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Casa dos Jesuítas
HISTÓRIA DO IMÓVEL
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Localização: Rua Dom Idílio José Soares (antiga Rua Lavapés)
Poucos são os registros que detalham a história deste imóvel conhecido por Casa dos Jesuítas. É bastante provável que tenha sido erguido antes mesmo da mudança do povoado de Icapara para as imediações do Mar Pequeno, no atual Centro Histórico. Os levantamentos feitos por importantes historiadores, durante os séculos XIX e XX, indicam que é bem possível que a casa tenha sido construída por padres jesuítas que chegaram à região por volta de 1554. Na época em que a Companhia de Jesus aportou no Brasil, as edificações deveriam seguir um padrão que pudesse atender à perpetuidade, o que significa que essas construções seriam de caráter definitivo erguidas, portanto, utilizando materiais que resistissem ao tempo.Característica que pode ser encontrada nesse imóvel, com suas paredes externas construídas em pedra e cal, com a fachada principal mantida até os dias de hoje em bom estado de conservação. A Casa dos Jesuítas está localizada ao lado da Igreja de São Benedito. É uma construção térrea, acima do nível da rua, possivelmente por estar próxima, na época, ao Córrego Lavapés, que não existe mais no local. O imóvel pode ter sido o primeiro da Vila a ter cobertura de telhas de barro, o que reforça o uso da casa no período em que os jesuítas habitaram a região, pois essa é uma característica do modo construtivo que se assemelha às igrejas edificadas no período da presença desses religiosos em terras brasileiras. A construção inclui um amplo quintal, o que remete à utilização do espaço como área de plantio e de lazer. Além de moradia, o prédio teria funcionado como capela até o ano de 1637, quando a primeira Igreja de Nossa Senhora das Neves foi concluída no novo núcleo urbano. Outra hipótese defendida pelos pesquisadores é de que a casa foi construída pelo capitão Francisco Álvares Marinho, que fez a doação da área onde se instalou a Vila. Com o seu falecimento, o imóvel ficou sob os cuidados de Francisca das Chagas Alvim e, ao longo dos anos, outros diferentes proprietários viveram no local. Em 1969, Luiz Eduardo Rodrigues Greenhalgh comprou o imóvel que recebeu uma reforma completa. Algumas décadas depois, em 2018, seus filhos venderam a histórica casa a Renato Boppré que refez o telhado e realizou outras obras na parte interna da propriedade.
Os jesuítas no Brasil
Em 1549, missionários da Companhia de Jesus aportaram em São Vicente, com a comitiva do governador-geral Tomé de Souza. Traziam juntamente com a bagagem, a missão de cristianizar as populações indígenas e difundir a palavra da Igreja aos portugueses do território que ainda era colônia lusitana. Esses religiosos eram subordinados a um regime de privações, que os preparava para viver em locais distantes e se adaptar às mais adversas condições. Foram os jesuítas dessa ordem religiosa católica romana que, possivelmente, chegaram ao solo iguapense, graças às missões, iniciadas em 1554, e que percorreram o litoral de São Paulo. É possível que nesse mesmo ano tenha sido celebrada a primeira missa na então Vila de Iguape. Não há comprovação, mas os
Poucos são os registros que detalham a história deste imóvel conhecido por Casa dos Jesuítas. É bastante provável que tenha sido erguido antes mesmo da mudança do povoado de Icapara para as imediações do Mar Pequeno, no atual Centro Histórico. Os levantamentos feitos por importantes historiadores, durante os séculos XIX e XX, indicam que é bem possível que a casa tenha sido construída por padres jesuítas que chegaram à região por volta de 1554. Na época em que a Companhia de Jesus aportou no Brasil, as edificações deveriam seguir um padrão que pudesse atender à perpetuidade, o que significa que essas construções seriam de caráter definitivo erguidas, portanto, utilizando materiais que resistissem ao tempo.Característica que pode ser encontrada nesse imóvel, com suas paredes externas construídas em pedra e cal, com a fachada principal mantida até os dias de hoje em bom estado de conservação. A Casa dos Jesuítas está localizada ao lado da Igreja de São Benedito. É uma construção térrea, acima do nível da rua, possivelmente por estar próxima, na época, ao Córrego Lavapés, que não existe mais no local. O imóvel pode ter sido o primeiro da Vila a ter cobertura de telhas de barro, o que reforça o uso da casa no período em que os jesuítas habitaram a região, pois essa é uma característica do modo construtivo que se assemelha às igrejas edificadas no período da presença desses religiosos em terras brasileiras. A construção inclui um amplo quintal, o que remete à utilização do espaço como área de plantio e de lazer. Além de moradia, o prédio teria funcionado como capela até o ano de 1637, quando a primeira Igreja de Nossa Senhora das Neves foi concluída no novo núcleo urbano. Outra hipótese defendida pelos pesquisadores é de que a casa foi construída pelo capitão Francisco Álvares Marinho, que fez a doação da área onde se instalou a Vila. Com o seu falecimento, o imóvel ficou sob os cuidados de Francisca das Chagas Alvim e, ao longo dos anos, outros diferentes proprietários viveram no local. Em 1969, Luiz Eduardo Rodrigues Greenhalgh comprou o imóvel que recebeu uma reforma completa. Algumas décadas depois, em 2018, seus filhos venderam a histórica casa a Renato Boppré que refez o telhado e realizou outras obras na parte interna da propriedade.
