “Nunca iria para uma equipa que competisse contra o meu clube. Jogar contra o Barcelona seria anti-natural”, começou por declarar Iniesta relativamente à sua saída. “É um dia muito complicado para mim, porque dizer adeus à minha vida e à minha casa é complicado”. Já Gigi Buffon escreveu uma extensa carta de despedida a agradecer “a todos e a cada um de vós” por todos os dias passados no campeão italiano. “A Juventus é uma família. A minha família. E eu nunca vou parar de a amar, agradecer-lhe e chamá-la de «casa». Porque me deu demasiado.

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Tudo. Certamente mais do que eu lhe dei”. Em Espanha, Diego Simeone, treinador do Atlético de Madrid, falou sobre El Niño Fernando Torres, jogador que treina mas que também já foi colega de equipa: “Tenho uma admiração pelo Torres, como todos os adeptos. O Fernando foi, é e será um ícone do Atlético de Madrid”. Wenger foi mais calmo na sua despedida. O técnico francês entendeu que o seu tempo no clube inglês já tinha chegado ao fim e que o plantel é capaz de muito mais sobre orientação de um outro treinador. “Sentámo-nos e concluímos que seria melhor que viesse alguém com crédito e paciência. Há um grande ambiente na equipa. Foi um prazer trabalhar com eles. Há grande potencial na equipa. Com alguém a chegar e com tempo, eles vão lutar pelo campeonato”. Unai Emery, antigo treinador de clubes como o Paris Saint-Germain, Valência ou Sevilla, já foi anunciado como substituto. Cada um na sua posição, com as suas habilidades, com o seu número de troféus e com os seus anos de clube, todos eles mostraram que paixão e a lealdade por um emblema ainda existe neste desporto.


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Foi com a conquista da Liga Europa que Fernando Torres se despediu dos adeptos do Atlético de Madrid, após onze temporadas ao serviço dos colchoneros. O avançado espanhol, contudo, não pendurou as chuteiras, com os campeonatos chinês e japonês como destinos mais prováveis. Formado nos rojiblancos, nunca conseguiu ser campeão espanhol.

Gianluigi Buffon será para sempre um das principais figuras da baliza da Juventus e da seleção italiana, abandonando ambas no mesmo ano. Depois de abandonar a Squadra Azzurra após o falhanço no apuramento para o Campeonato do Mundo 2018, fez a última temporada pelo campeão italiano, falhando apenas a conquista da Liga dos Campeões. O seu futuro deverá passar, ao que tudo indica, pelo Paris Saint-Germain.


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Com direito a uma despedida que contou com a presença do seu irmão e ex-companheiro de equipa, Yaya Touré fez parte do plantel do Manchester City que conquistou os 100 pontos, mas a sua importância na equipa reduziu este ano. Após oito temporadas ao serviço dos citizens, o clube decidiu não avançar para a renovação do contrato, deixando o costa-marfinense recetivo a novos desafios, com Marselha ou West Ham como possíveis destinos.

Michael Carrick foi o último jogador a abandonar o Manchester United da equipa que venceu a Liga dos Campeões, em 2007/08, orientados por Sir Alex Ferguson. Doze anos anos ao serviço dos reds e vários troféus depois, o internacional inglês pendurou as chuteiras. Ainda assim, a sua carreira continuará ao serviço do Manchester United, uma vez que será treinador-adjunto de José Mourinho.


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O jogo em Barcelona ofuscou Xabi Prieto da sua última partida enquanto futebolista profissional. Uma vida dedicada ao Real Sociedad que contou com mais de 530 jogos, no total de quinze temporadas. O médio centro nunca conseguiu ser internacional pela seleção espanhol, mas tornou-se um icone do futebol de nuestros hermanos devido à sua lealdade para um só clube.

