Jornal Comunitário do Bairro Jardim Nicéia
Bauru
Ano VIII
Edição nº 31
Junho de 2016 Rafael de Toledo/Voz do Nicéia
Mesmo sob chuva, Operário vence Santa Cândida. Confira a reportagem do clube! Pág. 4 Bazar do jornal arrecada dinheiro para imprimir próximas edições Pág. 6
Terraplanagem do final de maio não é indicativo de asfalto no bairro Pág. 3 Daniela Arcanjo/Voz do Nicéia
Beatriz Lima/Voz do Nicéia
Qual a história de Adão e Laura? Pág. 8
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2 Junho de 2016 Editorial A edição começa com uma reclamação antiga do bairro: a falta de pavimentação nas ruas. Um procedimento realizado pela SEAR no início de maio deixou os moradores confusos e nossa equipe foi averiguar o que o Poder Público planeja para o Jardim Nicéia em relação a isso. Tratamos de política nacional também. Fomos às ruas perguntar: qual a função do presidente no país? No "Tira-Dúvidas", uma breve explicação do plano de governo de Michel Temer. Em meio a tantos assuntos pesados, trouxemos um tema que todo brasileiro
Unip / Makro Horário de saída do CENTRO - Dia útil 05h35 05h50 06h14 06h48 07h16 08h10 08h48 09h23 10h07 10h42 11h27 12h05 12h51 13h29 14h10 14h23 14h49 15h32 16h04 16h46 17h22 18h05 18h15 18h42 18h50 19h18 19h50 20h20 21h23 22h35 Sábado 05h45 06h10 08h38 09h13 12h19 12h49 16h31 17h45
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gosta: futebol! Com chances de ser classificado para as quartas de final, investigamos quais as maiores dificuldades do Operário, o time do bairro, e como a prefeitura poderia melhorar o futebol aqui em Bauru. No Perfil, ao invés de um entrevistado, dois: o casal Adão e Laura. Juntos há mais de vinte anos, eles adoçaram a edição. Não deixe de ler a cobertura do Bazar do jornal, realizado no Dia dos Namorados, na página 6. Boa leitura! Equipe Voz do Nicéia
Horário de ônibus Câmpus /CTI: Horários saída do Campus - CTI - Dia útil 06h20 06h40 07h20 07h40 08h20 08h40 09h02 09h39 10h00 10h30 11h00 11h20 12h16 12h36 12h56 13h16 13h33 13h56 14h26 14h56 15h26 16h20 16h26 17h16 17h36 18h00 18h22 18h36 18h56 19h36 20h00 20h36 21h00 21h26 22h00 22h27 23h05 Sábado 06h25 07h17 07h45 08h10 08h35 09h30 10h20 11h15 12h32 13h00 13h25 14h17 15h10 16h02 18h40 19h33 20h25 21h18 23h03
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Terraplanagem é realizada no bairro Procedimento causa expectativa, mas ainda não há previsão de asfaltamento
No último dia 6 de maio, foi realizado no Jardim Nicéia um trabalho de terraplanagem. Visando melhorar a mobilidade dos moradores, a Secretaria de Administrações Regionais (SEAR) terraplanou a lateral esquerda do bairro. A técnica tem o objetivo de deixar o terreno mais regular e normalmente precede a pavimentação de uma rua, o que causou curiosidade nos moradores. O diretor de Divisão de Administração e Expediente da SEAR Jorge Luís de Souza explica que as medidas adotadas no bairro foram iniciadas devido a solicitação do vereador Markinho da Diversidade. O processo será feito em duas etapas: a primeira, já iniciada, é a da terraplanagem. Já a segunda consiste no depósito e compactação no solo de um material chamado agregado reciclado. Todo esse procedimento prevê uma contenção das erosões que ocorrem onde não há asfalto. O atraso da obra deve-se, segundo o diretor Jorge, às chuvas dos últimos dias e a outras ações da prefeitura. Jorge Luís enfatiza que a SEAR só é responsável por resolver os casos de emergência. Uma vistoria no bairro, realizada pela prefeitura, concluiu que a situação
Daniela Arcanjo/Voz do Nicéia
Ana Carolina Montoro Gabriela Arruda Lorenzo Santiago Matheus Rodrigo
