Futebol Total #05

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EDIĂ‡ĂƒO 05

novembro 2018

bola de ouro 2018 Moreirense / Freamunde / Sarpsborg 08



#05 novembro2018

Loucuras e certezas nquanto procurava por revistas de futebol de diversos países, os preços variavam entre os sete euros e os treze... Uma loucura! Além disso, os temas são quase sempre os mesmos, aqueles que estamos habituados a ver toda a gente comentar nas redes sociais ou na televisão. Na Revista Futebol Total, exploramos o Mundo.

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Passamos por Portugal, Escócia, Inglaterra, Noruega, Itália, enfim, por vários cantos da Europa, mas também por outros continentes, tudo para lhe trazer informações que desconhecia mas que também lhe vão agradar. Visitamos a história do Moreirense Futebol Clube que, no dia um deste mês, celebra o 80.º aniversário. Anos de crescimento e de glória pelos vários campeonatos nacionais. E, por falar em campeonatos nacionais, relembramos quem por lá já passou, através do Freamunde, e os distritos que ainda buscam a sua primeira vez. Do Chelsea, em Inglaterra, relembramos o passado, com John Terry, e estudamos o presente, através do treinador sensação Maurizio Sarri. Na onda dos treinadores, analisamos o porquê do começo de temporada tão goleador do Sevilha e quem está por detrás da tática que já colocou os sevilhistas no topo, por uma jornada. Na Noruega, tentamos entender o rápido crescimento do Sarpsborg 08, desde dos campeonatos inferiores até disputar a Liga Europa esta temporada. Nas competições europeias, recordamos um dos vencedores da final da Taça dos Campeões Europeus, disputada em Lisboa, em 1967. Jimmy Johnstone é um nome que merece ser recordado. Tal como Ayrton Senna, apesar de num desporto diferente. Colocou o Brasil nas bocas do Mundo através das suas prestações na Fórmula 1 e o Corinthians não se esqueceu de um dos seus, criando uma camisola comemorativa. Esta é uma revista composta por jovens jornalistas, GRÁTIS e online. Aproveitem e espero que gostem... uma vez mais! André Nogueira Criador da revista Futebol Total

Ficha Técnica Diretor Geral André Nogueira Paginação André Nogueira Tiago Nogueira Redação André Nogueira Daniel Fonseca Francisco Craveiro João Couto Jonathan Pertzborn Jorge Nunes Revisão André Nogueira Contacto aonogueira16@gmail.com Créditos Celtic FPA ChelseaNews24 City People Magazine Doentes por Futebol Evening Standard Getty Images Jornal de Luxemburgo Lusa Rádio Renascença Regnskap Norge Sarpsborg 08 Sarpsborg Arbeiderblad TamegaSousa The Celtic Underground The Independent The Japan Times theScore.com These Football Times The Sun


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Foto do mês Voltou a haver Festa da Taça, esta temporada! O Lusitano de Vildemoinhos derrotou o CD Nacional, por 4-3, após prolongamento. Foi a segunda formação da Liga NOS a despedir-se da Taça de Portugal, depois da derrota do Portimonense perante o Cova da Piedade (2-1).


Futebol total

08

20

28

Reportagem Moreirense

Os Quatro Adormecidos

Pablo MachĂ­n

18

24

44

Freamunde nos Distritais

Belenenses CampeĂŁo

Sarri no Chelsea


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34 Reportagem

Sarpsborg 08

52

70

94

John Terry

Nomeados Bola de Ouro

Histรณrias com Histรณria

66

90

96

Jimmy Johnstone

Ayrton Senna e Corinthians

London Stadium


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MOREIRENSE

verde da esperanca i Uma pequena vila do concelho de Guimarães nasceu para o futebol nacional em 1938. No mês em que celebra 80 anos de existência, revemos os principais momentos da história do clube, desde as origens até aos dias de hoje.


Futebol total

André Nogueira

undado a 1 de novembro de 1938, o Moreirense Futebol Clube, da Vila de Moreira de Cónegos, no concelho de Guimarães, tem-se mantendo no principal escalão do futebol português e, esta temporada, poderá ter um ano bem mais tranquilo, ao cargo de Ivo Vieira. É reconhecido por ser um clube que não entra em intrigas e que é respeitado por todos os emblemas da Liga NOS, apesar da rivalidade saudável com o Desportivo das Aves. Ainda assim, não pense que, por isso, é menos competitivo, disputando os jogos até ao último minuto, como foi caso, esta temporada, no empate caseiro frente ao Belenenses (1-1) e o golo apontado por João Aurélio já no período de descontos. Um passado que conta com duas subidas de divisão com o estatuto de campeão e uma surpreendente conquista da Taça da Liga, eliminando três grandes favoritos (FC Porto, SL Benfica e SC Braga). Esta é a história do Moreirense que, como se ouve no hino, “nasceu pequenino mas valente”, graças ao seu “verde da esperança” e ao “branco da pureza”.

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A Origem

A primeira apresentação oficial do Moreirense aos habitantes de Moreira de Cónegos ocorreu no dia 1 de setembro de 1938, numa partida realizada no Campo Abílio Barros e Ilda Celeste Vieira, na vila. Exatamente dois meses depois, o

Moreirense filia-se na Associação de Futebol de Braga, efectuando, desta forma, o seu registo federativo definitivo que lhe permitia a participação em competições oficiais distritais. Dava-se assim os primeiros passos na construção do clube. Durante a primeira temporada, a de 1938/1939, o clube apenas realizou encontros de caráter amigável. No ano seguinte, começou a competição e, rapidamente, se sagraram campeões do concelho de Guimarães para, mais tarde, somarem o título de campeão distrital. Em pouco tempo, ainda adicionou ao seu palmarés dois títulos consecutivos de campeão distrital da segunda divisão da Associação de Futebol de Braga, nas temporadas de 1941/1942 e 1942/1943.

Axadrezado pelo boavista

Não é um facto conhecido por muitos, nem mesmo adeptos do Boavista, mas, o padrão axadrezado utilizado, desde sempre, pelo Moreirense é, na verdade, inspirado no clube portuense. A razão é simples. O presidente do Moreirense era Álvaro Almeida mas, o primeiro presidente da mesa da Assembleia Geral, António Félix, chegava ao clube depois de presidir a Assembleia Geral do Boavista. Segundo reza a história, esse é o motivo pelo


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qual o xadrez foi também adotado em Moreira de Cónegos, optando pelas cores verde e branco.

Anos 70 e 80: novo estádio e primeiras competições nacionais

Foi na temporada de 1973/1974 que o Moreirense se muda para Campo de Jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas (atualmente, Parque de Jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas), ainda hoje casa da formação de Moreira de Cónegos. No entanto, foi sofrendo obras de melhoramento ao longo dos anos: em primeiro lugar, foi colocada relva em substituição do campo pelado; em segundo lugar, foram introduzidas bancadas com cobertura e, por fim, a eletrificação para jogos oficiais. Já com novo recinto, o clube ia jogando nos campeonatos distritais de Braga, até perto do final da década. Na temporada de 1978/1979, sob o comando de Gualter (ex-jogador do FC Porto e do Vitória SC), o segundo lugar no campeonato distrital da AF Braga garante a promoção à Terceira Divisão Nacional. Poucos anos depois, a famosa família Almeida Freitas assume o controlo da formação de Moreira de Cónegos, começando a aposta definitiva no desenvolvimento desportivo do clube.

Na temporada de 1984/1985, o emblema verde e branco termina na segunda posição da Série A da Terceira Divisão Nacional, registando uma promoção inédita à Segunda Divisão Nacional.

sempre a subir

Avançamos dez anos. O Moreirense acaba de conquistar o Campeonato Nacional da Segunda Divisão B e, de seguida, a fase final da zona Norte. Em poucos anos, a formação de Moreira de Cónegos chega aos campeonatos profissionais, disputando a Segunda Liga, então denominada de Divisão de Honra, na temporada de 1995/1996, sob orientação do técnico Carlos Garcia. No segundo ano na Segunda Liga, o clube passa por outro marco importante na sua história: Vítor Magalhães é eleito presidente pela primeira vez.

cair para chegar ao topo

Na viragem do milénio, a equipa não conseguiu a permanência na Segunda Liga, regressando à Segunda Divisão B. Porém, a estadia seria curta. Apenas um ano depois, a formação de Moreira de Cónegos já estava de volta à Segunda Liga. Aí também passaria pouco tempo. Na temporada de 2001/2002, a segunda promoção seguida leva o pequeno clube do concelho de Guimarães ao topo.


Futebol total Para a inédita conquista da Segunda Liga, existiu o importante papel do carismático treinador português Manuel Machado, que havia assumido o cargo no ano anterior, estando, assim, presente nas duas promoções consecutivas à divisão superior. Na Primeira Divisão, na altura chamada SuperLiga, o Moreirense garantiu a permanência com a décima segunda posição da tabela classificativa, num plantel que contava com nomes como João Ricardo, Alex, Flávio Meireles ou Afonso Martins. Curiosamente, a presença na Primeira Liga marca também o fim de anos “gloriosos” na Taça de Portugal, depois de uma presença nas meias-finais (1999/2000) e duas nos quartos de final (1998/1999 e 2000/2001). A meiafinal perdida perante o Sporting (0-1) é, ainda hoje, um recorde do clube.

história e miséria

Com apenas dois anos no primeiro escalão, o Moreirense alcança a sua melhor classificação de sempre, com um nono lugar na tabela classificativa. Porém, três temporadas de história depois o feito alcançado rumo à Primeira Liga inverte de sentido. Na temporada de 2004/2005, a décima sexta posição leva a formação de volta à Segunda Liga. Em apenas um ano, em 2005/2006, o Moreirense volta a cair, desta feita, para a Segunda Divisão Nacional B, numa temporada em que foram despromovidas seis emblemas e o clube verde axadrezado até terminou a um ponto do Portimonense e a dois de Feirense e Vizela, o que foi insuficiente para garantir a permanência. Comandados, ao longo da temporada, por três treinadores diferentes (Vítor Paneira, João Carlos Pereira e José Gomes), as onze vitórias em trinta e quatro partidas foram insuficientes.

Para atacar nova subida, foi contratado Jorge Casquilha para treinador. A aposta saiu acertada. Após a primeira posição na zona Norte, o segundo lugar da segunda fase foi o necessário para o clube ser promovido para a Segunda Liga, juntamente com o Arouca.

Títulos e segurança

Na Segunda Liga, o Moreirense foi garantindo o seu lugar nas posições cimeiras até voltar a subir. No primeiro ano, o sétimo lugar serviu de trampolim para o sucesso da temporada seguinte. Na Liga Orangina de 2011/2012 (nome da Segunda Liga, na altura), só o Estoril foi mais forte, sendo promovido como segundo classificado, dois pontos à frente do rival Desportivo das Aves. A temporada de 2012/2013 foi um ano de azar. Depois de eliminar o Sporting CP da Taça de Portugal (3-2) e de empatar com o SL Benfica na Taça da Liga, com um golo de Óscar Cardozo, de grande penalidade, ao minuto 92, o Moreirense desceu de divisão. No estádio da Luz, o Moreirense defrontava o SL Benfica, com um olho em Olhão, no encontro entre Olhanense e Marítimo. Para garantir a permanência, teria de conseguir um mesmo resultado ou melhor que o Olhanense. Ao intervalo, o Moreirense vencia por 0-1 com um golo de Vinícius e Olhanense empatava a zero. Na segunda-parte, o poderio encarnado concluiu uma reviravolta no resultado com dois golos nos últimos dez minutos (3-1), enquanto o resultado permanecia inalterado em Olhão. Por um ponto, o Moreirense regressava à Segunda Liga. Em Paços de Ferreira, o FC Porto sagrava-se campeão, tornando o resultado do SL Benfica “desnecessário”.

A descida do Moreirense para a Segunda Liga foi realizada no ano em que Vítor Magalhães abandona o clube para se tornar presidente do Vitória SC. No Vitória SC, foi uma montanha russa de emoções. No primeiro ano, o quinto lugar e a presença na Taça UEFA. No segundo ano, a equipa chega às meias finais da Taça de Portugal mas desce de divisão. Sob fortes críticas, é ainda presidente no regresso dos vitorianos à Primeira Liga.

Entretanto, no ano seguinte, o Moreirense não quis fazer da Liga2 Cabovisão, o nome da competição naquela temporada, estadia, sagrando-se campeão. Sob o comando técnico de António Conceição, que entrou para substituir Vítor Oliveira, a formação da vila de Moreira de Cónegos fez um total de setenta e nove pontos, mais dois que o FC Porto B, segundo classificado, e mais oito que o rival Desportivo das Aves, que acabaria por perder o play-off de subida frente ao Paços de Ferreira. Pires foi a grande figura da equipa com vinte e dois golos marcados, num plantel onde apareceram também Marafona, André Simões ou Filipe Melo.

Após um ano de pausa, Vítor Magalhães regressa à presidência do Moreirense em 2008, com resultados quase imediatos. Depois de garantida a fase de subida, o segundo lugar, a três pontos do campeão Desportivo de Chaves, impediu a promoção do plantel orientado por Nicolau Vaqueiro.

Até hoje, o Moreirense manteve-se na Liga NOS, alcançando um feito inédito com Augusto Inácio. No temporada de 2016/2017, o Moreirense sagra-se Campeão de Inverno ao conquistar a sua primeira Taça da Liga, frente ao SC Braga, com um único golo de Cauê, de grande penalidade.

O regresso do presidente


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Futebol total resente na Liga NOS há cinco temporadas consecutivas, o Moreirense não tem tido vida facilitada, com a permanência a só ser alcançada nas últimas jornadas, com exceção da temporada de 2014/2015. Nesse primeiro ano, com Miguel Leal no comando técnico, o plantel que contava com nomes como André Moreira (Atlético de Madrid), Marafona (SC Braga), Rodrigo Battaglia (Sporting CP), Vítor Gomes (Desportivo das Aves) e André Simões (AEK de Atenas), terminou a apenas cinco pontos do Belenenses, isto é, a cinco pontos da Europa. Foi a segunda melhor pontuação de sempre, a três pontos do recorde de 2003/2004 (onde terminaram a dois pontos dos lugares europeus).

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Na temporada seguinte, a última com Miguel Leal, juntou, à qualidade já existente, talentos como Iuri Medeiros, João Palhinha, Fábio Espinho, Emmanuel Boateng, Nildo Petrolina, Ramón Cardozo ou Rafael Martins. Apesar da derrota nos minutos finais, no estádio da Luz, frente ao SL Benfica (3-2), do empate caseiro frente ao FC Porto (2-2), a reviravolta desapontante no estádio do Dragão (3-2) e a derrota, com um golo polémico, frente ao Sporting CP (0-1), o Moreirense provava olhar olhos-nos-olhos qualquer adversário mas sem conseguir levar a melhor, na maioria dos casos. Resultado disso, a décima segunda posição segurada com apenas três derrotas nas últimas dez jornadas. Terminava a ligação com Miguel Leal. Para o seu lugar era contratado um promissor treinador português, de nome Pepa, com um grande grau de importância na promoção do Feirense para a Liga NOS. Porém, com apenas três vitórias em doze jogos, Vítor Magalhães fartou-se dos maus resultados, contratando Augusto Inácio para o seu lugar. Para Pepa, o seu trabalho ainda estava a começar quando o presidente do Moreirense o despediu. Porém, como já foi referido anteriormente, Augusto Inácio não conseguiu dar segurança na Liga mas conquistou aquele que é, provavelmente, o maior feito da formação de Moreira de Cónegos: a conquista da Taça da Liga. Vencendo a grupo B sem qualquer derrota, onde se conta a vitória por 1-0 frente ao FC Porto, com golo de Francisco Geraldes, o sorteio ditava um encontro entre Moreirense e SL Benfica nas meias finais. Já com o SC Braga na final (tinha derrotado o Vitória FC, no dia anterior, por 0-3), os encarnados entraram a vencer desde cedo, terminando a primeira parte com o resultado de 0-1. Na segunda parte tudo mudou. Ousmane Dramé aos 46 minutos, Emmanuel Boateng aos 54 e aos 72 minutos. Estava feito. Com um onze com poucas rotações, a formação de Rui Vitória era eliminada.

No dia 29 de janeiro de 2017, o distrito de Braga parou. Frente a frente, SC Braga e Moreirense. Uma partida bastante dividida, embora com um Moreirense mais perigoso, mas com menor controlo do jogo. Porém, quando já se pensava no intervalo, Francisco Geraldes não desiste da bola e é atingido por Matheus, que já tinha a bola em sua posse. Os adeptos e os jogadores bracarenses reclamavam, Artur Soares Dias não alterava a decisão e assinalava uma grande penalidade. Cauê marca e coloca o Moreirense em vantagem. Na segunda parte, um aguenta coração por parte da formação verde axadrezada, conseguindo atacar apenas em situações de contra ataque, principalmente através dos ‘leões’ Podence e Geraldes. Do outro lado, tenta Pedro Santos, tenta Stojilikovic e tenta Rui Fonte. Makaridze diz sempre não. Chegava ao fim e o sonho tornava-se uma realidade. Mas, como explicado, nem a vitória na Taça da Liga trouxe tranquilidade para o que restava do campeonato. Augusto Inácio era aplaudido mas rescindia com o clube. Era chamado Petit. Curiosamente, o técnico chegava de um despedimento do Tondela onde, para o seu lugar, era contratado... Pepa. Petit estreava-se com duas derrotas mas jamais perderia. Vitórias difíceis frente a CD Nacional e SC Braga, empate com Desportivo de Chaves, Arouca e Belenenses. Na última jornada, o FC Porto, de regresso a Moreira de Cónegos depois da eliminação na Taça da Liga. Antes do apito inicial, CD Nacional (já despromovido) e Tondela em posição de descida, Arouca e Moreirense a lutar pela sobrevivência. Como num guião de Hollywood, houve magia na última jornada. Tondela derrotava o SC Braga (2-0) e o Moreirense vencia o FC Porto (3-1). Na partida mais “tranquila”, Arouca perdia com Estoril e descia de divisão (4-2). Petit queria mais e mudava-se para Paços de Ferreira. Ao Moreirense voltava Manuel Machado, depois de ter orientado os dois clubes despromovidos na temporada anterior. Sem história, venceu apenas três dos treze jogos. Chegava Sérgio Vieira e, com ele, os pontos e as vitórias. Na Taça de Portugal, era eliminado apenas nos quartos de final, pelo FC Porto (1-2). Na Liga, fazia treze pontos em onze partidas, mas não conseguia tirar o Moreirense dos lugares de despromoção. Era chamado o salvador. Já despedido do Paços de Ferreira (que iria descer de divisão), Petit orienta a formação de Moreira de Cónegos em doze partidas, fazendo, igualmente, treze pontos. Desta vez, suficientes para a permanência, em pleno estádio da Luz (1-0). Mais uma vez, Petit celebrava e abandonava o clube. Para esta temporada, foi contratado


#05 novembro2018 Ivo Vieira, antigo técnico do Estoril, último classificado na temporada de 2017/2018. Reconhecido pelo talento em transformar qualquer equipa num perigo ofensivo, a defesa tem sido o ponto mais fraco dos clubes por onde passa. Com um dos plantéis com menos qualidade na Liga NOS, era necessário, urgentemente, novos reforços com talento. Para a baliza, Pedro Trigueira (ex-Vitória FC). Na defesa, Ivanildo Fernandes (emprestado pelo Sporting CP), Rafik Halliche (ex-Estoril), João Aurélio (ex-Vitória SC) e Anthony D’Alberto (ex-SC Braga). No meio campo, Fábio Pacheco (ex-Marítimo), Chiquinho (ex-SL Benfica), Pedro Nuno (ex-SL Benfica) e Mamadou Loum (emprestado pelo SC Braga). Por fim, para o ataque chegavam David Texeira (ex-AEL Limassol), Nenê (ex-Bari), Patito Rodríguez (ex-Newcastle Jets), Heriberto Tavares (emprestado pelo SL Benfica) e Lucas Rodrigues (ex-Mirassol). Estava assim composto um plantel com qualidade, quando acumulado às permanências de Jhonatan, Aberhoun, Iago Santos, Bruno Silva, Alan Schons, Ângelo Neto, Bilel Aouacheria e Arsénio. Com um tradicional 4x3x3, Ivo Vieira ainda não arranjou um onze base, seja por motivos estratégicos, seja por indisponibilidade (lesões ou expulsões). Na baliza, Jhonatan tem sido uma das grandes figuras até agora. Forte no um para um e sempre atento para evitar bolas ‘bombeadas’ para as costas dos centrais. Centrais esses que vão variando entre Halliche e Aberhoun, sempre ao lado de Ivanildo. Na indisponibilidade de duas dessas escolhas, também Iago Santos tem transmitido segurança para os adeptos. No meio campo encontramos escolhas mais definidas. Mamadou Loum joga a médio defensivo, atrás ou ao lado de Ângelo Neto. Na posição mais ofensiva, Pedro Nuno tem-se destacado, com Chiquinho também a cumprir quando chamado. No ataque reside a experiência com a irreverência e capacidade goleadora de Heriberto Tavares. O internacional sub-21 é o melhor marcador do Moreirense, esta temporada, mas ainda não se adaptou ao sistema adotado por Ivo Vieira. Titular regular, pode ser substituído por Patito ou Arsénio, com Bilel sem alterar no lado contrário. No centro, um dos últimos reforços apresentou-se também como um dos mais importantes. Nenê, o antigo melhor marcador da Liga NOS, na temporada de 2008/2009, ainda só marcou um golo (vitória frente ao Feirense por 1-0), mas é ele que constrói ou conclui várias das jogadas ofensivas da equipa, utilizando a sua inteligência e a sua experiência. Patito ainda procura mais entrosamento no plantel, onde já se destacou pela sua força, velocidade e capacidade de drible. David Texeira continua a procurar surpreender o treinador.


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Freamunde: Crise financeira e equipa a competir nos campeonatos distritais joão couto

undado em 1933 e a celebrar, este ano, o seu 85.º aniversário, o Freamunde vive o período mais conturbado da sua história. Para além da queda dos capões aos campeonatos distritais, o clube do concelho de Paços de Ferreira não consegue, também, afastar a hipótese do fecho de portas por motivos financeiros, o que tem prejudicado a prestação desportiva da formação freamundense nos últimos anos.

