Futebol Total #02

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EDIÇÃO 02

Agosto 2018

CAMPEÕES DA EUROPA! Belenenses / Campeonato do Mundo’18 / Bundesliga



#02 AGOSTO2018

Por fim, campeões! uando a nossa seleção nacional de sub-19 partiu para a Finlândia, fiquei com a ideia que existia talento suficiente para vencer todos os possíveis adversários que podíamos encontrar. Isto já depois de uma fase de qualificação que acompanhei por todos os meios possíveis, apesar de só o último jogo ter tido transmissão televisiva (vitória por 4-0 frente à República da Irlanda). Porém, antes do início da prova, as prestações menos conseguidas no Torneio de Toulon, chegaram a criar-me dúvidas sobre o possível sucesso, que nunca pensei que viessem a existir. Além disso, as ausências de Gedson Fernandes (principalmente este) e Diogo Leite, tornavam esta jovem seleção, teoricamente, mais fraca. Mas, uma vez mais, estes rapazes provaram o contrário. São uma seleção mais forte que aquela que venceu a Espanha, em grandes penalidades, na final do Campeonato da Europa de sub-17. São mais fortes a cada dia porque cresceram. Cresceram nas equipas B, nacionais e internacionais, chegando à competição com uma maturidade e uma “pedalada”, como se diz na gíria, diferente da dos seus adversários. E foi isso que fez a diferença.

Ficha Técnica

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Diretor Geral André Nogueira Paginação André Nogueira Tiago Nogueira Redação André Nogueira Daniel Fonseca João Couto Jonathan Pertzborn Sérgio Velhote Revisão Daniel Fonseca Tiago Nogueira Contacto

E é no futuro que esta edição se tenta focar. Os jovens que estão a aparecer em grandes campeonatos, como a Bundesliga, ou os estádios que estão a ser construídos para clubes históricos, como o Tottenham Hotspur Stadium.

aonogueira16@gmail.com Créditos Algarve Desporto Asian Telegraph Qatar

Aproveitando a deixa de clubes históricos, relembramos a recuperação quase milagrosa do Portimonense, que promete voltar a ter um campeonato tranquilo nesta temporada de 2018/2019. Ao contrário do Belenenses que, não dentro de campo, terá o maior desafio da sua história. Clube e SAD estão em guerra e, neste momento, existem dois clubes à procura de uma identidade. Enquanto um clube procura descobrir quem é, um país busca desmistificar quem sempre foi, organizando o Campeonato do Mundo de 2018. Através de uma pequena mas muito enriquecedora entrevista, fomos até à Rússia onde, de forma diferente da França, o país também venceu. E, para terminar em vitórias, mostramos todos os campeões distritais a nível nacional, que alcançaram o Campeonato de Portugal. Por fim, mostramos a maior vitória de todas: a do Campeonato da Europa de 2016. Esta é uma revista composta por jovens jornalistas, grátis e online. Aproveitem e espero que gostem... uma vez mais! André Nogueira Criador da revista Futebol Total

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Mesaque Dju Mitchfoot Portugal Quartz SAPO Desporto SC Maria da Fonte Sporting CP Sul Informação The Telegraph Torcedores.com UEFA.com


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24

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Especial Renovação Sporting CP

Belenenses nos Distritais

Entrevista Irina

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Reportagem Portimonense

Campeões Distritais

Especial Mundial 2018


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06 Especial

Europeu Sub-19

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Ronaldo na Juventus

Reportagem Harry Kane

Estรกdios: White Hart Lane

52

78

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Promessas Bundesliga

Histรณrias com Histรณria

Grandes Golos


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Campeonato da Europa sub-19

cAMPEÕES DA eUROPA... OUTRA VEZ! Desde a conquista do Campeonato da Europa de sub-17, onze desses jogadores da geração de 99 voltaram a vestir o ouro e juntar o Campeonato da Europa de sub-19 à sua coleção. Tratou-se de uma conquista inédita da formação das quinas.


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Esta é (realmente) a geração de ouro André Nogueira

ara os mais atentos, esta seleção nacional de sub-19 chegava à Finlândia como uma das favoritas, apesar de várias ausências de jogadores que estiveram presentes na qualificação mas acabaram por não viajar para realizarem a pré-temporada com os seus clubes ou por outros motivos. São exemplos de Diogo Leite ou Gedson Fernandes. Inserido no grupo A, Portugal iniciou a sua caminhada frente à Noruega, um adversário mais poderoso do que poderia aparentar ser. Não só contavam com o melhor marcador da fase de apuramento, com dez golos, Erling Håland, que assinou recentemente com a Juventus, como, para chegar ao Campeonato da Europa, tiveram de eliminar Alemanha e Holanda. Tal feito foi conseguido com uma vitória por 5-4 frente à Escócia, com o jogo a só ser decidido com uma grande penalidade aos 90+1’. Mas a “sorte” norueguesa foi azar contra os lusos.

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O resultado de 3-1 escondeu o perigo que a baliza de Diogo Costa sentiu constantemente, enquanto um Trincão inspirado e um Miguel Luís, com o primeiro de dois golos com muita ajuda dos deuses, iam aumentando a vantagem portuguesa, que nunca chegou a estar empatada a dois por falta ou excesso de pontaria dos atletas noruegueses. Passado o primeiro desafio com sucesso, Portugal encontrava a Itália, que também havia vencido a jornada inaugural (1-0 vs Finlândia). Guiados por Alessandro Plizzari na baliza e Moise Kean no ataque (o primeiro jogador do ano 2000 a atuar na Liga dos Campeões, ao serviço da Juventus), a formação italiana não tinha o talento dos comandados de Hélio Sousa mas faziam-se respeitar pela entrega e dureza do seu futebol. Um jogo que tinha tudo para ser equilibrado, desequilibrou-se ao minuto nove, com a expulsão do capitão Diogo Queirós, que nunca mais foi


#02 AGOSTO2018 opção quando substituído na perfeição por David Carmo. O atleta do SC Braga foi o eleito para ocupar a vaga deixada por Diogo Leite na convocatória e, a dupla de centrais que antes era do FC Porto, passou agora a ser composta por Carmo e Romain Correia, do Vitória SC, os rivais do Minho. Voltando à partida, Portugal mostrou uma estratégia defensiva bem treinada, chegando ao intervalo com o empate a zero e sem ser possível notar a diferença do número de elementos de cada formação. A segunda-parte, porém, foi diferente, e bastou um, ou dois golos. Após várias insistências, Capone abriu o marcador e, mais uma vez de forma caricata, Miguel Luís, a meias com o italiano Bellanova, igualou a partida. Mas não havia tempo para festejar, a Itália carregava no meio-campo luso e Scamacca, saltado do banco, apareceu sozinho para dar vantagem à seleção italiana. Com alguma sorte também, Frattesi fazia o golo, que só não seria o último da partida pois, Domingos Quina, a um minuto do final, assinou um dos melhores golos da competição. Remate colocadíssimo de pé direito ao canto superior direito da baliza de Plizzari. Portugal perdia mas provava não ser inferior aos italianos. Para garantir a passagem, Portugal precisava de vencer a Finlândia e esperar que a Noruega não vencesse para não ser preciso ir à calculadora. Apesar do empate 1-1 entre Noruega e Itália, os lusos também não deixaram a seleção anfintriã respirar. Num constante ataque à baliza de Rasmus Leislahti, João Filipe, José Gomes e Mésaque Djú marcavam os três golos da partida. O resultado podia ser maior mas, às oportunidades falhadas, nem lances de baliza aberta eram fáceis de concluir. Mundial sub-20 e as meias-finais Com a passagem às meias-finais, Portugal garantia a presença no Mundial de sub-20, juntamente com Ucrânia, Itália, França e Noruega, que precisou de vencer a Inglaterra (3-0) para garantir também a sua participação. Vencer o grupo B, onde também estavam inseridas Inglaterra, Turquia e França, uma das seleções mais talentosas da competição, não causou qualquer medo à seleção de Hélio Sousa. Bastaram trinta minutos para resolver o assunto. Pedro Correia (2’), João Filipe (19’ e 21’) e Francisco Trincão (28’ e 30’) faziam o 5-0 e destroçavam os sonhos ucranianos. Houve espaço para Diogo Teixeira e João Virgínia fazerem os primeiros minutos na competição, o último acabaria até por fazer os cento e vinte minutos da final, por lesão de Diogo Costa. Na outra meia-final, a França demonstrou a sua superioridade frente à Itália, mas não a concretizou. Numa equipa com jogadores como Malang Sarr ou Mickaël Cuisance, foi a Itália, através de Capone e Moise Kean, que soube marcar. Das 26 tentativas de golo da França, apenas 6 foram à baliza. A Itália

precisou apenas de 4 remates à baliza para carimbar a passagem à final e o reencontro com Portugal. A vingança Costuma-se dizer que a vingança se serve fria, mas o calor de Vaasa complicava o ditado popular. A montanha-russa de emoções ganhava o primeiro contorno no final da primeira parte. João Filipe recebia o passe de Trincão e rematava forte à baliza. Plizzari ficava mal na fotografia e Portugal ia a sorrir para o intervalo. Um jogo que foi sempre muito dividido e com oportunidades para ambas as balizas, parecia decidido quando Francisco Trincão fez o 2-0, numa recarga a remate de João Filipe, à passagem do minuto 72. Mas desengane-se. A arma secreta italiana, que foi guardada até ao intervalo, apareceu ao minuto 75 e 76 a bisar e empatar a partida. Moise Kean imitava Mario Balotelli no festejo, e não seria surpresa nenhuma se, no futuro, alcançasse carreira semelhante ou melhor que a do astro italiano. Deixemos os noventa minutos. Jogadores portugueses iam caindo pelo relvado com o cansaço, exemplos de João Filipe e Domingos Quina, com o segundo a ser substituído por Nuno Santos no início do prolongamento, mas o cansaço era sentido em ambas as equipas. Thierry Correia não aguentava a velocidade de Moise Kean, Zanandrea estava cada vez mais a lento a reagir a cada lance. Energias diferentes, primeiras partes semelhantes. No último minuto da primeira parte do prolongamento, João Filipe apontava um dos melhores golos do dia e dava novamente a vantagem a Portugal. Mas os italianos, que se destacavam pela sua raça e luta até final, contaram com Scamacca novamente inspirado contra os portugueses e a igualar a partida uma vez mais. Pedro Correia, que tinha entrado para o lugar de Francisco Trincão e assistido para o segundo golo da conta pessoal de João Filipe, fez também o gosto ao pé. Depois de marcar na sua estreia na competição, contra a Ucrânia, apontou o golo do dia ao minuto 109. Curiosamente, o mesmo minuto em que Éder marcou à França no Campeonato da Europa de 2016 (que poderá ler mais à frente nesta edição). Estava feito o 4-3. A Itália voltava a marcar três golos a Portugal mas não passava disso. Estava decidido. Os campeões da Europa de sub-17 de 2016 eram, dois anos depois, também campeões da Europa de sub-19. Foram onze os jogadores que repetiram o feito: Diogo Costa, João Virgínia, Diogo Queirós, Rúben Vinagre, Thierry Correia, Miguel Luís, Domingos Quina, Florentino Luís, João Filipe, José Gomes e Mésaque Djú. Além do título coletivo, João Filipe e Francisco Trincão também receberam a Bota de Ouro da competição, troféu que consagra os melhores marcadores. Ambos marcaram cinco golos.


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sPORTING cp

Luz verde para o

futuro leonino O dia negro começa a ser uma memória no quotidiano sportinguista. Nova gestão, novo treinador, novos jogadores e regressos, Os leões preparam o começo da temporada com um olhar para o futuro, onde os jovens estão a merecer um papel preponderante.


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Sérgio Velhote

derrota na final da Taça de Portugal da temporada passada ditou o culminar da pior semana de que há memória na história do Sporting CP. Depois da tão falada e polémica invasão a Alcochete, o emblema leonino partiu para esta nova temporada com uma mentalidade reconstrutiva, com esperança para um futuro risonho, não fosse o verde a cor da esperança. Com Sousa Cintra (temporariamente) na presidência, depois da destituição de Bruno de Carvalho, o Sporting CP começou a colocar as peças necessárias para reconstruir a cara dos leões. A primeira mudança, talvez surpreendente, foi a aposta em José Peseiro para liderar a equipa técnica leonina. Um treinador que não tem tido muito sucesso, tendo mesmo sido despedido pelo Vitória SC no final da época passada. No entanto, o técnico parece ter conseguido juntar o plantel verde e branco para enfrentar as futuras adversidades. Na pré-época, equilibrou o conjunto sportinguista com jogadores jovens que têm estado emprestados a outros clubes, como Matheus Pereira e Francisco Geraldes, com jogadores experientes nas andanças da Liga NOS, como Mathieu. Mas mesmo assim, os conflitos da temporada anterior ainda continuavam a assombrar o começo da caminhada sportinguista.