Apesar de bairro poder receber investimento público, apenas algumas ruas foram pavimentadas do Nicéia "não é crítica". A Secretaria de Obras é a responsável pelo asfaltamento definitivo do bairro, mas não há data certa para que isso aconteça. A terraplanagem é uma medida que não acaba com os problemas dos moradores. E, da forma como foi feita, gerou críticas. Débora Pires, 30, disse que no dia em que passaram a máquina, havia até piorado a situação. “Os moradores tiveram que arrumar com a enxada. Eu não dirijo, mas quem tem carro falou que prejudicou mesmo, porque passava em cima da boca de lobo”, afirma a moradora da Rua 4. Maria Tereza, 59, também desaprovou o processo: “é que agora choveu, e a água deve ter coberto, mas se descer a rua dá pra ver certinho onde a máquina passou”. O ideal, para ela,
seria o asfaltamento definitivo de todas as ruas. O bairro tem um projeto de regularização paralisado, que enfrenta problemas por conta da disputa judicial entre famílias que brigam pela posse da área. “Com essa disputa familiar finalizada, a prefeitura poderá prosseguir com a ação de regularização” explica Natasha Lamônica Moinhos, arquiteta e urbanista da Secretária Municipal de Planejamento. A regularização do bairro, segundo ela, agilizaria o processo de pavimentação. “A prefeitura vai fazendo o que pode, do jeito que pode e com o dinheiro que dá”, diz Natasha, lembrando que, apesar de tudo, o bairro não consta na lista de prioridades da prefeitura do município. “O Jardim Nicéia já tem as redes de tubulações, o que falta é exa-
tamente concluir a aplicação do asfalto”, confirma. Embora não esteja regularizado, o bairro é contemplado pelo programa federal Cidade Legal desde 2008. Uma vez inscrito, o Jardim Nicéia pode receber investimentos do poder público mesmo que ainda seja área particular. Antes disso, qualquer investimento público no bairro era considerado corrupção. A arquiteta da SEPLAN Natasha informou que há também um projeto de acessibilidade para cadeirantes no Nicéia, o que também está associado à falta de pavimentação, mas também não há previsão para a concretização desse projeto. A continuação das obras nas ruas está prevista para o início da semana do dia 13 de junho, de acordo com o Diretor da SEAR.
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A paixão e o suor na luta Composto principalmente por moradores do Jardim Nicéia, o time joga
Não haveria gramado encharcado que pudesse segurar o Operário Futebol Clube, que jogava pela Liga Bauruense de Futebol Amador no domingo, dia 5 de junho. A chuva castigou o Estádio Toninho Guerreiro, no Jardim Mary Dota, em Bauru, mas, apostando na bola aérea, os azuis do Nicéia saíram vitoriosos. Logo aos 11 minutos do primeiro tempo, bola na área do Santa Cândida, o atacante Leandro Costa subiu sozinho para abrir o placar. Não demorou muito para a estratégia funcionar novamente. Após três minutos, em uma ligação direta da defesa para o ataque do Operário, o jogador Thiago da Silva ganhou velocidade e aumentou a vantagem do time do Nicéia. Com dois gols a mais, o Operário se fechou no seu campo o resto da partida e obrigou seu goleiro a fazer defesas difíceis para garantir a vitória, principalmente quando o autor do segundo gol, Thiago, logo no início do segundo tempo, foi expulso. Nos acréscimos, em falta cobrada do meio do campo, novamente Leandro, artilheiro da competição em 2011 e em 2014, subiu mais alto que a defesa do Santa Candida para fechar o placar e decidir. Final: Ope-
Rafael de Toledo/Voz do Nicéia
Amanda Araújo Caroline Amélia Guilherme Sette Rafael de Toledo Vitor Soares
Mesmo com chuva, o céu ficou mais azul com a vitória do Operário. O técnico Reginaldo acredita na classificação rário FC 3x0 Santa Cândida. Quem caminhava pela arquibancada antes do início do jogo, ouvia uma torcedora orgulhosa por seu marido que jogaria naquele dia. Junto dos seus filhos, revelou que, aos domingos, o lazer da família estava na sagrada partida de futebol e, consequentemente, na reunião dos parentes. O clima descontraído estabelecido durante o jogo prossegue até mesmo com o fim da partida, no horário do almoço, quando a equipe é convidada por Vanderlino Silva, o Seu Vando, presidente do time, para uma feijoada preparada em comemoração à grande vitória. No fim do jogo, o técnico do Operário FC, Reginaldo Evangelista, 39, contou que o time tem grandes chances de se classificar para as quartas-de-final da competição e lutar pelo título. No momento, o Operário ocupa