Andrés Iniesta teve direito a uma despedida arrepiante no dia do último jogo do campeonato, frente ao Real Sociedad de Xabi Prieto. Formado no Barcelona, esteve dezasseis anos ao serviço da formação blaugrana, conquistando tudo o que havia a ganhar, fazendo o mesmo ao serviço da seleção espanhola, marcando o único golo, em 2010, frente à Holanda, que garantiu a conquista do Campeonato do Mundo. Transferiu-se para o Japão, onde jogará pelo Vissel Kobe.


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Roman Weidenfeller foi o guarda-redes do Borussia Dortmund durante dezasseis temporadas mas, após três temporadas com pouco utilização, retirou-se do futebol. Com 37 anos, venceu as três principais competições alemãs (campeonato, taça e supertaça), juntando um Campeonato do Mundo, em 2014, apesar de não ter alinhado qualquer minuto. A derrota na final da Liga dos Campeões, na temporada de 2012/13, foi a competição que faltou.

Depois de sete temporadas de alto nível, Thiago Motta abandonou o Paris Saint-Germain e o futebol, mas não sem antes conquistar todos os títulos em França, como já tinha feito em Itália e quase em Espanha (não venceu a taça). O médio defensivo nasceu no Brasil mas fez carreira internacional ao serviço da Itália, acumulando 33 jogos e um golo.


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Quando se pensa em treinadores do Arsenal, Arsène Wenger é o primeiro nome na lista. O francês orientou os gunners durante vinte e duas (!) temporadas. Foi o líder do plantel dos Invencíveis mas os resultados recentes já não eram de glória. Depois de sair pela porta grande, mostrou-se preparado para abraçar um novo desafio, de preferência “a participar na Liga dos Campeões”.

Após uma temporada memorável onde conquistou a Taça de Portugal pela primeira vez (já tinha perdido representando o SL Benfica e o Sporting de Braga), Joaquim Manuel Sampaio Silva, mais conhecido por Quim, terminou a carreira de futebolista, sem abandonar o emblema da Vila das Aves. Aos 42 anos, o antigo guarda-redes será o novo diretor de relações institucionais do clube.


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Histórias da História Mundial 1958: Brasil 5-2 Suécia

André Nogueira á jogos que nos ficam na memória, quando se vê no estádio ou na televisão. Hoje em dia, há outros que nos ficam na memória graças às novas tecnologias, que nos trouxeram espaços como o Youtube ou outras plataformas online de Futebol, que permitem rever jogos completos ou resumos de vários clubes e seleções, de várias temporadas. A 20 de junho deste ano, vai fazer fazer 60 anos que a Seleção Brasileira conquistou o seu primeiro Campeonato do Mundo, com Pelé como grande protagonista. Realizado na Suécia, o Campeonato do Mundo de 1958 contou com 16 seleções, na sua maioria europeias: Suécia, Alemanha Ocidental, Áustria, França, Checoslováquia, Hungria, União Soviética, Jugoslávia, Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia, País de Gales, Argentina, Brasil, México e Paraguai. Além dos campeões em título - a Alemanha Ocidental - Hungria, União Soviética, Suécia e Brasil eram os outros grandes favoritos à conquista final. Com o

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desastre aéreo de Munique, a 6 de fevereiro de 1958, que vitimou grande parte da equipa do poderoso Manchester United, a Inglaterra perdeu grande parte da sua equipa-base, deixando de ser uma das favoritas, sendo obrigada a renovar o plantel, enfraquecendo-o. O Mundo de Pelé Como já foi referido, Pelé foi a grande estrela do Campeonato do Mundo de 1958. Foi o mais novo de sempre a marcar um golo, com 17 anos e 239 dias, contra o País de Gales, na vitória por 1-0, já nos quartos de final. Curiosamente, o avançado brasileiro só marcou na fase a eliminar. Depois do golo frente ao País de Gales, assinou um hat-trick frente à França (5-2), bisando na final, contra a Suécia (5-2). Tornou-se igualmente o mais jovem jogador de sempre a ser campeão do Mundo. Segundo vários relatos, o eterno número 10 da seleção canarinha recebeu o número por esquecimento. Sem terem enviado a numeração dos jogadores