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A rebelião das estrelas Um capítulo nunca antes visto na história do futebol português, onde nove jogadores do Sporting CP apresentaram uma rescisão por justa causa. Poderiam ter sido dez, caso Acuña não tivesse recuado com a decisão. Ainda assim, as baixas leoninas seriam extremamente significativas. Para começar, Rui Patrício e William Carvalho, os capitães e duas das principais figuras dos verdes e brancos na última década. Formados no clube da capital, os internacionais portugueses já se encontravam ao serviço da seleção quando tomaram a decisão de abandonar o Sporting CP, algo que deixou um sabor amargo nos adeptos leoninos, pois acompanharam o crescimento de dois jovens que saíram de casa sem “agradecerem”. Com eles, também Bas Dost (o jogador mais afetado no ataque criminoso à academia), Bruno Fernandes, Gelson Martins, Daniel Podence, Rúben Ribeiro, Rodrigo Battaglia e Rafael Leão também decidiram sair, com esperança de encontrar uma casa onde pudessem continuar a sua carreira. Patrício viajou para Inglaterra para se juntar à armada lusa no Wolverhampton, recém-promovido à primeira divisão inglesa. William seguiu para Espanha, para voltar a vestir verde e branco, desta vez do Bétis. Rúben Ribeiro poderá acompanhar/reencontrar Miguel Cardoso, antigo treinador do Rio Ave, no desafio em Nantes,


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enquanto que Podence juntou-se a Pedro Martins no grande emblema grego do Olympiacos. Gelson foi apresentado em Madrid, com o Atlético a antecipar-se na corrida, apesar de o negócio ainda não estar completamente acertado. Rafael Leão ainda procura resolver o seu futuro, apesar do jovem extremo estar na Alemanha há vários dias, onde poderá assinar com o Borussia Dortmund. Por outro lado, existiram os casos de Bas Dost, Bruno Fernandes e Battaglia… O regresso dos “fugitivos” O holandês, o português e o argentino voltaram atrás com a decisão e regressaram ao clube que os acolheu na temporada passada, graças às palavras de Sousa Cintra, que conseguiu convencer os jogadores a vestirem, novamente, a camisola leonina. A próxima temporada mostra-se interessante neste panorama, uma vez que o Sporting CP encontra-se aguerrido, jovem e energético, depois de José Peseiro ter dado oportunidade, nos amigáveis de pré-temporada, aos jovens leões para mostrarem o seu valor. Apesar de não ter convencido todos os jogadores a ficarem (Francisco Geraldes pediu para sair para o campeonato alemão, onde representará o Eintracht Frankfurt num empréstimo de uma temporada), o técnico português, regressado a Alvalade, tem conseguido aproximar o plantel,

que poderia encontrar-se dividido depois do que aconteceu no final da última temporada. O espírito jovem tem mostrado um Sporting CP diferente (sem os jogadores “valiosos” transferidos às mãos de Jorge Jesus), mas assertivo e com hipóteses de lutar pelos primeiros lugares da Liga NOS, ainda que estejamos numa altura em que tudo é incerto. Matheus Pereira foi quem teve um maior destaque no onze leonino durante os jogos de preparação. O extremo, que esteve emprestado ao Desportivo de Chaves na última temporada, tem recebido uma enorme confiança de Peseiro para mostrar os seus dotes futebolísticos e tem resultado, tendo já marcado nesta pré-temporada. Domingos Duarte fez a pré-temporada na Suiça mas perdeu espaço e regressou ao Belenenses, por empréstimo. Merih Demiral e Jovane Cabral foram promovidos e realizaram boas exibições. O extremo cabo-verdiano chegou a apontar um golo mas ambos deverão alinhar no plantel sub-23, depois do fim da equipa B (que poderá ler nesta edição). No entanto, um pouco fora do radar, os leões já introduziram no plantel alguns reforços que, espera-se, possam fazer a diferença. Complementos para olear a máquina Uma das pérolas que saiu de Alcochete para impressionar o mundo, volta a casa depois de


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uma temporada difícil. Nani, que passou muito tempo no banco da Lázio, regressa ao Sporting CP com o intuito de relançar a carreira. Ainda com uma qualidade técnica (muito) acima da média, o extremo vem compensar a ausência de Gelson. No lado oposto do espetro, Viviano chega para ser o guardião da baliza verde e branca, e que papel tem desempenhado nestes primeiros jogos. O guarda-redes foi o escolhido para render Rui Patrício e parece ter qualidade suficiente para fazer esquecer o atual internacional português e dono da baliza da seleção nacional. Também de Itália chega Bruno Gaspar, antigo jogador do Vitória de Guimarães, que vinha a ser apontado ao SL Benfica. O lateral, proveniente da Fiorentina, é uma excelente aquisição para o lado direito da defesa, posição que vinha a ser de Piccini, que também já saiu do clube para representar as cores do Valência. Um jogador com experiência europeia e que regressa à Liga NOS pronto para fazer estragos. O Sporting CP também encontrou reforços no campeonato português, e não estamos a falar

apenas dos jogadores que se encontravam emprestados, como o já mencionado Matheus Pereira ou Palhinha. Em Vila do Conde e em Guimarães apareceram dois jogadores que impressionaram os responsáveis leoninos (ainda na era de Bruno de Carvalho), mas que têm provado ser possíveis opções para o onze de José Peseiro. O defesa-central Marcelo poderá render Coates, uma vez que o internacional uruguaio ainda poderá sair do emblema leonino. Já Raphinha, que fez uma excelente temporada no Vitória SC, será uma excelente opção para jogar nas alas, principalmente pelo lado direito, ou então ao lado de Bas Dost, dois jogadores cujas características se complementam. Adivinhavam-se dificuldades nesta fase de reconstrução de um dos grandes do futebol português, talvez mais do que as que enfrentaram neste início de temporada. As bases estão assentes, mas as eleições chegarão em setembro e terão, certamente, um papel importantíssimo nesta nova vida do Sporting. Mas deixemos isso para setembro, foquemonos no agora. E o agora tem luz verde.


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Portimonense

Portimão chegou para ficar Cinco anos, uma mudança, um futuro brilhante: foi esta a caminhada do Portimonense para regressar ao primeiro escalão do futebol português. O empresário Theodoro Fonseca cimentou as bases dos alvinegros que, advinha-se, vão lutar pela presença nas competições europeias esta temporada.


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Portimonense: Como um clube centenário português se reergueu e renasceu das cinzas Sérgio Velhote

ano de 2011 marcou o regresso do Portimonense à Liga NOS mas a alegria durou apenas uma temporada. Tal como acontece muitas vezes no historial do primeiro escalão do futebol português, as equipas recém-promovidas nem sempre têm um plantel capaz de garantir a manutenção. O ano seguinte ditaria o início de um período de seca para os alvinegros na Segunda Liga e (quase) na II Divisão B. Depois da despromoção, o Portimonense não estava preparado financeiramente para atacar outra subida e, por isso, decidiu formar uma equipa capaz de se manter facilmente na Segunda Liga, mas tal não aconteceu. Os constantes maus resultados colocaram o emblema algarvio nos lugares de descida, que resultariam numa nova despromoção. Porém, quiseram os deuses do futebol que o Portimonense continuasse na Segunda Liga, uma vez que o Varzim não reuniu as condições necessárias para se manter. Depois do grande susto, os responsáveis dos alvinegros procuravam garantir alguém capaz de trazer uma lufada de ar fresco ao clube e que pudesse proporcionar, no futuro, um plantel capaz de ser candidato a regressar ao topo do futebol português. Essa pessoa chegaria proveniente do Japão.

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Bem-vindo, Theodoro! Curiosamente, a chegada a Portugal de um empresário muito pouco conhecido não se deveu ao Portimonense, mas sim ao FC Porto, mais concretamente, graças à transferência de Hulk. Theodoro Fonseca foi um dos obreiros desta mudança, que colocou uma das principais figuras dos dragões deste milénio na Cidade Invicta. As boas relações com o emblema algarvio surgiram nesta aventura pelo Porto, onde Theodoro conheceu o agora presidente do Portimonense, Fernando Rocha, antigo dirigente dos azuis e brancos. Este

contacto culminou na criação da SAD dos alvinegros, onde o empresário é o sócio maioritário. Esta chegada permitiu ao Portimonense alcançar uma estabilidade financeira, talvez, nunca antes vista no clube. Theodoro Fonseca entrou no clube na altura certa, uma vez que, e utilizando as palavras do próprio presidente ao jornal Record, “Era um quadro muito complicado aquele que encontrámos. Nem equipamentos para os treinos o clube tinha”. A ligação com o Japão começou logo neste parâmetro e, novamente graças ao empresário, foi concluída uma parceria com a marca de equipamentos Mizuno. Repleta de obstáculos e percalços, a estrada para a subida começava a ser cimentada. E como todos os veículos precisam, o Portimonense precisava de um motor que pusesse a equipa a trabalhar. Estabilidade... até Vítor Oliveira Nas temporadas seguintes, os alvinegros nunca estiveram em risco de descer, tendo mesmo alcançado alguns lugares cimeiros na classificação, tal como a quarta posição em 2014/15. Pelas mãos de Theodoro, o Portimonense foi incluindo no seu plantel alguns jogadores japoneses, que viam o emblema algarvio como uma porta que se abria para os campeonatos europeus. Ainda assim, o nome japonês mais sonante ainda estaria por chegar... mas primeiro é necessário falar de um passo muito mais importante. Se é conhecedor do futebol português, caro leitor, então terá a noção de que um projeto de subida com sucesso do segundo para o primeiro escalão do futebol português tem, na maior parte das vezes, um nome associado: Vítor Oliveira. Para onde vá, todos os envolvidos sabem que a aposta de subida é séria e, arrisco-me a dizer, praticamente certa. Resumindo, Vítor Oliveira é sinónimo de subida.


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Isso tornou-se ainda mais marcante quando foi aposta da SAD do Portimonense para liderar a equipa no ataque à subida.Conhecedor da divisão, o treinador montou um plantel que, rapidamente, se destacou na Segunda Liga.À décima jornada, já levava nove pontos de vantagem sobre o terceiro lugar. A corrida pela subida (e pelo título) teve sempre um líder destacado e, com Vítor Oliveira ao leme, que concretizou a décima subida pessoal da carreira, o Portimonense voltava a jogar futebol de Primeira Liga, seis anos depois. Contudo, como sempre, o emblema algarvio corria o risco de repetir o que aconteceu dessa última vez. Porém, subir para descer parecia não estar nos planos ou na mente da direção. A mesma mente, com “tecnologia” japonesa Depois da tarefa dificílima para garantir a subida, o Presidente do Portimonense encontrava um novo desafio: convencer Vítor Oliveira a se manter no comando técnico. O histórico treinador que tinha alcançado cinco subidas consecutivas, acabava sempre por abandonar o lugar depois de cumprir o objetivo. No entanto, nos alvinegros, foi diferente. Convencido que podia continuar a fazer um excelente trabalho ao leme dos alvinegros, o timoneiro deu a sua palavra e manteve-se no cargo, algo que surpreendeu todos os meios de comunicação. A sua permanência era uma prova que Portimão não iria ver a sua equipa a lutar para não descer e que a qualidade apresentada na temporada


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#02 AGOSTO2018 anterior, podia reaparecer numa divisão superior. Com isto em mente, Theodoro Fonseca voltou a fazer das suas, ao garantir um reforço que se tornaria uma das peças fundamentais do ataque (e que ataque) dos alvinegros. Shoya Nakajima chegou ao Algarve, proveniente do FC Tokyo, e, desde cedo, mostrou-se capaz de poder fazer a diferença no último terço dos comandados de Vítor Oliveira, em cada uma das alas. As suas exibições despertaram o interesse dos grandes clubes portugueses, que se mostraram muito interessados em contar com os seus serviços. Os dez golos na Liga NOS fizeram do japonês o segundo melhor marcador do Portimonense, apenas atrás do brasileiro Fabrício, com catorze golos. A sua qualidade técnica e rapidez ajudaram os algarvios a alcançar um surpreendente 10.º lugar no campeonato, mas a cereja no topo do bolo quase viria já depois do último apito. Muito pedido pela população japonesa, Nakajima foi, desde cedo, vista com uma das apostas da sua seleção para o Campeonato do Mundo de 2018, jogado na Rússia, porém, apesar do emblema português ter anúnciado a sua presença no Mundial, o nome de Nakajima não apareceria, sequer, na lista de pré-convocados de Akira Nishino. O Japão chegaria até aos oitavos-de-final, mas o extremo do Portimonense veria apenas pela televisão, confiante numa oportunidade no futuro. Nova época, nova cara, novo objetivo Depois da aventura na Liga NOS, Vítor Oliveira regressou ao Paços de Ferreira para ajudar o clube a regressar ao primeiro escalão do futebol português (quem diria!), depois dos pacenses descerem de divisão na última jornada da temporada de 2017/2018. Para o seu lugar, foi escolhido António Folha, que vinha a representar os escalões de formação e, posteriormente, a equipa B do FC Porto. Um novo motor, com novas ideias, mas com o mesmo objetivo: vencer. Com Nakajima (até ao momento) a manter-se em Portimão, mas já sem Fabrício que se tranferiu para o Urawa Red Diamonds, os alvinegros vão querer, certamente, subir mais um degrau na classificação e lutar pela presença na Liga Europa. Para tal, contam com os reforços Fernandinho, Nedeljko Stojisic, Iago Oliveira, Maycon, Rafael Barbosa, José Gomes, Guilherme Lazaroni, Ewerton, Brendon, Gustavo, Jean Felipe Silva e o japonês Yuta Koike. Este último pode ser o primeiro de mais reforços japonenses para a presente temporada.


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No Distrito da discórdia André Nogueira

Belenenses passa por momentos mais complicados depois de Clube e SAD continuarem em litígio. Não existindo consenso entre as partes, o clube, presidido por Patrick Morais de Carvalho, procedeu à criação de um plantel sénior a participar no campeonato distrital da AF Lisboa. Já a SAD, liderada por Rui Pedro Soares, manteve-se na direção e coordenação da equipa que disputa na Liga NOS. “Tendo terminado o protocolo entre o Clube e a SAD, que impedia a criação de uma equipa sénior do Clube de Futebol «Os Belenenses», informamos os associados e simpatizantes do CFB que está, desde o dia 5 de julho, oficialmente registada na FPF uma equipa de Futebol Sénior do Clube de Futebol «Os Belenenses» cuja gestão será feita exclusivamente pelo Clube. Esta equipa deverá arrancar na 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Lisboa, ou seja, no terceiro escalão distrital”, informou o clube através de um comunicado onde traça a subida à Liga NOS como o principal objetivo, num prazo definido de cinco temporadas, o que significará que o clube terá de garantir a subida a cada temporada. O comunicado não pôde deixar de lado os ataques à outra parte envolvente no caso. “A par

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disso, tornou-se evidente que a SAD que fundámos deixou de ser representativa do Clube de Futebol «Os Belenenses», dos nossos valores e da vontade expressa pelos nossos sócios em AG. Desta forma, e face às várias manifestações que nos têm chegado, cabe-nos tranquilizar os sócios e simpatizantes do Clube de Futebol «Os Belenenses», informando-os, bem como ao país, de que o Clube está a trabalhar de forma afincada, através de várias iniciativas, no sentido de impedir qualquer confusão de identidade entre o Clube de Futebol «Os Belenenses» e a SAD, que é gerida de forma unilateral e desrespeitando as normas legais societárias pela empresa privada Codecity Sports Management”. Para esta nova temporada que se avizinha, Nuno Oliveira foi apresentado como técnico. Depois de orientar o Al Wahda (Emirados Árabes Unidos) no ano passado, três temporadas como treinador principal do Tires e três anos de formação no SL Benfica, o português “regressou” ao clube onde foi vice-campeão de Júniores A. Até ao momento, os únicos reforços apresentados foram Alexandre Figueiredo, ex-Praiense, e Miguel Matos, ex-Palmelense. Tratam-se de dois defesascentrais que passaram pelo plantel de júniores do Belenenses, nas temporadas de 2015/16 e 2016/17.