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o início da História

O Freamunde passou grande parte da sua já longa história a disputar os campeonatos nacionais e, em 1985/1986, depois de terminar na segunda posição da Terceira Divisão Nacional, conseguiu a promoção à Segunda Divisão, o escalão que, na época, era o segundo do futebol português. Depois de um oitavo e um quarto lugar nas suas duas primeiras temporadas na Segunda Divisão, em 1988/1989, os capões estiveram o mais próximo que conseguiram de garantir uma subida à Primeira Divisão Nacional, terminando no segundo lugar da

tabela da Zona Norte apenas atrás do Tirsense, equipa que foi promovida nessa temporada.

sem concorrência

Na temporada seguinte, os freamundenses terminaram no sexto posto do campeonato e garantiram, assim, a participação na primeira edição da Segunda Divisão de Honra. Porém, a prestação do Freamunde na nova competição foi curta, com os capões a serem despromovidos logo no seu ano de estreia. O clube do concelho de Paços de Ferreira acabou por cair para a III Divisão, quarto escalão do futebol português, mas duas subidas consecutivas voltaram a colocar o Freamunde na ribalta. Em 1997/1998, os capões venceram a Série B da III Divisão, conseguindo a promoção à Zona Norte da Segunda Divisão B, competição da qual também se viriam a sagrar campeões, ao superiorizarem-se a equipas como o Leixões, o Fafe ou o Trofense.

estabilizar na segunda

Em 1999/2000, o Freamunde estava assim de


#05 novembro2018 regresso à Segunda Liga Portuguesa. Nessa temporada, o emblema freamundense terminou num seguro nono lugar mas, na temporada seguinte, voltaria a cair para a Segunda Divisão B, após terminar no último posto da tabela, com apenas seis vitórias conquistadas em trinta e quatro jogos disputados. A ausência do Freamunde dos grandes campeonatos nacionais durou apenas seis anos, período que antecedeu a fase de maior sucesso da história do clube azul e branco. Em 2006/2007, os capões sagraram-se campeões da Segunda Divisão e conseguiram a subida à Segunda Liga, onde se mantiveram por seis anos consecutivos. Nesses seis anos, o melhor resultado obtido foi o sexto lugar conquistado em 2008/2009, sendo que, nas outras temporadas na Segunda Liga, os freamundenses obtiveram um décimo terceiro (2007/2008), um décimo segundo (2009/2010), um décimo primeiro (2010/2011), um décimo quarto (2011/12) e um vigésimo segundo lugar (2012/2013). E foi precisamente esse vigésimo segundo lugar de 2012/2013 que voltou a ditar uma nova descida do Freamunde ao terceiro escalão do futebol português. Apesar da despromoção, o Freamunde regressou na temporada seguinte aos campeonatos profissionais, após se sagrar o primeiro campeão do recém-criado Campeonato Nacional de Seniores, em 2013/2014.

O ANO DO QUASE E DOS PROBLEMAS

Em 2014/2015 e em 2015/2016, o Freamunde conseguiu um oitavo e um quinto lugar, respetivamente, na Segunda Liga, mas, apesar das boas classificações, nem tudo foi sempre um mar de rosas. Na primeira temporada após a promoção do CNS, o Freamunde esteve boa parte do campeonato na luta pela subida à Primeira Liga e, à trigésima jornada, os capões estavam no primeiro lugar. A partir daí, o clube do concelho de Paços de Ferreira conseguiu apenas três vitórias nos últimos dezasseis jogos do campeonato e acabou por cair até ao oitavo posto da tabela. Nesta temporada, foram também tornados públicos, pela primeira vez, salários em atraso aos jogadores do clube. No entanto, a resposta dentro de campo dos atletas freamundenses a esta situação adversa foi positiva. Em 2015/2016, o Freamunde procedeu à criação de uma SAD e entrou em cena um grupo de investidores argentinos, que prometiam pôr fim aos problemas financeiros que o clube atravessava. No início tudo corria bem. A equipa reforçou-se bem e os capões voltaram a estar na luta pela subida à Primeira Liga. O resultado final foi ainda melhor que na temporada anterior, mas com os azuis e brancos a falharem novamente a promoção, terminando no quinto lugar da tabela, a apenas quatro pontos do último


Futebol total lugar de subida, que pertenceu ao Feirense.

Depois da glória, começA o período negro

Após duas temporadas muito positivas, esperava-se que o Freamunde voltasse a estar na luta pelos lugares cimeiros da tabela. Porém, foi precisamente o contrário que aconteceu em 2016/2017. Os capões não conseguiram repetir as exibições dos anos anteriores e terminaram no vigésimo primeiro e penúltimo posto da Segunda Liga, caindo, assim, para o Campeonato de Portugal. Começa aqui, verdadeiramente, a crise do clube freamundense. A competir no Campeonato de Portugal, esperava-se que o Freamunde pudesse repetir o desempenho de 2013/2014 e conseguir o rápido regresso à Segunda Liga, até porque o seu orçamento era superior ao da maioria das equipas com que competia. Mas não foi isso que aconteceu… A novembro de 2017, os atletas do Freamunde emitiram um comunicado no qual denunciaram a grave situação financeira do clube nortenho. Por essa altura, os jogadores do clube tinham recebido apenas um mês de salário e os jogadores que transitavam da temporada anterior apenas tinham auferido três meses dos últimos onze. Aquando do comunicado, à décima jornada, o Freamunde encontrava-se no quinto posto da tabela, já a nove pontos do líder, o Cesarense, mas a situação ainda viria a piorar. Nos cinco jogos seguintes, os

resultados seriam de quatro derrotas e um empate e, consequentemente, descida ao décimo segundo posto da Série B do Campeonato de Portugal, posicionando-se já nos lugares de despromoção. Para tentar reverter a situação, o Freamunde recrutou um histórico do futebol português: Helton. O brasileiro fazia a sua estreia como treinador, sucedendo a Daniel Barbosa no comando técnico dos capões. O antigo guarda-redes brasileiro era já o terceiro homem a orientar os freamundenses em 2017/2018, uma vez que era Micael Sequeira o treinador da equipa no início da temporada. Helton ainda conseguiu duas vitórias nas suas primeiras quatro partidas mas a situação não melhorou muito mais. O Freamunde não voltaria a vencer mais nenhum jogo até ao final da temporada e, com o brasileiro no comando técnico da equipa os capões, somaram seis derrotas, sete empates e apenas as duas vitórias conquistadas nos primeiros jogos com o antigo internacional canarinho. O resultado final foi um décimo quinto lugar, apenas à frente do Sousense, com vinte e oito pontos conquistados em trinta jornadas, e a consequente descida aos campeonatos distritais da Associação de Futebol do Porto.

Esperanças para a nova temporada

Havia a possibilidade de o clube não inscrever um plantel sénior para a temporada 2018/2019 ou até, mesmo, de vir a fechar portas, mas o cenário mais negativo acabou por não se verificar. O


#05 novembro2018 clube do concelho de Paços de Ferreira apostou em Pedro Barroso para comandar a sua equipa, um experiente treinador nos campeonatos principais da AF Porto e que, na temporada anterior, tinha estado na luta pela subida ao Campeonato de Portugal ao serviço do Aliados de Lordelo. No que toca a jogadores, o Freamunde elaborou um plantel recheado de jogadores jovens e talentosos, apontado, por muitos especialistas, como o plantel mais forte do seu campeonato. Apesar da qualidade da sua equipa, no que toca a questões administrativas, o Freamunde continuava a atravessar um período negro e isso refletia-se a nível desportivo. A Série 2 da Divisão de Elite da AF Porto já tinha começado e os capões tinham problemas com a inscrição de jogadores, o que resultou no adiamento dos seus jogos da primeira e da terceira jornada e na derrota administrativa, por falta de comparência, na partida da segunda jornada, diante do Lousada. Estava em aberto a hipótese de o Freamunde não vir mesmo a competir mas, à quarta jornada, deu-se a estreia dos capões, em casa do líder Rebordosa. A partida terminou empatada a um, resultado positivo, uma vez que a equipa rebordosense, por esta altura, soma oito vitórias em nove partidas disputadas, tendo apenas perdido pontos frente ao Freamunde. Nas semanas seguintes, o Freamunde teve que jogar à quarta-feira e ao domingo, para repor os jogos em atraso e, por esta altura, à nona jornada, ocupam a sétima posição do campeonato com quatro vitórias, dois empates e três derrotas (uma por via administrativa) nos jogos já realizados. Apesar da equipa continuar a ser apontada aos lugares cimeiros da tabela, o objetivo principal dos freamundenses passa por estabilizar a equipa a nível financeiro e administrativo. Prevê-se um período complicado para o clube, que é já um histórico nos campeonatos nacionais, mas espera-se que o clube de Freamunde se possa voltar a erguer e regressar aos campeonatos que noutros tempos disputou.


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Os Quatro Adormecidos... André Nogueira jorge nunes

Primeira Liga Portuguesa já se disputa desde o ano de 1934 e nela já jogaram setenta e duas equipas diferentes de todos os cantos do país. Bem, nem todos... Ainda existem distritos do nosso país que nunca tiveram uma equipa no escalão máximo do nosso futebol. São eles Viana do Castelo, Bragança, Guarda e Beja. Seguindo o sentido Norte-Sul, vamos bater à porta de cada um destes distritos para conhecer melhor a sua história, ou melhor, a falta dela, no que há Primeira Liga diz respeito.

A

Viana do Castelo

Começamos no distrito mais nortenho do país: Viana do Castelo. Antigamente denominada Viana da Foz do Lima, a cidade tinha como principal função ser a primeira linha de defesa do território nacional contra eventuais invasões piratas oriundas de terras galegas. Os vianenses são, como se pode constatar, um povo lutador e aguerrido. Ainda assim, no mundo futebolístico, não espelham essa força nem resistência. As equipas deste distrito não só nunca chegaram à Primeira Liga, como também não foram sequer capazes de atingir a Segunda Liga uma única vez. Então, por onde andam os clubes de Viana do Castelo? A resposta é simples: pelas divisões amadoras, como assim tem sempre sido…


#05 novembro2018 Hoje em dia, a melhor aposta que o distrito pode fazer para atacar uma inédita subida ao escalão principal do futebol nacional seria através da Associação Desportiva “Os Limianos”. O clube da vila de Ponte de Lima milita atualmente no Campeonato de Portugal Série A, mas ocupa uma “preocupante” décima quinta posição na tabela classificativa. Os comandados por José Carlos Fernandes somam quatro pontos em oito jogos, ocupando uma posição de descida. A vinte e seis jogos do fim do campeonato, o Limianos está a três pontos das posições de permanência, o que é perfeitamente acessível, mas a catorze pontos da primeira posição de play-off de subida, o que faz com que uma eventual promoção à Segunda Liga, esta temporada, seja, para já, um sonho pouco realista. Ainda assim são a melhor esperança a curto prazo para fazer chegar o futebol de primeira ao distrito de Viana do Castelo. Uma equipa jovem, com apenas um jogador não falante de língua portuguesa, o que vai permitir criar entendimentos de jogo mais vincados entre os atletas. Para encontramos o melhor registo do clube vianês foi preciso recuarmos à temporada de 2013/2014. Orientados por Carlos Cunha, o Limianos, que contava no seu plantel com jogadores como Vasco Costa (ex-Vitória FC) ou Luís Pimenta (ex-Boavista), venceu a sua série do extinto Campeonato Nacional de Séniores, garantindo, assim, um lugar no play-off de subida da Zona Norte. Aí, acabou por não conseguir realizar um bom desempenho perante plantéis com mais orçamentos, como é o caso do Vitória SC B, cujos melhores marcadores foram Bernard Mensah (hoje jogador do Atlético de Madrid) e Hernâni (atualmente no FC Porto). A título de curiosidade, falhando a subida esteve também o Boavista, que terminou na quarta posição do play-off. No distrito de Viana do Castelo há outro nome a saltar à vista: o Sport Clube Vianense. Fundado a 13 de março de 1898, o emblema azul e branco conta com sete participações no Campeonato de Portugal. Porém, caso o extinto Campeonato de Portugal (com formato de taça), fosse reconhecido como a verdadeira primeira Liga Portuguesa, o Vianense representaria Viana do Castelo, tornando este texto também ele “extinto”. Porém, enquanto a polémica ainda hoje reside na sede da FPF, muito por força do Sporting CP, o Vianense continua sem conseguir aproximar-se dos campeonatos profissionais, sendo, neste momento, líder do campeonato distrital. De destacar, ainda, o Neves Futebol Clube e a Associação Desportiva de Ponte da Barca, com uma participação no Campeonato de Portugal, cada um.


Futebol total Bragança

Costuma-se dizer que “para lá do Marão mandam os que lá estão”, mas parece que para os bragantinos continuam a “mandar” no seu distrito mas pouco fora dele... Posto isto, o distrito de Bragança é o segundo desta lista e encontra-se numa situação muito semelhante a Viana do Castelo no que diz respeito a nunca ter tido nenhuma equipa representada nas duas principais ligas do futebol português. Mas a luz ao fundo do túnel está mais perto para os transmontanos, isto porque, também no Campeonato de Portugal, milita o Sport Clube de Mirandela. Só que a equipa bragantina ocupa a quinta posição, estando a apenas quatro pontos dos lugares de subida, o que é um cenário bem mais positivo do que o d’Os Limianos. O técnico Rui Borges é natural de Mirandela, ex-jogador do clube e, por isso, sabe muito bem da importância que teria para o distrito conseguir chegar a um campeonato profissional. Para já, estão num bom caminho para dar o primeiro de dois passos rumo a esse grande objetivo, já que se encontram apenas a quatro pontos das posições de subida. O melhor alcançado pela formação do Mirandela remonta à temporada de 2014/2015. Nesse ano, o segundo lugar na série foi suficiente para marcar presença no play-off de subida da zona Norte. O quinto lugar foi pouco, terminando com metade dos pontos do segundo classificado (Varzim) e menos vinte e três que o campeão (Famalicão). Mais perto esteve o clube do distrito, o Grupo Desportivo de Bragança. Embora, atualmente, esteja fora do Campeonato de Portugal, depois da despromoção na temporada passada, já chegou a estar a uns meros sete pontos da Segunda Liga. Uma temporada depois da melhor prestação de sempre do Mirandela, foi a vez do Bragança vencer a Série A (que, curiosamente, contava com Mirandela, Limianos, Vianense e Neves FC) e apurar-se para o play-off de subida. Desta vez, a prestação positiva do Bragança (com metade das partidas vencidas), não foi suficiente perante um Vizela e um Fafe muito fortes. Juntos, somaram apenas uma derrota em catorze jogos, destruindo os sonhos brigantinos. Bragança viu outra equipa do seu distrito a cair do Campeonato de Portugal na temporada passada. O Centro Cultural Desportivo Minas de Argozelo, na sua segunda participação na competição, voltou a não conseguir descolar-se da última posição. Por fim, o Vila Flor Sport Clube conta com a temporada de 2013/2014 como a única passagem pelo terceiro escalão, no extinto Campeonato Nacional de Séniores. Também com


#05 novembro2018 uma presença, o Grupo Desportivo Torre de Moncorvo nunca conseguiu voltar à competição onde participou na temporada de 2016/2017.

Guarda

Chegamos ao distrito mais alto de Portugal Continental, mas nem por isso consegue chegar ao “pico” do futebol nacional. Tal como os vizinhos a norte (Bragança), Guarda nunca sentiu o sabor nem da Liga NOS, nem da Segunda Liga, sendo o distrito, dos já mencionados, que está mais longe de o conseguir. Tal como Viana do Castelo e Bragança, também a Guarda tem apenas uma equipa no Campeonato de Portugal, o Sporting de Mêda. Porém, o clube da beira-alta ocupa a última posição da sua série, com oito derrotas em outros tantos jogos, o que faz com que uma possível descida à divisão de elite se possa ver como uma realidade. As esperanças do distrito poderão residir também, no futuro, no Clube Desportivo de Gouveia. Apesar das duas experiências no Campeonato de Portugal, o clube nunca se conseguiu manter mais do que um ano, estando agora na primeira divisão distrital. Falta ainda destacar a Associação Desportiva de Manteigas que, na temporada de 2013/2014, teve a sua única participação no terceiro escalão e o Sporting Clube do Sabugal, dois anos depois. Estará o distrito da Guarda condenado a ser o último sem qualquer representação na principal liga do futebol nacional? Ou será a cordilheira central um presságio para “altos voos” que estão para vir?

Beja

E chegamos ao último dos que chamamos, neste artigo, de distritos adormecidos: Beja. Último só mesmo pela ordem, porque é precisamente o distrito alentejano o que já esteve mais perto de acordar para a elite do futebol português. Na temporada de 1996/1997, o Clube Desportivo de Beja fez história ao ser o primeiro clube de Beja a chegar à Liga de Honra (Segunda Liga), com o objetivo de levar essa história a contornos bem mais épicos, com uma eventual subida. Acontece que as coisas não correram de feição para a formação alentejana… O CD Beja terminou a temporada na décima sétima posição e regressou aos campeonatos semiprofissionais. Desde então, mais nenhuma equipa de Beja conseguiu chegar tão alto quanto o CD Beja chegou. Mas há outros candidatos. Hoje em dia, na série D do Campeonato de Portugal militam o Moura Atlético Clube e o Vasco da Gama Vidigueira que, à oitava jornada, ocupam a décima segunda e a décima sexta posições, respetivamente.

O Moura soma dez pontos em oito jogos, estando a seis pontos das posições de subida. A melhor prestação na prova foi no seu ano de estreia, em 2013/2014.Ficando apenas a dois pontos do Ferreiras e a quatro do Pinhalnovense, falhou o play-off de subida, vencendo, de seguida, a fase de manutenção, sem muitas dificuldades. Desde então, tem apresentado bons resultados, acabando nos lugares cimeiros da primeira fase da prova, mas sem nunca conseguir o play-off para uma possível promoção aos campeonatos profissionais.

Já o Vasco da Gama Vidigueira soma quatro pontos e está em posição de descida (a cinco pontos dos lugares de permanência). Trata-se de uma estreia na competição. Ainda assim, as casas de apostas mostrarão, certamente, que o clube terá uma difícil e longa tarefa para se manter. Mais participações tem o Sport Clube Mineiro Aljustrelense. Nas duas vezes que estava inscrito na prova, não aguentou e desceu de divisão. Atualmente é líder distrital e poderá ser um nome presente na edição do Campeonato de Portugal da próxima temporada. Por fim, honras também para o Futebol Clube Castrense. A formação de Castro Verde estreou-se no Campeonato de Portugal em 2015/2016. No ano passado, voltou a ter mais uma curta experiência na divisão, terminando nas últimas posições da Série E (vencida pelo Farense, um dos dois promovidos à Segunda Liga). Embora as posições não sejam as mais desejáveis, Beja é, em teoria, dos quatro, o distrito que está mais próximo de fazer chegar uma equipa à Primeira Liga... Mas, até isso acontecer, o futebol de primeira, em Beja, vai continuar a dormir debaixo do chaparro... Estes são os quatro adormecidos. Os quatro distritos que ainda não disputaram a competição máxima do futebol português. Será que alguma vez acordarão para um futuro risonho ou a Primeira Liga só lá chegará pela televisão? Só o tempo o dirá.


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#05 novembro2018 A temporada de 1945/1946 ficará na memória de todos os portugueses pelo facto de um dos três grandes não ter sido campeão. Ao invés, quem festejou foi o Belenenses, que se vinha mostrando como um dos melhores clubes em Portugal e que, por muito pouco, não chegou a novo título, alguns anos depois.

e o belém é campeão!

André Nogueira

lhar para o Belenenses, neste momento, é olhar com tristeza. Tristeza pelos acontecimentos recentes que vão ocorrendo num clube histórico, que já foi campeão português. É, a par do Boavista, um dos poucos campeões nacionais para além dos denominados “três grandes”. Num passado recente, o Belenenses passou de uma equipa que, de vez em quando, alcançava uma posição europeia e conseguia uns bons resultados temporariamente para um clube que desceu e voltou a subir, voltou a ir à Europa e que hoje se fica pela permanência. O CF “Os Belenenses”, também conhecidos por Azuis do Restelo, não podem ser confundidos com a formação que milita na Liga NOS, uma vez que essa pertence à SAD… e joga no Estádio do Jamor. Uma confusão, eu sei. Mas não é isso que nos traz aqui hoje. Vamos retomar à temporada de 1945/1946, o ano do título nacional e tudo o que era de Lisboa. Já lá vamos…

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Um grande como os outros

Até à entrada do ano de 1946, a distribuição dos títulos nacionais estava, mais ou menos, organizada como hoje, com a óbvia diferença da quantidade. O SL Benfica, campeão em título, tinha acabado de celebrar o sexto título da sua história. No ano anterior, foi o Sporting CP a ser feliz pela segunda vez, o primeiro título havia sido na temporada de 1940/1941. No ano anterior a

esse, o FC Porto tinha celebrado o seu terceiro e último título, em onze anos de competição. Porém, não devemos olhar para o Belenenses como um outsider que, com sorte, também inseriu o seu nome na lista de vencedores. Nada disso. Se existe um campeão, também existe um segundo ou um terceiro classificado, que nunca são falados mas que também não devem ser esquecidos. Durante esses onze anos, o Belenenses esteve no pódio por seis ocasiões, onde se contabilizam dois segundos lugares. Além disso, já tinham festejado o extinto Campeonato de Portugal por três vezes (1927, 1929 e 1933), além de quatro Campeonatos de Lisboa (1926, 1929, 1930 e 1932), com o quinto troféu a ser conquistado também em 1946. Na Taça de Portugal, contava com uma vitória em três finais disputadas (1942).

O percurso até final

Embora na liderança desde, praticamente, o começo do campeonato, a derrota em Olhão, frente ao Olhanense (2-0), na décima jornada, faz com o SL Benfica assuma a liderança. Convém lembrar que, duas jornadas antes, o Belenenses tinha ido à Luz perder pelo mesmo resultado. Até à décima nona jornada, quando os dois emblemas se voltam a encontrar, o Belenenses não perde um único ponto, mas o SL Benfica também não. Pelo caminho, o SL Benfica derrotava o FC Porto por 0-2 e o Sporting CP por uns expressivos 7-2. Do outro lado, vitória por 2-1 frente ao Sporting CP.