a décima colocação da Liga, com dois pontos atrás da zona de classificação para as quartas-de-final. 17 anos de história O Operário Futebol Clube é um dos times que joga pelo futebol amador de Bauru e representa a comunidade do Jardim Nicéia e região. O time foi fundado em 1999 por Vanderlino, com o apoio da diretoria do Nacional Atlético Clube, time com sede na Vila Cardia, que, assim como o Operário, disputa a Liga Bauruense de Futebol Amador (LBFA). Segundo o presidente Vanderlino, o Nacional ajudou o time do Nicéia durante os dois primeiros anos. O Operário F.C. conta com 22 jogadores e, de acordo com o presidente do clube, mais da metade deles mora no bairro. Isso mostra a relação significativa do
clube com a comunidade do Nicéia. Vanderlino ressalta que o time tem um projeto social. Além de sempre tentar levar os moradores aos jogos da LBFA, também arrecada doações no final do ano para fazer uma comemoração no Natal. No ano de 2014, o Operário Futebol Clube conquistou o Troféu disciplina da Liga Bauruense de Futebol Amador da 2ª divisão. No mesmo ano, o clube também foi vice campeão da 2ª divisão do LBFA. No entanto, a história do time do Nicéia não é marcada apenas pelas conquistas no campeonato. Ainda falta apoio O gramado encharcado não parece ser o único obstáculo enfrentado pelo Operário. O time considera insuficiente o apoio oferecido pela prefeitura de Bauru, desde o financiamento dos clubes até a manutenção dos estádios. O presidente Vanderlino destaca que o clube depende muito dos patrocinadores, o que em sua visão é negativo. O dinheiro nem sempre chega a tempo para os jogos. Com isso, os membros do time precisam cobrir as despesas até que os patrocinadores enviem a verba. A desvalorização é perceptível também na falta de auxílio para o transporte dos atletas que, com seus próprios meios, vão ao estádio individualmente. Além disso, a segurança é desfalcada: as solicitações de acom-
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do Operário Futebol Clube bem e dribla as dificuldades para se sustentar e disputar campeonatos
Rafael de Toledo/Voz do Nicéia Rafael de Toledo/Voz do Nicéia
mico para atrair mais atletas. Com mais conquistas, atraem mais investimentos de patrocinadores que querem custear as suas equipes. Isso aumenta ainda mais a disparidade entre os times. Apesar de Ubiratan afirmar que hoje não há mais futebol amador, a profissionalização dos membros do time é dificultada pela falta de visibilidade em relação aos órgãos governamentais bauruenses. Os jogadores do Operário F.C., Leandro e Thiago, que se destacaram pela atuação em campo no jogo do dia 5 de junho, contam que precisam trabalhar em diferentes lugares para se sustentarem. A dedicação ao time, porém, continua presente: todos se empenham para ser o melhor jogador. O talento apresentado em campo é reconhecido e aplaudido por toda a arquibancada. O presidente da Liga, Vicente Silvestre, deixa explícito esse carinho: "eu não conseguiria largar”. Ubiratan também não. Ele diz que o amador é "a paixão do futebol no Brasil”. Para ele, cortar o futebol da vida do brasileiro é impossível: “aqui em Bauru, por exemplo, quase todos os bairros estão envolvidos. O pessoal passa na feira, compra um pastel ou lanche e vai pro estádio assistir ao jogo, todo domingo. O futebol amador faz parte do Brasil”. No próximo domingo, dia 19 de junho, o Operário enfrentará o Tibiriçá Esporte Clube.
