Jornal Comunitário do Bairro Jardim Nicéia
Bauru
Ano IX
Edição nº 34
Março de 2017 Tatiany Garcia/Voz do Nicéia
Obra na rodovia obriga moradores a atravessarem uma passarela para pegar ônibus Pág. 3
Conheça Julia Stefany, que desfilou pelo bairro no carnaval de Bauru Pág. 8
Possibilidade de desocupação assusta moradores da Rua 6 Pág. 4 Mariana Soares/Voz do Nicéia
Maria Gabriela Zanotti/Voz do Nicéia
O que muda com a PEC 55? Pág. 6
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2 Março de 2017 Editorial Entramos no nono ano de Voz do Nicéia com muitas novidades. A edição de março de 2017 está recheada de assuntos que interessam e muito aos moradores. Como matéria principal, algo que está preocupando os moradores da Rua 6: uma possível desocupação. O tema, que foi reportagem da última edição do jornal, tem novidades. O Voz do Nicéia está de olho para o que está acontecendo nessa parte do bairro. Na página ao lado, confira o posicionamento das autoridades sobre uma situação de descaso no bairro: o transporte público no Nicéia e a recente reforma na Rondon, que
Unip / Makro Horário de saída do CENTRO - Dia útil 05h35 05h50 06h14 06h48 07h16 08h10 08h48 09h23 10h07 10h42 11h27 12h05 12h51 13h29 14h10 14h23 14h49 15h32 16h04 16h46 17h22 18h05 18h15 18h42 18h50 19h18 19h50 20h20 21h23 22h35 Sábado 05h45 06h10 08h38 09h13 12h19 12h49 16h31 17h45
06h28 09h46 13h29 19h00
06h59 10h22 14h03 20h11
07h33 10h57 14h20 21h21
08h05 11h38 15h17 22h30
Domingo/Feriado 06h20 07h24 08h32 09h40 10h48 11h56 13h04 14h12 15h20 16h28 17h36 18h44 19h52 21h00 22h08
Fale com a gente! Departamento de Comunicação Social da Unesp 3103-6063 3103-6066 E-mail jornal.vozdoniceia@gmail.com
faz os moradores terem que andar até a rodovia para poder ir ao centro da cidade. Na página 7, você poderá conferir como os moradores têm usado a internet. Quem quiser, pode aproveitar para acessar o blog do jornal, que está a todo vapor! E, no perfil, uma moradora que representou o bairro no último carnaval: Julia Stefany foi porta estandarte no desfile deste ano em Bauru. O mural está cheio de fotos dos ensaios que aconteceram na praça! Boa leitura! Equipe Voz do Nicéia
Horário de ônibus Câmpus /CTI: Horários saída do Campus - CTI - Dia útil 06h20 06h40 07h20 07h40 08h20 08h40 09h02 09h39 10h00 10h30 11h00 11h20 12h16 12h36 12h56 13h16 13h33 13h56 14h26 14h56 15h26 16h20 16h26 17h16 17h36 18h00 18h22 18h36 18h56 19h36 20h00 20h36 21h00 21h26 22h00 22h27 23h05 Sábado 06h25 07h17 07h45 08h10 08h35 09h30 10h20 11h15 12h32 13h00 13h25 14h17 15h10 16h02 18h40 19h33 20h25 21h18 23h03
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Jornal comunitário bimestral do bairro Jardim Nicéia, em Bauru-SP Projeto de Extensão Universitária Jornalista responsável: Angelo Sottovia Aranha MTB-12870 Editora-chefe: Daniela Arcanjo Editora adjunta: Giovana Murça Edição geral: Angelo Sottovia Aranha MTB-12870 Comunicação externa e Divulgação: Guilherme Sette, Victor Barreto Equipe de Eventos: Gabriela Silva de Carvalho, Gabryella Ferrari, Helena Ortega, Rafael de Toledo Equipe de Produções audiovisuais: Camila Gabrielle, Caroline Amélia, Daiane Tadeu, Daniele Olímpio, Maria Gabriela Zanotti, Mariana Soares, Matheus Rodrigo, Tatiany Garcia Redação: Ana Carolina Montoro, Ana Cristina Marsiglia, Ariely Polidoro, Beatriz Lima, Beatriz Ribeiro, Douglas Françoza, Giovana Moraes, Giovanna Castro, Giovanna Romagnoli, Guilherme Hansen, Lorenzo Santiago, Matheus Dias, Vitor Soares Créditos dos ícones de mídias sociais: Alexei Ryazancev/Site Inconfider FAAC - Unesp Bauru Departamento de Comunicação Social Endereço: Av. Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01 - Vargem Limpa Bauru/SP
Tiragem: 1000 exemplares
Impressão: Full Graphics
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Mudança no ônibus atrasa a vida dos moradores Idosos e crianças cruzam passarela quebrada e matagal para chegar ao ponto
Imagine ter que sair do seu bairro a pé, atravessar a passarela quebrada de uma rodovia e um matagal diariamente só para chegar ao ponto de ônibus. Atualmente, essa é a realidade de muitos moradores do Nicéia. Como Lúcia Alves Pereira, que se desloca com dificuldade até o ponto do outro lado da passarela devido a alguns problemas de saúde. Ela ainda leva sua mãe idosa, o que acaba se tornando uma tarefa muito difícil. As linhas de ônibus são um problema antigo do bairro. Há muito tempo, os moradores sofrem com a pequena quantidade de linhas oferecidas pela empresa responsável pelo transporte público em Bauru. No final do ano passado vieram as alterações nos horários e no trajeto da linha Unip/Makro, sem aviso prévio ou consulta aos usuários do transporte. A linha Unip/Makro era a única que chegava a entrar no Nicéia, e, ainda assim, cruzando somente as ruas mais distantes do bairro. Agora o ônibus faz dois trajetos diferentes. Um desses trajetos está passando pela Rua Antenor de Almeida, na entrada do Jardim Nicéia, na rua que sobe para a Unesp. Entretanto, a outra rota passa na Rodovia Marechal Rondon, obrigan-