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Glória Distrital rumo aos nacionais João Couto

ara o campeonato mais longo e complicado do nosso país, chegam vários clubes em busca do sonho de serem um dos dois promovidos aos campeonatos profissionais. Porém, as dificuldades não são só desportivas, levando muitos clubes a abdicarem da sua participação por motivos financeiros.

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Os 21 promovidos e as quatro séries do Campeonato de Portugal Em 2018/19 o Campeonato de Portugal vai sofrer uma nova remodelação e vai passar a contar com 72 equipas dividas por quatro séries, ao contrário das anteriores 80 formações que disputavam o terceiro escalão do futebol português, divididas por cinco séries de 16 equipas cada, em 2017/18. Os 72 clubes que vão disputar o Campeonato de Portugal vão estar divididos em quatros séries de 18 clubes cada, sendo que dessas 72 formações, 21 chegam dos campeonatos distritais.

Entre as várias equipas promovidas algumas são históricas do futebol português e antigas militantes da Primeira Divisão Nacional, como é o caso de Leça, Alverca e Amora. Começando a norte, para disputar a Série A do Campeonato de Portugal chegam dos distritais o Mirandês, o Caçadores das Taipas, o Maria da Fonte, o Limianos e o Chaves B. O Mirandês conseguiu superar o Vila Flor por um ponto na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Bragança e garantiu assim a subida ao CP, enquanto em Braga, o Maria da Fonte e o Caçadores das Taipas terminaram nas duas primeiras posições do Pro-nacional. Na AF Viana do Castelo, o Limianos garantiu a subida terminando também com um ponto de vantagem sobre o Vianense na 1ª Divisão. Por fim, o Chaves B venceu a Divisão de Honra do distrito de Vila Real com uma vantagem de cinco pontos para o Régua. Aos cinco recém-promovidos juntam-se Fafe,


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Felgueiras, Gil Vicente, Merelinense, Mirandela, Montalegre, AD Oliveirense, Pedras Salgadas, São Martinho, Trofense, União Torcatense, Vilaverdense e Vizela para completar a série. Na Série B os clubes que chegam dos campeonatos distritais são o Lusitânia de Lourosa, o Sporting de Mêda, o Leça, o Paredes e o Penalva do Castelo. O Lusitânia de Lourosa chega ao Campeonato de Portugal depois de suplantar o histórico Beira-Mar no Campeonato Safina por uma vantagem de 12 pontos, enquanto da 1ª Divisão da Associação de Futebol de Guarda chega o Sporting de Mêda, depois de se superiorizar ao Trancoso por três pontos. Da AF Porto, a associação que congrega mais equipas no país, conseguiram a promoção os dois primeiros classificados do play-off de apuramento de subida, o Paredes e o Leça. Na Associação de Viseu, a equipa promovida foi o Penalva do Castelo, que terminou no segundo posto da Divisão de Honra a 11 pontos do

campeão Lamego, mas que tirou partido da desistência dos lamecenses por questões financeiras. A completar a Série B estão também Águeda, Amarante, Cesarense, Cinfães, Coimbrões, Gafanha, Gondomar, Lusitano, Marítimo B, Pedras Rubras, Sanjoanense, Sporting de Espinho e União da Madeira. Dos distritais para a Série C garantiram a promoção o Alcains, o Oliveira do Hospital, o Peniche, o Alverca, o Santa Iria e o Mação. O Alcains foi mais uma das equipas que garantiu a subida ao Campeonato através da margem mínima, depois terminar a 1ª Divisão da Associação de Futebol de Castelo Branco com uma vantagem de um ponto para o Vitória de Sernache. Na AF Coimbra houve mais um duelo até à última jornada, com os critérios de desempate da Divisão de Honra a ditarem a subida do Oliveira do Hospital depois de um empate pontual entre os oliveirenses e o Condeixa. O Peniche terminou no primeiro posto do Campeonato Lizsport da AF Leiria com mais um ponto que o GRAP, enquanto que, na Associação de Futebol de Lisboa, foram promovidos os dois primeiros classificados do Pro-nacional, Alverca e Santa Iria. Por fim, na AF Santarém, o Mação conquistou a subida após a conquista da 1ª Divisão, com seis pontos de vantagem para União de Tomar e Torres Novas, os dois principais rivais dos maçaenses. Aos cinco promovidos juntam-se Anadia, Benfica de Castelo Branco, Caldas, Fátima, Loures, Nogueirense, Oleiros, Santa Iria, Sertanense, Sintrense, Torreense, União de Leiria e Vilafranquense para completar a Série C. Na série mais a Sul, a D, as equipas que chegam dos campeonatos regionais são o Angrense, o Ferreiras, o Vasco da Gama de Vidigueira, o Redondense e o Amora. O Angrense é a única equipa que chega das ilhas, depois ter vencido a Liga Meo Açores com uma vantagem de 10 pontos para o Marítimo da Graciosa. Na AF Algarve, o Ferreiras conseguiu a subida depois de ter vencido o Apuramento de Subida da 1ª Divisão com mais cinco pontos conquistados que o segundo classificado Silves, enquanto o Vasco da Gama de Vidigueira terminou na primeira posição da 1ª Divisão da AF Beja, com dois pontos de vantagem para o Praia de Milfontes. Na Associação de Futebol de Évora o Redondense venceu a Divisão de Elite com quatro pontos de vantagem para o Juventude de Évora e, por fim, o Amora garantiu a promoção ao Campeonato de Portugal depois de vencer a 1ª Divisão da AF Setúbal sem qualquer derrota e terminando o campeonato com mais sete pontos que o Barreirense. Armacenenses, Casa Pia, Louletano, Moura, Olhanense, Olímpico de Montijo, Oriental, Pinhalnovense, Praiense, Real, Sacavanense, Sporting Ideal e 1º Dezembro completam a Série D do Campeonato de Portugal.


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Quatro desistências e três segundos a aproveitar Três dos campeões distritais, vencedores dos campeonatos principais de Viseu (Lamego), Madeira (Pontassolense) e Portalegre (Mosteirense), abdicaram das suas participações no Campeonato de Portugal por razões financeiras. No caso do distrito de Viseu, foi o Penalva do Castelo, segundo classificado da Divisão de Honra que ocupou o lugar do campeão Lamego. Nos campeonatos da Madeira e de Portalegre, nenhum dos primeiros classificados reuniu as condições necessárias para a inscrição no Campeonato de Portugal e abriram-se assim vagas para os segundos classificados das duas associações de futebol com mais clubes, AF Porto e AF Braga. Na associação portuense foi o histórico Leça que aproveitou a oportunidade da promoção, depois de ter terminado o play-off de subida da Divisão de Elite no segundo posto, com os mesmos 10 pontos que o campeão Paredes. No distrito de Braga, foi o Caçadores das Taipas que foi promovido. Por fim, veio a desistência do Sporting CP B. Inicialmente os leões iam por fim à sua equipa secundária, que foi despromovida da Ledman LigaPro ao Campeonato de Portugal, para dar lugar à nova equipa de Sub-23. De seguida foi conhecida a inscrição do Sporting CP B no terceiro escalão do futebol português, mas, poucos dias mais tarde, a Federação Portuguesa de Futebol informou da desistência da equipa secundária verde e branca. Para ocupar a vaga deixada em aberto pelos leões foi promovido ao Campeonato de Portugal

o Santa Iria, segundo classificado do Pro-nacional da Associação de Futebol de Lisboa. O caricato caso do Leça e da AF Porto Na Associação de Futebol do Porto, a Divisão de Elite, escalão máximo do futebol daquele distrito, está dividida em duas séries, com os dois primeiros classificados de cada série e decidirem, num play-off disputado a duas voltas, a equipa que é promovida ao Campeonato de Portugal. Devido ao facto de essa divisão ter sido disputada por equipas B que não podiam ser promovidas, ficou estabelecido nos regulamentos que os vencedores de cada uma das séries decidiriam num jogo o campeão dessa divisão, ainda antes de ser disputado o play-off de subida. Leça e Aliados de Lordelo, vencedores da série 1 e 2, respetivamente, disputaram esse desafio, que foi vencido pela equipa do concelho de Matosinhos, sagrando-se esta campeã distrital. No play-off de apuramento de subida foi o Paredes quem levou a melhor e conseguiu a promoção, não sendo oficialmente o campeão daquela divisão, título que pertencia ao Leça. Por outro lado, os leceiros tinham conquistado o título de campeão distrital e não conseguiram a promoção aos campeonatos nacionais, algo inédito. As desistências do Campeonato de Portugal acabaram posteriormente por ditar a promoção do Leça, como segundo classificado da Divisão de Elite, no entanto esta não deixa de ser uma situação caricata.


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Olhar dentro do Mundial


#02 AGOSTO2018

i r i n a k N YA Z E VA

“Em geral, tudo ocorreu de forma tão perfeita que muito dificilmente será esquecido”


Futebol total om o Campeonato do Mundo a ser realizado na Rússia, entramos em contacto com Irina Knyazeva, de 20 anos, que ajudou na organização do maior evento desportivo a ocorrer no seu país nos últimos anos. “Na verdade, o Campeonato do Mundo deste ano foi de grande importância para a Rússia”, começou por nos contar. “Foi a primeira vez que o país recebeu tantos turistas de todo o Mundo, num único mês”. Para encontrar evento semelhante, era preciso recuar quase quarenta anos, para os Jogos Olímpicos de Moscovo, porém ainda com algum distanciamento. “Acho que o último evento de semelhante importância foram os Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980. Curiosamente, nunca se vendeu tanta cerveja na Rússia, até disseram que, à noite, nos bares, eles [adeptos estrangeiros] precisavam dessa bebida. Acredito que a Rússia foi internacionalizada um pouco mais graças aos fãs que trouxeram o sol e a festa para um país frio, com pessoas que se consideravam fechadas. Acredito que o Campeonato do Mundo de 2018 derreteu o coração congelado dos russos”. Mas além do futebol jogado, este Campeonato do Mundo também ficou marcado na política fechada de Vladimir Putin. “O Campeonato do

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Mundo influenciou muito, não só o povo russo, mas também as populações de outros países que visitaram os jogos. Em termos políticos, o Campeonato do Mundo mostrou a inutilidade dos alertas antivírus que estavam a ser distribuídos pelos meios de comunicação social como se tratasse de algo perigoso, ameaçador e desaconselhável para qualquer tipo de visita. Pelo contrário, acredito que foi criada uma imagem positiva da Rússia. A maioria, se não todos, estão felizes com a organização, dizem que superou todas as expetativas: transportes gratuitos para portadores do chamado “Fan ID”, mesmo para as cidades mais distantes (é preciso lembrar que estamos a falar de um total de doze estádios), além que deixam de precisar de um visto para visitar o país, até ao ano de 2019. Houve também um crescimento do PIB, claro, pois o Campeonato do Mundo teve uma grande contribuição para o desenvolvimento socioeconómico da Rússia através dos novos estádios, das novas estradas, das dezenas de espaços ou locais para assistirem aos jogos de futebol ou de outros deportos, além de que novos hospitais e novos hotéis foram construídos, construções que eram necessárias mas não projetadas. A excelente organização é referenciada por todos. Em geral, tudo ocorreu de forma tão


#02 AGOSTO2018 perfeita que muito dificilmente será esquecido.” Tentamos depois entender a sua participação na organização da competição e de que forma influenciou-a pessoal e profissionalmente. “Felizmente pude dar uma pequena contribuição para a realização deste evento tão histórico. Durante o Campeonato do Mundo, trabalhei como tradutora e guia para os visitantes à capital russa, que vieram assistir aos jogos. Também acompanhei grupos para os estádios, recebi-os nos aeroportos e, em geral, ajudei a resolver algumas dúvidas. Foi um prazer para mim, porque tive a oportunidade de conhecer pessoas de países de outros continentes como Argentina, Brasil, Colômbia, Peru, México, entre outros. Enfim, foi interessante vê-los a partilhar comigo as suas impressões sobre o Campeonato do Mundo e sobre a Rússia”. Mas queríamos ir ao futebol jogado. De que forma o povo russo reage ao futebol? Qual foi o jogo mais impressionante e pelo qual mais vibraram? Íamos tentando descobrir mais sobre uma população mais fechada e ausente da restante Europa e do Mundo. “Sem dúvida alguma, o jogo que fez o povo russo unir-se e vibrar mais foi o Rússia-Croácia. Bem, o jogo contra a Espanha também não deve ser esquecido, pois a vitória foi celebrada como se estivéssemos na véspera do Ano Novo ou algo assim. Moscovo não dormiu a noite toda, dançando e cantando. Mas, precisamente o jogo com a Croácia, os russos estavam a ver a partida com a sua alma num fio e mãos não paravam de tremer. Isto porque havia a esperança de vencer... Apesar da derrota da Rússia, vimos isso como uma derrota digna, não uma vergonha. Para o que era esperado, os jogadores russos passaram a ser vistos como heróis aos olhos dos adeptos.” Quando interrogada sobre o jogador preferido dos adeptos, esperávamos ouvir nomes como Aleksandr Golovin ou Denis Cheryshev, mas Irina não teve dúvidas: “Artem Dzyuba”. Entendemos que, para além do talento, os russos destacavam os jogadores que jogavam com mais paixão ao símbolo que carregavam. “O Artem Dzyuba está entre os melhores jogadores russos pois joga com os olhos resplandecentes, preocupando-se

O Campeonato do Mundo influenciou muito, não só o povo russo, mas também as populações de outros países que visitaram os jogos (...) acredito que foi criada uma imagem positiva da Rússia muito com a sua equipa. Ainda fez alguns golos espetaculares e sempre se esforçou muito para que a Rússia alcançasse a vitória. Depois, creio


Futebol total que vi mais fãs do Igor Akinfeev, do Alan Dzagoev que, apesar de estar lesionado, ainda jogou contra a Croácia e, claro, o Denis Cheryshev, que deixou finalmente de ser uma eterna promessa”. E por falar em promessas, tentamos saber se via algum jogador russo a destacar-se nos escalões inferiores, mas sem sucesso. “Não sei bem, a seleção russa não costuma alterar muito nas convocatórias. Atualmente, falam muito dos irmãos-gémeos Aleksey e Anton Miranchuk, mas não são, propriamente, consideradas promessas...” Fugimos do futebol russo e fomos para a seleção comandada por Fernando Santos. Portugal não foi além dos oitavos-de-final, onde foi eliminada pelo Uruguai. Uma prestação que ficou aquém das previsões de todos. “Não sou uma especialista sobre o futebol português ou sobre a seleção nacional. Tendo em conta o Campeonato da Europa conquistado em 2016, esperava-se mais dos portugueses, principalmente com o Cristiano Ronaldo. É o melhor jogador do Mundo e é evidente que foi ele que tentou empurrar a equipa para a frente. Mas uma equipa não ganha quando só um ou dois dão o máximo. Muitos jogadores tiveram prestações péssimas, tendo em conta o que se esperava, como foi o caso do Bernardo Silva ou do Gonçalo Guedes”. E o Éder? Jogando na Rússia, existiam opiniões sobre a sua ausência? “Não se fala muito. Acredito que muita gente não conheça o Éder, aqui na Rússia, principalmente não estando nos vinte e três convocados. Foi campeão este ano com o Lokomotiv de Moscovo, mas não fez exibições de encher o olho.