Rafael de Toledo/Voz do Nicéia
panhamento da partida feitas à Polícia Militar pelo presidente da Liga, Vicente Silvestre, são ignoradas na maioria das vezes. Ubiratan Alves Silva afirma que os times da Copa Semel também encontram dificuldades para compor as equipes com bons jogadores. Ele organiza esse outro torneio de futebol amador realizado pela secretaria de esportes da cidade. Segundo ele, na Copa Semel os clubes devem somente pagar a plastificação da carteirinha e levar a bola para o jogo. Na opinião de Ubiratan, hoje não há futebol amador, e sim “não-profissional”, referindo-se a forma empresarial como a modalidade é levada hoje. O organizador da Copa Semel afirma que alguns jogadores chegam a ganhar 200 reais por jogo, outros cobram cinco mil reais só para assinar com o clube. “Tem time que paga mensalidade na escolinha de futebol para que o atleta, ainda criança, já se comprometa”, completa. De acordo com o presidente Vanderlino, o time tem um gasto semanal de 200 reais com arbitragem, sem contar as despesas com ônibus para levar a torcida e com materiais esportivos. “O principal problema é a falta de estrutura financeira para o time. A gente depende de patrocinadores”, afirma o presidente. Os clubes mais ricos novamente tiram vantagem nessa situação, porque aproveitam o privilégio econô-
Na primeira foto, um dos artilheiros do dia, Leandro, dribla o jogador adversário. Logo acima, o técnico Reginaldo observa o time do Nicéia, que venceu mesmo embaixo de chuva
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?? Tira Dúvidas
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Douglas Françoza Gabriela Carvalho Maria Gabriela Zanotti
O cenário da política nacional vem despertando dúvidas após a saída de Dilma Rousseff. O processo de Impeachment é sustentado pelo fato da presidenta ter usado empréstimos de bancos públicos, o que seria uma operação de crédito ilegal. Ao ser encaminhado e aprovado no Senado, o processo definiu o afastamento de Dilma por 180 dias até que haja o julgamento. Conversamos com o cientista social e professor assistente na Universidade
de Campinas (Unicamp) Wagner Romao. Ele explicou o plano de governo e as possíveis mudanças com Michel Temer.
Qual é o plano de governo do vice-presidente Michel Temer? Há um plano que o PMDB (partido de Temer) lançou no início do ano, chamado “Ponte para o futuro”. Já estava indicada ali a necessidade de cortes drásticos nas políticas sociais, inclusive de recursos que a Constituição Federal reserva para a saúde e a educação. No caso da cultura, houve o rebaixamento do Ministério da Cultura a uma secretaria especial.
Governo Temer
Quais são as principais mudanças quando comparamos o governo Dilma (PT) e o governo interino do vice-presidente Michel Temer (PMDB)? As mudanças mais notórias são: ministérios sem mulheres e negros; a tendência para alterações na Constituição que retirarão direitos; o fim da Controladoria Geral da União, órgão fundamental no combate à corrupção; e a Previdência Social, que ficou sob o ministério da Fazenda, para ser reformada.
balhadores em uma reforma trabalhista que está no projeto de Temer. Há também a proposta de separação dos reajustes do salário mínimo dos reajustes das pensões e aposentadorias.