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Nas Salésias, Manuel Andrade apontou o golo da equipa da casa, o único da partida, recolocando o emblema azul no topo. Passado o SL Benfica, seguia-se o FC Porto. Mais uma vez, vitória pela margem mínima num jogo onde o tempo parecia não passar. A duas jornadas do fim, serviu-se a vingança ao Olhanense. 6-0, sem falsas modéstias. Restava o SL Elvas, fora.

Do desejo à concretização

Se toda a gente sabia que o Belenenses precisava de vencer, em campo começava mal. Com apenas três minutos decorridos, Patalino colocava o SL Elvas em vantagem, resultado ao intervalo. “Tenho a impressão que nem falámos. Entramos surdos e mudos, todos amuados”. Era este o ambiente no balneário, descrito por Manuel Andrade, anos mais tarde. E não eram precisas palavras, mas sim golos. E mais do que um, pois o empate também entregava o título ao SL Benfica, que vencia o Vitória SC (4-1). Foi o mesmo Manuel Andrade, com um Belenenses (ainda) mais ofensivo em campo, a chegar ao golo da igualdade. Com uma arrancada fortíssima de Vasco Oliveira pela direita, só conseguiu ser travado em falta. Andrade encarregou-se de converter o livre. Faltava ainda mais um golo. O SL Elvas, orientado por Valadas, antigo jogador dos encarnados, apenas nessa partida, defendia o resultado como podia. Até entrarmos no minuto 77. Vasco Oliveira volta a conquistar jardas e assistir Artur Quaresma. Este tenta visar a baliza mas há um desvio oportuno de Rafael Correia para o fundo das redes. Estava feito, o Belenenses era campeão! A equipa não se limitou a defender e continuou a atacar até final. De volta a Lisboa, com jogadores e adeptos a regressarem juntos, em viaturas particulares, a festa durou a noite toda. Existiam gritos, abraços e choros. Um mar de gente a festejar, algo que ainda hoje parece mentira. Nenhum dos três grandes era campeão, era o Belenenses. Mais especial é quando pensamos que só na temporada de 2000/2001, com o Boavista a

ser campeão, este feito se voltaria a repetir.

A quatro minutos do segundo título

O Sporting CP, comandado por Alejandro Scopelli, já com o terceiro lugar consumado, sem hipótese de ascender ou descer de posição, visita o terreno do líder, o Belenenses, orientado por Fernando Riera. Perto do Campo das Salésias, em Lisboa, o SL Benfica recebia o Atlético CP no estádio da Luz. Ao Belenenses bastava fazer melhor ou igual que as águias, os encarnados precisavam de vencer e esperar um desaire azul. De um lado, Matateu. O melhor marcados do campeonato e a grande estrela da equipa. Aliás, falar de Matateu é falar do Belenenses e viceversa. O moçambicano chegou a Portugal em 1951 e foi a tempo de vencer uma Taça de Portugal e de marcar treze golos em vinte e sete jogos com a camisola da Seleção das Quinas. Do outro lado, dois dos famosos cinco violinos: Albano e Travassos. Além disso, contavam também com João Martins, segundo melhor marcador da Liga, atrás de Matateu por uma diferença de dez golos. Ao intervalo, 2-1 para o Belenenses e 1-0 para o SL Benfica. O título era dos Azuis do Restelo, com Matateu a fazer o golo a quatro minutos do intervalo. Quatro minutos. Decore isto. A segunda parte começava com uma estratégia bem vincada. Defender o resultado, sem deixar que os leões tivessem muita posse de bola. Do outro lado, mais dois golos para o SL Benfica. O Belenenses dependia apenas de si. Nessa luta contra o relógio fica na memória um penálti por assinalar sobre Matateu, um golo mal anulado e um golo que não foi validado, apesar do memorável guarda-redes leonino Carlos Gomes, anos mais tarde, reconhecer que a bola tinha, efetivamente, entrado. Mas se as coisas pareciam complicadas, a quatro minutos do fim (avisei para decorarem), João Martins faz o 2-2, num ressalto. O Sporting CP empatava e entregava o título ao SL Benfica. Quem diria?



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#05 novembro2018

Pablo Machín

um treinador especial Cedo teve de abandonar a carreira de futebolista mas não o impediu de continuar no futebol. Apaixonado pela tática e pelo jogo treinado, Pablo Machín foi uma das revelações da temporada passada, ao serviço do Girona. Agora, pelo Sevilla, vai em busca de fazer história, como já o começou a fazer...


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André Nogueira francisco craveiro

esde que iniciou a carreira de treinador, Pablo Machín raramente olhou para o futuro, concentrando-se sempre no presente. Essa atitude levava o técnico espanhol a não entrar em euforias quando vários resultados positivos iam aparecendo, tal como o primeiro lugar conquistado pelo Sevilha. Sempre com uma atitude positiva, esperou pela oportunidade de ir subindo na carreira, apresentando trabalho por onde passava. Nascido em Gómara, uma pequena localidade na província de Sória, a 7 de abril de 1975, o futebol não fazia parte do dia-a-dia da família ou da terra. Sem qualquer campo de futebol ou centro desportivo na terra, Machín teve de se mudar para seguir a sua paixão.

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Era muito difícil de se prever que o lateral direito do CD Numancia, da Segunda Divisão B espanhola, iria ser reconhecido no país enquanto treinador. Com apenas duas temporadas realizadas, uma lesão no joelho forçou a retirada precoce dos relvados, com apenas 23 anos. Porém, a sua paixão pelo futebol era demasiado grande para a história terminar assim. Começou o curso de treinador e orientou as camadas jovens do clube desde 2000, durante onze anos. Iniciando como treinador de guarda-redes, chegou a treinador principal de várias equipas das camadas jovens, conseguindo uma subida à Primeira Divisão de júniores.

Antes de chegar à equipa principal do CD Numancia, orientou, ainda, a equipa B, alcançando uma subida à Terceira Divisão. Face ao sucesso alcançado no clube, a 1 de junho de 2011, foi apresentado como treinador principal do CD Numancia, começando, verdadeiramente, o seu trajeto de glória... ou não. Depois de duas temporadas irregulares, terminando na metade da tabela, abandonou o clube quando terminou o curso de treinador. A 9 de março de 2014, inicia-se a relação entre Pablo Machín e o Girona. O primeiro objetivo seria o da permanência, feito que alcançou, vendo o seu contrato ser renovado. Apesar de ter o orçamento mais baixo da Segunda Divisão, na temporada de 2014/2015, o Girona chegou à última jornada na segunda posição, com possibilidade de subida. Apesar disso, o empate com o Lugo (1-1) fez com que a formação catalã perdesse a hipótese de subida direta. Qualificando-se para o play-off, a prestação foi curta, sendo imediatamente eliminado pelo Real Zaragoza, por golos fora. Na temporada seguinte, após uma segunda volta sem igual, com apenas duas derrotas, o Girona conseguiu alcançar o play-off de subida, acabando derrotado pelo Osasuna. Os adeptos só conseguiram suspirar de alívio na temporada de 2016/2017. Pablo Machín, depois de dois anos muito positivos, conseguia levar a formação catalã ao principal escalão do futebol espanhola, pela primeira vez na sua


#05 novembro2018 história. O Girona terminava na segunda posição, a catorze pontos do campeão Levante, mas com o melhor ataque da competição. “Disfrutar porque nada de igual se repete na vida”, declarava Machín durante a festa de subida.

Quando Lopetegui lhe pediu ajuda

Era Machín ainda treinador do Girona e Lopetegui selecionador nacional da Espanha quando tudo aconteceu. No dia 27 de fevereiro, Girona e Celta de Vigo jogavam mais uma jornada da La Liga, com Lopetegui de olho em Iago Aspas e Portu para uma possível convocatória. Porém, tentava também conversar com Pablo Machín e entender mais sobre o seu esquema tático e como conseguia retirar tanto sucesso dele. Numa tentativa de utilizar a mesma estratégia com a seleção frente a equipas mais defensivas, os dois técnicos falaram, no final do jogo, durante mais de duas horas. No final, Machín convidou Lopetegui a assistir a um treino do Girona, dando início a uma amizade entre ambos. Enquanto Machín mantém o seu esquema e a sua ideologia, independentemente do clube que treina, Lopetegui adapta-se ao plantel. Já este ano, no jogo entre o Sevilha de Pablo Machín e o Real Madrid de Julen Lopetegui, a 26 de setembro, a estratégia que havia encantado o antigo treinador do FC Porto acabou por o derrotar por uns humilhantes 3-0.

Desde o único título

À oitava jornada, o Sevilha subiu para líder do campeonato. Tal feito já não acontecia desde a temporada de 1945/1946, ano em que os sevilhistas conquistaram o único título da sua história. Porém, desde 1940/1941 que uma equipa não era líder com tão poucos pontos. Desde a temporada de 2011/2012 que nenhuma outra equipa, além de Barcelona, Real Madrid ou Atlético Madrid liderava a tabela classificativa espanhola. Por parte do Sevilha, para ver o clube no topo, o último registo vem de 2006/2007, com Juande Ramos como treinador, à vigésima quinta jornada. Na oitava jornada, o Sevilha era segundo, a um ponto do Barcelona.

Começa cedo

Pablo Machín assume o comando do Sevilla que procurava um espírito novo no comando técnico, após o sétimo lugar na temporada passada e de um ano muito atribulado, com momentos altos como os quartos de final da Liga dos Campeões e a final da Copa del Rey, onde acabaram derrotados por uns expressivos 5-0, frente ao Barcelona. Na chegada a Sevilla, esta temporada, temos jogadores como Tomás Vaclík, André Silva, a promessa holandesa Quincy Promes, o experiente Roque Mesa ou ainda os retornos de Aleix Vidal e Jesús Navas. Se chegam

O seu esquema passa por uma solidariedade entre linhas, compacto na defesa e saindo em velocidade para o ataque, aproveitando as subidas dos laterais. A posse de bola não é necessária, mas os resultados dão-lhe razão. nomes com esta grande qualidade, chegam também jovens promissores como Joris Gnagnon e Ibrahim Amadou, vindo da Ligue 1. Com pouco tempo para preparar a equipa, Pablo Machín estreia-se, imediatamente, nas competições europeias, algo que poderia ser problemático para este jovem treinador, mas a realidade é que, muito cedo, o emblema de Sevilla se assume como uma equipa muito forte ofensivamente e com a formação de 3-4-2-1, formação esta que já era utilizada pelo treinador na sua passagem pelo Girona na temporada passada. Como diria Jaime Parejo, jornalista no jornal ABC de Sevilha: “O seu esquema passa por uma solidariedade entre linhas, compacto na defesa e saindo em velocidade para o ataque, aproveitando as subidas dos laterais. A posse de bola não é necessária, mas os resultados dão-lhe razão”. Apesar da sua equipa ter uma das menores percentagens de bola dos três primeiros classificados das principais ligas europeias, apenas entra neste ranking por ser... um dos três primeiros classificados. Provando que não é necessário ter bola para se vencer. Com vitórias no Ramón Sanchéz Pizjuán e na Hungria, facilmente, o Sevilla atropela o Ujpest na primeira ronda da Liga Europa. Seguia-se o Zalgiris, onde os sevilhistas venceram por 1-0, em casa, num jogo dominador mas pouco conseguido na sua finalização. Acabaria por vencer por 5-0, na Lituânia, com Pablo Sarabia em destaque e a carimbar mais uma passagem à próxima ronda. Pelo meio, a Supertaça espanhola realizou-se em Marrocos, um grande jogo contra os Blaugrana, com os dois guarda-redes em grande evidência. Vaclík a afirmar-se como o guardião total das redes do Sevilla. Curiosamente, foi um jogo que este que ele fez de ‘direta’ devido a uma queda da sua


Futebol total filha, fazendo-o passar toda a noite anterior no hospital com ela. Notável o sacrifício do checo. O Sevilla esteve muito perto de empatar esta partida e levar para o prolongamento a Supertaça, não fosse o falhanço de Ben Yedder para lá dos noventa minutos. Num jogo em que Pablo Machín sentiu que estava ao seu alcance o primeiro troféu ao comando dos Rojiblancos, tal acabou por não acontecer.

Início de Campeonato e Liga Europa

Iniciava-se a La Liga com uma vitória confortável, por 4-1, em casa do promovido Rayo Vallecano. Aqui aparece o primeiro grande protagonista deste novo Sevilla: André Silva a carimbar um hat-trick, algo que já não se concretizava desde 14 de setembro de 2017. Mais uma etapa europeia, com uma visita ao checos do Sigma Olomouc, terminada com uma vitória suada por 1-0, já perto do final, num jogo muito aberto. Essa eliminatória seria facilmente resolvida, em casa, frente aos seus adeptos, uma semana

depois, com um 3-0. Neste jogo, Pablo Machín iria alterar ligeiramente as dinâmicas ofensivas da sua equipa ao trocar o anterior 3-4-2-1, com dois avançados interiores no apoio ao ponta, para dois avançados mais esticados a dar profundidade à sua equipa e à procura de presença na área com bons cruzamentos para servir André Silva ou Ben Yedder. Pelo meio, uma receção ao Villarreal que acaba num empate sem golos. Um jogo muito equilibrado e pouco inspirado do ataque de Pablo Machín, com apenas dois remates enquadrados em onze

tentativas de golo à baliza do submarino amarelo.

Dérbi de Sevilla e desaire em casa

No primeiro dérbi de Pablo Machín, o Sevilla visitava o seu arquirrival: o Bétis. Foi uma partida bastante fraca, com muitos cartões amarelos, a juntarem-se à expulsão de Roque Mesa, já na segunda parte, que acabaria por ter influência directa no resultado final. Vitória do Bétis a dez minutos do final, com um golo de Joaquín. Balde de água fria para o Sevilla, jogo em Pablo Machín tardou em mexer na sua equipa e pagou caro por isso. A jogar no seu estádio, o Sevilla viu o fantasma do jogo do Villarreal voltar muita ‘parra e pouca uva’, como se costuma dizer. Dois golos sofridos ainda na primeira parte davam a segunda derrota consecutiva ao Sevilla, no campeonato. Adeptos contestaram e queixaram-se da falta de eficácia do seu clube, que voltava a estar num dia menos positivo.

Máquina de fazer golos: dupla André Silva/Ben Yedder e o Real Madrid

Após estes dois desaires, o técnico espanhol sentiu-se na necessidade de mudar, uma vez mais, a sua formação, mas sem nunca perder a sua base táctica. Passa a jogar num 3-5-2, com cinco médios a preencher bem o meio-campo e dois pontas de lança fixos. Com estas alturas, acumularam, até ao jogo com o Barcelona, vinte e dois golos marcados e dez golos sofridos.


#05 novembro2018 Vitória notável, em casa, sobre os belgas do Standard Liége, para o Grupo J da Liga Europa, por 5-1! Seguiam-se três triunfos para o campeonato... e triunfos volumosos. 6-2 em casa do Levante. A dupla André Silva e Ben Yedder nasce nesta partida, com um hat-trick do francês e um golo para o internacional português. Chegava um jogo muito importante contra os Madrileños, no Rámon Sánchez Pizjuán. Uma primeira parte de grande classe da turma de Machín, colocou-os a vencer os campeões europeus por 3-0. Mais uma vez, a dupla de avançados a ter um papel chave nesta vitória. Seguia-se uma vitória segura, frente ao Eibar, por 3-1, fora de casa. Isto permitia o Sevilla almejar o primeiro lugar da La Liga Santander. Entretanto, mais um desaire, desta vez na Liga Europa, numa deslocação sempre difícil a território russo. Derrota por 2-1, frente ao Krasnodar, num jogo desinspirado dos Rojiblancos. Ainda assim, voltava à sua forma no campeonato, com uma vitória contra o Celta de Vigo, num jogo tranquilo.

Até onde pode chegar este Sevilla?

Já nesta última jornada, a jornada nove da La Liga, com oportunidade de segurar o primeiro lugar, Pablo Machín voltava a enfrentar o Barcelona e acabaria por terminar a sua série vitoriosa, ao perder por 4-2, numa partida em que o Barcelona foi superior sobretudo na primeira parte e obteve um Ter Stegen muito inspirado na baliza. Sem hipótese para a equipa do Sevilla que, mesmo assim, tentou impor o seu estilo de jogo. Teve oportunidades, sobretudo no segundo tempo, para conseguir levar pelo menos um ponto do Camp Nou. Os esforços revelaram-se em vão perante uma exibição categórica do internacional alemão. Posto tudo isto, a equipa do Sevilla regista um início de temporada muito forte e promissor, com vinte

golos marcados em, apenas, nove jogos na La Liga. Impõe-se no campeonato espanhol como um potencial candidato a ameaçar um possível ataque ao título. No entanto, os seus pontos fracos estão no sector defensivo. Apesar de contarem com jogadores com bastante experiência, como Daniel Carriço ou Simon Kjaer, a qualidade do meio campo para a frente é muito superior à da sua defesa, o que pode causar alguns problemas, sobretudo alinhando numa formação tão ofensiva como são as estratégias e táticas impostas por Pablo Machín. A verdadeira questão é: até onde consegue chegar este Sevilla? Pode ser um candidato ao título em Espanha? Pode vencer a Liga Europa, uma vez mais? Teremos que esperar para ver e perceber se a forma dos seus avançados se mantém e se o sector defensivo consegue apanhar o ritmo dos seus goleadores. Para já, o treinador espanhol já vai pensando em reforços para janeiro, quando ainda temos mais dois meses de jogos pela frente até lá, que poderão definir o futuro sevilhista em várias competições, principalmente na Liga Europa.


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#05 novembro2018

SARPSBORG 08

CIDADE DO FUTEBOL ESPETÁCULO A cidade pedia um clube que voltasse às elites do futebol norueguês e tal só foi possível com a associação dos clubes já existentes. Até ao conto de fadas, o emblema de Sarpsborg passou por várias dificuldades, quase declarando falência. Hoje, é um dos clubes presentes na Liga Europa e um potencial candidato a campeão nacional, dentro de poucos anos.


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André Nogueira

Sarpsborg 08 Fotballforening, também conhecido por Sarpsborg 08 ou apenas Sarpsborg, é um clube norueguês que cresceu de forma repentina, chegando, este ano, à Liga Europa. Trata-se de um clube que foi sofrendo várias alterações, de forma a se tornar uma região mais forte no desporto-rei. Após tantas mudanças, cimentou-se na Eliteserien (nome da Primeira Divisão norueguesa) em 2012 e deixou para trás a história gloriosa de clubes que ainda não eram um.

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Na cidade fluvial de Sarpsborg, com cerca de 51 mil habitantes, a pouco mais de 90 km da capital, o futebol faz parte do dia-a-dia desde de que há memória. Fosse através do poderoso Sarksborg FK, fosse pelo IL Sparta, a alegria do desporto-rei percorria a cidade… mas queriam mais. “O que fizemos este ano é, definitivamente, uma grande conquista desportiva.”, começou por contar Cato Haug, presidente do Sarpsborg 08, a um jornal local. “Derrotar St. Gallen, Rijeka e Maccabi Tel Aviv são três conquistas formidáveis e, em suma, é extremamente importante termos conseguido o que conseguimos. Significou mudar a atitude e a cultura de toda a cidade”. Desde do regresso ao topo da pirâmide do futebol norueguês, o clube conta já com duas finais da taça, um terceiro lugar no campeonato e, agora, uma presença na fase de grupos da Liga Europa, a segunda maior competição de clubes.

O (re)começo e os antepassados

Numa cidade de trabalho árduo, com tradições de marcenaria e com uma forte entreajuda, não existia o futebol champanhe na cidade, mas o sucesso desportivo era conquistado com a água da torneira e as luvas de trabalho. O ouro citadino começou com Sarpsborg FK durante o começo do século XX até inícios da década de 50. Apesar de nunca ter conseguido vencer o campeonato, o prestígio ia aparecendo desde a taça. Contabilizam-se seis vitórias (1917, 1929, 1939, 1948, 1949, 1951), além de outras seis finais perdidas, ficando-se pelas medalhas de prata. No campeonato, nas temporadas de 1964 e 1965, os dois terceiros lugares conseguidos foram o expoente máximo de um dos clubes que aceitou a fusão para a criação do Sarpsborg 08. Por outro lado, o IL Sparta celebrou a vitória da Taça em 1952, mas nunca chegou à principal divisão do seu país. Em 2004, o clube alterou o nome para Fotballklubben Sparta Sarpsborg, para mais tarde se associar ao Sarpsborg 08. Ainda assim, a insatisfação com esta parceria fez o clube regressar, estando agora a participar na quarta divisão, após a promoção em 2010.


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A partir de 1999, na cidade de Sarpsborg, começou o planeamento para a criação de um clube que representasse a cidade e a elevasse a clube de elite no país. A decisão não caía bem aos adeptos do Sarpsborg FK, uma vez que tinham sido o maior clube da cidade e essa história seria assim ‘apagada’. “Eu era dirigente do SFK na altura (…), era um clube que tinha ganho muito, sido o maior da cidade e, por isso, foi como uma pílula complicada de engolir para muitos”, explicava Jon Henriksen.

Início atribulado

Quando, finalmente, se chegou a um acordo final sobre a colaboração de todos os emblemas da cidade, os problemas não desapareceram. Mudanças de nome, saídas de associações, brigas e problemas financeiros. Em 2001, começa na terceira divisão regional com o nome de Borg Fotball. Em 2003, garantia a promoção à segunda divisão regional e alterava o nome para FK Sparta Sarpsborg. Quando já se falava da criação de um novo projeto, a promoção à primeira divisão regional, em 2005, deixou essas ideias por terra. Depois de evitar a descida em 2007 por falta de licença do Raufoss IL, alteravam o nome, uma vez mais, na temporada seguinte, para Sarpsborg Sparta FK. Kai Andersen, o técnico que havia conseguido as promoções regionais da quarta para a primeira

divisão, dava lugar ao sueco Conny Karlsson. Mesmo com poucos recursos, o emblema ia queimando etapas rapidamente. Em 2009, definiam o nome final de Sarpsborg 08 FF para, na temporada seguinte, conseguirem a promoção à Tippeligaen, nome da segunda divisão norueguesa. Porém, os problemas iam-se acumulando. Começando por jogadores eram utilizados quando se encontravam impedidos até chegar ao mais grave: o jovem clube está agora perto da falência. “Tanto antes de eu entrar, como depois, não tínhamos dinheiro para pagar todos os meses. Havia contas que nós tivemos de esperar e havia períodos em que as companhias dos autocarros nos diziam que não dirigiam mais pelo clube porque não pagávamos há muito tempo. Estávamos perto de um ponto sem retorno”, conta Cato Haug, atual presidente do Sarpsborg 08 que, na altura, era um gerente geral recém-nomeado. O treinador abandonou, entrando Roar Johansen para o seu lugar. Os jogadores recorriam a amigos e desconhecidos para obterem dinheiro suficiente para necessidades básicas. Ainda assim, perante um clima tão negro, os adeptos não abandonaram a equipa. “Era o nosso trabalho e nós amamos o clube. Queríamos dar algo em troca, tentando salvar o que restava”,


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Juntos ficamos e vivemos na cidade onde a grandeza cresce. Apesar das derrotas, nunca desistimos. Toda a gente nasce com azul por dentro. Só importa defender a nossa cidade declarava Ole Heieren Hansen, defesa de 31 anos, em Sarpsborg desde 2005 até 2017. “Nada cresce, diretamente, para o céu. Tens de passar por alguns períodos difíceis também. Eles sentem o clube e a cidade fortalece esse espírito. É por isso que a parede da fundação é tão forte”.