O Artem Dzyuba está entre os melhores jogadores russos pois joga com os olhos resplandecentes, preocupando-se muito com a sua equipa Mais uma vez, não sou a maior conhecedora do futebol português, mas penso que seja a opinião geral do povo russo e das pessoas que me são mais próximas. Agora, conhecem melhor a seleção que cá esteve que jogadores que estiveram em 2016, uma vez que não tivemos uma boa prestação aí”. Irina ia mostrando, orgulhosamente, fotos que tirou com adeptos de outros países, mas não encontrávamos com adeptos portugueses. “Não vi muitos adeptos portugueses. A

maioria era da América do Sul ou da Ásia. Cheguei a ver alguns de Portugal, mas eram muito poucos. A maioria eram estrangeiros”. A última frase deixava-nos a pensar. De que forma os portugueses se fizeram representar na Rússia através de... não-portugueses? “Adeptos do Cristiano Ronaldo (risos). Principalmente, por ser uma pessoa muito reconhecida, não só por adeptos de futebol. Pessoas que nunca viram um jogo de futebol na vida, conhecem ou já ouviram falar do Cristiano Ronaldo. Vi adeptos de muitos países com camisolas da seleção portuguesa com o nome e número do Cristiano Ronaldo, que, provavelmente, nunca estiveram no país, sequer. Aqui na Rússia também tem muitos fãs. Dá para ver que é a alma do desporto, a fonte de energia que anima, constantemente, o jogo. É uma máquina. Eu admiro-o muito. A forma como joga... é arte”. “Gosto da paixão ao desporto, é por isso que comecei também a apoiar a Colômbia”, começava por dizer, após um momento de reflexão. “Não esperava que a Argentina fracassasse tanto, uma vez que são uma seleção com muita história, antigos campeões mundiais. O México também mostrou grandes aspirações para vencer, tal como a Bélgica”. Num Campeonato do Mundo que foi considerado o mais surpreendente nos últimos anos, Irina, tal como a maioria dos adeptos de futebol, sabe que a Argentina não foi a única decepção este ano.


#02 AGOSTO2018 “Claro que, além da Argentina, a eliminação da Alemanha, a derrota da Espanha contra a Rússia, a eliminação tão precoce de Portugal, entre outras, foram algumas das grandes surpresas, pela negativa, deste Campeonato do Mundo. Positivamente, podia estar aqui a pensar em algumas, mas nunca nenhuma iria superar aquilo que a Croácia fez. Quase chegou ao seu primeiro título, não tendo o caminho facilitado, como já ouvi. Venceram a Argentina por 3-0, num grupo onde só tiveram vitórias e só sofreram na última jornada. Eliminaram a Rússia que vinha confiante de grandes resultados e contava com um apoio único dos adeptos. E, claro, derrotaram a Inglaterra, que já estava a celebrar a conquista de um troféu que estiveram sempre longe de conquistar, na minha opinião. Só se ouvia falar da Inglaterra. A Croácia chegou e mostrou que, mais do que falar, é preciso jogar. E eles foram mais fortes na partida, trazendo justiça ao resultado”. Para terminar, quisemos saber se a alegria de Irina podia ser visto como um sinal de confiança para um país mais livre, abrindo-se mais à Europa e ao Mundo, como aconteceu, supostamente, durante o Campeonato do Mundo. O sorriso

mudou. “Sinceramente, não acredito. É óbvio que a opinião mundial sobre a Rússia melhorou significativamente durante este período, mas é como uma gota de água no mar. Fico feliz por alguns mitos de um Rússia aterrorizadora ou a imagem tão negativa que os meios de comunicação social passavam da Rússia, terem desaparecido um pouco. No mundo da informação ou comunicação, alguns políticos e especialistas russos, destacam estes pontos como os mais importantes para a esfera política. É importante lembrar que, no princípio, o senador do estado de Connecticut, nos Estados Unidos da América, tentou privar a Rússia de realizar o Campeonato do Mundo de 2018, pois não eram cumpridos os direitos e deveres humanos no nosso território. Este foi apenas um dos exemplos. Acho que este Campeonato do Mundo deu a oportunidade de mostrar ao povo como o governo consegue salvar-se de vários ataques, mas nunca provou que não possam também “atacar” no futuro e que as relações internacionais continuem boas ou melhorem daqui a uns meses.


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#02 AGOSTO2018


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Allez les Bleus! A fase a eliminar desta edição do Campeonato do Mundo contou com algumas surpresas até à final, mas acabou por ser uma das seleções esperadas a vencer. Com apenas um empate em toda a sua caminhada (ainda na fase de grupos), a França tornou-se, uma vez mais, Campeã do Mundo, repetindo o êxito alcançado há 20 anos.


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Sérgio Velhote

pós uma fase de grupos aguerrida (apresentada na edição anterior), onde muitos países lutaram pelo sonho de continuar a acreditar, os oitavos de final demonstraram que nem sempre as melhores equipas acabam por sorrir depois do apito final. Esta eliminatória abriu com, talvez, o melhor jogo do Campeonato do Mundo: França e Argentina olharam-se olhos nos olhos e disputaram o encontro até ao final. Mas foram os gauleses que tiveram uma melhor capacidade concretizadora, ao vencerem por 4-3. Algumas seleções favoritas caíram nesta fase, como Portugal e Espanha, que foram eliminados pelo Uruguai e pela seleção anfitriã Rússia, respetivamente. Destaque, também, para a eliminação do México frente ao Brasil, seleção que vinha a fazer grandes exibições.

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Europa reina Mundial Os quartos de final chegaram, com as diferentes nações a acreditarem cada vez mais na possibilidade de levantar o troféu no final. Alguns favoritos e algumas surpresas pisavam os relvados russos, mas foi a partir desta fase que os valores individuais também começaram a fazer a diferença. Com apenas um golo sofrido até esta fase (Pepe marcou nos oitavos), o Uruguai esperava surpreender a seleção gaulesa, mas foi Muslera

que, pela primeira vez, comprometeu. O resultado já pendia para os franceses, com um golo de Varane ainda na primeira parte, mas foi o remate (teoricamente) inofensivo de Griezmann que acabou por fazer a diferença. Muslera abordou mal o lance e deu um autêntico galo, empurrando a França para as meias-finais. Brasil e Bélgica chocaram nesta eliminatória, em mais um jogo grande deste Mundial. Neste encontro, enfrentavam-se dois legados: a história brasileira frente ao futuro belga. E o futuro foi presente, com o infortúnio de Fernandinho e o remate de De Bruyne colocarem a Bélgica na frente. O golo de Renato Augusto a 14 minutos do final ainda potenciou uma reviravolta dos canarinhos, mas o sonho do hexacampeonato acabaria por terminar. A seleção anfitriã, que vinha a surpreender, defrontou a Croácia, duas seleções que necessitaram da marcação de grandes penalidades para chegarem a esta fase, pormenor que se viria a repetir neste encontro, depois do 2-2 se manter até ao final dos 120 minutos. Mário Fernandes foi herói no prolongamento, mas vilão nos penáltis, uma vez que, ao falhar a grande penalidade, permitiu que a caminhada histórica dos croatas continuasse até às meias. Com o desafio de trazer o futebol a casa, a Inglaterra defrontou a Suécia e dominou o encontro. Harry Maguire e Dele Alli marcaram os únicos golos de uma partida que merecia mais remates certeiros. Ainda assim, os britânicos


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marcavam um encontro com a seleção croata nas meias-finais do Campeonato do Mundo. Quatro nações lutavam por um lugar na história do futebol, ainda que por razões diferentes. França e Inglaterra esperavam voltar a ser Campeões do Mundo, depois de 20 e 52 anos de “seca”, respetivamente. Já a Bélgica e a Croácia queriam chegar, pela primeira vez, ao jogo decisivo. História em duas frentes A primeira meia-final foi muito equilibrada, com gauleses e belgas a criarem oportunidades nas duas balizas. Apesar de se ter tornado no melhor guarda-redes do Campeonato do Mundo, Courtois não conseguiu parar o cabeceamento certeiro de Umtiti, colocando os franceses em vantagem, que durou até ao final do encontro. A França chegava, assim, à final do Campeonato do Mundo, algo que não acontecia desde 2006.

Inglaterra e Croácia defrontaram-se no dia seguinte, com o favoritismo da eliminatória a pender para os britânicos, que chegavam focados em conseguir alcançar a final. Prova disso, foi o golo de Tripier, que colocou o seu país na frente do marcador logo aos cinco minutos. A reação croata acabaria por chegar já na segunda parte, com Perisic a encontrar o caminho da baliza. Como diz o ditado, “não há duas sem três”, e não houve mesmo para a Croácia que enfrentava, pela terceira vez neste torneio, o prolongamento. Tal como aconteceu com Portugal no Euro 2016, a experiência nesta fase valeu mais que o cansaço físico. Madzukic, completamente desgastado, colocou os croatas na frente à entrada para os últimos dez minutos, golo esse que levou a seleção axadrezada, pela primeira vez, à final do Campeonato do Mundo.


#02 AGOSTO2018 França vingou vitória lusa Gauleses contra croatas: o mundo assistia a uma final inédita entre duas nações que queriam ganhar para satisfazer necessidades diferentes. De um lado, um país que não vencia o troféu há duas décadas e que tinha perdido o Campeonato da Europa, em casa, em 2016; do outro, quatro milhões de pessoas esperavam que aqueles 23 fossem os primeiros Campeões do Mundo da sua história. O jogo começou com os dois onzes iniciais nervosos, mas com domínio territorial para a Croácia. A dupla Rakitic-Modric orquestrava todos os movimentos atacantes, mas que embatiam contra a muralha vestida de azul. Mas, a partir do primeiro quarto de hora, o percurso do jogo teve um ligeiro desvio. Mbappé avisou Subasic, mas foi através de (mais) uma bola parada que os gauleses abririam o marcador, graças ao golo na própria baliza de Mandzukic. Mesmo em desvantagem, a seleção croata não modificou o seu estilo de jogo e, através de Rebic e Perisic, continuaram a ameaçar a baliza de Lloris. Tanto domínio acabaria em golo, algo que aconteceu, por intermédio do extremo do Inter de Milão. Herói agora, Perisic foi vilão minutos depois, ao cometer uma grande penalidade. Griezmann não perdoou e colocou os gauleses em vantagem ainda antes do intervalo. O ritmo de jogo foi subindo cada vez mais na segunda parte, com as duas equipas a procurarem entregar-se de corpo e alma ao encontro. Ainda com mais bola para a Croácia, os franceses decidiram terminar com as esperanças dos adversários em pouco mais de cinco minutos. Pogba e Mbappé, dois dos melhores desta final, remataram de fora da área, sem hipóteses para Subasic. Até ao fim, o erro do Mundial. Lloris, que talvez já estaria a pensar em levantar a taça, perdeu a noção do espaço que tinha para libertar a bola. Esta indecisão foi aproveitada por Mandzukic, que redimiu o erro da primeira parte ao “cortar” a bola para o fundo da baliza. O jogo emocionante da Croácia, que procurou continuamente reduzir a desvantagem, deu para um final de partida emocionante, mas sem golos. Dois anos após a desilusão de perder o Campeonato da Europa de 2016, em casa, frente a Portugal, a França manteve-se fiel à estratégia de Deschamps e conquistou o troféu mais importante do futebol internacional. Tal como o mundo viu, há 20 anos, a demonstração pura do futebol nos pés e na cabeça de Zidane, em Moscovo, nasceu uma equipa jovem que poderá ser imparável nos próximos anos.


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As Nossas Equipas André Nogueira

Jordan Pickford (Inglaterra); Benjamin Pavard (França); Harry Maguire (Inglaterra); Samuel Umtiti (França); Thomas Meunier (Bélgica); Luka Modrić (Croácia); Kevin De Bruyne (Bélgica); Philippe Coutinho (Brasil); Kylian Mbappé (França); Antoine Griezmann (França) e Eden Hazard (Bélgica). Treinador: Zlatko Dalić (Croácia)


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Daniel Fonseca

Jordan Pickford (Inglaterra); Benjamin Pavard (França); Raphaël Varane (França); Harry Maguire (Inglaterra); Lucas Hernández (França); Paul Pogba (França); Kevin De Bruyne (Bélgica); Luka Modrić (Croácia); Kylian Mbappé (França); Harry Kane (Inglaterra) e Eden Hazard (Bélgica). Treinador: Gareth Southgate (Inglaterra)


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João Couto

Thibaut Courtois (Bélgica); Benjamin Pavard (França); Raphaël Varane (França); Domagoj Vida (Croácia); Marcelo (Brasil); Luka Modrić (Croácia); Kevin De Bruyne (Bélgica); Eden Hazard (Bélgica); Kylian Mbappé (França); Antoine Griezmann (França) e Harry Kane (Inglaterra). Treinador: Didier Deschamps (França)


#02 AGOSTO2018

Jonathan Pertzborn

Thibaut Courtois (Bélgica); Harry Maguire (Inglaterra); Diego Godín (Uruguai); Raphaël Varane (França); Paul Pogba (França); Kevin De Bruyne (Bélgica); Luka Modrić (Croácia); Philippe Coutinho (Brasil); Kylian Mbappé (França); Antoine Griezmann (França) e Ivan Perišić (Croácia). Treinador: Zlatko Dalić (Croácia)


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Sérgio Velhote

Thibaut Courtois (Bélgica); Šime Vrsaljko (Croácia); Diego Godín (Uruguai); Domagoj Vida (Croácia); Thomas Meunier (Bélgica); Paul Pogba (França); Kevin De Bruyne (Bélgica); Luka Modrić (Croácia); Kylian Mbappé (França); Antoine Griezmann (França) e Eden Hazard (Bélgica). Treinador: Didier Deschamps (França)


#02 AGOSTO2018

Equipa FIFA

Thibaut Courtois (Bélgica); Andreas Granqvist (Suécia); Thiago Silva (Brasil); Raphaël Varane (França); Yerry Mina (Colômbia); Luka Modrić (Croácia); Denis Cheryshev (Croácia); Philippe Coutinho (Brasil); Antoine Griezmann (França); Harry Kane (Inglaterra) e Eden Hazard (Bélgica).