De que forma essas propostas estão interferindo em programas sociais? Temer suspendeu uma modalidade do Minha Casa Minha Vida que equivale a apenas 3% do Programa, mas atinge principalmente pessoas de renda mais baixa. Quanto ao Bolsa Família, fala-se em “raComo essas mudanças cionalizar" o Programa. É afetam os trabalhadores? bastante provável que corO que pode ocorrer é a tes sejam feitos, mas isso retirada de direitos dos tra- ainda não está explícito.
Bazar do Voz do Nicéia é sucesso no bairro
Evento foi criado para custear as próximas impressões e eventos do jornal Beatriz Lima Gabryella Ferrari Helena Ortega Victória Rangel
No último domingo, 12 de junho, o jornal Voz do Niceia promoveu o primeiro bazar de roupas, livros e acessórios na praça do bairro. A organização do evento contou com doações dos membros do próprio jornal. Calças, shorts, camisetas, bolsas, acessórios femininos, livros, cintos e sapatos foram alguns dos itens vendidos por um preço bem acessível: apenas um real!
O evento começou às 15h, na praça do bairro, e contou com diversas atividades para as crianças. Brincadeiras como esconde-esconde, morto-vivo e patinho ajudaram a entreter a criançada para que os adultos pudessem, com calma, ir às compras. Fernando de Abreu, morador da Rua 3, foi um dos compradores de livros. “Pra mim, foi de grande valor, afinal eu acabei encontrando a coisa que eu mais precisava, conhecimento”. O morador conta que gosta muito de ler e admirou a variedade de livros vendidos no bazar.
As peças de roupa ao preço de um real foram muito bem-vindas para esse outono tão gelado que está esfriando Bauru. Dona Therezinha Martins, de 71 anos, aproveitou para comprar roupas de frio e blusas de lã para essa época do ano, e foi só elogios sobre o evento: “as roupas estão muito boas, e o preço está ótimo”. O morador Abel Ricardo, da Rua 6, lembra sobre a importância de compartilhar quando o que se tem não faz mais tanta falta: “se a roupa não servir mais para alguém que tenha comprado, pode ajudar
outra pessoa por meio de uma doação”. Para esquentar o domingo frio, o bazar contou também com um gostoso café da tarde, com bolo de fubá e suco de uva, doados pelo Supermercado Confiança e pelo Empório Barres, sem nenhum custo para aqueles que compareceram. Cerca de duzentas peças foram compradas pelos moradores durante o evento, mas nem tudo foi vendido. Todo o dinheiro arrecadado com as vendas será usado em impressões do Voz do Nicéia ou nos próximos eventos para os moradores.
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"Qual é a função de Camila Gabrielle Romagnoli um presidente?" GiovannaLuisa Volpe Moradores demonstram vigilância e insatisfação com a atuação dos políticos eleitos. Na opinião da maioria, há pouco comprometimento com a saúde e a educação da população. Fotos: Giovanna Romagnoli
"Esperamos melhorias na saúde e educação e não vemos isso acontecer. Eles não deveriam ser corruptos, era para tudo ser às claras. A gente queria que eles lutassem pelos ideais do povo." Crisélia Aparecida, 37 anos, Rua 2 "Tem muita fome no Brasil todo, falta estrutura e muitos bairros são esquecidos. Votamos nos presidentes para dar atenção para a gente, mas não dão. Nossos representantes fazem muitas coisas que não são necessárias, e deixam a saúde pra lá." Kelly Mendes, 38 anos, Rua 5 "Quando a gente vota esperamos uma melhora em muitas coisas no país. Não foi o que a gente viu. A gente se decepciona, porque promessas são feitas e acreditamos. Não deviam roubar, e sim, fazer coisas boas." Sheila Ramos, 29 anos, Rua 6