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para a competição, a FIFA encarregou-se de definir uma numeração aleatória onde, imprevisivelmente, Pelé foi sorteado com a camisola número 10. A Final Com uma lotação para 50 000 espetadores, o Estádio Råsunda recebeu a grande final. Nesta partida, o Brasil alinhou de azul, enquanto os suecos jogaram com a tradicional camisola amarela, não sem antes ter sido realizado um sorteio para definir as mesmas. Ao minuto 4, Liedholm deu vantagem à formação da casa ao fintar dois adversários e rematar colocado com o pé direito. Mas a vantagem duraria pouco tempo. Através de um inspirado Vavá, que bisou, o Brasil empatou aos 9’ e completou a reviravolta aos 32’. No segundo tempo, apareceu Pelé. O jovem fez o 3-1 num dos golos mais memoráveis de sempre. Domina

de peito dentro da área, passa a bola por cima do defesa sueco, e remata a contar antes da bola tocar no chão. A vitória já não escapava aos brasileiros. Zagallo, ao minuto 68, inseriu o seu nome na lista de marcadores. Simonsson reduziu aos 80’, mas não sem antes Pelé voltar a aparecer. Já no último minuto da partida, Pelé aproveitou uma má saída do guardião para, de cabeça, fechar as contas com o 5-2. Depois da derrota na final frente ao Uruguai no Campeonato do Mundo de 1950, o famoso Maracanaço, o Brasil chegava, finalmente, à glória mundial. Bellini levantava a Taça Jules Rimet e o Brasil era Campeão do Mundo, a primeira das atuais cinco que conquistou. A seleção mais titulada do Mundo. Por outro lado, nascia uma lenda. Para a grande maioria dos brasileiros, Pelé será sempre o melhor do Mundo, como foram revelando, ao longos dos anos, atletas como Rivaldo, Ronaldo ou Neymar.


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Johan Cruijff Arena André Nogueira oi no dia em que Johan Cruijff celebrava 71 anos que Frank Rijkaard, antigo jogador e treinador do Ajax, juntamente com os filhos da lenda holandesa, apresentaram o logo que dá o nome ao “novo” estádio do clube. Conhecido até então como Amsterdam Arena, não vão haver

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construções no estádio, mas apenas a mudança de nome para Johan Cruijff ArenA, como homenagem. Cruijff, falecido em 2016 vítima de doença prolongada, foi um dos melhores jogadores do futebol holandês e mundial e o maior revolucionário dos anos 70. Foi dos primeiros jogadores a orientar taticamente uma equipa desde o campo, sendo o criador do chamado “Futebol Total”, onde todos os jogadores deambulavam em campo, fazendo todas as posições durante uma partida. Um dos melhores exemplos disso será, provavelmente, o penalti conquistado pela Holanda na final do Mundial de 1974 frente à RFA, na derrota por 2-1. A equipa recebeu a alcunha de “Laranja Mecânica”, que ainda hoje se mantém quando nos referimos à Seleção Holandesa. Pelo Ajax, conquistou três Taças dos Campeões Europeus, oito campeonatos e cinco taças, enquanto jogador e uma Taça das Taças e duas taças, enquanto treinador.


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Futuros talentos Considerada por muitos como a melhor academia de talentos do Mundo, o Ajax prova que a idade é só um número e promove a subida ao plantel principal de atletas ainda com idade de formação. A final da Liga Europa do ano passado mostrou que estas subidas são planeadas e que a qualidade existe desde novo. Infelizmente, perderam a Liga Europa para o Manchester United (2-0) e o campeonato na última jornada, falhando o objetivo que escapa desde 2014. Aqui mostramos as quatro maiores promessas do plantel atual:

1. Matthijs de Ligt (18 anos)

Estreou-se com 17 anos e marcou em apenas 25 minutos, tornando-se o segundo mais jovem a marcar com a camisola do Ajax, apenas atrás de Seedorf. Com 18 anos, o defesa central tornou-se capitão da equipa e estreou-se pela seleção principal da Holanda. Os rumores de transferências ligam-nos a clubes como Manchester City, Tottenham ou Barcelona.