#02 AGOSTO2018

il migliore del mondo è arrivato!* *(O Melhor do Mundo chegou!)


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Ele está aqui! André Nogueira

om o começo de uma nova temporada, o nome Cristiano Ronaldo voltava a circular na imprensa internacional, com uma possível transferência a aparecer como destaque. Ao que parecia ser apenas mais um ano, aos poucos ia-se tornando uma realidade: o Melhor do Mundo ia realmente abandonar o tricampeão europeu, o Real Madrid. Portugal ficava aquém das expetativas no Campeonato do Mundo, mas Cristiano Ronaldo conseguia destacar-se ao apontar quatro golos em quatro jogos, um deles seria até nomeado para melhor golo da competição. O livre direto, fora de área, a terminar a partida, frente à Espanha, chegou a dar esperança de uma prestação histórica de uma seleção com um jogador em grande forma. Tal não aconteceu mas, se ainda for possível, Cristiano regressou ainda mais valorizado. Foi o Campeonato do Mundo em que mais golos marcou e a quarta edição consecutiva a marcar (2006, 2010, 2014 e 2018). O número de jornalistas em Madrid e em Turim ia aumentando a cada dia, começavam a ser vendidas as primeiras camisolas não-oficiais da

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Juventus com o número ‘7’ e ‘Ronaldo’ escritos nas costas. A conferência de imprensa de apresentação de Emre Can, finalista vencido da Liga dos Campeões da temporada passada, era ofuscada com perguntas sobre Cristiano Ronaldo. O Mundo esperava mas o anúncio não chegava. Foi então que, no dia 10 de julho, curiosamente dois anos depois da conquista do Campeonato da Europa 2016 (que também poderá ler nesta edição), que o Real Madrid confirmou a saída do astro português por uma vebra de 105 milhões de euros, com um salário a rondar os 30 milhões de euros por cada temporada, durante quatro anos. Terminava um ciclo de nove anos com a camisola do Real Madrid. Com 450 golos em 438 jogos, saiu pela porta grande como o melhor marcador da história dos merengues. Pelos blancos, alcunha pelo qual é conhecido o Real Madrid, Cristiano Ronaldo ganhou quatro edições da Liga dos Campeões, dois campeonatos espanhóis, duas supertaças de Espanha, três supertaças europeias e três Mundiais de clubes. Durante esse tempo, juntou ainda quatro Bolas de Ouro à primeira conquistada


#02 AGOSTO2018 com a camisola do Manchester United. “Foi fácil, foi uma decisão fácil, vendo o poderio que tem a Juventus, que, como disse muitas vezes, é uma das melhores equipas do mundo. Uma decisão que vem ao longo do tempo. Companheiros próximos diziam que era um clube onde gostavam de ter jogado. Foi uma decisão fácil em termos de dimensão. Foi um passo importante na minha carreira. Vim para o melhor clube italiano”. Foi assim que o capitão da seleção nacional começou por descrever o seu novo clube e a não tão complicada decisão de mudar de clube e país. Aos 33 anos, provou que ainda tem muito para dar na sua carreira e que o final não está próximo. “Venho para um desafio grande, um clube grande. Há jogadores com a minha idade que, com todo o respeito, vão para clubes da Arábia Saudita. Tenho de agradecer à Juventus por este desafio na minha carreira. É mais uma etapa bonita. Vou continuar a minha carreira aqui e na seleção nacional. Foi uma história brilhante no Real Madrid mas estou numa nova etapa da minha vida e estou muito feliz. Espero que as coisas possam correr bem”. O primeiro sinal de uma possível saída do Real Madrid veio de uma declaração no final do encontro frente ao Liverpool, onde os merengues conquistaram mais uma Liga dos Campeões. O facto de ter referido “terem sido anos muito bons”, utilizando o passado, gerou polémica na comunicação social. Aproveitando a conferência de imprensa, não escondeu que, embora já pensasse numa possível

saída, não havia nenhum clube definido. “Nessa noite não me passava pela cabeça jogar num clube desta dimensão, mas obrigada ao presidente por me dar a oportunidade de vir para a Juventus. Com todo o respeito, eu sou diferente de todos os outros. É um momento de emoção. A Juventus foi a única proposta que recebi este verão”. No passado dia 30, Cistiano Ronaldo regressou das férias e começou os treinos, “complicados”, segundo o próprio. Mas esse é um dos poucos regressos que o português tem em mente. “O Sporting é uma equipa pela qual tenho muito carinho, mas não posso fugir à Juventus. O que quero é triunfar aqui”. “Abençoado” junto à minha família e ao super-agente Jorge Mendes, o Melhor do Mundo chegou a Itália com apenas uma missão: superar-se. Um feito que será muito complicado mas realista para alguém que já provou não existirem impossíveis nem recordes que não possam ser batidos. Até ao momento, Alessandro Del Piero continua a segurar dois dos recordes mais importantes: jogador com mais jogos com a camisola da Juventus (705 jogos) e mais golos (367 golos). Por outro lado, a Juventus já não vence a Liga dos Campeões desde 1995/96. Conta com duas vitórias e sete derrotas em nove finais da competição, detentor deste recorde negativo do troféu. Conseguirá Cristiano Ronaldo ajudar a inverter a tendência e a destronar a lenda italiana Alessandro Del Piero? Só o tempo o poderá dizer.


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O Futuro da Bundesliga Jonathan Pertzborn

Bundesliga é considerada uma das melhores ligas do mundo do futebol, primando pela qualidade das equipas, dos jogadores e do desporto jogado. Para além disso, tem-se vindo a destacar pela quantidade de jovens jogadores que surgem ano após ano em terras germânicas, causando grande impacto não só aí como também, no futuro, nos grandes palcos da Europa. Muitos dos jogadores que, hoje, vários consideram estar entre os melhores do Mundo, captaram a atenção dos tubarões europeus jogando no campeonato alemão. Há quem diga também que, ao jogar na Bundesliga, existe uma maior probabilidade de se adaptar de forma positiva aos outros campeonatos, facto que se comprova nos vários exemplos de jogadores que se deram a conhecer na Alemanha e, posteriormente, deram o salto para a ribalta do futebol europeu. Toni Kroos, por exemplo, brilhou no meio-campo do Bayern Munique, feito este que lhe concedeu a transferência para o Real Madrid, onde se tornou num dos melhores médios do mundo. O atual ponta de lança do Liverpool, Roberto Firmino, que na temporada passada vislumbrou os adeptos do Liverpool, mostrou-se ao mundo do futebol com a sua passagem pelo Hoffenheim.

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Mesut Özil, Leroy Sané, Antonio Rüdiger, Sami Khedira, Julian Draxler, Ivan Rakitić, Kevin De Bruyne, Henrikh Mkhitaryan, Pierre-Emerick Aubameyang ou Marc-André ter Stegen são alguns dos muitos jogadores que chamaram a atenção dos gigantes da Europa com as suas prestações em solo alemão e que, hoje, vestem a camisola das melhores equipas existentes a nível mundial. Vista como uma das melhores ligas da Europa, a Bundesliga é prejudicada a nível da competitividade na luta pelo título devido ao domínio nos últimos anos do Bayern de Munique. Daí liga inglesa e espanhola passarem a ser as prioridades da grande maioria. No entanto, é impossível negar o facto de ser fascinante acompanhar o crescimento de alguns jogadores que mais tarde se afirmam e providenciam os adeptos do futebol com golos, assistências ou momentos deliciosos para mais tarde recordar. Já se torna um ritual adivinhar quem vão ser os jogadores da Bundesliga que irão agitar as águas no próximo mercado de verão, por quem é que os grandes clubes europeus irão estar a lutar e a oferecer os valores astronómicos que hoje em dia se verificam. Neste espaço, iremos apresentar treze jogadores que reúnem as condições necessárias para brilharem na temporada 2018/2019.


#02 AGOSTO2018

Renato Sanches bAYERN MUnique

20 anos

Renato saiu do Benfica com apenas 18 anos, já com rótulo de craque. Um médio cuja presença no meio-campo era notável, conseguindo mudar o ritmo de jogo quando tinha o controlo da bola, fazendo uso da sua capacidade de explosão. Depois da sua primeira época na equipa sénior, não só ganhou rapidamente a confiança de Rui Vitória, como também a de Fernando Santos, sendo convocado para o Europeu de 2016, onde teve um papel importante na vitória portuguesa. Venceu o prémio de Melhor Jogador Jovem da Liga NOS e do Europeu de 2016. O Bayern de Ancelotti ganhou a batalha pelo médio no mercado, com uma verba de 35 Milhões de euros. No entanto, não correspondeu às expectativas, sem se conseguir encaixar no estilo de jogo do Bayern, que optava pelo controlo da posse de bola e primava pelo posicionamento dos jogadores em campo. Uma lesão na coxa afastou Renato Sanches dos relvados, tirando o médio das contas do técnico italiano, perdendo o lugar perante a forte concorrência de Vidal, Xabi Alonso e Thiago. Emprestado ao Swansea, teve, mais uma vez, dificuldades em adaptar-se, desta vez ao futebol inglês, cometendo muitos erros a nível de passe e posicionamento. A lesão na coxa não favoreceu em nada o médio ex-Benfica, falhando vários jogos com Paul Clement, que destacava o jovem como o melhor jogador nos treinos. Na era de Carlos Carvalhal, vimos, muito brevemente, o Renato que tanto se esperava ver, a encaixar na perfeição no estilo de jogo do técnico português. Mas a lesão voltou a assombrar o jovem, ficando de fora num total de 15 jogos. Agora, sob o comando técnico de Niko Kovac, tem uma época importante pela sua frente. Com uma filosofia de jogo diferente que apela mais às suas características, esta é uma grande oportunidade para se mostrar, desde cedo, o que pode oferecer ao campeão alemão. Prevê-se uma época complicada mas, ao mesmo tempo, empolgante e promissora, que, com um aumento dos níveis de confiança e alguma liberdade para dar asas ao estilo de jogo que o ajudou a destacar-se a nível mundial, pode causar um impacto este ano.


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Amine Harit Schalke 04

21 anos

É visto pelos fãs marroquinos como “o novo Zidane”. Mais um jogador lançado por Domenico Tedesco ainda jovem e que, rapidamente, ganhou espaço no plantel jovem da equipa alemã. Trata-se de um daqueles jogadores que dse destaca prontamente mal toca na bola. Tal como o colega de equipa que será posteriormente mencionado, Weston McKennie, Amine destaca-se pela sua versatilidade dentro de campo, podendo jogar atrás dos avançados, em frente aos centrais, ou mesmo nos dois flancos do ataque. Não se trata do jogador mais veloz do plantel, mas sim de um dos mais dotados, sendo muito difícil tirarlhe a bola na altura da progressão para o ataque. Na segunda metade da temporada de 2017/2018, já era conhecido e destacado pelos defesas das equipas adversárias como uma autêntica dor de cabeça. A excelente prestação do Schalke 04 esta temporada e a contribuição de Amine para a mesma, garantiram-lhe a convocatória para o Mundial 2018, onde jogou 82 minutos contra a Seleção Iraniana. A confiança com a bola nos pés e uma visão de jogo que Tedesco considera “fora do normal”, refletiram-se nos 3 golos e nas 7 assistências que o jovem marroquino registou nos 31 jogos que disputou esta temporada. O futuro é risonho para o médio criativo do Schalke 04 e, com a presença do clube nesta edição da Liga dos Campeões com o estatuto de vice-campeão, e com uma equipa mais promissora e motivada do que nos últimos anos, será, certamente, mais um dos vários jovens que irão atrair a atenção de alguns dos maiores clubes europeus.


#02 AGOSTO2018

Alexander Isak b. Dortmund

18 anos

O nome Alexander Isak fez-se soar pelas bocas dos apreciadores de futebol desde cedo, com o jovem sueco a destacar-se pelo AIK Solna com apenas 16 anos. Como se não fosse impressionante o suficiente, Isak marcou 10 golos em 24 jogos no escalão principal do futebol sueco, justificando a sua transferência no início de 2017 para o Borussia Dortmund. Com apenas 16 anos, tinha a forte concorrência de Aubameyang, Adrián Ramos e Schürrle, que não ajudou na afirmação desde cedo do avançado mas, ao mesmo tempo, contribuiu para a sua evolução, semana após semana, fazendo-o merecer aparições ocasionais durante o seu desenvolvimento na equipa principal, principalmente na Taça da Alemanha, onde já fez o gosto ao pé, atingindo o fundo das redes frente ao Magdeburg, no seu primeiro jogo no 11 inicial pelo Borussia Dortmund. Foi durante estes últimos dois anos mencionado constantemente nas discussões sobre o futuro do ataque do gigante alemão e, como a pré-época se tem vindo a desenrolar, esta pode bem ser a época de afirmação de Alexander Isak. Com apenas Maximilian Phillip como concorrência na frente do ataque, com o mesmo tendo a possibilidade de jogar atrás do ponta de lança, como fez na época anterior, Isak pode ser atirado “aos leões” esta temporada, por Lucien Favre. Nos jogos de pré-temporada disputados até ao momento, demonstrou que não só é um ponta de lança nato como também sabe estar envolvido na fase de construção de jogo, podendo muito bem fazer parte do futebol de contra-ataque ao qual estamos acostumados a ver por parte do Borussia Dortmund.


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Denis Zakarias

b. Mönchengladbach

21 anos

Na análise à temporada transata do Borussia Mönchengladbach, perguntava-se aos adeptos do clube quais os jogadores que mais se destacaram pela positiva e o nome de Denis Zakaria foi uma constante vinda dos aficionados dos “Die Fohlen”. Um médio cuja presença se nota em todos os jogos, que pode alinhar no centro do meiocampo, a defesa central e, especialmente, a médio defensivo. Foi nesta última posição que o internacional suiço por doze ocasiões se destacou. Muito forte fisicamente, Denis é comparado pelos adeptos do clube com o francês N’Golo Kanté, e os analistas do futebol alemão vão mais longe, comparando-o com Patrick Vieira, outra lenda francesa. Registou números impressionantes na última edição da Bundesliga, como, por exemplo, 91% de sucesso no passe e 50% de sucesso nos duelos (599). Foi uma dor de cabeça para os jogadores ofensivos das equipas adversárias, raramente desistindo dando um lance como perdido e desempenhando um papel muito importante na boa época do Borussia Mönchengladbach em 2017/2018. Agora, com o lugar de médio defensivo mais do que garantido, Zakaria é um jogador a ter em atenção no futuro, sendo que, esta temporada, será importante para se destacar como um dos jogadores mais promissores da Bundesliga. O médio marcou ainda presença no Campeonato do Mundo deste ano, na Rússia, jogando dezanove minutos contra o Brasil e trinta contra a Costa Rica, onde fez uma assistência.