"Um presidente deveria governar bem todas as áreas, principalmente saúde e segurança pública. Deveria também organizar os impostos que são recolhidos. Há muitos impostos e nós não vemos resultado. E não deveriam vender o Brasil e privatizar tudo." José Teles, 45 anos, Rua 5 "A função do presidente é cuidar da gente. Não temos saúde, segurança e respeito. Pobre só serve para votar e trabalhar, de resto a gente não vale nada. Não pensam na gente. Ninguém sabe para onde vai o nosso dinheiro.” Francisco Demétrius, 55 anos, Rua 6 "Não fazem nada pelos pobres, só lembram dos ricos. Tem que acabar com a corrupção porque está demais. Nós votamos para ver se as coisas mudavam, mas nada mudou, só ficou pior." Ivan da Silva, 45 anos, Rua 6 "Ele tem que pensar primeiro no povo e se atentar principalmente para a saúde. A gente precisa de alguém que entenda e que venha até nós com respeito, mas só vieram com roubaria." Eraldo Dinho, 28 anos, Rua 5
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Daniele Fernandes/Voz do Nicéia
Perfil Ariely Polidoro Daniele Fernandes Giovana Moraes
Sob um dia chuvoso, Seu Adão Paes de Almeida e Dona Laura Cabral nos receberam em sua casa. Com espaço para um pomar, o lugar é um refúgio na cidade grande para duas pessoas que cresceram na fazenda. No ar, o cheiro de lenha queimada deixado pelo fogão revela que Dona Laura havia feito o almoço para os dois há pouco tempo. Há vinte anos juntos, o casal contou detalhes de seu cotidiano. Na sala, Dona Laura narra sua história, que em maior parte foi vivida em Duartina. Ela afirma que, se contasse tudo, daria um livro. Órfã de mãe desde os 9 anos de idade, Laura lembra que seu pai criou os quatro filhos com um pouco da sua ajuda: “só tinha um mais velho do que eu”. Desde a infância, ela sempre trabalhou para ajudar nos gastos da família: "os vestidos eu mesma fazia. Se eu queria fazer alguma coisa, aprendia sozinha, ninguém me ensinava”.
Seu Adão e Dona Laura Só na década de 90, já aposentada, que Dona Laura conhece o seu “velho”, apelido carinhoso dado por ela a seu Adão. Eles se encontraram em uma cidade próxima a Bauru, chamada Duartina. Dona Laura, que assim como Seu Adão já havia sido casada, contou que na época achava que não moraria com mais ninguém. Há oito anos oficializaram a união, e hoje exibem as alianças orgulhosos. O casal é querido por todos da vizinhança e, quando precisam, recebem ajuda das pessoas do bairro, principalmente no transporte. “A gente tem muita amizade aqui” diz Seu Adão. Eles mudaram para Bauru em 2000, após uma visita feita ao filho de Dona Laura na cidade. “Meu filho sempre gostou que eu morasse perto e pediu para que mudássemos para cá”, ela conta.
Com 84 anos e muita disposição, Seu Adão é carinhoso com a esposa: “eu acordo antes que a Laura. Passo a mão na sua orelha e cubro o braço e o pé dela, por causa do frio. Às seis horas eu faço café, esquento água para ela lavar a boca e levo o café para ela, mas a deixo deitadinha”. Em sua juventude, Seu Adão começou a faculdade de agronomia, mas parou para cuidar da família. Ele valoriza muito o que conseguiu construir no Nicéia junto com Laura: “nós temos que agradecer a Deus pelo que temos. Amanhã um vai embora, outro fica, e nós vamos sofrer”. Adão garante que os dois quase não brigam. "Eu digo para o meu filho, se eu morrer primeiro, você olha ela para mim. Sua mãe está lá em Garça, mas aqui ela faz papel de mãe também, se for preciso", orienta. Dona Laura também se preocupa com o marido: “ele quer voltar pra sítio, mas eu, de teimosa, não deixo. A gente não tem mais idade pra cuidar de plantação. E, em um sítio, quem cuida dele depois que eu me for?” Ao final da entrevista, brinca dizendo que Seu Adão é emburrado, mas se ela precisa de um remédio ou qualquer outra coisa, ele vai "até embaixo de chuva”.
Mural
Bazar do Voz do Nicéia
Fotos: Gabryella Ferrari/Voz do Nicéia