Os jesuítas no Brasil
Em 1549, missionários da Companhia de Jesus aportaram em São Vicente, com a comitiva do governador-geral Tomé de Souza. Traziam juntamente com a bagagem, a missão de cristianizar as populações indígenas e difundir a palavra da Igreja aos portugueses do território que ainda era colônia lusitana. Esses religiosos eram subordinados a um regime de privações, que os preparava para viver em locais distantes e se adaptar às mais adversas condições. Foram os jesuítas dessa ordem religiosa católica romana que, possivelmente, chegaram ao solo iguapense, graças às missões, iniciadas em 1554, e que percorreram o litoral de São Paulo. É possível que nesse mesmo ano tenha sido celebrada a primeira missa na então Vila de Iguape. Não há comprovação, mas os pesquisadores indicam que os jesuítas Pedro Correia ou Manoel de Paiva, podem ter sido os responsáveis pela cerimônia. Ambos faziam parte da Companhia de Jesus no Brasil, ao lado de Leonardo Nunes, apelidado pelos indígenas de Abarebebê ou Abaré-bebé, termo tupi que significa “Padre Voador”; de João de Souza e de Diogo Jácome, todos do grupo do missionário Manuel de Nóbrega. No final de 1554, os jesuítas Pedro Correia e João de Souza foram mortos a flechadas pelos índios Carijós, na região de Cananeia, então Capitania de São Vicente. Pedro Correia falava fluentemente a língua
tupi e ambos haviam percorrido toda a costa litorânea do sul paulista cumprindo sua missão de catequese. Esse fato, levou a interrupção das missões no litoral e esses jesuítas foram considerados mártires. Somente depois de os padres José de Anchieta e Manuel de Nóbrega estabelecerem a paz com os índios Tamoios de Ubatuba‚ a partir de 1556, as missões jesuíticas puderam prosseguir. Em 1640, os padres jesuítas tiveram suas atividades interrompidas em São Paulo e em toda a Capitania de São Vicente, e, em 1759, foram definitivamente expulsos do Brasil e dos domínios portugueses, por ordem de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, que promoveu importantes reformas políticas e econômicas no império lusitano.
Conceitos e detalhes da arquitetura
Ao longo dos séculos, inúmeras obras de reformas foram descaracterizando a Casa dos Jesuítas e apagaram, definitivamente, os vestígios do que o local possa ter sido no passado. Não há registros que demonstrem o interior da casa, o que impossibilita a descrição de sua construção primitiva. A fachada segue o padrão do modo construtivo da época, e é bastante provável que na construção original houvesse uma porta e duas janelas em madeira, como encontradas nas edificações desse período. Pesquisas na área de arquitetura definem o programa das construções jesuíticas que pode ser dividido em três partes, correspondendo cada uma destas a uma determinada utilização: para o culto, a igreja com o coro e a sacristia; para o trabalho, as aulas e oficinas; para residência dos padres, os “cubículos”, a enfermaria e mais dependências de serviço, além da “cerca”, uma área ampla com horta e pomar, a quinta dos padres. Nesse espaço havia também um lugar destinado ao cemitério, e vários outros pátios cercados por muros. É possível que a Casa dos Jesuítas, em Iguape, também tenha sido construída seguindo esse padrão. Para os estudiosos da arquitetura, a “arte jesuítica” pode ser considerada a mistura de dois movimentos artísticos. Tendo por base o período em que os jesuítas permaneceram na região, a hipótese é de que o estilo dessa construção na cidade possa ser remetido à fase de transição entre o fim do Renascimento e o início do Barroco, no século XVI.
COMO CONHECER
A Casa dos Jesuitas integra o roteiro turístico pelo Centro Histórico de Iguape: Museu a Céu Aberto. Contato: www.valevisitariguape.com.br/roteiros
ORNAMENTOS E DETALHES