#02 AGOSTO2018

Dayot Upamecano RB Leipzig

19 anos

O futebol francês tem providenciado o futebol europeu com jogadores jovens que fazem a sua presença ser notada, mais concretamente no centro da defesa e do meio campo. Samuel Umtiti, Raphaël Varane, N’Golo Kanté, entre outros, são jogadores que marcam o seu território em campo, a nível de posicionamento e físico. Dayot Upamecano está a caminhar para se tornar mais um de muitos nomes da escola de futebol francesa. Um jogador veloz, dotado a nível do rigor tático e forte no jogo aéreo, Upamecano tornou-se, com apenas 18 anos, numa presença constante na equipa do RB Leipzig, somando já 40 jogos na Bundesliga, onde já fez balançar as redes por três vezes. Lançado por Ralph Hasenhüttl, o jovem francês foi-se destacando na defesa, contribuindo para duas temporadas positivas do RB Leipzig, acabando em segundo e em sexto lugar, temporadas no qual jogou no centro da defesa e, ocasionalmente, no meio campo defensivo. Com presenças regulares nos planteis de formação da seleção gaulesa, Dayot caminha para ser o próximo titular da seleção campeã do mundo, sendo que esta temporada será fundamental para a consolidação do estatuto de jogador revelação do defesa.


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Mickaël Cuisance

b. Mönchengladbach

18 anos

Juntando a 24 jogos na temporada de 2017/2018 e duas assistências, a um tremendo envolvimento no jogo e na sólida época do Borussia Mönchengladbach, importa lembrar que o jogador contava apenas com… 17 anos. Sim, leu bem, o jovem francês, agora com 18 anos, Michaël Cuisance, foi dos jogadores que mais se destacou pela positiva na temporada anterior ao serviço do Borussia Mönchengladbach, que veste de preto, branco e verde. Trata-se de um jogador cuja presença no meio-campo se faz notar, sendo muito bom com a bola nos pés, característica que, rapidamente, fez o ex-jogador das camadas jovens do Nancy, clube francês, destacar-se. Inicialmente, revelou timidez mas, quando Dieter Hecking depositou total confiança no jovem, este não desiludiu. Passou do “jovem inseguro do meio campo do Gladbach”, para o jogador que vira o lado de jogo quando a equipa mais precisa e que controla o tempo de jogo. Contabilizou 1195 minutos na edição passada da Bundesliga e prevê-se uma presença regular do médio, que tanto pode adotar uma posição mais defensiva como uma posição mais central, no onze inicial do Borussia Mönchengladbach. Pela seleção gaulesa, conta com presenças no apuramento para o Europeu de sub-19, competição na qual fez os noventa minutos contra Turquia, onde marcou um golo e assistiu outras duas, Inglaterra e, na meia-final, frente à Itália.


#02 AGOSTO2018

Jacob Bruun Larsen b. Dortmund

19 anos

Durante os últimos anos, o Borussia Dortmund adquiriu a fama de contratar jogadores a ligas desconhecidas e tornar esses jogadores em autênticos diamantes do futebol mundial. Henrikh Mkhitaryan, Robert Lewandowski, Pierre-Emerick Aubameyang e Mats Hummels são alguns dos exemplos mais recentes. Olhando para as novas promessas, entre adeptos do Borussia, fala-se de um futuro com um tom risonho, surgindo nomes como Pulisic, Zagadou, Sancho e, agora, Jacob Bruun Larsen. Contratado em 2015 aos sub-19 do Lyngby BK, equipa da liga dinamarquesa, país natal de Jacob, o jovem extremo rapidamente causou impacto nos sub-19 do Borussia Dortmund. A sua rapidez, o à vontade com a bola nos pés, os cruzamentos “venenosos” para a área e a sua capacidade de jogar em ambos os flancos e no centro do terreno são características que encaixam que nem uma luva no sistema de jogo do Dortmund, que é, desde cedo, implementado nas camadas jovens. O dinamarquês foi tendo algumas oportunidades na equipa principal ao longo das últimas duas temporadas, mas foi ao serviço dos escalões jovens que se destacou mais. Campeão pelos sub-19 nas edições de 2015/2016 e 2016/2017, na qual foi o melhor marcador do campeonato, e vencedor da Taça da Alemanha em 2016/2017, onde foi lançado por Thomas Tuchel. Não teve sorte com Peter Bosz, acabando por ser emprestado ao VFB Stuttgart, onde não conseguiu destacar-se devido a uma lesão no joelho. Agora, de volta ao plantel do Borussia Dortmund, Jacob tem-se vindo a destacar pela positiva na pré-época, ao comando técnico de Lucien Favre, afirmando-se como um dos jogadores mais explosivos, que é capaz de criar oportunidades e assumir o controlo da bola quando a equipa se encontra numa fase menos positiva. Prevê-se um futuro risonho e uma época de afirmação do jovem dinamarquês no plantel principal do emblema que veste de amarelo e preto.


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Panagiotis Retsos bAYER Leverkusen

19 anos

Contratado em 2017 ao Olympiacos por um total de 5 milhões de euros, o nome Panagiotis Retsos suscitou, inicialmente, algumas dúvidas entre adeptos do Bayer Leverkusen, especialmente devido à presença no plantel de forte concorrência para a posição de defesa central, com André Ramalho, Jedvaj, Sven Bender, Dragovic e Jonathan Tah. No entanto, o jovem que na altura contabilizava 18 anos de idade, ganhou um lugar na defesa da equipa treinada por Heiko Herrlich. As suas fortes prestações nos primeiros jogos com o emblema do Bayer Leverkusen ao peito justificou a aposta do treinador, que descobriu um jogador que não só atua no centro da defesa como também em ambos os lados do quarteto defensivo, sabendo jogar a lateral direito e a lateral esquerdo, providenciando uma rotação necessária e eficaz da defesa do Bayer. Em alguns jogos, encontrava-se a negar jogadores como Robert Lewandowski, destacando-se no centro da defesa e, em outros, aterrorizava extremos a nível defensivo e defesas a nível ofensivo, contabilizando 3 assistências para golo na temporada transacta. A sua forte presença no quarteto defensivo é notável e a sua tendência para não complicar, os seus poucos erros, tornam-no num jogador em quem Heiko Herrlich pode confiar para esta temporada, na qual espera-se que se destaque não só no plantel do Bayer Leverkusen como também nos debates de melhor defesa da Liga.


#02 AGOSTO2018

Nicólas González Estugarda

20 anos

A posição de ponta de lança foi, durante estes últimos anos, um foco da preocupação por parte dos adeptos do VFB Stuttgart. A afirmação na última metade da temporada transata de Daniel Ginczek pareceu fazer desvanecer, por momentos, essas preocupações, mas a saída do avançado para o Wolfsburgo forçou o VFB Stuttgart a atacar o mercado este verão. Com Mário Gomez a não apresentar a regularidade que o treinador Tayfun Korkut desejaria, o reforço vindo do Argentinos Jrs. poderá mesmo ser a opção do técnico. A pré-época tem deixado os fãs do clube alemão entusiasmados com o que o talento argentino poderá trazer de novo para a equipa. Mostrando velocidade, inteligência e capacidade de se antecipar aos centrais, Nicólas pode vir a ser o parceiro ideal para Gomez ou Akolo no ataque. Com 7 golos na sua última temporada ao serviço do Argentinos Jrs., espera-se que esta temporada coloque o nome do avançado natural de Belén de Escobar no lote de jogadores revelação da Bundesliga de 2018/2019. A sua velocidade e tendência a pressionar os centrais pode vir a fazer bem ao VFB Stuttgart, que não conta com um ponta de lança móvel e veloz desde Simon Terodde.


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Weston McKennie Schalke 04

19 anos

Depois de Christian Pulisic, vão surgindo outros nomes de origem norte-americana que poderão causar grande impacto no futebol mundial. Entre este nomes, destaca-se Weston McKennie. Com formação desde cedo num clube local alemão, FC Phönix Otterbach, devido ao serviço militar prestado pelo pai, e no eventual regresso da família aos Estados Unidos, onde ingressou no plantel júnior do FC Dallas, a sua ligação anterior com o futebol alemão facilitou a sua ida para os juniores do Schalke 04, equipa que tem apostado fortemente na sua formação nos últimos anos, produzindo talentos como Julian Draxler, Manuel Neuer, Mesut Özil, Joel Matip, Max Meyer, entre outros. Weston destacou-se rapidamente no plantel de sub-19 alemão e foi compensado por Markus Weinzierl com minutos no último jogo da temporada de 2016/2017. Mas foi com Domenico Tedesco que o jovem norte-americano conquistou os corações dos adeptos do clube de Gelsenkirchen, mostrando que é um jogador que muitos treinadores gostariam de ter, primando pela versatilidade, podendo jogar em frente aos centrais, como também atrás dos avançados. Veloz, muito calmo com a bola, merecendo a confiança dos colegas de equipa no que toca a organizar o jogo e a começar um ataque. Encaixou como uma luva no sistema tático de Tedesco e, já com 19 anos, a iniciativa de procurar a bola e querer ser o motor da equipa parece estar no sangue de Weston McKennie. Depois de uma época bastante positiva ao serviço da formação que terminou a época 2017/2018 no segundo lugar, à frente de Hoffenheim, Borussia Dortmund e Bayer Leverkusen, o jovem foi recompensado com as suas primeiras internacionalizações pela seleção dos Estados Unidos da América, marcando na estreia, num amigável contra Portugal. Na época que se avizinha, prevê-se um papel ainda mais importante no meio-campo e, com a participação na Liga dos Campeões deste ano, os “Tubarões” estarão certamente atentos ao jovem prodígio de Texas.


#02 AGOSTO2018

Kevin Danso Augsburgo

19 anos

Para quem gosta de histórias de jogadores que começaram do nada, sem condições, e atingiram o sucesso devido à ética de trabalho e dedicação, aconselhamos a ver a reportagem de Kevin Danso no Youtube. Um jogador que, em 2014, com apenas 16 anos, transferiu-se do MK Dons para o Augsburgo. Depois de uma infância complicada e um período de adaptação igualmente difícil, o jovem impôs-se no centro da defesa da equipa alemã. Lançado pelo treinador Manuel Blaum, garantiu o lugar graças a prestações muito positivas, destacandose em partidas frente ao Bayern Munique, Borussia Dortmund e outros grandes do futebol alemão. Kevin Danso jogou 23 jogos na Bundesliga na temporada passada e fez, ainda, dois golos e uma assistência, na posição de defesa central. Nos juniores, somou um total de seis golos, mostrando que se trata de um central goleador e forte no jogo aéreo. A sua excelente temporada culminou com a chamada à seleção principal da Áustria e fez a sua estreia frente ao País de Gales, de Gareth Bale. Desde então, Danso já soma seis internacionalizações e procura, esta temporada, ajudar o Augsburgo a surpreender, com um plantel jovem e a chamar à atenção das principais equipas do futebol alemão e, quem sabe, de alguns tubarões europeus.


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Kai Havertz

bAYER Leverkusen

19 anos

Todas as temporadas, a prestigiosa medalha de ouro de Walter Fritz é atribuída ao melhor jogador e o vencedor da temporada 2017/2018 foi Kai Havertz. Com apenas 19 anos, Kai, que faz parte dos plantéis do Bayer Leverkusen desde 2010, já passou o estatuto de “promessa” e é já considerado um dos melhores jogadores do plantel treinado por Heiko Herrlich. Trata-se de alguém com uma visão de jogo fora do normal, sabendo alterar o ritmo de jogo quando toca na bola e virar também o sentido do jogo quando a equipa mais necessita. Um dos aspetos que mais favorece o jovem médio alemão de Aachen é o seu posicionamento. Parece estar sempre nos sítios certos à hora certa, transmitindo um grande nível de confiança para os seus companheiros de equipa. Com apenas 19 anos de idade, o jogador leva já 54 jogos na Bundesliga, nos quais somou, até à data, sete golos e quinze assistências, três jogos para a Taça da Alemanha e três jogos na Liga dos Campeões. Ao serviço da seleção alemã de sub-19, Havertz registou uns impressionantes sete golos em oito jogos. Tendo já mostrado que pode atuar no centro do meio-campo, numa posição mais ofensiva, e no lado direito do ataque, Kai Havertz é um jogador a ter em conta para o futuro, não só do Bayer Leverkusen como também da seleção nacional alemã.


#02 AGOSTO2018

Nordi Mukiele RB Leipzig

20 anos

O RB Leipzig tem acostumado os seus adeptos a jogadores jovens, eletrizantes de ver jogar e que causam um grande impacto dentro das quatro linhas. A contratação de Nordi Mukiele para o lado direito da defesa da equipa alemã parece não fugir à regra. Foi um elemento constante do Montpellier na temporada passada, mostrando ser um jogador veloz, forte fisicamente e a nível ofensivo. Tendo em conta a maneira de jogar da equipa sensação da Bundesliga nos últimos anos, com jogadores velozes nas alas e na frente de ataque, dando sempre prioridade ao contra-ataque, as características de Mukiele aparentam encaixar bem nesse estilo de jogo. O lateral conta com internacionalizações ao serviço da seleção francesa nos escalões de sub-18, sub-19, sub-20 e sub-21 e é prevista a conquista do lugar de lateral direito na seleção principal, num futuro próximo. Daí, com apenas 20 anos, espera-se que Nordi Mukiele seja um dos jogadores a ter em atenção para a próxima temporada, podendo ser este o início de uma carreira com muito sucesso.


