o que a vida me ensinou
A única coisa permanente é a impermanência
Heródoto Barbeiro
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ISBN 978-85-02-16090-3 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. B187q Barbeiro, Heródoto, 1946O que a vida me ensinou : a única coisa permanente é a impermanência / Heródoto Barbeiro. - São Paulo : Saraiva, 2012. 128p. : 19 cm (O que a vida me ensinou) ISBN 978-85-02-16090-3 1. Barbeiro, Heródoto, 1946-. 2. Jornalistas - Brasil. 3. Jornalismo - Brasil. 4. Jornalismo - Orientação profissional. 5. Profissões - Desenvolvimento. I. Título. II. Série. 12-0808
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“Humor é puxar o tapete da dignidade Debaixo dos pés de uma entidade consagrada.” Millôr Fernandes
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O QUE A VIDA...
“O que um homem é capaz de imaginar, Outro homem é capaz de realizar.” Júlio Verne
O que podemos entender por “vida”? A primeira resposta
é: o período que vai do nascimento à morte. Esse período contém tudo o que pudemos aprender com nossos pais, amigos, mestres, professores e pessoas que dividiram sua sabedoria conosco. Porém, também é o período em que aprendemos sozinhos, muitas vezes com grande dor. Outras com muito amor. Portanto, selecionar o que de mais importante influiu na nossa vida é um trabalho imenso. É preciso ser um supereditor e, ao mesmo tempo, ter uma memória de elefante. Dos grandes. Por isso, os que nos ensinaram não têm nomes, são símbolos de algumas fases da nossa vida, que contém muitos 6
personagens. Assim, não há perigo de esquecer ninguém. O critério não é pessoal, é de conteúdo, de ensinamento, de sabedoria que precisa ser transmitida a outras pessoas para que elas possam fazer um mundo melhor do que não fomos capazes de fazer. Ao escrever este livro, me esforcei para manter o meu ego sob controle, mas, se ele escapou uma ou outra vez, peço que relevem. Não é autobiográfico, nem pretende dar conselhos a quem quer que seja. Conselhos dei para o Maurício, o meu Mao, e Guilherme, o meu Gui. Não acreditem em nenhuma palavra que escrevi, experimentem.
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“Só os imbecis nunca mudam de ideia.” Jorge Luis Borges
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sumário
filho de escravos e o filho do comerciante
13
o mestre taxista
27
o que as abelhas me ensinaram
37
no caminho do meio
49
o que aprendi com as formigas
61
vida alternativa
71
de portas fechadas
83
o fluxo do processo histórico
93
a síndrome do bobo da corte
105
começar de novo
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11
Filho de escravos e o filho do comerciante
“O homem vive de razão e sobrevive de sonhos.” Miguel de Unamuno
Meu primeiro mestre espiritual foi o kardecista Manuel
Raimundo, o Seu Mané. Eu o conheci quando ele já tinha mais de setenta anos, e era forte como um touro. Andava balan-
çando como um pêndulo de carrilhão e arrastava os pés como um fantasma de castelo. Trabalhava à noite como guarda em uma construtora ou na casa do patrão. De dia, vinha para o pequeno bar dos meus pais, incrustado em frente ao quartel do Parque Dom Pedro II, no centro velho de São Paulo. Todos brincavam e mexiam com ele, era popular e respeitado. Ele me ensinou a ouvir as pessoas e a respeitar as crenças alheias. Dizia-me que era preciso entender as necessidades espirituais das pessoas, mesmo quando elas não coincidissem com as nossas. Nessa época eu tinha uns dez anos. 13
muito semelhante ao das empresas. A única diferença é que na nova colmeia todos são aproveitados, o mesmo já não ocorre nas corporações, que dispensam os que têm funções semelhantes e por isso são ineficientes. Aprendi que nada nos leva tão longe, nem tão alto quanto os impulsos de nossos erros. Bognar não só abriu para mim o mundo das abelhas como foi um exemplo de homem ético, de rumo inalterável, aberto a aprender tudo o que fosse possível aprender e ele sabia muito. Era capaz de cozinhar um granadier march, uma mistura de macarrão com batata cozida, ou juntar tampinhas de garrafas para fazer brinquedos para Maurício e Guilherme, os meus Mao e Gui, fazer uma instalação elétrica e contar deliciosas histórias de sua casa na beirada do Danúbio. Talvez por isso, na vila de Capela do Ribeirão, as pessoas o tomavam como meu pai, o que me enchia de orgulho. Abelha operária e abelha-rainha são da mesma origem, e destinos diferentes. Aprendi, graças a ele, que nós temos o controle sobre nossa vida e destino, somos o que escolhemos para nós mesmos. Não somos abelhas. O tempo para as abelhas e para os homens são uma ilusão. Há nas colmeias e na sociedade um eterno espaço presente, constante, onde se desenvolve a nossa vida. Abelhas vivem o momento presente e o homem precisa aprender com elas. As coisas acontecem no presente, não no passado. É claro que um dia ele foi presente e condicionava o futuro. Somos frutos do que nós fizemos no passado, mas é possível mudar o 46