“Onde a grandeza acontece”

O apoio dos adeptos revelava-se consistente e fundamental. Em 2010, através da segunda posição na tabela classificativa, o clube atinge o topo nacional, garantindo um lugar na Eliteserien. Porém, a falta de qualidade e de profundidade do plantel era notória e os resultados não iam aparecendo. Mas, como já tinha acontecido anteriormente, os adeptos tinham orgulho no clube da cidade e, entre todas as formas de apoio, lançaram uma música que ainda hoje é apresentada com orgulho. Com o nome de “Der Storhet Gror”, que em

português significa “onde a grandeza acontece”, a cidade apresenta toda a sua paixão e orgulho pelo emblema. “Juntos ficamos e vivemos na cidade onde a grandeza cresce. Apesar das derrotas, nunca desistimos. Toda a gente nasce com azul por dentro. Só importa defender a nossa cidade”, pode-se ler na letra da canção, interpretada por Lars-Ingar Bragvin Andresen. Além de tudo isso, nas bancadas do estádio, existe o chamado “Grupo de Mulheres”, onde, diariamente, servem almoços para jogadores, funcionários e voluntários na loja VIP. Apesar da presença da palavra ‘VIP’, as diferenças são poucas, tendo em conta o estilo de trabalho em Sarpsborg.

Cair e levantar ainda maior

A árdua luta pela permanência terminava da pior maneira. Com um péssimo registo de vinte e um jogos consecutivos sem vencer, onde se registaram cinco empates, o Sarpsborg 08 não saiu da última


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posição, regressando ao segundo escalão. À oitava jornada, o clube encontrava-se na sexta posição com treze pontos. Vinte e duas jornadas depois, foram conquistados, apenas, mais oito pontos. Na temporada seguinte, e com a afirmação de jovens como Moha Elyounoussi, atualmente jogador no Southampton e da seleção nacional da Noruega, a passagem da equipa pela segunda divisão foi curta, voltando a ficar na segunda posição da tabela classificativa e conseguindo o regresso à Eliteserien. Promovido à primeira divisão, o clube já mais de lá saiu, arranjo sempre uma maneira de melhorar a temporada anterior. Em 2015, já com Geir Bakke no comando técnico, marcaram presença na final da Taça, onde foi derrotado pelo Rosenborg, por 2-0. Depois de um sexto lugar no ano seguinte, 2017 mostrou ser um ano de sonho. Apesar de mais uma final da Taça perdida, aos pés do Lillestrom, por 3-2, o histórico terceiro lugar na tabela classificativa fez com que o pequeno Sarpsborg 08 se apurasse para a Liga Europa.

Liga Europa e o fazedor de sonhos

Com o estádio sempre cheio em jogos europeus, só abaixo do Rosenborg e das suas presenças na Liga dos Campeões, o Sarpsborg 08 e o seu futebol super ofensivo fez o que poucos sonhavam ser possível. Apesar de ter de disputar quatro eliminatórias, a inexperiência não afetou o clube que alcançou a fase de grupos. Na primeira eliminatória, os islandeses do ÍBV não apresentaram grande dificuldade à formação de Geir Bakke que seguiram


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em frente com um total de 6-0. Na ronda seguinte, o adversário foi St. Gallen, da Suíça. A derrota por 2-1, fora, acabou por ser importante na passagem. A vitória por 1-0, em casa, acabou por ser suficiente pela regra do golo fora. Na terceira pré-eliminatória, o HNK Rijeka, com presenças na Liga dos Campeões e Liga Europa no ano passado, foram à Noruega empatar 1-1. O jogo na Croácia tinha assim dificuldade acrescida, mas um solitário golo de Patrick Mortensen ao minuto 83 manteve o sonho vivo. No último desafio antes da fase de grupos, o Sarpsborg 08 defrontava os israelitas do Maccabi Tel Aviv. Numa partida

com três grandes penalidades, o clube norueguês viajava para a segunda-mão com uma vantagem de 3-1. Mais uma vez, as grandes penalidades voltaram a estar em destaque. Primeiro ao minuto 52, o Maccabi converteu a sua e ainda aumentou oito minutos depois. Em posição de eliminado, a grande penalidade convertida por Ole-Jørgen Halvorsen deu o sorriso aos adeptos e a garantia de mais seis jogos de Liga Europa para o clube. Já na fase de grupos, o clube encontrou o Besiktas, da Turquia, o Genk, da Bélgica, e o Malmö, da Suécia. Apesar do nono lugar na Liga, o emblema norueguês já provou ter qualidade suficiente para seguir em frente. Mas, se o clube tem alcançado bastante sucesso recentemente, existe um nome que é frequentemente mencionado pelos especialistas norugueses: Thomas Bernsten, diretor desportivo do clube. O diretor, em Sarpsborg desde 2013, tem garantido vendas importantes para os cofres do clube, enquanto mantém um plantel competitivo para as várias competições. Nos últimos anos, a saída de jogadores como Krépin Diatta (Club Brugge),


Futebol total Sigurd Rosted (Gent), Anders Trondsen (Rosenborg) e Aaron Olanare (Guangzhou R&F, atualmente no Beitar Jerusalém) renderam mais de cinco milhões de euros. Tendo em conta que as contratações foram, praticamente todas, a custo zero, o poder económico do clube encontra-se mais forte que nunca. O orçamento de 1,6 milhões em 2009, é agora de quase 16 milhões, em menos de dez anos. Os estádios cheios e a ligação do povo ao clube são algumas das explicações para tal evolução. Com a cabeça no sonho da Liga Europa, os estádios não deixam de ficar preenchidos frente aos outros adversários nacionais. Com o sucesso que o clube vem vivenciando, Cato Haug prefere manter o otimismo: “Se olhar para dentro de uma jarra de vidro, não há, em muitos aspetos, limitações ou motivos para não sermos campeões todos os anos e lutarmos pelos jogos europeus. Agora a base está a ficar sólida. A economia é boa, as instalações são boas, temos boas pessoas e organização, muito voluntariado. Não há nada que implique que não seremos capazes de fazer isso”. Para já, com a eliminação precoce na Taça, o clube ainda está longe de conseguir outra qualificação europeia, sendo já praticamente impossível.

Equipa base

Apesar de não possuírem um plantel com uma qualidade notável, os jogos do Sarpsborg 08 são, surpreendentemente, bastante agradáveis de se assistirem. Nos jogos em casa, apresenta um poderio ofensivo a fazer lembrar o Sevilla de Pablo Machín (também alvo de estudo nesta edição), os golos sofridos são, maioritariamente, em contrapé. Fora de portas, tem tendência a esperar pelo adversário e esperar para atacar, dando a posse de bola. Num plantel com sete nacionalidades diferentes, nos quais se inclui o nigeriano Usman Edu, que representou o União da Madeira na temporada de 2016/2017. Por outro lado, o dinamarquês Patrick Mortensen continua a mostrar a sua veia goleadora, aos 29 anos, com mais de trinta golos em quatro anos no clube. Existe também uma aposta clara nos jovens. Entre eles, destacam-se os médios Kris Zachariassen e Tobias Heintz, de 23 e 20 anos, respetivamente. À espreita de um lugar continuam Gaute Vetti (20 anos), Sulayman Bojang (21 anos), Anwar Elyounoussi (19 anos) e Johan Olstad (17 anos). De destacar ainda o lateral esquerdo Joachim Thomassen, o capitão da equipa, que, aos 30 anos, com cinco temporadas no clube, é reconhecido pela regularidade que apresenta com as suas exibições seguras. Este ano, podemos juntar ainda Joonas Tamm, presença constante na seleção da Estónia, que tem trazido mais segurança para a baliza do ex-Zenit, Aleksandr Vasyutin.


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MAURIZIO SARRI

Sarri-ball em londres Depois do sucesso alcançado na temporada de 2016/2017, no ano passado, o Chelsea de Antonio Conte teve um ano para esquecer, terminando a trinta pontos do campeão Manchester City. Para evitar uma mentalidade derrotista futura, foi recrutado o carismático técnico italiano Maurizio Sarri. Reconhecido pela sabedoria tática, os Blues têm tudo para realizar uma temporada bem mais tranquila e voltar à luta pelo ouro nacional e internacional.


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Jonathan Pertzborn

temporada de 2017/2018 foi complicada para o Chelsea. Apesar da conquista da FA Cup e do estatuto de campeão, o ambiente no balneário e entre adeptos nunca foi o melhor, com algumas situações polémicas e resultados menos positivos. Com a saída de Conte no final do ano, o Chelsea introduziu Maurizio Sarri ao futebol inglês com a ambição de mudar o estilo de jogo dos “blues” e trazer algo de novo a Stamford Bridge. Depois de nove jogos a contar para a Premier League e zero derrotas somadas, a aposta em Sarri está mais do que justificada. Mas quem é este novo treinador do Chelsea e será que mudou assim tanto no clube em tão pouco tempo?

A

O génio inconveniente

Um ex-bancário, que apenas começou a carreira como treinador aos 40 anos, Maurizio Sarri treinou durante vinte dois anos nos escalões inferiores do futebol italiano, onde foi conseguindo subidas de divisão, com destaque para a subida do Empoli para a Serie A, em 2013. Em 2015, substituiu Rafael Benítez no comando técnico do Nápoles e levou os Azzurri ao segundo lugar da Serie A, melhorando o desempenho da equipa relativamente à temporada anterior (quinto lugar com Rafa Benítez). Com dificuldade em travar a supremacia da Juventus, o Nápoles de Sarri foi sempre um adversário à altura, ficando em terceiro lugar na temporada de 2016/2017, a apenas cinco

pontos da campeã Juventus. Foi, no entanto, no ano passada que o Nápoles esteve mais perto de destronar a Vecchia Signora. Uma vitória em casa da Juve, com um cabeceamento furtivo de Koulibaly, colocou os napolitanos numa grande posição para vencer o campeonato, mas os jogos que se seguiram frente à Fiorentina (derrota por 3-0) e Torino (empate a duas bolas) ditaram mais um título para o lado da Juventus. Apesar do percalço no final, o Nápoles de Sarri será sempre lembrado pelos adeptos e jogadores. Foi nesta equipa do Nápoles que se verificaram os traços táticos implementados por Sarri. Um futebol que envolve pressão alta, obrigando os adversários a cometer erros, e muita objetividade no ataque, com um meiocampo e ataque designado especificamente para uma transição ofensiva rápida e eficaz. Sarri não apresenta as características do que se entende por um treinador “normal”. Muito informal, com o tradicional cigarro na boca, foi sempre modesto e direto com a imprensa, não mudando nem um pouco a sua maneira de ser ao longo dos anos.

Impressões digitais de Sarri

Cada jogador envolvido no plantel do Nápoles parecia ter sido escolhido a dedo pelo treinador italiano, e isso começa a verificar-se no futebol do Chelsea com as características de alguns jogadores a assemelharem-se aos do Nápoles da era Sarri. Deixamos alguns exemplos.


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David Luiz vs Kalidou Koulibaly

Um faz dupla na defesa com Antonio Rüdiger, o outro fazia com Raúl Albiol. Com a orientação de Sarri, ambos contribuem de forma ativa para a transição ofensiva da equipa. Confortáveis com a bola no pé e a procurar sempre encontrar os médios numa posição mais central, começando a construção de jogo pela defesa, ao organizá-la a partir do meio. Sempre que possível, fogem aos passes laterais e sem objetividade. Quando faltam opções, ambos os jogadores sentem-se confortáveis a levar a bola para a frente até surgirem outras opções e, esse tipo de iniciativa, é importante para o estilo de jogo do treinador italiano. Com Sarri, os defesas centrais não são meros atletas que apenas se interessam em terminar as jogadas, mas sim a iniciá-las e, em caso de conclusão, que seja a favor da sua equipa.

Eden Hazard vs Lorenzo Insigne

Hazard é visto por muitos como um dos melhores jogadores, atualmente, a nível mundial. No entanto, nem sempre o belga correspondeu às expectativas durante o seu período com a camisola do Chelsea. Agora com Sarri, Hazard está a destacar-se pela positiva e voltou a merecer a entrada nas discussões para melhor jogador do mundo com exibições eletrizantes, de causar dores de cabeça às defesas contrárias com a sua imprevisibilidade e eficácia. Poucas pessoas comparariam Hazard a Lorenzo Insigne, mas existem muitas semelhanças no que toca ao papel desempenhado na sua equipa orientados por Sarri. Ambos desequilibram o lado direito da defesa e possuem facilidade em jogar com os dois pés, podendo tanto movimentar-se para o meio e rematar ou encontrar um colega de equipa que está a movimentar-se do outro lado do campo, por vezes sem marcação.

N´Golo Kanté vs Allan

É nesta comparação que se verifica uma das grandes tendências do jogo de Sarri. Tanto Kanté como Allan destacaram-se previamente nas suas carreiras numa posição mais recuada no terreno de jogo, mas ambos jogavam num setor mais avançado no ataque das suas respetivas equipas. Têm um papel fundamental ao trazer a bola para o ataque, servindo muitas vezes de pronto-socorro ao organizador de jogo, quando não há linhas de passe no ataque, e desequilibram a defesa com súbitas idas à área. As subidas de Kanté têm permitido aos jogadores mais avançados no terreno de se libertarem a nível tático, tal como Allan fazia. Quando a equipa contrária resolve construir jogo a partir de passes entre defesas, ambos os jogadores foram instruídos por Sarri a pressionar prontamente. Daí as ínumeras recuperações de bola provocadas por Allan na temporada passada e, este ano, por Kanté.

Kepa Arrizabalaga vs Pepe Reina

Uma das armas que Sarri procura no ataque é encontrar, também, as alas quando os adversários pressionam alto, impedindo a construção de jogo recorrendo ao meio. Para isso necessita de um guarda-redes confortável com a bola nos pés. Com Reina, muitos dos ataques perigosos no Nápoles na temporada passada surgiram a partir dos pés do espanhol, que procurava encontrar os extremos, ou mesmo o ponta de lança, para causar o dito desequilíbrio na defesa. Com Kepa, verifica-se mais uma vez essa tendência, com o jovem guarda-redes a procurar por muitas vezes Hazard, Willian, Pedro, Morata ou outros jogadores ofensivos do Chelsea, recorrendo ao passe longo que, apesar de muitas vezes arriscado, é eficaz e causa desconforto às defesas contrárias. Entre os postes os dois guarda-redes espanhóis destacam-se pela positiva, produzindo defesas importantes para ver e rever.


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Mateo Kovacic vs Piotr Zielinski

Mais um conjunto de jogadores com um papel muito semelhante a nível tático. O futebol de Sarri é conhecido como “non-stop action”, com cada jogador a saber o seu papel e a trabalhar com a confiança de que os colegas façam o seu. No caso de Kovacic e Zielinski, estes vão, muitas vezes, até ao setor mais recuado do meio campo providenciar linhas de passe aos defesas, para depois fazer de portador da bola até ao ataque. Dotados com a bola nos pés, os dois jogadores são muito difíceis de parar na transição e, de forma inteligente, encontram os avançados que se tentam desmarcar nas costas dos defesas, sendo essa a fonte de muitos golos de ambas as equipas. Na temporada atual, Kovacic tem aparecido muitas vezes solto no centro do campo e é ele que tende a fazer o útimo passe antes do remate, encontrando sempre os colegas de equipa em posição vantajosa, tal como Zielinksi fazia no Nápoles com Mertens, Insigne, Callejón, entre outros.

Jorginho

Não existe comparação ao médio internacional pela seleção italiana pois este foi a peça que Maurizio Sarri trouxe consigo para Londres. Apesar de um dos pontos fortes do jogo de Sarri ser o forte envolvimento e o papel igualmente importante de todos os jogadores, é impossível não destacar Jorginho pela sua distribuição e visão de jogo. Para os amantes da modalidade, caso não consigam ver o médio em ação na televisão, existem vídeos na plataforma Youtube com mais de dez minutos de duração com apenas passes de Jorginho no centro do meio campo, tanto pelo Nápoles como pelo Chelsea. A facilidade com que o médio encontra os colegas de equipa desmarcados, muitas vezes, logo após rececionar a bola, é notável e funciona quase como um motor da equipa. Um dos muitos exemplos da


#05 novembro2018 importância de Jorginho na equipa é o jogo contra o Newcastle United, onde o número cinco do Chelsea tocou 186 vezes na bola e efetuou 173 passes, dos quais completou 158 com sucesso. Estes números têm sido uma constante ao longo da temporada e dão uma importância acrescida ao desempenho de Jorginho com a camisola dos blues.

o papel de Giroud e a Falta de um Mertens

O sucesso do Nápoles na temporada passada também se deve aos golos de Dries Mertens, que totalizou dezoito golos, acabando como o quinto melhor marcador na Serie A, na temporada de 2017/2018). A eficácia que o avançado belga deu ao conjunto de Sarri não se traduz no Chelsea, com Morata e Giroud. Os dois não conseguem apresentar a veia goleadora que o treinador, provavelmente, desejaria. No entanto, Hazard assumiu esse papel. A jogar no lado esquerdo do ataque do Chelsea, registou, até à data da redação deste artigo, sete golos na edição de 2018/2019 da Premier League. Existe também um aspeto importante a destacar: o papel de Giroud na equipa. Apesar de não contabilizar muitos golos, o ponta de lança é fundamental no esquema tático quando começa no onze inicial ou, mesmo, quando sai do banco em troca por Morata. O avançado é, muitas vezes, utilizado num papel que muitas pessoas, provavelmente, não notam, mas que, para Sarri, é crucial – um avançado com papel defensivo. Na Premier League existem muitas equipas que dão uso a um jogador central para servir como “maestro” e dirigir o jogo à sua maneira. Usando o exemplo do Chelsea x Liverpool desta temporada, Giroud recuava até ao setor defensivo impedindo Jordan Henderson de receber a bola e virar o lado de jogo, condicionando (e muito) a jogabilidade ao Liverpool, ideia esta, claramente, implementada por Sarri. Apesar da falta de golos, tanto Giroud como Morata podem ser importantes no estilo de jogo do italiano. Tratam-se de avançados com bons toques de bola e que sabem jogar para a equipa. Embora mais escondido em Inglaterra, Morata era o chamado avançado sombra no Real Madrid e na Juventus, originando vários dos golos marcados.


Futebol total a Atenção ao detalhe e envolvimento com os jogadores

Muitas pessoas que acompanham o trabalho de Sarri dizem que uma das suas maiores características é a atenção ao detalhe. Stefano Boldrini, jornalista do jornal italiano Gazzetta dello Sport, disse num artigo para a BBC Sport: Se Conte dedicava 24 horas por dia ao Chelsea, o Sarri dedica 48. (…) nos primeiros dois meses pelo Chelsea, passou 10 a 14 horas todos os dias, desde trabalho a nível tático até ver outras equipas e analisar o estilo de jogo da Premier League. (...) fala com os jogadores, é uma boa pessoa. O envolvimento de Sarri com o staff e jogadores deu um ambiente mais leve ao balneário, ajudando os atletas a entenderem melhor o seu papel dentro de campo.

Bolo e gelado depois dos jogos?

Uma das mensagens que Sarri transmitiu logo de início foi que o centro de treinos do Chelsea (Cobham) tem de ser um local que os jogadores gostassem de frequentar diariamente. Uma das mudanças na qual esteve envolvido foi também no regime alimentar. Para além de inclusões de ketchup, sal e manteiga na dieta dos jogadores, os chefs da turma de Stamford Bridge preparam, ocasionalmente, bolos e gelados para os jogos fora, mostrando a flexibilidade de Sarri e a confiança que este tem nos jogadores de estes não exagerarem.

“Sarri-Ball”

É incrível olhar para a formação londrina e ver como, em tão pouco tempo, conseguiu mudar (para melhor) um plantel que se sagrou campeão há dois anos atrás. O sistema que Sarri implementou na equipa difere do de Antonio Conte do ano passado. Utilizando o tradicional 4x3x3, regressou ao formato de dois centrais, em vez dos três que eram utilizados com o antigo técnico italiano. Mas, um dos aspetos que mais se destaca, é o posicionamento dos jogadores em campo. Tal como foi mencionado anteriormente nas comparações entre Chelsea e Nápoles de Sarri. Em relação ao Chelsea dos últimos anos, esta temporada observa-se uma equipa mais avançada no terreno, pressionando os adversários no seu próprio meio-campo defensivo. Na construção do ataque, tornou-se normal o Chelsea completar cerca de dez a quinze passes, seguidos por ataques, mostrando eficácia e assertividade. Como o exemplo do Newcastle que já foi mencionado, no jogo com o West Ham, registaram-se 147 sequências de dez ou mais passes durante toda a partida.


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john terry

a polémica carreira de uma lenda Um astro do futebol terminou a sua carreira de jogador para iniciar a sua experiência como treinador adjunto no clube onde jogou pela última vez. Porém, o seu nome estará para sempre ligado ao Chelsea, à Premier League e à Seleção Nacional Inglesa. Por outro lado, está também ligado a escândalos que fizeram correr muita tinta na imprensa cor de rosa.