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#02 AGOSTO2018

Citizen Kane Harry Kane é um dos jogadores do momento. Esteve no pódio dos melhores marcadores da Premier League nos últimos quatro anos, sendo que já ganhou o prémio por duas ocasiões. Acabou de liderar a seleção inglesa à sua melhor participação num Campeonato do Mundo em 28 anos. Mas nem sempre Kane foi associado à garantia de 30 golos por época…


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O incansável

Goleador

Daniel Fonseca

arry Kane deu os primeiros pontapés numa bola no clube local mais próximo de sua casa, o Ridgeway Rovers, aos seis anos de idade. Quando fez oito, mudou-se para o Arsenal (aquele que viria a tornar-se o grande rival do seu clube de toda a vida e uma das suas “vítimas prediletas”), mas a aventura nos Gunners durou pouco, tendo sido dispensado um ano depois por ser “gordinho” e pouco atlético. Porém, esta dispensa é um erro do qual, 16 anos depois, Arsène Wenger e os responsáveis do Arsenal se devem arrepender terrivelmente, como já revelou o técnico francês à comunicação social. Após a curta passagem no clube vermelho do norte de Londres, Kane voltou ao Ridgeway Rovers, onde após dois anos, o Tottenham apareceu e ofereceu um período de testes. Período esse em que jovem inglês não convenceu os responsáveis dos Spurs, que tiveram o fortúnio de corrigir esse erro quando o futuro capitão da seleção inglesa defrontou uma equipa das camadas jovens do Tottenham enquanto fazia testes já noutro clube de Londres, o Watford. Desta feita, o Tottenham não deixou fugir Harry Kane, oferecendo-lhe de imediato um lugar nas suas camadas jovens. Quando o jovem Harry, de apenas 10 anos, chega ao Tottenham, a posição que este ocupava no terreno não era a posição pela qual se tornaria

H

uma autêntica superestrela. Era médio defensivo e foi com o passar do tempo, ao longo do seu percurso nas camadas jovens dos Spurs, que foi avançando taticamente, tendo atuado um período relativamente longo de tempo ainda como médio ofensivo antes de se fixar como ponta de lança, já quase como sénior. Ao longo do seu percurso nas camadas jovens, Kane não se distinguia muito dos demais, pois não era nem grande para a sua idade (como nasceu a 27 de julho, nunca era o mais desenvolvido fisicamente do seu ano de nascença), nem particularmente veloz. No que Kane se distinguia de facto dos demais era na sua ética de trabalho e vontade incansável de treinar e melhorar todas as facetas do seu jogo. Isto foi reconhecido por todos os clubes em que passou e acompanhou-o até aos dias de hoje, sendo, provavelmente, o grande motivo de ser o jogador em que se tornou nos dias de hoje. Harry foi-se mantendo no Tottenham ao longo dos anos da sua formação, tendo assinado um contrato de formação aos 16 anos, chegando até a ser convocado por Harry Redknapp para dois


#02 AGOSTO2018


Futebol total jogos da equipa principal, não tendo, no entanto, saído do banco em nenhum deles. O seu contrato de formação foi transformado num contrato profissional mal isso foi possível, a julho de 2010. Na sua primeira temporada enquanto jogador profissional de futebol (2010/2011), passou a primeira metade da época sem fazer qualquer aparição na equipa principal do Tottenham, tendo sido emprestado ao Leyton Orient da League One (terceira divisão inglesa). Aqui, fez nove jogos a titular e outros nove como suplente utilizado, marcando cinco golos, um pecúlio bastante bom para um jovem de apenas 17 anos, tendo em conta que esta foi a primeira vez em que recebeu minutos de forma regular a este nível. A ética de trabalho sobressaiu, especialmente, neste período da sua carreira pois, para além de este integrar os treinos do Leyton como qualquer outro atleta do clube, após estes terminarem, Kane ia treinar com staff do clube de White Hart Lane. Isto foi fundamental para a adaptação e o sucesso dele na League One, pois muitos jovens acabam por sucumbir à diferença abismal entre as condições nestes clubes e os clubes-mães de onde provêm e à súbita exigência máxima e pressão que lhes é imposta por estes clubes, que têm o seu futuro em jogo todas as jornadas. Esta sua ética incansável e vontade infindável de trabalhar, aliadas à sua movimentação, toque e finalização de classe mundial foram a chave para o seu sucesso nesta segunda metade da época, em que teve minutos, não pelo clube de onde veio, mas antes pela sua atitude e performance nos treinos e jogos. Neste momento na sua carreira, apontavam a Kane o rótulo de jogador-tipo dos Spurs nos anos 80: muito bom tecnicamente, com boa presença física mas um pouco lento. Isso era aparente para muitos dos olheiros que seguiam o jogador, que tinham reservas em relação ao seu possível futuro na Premier League devido a isso, pois a principal divisão inglesa é uma das ligas mais rápidas do mundo, com a tendência de se estar a tornar mais veloz a cada ano que passa. Apesar disso, já no Orient era possível ver o que lhe iria permitir ultrapassar essa suposta falta de rapidez: a sua leitura de jogo e a sua capacidade de antecipação. Conseguia estar sempre dois passos à frente dos seus adversários, por muito velozes que estes fossem. Esta sua perceção de quando deveria iniciar e fazer os seus movimentos de desmarcação e a sua facilidade de remate, que apanha os guarda redes adversários de surpresa, seriam essenciais na sua carreira, tanto no Leyton Orient como no Tottenham e na seleção inglesa. De facto, a única crítica que fariam a Kane, tanto na temporada em que esteve no Leyton como nas duas temporadas seguintes, é que este precisava de aumentar a sua

musculatura e presença física, já que era irrepreensível na parte técnica e tática do jogo. Na temporada seguinte, como resultado de ter impressionado no Leyton Orient, Kane ficou no plantel principal do Tottenham durante a primeira metade da época, tendo feito seis aparições, todas na Liga Europa, e marcando o seu primeiro golo pelo Tottenham frente ao Shamrock Rovers.

Quando ele marcou o seu primeiro golo pelo clube, de certeza que os responsáveis do Tottenham estavam longe de imaginar a quantidade de vezes que repetiria a façanha de marcar pelo seu clube do coração e de formação pois, exatamente duas semanas depois de marcar o seu primeiro golo ao serviço dos Spurs, foi emprestado ao Millwall, clube do Championship (a denominação que é dada à segunda divisão inglesa). No Millwall, Harry teve um começo difícil. Apesar de ter marcado por duas vezes ao Dagenham & Redbridge num jogo da FA Cup (o Dag&Red estava na League Two, duas divisões abaixo do Millwall), não faturou em nenhum dos seus primeiros oito jogos no Championship. Após esta seca de golos em jogos para o campeonato, Kane encontrou a sua forma e marcou 7 golos nos últimos 14 jogos. Esta boa forma de Kane foi de tal forma


#02 AGOSTO2018 fundamental para garantir a manutenção do Millwall no Championship, que Kane venceu mesmo o prémio de melhor jogador jovem da temporada do clube. Esta passagem pelo Millwall foi importantíssima para Kane, tendo o próprio reconhecido isso mesmo, pois ajudou-o a desenvolver-se enquanto jogador e enquanto homem. Jogar em jogos de alta pressão, em que perder era praticamente a garantia de despromoção e a vitória a “salvação” fez com que Kane desenvolvesse a sua capacidade de aguentar a pressão em momentos cruciais. E mais do que desenvolver, ele demonstrou mesmo ter essa capacidade quando num jogo frente ao Portsmouth (um dos rivais do Millwall na luta pela manutenção), Kane fez o único golo do jogo com um remate que se tornaria uma das suas imagens de marca: um remate à entrada da área, forte e rasteiro em direção ao canto inferior da baliza. Certo é que, no final da época, o Portsmouth acabou mesmo despromovido e o Millwall manteve-se confortavelmente no Championship, ficando 17 pontos acima da linha de água, tendo o jogo entre ambas as equipas sido um momento fulcral para os destinos de ambas. Na temporada de 2012/2013, ciente do desenvolvimento do jogador no ano anterior, o Tottenham voltou a emprestar Kane, desta feita a um clube da Premier League, o Norwich City. Antes disso, ainda fez a sua estreia no campeonato pelo Tottenham, logo na 1.ª jornada. Infelizmente, o azar bateu-lhe à porta. Ao segundo jogo ao serviço do Norwich, partiu um osso do metatarso e ficou de fora até ao final de Dezembro, em recuperação. Após a lesão, faria apenas mais três jogos pelo Norwich, pois o Tottenham fê-lo regressar a White Hart Lane, em face de uma crise de lesões nas suas opções atacantes. Este regresso foi em vão, no entanto, pois Kane acabou por nem sequer ser convocado uma única vez e, apenas vinte dias depois de ter regressado, foi novamente emprestado, desta vez ao Leicester City, do Championship. No Leicester, Kane permaneceu lá até ao final da temporada, fazendo catorze jogos pelo clube, sendo que, apenas, começou no onze inicial em cinco deles. Marcou apenas dois golos, uma marca

muito abaixo do seu pecúlio nas temporadas que se seguirião. Na sua curta (e relativamente sem grande motivos de destaque) passagem pelo Leicester, aponta-se uma pequena curiosidade: no seu último jogo, na segunda mão da meia-final do playoff de promoção à Premier League, Kane partilhou o banco de suplentes com dois dos seus futuros companheiros na seleção inglesa: Danny Drinkwater e Jamie Vardy. Em 2013/2014, Kane finalmente cimentou-se no plantel principal do Tottenham como uma opção válida na frente de ataque da equipa treinada por Tim Sherwood. Nesta época, Kane alinhou pelos Spurs em dezanove ocasiões, tendo mesmo conquistado o lugar de ponta de lança titular na reta final da época, tendo marcado 4 golos, inclusive o seu primeiro golo em White Hart Lane, o mítico estádio do Tottenham Hotspur (que poderá ler nesta edição). Apesar desta época (e principalmente o seu final) ter sido considerado um enorme sucesso


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#02 AGOSTO2018 por Kane, o que este alcançaria daqui para a frente na sua carreira fará com que o seu pecúlio de golos até então pareça insignificante.

Em 2014/2015, o Tottenham apontou Mauricio Pochettino para o cargo de treinador da equipa principal. Este jovem técnico argentino remodelou rapidamente a equipa. Ao invés de contratações milionárias como havia acontecido na temporada anterior, aquando da então transferência recorde de Gareth Bale para o Real Madrid, Pochettino apostou na prata da casa: jogadores como Eric Dier, Danny Rose e Christian Eriksen consolidaram os seus lugares como titulares e como esteios da equipa enquanto que os quase desconhecidos do grande público como Harry Kane e Dele Alli (que só chegaria ao norte de Londres na temporada seguinte) se tornariam em verdadeiras revelações ao mostrarem as suas qualidades assombrosas, tendo em conta que jogavam em divisões inferiores há pouco tempo atrás. Tal como no ano anterior, Kane começou a temporada a ter a maioria dos seus minutos na Liga Europa e na fase inicial das competições a eliminar, recebendo apenas parcos minutos na Premier League. Mas quantos mais jogos fazia, mais a sua estrela despontava e cada vez mais o seu faro pelo golo era evidente. A cada oportunidade de jogar os minutos consideráveis que conseguia, Kane faturava. A cada jogo que passava, era mais difícil negar a Harry Kane a titularidade que as suas exibições e os seus números exigiam. Se até aqui era difícil, cedo se tornou impossível após Kane marcar um hattrick ao Asteras Tripolis num jogo da fase de grupos da Liga Europa e dar a vitória ao Tottenham frente ao Aston Villa com o seu primeiro golo na Premier League. Pochettino apostou então todas as fichas em Kane, relegando para o banco um avançado conceituado como Roberto Soldado. No entanto, a aposta em Kane traria a Pochettino um único arrependimento: já devia ter apostado

nele mais cedo. O jovem avançado inglês “pegou de estaca” na equipa, marcando golo atrás de golo como ainda não tinha feito na sua carreira. E mesmo quando não marcava, Kane era fundamental para o jogo da equipa, com a sua visão de jogo incomum nos pontas de lança, a sua capacidade de vir atrás buscar jogo, de aguentar a bola de costas para a baliza à espera de apoio dos companheiros e a sua movimentação sem bola a tornarem-no na peça chave do movimento ofensivo do Tottenham. A forma e a estrela de Kane tornou-se estratosférica, com Kane a marcar 31 golos ao longo da temporada e a liderar o Tottenham ao quinto lugar na Premier League e à final da League Cup, na qual foram derrotados pelo Chelsea por 2-0. Ora, uma temporada deste nível levaria à conquista de prémios individuais, com Kane a arrecadar por duas vezes o prémio de melhor jogador do mês da Premier League em Janeiro e Fevereiro, o melhor jogador jovem da PFA, a inclusão na equipa do ano da PFA e o prémio de melhor jogador do ano do Tottenham. Além destas conquistas, é de realçar a estreia de Kane na seleção AA em março de 2015. E se neste ano, a explosão de Kane e dos jovens Spurs havia ocorrido, esta iria-se tornar ainda mais devastadora na temporada seguinte. Após o seu ano de “explosão” em que se anunciou ao mundo com 31 golos, o Tottenham, e especialmente Kane, foram alvo de uma chuva de críticas em face de início desastroso da equipa: não venceram nenhuma das quatro primeiras jornadas e Harry Kane só marcou o seu primeiro golo da temporada a 26 de setembro, já na sétima jornada, apesar de ter jogado os noventa minutos em seis das sete jornadas. A partir daí, conforme o momento de forma de Kane melhorava, os resultados do Tottenham melhoravam com ele. Ao longo da temporada, Harry Kane e os seus jovens companheiros levariam o Tottenham a lutar pelo título até ao fim, ficando em terceiro e garantindo uma vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões, confirmando que o jovem plantel do Tottenham não era só um conjunto de promessas, mas já um conjunto de certezas. Quanto ao seu pecúlio individual, Kane juntou aos seus 28 golos os prémios de melhor jogador do mês de Março, a nomeação para o onze do ano da PFA e, pela primeira vez, o prémio de melhor marcador da Premier League, com 25 golos.


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No final da temporada, Kane participou na sua primeira grande competição internacional pela seleção inglesa, o Campeonato da Europa de 2016. Kane juntou-se aos seus companheiros de equipa Eric Dier, Kyle Walker, Danny Rose e Dele Alli na seleção de Roy Hodgson, onde este conjunto de jogadores do Tottenham podia ser considerado como a base da seleção tanto naquele torneio, como no futuro. Infelizmente para os ingleses, Hodgson tomou algumas decisões questionáveis (como desperdiçar o potencial aéreo de ter Kane na área nas bolas paradas ao fazê-lo marcar os cantos e os livres indiretos) ao longo do torneio, fazendo com que a equipa inglesa fosse eliminada de forma humilhante frente à Islândia, nos oitavos de final. Na temporada de 2016/2017, continuou-se o desenvolvimento dos jovens dos Spurs. As expetativas dos adeptos estavam elevadíssimas, sedentos de que o potencial da equipa se concretizasse. E pode-se dizer que, face à pressão dos adeptos, a equipa cedeu um pouco, especialmente na Liga dos Campeões, onde foram eliminados na fase de grupos e relegados para a Liga Europa. Já no campeonato, a equipa melhorou o resultado do ano anterior, ficando no segundo lugar, atrás dos campeões Chelsea. Para Kane, foi uma temporada de altos e baixos pois, apesar de ter voltado a ser o melhor marcador da Premier League com 29 golos (com sete golos nos últimos dois jogos!), teve alguns problemas com lesões tendo falhado três jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões com uma lesão nos ligamentos do tornozelo, que o voltaria a perturbar em março, forçando nova paragem.