presente, ele é o campo das mudanças, em que cada um tem as rédeas do seu destino e podem conduzir sua existência para onde julgar melhor. Não se pode esquecer nunca que se está construindo, a cada minuto, o seu futuro e logo adiante vai viver novos presentes. Novas oportunidades surgem no mundo para mudar o rumo da vida. Vivi, como todos, essas possibilidades e mudei. Depois de 25 anos de muita aula, aos 42 anos, mudei de profissão e fui aprender a ser jornalista. Depois de 28 anos de trabalho nas Organizações Globo mudei e fui trabalhar na Record. Estava feliz lá, estou feliz aqui. Aprendi também a manter o espírito crítico atento, ser cético e antes de acreditar na última história divulgada, a ser crítico. Isso nos ensina a não repetir os mesmos erros eternamente nem jogar dor para os outros nem para si mesmo. Qualquer tempo é tempo de mudar para reiniciar, isso não é apenas uma frase de um livro de autoajuda. É uma verdade. A velhice não se mede pelas rugas e pelos cabelos brancos, mas pela proximidade com a morte. E quem sabe de nossa distância em relação a ela? Os velhos devem morrer antes dos jovens. Os pais antes dos filhos. Os doentes antes dos sãos. Mas essa ordem nem sempre se realiza. Quantas vezes o que consideramos uma ordem material não se realiza e nos envolvemos de sofrimento? Só conseguimos alterar o presente. Não somos capazes de modificar o passado nem de prever o futuro. Precisamos aprender a vivenciar o futuro como presente. O tempo enviado pela nossa mente é responsável em boa parte pelo nosso sofrimento. 47
que budistas não guardam fotos é um exagero, no meu livro Buda: o mito e a realidade publiquei fotos antigas do templo e do retiro, mas eles mudaram, fazem parte do passado e não existem para me encher de saudades, mas de contar um pouco como cheguei até aqui. Aprendi na vida que mais difícil do que aceitar coisas novas é abandonar as velhas. Sejam elas ideias, sentimentos ou aquele monte de coisa inútil que a gente acumula no guarda-roupa, na oficina ou na garagem. Para que juntar tanta coisa velha? Posso usar no futuro? Geralmente não. Então por que não doar, vender, dar uma destinação? Se forem aproveitáveis, podem ir para um museu ou uma biblioteca. O que não tiver serventia pode ir para a reciclagem. A vida me ensinou que mais difícil é o conflito, mas mais alegre é a vitória, seja ela qual for. O que vale é a boa batalha, a luta leal por aquilo que se acredita sinceramente. O que vale é a satisfação pessoal e não os bens materiais conquistados. Essa batalha é disputada diariamente pelos professores de todo o Brasil, ainda que não sejam reconhecidos nem remunerados dignamente. Aprendi, desde os tempos da Baixada do Glicério, a viver com 70% do que ganhava, não importa o que isso pode valer. Nunca esqueci que o único propósito do dinheiro é comprar as coisas que precisamos e por isso nunca fiquei sem dinheiro e nunca pedi emprestado. Nem para bancos, que são muito bons na criação de dinheiro a partir do nada há muitos séculos. 126
O equilíbrio de viver com 70%, poupar 20% e guardar 10% para formar um pecúlio, uma reserva. Este, repito, deve ser “imexível”. Durante um período da minha vida, tive um “Livro Caixa” e anotava todas as despesas, inclusive as pequenas. O resultado é extraordinário ainda que chato. Só assim é possível se ter ideia para onde vai o salário. Dinheiro não é tudo. A paz é tudo. Um provérbio indígena diz que somente quando a última árvore morrer, o último rio for envenenado e o último peixe for pescado é que perceberemos que não podemos comer dinheiro. Diante desse quadro não podemos ficar inertes, seremos tão responsáveis quanto os que por ganância ou ignorância agridem a Pacha Mama, a Terra. Por isso não é importante se lembrar de Edmund Burke, que disse que “para o triunfo do mal só é preciso que homens bons não façam nada”. Diante disso não temos alternativa se não sair da inércia.
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