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André Nogueira

ascido em Barking, uma cidade no leste de Londres, a 7 de dezembro de 1980, John Terry, colocou, no mês passado, um ponto final numa carreira que teve tanto de gloriosa como de polémica. Adepto do Manchester United enquanto criança, foi no Chelsea que fez quase toda a sua carreira, conquistando uma Liga dos Campeões, uma Liga Europa, uma Supertaça Europeia, cinco Premier Leagues (a principal divisão de Inglaterra), seis FA Cups (nome da taça inglesa), quatro Taças da Liga inglesas e três Supertaças inglesas. Além dos troféus coletivos, foi também considerado o Melhor Defesa, pela UEFA, nos anos de 2005, 2008 e 2009, e ainda esteve presente na Equipa do Ano da FIFA por cinco ocasiões, desde 2005 até 2009. Dezanove anos de Chelsea, um de Nottingham Forest e um de Aston Villa, onde terminou carreira, com duas presenças em Campeonatos do Mundo e duas no Campeonato da Europa pela Seleção Inglesa, John Terry será recordado como um dos melhores centrais ingleses da história. Hoje recordamos a sua carreira.

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As primeiras aventuras

John Terry deu os primeiros passos num clube de futebol ao serviço do modesto Senrab, equipa por onde passaram outros nomes conhecidos como Sol Campbell, Jermain Defoe, Bobby Zamora ou Ledley King que, curiosamente, num momento ou outro, acabaram por passar pelo Tottenham Hotspur, um dos rivais londrinos do Chelsea. Ou seja, nomes bem conhecidos para um clube que ainda hoje atua na famosa Sunday League, nome dado ao conjunto de divisões não-profissionais de Inglaterra. Porém, a sua passagem pelo Senrab foi curta, mudando-se para o West Ham United, conhecido por ter uma das melhores escolas de formação da Europa, de onde já saíram talentos nacionais que Terry viria a encontrar, anos mais tarde, na seleção, como Frank Lampard, Rio Ferdinand, Joe Cole, Michael Carrick ou Glen Johnson. Aqui, atuava como médio, sendo já no Chelsea, com 14 anos, devido à falta de jogadores para a posição no plantel, que se mudou em definitivo para defesa central, posição que cumpriu até ao final da carreira e na qual se deu a conhecer.

Chelsea: a construção de uma lenda

John George Terry chegou ao Chelsea com 14 anos e só saiu doze anos depois. Foi uma vida vestido de azul, clube pelo qual assinou o seu primeiro contrato profissional com apenas 16 anos. A temporada de 1998/1999 foi especial para a família Terry: John fazia o seu primeiro jogo no plantel principal do Chelsea, a 28 de


#05 novembro2018 outubro, numa partida a contar para a Taça da Liga, frente ao Aston Villa, que os Blues venceram por 4-1. Por outro lado, Paul, o seu irmão, assinava pelo Dag and Red e começava a sua carreira como futebolista. Sem o sucesso ou o talento do seu irmão John, o médio jogou ainda por Yeovil Town, Darlington, Rushden, Grays Athletic e Leyton Orient, até terminar a carreira no Thurrock, na temporada de 2012/2013. Ainda em 1998, John Terry estreava-se na Premier League, na vitória por 0-2, em casa do Southampton. Os primeiros noventa minutos chegavam com o passar do ano: a 2 de janeiro de 1999, na visita ao Oldham Athletic, emblema que o Chelsea eliminava da Taça Inglesa com uma vitória por 0-2. Até ao final da temporada, seria chamado a atuar por mais quatro ocasiões, na qual se contabiliza um jogo a contar para os quartos de final das Taças das Taças, na Noruega, na vitória por 3-2 contra o Vålerenga, que segurava a passagem depois da vitória caseira de 3-0. Curiosamente, em seis dos sete jogos em que atuou, o Chelsea venceu, empatando apenas um. Um óptimo registo para um central de 18 anos que dava os primeiros passos no futebol. Nesse ano, os Blues alcançariam as meias finais da Taça das Taças e o terceiro lugar da Premier League.

Um mês de Nottingham Forest

Depois de uma temporada de estreia prometedora, o ano seguinte adivinhava-se risonho para o jovem central inglês. Alinhando os noventa minutos na eliminação precoce do Chelsea, na Taça da Liga, aos pés do Huddersfield Town (0-1). Atuando, principalmente, na FA Cup, John Terry ia acumulando minutos pelo Chelsea mas, já na mudança do milénio, seria emprestado ao Nottingham Forest. A mais de 200 quilómetros de distância de Londres, a sua passagem por Nottingham revelou-se curta mas eficaz. Aquando a sua chegada, o Nottingham Forest estava a apenas cinco pontos da despromoção da Segunda Divisão Inglesa. Três vitórias e três empates depois, Terry saía com mais minutos e mais experiência, enquanto o clube descansava com dez pontos acima da despromoção. Curiosamente, as boas prestações no segundo escalão levaram o técnico Gianluca Vialli (agora comentador desportivo, depois de apenas cinco temporadas como treinador) a dar uma última oportunidade de terminar o ano na Premier League, fazendo atuar meia hora na última partida da temporada de 1999/2000, na vitória por 4-0, frente Derby County.

E nunca mais perdeu o lugar…

Sem ser emprestado, Terry também não era opção na formação londrina, até à chegada do carismático técnico italiano, Claudio


Futebol total Ranieri, em finais do mês de setembro. Já em novembro, John Terry seria chamado, pela primeira vez, a atuar. Para a Taça da Liga, o Chelsea era eliminado pelo Liverpool (2-1), mas o central passava confiança ao seu treinador, fazendo dele uma aposta regular até ao final da temporada. Seria também neste ano que apontava o seu primeiro golo na Premier League, no famoso dérbi londrino entre Chelsea e Arsenal, numa igualdade a uma bola. Ao lado de Marcel Desailly e Frank Leboeuf, Terry cresceu e foi eleito Jogador do Ano do clube, no final da temporada. No ano seguinte, Leboeuf regressava para França, transferido para o Marselha, mas a qualidade melhorava com a chegada de William Gallas, do mesmo emblema francês. Mantendo o trio defensivo, Desailly, Terry e Gallas formaram uma das melhores defesas que o futebol inglês já conheceu, com um jovem Robert Huth também a aparecer, vindo dos júniores. Ainda assim, essa qualidade não se traduziu em títulos. O melhor foi realizado na FA Cup, onde os Blues foram derrotados pelos rivais do Arsenal, na final, por 2-0. Na Liga, apenas uma sexta posição, melhorado para um quarto lugar no ano seguinte e, consequentemente, um apuramento para o play-off da Liga dos Campeões.

Campeonato da Europa de 2004

Depois da estreia pela Seleção Inglesa a 3 de junho de 2003, na vitória por 2-1 frente à Sérvia e Montenegro, John Terry foi presença habitual nos convocados para os amigáveis e fases de apuramento. Porém, a melhor convocatória foi a que marcou a sua primeira presença numa grande competição de seleções: o Campeonato da Europa de 2004, realizado em Portugal. Falhando o primeiro jogo da fase de grupos, frente à França (1-2), o único jogo que a Inglaterra perdeu nos noventa minutos, Terry cumpriu todos os minutos dos três jogos que se seguiram. Depois de derrotar Suíça (3-0) e Croácia (4-2), a seleção inglesa encontrou Portugal, os anfitriões, no caminho. Os comandados de Scolari tinham como base o plantel do FC Porto que havia vencido a Liga dos Campeões nesse ano, nos quais se inseriam alguns dos futuros colegas de Terry no Chelsea. Depois de um empate a duas bolas, Ricardo tirou as luvas e arrumou Terry e companhia. Vista como uma das seleções inglesas mais talentosas dos últimos anos, a equipa não fez jus ao nome e abandonou a competição nos quartos de final.

Abramovich e o Special-One

A junho de 2003, o magnata russo Roman Abramovich tornou-se dono dos grupos que presidiam o Chelsea. Trazendo consigo o poderio financeiro, Abramovich prometeu tornar o Chelsea um

grande inglês, à imagem do Manchester United, e um grande na Europa, como o Real Madrid. Jogadores como Scott Parker, Glen Johnson, Claude Makélélé, Adrian Mutu, Joe Cole, Geremi, Wayne Bridge, Hernán Crespo, Juan Sebastián Verón e Damien Duff juntam-se a John Terry e levam o Chelsea ao segundo lugar do campeonato e às meias finais da Liga dos Campeões, competição ganha, de forma surpreendente, pelo FC Porto, orientado por José Mourinho. O sucesso do treinador português atrai Abramovich e o potencial do clube inglês atrai Mourinho. Juntos fizeram da temporada de 2004/2005 um ponto de mudança para o Chelsea. John Terry, que tinha acabado de cumprir a sua primeira temporada com mais de cinquenta jogos realizados, era promovido a capitão, devido ao final de carreira de Desailly. Porém, não seria uma novidade, uma vez que, a 5 de dezembro de 2001, envergou a braçadeira da formação do Chelsea, num jogo que os Blues perderam 0-1, frente ao Charlton Athletic, para a Premier League. Além disso, no ano seguinte, ainda com Ranieri no comando, Terry era já capitão sempre que Desailly não jogava. No primeiro ano em Inglaterra, o impacto do Special-One, como José Mourinho se autonomeou na conferência de apresentação, foi visível. O Chelsea sagrava-se campeão, pela primeira vez desde 1954/1955, e com apenas 15 golos sofridos, um recorde da Premier League (dos que poucos que não foram batidos pelo Manchester City da temporada de 2017/2018). John Terry fazia praticamente todos os minutos da temporada e era eleito Jogador do Ano em Inglaterra, Melhor Defesa na Liga dos Campeões e parte do Onze do Ano da FIFA. Começava um reinado de sucesso. Mourinho trazia sucesso azul para Londres e mantinha-o na temporada de 2005/2006, revalidando o título frente ao todo-poderoso Manchester United, por uns claros 3-0. Na Liga dos Campeões, depois das meias finais do ano passado, os Blues chegariam (apenas) aos oitavos de final, caindo aos pés do Barcelona, que viria a vencer a competição. Seria também nesse ano que Terry se estreava como capitão da seleção inglesa. A 12 de outubro de 2005, na vitória frente à Polónia por 2-1, Owen era substituído, passando a braçadeira para o central. Com esta vitória, a Inglaterra ultrapassava a Polónia no primeiro lugar do Grupo 6 da Fase de Qualificação, garantindo a presença no Campeonato do Mundo de 2006.

Campeonato do Mundo de 2006

Seria num jogo de preparação, frente à Hungria (3-1), que Terry marcava o seu primeiro


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golo com a camisola dos Três Leões, dando o mote para uma boa campanha no Campeonato do Mundo, na Alemanha. Depois de vitórias complicadas frente ao Paraguai (1-0) e Trinidade e Tobago (2-0), empatavam com a Suécia (2-2), marcando presença nos oitavos de final, frente ao Equador. A equipa equatoriana, que estava a ser uma das surpresas do Campeonato do Mundo, acabou derrotada por um golo solitário de David Beckham. À imagem do sucedido dois anos antes, Terry e companhia iriam encontrar Portugal nos quartos de final. Numa partida que contou com a polémica expulsão de Wayne Rooney, Terry acabaria substituído por Carragher, aos 118 minutos, não estando presente em mais um desempate por grandes penalidades. Também como em 2004, Portugal, guiado por Cristiano Ronaldo e Figo, enviavam os ingleses de regresso a casa. Ainda assim, John Terry fez parte do Onze Ideal do torneio, sendo o único inglês aí presente.

O ano do quase e a saída de Mourinho

A temporada de 2006/2007, apesar de ser aquela onde o Chelsea chegou mais longe em todas as competições, marcou também a perda do título de campeão para o Manchester United.

Na Liga dos Campeões, tal como no primeiro ano de José Mourinho, o Chelsea era eliminado nas meias finais pelo Liverpool. As vitórias na Taça Inglesa e na Taça da Liga ainda ofuscaram a derrota na Supertaça Inglesa, frente ao mesmo Liverpool. O ano de 2006 marca também um momento histórico na Premier League. A 14 de outubro, frente ao Reading, a lesão gravíssima de Petr Cech e, depois, de Carlo Cudicini, retirou ao Chelsea os dois guarda-redes que estavam convocados para a partida. Já sem substituições, Terry assumiu as redes e manteve-as longe do golo, segurando a vitória de 0-1. Nessa mesma partida, já Obi Mikel havia recebido ordem de expulsão, fazendo a formação de José Mourinho vencer com apenas nove elementos. Em novembro, viu o seu primeiro cartão vermelho na carreira, frente ao Tottenham Hotspur (2-1). Lesionado durante quase dois meses, o Chelsea perdeu pontos cruciais durante este período, terminando, assim, na segunda posição da Premier League. Com outra lesão frente ao FC Porto, para a Liga dos Campeões, quase perdeu a final da Taça da Liga mas, infelizmente, uma distração de Abou Diaby voltou a retirar o central inglês de campo, com um pontapé na cabeça. Apesar de ainda se ter dirigido ao hospital, foi a tempo de regressar e festejar a vitória, por 2-1, frente ao Arsenal. Com a braçadeira no braço, foi o primeiro


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capitão a levantar a Taça Inglesa no renovado Wembley, graças a uma vitória 1-0, frente aos novos campeões do Manchester United. Em julho, já na preparação da temporada seguinte, renova com o clube inglês e torna-se o jogador mais bem pago da Liga, na altura. De fora nos primeiros jogos, nos quais se inclui a derrota na Supertaça Inglesa, fez apenas mais cinco jogos com José Mourinho, até o treinador português ser despedido, não sem depois de várias chuvas de críticas a Abramovich. Na base do despedimento, esteve o desentendimento entre as duas partes acerca do rendimento de certos jogadores, nos quais se destacava Andriy Shevchenko, uma transferência recorde nesse ano.

A primeira final da Liga dos Campeões e o primeiro falhanço

Já sob o comando de Avram Grant, o Chelsea pareceu encontrar o caminho das vitórias mas, tal como aconteceu na temporada anterior, John Terry voltava a lesionar-se com gravidade em dezembro. Após dois meses de paragem, um tempo muito inferior ao esperado, Terry voltou para capitanear em mais uma final da Taça da Liga, desta vez perdida para o Tottenham Hotspur, por 2-1. No último jogo da temporada, deslocou o

ombro, quase sendo ausência na final da Liga dos Campeões. Frente aos bicampeões do Manchester United, Terry alinhou os cento e vinte minutos do empate a uma bola. Nas grandes penalidades, seria ele a retirar o título de Londres, ao escorregar no momento chave. Debaixo de lágrimas, Terry e o seu Chelsea perdia todas as competições que havia participado, ficando na segunda posição em quatro das cinco possíveis. Ainda assim, era eleito o Melhor Defesa do Ano pela UEFA. Se o ano já estava a ser difícil para Terry, ainda pior ficou quando a seleção inglesa falhou a qualificação para o Campeonato da Europa de 2008, algo que já não acontecia desde a ausência no Campeonato do Mundo de 1994. Terry, que era já o capitão da seleção, também, marcou o primeiro golo internacional do estádio do Wembley, no empate 1-1, frente ao Brasil.

Carlo Ancelotti para a mudança

A temporada de 2008/2009 foi complicada para o Chelsea. Com três treinadores, terminou na terceira posição e foi eliminado nas meias finais da Liga dos Campeões, frente ao Barcelona, num dos jogos mais controversos da história da competição. Ainda assim, com Guus Hiddink ao leme,


Futebol total o Chelsea derrotava o Everton na final da Taça de Inglaterra, por 2-1, abrindo caminho para um ano bastante melhor. Com a chegada de Carlo Ancelotti, na temporada de 2009/2010, o técnico italiano rejeitou vender John Terry para o Manchester City, garantindo que este era uma peça fulcral para o que idealizava para esse ano. Apesar da fraca performance europeia, em Inglaterra, o Chelsea venceu praticamente todas as competições. Marcando o golo decisivo frente ao Manchester United, na vitória por 1-0, o Chelsea sagrou-se campeão pela quarta vez na história, com mais um ponto que a formação de Sir Alex Ferguson. Uma semana depois, conquistava também a sua quarta FA Cup, derrotando o Portsmouth, em Wembley, por 1-0.

Polémicas e Campeonato do Mundo 2010

Ainda durante a temporada de 2009/2010, John Terry viu-se envolvido em mais duas polémicas. Em primeiro lugar, foi aberta uma investigação por parte do Chelsea e da FA por, supostamente, aceitar dinheiro de um jornalista para realizar uma visita privada ao centro de treinos do clube. Porém, foi mesmo o Chelsea a declarar total confiança na inocência do atleta, encerrando o caso. Em segundo lugar, ocorreu o caso mais famoso do início do ano de 2010. Terry foi acusado de ter uma relação extra-conjugal com Vanessa Perroncel, namorada de então de Wayne Bridge, colega de equipa no Chelsea e na seleção inglesa. Devido a toda esta novela, Terry viu ser-lhe retirada a braçadeira de capitão na seleção, para ser substituído por Rio Ferdinand. Apesar de tudo isto, o central foi incluído na lista de convocados para o Campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul, ao contrário de Wayne Bridge. Inserido num grupo com Estados Unidos, Argélia e Eslovénia, a seleção inglesa teve muitas dificuldades em seguir em frente. Depois dos empates com os americanos (1-1) e os argelinos (0-0), foi a vitória suada contra os eslovenos (1-0) a guardar a segunda posição e a passagem aos oitavos de final. Aí, encontraram a poderosa Alemanha. O fraco futebol inglês era notório. A fazer dupla com John Terry estava Matthew Upson, um central de qualidade mediana, considerado um dos piores jogadores ingleses a atuarem nas fases finais das grandes competições de seleções. Apesar de não ter sido validado um golo limpo a Frank Lampard, os ingleses não conseguiram reagir ao poder ofensivo alemão, sendo eliminados por uns claros 4-1.


#05 novembro2018 A tão querida orelhuda

Se a temporada de 2011/2012 marca uma das piores prestações do Chelsea na Premier League, na era Roman Abramovich, é também o ano da tão esperada conquista da Liga dos Campeões. Já com mais de 400 jogos como capitão do Chelsea, um recorde do clube, Terry não esteve presente na final da Liga dos Campeões pois havia sido expulso na calorosa segunda-mão das meias finais, frente ao Barcelona, no qual o emblema inglês foi a Espanha empatar (2-2) e garantir a passagem, depois da vitória em casa por 1-0. Também sem Ramires, Raúl Meireles e Branislav Ivanovic, o Chelsea foi às grandes penalidades derrotar o Bayern de Munique, na própria casa, conquistando a única Liga dos Campeões da sua história. Antes de terminar a temporada, juntou ainda a conquista da FA Cup, por 2-1, contra o Liverpool.

O fim da carreira internacional

Depois da conquista da Liga dos Campeões, John Terry juntava-se aos convocados ingleses para o Campeonato da Europa de 2012, realizado na Ucrânia e na Polónia. Mais uma vez, iria-se revelar uma campanha fracassada. No início desse ano, a 28 de janeiro de 2012, na partida entre Chelsea e Queens Park Rangers, Terry foi acusado de comentários racistas para com Anton Ferdinand, irmão de Rio Ferdinand. Por esse motivo, a Federação Inglesa retirou a braçadeira a Terry, ato que levou Fábio Capello a rescindir do seu cargo. Roy Hodgson não hesitou em chamar o central do Chelsea, deixando o Rio Ferdinand de fora, numa situação vista como realizada para evitar conflitos internos. Ainda assim, apesar de Terry ter alinhado em todos os minutos, a seleção dos Três Leões voltou a não passar dos quartos de final, onde foram eliminados pela Itália. Mais uma vez, os ingleses a mostrarem não conseguir vencer no confronto de grandes penalidades. A 23 de setembro de 2012, John Terry anunciou o seu afastamento do futebol internacional, depois de 78 internacionalizações e seis golos.

Racismo e Liga Europa

Durante esse período, apesar de ilibado pelo tribunal, a Federação Inglesa aplicou uma suspensão de quatro jogos ao central inglês por “atos verbais de racismo”, apesar de nenhum jogador em campo, nem mesmo Ferdinand, terem confirmado ouvir quaisquer palavras ofensivas. Ainda assim, Terry não recorreu e cumpriu a suspensão. A 11 de novembro de 2012, após cumprir a suspensão, marcou frente ao Liverpool (1-1), anotando o golo 50 da sua carreira. No mesmo jogo, lesionou-se ainda na primeira parte, falhando o


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Mundial de Clubes, competição que o Chelsea perdeu, na final, contra o Corinthians, por 1-0. Em maio, juntava ao seu palmarés a conquista da Liga Europa, apesar de ter ficado de fora dos convocados para a partida. Pouco utilizado devido, principalmente, a lesões e suspensões, o inglês atuou em apenas 27 jogos.

O regresso de José Mourinho

A temporada de 2013/2014 registou o regresso de José Mourinho ao Chelsea, mas não ao título na Premier League. Dois dias depois de acabar a temporada, onde o Chelsea não conseguiu mais que o terceiro lugar e as meias finais da Liga dos Campeões, Terry renovou por mais um ano. A 18 de outubro de 2014, John Terry registou o jogo 500 como capitão do Chelsea, guiando os Blues à vitória frente ao Crystal Palace, por 1-2, e segurando a liderança do campeonato. Ainda em 2014, numa partida a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões, onde estava inserido o Sporting CP, Terry marcou logo aos dois minutos, frente ao Schalke 04, registando o golo mais rápido de sempre do Chelsea na competição. Depois de marcar na final da Taça da Liga Inglesa, ajudando o Chelsea a derrotar o Tottenham Hotspur por 2-0, Terry estendeu o seu contrato por mais uma temporada. Um mês depois, tornou-se o defesa com mais golos na Premier League, depois de um empate 1-1 com o Liverpool. Com oito pontos de vantagem sobre o Manchester

City, José Mourinho voltou a guiar o Chelsea ao título, o penúltimo da carreira do defesa.

O fim adiado e concretizado

A meio da temporada de 2015/2016, John Terry anunciou que ia abandonar o clube e que não seria um “final como nos contos de fadas”. No ano onde o surpreendente Leicester se sagrou o novo campeão inglês, Mourinho resistiu pouco tempo no comando técnico e o Chelsea registou a pior classificação de sempre com Roman Abramovich, terminando na décima posição, fora das competições europeias. Apesar do anúncio de fevereiro, Terry assinou mais um ano de contrato no final da temporada. Caso não tivesse renovado, o seu último jogo teria terminado em expulsão, frente ao Sunderland, na derrota por 3-2. Para voltar a lutar pelo título, a temporada de 2016/2017 teve Antonio Conte como o escolhido. O técnico italiano prometeu manter John Terry como capitão dos Blues, porém, o central lesionou-se passado um mês, perdendo o espaço no onze inicial. O trio defensivo Gary Cahill, César Azpilicueta e David Luiz deixavam o antigo internacional inglês no banco de suplentes, entrando ocasionalmente. Em abril, com apenas quatro minutos realizados em dois meses, clube e atleta anunciaram o contrato não seria renovado. Com sete pontos de avanço sobre o segundo classificado, o Tottenham Hotspur, o Chelsea sagrou-se campeão, dando o último título da carreira a Terry.


