15_03 AF miolo
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RÁDIO NOVE DE JULHO, ECOANDO A RESISTÊNCIA POPULAR A Rádio Nove de Julho, da Arquidiocese de São Paulo, nasceu em 1953 e teve grande participação na luta contra o regime militar, apoiando a resistência popular, denunciando prisões políticas, torturas, desaparecimento de pessoas. No dia 30 de setembro de 1973, sua concessão não foi renovada e seus transmissores foram lacrados. Para o monsenhor Dario Benedito Bevilacqua, porta-voz da Arquidiocese de São Paulo e diretor da rádio, “esse gesto arbitrário do governo ditatorial foi, segundo os analistas da época, uma tentativa de silenciar a igreja, pois Dom Paulo Evaristo Arns já representava para todo o Brasil uma voz que lutava pela liberdade, contra a tortura. Isso desagradava profundamente o regime militar”. Bevilacqua ressalta que “não havia nenhuma razão legal para essa punição”. A importância da Nove de Julho é destacada por Dom Paulo, que considera a rádio, tal como é hoje, “um instrumento de comunicação insuperável. Soube que tem um programa com 500 mil ouvintes. Onde é que você, na vida, pode falar para tantas pessoas?”. Depois de muita luta para a devolução da rádio, o então presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um decreto para sua reabertura em 1996. Mas a Nove de Julho voltou a funcionar efetivamente apenas em outubro de 1999, quando Dario Bevilacqua foi nomeado por Dom Paulo para ser diretor da rádio. _ Qual é a principal característica democrática da Nove de Julho? Uma das características da rádio é que o ouvinte fala, participa. Existe a preocupação de que suas opiniões possam ser manifestadas. Agora, temos uma linha, uma filosofia. A visão democrática não significa que deva ceder a rádio para pessoas que são contra a democracia, por exemplo. Entendo democracia como valorização da pessoa humana, então precisamos de uma rádio que respeite os direitos das pessoas.