2. Frenkie de Jong (21 anos)

É visto como aquele que poderá trazer a cultura do Futebol Total de regresso ao Ajax. O médio centro não tem medo de arriscar e cortar linhas pelo meio com bola controlada, além de dotado de uma ótima visão de jogo. Até ao momento, é o único desta lista sem qualquer internacionalização A, embora seja presença regular no escalão de sub-21.

3. Donny van de Beek (21 anos)

Forma com De jong uma das melhores duplas jovens do meio campo. Habituou os adeptos a festejarem os seus golos (11 no campeonato) mas funciona como o equilibrador da equipa. Ataca tão bem como defende, embora precise ainda de afinar o tempo de decisão. Internacional pela seleção principal, fez os seus primeiros 90 minutos contra Portugal, acrescentando uma assistência a uma bela exibição.

4. Justin Kluivert (19 anos)

O único jogador a não participar na final da Liga Europa da época passada é também aquele que concentra maior mediatismo atualmente. Filho da antiga lenda holandesa, Patrick Kluivert, Justin é um extremo velocista com uma capacidade de drible fácil e de boa finalização, marcando dez golos em 30 jogos do campeonato. Estreou-se pela seleção principal na vitória por 3-0 frente a Portugal. Jogará pelos italianos do AS Roma na próxima temporada.

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Grandes Golos

Zidane vs Bayer Leverkusen (2002) André Nogueira 15 de maio de 2002, os adeptos presentes no Hampden Park, em Glasgow (Escócia), presenciaram aquele que é considerado um dos melhores golos de sempre da Liga dos Campeões, por parte de um dos melhores jogadores franceses da História. Decorria o minuto 45 e, após os golos madrugadores de Raúl para o Real Madrid e Lúcio para o Bayer Leverkusen, Roberto Carlos correu pela linha lateral do lado esquerdo e cruzou para a entrada da área onde, num só toque, Zinedine Zidane fez um vólei perfeito que só encontrou o fundo das redes de Hans-Jörg Butt, guarda-redes que passou mais tarde pelo SL Benfica. “Tentei marcar da mesma maneira mais tarde, até em ações comerciais”, confessava Zidane, numa entrevista anos mais tarde. “Mas nunca mais consegui. Até tentei nos treinos, mas nunca mais aconteceu. Foi perfeito naquele dia”. Também Roberto Carlos nunca conseguiu esquecer a forma como o francês conseguiu marcar. “Fiz um mau cruzamento mas, depois, a bola caiu perfeita nos pés do Zizou. Muito poucas vezes vi um golo tão bonito”, declarou o brasileiro. O jogo contou com outra particularidade. Com a lesão do guarda-redes espanhol César, o jovem Iker Casillas, de apenas 21 anos, entrou na

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partida e segurou a vantagem merengue até final. O atual guarda-redes do FC Porto venceu a sua segunda Liga dos Campeões, a nona do clube.

2002: O ano negro de Ballack Se existe um vencedor, também existe um derrotado. Com a camisola do Bayer Leverkusen, Michael Ballack esteve muito perto de conquistar a Bundesliga, a Taça da Alemanha e a Liga dos Campeões, mas acabou a perder as três competições. Depois de um final de temporada decepcionante, o alemão viajou para a Coreia do Sul e Japão para disputar o Mundial de 2002, mas o azar não tinha terminado. A Alemanha chegou à final mas acabou derrotada pelo Brasil.


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O meu 11 por: Mateus Fonseca (Avanรงado do Casa Pia)



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