Vozes da Democracia - Histórias da Comunicação na Redemocratização do Brasil

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RÁDIO CORNETA Entre 1980 e 1990, cresceram em São Paulo as rádios-corneta. Eram kits com quatro cornetas, instaladas nas torres das igrejas. Os programas eram feitos por membros da comunidade, em geral saídos dos grupos de jovens. “Era fita K7, gravadorzinho pra entrevista, nem editava. Foi uma febre”, diz Strabeli. A rádio da qual participou Sueli Maria de Almeida ficava em um bairro próximo a São Miguel, na Zona Leste paulistana. “O Jardim Verônia fica de frente para uma favela e fica no alto. O alto-falante ficava numa torre bem acima do nível da igreja para pegar o máximo, espalhar o som. Toda noite, uma pessoa fazia a hora da ave-maria. Antes das celebrações, a gente chamava a população. E aos sábados tinha uma feira que tem até hoje perto da comunidade onde a gente pegava, além do pessoal da favela e das casas das imediações, o público que vinha de fora para essa feira. As pessoas ficavam curiosas para ouvir o que era aquilo”. Sueli lembra que as técnicas de “como chegar à população como se você tivesse falando com seu vizinho mesmo, através do alto-falante”, foram aprendidas em um curso no CEMI. A rádio no Jardim Verônia durou nove meses, tocava músicas de artistas locais e de artistas famosos, a pedido do público. As pessoas ouviam a rádio de suas

[história] Rádios-corneta [onde e quando] São Paulo (SP), anos 80 [quem conta] Carlos Strabelli e Sueli Maria de Almeida [entrevistas realizadas] de janeiro a abril de 2004

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casas. “Não tinha como não ouvir, por causa da localização”, conta.

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Anexos (Cronologia, Bibliografia e Sobre o Intervozes

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O direito de não mentir

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Salamandra-boi levou irreverência a manifestações políticas

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Rádio Corneta

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Abertura

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