#05 novembro2018 presença na final, com o Fulham. No estádio do Wembley, onde Terry foi feliz por diversas ocasiões com a camisola azul do Chelsea, a equipa do central inglês acabou de derrotada por 1-0, falhando a promoção por play-off. Aos 37 anos, falhava o regresso à Premier League, o que poderia ter levado a um adiamento no final de carreira. Falhando esse objetivo, abandonou o Aston Villa. Algum tempo depois, ainda chegou a analisar uma proposta de contrato de duas temporadas com o Spartak de Moscovo mas, por motivos familiares, acabou por rejeitar um mudança para a Rússia.

Futuro como treinador

A 7 de outubro de 2018 anunciou o fim da sua carreira como jogador, sendo, imediatamente, apontado a vários clubes sob o cargo de treinador adjunto. Entre esses clubes estava, inclusive, o Aston Villa, que chegou a acordo com Steve Bruce para a rescisão do contrato. Para o substituir foi chamado Dean Smith, com Terry como treinador-adjunto. Antes de Smith, Thierry Henry e Rui Faria rejeitaram o cargo. O cental alinhou nos noventa minutos do penúltimo jogo da temporada e saiu aos 28 minutos do último jogo da temporada, na vitória por 5-1 frente ao Sunderland, recebendo uma guarda de honra por parte dos colegas de equipa.

Regresso à Segunda Divisão com o Aston Villa

Antes de terminar a carreira, John Terry aceitou o convite do Aston Villa, na Segunda Divisão Inglesa. Foi, rapidamente, escolhido como capitão. Até abril, o central era um dos poucos totalistas do Aston Villa mas, na partida frente ao Sheffield Wednesday, orientado por Carlos Carvalhal na altura, Terry lesionouse na primeira parte, ficando afastado dos relvados por dez jornadas. De regresso à boa forma, voltou a ser utilizado em todos os minutos até ao final do campeonato, falhando apenas a última jornada, para descanso. Com o quarto lugar no campeonato, o Aston Villa juntava-se a Fulham, Middlesbrough e Derby County no play-off de subida. O vencedor iria subir com o Cardiff City e o campeão Wolverhampton. O Aston Villa, terceira defesa menos batida durante a fase regular, iria encontrar o Middlesbrough na meia final. John Terry e James Chester foram duas peças importantíssimas no puzzle montado por Steve Bruce. Depois da vitória por 1-0 na primeira mão, o clube da cidade de Birmingham segurou o empate a zero, em casa, marcando

Contra a UEFA

Em 2005, Terry ignorou as ordens da UEFA para cumprir um desejo de um menino. Quem o conta é Andy Saunders, adepto do emblema londrino: «O Chelsea recebia o Bayern de Munique, para a Liga dos Campeões. O meu filho foi escolhido como mascote e estava muito animado. Quando chegamos ao estádio, uma senhora contou-nos que tinha havido um problema com o representante da UEFA pois o Bayern não tinha trazido mascote e, como tal, o Chelsea também não poderia ter uma. Nesse momento, o Terry estava a passar e, vendo o meu filho com a camisola do Chelsea, foi cumprimentá-lo. Ao vê-lo tão chateado, perguntou o que se passava. “Uma senhora avisou-nos que o homem da UEFA não autoriza mascotes”, avisou o adepto. “Vou ver isso”, respondeu Terry, informando mais tarde: “Não vou conseguir trazê-lo para o balneário, mas venham para o túnel e, quando passarmos, eu levo-o comigo. Não me interessa o que ele diz. Depois trato de o trazer como mascote num outro dia para que ele possa vir e conhecer toda a gente”. Quando passaram, o Terry fez o gesto para o meu filho ir ter com ele. O representante da UEFA acenava que não mas ele ignorou e entrou com ele em campo. Foi fantástico. Uma semana depois, recebemos uma carta do clube, informando que o Terry pediu para o meu filho ser mascote no jogo com o Aston Villa. Entrou no balneário, conheceu os jogadores e recebeu autógrafos de todos. Não tenho nada negativo para dizer contra este homem. Fim.»


Futebol total O que os outros dizem... Wayne Rooney “O meu adversário mais complicado. Parabéns pela brilhante carreira” Didier Drogba “Parabéns pela tua maravilhosa carreira, meu capitão. Foi um prazer jogar e ganhar todos aqueles troféus contigo, no Chelsea” Michael Ballack “Um dos últimos verdadeiros líderes abandona o campo… Que jogador. Que capitão. Foi um prazer partilhar o balneário contigo” Andriy Shevchenko “Parabéns pela tua grande carreira! Estou orgulhoso de ter jogado contigo, meu amigo” César Azpilicueta “Parabéns pela tua extraordinária carreira, John Terry. Sinto-me sortudo por ter partilhado tantas memórias e vou estar eternamente agradecido por tudo o que aprendi contigo. Um verdadeiro líder e uma lenda do Chelsea e do futebol” Jody Morris “Que carreira. Que jogador” Deco “O Terry é um grande capitão. É uma lenda para o clube e um amigo para os jogadores” Cesc Fàbregas “Teve uma carreira fantástica pelo Chelsea. Cuidou bem dela e conquistou muitos troféus” Diego Costa “Parabéns pela tua fantástica carreira, cheia de sucesso. Obrigado por tudo o que fizeste por mim no Chelsea (apesar de não ter entendido uma única palavra do que me dizias)” Frank Lampard “Parabéns pela tua incrível carreira. Foi uma honra caminhar a teu lado no Chelsea e ver de perto o teu desejo de ser o melhor, encorajando todos a teu redor. Verdadeiramente inspirador” Paulo Ferreira “Foi um grande prazer jogar contigo durante nove anos e ter a oportunidade de passar belos momentos juntos. Um verdadeiro líder, capitão e lenda” Steve Sidwell “O melhor defesa que este país [Inglaterra] já produziu. Foi sempre uma batalha jogar contra e ver as suas qualidades de liderança e determinação”


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André Nogueira

uando falamos de jogadores rápidos, com uma grande capacidade de drible, podemos pensar em Futre, Rui Barros ou Chalana, mais recentemente, Gelson Martins, Hernâni, Rafa, Nélson Semedo ou Podence. Enfim, podíamos estar aqui a dizer mil e um nomes mas poucos estiveram ao nível de Jimmy Johnstone. Será, possivelmente, um nome desconhecido para a maioria dos portugueses e dos adeptos de Futebol existentes por todo o Mundo, com clara exceção para os habitantes do Reino Unido. Nascido a 30 de setembro de 1944, Jimmy ‘Jinky’ Johnstone viria a ser um dos principais ídolos futebolísticos do Celtic, o grande emblema da Escócia.

Q

O humilde início de carreira

Começou a dar os seus primeiros pontapés na bola através das equipas de futebol das escolas por onde passava. O rapaz que, em casa, driblava garrafas de leite, cuidadosamente colocadas pelo chão, durante horas, de maneira a conseguir melhorar a sua capacidade de drible. No fundo, Jimmy era um perfecionista e, desde dos primeiros jogos na escola primária, afirmava-se como o jogador que gostava de ter bola e partir para cima da defesa, fintando quem lhe aparecesse no caminho. Apesar da paixão pelo Celtic, sendo inclusive apanha-bolas em vários jogos do clube, não conseguia ser aceite para treinar, o que o levou a juntar-se à formação de uma equipa de jovens do local.

Manchester United, Inglaterra e Celtic

A equipa local ia fazendo

Jimmy

Johnstone

O génio

escocês

amigáveis pela Escócia até que, certo dia, surge o convite das camadas jovens do Manchester United para um jogo particular. Nessa visita a Inglaterra, Jimmy demonstra toda a sua qualidade, despertando o interesse dos grandes clubes ingleses, que não o querem deixar regressar. Porém, John Higgins, olheiro do Celtic, acaba por apelar à paixão, vencendo a batalha e segurando a nova pérola do país. No Celtic, começou a sua carreira como sénior, num clube onde se manteve durante catorze anos. A sua estreia, com uma vitória por 6-0 frente ao Kilmarnock, foi uma prova do início de uma geração que viria a revolucionar o futebol escocês e, mais propriamente, o Celtic. Marcou o seu primeiro golo no seu segundo jogo, frente ao Hearts, onde acabaram derrotados por 4-3. Era um extremo virtuoso onde, apesar da sua baixa estatura, apenas 157 cm, a sua velocidade e os seus dribles eram capazes de desequilibrar qualquer defesa. Era a forma como deixava a bola rolar tão próxima dos seus pés que fazia com que conseguisse mudar de direção rapidamente, deixando a defesa para trás, enquanto se deslocava para a baliza adversária. Podemos dizer que parecia voar entre as defesas, apesar do medo em viajar de avião. Uma história curiosa remonta ao ano de 1968 onde o treinador prometeu ao jovem não necessitar de viajar com a equipa para a segunda volta, caso vencessem por uma diferença de quatro golos. Com intervenção direta nos cinco golos, dois dos quais da sua autoria, o Celitc bateu o Estrela Vermelha por 5-1, fazendo o técnico cumprir o acordo


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anteriormente estabelecido.

a afirmação

Em 1963, no seu ano de estreia, com apenas 18 anos, conquista o seu lugar cativo no onze inicial de Jimmy McGrory. Nessa mesma temporada, participa na sua primeira final, frente ao eterno rival do Rangers. Num jogo a contar para a final da Taça Escocesa, Jimmy Johnstone fez um jogo fantástico, tendo ainda visto um golo a ser anulado, por uma falta anterior. O jogo terminou empatado a um golo e, naquele tempo, isso originava um novo jogo, uma vez que ainda não existia o prolongamento ou desempate por grandes penalidades. Nesse segundo jogo, a equipa do Rangers cilindrou o Celtic com uma vitória por uns claros 3-0. Surpreendentemente, Jimmy não foi chamado para essa mesma partida. Na temporada seguinte, ajuda o emblema escocês a chegar à meia final da Taça das Taças, onde caiem perante o MTK. Depois da vitória caseira por 3-0, a desastrosa segunda volta na Hungria terminou com o 4-0 a favor da equipa da casa. O MTK seguia para a final onde encontrava o Sporting CP. Aí, os leões celebraram o único troféu internacional da sua história, graças ao famoso “Cantinho de Morais”.

Seleção Nacional

Foi também em 1964 que se estreou nas seleções nacionais da Escócia. Pelos sub-23, realizou dois jogos particulares, com uma derrota frente à Inglaterra (2-0) e uma vitória contra a França (3-0). Apenas oito meses depois, chegava à Seleção A, na derrota por 3-2 frente ao País de Gales. Ainda assim, as exibições não conquistaram o selecionador, saindo das escolhas por dois anos. Em 1974, seria incluído nos selecionados para o Campeonato do Mundo, mas acabaria por não realizar qualquer minuto. Ainda assim, os jogos particulares realizados antes da competição ajudaram-no a “fazer as pazes” com os adeptos fazendo um golo frente à Bélgica, na derrota por 1-2.

O grande Sucesso

A chegada do treinador Jock Stein, em 1965, marcou o início do caminho glorioso de uma formação que viria a ser conhecida por “Lisbon Lions”, os Leões de Lisboa em português. Apesar de uma primeira má impressão, onde o técnico considerava Jimmy Johnstone individualista, sem capacidade de entrar na estratégia do grupo, conseguiu, mais tarde, ganhar a confiança do seu treinador com o seu talento e, a 23 de outubro de 1965, conquistou o seu primeiro troféu, frente ao


#05 novembro2018 Rangers: a Taça da Liga Escocesa, vitória por 2-1. Mas o troféu mais importante apareceria dois anos mais tarde, na temporada onde mais se mostraria ao Mundo, terminando em terceiro no prémio para Melhor Jogador Europeu do Ano. Na final da competição que é agora conhecida por Liga dos Campeões, o Celtic derrotou os favoritos do Internazionale, por 2-1. A equipa Italiana tinha assistido ao treino dos adversários e Sandro Mazzola, o capitão, admitiu que foi um erro pois treinavam “como se estivessem numa festa a divertirem-se”. Apesar de ter vencido as duas edições anteriores (e apesar de terem começado o jogo em vantagem), o Celtic dominou todos os momentos do encontro e mantiveram-se frescos ao longo de toda a partida, ao contrário dos seus adversários. Duas semanas após esta final, Jimmy Johnstone e o Celtic voltaram a maravilhar o Mundo no jogo de despedida de Di Stéfano, em Madrid. Um jogo em que nem os adeptos madridistas conseguiram não aplaudir a prestação dos escoceses, roubando a atenção ao astro argentino. Foi de Jimmy a assistência para o golo de Bobby Lennox, o único da partida (0-1). Após nove campeonatos, seis Taças da Escócia, seis Taças da Liga e uma Liga dos Campeões, Jimmy ‘Jinky’ Johnstone despediu-se do Celtic e mudou-se para os EUA. Aí, representou o San Jose Earthquakes, para depois se transferir para o Sheffield United, de Inglaterra. Em 1977, regressa à Escócia para vestir as cores do Dundee. No mesmo ano, muda-se para o Shelbourne, da República da Irlanda para, finalmente, jogar mais uma temporada, ao serviço do pequeno Elgin City, da Segunda Divisão escocesa. Falece a 13 de março de 2006, com 61 anos, vítima de uma doença no neurónio motor, após cinco anos a tentar combater a enfermidade. Antes disso, Jimmy havia lutado durante vários anos contra o vício do alcool, recebendo ajuda de Willie Haughey, um adepto do clube. Na final da Taça da Liga escocesa de 2006, todos os jogadores entraram com a camisola 7 de Johnstone. Nos três anos seguintes, foram apresentadas duas estátuas de bronze com a figura do atleta. Uma em frente ao Celtic Park, casa do Celtic, e outra num jardim perto de sua casa, em sua memória, inaugurado pela sua mulher e colegas de equipa dos “Leões de Lisboa”. Para a história ficam os 308 jogos e 82 golos com a camisola do Celtic, valendo-lhe o Prémio de Melhor Jogador de Sempre do clube, atribuído pelos adeptos em 2002.


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Ballon d’or 2018 andré nogueira daniel fonseca

Ao fim de uma década de monopólio por parte dos dois super astros que dominaram por completo a última década, finalmente, tudo aponta para que o prémio individual com mais prestígio e história do futebol mundial seja entregue a alguém que não Cristiano Ronaldo ou Messi. No entanto, estes continuam a figurar entre os candidatos mais prováveis ao prémio… Chegados ao final do ano, a atenção dos amantes de futebol vira-se, como sempre desde 1956, para o prémio atribuído ao melhor jogador de futebol do ano, atribuído pela France Football. A eleição do “melhor do mundo” é feita pelos jornalistas dos quatro cantos do mundo e, devido à sua já longa história e tradição, é considerado por muitos o prémio individual mais importante e prestigiante do mundo do futebol, ultrapassando o prémio que é entregue pela FIFA, o “The Best”, ao qual até já esteve associado e fundido, entre 2010 e 2016. De facto, é um prémio de elevadíssimo prestígio, estando apenas ao alcance dos futebolistas que tiveram um ano transcendente nas suas carreiras, tanto a nível de números individuais como de títulos colectivos. Mas, na última década, o Ballon d’Or foi vítima (assim como o resto do mundo do futebol) de um domínio avassalador por parte de dois monstros que já têm o seu nome marcado na história do desporto-rei: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Os números individuais e os títulos coletivos que, em muitos casos, eram apenas alcançados por uma única vez na carreira de alguns dos melhores

de sempre que este desporto já viu (e que, com essas estatísticas individuais e títulos conquistados venceriam o Ballon d’Or sem grande discussão) foram tornados uma banalidade. Anos de cinquenta (e até de sessenta!) golos passaram a ser a expectativa normal para uma temporada. A conquista da Liga dos Campeões tornou-se uma exigência todos os anos, ao invés de ser o troféu que confirma a entrada da equipa vencedora na história das melhores equipas europeias de sempre (nos últimos dez anos, Ronaldo conquistou por cinco vezes a Liga dos Campeões e Messi três). Durante a última temporada, estas duas super estrelas dominaram quase por completo o futebol mundial…e é neste ano que o “quase” faz toda a diferença. A única coisa que estes dois monstros não conquistaram foi o Campeonato do Mundo. E sendo 2018 um ano de Campeonato do Mundo, o facto de ambos terem sido eliminados relativamente cedo da competição (foram eliminados nos oitavos de final) faz com que, pela primeira vez desde 2007, nenhum dos dois seja o provável vencedor do prémio. Importa então falar dos trinta nomeados ao prémio. E, visto que são trinta, há nomes mais consensuais que outros nesta lista dos melhores do ano. Assim sendo, para além dos nomeados, vamos também falar de nove futebolistas que, pelo ano que tiveram, mereceriam estar na lista dos trinta melhores do ano de 2018, para além de ordenar a lista dos nomeados pela ordem que consideramos, aqui na Revista Futebol Total, que estes deveriam ter.


#05 novembro2018

de fora: david

DE GEA Considerado o melhor guarda-redes da Premier League, apesar da concorrência de Courtois ou Ederson, o espanhol tem-se assumido como um dos principais elementos da formação orientada pelo experiente técnico português José Mourinho. Após ver falhada uma transferência para o Real Madrid, onde a sua qualidade seria ainda mais comentada pelos especialistas, passou um pouco despercebido por erros no Campeonato do Mundo, ao serviço da La Roja, e pela insegurança defensiva transmitida pelos Red Devils, ainda muito criticada. Ainda assim, continua a ser um dos melhores do Mundo na sua posição e a sua presença na lista dos trinta melhores de 2018 não seria nenhuma surpresa. Podemos até dizer que a surpresa será a sua não-inclusão.

samuel

UMTITI Vencedor da Liga Espanhola, da Copa del Rey, Supertaça Espanhola e do Campeonato do Mundo. Ao lado de Varane, que está nomeado para Melhor do Mundo, Umtiti trouxe segurança à defesa francesa até à grande conquista que escapava desde 1998. Já ao nível de clubes, ao serviço do poderossíssimo Barcelona, conquistou praticamente tudo, escapando a Liga dos Campeões, uma vez ganha pelos rivais do Real Madrid. Dificilmente o defesa central terá outro ano como o de 2018 e dificilmente encontrarão outro jogador na sua posição que mereça mais a presença nos nomeados que Umtiti. Ainda assim, o francês não faz parte da lista, o que nos levou a considerar como um dos principais “esquecidos” desta temporada.

daniel

CARVAJAL Apesar de quase ter perdido a sua presença no Campeonato do Mundo devido a uma lesão, ainda na primeira parte, na final da Liga dos Campeões, o lateral direito espanhol fez quarenta e uma partidas ao serviço do Real Madrid, vencendo Mundial de Clubes (ainda em 2017) e Liga dos Campeões. No Campeonato do Mundo, falhou apenas a primeira partida no empate a três bolas frente a Portugal. Aos 26 anos, com quinze títulos coletivos na sua bagagem, deixar de fora um dos melhores laterais direitos de 2018, num ano onde muito se falou de Benjamin Pavard, parece-nos um “crime” cometido por todos os votantes da lista da France Football.


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toni

KROOS Que mais se pode dizer de Toni Kroos que já não seja de conhecimento geral? A enorme qualidade do médio alemão foi, esta temporada, ofuscada pelo ano vivido pelo seu colega Luka Modrić. Ainda assim, o internacional alemão, que tem sido uma constante no melhor onze da UEFA, pareceu esquecido devido à eliminação precoce da seleção alemã no Campeonato do Mundo, onde não passaram da fase de grupos, caindo aos pés de Suécia, México e Coreia do Sul. Não deverá ser esquecido a importância que o médio tem e tinha na equipa que era comandada por Zinédine Zidane que conquistou a Liga dos Campeões, na passada temporada. Na sua temporada mais concretizadora desde que chegou a Espanha, parece-nos uma ausência de peso, apesar de também podermos falar de Casemiro.

christian

ERIKSEN Constantemente apontado aos grandes clubes europeus, como Barcelona ou Real Madrid, a estrela dinamarquesa teve a sua temporada mais concretizadora no ano passado, juntando um golo em quatro partidas do Campeonato do Mundo, onde a Dinamarca caiu aos pés da finalista Croácia. O médio ofensivo foi um dos pilares do bom ano do Tottenham e, apesar do novo começo de temporada mais atribulado, o médio, atacado pelas lesões, continua a somar vários minutos, onde acumula golos e assistências. Talvez uma saída para os clubes ao qual é apontado e uma competição internacional com mais sucesso possa trazer o mérito que o médio merece, sendo um exemplo do sucedido com Luka Modrić.

david

SILVA David Silva é um dos melhores do Manchester City. Ponto. David Silva é um dos melhores jogadores da seleção espanhola. Ponto. David Silva foi um dos melhores da Espanha no Campeonato do Mundo e dos melhores jogadores da formação de Pep Guardiola que fez história na Premier League. Ponto. Posto isto, como é que David Silva não está presente entre os trinta nomes nomeados, também não entendemos. Na Liga dos Campeões, o Manchester City caiu aos pés do finalista Liverpool, vencendo depois duas das três competições internas. É difícil pedir um ano melhor para uma equipa onde Silva voltou a destacar-se. A ausência do espanhol da lista foi sentida e a sua presença era, sem dúvida, merecida.


