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EM – ATERRAMENTO O ATERRAMENTO EM INSTALAÇÕES HOSPITALARES SERGIO ROBERTO SANTOS

O

s sistemas de aterramento são fundamentais para a pro­ teção e eficiência das ins­ talações elétricas. Em ambientes hospitalares a segurança no uso da eletricidade envolve, além da limita­ ção dos valores das tensões de passo e toque, a compatibilização do fun­ cionamento de sistemas eletroeletrô­ nicos e a não interrupção no forneci­ mento de energia durante determi­ nados procedimentos médicos. Para alcançar esses objetivos, os sistemas de aterramento dos esta­ belecimentos de saúde devem ser projetados, instalados e mantidos se­ guindo as normas técnicas nacionais ABNT NBR 5410, ABNT NBR 5419 e ABNT 14039, em conjunto com as normas para área de saúde, ABNT NBR 13534 e ABNT IEC 60601. Esses objetivos devem ser atingi­ dos através de um sistema único de aterramento, o que não significa que os componentes desse sistema sejam exatamente os mesmos em todos os pontos da instalação. Como exemplo, temos o esquema IT médico, esque­ ma IT com requisitos específicos para aplicações médicas, onde o sistema de aterramento único da edificação hospitalar apresenta características particulares para impedir o secciona­ mento automático da alimentação na ocorrência de uma primeira falta. A norma técnica ABNT NBR 13534:2008 ­ Instalações elétricas de baixa tensão - Requisitos específicos para instalação em estabelecimentos

assistenciais de saúde define um local médico como aquele destinado à reali­ zação de procedimento de diagnóstico, terapêutico (incluindo os tratamentos estéticos), cirúrgico, de monitoração e de assistência à saúde de pacientes. Es­ tes locais são divididos em três grupos, 0, 1 e 2; onde o grupo 2 é o local médico destinado à utilização de partes aplica­ das em procedimentos intracardíacos, cirúrgicos, de sustentação de vida de pacientes e outras aplicações em que a descontinuidade da alimentação elétrica pode resultar em morte. No esquema IT médico todas as partes vivas são isoladas do eletrodo de aterramento ou um ponto da ali­ mentação é aterrado através de um alto valor de impedância, nesse caso a conexão do neutro, e todas as mas­ sas são aterradas através de um ou mais eletrodos de aterramento inter­ ligados. Nesse esquema, as correntes resultantes de uma única falta entre a massa e a terra não têm intensidade suficiente para gerar tensões capazes de criar riscos à vida dos pacientes. Como na ocorrência de uma se­ gunda falta teremos um curto­cir­ cuito entre duas fases do sistema, as correntes de falta atingirão valores elevados e, para evitar isso, o siste­ ma IT médico possui Dispositivos Supervisores de Isolamento (DSI), transformadores de isolação dos circuitos e sistemas para detectar e sinalizar a ocorrência da primeira falta, permitindo que a manutenção a elimine antes da ocorrência da se­ gunda. Em determinados ambientes, o sistema IT­médico apresenta van­ tagens em relação aos esquemas de aterramento TN e TT, em um trade-off segurança vs. custo. Em uma falha no isolamento, a corrente resul­ tante terá baixa intensidade, não pro­

vocando a atuação dos dispositivos de seccionamento automático, aten­ dendo às recomendações da norma ABNT NBR 13534. A existência de diferentes esque­ mas de aterramento (TN, TT e IT) na mesma edificação demonstra a cria­ tividade da engenharia e prova que um eletrodo de aterramento único pode atender diferentes necessidades na mesma instalação, nesse caso uma instalação elétrica hospitalar. Como hoje a medicina utiliza re­ cursos tecnológicos sofisticados, mesmo onde não é necessário o es­ quema IT médico devem ser adota­ das medidas para reduzir a propaga­ ção de perturbações pela instalação, evitando falhas em processos médi­ cos ou administrativos. As instalações elétricas não são todas iguais, mas, independentemen­ te da sua destinação, elas devem ser seguras e confiáveis dentro de crité­ rios objetivos. Hospitais, residências ou fábricas possuem requisitos dife­ rentes em função da sua finalidade e de quem os utiliza. Por isso as nor­ mas técnicas apresentam os princí­ pios, características e possibilidades dos sistemas de aterramento que de­ vem ser utilizados em cada situação, cabendo ao projetista, a quem conce­ be a instalação, especificar a solução ideal para os objetivos que devem ser alcançados. Engenheiro eletricista da MPS Energia, instrutor da Termotécnica Para-Raios e mestrando do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Sergio Roberto Santos apresenta e analisa nesta coluna aspectos de aterramento e proteção contra descargas atmosféricas e sobretensões transitórias, temas aos quais se dedica há mais de 20 anos. Os leitores podem apresentar dúvidas e sugestões ao especialista pelo e-mail em_ aterramento@arandaeditora.com.br.

MARÇO/ABRIL, 2022 EM

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