Mais uma vez, conseguiu entrar para o onze do ano da PFA e foi o melhor jogador do mês de fevereiro. Ainda, foi eleito, pela primeira vez, Jogador do Ano da PFA, como resultado do número impressionante de trinta e cinco golos em trinta e oito jogos. A temporada passada foi mais uma época de evolução para o Tottenham e para Kane. O emblema londino replicou o seu bom futebol e bons resultados na Premier League e melhorou a sua prestação na Liga dos Campeões, tendo sido eliminados nos oitavos de final, por apenas um golo, frente à Juventus. Para chegar aí, os londrinos derrotaram na fase de grupos o bicampeão europeu Real Madrid (que se tornaria tricampeão), o Borussia Dortmund e o APOEL. Kane continuou a sua curiosa tradição de não marcar nenhum golo em agosto, tendo disparado em setembro: marcou treze golos em dez jogos, o melhor mês da sua carreira. Esta temporada foi verdadeiramente uma de recordes para o goleador inglês, batendo o recorde de golos num ano na Premier League (39) e sendo o jogador com mais golos no ano de 2017 no futebol europeu, com 56 golos em todas as competições, quebrando o reinado de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Quebrou também a barreira dos cem golos(!) na Premier League, marcando quarenta e um golos em quarenta e oito jogos, outro recorde pessoal. Com estes golos, Kane ajudou o Tottenham a atingir o terceiro lugar na Premier League, mantendo assim o clube na Liga dos Campeões pelo terceiro ano consecutivo.


#02 Quanto a prémios individuais, ganhou o prémio de melhor jogador do mês de setembro e dezembro, foi novamente nomeado para a equipa do ano da PFA, foi eleito o Jogador do Ano da federação dos apoiantes de futebol ingleses, o jogador inglês do ano e foi eleito para o melhor onze da FIFPro. No final da temporada, Kane foi chamado por Gareth Southgate à sua segunda grande competição internacional, o Campeonato do Mundo de 2018, realizado na França (e que poderá ler nesta edição). Foi eleito capitão da equipa, decisão que, inicialmente, provocou alguma revolta na praça pública, algo que terminou com as boas exibições do goleador inglês. Voltou a unir o país em torno da seleção nacional, liderando a Inglaterra até às meias-finais, onde foram eliminados por 2-1 após prolongamento. Ainda assim, foi uma participação excepcional para uma equipa sem muitas expetativas antes do início do torneio. Harry Kane foi o melhor marcador do torneio com seis golos em sete jogos e fez parte da Dream Team da competição, no que foi uma verdadeira performance de capitão. Se, no futuro, Kane continuar a ter a mesma evolução, ninguém poderá prever o que esta verdadeira superestrela do futebol poderá alcançar. Numa fase em que os dois grandes astros do futebol do século XXI estão a entrar na fase final das suas carreiras. Harry Kane tem de ser visto como um dos principais candidatos a ocupar os seus lugares no topo do futebol mundial. Seja pelo Tottenham, ou pela seleção inglesa, Harry Kane é sinónimo de golos e de terror para as defesas adversárias.

AGOSTO2018


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Histórias da História Euro 2016: França 0-1 Portugal

André Nogueira

á jogos que nos ficam na memória, quando se vê no estádio ou na televisão. Hoje em dia, há outros que nos ficam na memória graças às novas tecnologias, que nos trouxeram espaços como o Youtube ou outras plataformas online de Futebol, que permitem rever jogos completos ou resumos de vários clubes e seleções, de várias temporadas. A 10 de julho, fez dois anos que Portugal escreveu uma das mais bonitas histórias do futebol português que, até momento, mais que única, e histórica. Recuemos a 2016 e ao Campeonato da Europa a ser realizado na França. Portugal, inserido no grupo F, não iria ter, teoricamente, grandes dificuldades em passar, ou até mesmo vencer a Áustria, Islândia e a Hungria. As previsões davam Portugal como vencedor do grupo, seguido da Áustria, com a Hungria e a Islândia a procurarem também seguir em frente através dos melhores terceiros classificados.

H

Porém, as previsões não podiam estar mais erradas. Logo na primeira jornada, a Hungria vencia por 2-0 a Áustria e Portugal empatava 1-1 com a Islândia. Depois dos dois jogos terminarem empatados na segunda jornada, Fernando Santos e as suas declarações de só “voltar para casa no dia 11” começavam a perder sentido e as previsões eram agora de uma das piores prestações portuguesas nos últimos anos. Ditou o sorteio que a fase de grupos terminasse com os encontros entre Hungria contra Portugal e Islândia com a Áustria. O jogo com os húngaros repetiu-se por três ocasiões, com a Hungria a ganhar vantagem e Portugal a empatar de seguida, através de Nani e Cristiano Ronaldo, por duas vezes. Três jogos, três empates. Portugal festejava a passagem na segunda posição mas receberia uma nova atualização. Arnór Traustason fazia o 2-1 para a Islândia, aos 90+4’, frente à Áustria, atirando


#02 AGOSTO2018 Portugal para a terceira posição, igualmente classificado, mas fugindo de tubarões como Inglaterra, França, Itália, Espanha ou Alemanha, até à final. É aí que, realmente, começa a história gloriosa nacional. Primeiro Croácia, no prolongamento, depois Polónia, em grandes penalidades. Portugal chegava às meias-finais frente ao país sensação, País de Gales, e conquistava a sua única vitória em noventa minutos, durante toda a competição. Primeiro Cristiano Ronaldo, depois Nani. Estava feito. Portugal voltava à final do Campeonato da Europa, depois da derrota caseira frente à Grécia, em 2004. Se há algo que Portugal aprendeu, foi não dar uma final por vencida quando jogada contra um adversário, teoricamente, mais acessível, mesmo jogando no próprio país. Os franceses não chegaram com esse manual e o excesso de confiança foi a machadada final para o triste fado francês.

Éder, o patinho feio da seleção, entrou no minuto 79, para o lugar da jovem revelação Renato Sanches, já depois de Cristiano Ronaldo sair lesionado nos primeiros 25 minutos da partida. Já depois de Gignac acertar no poste e das várias defesas de Rui Patrício a remates, principalmente, de Griezmann, bastaram cinco minutos de sonho no prolongamento para Portugal fazer história. Éder ganhava faltas em zonas ofensivas e foi mesmo numa dessa faltas que Raphaël Guerreiro cobrou um livre que embateu na trave. Não foi aí, foi logo depois. William para Quaresma, este dá atrás para Moutinho que encontra Éder. “Posse de bola para Portugal. Vai Éder! Vai Éder! Vai Éder! Vai Éder! Chuta! Chuta! Chutou!”... Quem não conhece o relato da Antena 1 a este golo, ainda não ficou arrepiado com uma das histórias mais bonitas do futebol português. Éramos Campeões da Europa!


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White Hart Lane André Nogueira

ambém conhecido por “The Lane”, foi a casa do Tottenham desde o dia 4 de setembro de 1899 até ao dia 14 de maio de 2017, ano em que foi demolido para se iniciar a contrução daquela que deverá ser a nova casa do clube para esta temporada. Na última partida, o Tottenham

T

derrotou o Manchester United por 2-1, com golos de Victor Wanyama e Harry Kane (pode conhecer a história do avançado inglês, nesta edição), porém, seria um jogador visitante a marcar o último golo de sempre no estádio: Wayne Rooney. Um dos principais motivos para a sua demolição foi o facto da sua capacidade não estar de acordo com a evolução que a Liga Inglesa e o futebol mundial sofreu nos últimos anos. Com uma capacidade máxima de 36 284 lugares, quase ou mesmo metade comparado com os estádios dos rivais, a equipa londrina chegou a utilizar o Wembley para os jogos das competições europeias. Formado em 1882, o Tottenham disputou os seus primeiros jogos em terrenos úblicos, em Tottenham Marshes. Mas, com o aumento do nome de adeptos do desporto e do clube, foi preciso mudar a estratégia e o emblema mudou-se para terrenos privados, pela primeira vez. Com isso,


#02 AGOSTO2018 começaram a ser cobrados os primeiros bilhetes e a serem contabilizados o número de espetadores. O primeiro campo a ser alugado foi no ano de 1888, na Fazenda Asplins, perto da linha ferroviária de Northumberland Park. Porém, o número de adeptos ia aumentando cada vez mais, sendo necessária uma nova mudança, desta feita para Tottenham High Road, atrás do pub White Hart. Em 1905, com a aquisição do terreno, e mais umas terras adicionais, o White Hart Lane era proclamado como o primeiro estádio de propriedade do clube do norte de Londres, mantendo-se como único durante 110 anos, até ao final da temporada de 2014/15 e a sua demolição. As primeiras bancadas foram desenhadas e construídas em 1909 e, quase trinta anos depois, teria uma lotação de quase 80 000 lugares. Porém, com o passar dos anos, foram-se as bancadas para lugares sentados e, em 1979, a lotação era já de (apenas) 50 000 lugares. Porém, a chamada East Stand foi mantida durante muitos anos para os adeptos apelidados de The Shelf, que eram contra ver um jogo sentados. Com a entrada na nova década, surgiram as recomendações da Liga para os estádios dos clubes ingleses. Com isso, o White Hart Lane foi, uma vez mais, remodelado, tornando-o, finalmente, apenas com lugares sentidos, reduzindo consideravelmente a lotação para 36 000 lugares, em 1998. Com essas mudanças, o White Hart Lane tornava-se num estádio com uma dimensão bastante inferior quando comparada com os estádios dos clubes rivais. Consequentemente, as receitas geradas pelo clube pela venda de bilhetes para os jogos também desceram substancialmente, numa primeira fase. Antes dos contratos por direitos televisivos que, hoje em dia, geram largas receitas para os cofres dos clubes ingleses, o Tottenham procurou diversas formas de aumentar a sua lotação. Em primeiro lugar, planeou a reconstrução da East Stand mas com uma estrutura de três níveis. Em seguida, planeou mudanças para outros locais, como Picketts Lock ou o Estádio Olímpico de Stratford. Porém, esses projetos nunca saíram do papel e só em 2018 é que o clube via, finalmente, a lotação do seu estádio ser aumentada.

Tottenham Hotspur Stadium Atualmente, o Tottenham Hotspur Stadium encontra-se na fase final da sua construção. A nova casa dos Spurs terá o nome do clube, deixando o White Hart Lane no passado, junto de todas as suas memórias que, na perspetiva da direção do emblema londrino, seja melhorada significativamente no futuro. Contruído, exatamente, no lugar onde se situava o antigo estádio, terá, em príncipio, uma capacidade máximo de 62 062 lugares, fazendo com que o emblema do norte de Londres se torne o clube com o maior estádio da cidade e um dos maiores da Premier League. Segundo foi apresentado pelo clube, as novas tecnologias serão ferramentas importantíssimas para o decorrer dos vários eventos que terão espaço neste local. Isto pois falamos de um estádio com multiusos. Além de concertos, receberá também jogos da NFL, campeonato profissional de futebol americano, que serão realizados sob um relvado sintético, substituído através do primeiro relvado retrátil do Mundo, que consegue ser dividido em dois e transformar-se num campo perfeito para o outro desporto. Projetado em 2007 e anunciado em 2008, o plano foi revisto e alterado por inúmeras ocasiões, atrasando o começo da obra, por parte da Northumberland Development Project, até ao ano de 2015. Apesar de estar já a ser planeada a sua utilização na presente temporada, só receberá o segundo jogo em casa, de forma a que as obras sejam totalmente concluídas, sem demasiada rapidez, o que poderia causar algum erro grave. Ou seja, a 15 de setembro de 2018, o Tottenham já deverá receber o Liverpool na sua nova casa, prevendo-se, obviamente, que seja o primeiro jogo com casa cheia.


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Grandes Golos

Negrete vs Bulgária (1986) André Nogueira

anuel Negrete poderá ser um perfeito desconhecido para a maioria dos adeptos de futebol, apesar da sua carreira internacional pelo México e da sua curta passagem por Portugal, ao serviço do Sporting CP. Jogou apenas num Campeonato do Mundo, o de 1986, onde realizou cinco partidas e marcou um golo. Um único golo mas suficiente para ser considerado como o melhor golo de sempre em Campeonatos do Mundo da FIFA. Mas já lá vamos... Recuamos ao dia 15 de junho de 1986. A seleção anfitriã do México e a seleção da Bulgária encontravam-se num encontro dos oitavos-de-final do Campeonato do Mundo. No grupo A, a Bulgária tinha passado como terceiro classificado, atrás de Argentina e Itália. No grupo B, o México vencia o grupo frente a Paraguai, Bélgica e Iraque. Estes foram dois dos quatro grupos onde passaram os terceiros melhores classificados. Curiosamente, no grupo F, Portugal terminava em último, numa das piores prestações lusas em competições internacionais mas também uma das mais importantes. Voltando ao jogo, decorria o minuto 34 quando Negrete recebe a bola no ar em zona central, tabela com o colega e remata ‘à meia volta’

M

ou de ‘triciclo’ à entrada da área para abrir o marcador. O México venceu 2-0 mas acabou eliminado na fase seguinte, pela Alemanha.

O Melhor Golo de Sempre No site oficial da FIFA, o organismo deu a oportunidade aos adeptos de elegerem o melhor golo de sempre do Campeonato do Mundo, em comemoração da edição de 2018. Entre as possíveis escolhas estavam, além de Negrete, Pelé vs Suécia (1958); Éder vs URSS (1982); Maradona vs Inglaterra (1986); Bergkamp vs Argentina (1998); Maxi Rodríguez vs México (2006) e James Rodríguez, ex-atleta do FC Porto, vs Uruguai (2014).


#02 AGOSTO2018

O meu 11 por: Hernâni Borges (Treinador-Adjunto do UD Leiria)



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