#05 novembro2018

ivan

PERISIC Mais um nome croata afetado, positivamente, pela sensacional prestação da sua seleção no Campeonato do Mundo. Um nome regular no onze inicial do Inter de Milão, Perišić tem estado afastado das elites do futebol europeu, uma vez que os italianos só este ano regressaram à Liga dos Campeões. O extremo, que embora destro, alinha nos dois lados, garante golos todos os anos. Mesmo esta temporada, em apenas treze partidas, já soma dois golos marcados. Com 29 anos, este foi o ano em que mais possibilidades tinha de figurar os trinta nomeados para Melhor Jogador do Mundo, porém, tal não aconteceu.

emil

FORSBERG Se o ano de 2017 foi de afirmação, a temporada de 2018 foi de continuidade. A grande estrela da seleção sueca, na ausência de Ibrahimovic, foi deixada de fora por não representar grandes nomes. Tanto a Suécia como o RB Leipzig não são candidatos a grandes conquistas, mas isso não impede Forsberg de brilhar. Por esse motivo, a Revista Futebol Total vê talento e trabalho suficiente para o sueco estar presente entre os trinta nomeados. Para nós, é, provavelmente, o nome que mais merecia fazer parte das escolhas para Melhor Jogador do Mundo. Dotado com uma qualidade técnica incomum, aos 27 anos, o extremo dificilmente terá outro ano como o de 2018.

robert

LEWANDOWSKI Lewandowski não está nos nomeados para Melhor Jogador do Mundo. Você não sabe porquê, nós também não. Apesar da estratégia da Polónia para ser Pote 1 no sorteio para o Campeonato do Mundo, os polacos não passaram da fase de grupos, terminando na última posição do Grupo H. Ainda assim, Lewandowski continua a marcar mais de quarenta golos por temporada e a sagrar-se campeão alemão no final da temporada. Neste ano de 2018, o ponta de lança polaco já marcou trinta e um golos, números impressionantes, principalmente quando olhamos para outros nomeados como Karim Benzema. O Bayern Munique, além de campeão, venceu a Supertaça alemã e foi finalista vencido na DFB Pokal. Na Liga dos Campeões, os bávaros só foram eliminados na meia-final, por um golo. A sua não inclusão é, no mínimo, muito injusta.


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as 30 escolhas da revista futebol total


#05 novembro2018

01. antoine GRIEZMANN Se a eleição do vencedor da Ballon d’Or deste ano é decidida pelas prestações no Campeonato do Mundo, então o vencedor tem de ser Antoine Griezmann. Ele é o líder indiscutível da selecção francesa dentro de campo, sendo o grande impulsionador ofensivo da equipa, podendo mesmo dizer que, sem Griezmann, a França não teria o poderio ofensivo que a levou ao título mundial. No Atlético de Madrid acontece o mesmo. Todo o movimento ofensivo dos colchoneros depende da intervenção do francês. Pelo clube madrileno, venceu a Liga Europa e a Supertaça Europeia, em 2018. Por tudo isto, e principalmente por ser o jogador-chave da conquista do título mais importante do futebol mundial, Antoine Griezmann é a nossa escolha para vencer o Ballon d’Or 2018.

Jogos: 59 Golos: 33 Assistências: 16

02. CRISTIANO RONALDO Num ano que, não fosse de Campeonato do Mundo, Ronaldo juntaria, certamente, mais uma bola de ouro ao seu impressionante pecúlio. Liderou o Real Madrid à terceira conquista seguida da Liga dos Campeões (sendo novamente o melhor marcador da prova) e fez uma das exibições mais icónicas da história da Selecção Nacional, ao marcar um hat-trick frente à Espanha no Campeonato do Mundo. Infelizmente para Ronaldo, a selecção portuguesa não foi além dos oitavos de final, o que torna improvável que volte a conquistar a “bola de ouro” neste ano. Em conflito com o presidente do clube merengue, em julho, Cristiano abandonou o clube rumo à Juventus, que assumiu que o objectivo de conquistar novamente a liga milionária (para além de continuar o seu absoluto domínio do futebol italiano, claro). Em Itália, já aterroriza os defesas adversários e será sem dúvida alguma, mesmo do alto dos seus 33 anos, um dos maiores candidatos a vencer o Ballon d’Or 2018.

Jogos: 41 Golos: 41 Assistências: 11


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03. luka MODRIC O médio do Real Madrid é o claro favorito a vencer o Ballon d’Or. Já venceu o prémio “The Best” da FIFA e o prémio de melhor jogador do ano da UEFA, daí que a sua vitória deste prémio seja, para muitos, quase uma inevitabilidade. De facto, merece ser quem finalmente interrompe a hegemonia de Messi e Ronaldo. A nível de clubes, conquistou pela terceira vez seguida a Liga dos Campeões, num Real Madrid onde o croata era o maestro de toda a orquestra ofensiva merengue. A nível de selecções, Modrić capitaneou e liderou a Croácia até à final do Campeonato do Mundo, algo que ninguém previa que fosse acontecer, pois a Croácia não fazia parte do lote das equipas favoritas à conquista do troféu. Teve um papel tão fundamental nessa caminhada, que foi eleito o melhor jogador da prova. E as prestações nessa competição têm um peso muito grande nos prémios individuais. Daí que, mesmo que não seja a nossa escolha, é perfeitamente natural vermos Modrić como o maior favorito à vitória.

Jogos: 49 Golos: 03 Assistências: 09

04. lionel MESSI Mais um ano que passa e mais um ano em que o astro argentino faz números que apenas estão ao alcance dos predestinados. Os seus golos, assistências e jogadas de levantar o estádio (a que o adepto comum de futebol já se habituou pois parece que são apenas uma inevitabilidade que aconteçam sempre que Messi entra em campo) levaram o Barcelona a conquistar todos os troféus possíveis a nível nacional, com apenas a campanha europeia a ser a única desilusão a nível clubístico, pois o Barcelona caiu aos pés da AS Roma, nos quartos de final. A nível de selecções, Messi não teve um ano particularmente feliz, pois a sua Argentina teve de suar para conseguir passar da fase de grupos, quando tinha um grupo que, à primeira vista, era fácil. Foi eliminada logo nos oitavos de final, pela França. Nesta nova temporada, Messi e o Barcelona tiveram o arranque que desejavam, com o clube catalão a estar em primeiro lugar tanto no campeonato espanhol como no seu grupo da Liga dos Campeões.

Jogos: 46 Golos: 42 Assistências: 18


#05 novembro2018

05. kylian MBAPPE Se em 2017 foi a grande revelação do futebol mundial, 2018 foi a sua afirmação enquanto a próxima grande superestrela do desporto. Na temporada em que era esperado que Neymar se assumisse como a estrela do PSG, foi Mbappé que tomou esse lugar e liderou o PSG à conquista dos quatro troféus nacionais (Ligue 1, Taça da França, Taça da Liga e Supertaça). Mas o seu grande triunfo foi ao nível da selecção. Mbappé foi ao Campeonato do Mundo da Rússia e foi um dos principais responsáveis pela vitória da selecção francesa na competição, tendo marcado quatro golos na prova (um deles na final), batendo vários recordes de precocidade pelo caminho e recebendo o prémio de melhor jogador jovem do torneio. De facto, Mbappé alcançou tudo isto sem ter ainda celebrado o seu vigésimo aniversário. Podemos afirmar com toda a certeza que Mbappé será uma das principais figuras do futebol mundial na próxima década, se não for mesmo a principal.

Jogos: 49 Golos: 30 Assistências: 13

06. raphael VARANE O central francês do Real Madrid será, provavelmente, aquele que teve o ano mais positivo de todo o plantel merengue. Foi um esteio defensivo da equipa que conquistou a terceira Liga dos Campeões seguida e, durante o verão, conquistou o Campeonato do Mundo pela selecção francesa, sendo igualmente uma parte fundamental do sucesso da equipa bleu no Campeonato do Mundo, tendo alinhado em todos os jogos da caminhada até ao título. As suas prestações no Campeonato do Mundo foram de tal forma importantes e consistentes que Varane foi nomeado para o melhor onze do torneio. Depois de ter conquistado os dois troféus mais importantes que se podem conquistar no mundo do futebol, Varane não está a continuar os tempos de glória, com o Real Madrid a ter um arranque de temporada complicado, para uma equipa que está sempre habituada a ganhar.

Jogos: 52 Golos: 01 Assistências: 00


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07. MARCELO O lateral brasileiro do Real Madrid teve, até ao final da temporada de 2017/2018, o seu parceiro de sempre na ala esquerda dos merengues: Cristiano Ronaldo. Foi muito à custa desta ala esquerda que o clube madrileno conquistou a sua terceira Liga dos Campeões consecutiva. A partir do momento em que Ronaldo saiu do Real Madrid, a equipa tem sofrido com a sua falta e Marcelo não é excepção. Com o Real Madrid a afundar-se na classificação da liga espanhola, Marcelo não está isolado do resto da equipa, que tem exibições bastante sofríveis com os resultados negativos que vêm acumulando, o que vai, com certeza, prejudicar a posição final do lateral brasileiro nos resultados finais desta eleição. Esteve também no Campeonato do Mundo da Rússia, onde foi o titular da canarinha no flanco esquerdo.

Jogos: 40 Golos: 07 Assistências: 09

08. mohamed SALAH O ano de 2018 começou para Mohamed Salah como acabou o anterior: com golos. Muitos, muitos golos. O egípcio explodiu de tal forma na Premier League que acabou por bater o recorde de golos marcados numa temporada: trinta e dois golos, arrecadando assim o prémio de melhor marcador. O seu tridente ofensivo com Firmino e Mané levou o Liverpool à final da Liga dos Campeões, que perdeu, por 3-1, frente ao Real Madrid. E foi nesse jogo que Salah teve a pior notícia de todo o ano de 2018: ao minuto 31, Salah teve de ser substituído devido a uma lesão no ombro. Essa lesão acabou por comprometer a prestação de Salah no Campeonato do Mundo. Aí, Salah apenas participou nos últimos dois jogos da fase de grupos, tendo marcado dois golos, que, no entanto, de nada valeram à selecção egípcia, que sofreu três derrotas em tantos jogos da fase de grupos. Salah rapidamente recuperou a sua veia goleadora em 2018/2019 e, seguramente, estará novamente nesta lista em 2019.

Jogos: 42 Golos: 34 Assistências: 14


#05 novembro2018

09. sadio MANE O extremo velocíssimo do Liverpool viveu um ano como ainda não tinha vivido em nenhum outro na sua carreira. Com os também nomeados para o Ballon d’Or, Mohamed Salah e Roberto Firmino, formou o tridente ofensivo do Liverpool que levou o clube de volta à final da Liga dos Campeões, onde o senegalês marcou mesmo um golo, que de nada valeu pois o Real Madrid venceu por 3-1, com o guarda-redes do Liverpool, Loris Karius, a desfazer o bom trabalho da equipa ao longo do jogo, com duas ofertas que resolveram o jogo a favor dos madrilenos. Mané foi ao Campeonato do Mundo com a selecção do Senegal, tendo marcado um golo frente à Polónia e ganho o prémio de melhor em campo, embora o Senegal tenha sido eliminado na fase de grupos após perder o último jogo, frente à Colômbia.

Jogos: 47 Golos: 21 Assistências: 04

10. diego GODIN O central uruguaio, que é o patrão da defesa do Atlético de Madrid há já largos anos, viveu mais um grande ano desportivo: o Atleti ficou em segundo lugar no campeonato espanhol, conquistou a Liga Europa e derrotou o seu grande rival da capital espanhola, o Real Madrid, na Supertaça Europeia. A nível das selecções, Godín capitaneou o Uruguai até aos quartos de final do Campeonato do Mundo, sendo apenas derrotado pela eventual campeã mundial, a França. Um central leal ao emblema de Madrid, tem a garantia de boas exibições e de golos, marcando, pelo menos, um golo por ano. Ainda assim, não se engane. Trata-se de um dos melhores do Mundo na sua posição e um atleta muito forte no jogo aéreo.

Jogos: 52 Golos: 02 Assistências: 02


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11. ivan RAKITIC O médio croata do Barcelona teve mais um ano ao seu nível, com o seu nome a fazer parte do onze do Barcelona regularmente e nos jogos mais importantes do clube catalão. Apesar da saída precoce da equipa da Liga dos Campeões (nos quartos de final), Rakitic ajudou o clube catalão a conquistar os três troféus nacionais de Espanha: Liga, Taça e Supertaça. Mas foi ao nível da selecção croata que Rakitić viveu o ponto alto do seu ano: estabeleceu uma parceria no meiocampo com Luka Modrić, que carregou a Croácia até ao seu melhor resultado de sempre. Chegando à final, onde foram derrotados por 4-2.

Jogos: 56 Golos: 08 Assistências: 05

12. ISCO O médio espanhol tornou-se, no ano de 2018, um titular absoluto no Real Madrid, na primeira metade do ano por opção tática de Zidane e na segunda metade em virtude da saída de Ronaldo, que abriu uma vaga no onze merengue, o que fez com que a concorrência pelo lugar entre os titulares diminuísse. Venceu, portanto, a terceira Liga dos Campeões seguida e fez parte da selecção espanhola no Campeonato do Mundo, que dececionou as expectativas, pois era uma das favoritas à conquista do título, tendo ficado apenas pelos oitavos de final. Infelizmente para Isco, a má prestação no Campeonato do Mundo propagou-se até ao seu clube. O Real Madrid tem-se afundado na mediocridade neste início de temporada.

Jogos: 44 Golos: 11 Assistências: 07


#05 novembro2018

13. kevin DE BRUYNE O médio belga teve no ano de 2018 um grande capítulo na sua carreira, sendo fulcral no meiocampo do Manchester City de Pep Guardiola que conquistou a Premier League (com um número recorde de pontos) e a taça da liga inglesa, tendo feito parte do melhor onze do ano do campeonato inglês e recebido o prémio de jogador com mais assistências. No Campeonato do Mundo, foi um dos grandes responsáveis pela caminhada da selecção da Bélgica até ao terceiro lugar, sendo, a par de Eden Hazard, o líder desta nova geração dourada do futebol belga.

Jogos: 42 Golos: 07 Assistências: 14

14. n'golo KANTE O pequeno médio que os adeptos do Leicester afirmavam que era capaz de cobrir tudo aquilo que não fosse água no planeta Terra, ascendeu, no ano de 2018, ao topo do futebol mundial. Venceu o Campeonato do Mundo pela selecção francesa, sendo titular absoluto no meio-campo campeão mundial. Pelo Chelsea, venceu ainda a Taça de Inglaterra, continuando a figurar entre os melhores médios do campeonato inglês. Um poço de energia sem igual, é ele o que mais corre e quem transporta o jogo desde a defesa até ao ataque, sendo diversas vezes elogiado pelos técnicos que o orientam, com Deschamps a não ser exceção.

Jogos: 52 Golos: 01 Assistências: 03


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15. roberto FIRMINO O avançado brasileiro teve um ano de explosão no panorama mundial esta temporada, fazendo parte do fabuloso tridente ofensivo do Liverpool que levou o clube dos “reds” de volta à final da Liga dos Campeões. A sua capacidade, não só de finalizar, mas também de assistir os seus parceiros de ataque e de arrastar a defesa para criar espaço para os seus companheiros, que tanto sucesso deu ao Liverpool são muito apreciadas por Tite, que o levou ao Campeonato do Mundo na Rússia, onde foi uma opção recorrente a partir do banco para o ataque canarinho.

Jogos: 49 Golos: 18 Assistências: 12

16. HARRY KANE O ano de Kane pode ser descrito como a sua afirmação no panorama mundial do futebol: após vencer por duas vezes o prémio de melhor marcador da Liga Inglesa (e ter estado perto de o fazer pela terceira vez em 2018) e dominar o futebol inglês internamente, Kane confirmou o seu lugar como um dos melhores avançados do planeta, ao capitanear a selecção dos “três leões” até ao quarto lugar no Campeonato do Mundo, um resultado que já não era alcançado desde 1990. No Campeonato do Mundo, foi o melhor marcador da competição, com os seus golos a carregarem a selecção inglesa muito para além de todas as expetativas. Com apenas 25 anos, vemos Kane como um dos principais candidatos a ser uma presença constante nesta lista durante a próxima década.

Jogos: 49 Golos: 31 Assistências: 05


#05 novembro2018

17. paul POGBA O médio francês do Manchester United teve mais um ano ao seu altíssimo nível, mesmo que isso não se tenha traduzido em troféus para o clube inglês, que apenas conseguiu o segundo lugar no campeonato inglês. A sua qualidade foi reflectida, sim, na sua presença no meio campo da selecção francesa, equipa que conquistou o Campeonato do Mundo, em 2018, com as qualidades de Pogba a ser essenciais no meio campo francês ao longo de toda a caminhada até ao título. O início de temporada dos red devils foi algo atribulado, mas seguramente que o ano de 2018 será sempre lembrado na carreira de Pogba como o ano em que o médio francês atingiu o topo do mundo futebolístico, devido ao seu título mundial.

Jogos: 49 Golos: 10 Assistências: 12

18. SERGIO RAMOS O capitão do Real Madrid viveu, assim como o resto do plantel merengue, duas metades distintas neste ano. Na primeira metade, viveu a glória de conquistar a terceira Liga dos Campeões consecutiva. Na segunda metade do ano, está a viver um autêntico pesadelo. No Campeonato do Mundo da Rússia, a sua selecção espanhola venceu apenas um jogo na competição, sendo eliminada pela selecção da casa nos oitavos de final. Quando regressou ao Real, o capitão do clube tem visto a sua equipa claudicar em praticamente todos os jogos, estando já a uma distância considerável do primeiro lugar. Este arranque em falso da equipa merengue será certamente reflectido na posição de Sergio Ramos nos resultados finais desta eleição.

Jogos: 44 Golos: 10 Assistências:00


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19. jan OBLAK O guardião esloveno do Atlético de Madrid continuou, em 2018, a sua afirmação como um dos melhores guarda-redes do mundo. Ao serviço do clube madrileno, Oblak conquistou a Liga Europa e a Supertaça Europeia, sendo uma figura incontornável da conquista destes dois títulos. Infelizmente para o esloveno, este é uma persona non grata no seio da selecção eslovena, o que o prejudica na atribuição destes prémios individuais, mesmo com a sua qualidade inegável.

Jogos:40 Jogos sem sofrer golos: 23

20. NEYMAR O craque brasileiro transferiu-se em 2017 para o PSG com o objectivo de conquistar este troféu, mas parece que apenas se distanciou ainda mais dele. As suas quezílias públicas com Cavani e a emergência de Mbappé a figura principal do clube fizeram com que a imagem pública do brasileiro piorasse, para além de se ter lesionado no final de fevereiro com uma lesão que, por pouco, não o deixou fora do Campeonato do Mundo. Para Neymar ter hipótese de conquistar a “bola de ouro”, precisaria de ter um Campeonato do Mundo fora de série…e Neymar esteve em bom plano, sendo mesmo eleito para o melhor onze da competição…mas não o suficiente para levar a canarinha além dos quartos de final, onde caíram frente à Bélgica. Apesar de ser uma estrela do futebol mundial e a maior figura do futebol brasileiro pós-Ronaldinho, Neymar precisa de ter uma temporada verdadeiramente estratoférica para vencer o Ballon d’Or, além de liderar o PSG à conquista de um troféu: a Liga dos Campeões.

Jogos: 34 Golos: 28 Assistências: 18


#05 novembro2018

21. edinson CAVANI O uruguaio viveu um ano tumultuoso no PSG, com os seus conflitos com o recém-chegado Neymar a serem uma presença constante nos jornais desportivos. Apesar disso, tornou-se no melhor marcador de todos os tempos do clube parisiense ainda em janeiro, que conquistou facilmente os quatro troféus nacionais (Ligue 1, Taça de França, Taça da Liga e Supertaça) neste ano. Esteve também no Campeonato do Mundo, onde brilhou frente a Portugal com dois golos nos oitavos de final, carregando a selecção azulceleste até aos quartos de final, onde foi eliminada pela eventual campeã do mundo, a França.

Jogos: 41 Golos: 27 Assistências: 11

22. eden HAZARD O extremo belga foi mais uma vez a figura maior do Chelsea, que defraudou um pouco as expectativas que havia para a equipa, mesmo tendo conquistado a Taça de Inglaterra. A nível de selecções, Hazard brilhou ao capitanear a selecção belga até ao terceiro lugar no Campeonato do Mundo, o melhor resultado da sua história. Foi eleito o segundo melhor jogador do Campeonato do Mundo e fez parte do melhor onze do ano para a FIFA. Tendo começado a temporada de 2018/2019 a todo o gás no Chelsea de Sarri, onde é a figura fulcral do ataque dos “blues”, o belga é um dos maiores candidatos a vencer o Ballon d’Or do próximo ano.

Jogos: 51 Golos: 23 Assistências: 13


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23. luis SUAREZ O prolífico avançado uruguaio viveu mais um ano de sonho ao serviço do Barcelona. Com os seus golos e assistências, ajudou o clube catalão a conquistar todos os troféus nacionais possíveis (Liga, Taça e Supertaça), apesar da desilusão que foi a eliminação nos quartos de final na Liga dos Campeões. A nível da selecção, Suárez participou no Campeonato do Mundo pela selecção uruguaia, marcando dois golos na fase de grupos. Suárez e o Uruguai foram eliminados nos quartos de final pela eventual campeã mundial: a selecção francesa. Suárez teve um início de temporada muito risonho, liderando o Barcelona ao primeiro lugar da Liga Espanhola, com o grande destaque a ser, até agora, o seu hat-trick frente ao Real Madrid, numa vitória por 5-1.

Jogos: 52 Golos: 34 Assistências: 24

24. hugo LLORIS O guardião francês do Tottenham teve mais uma temporada ao seu nível, ajudando o Tottenham a atingir, mais uma vez, a qualificação direta para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Na selecção francesa, foi o guarda-redes titular da selecção que se viria a tornar campeã do mundo, sendo essencial na conquista do título, com algumas das suas defesas a manter a França à frente do marcador em momentos fulcrais das eliminatórias mais difíceis, como frente à Argentina ou contra a Bélgica. Lloris seria claramente o melhor guarda-redes do torneio (como é prova a sua nomeação para o melhor onze da competição), não fosse o seu erro no segundo golo da Croácia na final, mas que não teve consequências demais para a selecção francesa, pois continuou a liderar por dois golos de diferença. Lloris só não está mais alto na lista devido a este erro e também pelo arranque em falso do Tottenham nesta nova temporada.

Jogos: 41 Jogos sem sofrer golos: 16


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25. karim BENZEMA Um dos nomes mais controversos desta lista. De facto, os números do franco-argelino não justificam a sua inclusão nesta lista dos trinta melhores do ano. E também não ajuda o facto de este não ser convocado à selecção francesa, apesar de ser, provavelmente, o melhor ponta-de-lança francês há já vários anos, pelo que se podia ter tornado campeão mundial, este ano. Se assim fosse, a nomeação de Benzema não teria contestação. Mas, assim, apenas com a sua participação em mais uma campanha triunfal do Real Madrid na Liga dos Campeões a ser o seu único argumento a favor, torna-se difícil aceitar a sua nomeação, principalmente quando a sua produção em termos de golos e assistências comparada com o seu parceiro de ataque até julho, Cristiano Ronaldo, é francamente mais reduzida.

Jogos: 45 Golos: 13 Assistências: 09

26. sergio AGUERO O melhor marcador de todos os tempos do Manchester City continuou a liderar o ataque da equipa sky blue (sendo o seu melhor marcador a uma larga distância do segundo, Gabriel Jesus, apesar das suas lesões) durante este ano, temporada em que a equipa de Pep Guardiola foi a primeira equipa de sempre a atingir os cem pontos na Premier League. Foi chamado por Jorge Sampaoli ao Campeonato do Mundo, onde marcou dois golos pela selecção das pampas, que, no entanto, não foi além dos oitavos de final, onde caiu num jogo extraordinário frente à eventual campeã mundial, a França.

Jogos: 34 Golos: 27 Assistências: 04


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27. ALISSON becker O guardião brasileiro viu o ano de 2018 ser o ano da confirmação do seu enorme talento: levou a AS Roma às meias finais da Liga dos Campeões, eliminando o Barcelona nos quartos de final, e a equipa da capital romana apenas foi derrotada pelo Liverpool. Alisson consolidou-se, durante este ano, como o titular da canarinha, tendo sido utilizado nos cinco jogos do Brasil no Campeonato do Mundo de 2018, que foi eliminada nos quartos de final, frente à Bélgica. As suas prestações memoráveis e as suas defesas “impossíveis” valeram-lhe uma transferência para o Liverpool, a troco de 75M€, onde já conquistou a baliza da equipa de Jürgen Klopp.

Jogos: 49 Jogos sem sofrer golos: 27

28. thibaut COURTOIS O guardião belga foi o guarda-redes titular do Chelsea, que teve uma temporada abaixo das expectativas e apenas terminou no quinto lugar da Premier League, tendo, no entanto, conquistado a Taça de Inglaterra. O seu ponto alto do ano desportivo foi no Campeonato do Mundo, onde foi uma parte integral da caminhada da selecção belga até ao terceiro lugar, tendo ganho o prémio de melhor guarda-redes da competição. Após o verão, transferiu-se para o Real Madrid, onde teve um arranque de temporada bastante negativo, com o clube madrileno já a largos pontos do primeiro classificado da La Liga.

Jogos: 37 Jogos sem golos sofridos: 15


#05 novembro2018

29. mario MANDZUKIC O avançado croata é mais um dos nomes discutíveis desta lista da France Football. Ao serviço da Juventus, apesar dos títulos conquistados (Serie A e Taça de Itália), os seus números estiveram abaixo do esperado para um avançado da sua qualidade, apesar de ter marcado dois golos ao Real Madrid, no estádio Santiago Bernabéu, no que foi o seu melhor jogo pela Juventus neste ano. Mas, o grande argumento de Mandžukić para figurar nesta lista, está na sua campanha com a Croácia no Campeonato do Mundo, onde foi o avançado titular na selecção croata, que chegou à final do Campeonato do Mundo, o seu melhor resultado de sempre numa competição internacional. Marcou inclusive um golo na final, mas que de nada adiantou à selecção croata, pois perdeu por 4-2.

Jogos: 40 Golos: 11 Assistências: 05

30. gareth BALE No ano de 2018, o galês viveu um ano de altos e baixos. Começou o ano sem ser titular no Real Madrid e terminou a temporada de forma bombástica, ao sair do banco para marcar dois golos na final da Liga dos Campeões e, com a saída de Cristiano Ronaldo do clube merengue, tudo parecia encaminhado para Gareth Bale (finalmente) se afirmar como estrela maior do clube tricampeão europeu. Mas a realidade não é essa e Bale tem fracassado nesse papel, com o Real a afundar-se no campeonato espanhol e com a sua oportunidade de atingir o estatuto de figura principal da equipa a esvair-se lentamente, apesar das suas qualidades inegáveis. A sua posição nesta eleição é seriamente influenciada pela ausência da selecção galesa do Campeonato do Mundo, realizada na Rússia.

Jogos: 37 Golos: 20 Asssistências: 06


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#05 novembro2018


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ayrton senna e a paixão pelo corinthians André Nogueira

yrton Senna da Silva foi (e ainda é) um dos grandes ídolos do povo brasileiro, além dos apaixonados por Fórmula 1 espalhados por todo o Mundo. Para trás deixou um historial de conquistas, sempre mostrando o seu amor pelo Brasil e, principalmente, pelo seu Corinthians.

A

A alegria do povo

Quando escutamos esta frase, imediatamente pensamos em Garrincha, mas também assenta bem em Ayrton Senna. Um homem que, apesar de não ter tido uma infância complicada, tentou sempre trazer alegria para o seu povo e para o seu país. Nascido a 21 de março de 1960, em São Paulo, desde cedo mostrou a sua paixão pelos desportos motorizados. Com apenas quatro anos, já conduzia um kart construído pelo pai, através de um motor de um cortador de relva. Em 1984, estreia-se na Fórmula 1, no único ano em que não termina nas quatro primeiras posições. Um grande feito daquele que viria ser um dos melhores de sempre no seu desporto. Porém, Senna nunca escondeu a sua paixão pelo Corinthians, demonstrando-o, ainda na Fórmula 3, através das várias fotografias onde o símbolo do clube aparece por debaixo da roupa vermelha da equipa que defendia, como vemos na página ao lado.

Corinthians e as homenagens

Apenas quatro dias após o falecimento do piloto, o Corinthians entrou em campo para a partida frente ao Guarani, em casa, para o campeonato Paulista (3-1). Nesse jogo, os jogadores entraram com uma faixa onde se lia “FIA: Federação Internacional de Assassinos”. Palavras duras para alertar a falta de segurança existente na Fórmula 1, na altura, e para que casos idênticos não se voltassem a suceder pois, além de Senna, também o piloto austríaco Roland Ratzenberg faleceu nessa mesma semana. Num outro tecido, era possível ler: “Ayrton Senna: O Campeão dos Campeões. Eternamente dentro

dos nossos corações”, enquanto os adeptos entoavam o nome do antigo astro da Fórmula 1. Pouco depois de começar a partida, foi a vez dos adeptos levantarem a sua faixa. Com a simples frase “Acelera Ayrton”, o ambiente foi de causar arrepios a todos que observavam. Até o guarda-redes Ronaldo, se ajoelhou e começou a rezar durante a partida. Além disso, ainda antes do primeiro golo, houve tempo para um minuto de silêncio durante a partida. Com o primeiro golo do jogo, Viola, o autor do golo, dirigiu-se ao banco e começou a correr com uma pequena bandeira do Brasil, como Ayrton festejava, dentro do seu carro, sempre que vencia uma prova. Casagrande, antigo jogador do FC Porto e campeão europeu, faria ainda o segundo do jogo, para depois Viola bisar e fechar as contas da equipa da casa. No ano de 2009, a maior claque do clube, os Gaviões da Fiel, criaram uma música para o Carnaval, onde recordavam vários corinthianos. O tema da canção era: “O sonho comanda a vida, quando o Homem sonha, o Mundo avança. A fantástica velocidade da roda para a evolução humana. É pura adrenalina”, onde se escuta, “Quando chega o domingo, na tela da televisão, «De volta em volta», adrenalina... Explosão! Entre tantas constelações, uma estrela lá no céu: ao lado de São Jorge padroeiro, Ayrton Senna da fiel”. Em 2010, três dias após o aniversário do clube, a claque do Timão procedeu à criação de cem bandeiras com algumas das caras mais importantes da vida do clube. Nessas bandeiras, encontravam-se desenhados os rostos de personalidades como Sócrates, Marcelinho Carioca, Ronaldo, Wladimir ou... Ayrton Senna. Há quatro anos atrás, em 2014, no vigésimo aniversário da morte do piloto, num jogo a contar para a Copa do Brasil, frente ao Nacional-AM (3-0), o Corinthians realizou uma homenagem original. Ao entrarem no relvado, os adeptos presenciaram os onze elementos que iniciavam o jogo transportando, por baixo do braço, réplicas do capacete que


#05 novembro2018 era utilizado por Ayrton Senna. Quando começou a ser tocado o hino nacional do Brasil, os jogadores colocaram os capacetes em sinal de respeito. Poucos dias depois, na inauguração da Arena Corinthians, palco construído devido ao Campeonato do Mundo desse ano, duas figurantes correram com uma bandeira do Brasil e uma do Corinthians, enquanto se ouvia a música que entoava na televisão quando a Fórmula 1 estava a passar. Senninha, uma personagem de comics inspirada no piloto, entrou em campo em 2015 para dar o pontapé inicial na partida frente ao Red Bull Brasil, que acabou empatada a zero. Também da parceria entre o Timão e o Instituto Ayrton Senna, no mesmo ano, foi realizada a campanha “Doe Letras” onde cada jogador aparecia sem uma letra na camisola. A Arena Corinthians recebeu ainda, em 2016, dois pilotos da Fórmula 1, Carlos Saintz e Daniill Kvyat, que falaram da importância de Ayrton no desporto. Ainda em 2016, no jogo da Taça dos Libertadores contra o Nacional, do Uruguai, o estádio esteve, por um dia, com o nome do ídolo e todo personalizado com a inscrição #AyrtonSempre.

preferida dos adeptos

Numa votação levada a cabo pelo site MeuTimão, um fórum criado por adeptos do Corinthians, a camisola criada em homenagem a Ayrton Senna foi eleita a mais bonita de sempre de entre todos os terceiros equipamentos do clube. Com quarenta e uma riscas, que representam o número de vitórias de Ayrton Senna em Grandes Prémios, com cores representativas da Lotus, segundo equipa que representou, entre os anos de 1985 e 1987, a terceira camisola tem sido um sucesso comercial mas, a pedido da família e da Fundação, só será comercializada no Brasil. Além da camisola, há ainda a venda de casacos, chapéus e t-shirts. A loja física também foi remodelada para a homenagem correta a um dos maiores ídolos do povo brasileiro e mundial, bem como a todos os amantes da Fórmula 1.


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Histórias da História Manchester City 3-2 QPR (2012)

André Nogueira

á jogos que nos ficam na memória, quando se vê no estádio ou na televisão. Hoje em dia, há outros que nos ficam na memória graças às novas tecnologias, que nos trouxeram espaços como o Youtube ou outras plataformas online de Futebol, que permitem rever jogos completos ou resumos de vários clubes e seleções, de várias temporadas. Para os adeptos do Manchester City, o dia 13 de maio de 2012 ficará eternamente nas suas memórias com um dos melhores dias das suas vidas. Numa partida onde parecia que o campeonato ia ser perdido, em casa, na última jornada, Agüero marcou no quarto minuto do tempo de compensação, tornando os citizens campeões, quarenta e quatro anos depois. Mas já lá vamos... Com os dois clubes de Manchester empatados no número de pontos, o City só precisava de fazer melhor ou igual que o United, que visitava o terreno

H

do Sunderland. Isto porque os comandados de Roberto Mancini tinham oito golos de vantagem sobre a formação comandada por Sir Alex Ferguson (vitória por 6-1 em Old Trafford, com o festejo memorável de Balotelli e o “Why always me?” [Porquê sempre eu?] e vitória por 1-0 no Etihad Stadium). Por esse motivo, a missão parecia não ser muito complicada, mas engane-se. A lutar pela permanência, o QPR visitava o Etihad Stadium em busca de pontos fundamentais para as suas contas. Antes do apito inicial, já se vendiam produtos a comemorar a conquista do campeonato que ainda não havia sido conquistado. Ao intervalo, vantagem pela margem mínima para ambos os emblemas de Manchester. Pablo Zabaleta marcava pelo City, Wayne Rooney pelo United. Se o dia estava a ser de sonho, rapidamente começava a mudar com o início do segundo tempo. Djibril Cissé, com apenas três


#05 novembro2018 minutos decorridos, aproveitou o corte incompleto de Lescott, aparecendo sozinho em frente a Joe Hart. Estava feito o empate. Como já era comum, ao longo da partida, Joey Barton tem uma atitude menos correta para com Tevez e Agüero, terminando expulso. Com o QPR com menos um elemento, era a grande oportunidade de o Manchester City voltar para a frente... mas não foi isso que aconteceu. Onze minutos depois, num contra golpe, Armand Traoré, que tinha entrado pouco tempo antes, acelerou e assistiu Jamie Mackie. 1-2 para o QPR. O Manchester City, que já tinha grande parte da equipa do ataque, precisava agora de dois golos que, como os visitantes defendiam, era preciso um milagre para tal acontecer... Já com Edin Dzeko e Mario Balotelli em campo, o guarda-redes Paddy Kenny ia mantendo a baliza

intransponível até aos noventa minutos. Depois entraram os milagrosos minutos de desconto. Aos 90+2’, canto cobrado por David Silva, com o bósnio a cabecear, no centro da área, para o fundo das redes. Jogo empatado, faltava um golo ainda. Bola no meio campo, o QPR não tenta jogar. Bola para a frente, para lançamento perto da grande área do Manchester City. Com a bola a ser cortada e lançamento a favor do QPR, os adeptos choravam e batiam em cadeiras, acreditando que estava tudo perdido. Mas havia tempo para mais um ataque: Agüero, Balotelli devolve em esforço, Agüero simula o remate, avança e faz o golo. 3-2, final do jogo. O Manchester City era campeão, observavam os jogadores do United em Sunderland. Por outro lado, o empate entre Bolton e Stoke City garantiu a permanência do QPR no principal escalão do futebol inglês.


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London Stadium jonathan pertzborn

O West Ham é um dos histórico em Inglaterra. O Boleyn Ground é um dos estádios mais icónicos das terras de Nossa Majestade. No entanto, poucos sabem o que veio antes do Boleyn Ground e do atual London Stadium. Esta é a história de um clube que cresceu a partir do nada e entrou no coração de milhões de adeptos dos Hammers.

Hermit Road

Em 1895, a primeira equipa profissional da história de Essex, Old Castle Swifts FC, abandonou o seu estádio: The Old St Luke´s ground, localizado em Hermit Road. Os residentes locais descreviam o campo como sendo “um monte de cinzas” devido ao seu estado abaixo do normal: o campo era rodeado por um fosso e protegido por lençóis de pano. Com o abandono do clube, uma companhia de siderurgia e construção naval em Thames ocupou o espaço com uma equipa formada por trabalhadores e membros da companhia. Foi então que Hermit Road passou a ser a casa de Thames Ironworks.

No entanto, e de forma previsível, o campo não reunia condições para disputar jogos competitivos, o que obrigou o clube a receber o Chatham Town no Maidstone Road Ground, num jogo de qualificação para a FA Cup (derrota por 5-0). Na temporada de 1896/1897, o Thames Ironworks foi aceite para participar na London League, muito por culpa do presidente da competição, Arnold Hills, ser também o diretor do clube, na altura. Foram jogados apenas dois jogos em Hermit Road. O clube foi obrigado a abandonar o terreno devido a violações de contrato, que ocorreram devido à construção de cercas e outras violações de nível financeiro.

Browning Road

Depois da expulsão do Hermit Road, o Thames Irownworks conseguiu encontrar uma casa temporária para terminar a sua primeira temporada na London League. O destino era o estádio Browning Road, perto de East Ham.


#05 novembro2018 O primeiro jogo na casa emprestada contou com 1500 espetadores, na vitória sobre o Ilford, por 3-2. Uma das lendas do clube, Syd King, contou uma história deveras curiosa que foi publicada no livro “Book of Football”, em 1906. Aparentemente, e sem explicação plausível encontrada, as pessoas que vivam na área não gostaram da ideia do clube ocupar o estádio e, em todos os jogos, revelavam um lado “selvagem” ao “apoiar” a equipa, sendo este o primeiro de muitos casos de “hooliganismo” nos lados do West Ham United. Com o passar do tempo ,era fácil reconhecer que a permanência do Thames Ironworks no Browning Road roçava o impossível e, mais uma vez, Hills foi chamado a intervir, ao gastar 20 mil libras para a construção de um novo terreno de jogo.

Memorial Grounds

Em 1897, Hills anunciou a compra do terreno “Memorial Grounds”, em West Ham. Em apenas seis meses, a construção foi dada por terminada e oito mil pessoas assistiram à inauguração do novo espaço desportivo, que continha uma pista de ciclismo e condições para receber uma final da Taça de Inglaterra. A partir daí muito mudou no Thames Ironworks, com muitos jogadores a abandonarem o clube devido à situação profissional e o facto de novos trabalhadores chegarem à fábrica com o intuito de contribuir, não só na indústria da siderurgia, como também na prática do futebol. Os equipamentos também foram alterados, passando de um azul escuro para o mais tradicional azul claro com listras avermelhadas. Inicialmente, o número de espetadores encontravase abaixo da média (cerca de 1000) devido à falta de transportes perto da área, aspeto que foi corrigido em fevereiro do mesmo ano, quando conseguiram um acordo com os caminhos de ferro de Tilbury e Southend, em Londres. A estação ficou completa em 1901, sendo denominada de West Ham. Outro problema encontrava-se no preço dos bilhetes, que eram mais caros do que alguns salários de comerciantes. Apesar dos problemas a nível de falta de adeptos nos jogos em casa, o Memorial Grounds serviu de Fortaleza para o Thames, que venceu todos os seus oito jogos para a London League. Os jogos que registaram um maior número de espetadores foram frente ao eterno rival Millwall: 13 mil para a FA Cup e 12 mil no jogo da liga. 1900 foi o ano que ditou o fim do Thames Ironworks FC, depois de Hills tornar o clube numa companhia pública. Então, em setembro de 1990, foi criado o West Ham United que, por sua vez, continuava a receber os adversários no Memorial Grounds. Porém, quatro anos mais tarde, problemas financeiros do lado de Hills levaram o magnata a confirmar a sua indisponibilidade

para prolongar a estadia do West Ham no Memorial Grounds, obrigando o emblema a procurar uma nova casa pela quarta vez na sua história.

The Boleyn Ground

No final dessa temporada, o West Ham chega a uma nova casa. O estádio foi construído num campo que, originalmente, foi designado para plantar batatas e couves, daí a alcunha de “campo de batatas”. O primeiro jogo dos Irons no seu novo estádio não podia ter calhado contra um adversário mais apropriado: os rivais do Millwall, perante 10 mil pessoas, não tiveram responsta perante o West Ham (3-0). O campo foi evoluindo ao longo dos anos até que, em 1944, uma bomba lançada pelo exército alemão aterrou na bancada sudoeste do Boleyn Ground, destruindo não só o campo, como também o escritório e documentos históricos do clube que lá se encontravam arquivados. A janeiro de 1969, foi contruída a East Stand, que substituiu o histórico Chicken Run Terrace, que permitia aos adeptos ver o jogo de pé perto do relvado. Um ano depois, 42 322 pessoas foram ao Boleyn Ground assistir ao empate entre o West Ham e o Tottenham Hotspur, um novo recorde do clube. Foi, porém, nos anos 90 que se assistiu a uma renovação mais significativa, com a inauguração do “The Bobby Moore Stand”, em homenagem a uma lenda do clube e uns dos centrais mais icónicos do futebol inglês. Depois de 112 anos de altos e baixos, muitas alegrias, tristezas e, principalmente, memórias, o ano de 2016 assinalou a altura de os adeptos se despedirem do Boleyn Ground.

London Stadium

O London Stadium, localizado em Stratford, Londres, foi visto como o próximo passo para o sucesso do West Ham, com muita gente a prever o alcance do nível europeu, depois da qualificação do para as competições europeias, no seu último ano no Boleyn Ground. No entanto, não foi o início que os Irons desejavam. Uma primeira temporada com resultados menos positivos viu o clube terminar na décima primeira posição. Muitos adeptos do West Ham já deixaram claro que a atmosfera simplesmente não é a mesma da de Boleyn Ground, pois o maior número de lugares levou também ao aumento do número de famílias e adeptos casuais, algo que não é do agrado dos adeptos mais leais do West Ham.


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Grandes Golos

Marco Van Basten vs URSS (1988) André Nogueira

visamos desde já, é difícil encontrar golos melhores que este. Marco Van Basten pensou e executou com calma, como se de um simples golo se tratasse. Mas não, há muita história por detrás do golo. Estamos em 1988. Disputa-se o Campeonato da Europa, na Alemanha, com oito seleções em busca da glória. Num grupo A, Alemanha, Dinamarca, Espanha e Itália. No outro lado, no grupo B, Holanda, Inglaterra, República da Irlanda e União Soviética (URSS). Nessa temporada, o SL Benfica, composto por vários atletas portugueses, perdia a final da Liga dos Campeões para os holandeses do PSV (0-0, 6-5 g.p.). Porém, na seleção, os resultados lusos não eram tão bons, falhando o apuramento atrás da Itália e da Suécia. Já os holandeses, com cinco atletas no PSV na sua convocatória, chegavam como uma seleção temível. Já os alemães, contavam com apenas um jogador do Bayer Leverkusen (Wolfgang Roff), apesar da conquista da Taça UEFA. Numa altura em que as vitórias valiam dois pontos, a Holanda perde com a URSS e derrota a República da Irlanda e a Inglaterra. No grupo A, Alemanha e Itália avançam sem derrotas. Nas meias-finais, uma reviravolta sobre a

A

Alemanha, com golo de Van Basten a terminar, e um jogo de único sentido frente à Itália, colocam Holanda e URSS, de novo, frente a frente. Na final, a turma da Laranja Mecânica mostrou toda a sua qualidade. Com um Gullit inspirado e um Van Basten letal, o duo do AC Milan decidiu a partida, praticamente, sozinho. Primeiro, num cruzmento de Wouters para a área, Van Basten assiste, de cabeça, para o cabeceamento de Gullit. 1-0. Depois, o momento do jogo. Van Tiggelen transporta a bola pelo centro, passa na esquerda para Mühren que cruza de primeira para o lado oposto da área. Esperando pelo momento ideal, Van Basten remata, sem deixar a bola cair, para junto do poste contrário. 2-0. Após a geração de Cruijff, a Holanda conquistava o seu primeiro (e único) Campeonato da Europa.


#05 novembro2018

O meu 11 por: Tiago Alves (Criador do podcast TertĂşlia da Bola)



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