do os moradores a atravessar uma passarela que está quebrada e oferecendo risco aos moradores. Segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb), empresa responsável pelo transporte público na cidade, a mudança é em decorrência de obras nas marginais da Rodovia SP300 (Marechal Rondon). A empresa Grande Bauru disponibiliza os horários das linhas do Unip-Makro. É possível observar que, dos 34 horários de partidas do ônibus, apenas 12 fazem um percurso que passa pelo Jardim Nicéia. A demanda para uma linha que circule dentro do bairro é antiga e a falta dela atinge diretamente a vida de diversas pessoas. José Carlos de Almeida, morador do bairro de 54 anos, se mudou de Pederneiras para Bauru com o intuito de fazer um tratamento médico. “Terça e quinta-feira eu tenho que passar pelo médico lá no Ouro Verde. Há dois anos tenho paralisia e tenho que me tratar lá”, afirma ele, que precisa se deslocar da entrada do Jardim Nicéia até o outro lado da rodovia Marechal Rondon para pegar o ônibus e chegar ao hospital. Desde que a situação dos ônibus se alterou, a ida ao médico, que já era difícil, tornou-se um grande martírio. “É longe para pegar o ônibus lá em cima. O certo era o ônibus passar aqui dentro do bairro”, reclama.
Tatiany Garcia/Voz do Nicéia
Ariely Polidoro Matheus Dias Vitor Soares
A quantidade de linhas para o Nicéia é insuficiente O problema também atinge Marly Soares, 38, que reclama da dificuldade ir até o centro da cidade de ônibus. Para ela, a maior dificuldade é o itinerário pouco abrangente. Marly ainda lembra a questão do tempo. Para voltar ao bairro desde o centro, o passageiro pode levar mais de duas horas em algumas ocasiões, tempo suficiente para ir de Bauru a Marília, por exemplo. “Há muitos anos, foi proposto um projeto de uma linha de ônibus que corresse dentro do bairro e fosse ao centro pela avenida Nossa Senhora de Fátima, que poderia até passar pelo posto de saúde no Jardim Europa”, afirma Seu Adalto Cândido, ex-presidente da Associação do bairro. Porém, por problemas na estrutura das ruas do bairro, o projeto foi deixado para depois. As ruas centrais do bairro, em torno da praça, não teriam espaço o suficiente e nem
sinalização para os ônibus passarem. Entretanto, é comum ver outros ônibus passando nessas ruas. Enquanto a equipe do Jornal Voz do Nicéia estava no bairro, um ônibus passou por dentro do bairro e seguiu para a garagem da empresa. Fica nítido que o ônibus tem espaço suficiente para passar ali. A sinalização poderia ser resolvida também pela Emdurb. Em resposta, a Emdurb afirmou que está ciente da situação do Nicéia: “os moradores não são os únicos usuários da linha. Temos demandas em diversos locais que devem ser atendidas da mesma forma”, dizem os assessores. A empresa não justificou a falta de ônibus, mas se prontificou a gradualmente colocar à disposição mais linhas para a Rua Antenor de Almeida, de acordo com pesquisas que demonstrem necessidade de mais ônibus.
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Moradores afirmam ter recebido O boato de desocupação começa a preocupar. Ana Carolina Montoro Guilherme Hansen
Mariana Soares/Voz do Nicéia
Quem mora no Jardim Nicéia já se acostumou com uma promessa feita por todos os prefeitos de Bauru nos últimos anos: a regularização das casas e entrega das escrituras aos moradores. Entretanto, até hoje o bairro ainda é visto como irregular para o poder público e os moradores ainda não têm a posse legal das casas. Por conta disso, a desconfiança de uma possível desocupação da área cos-
tuma gerar insegurança de tempos em tempos. No final do ano, já havia boatos pelo bairro sobre uma suposta desocupação na Rua 6. A construtora MRV estaria interessada em empreendimentos na área do Jardim Nicéia, mas há muita dúvida sobre a área da possível construção. Segundo a empresa, até o momento, a construção no bairro ainda estaria em fase de negociação. Na última edição do jornal uma matéria foi feita com o objetivo de trazer melhores respostas para essa pergunta, mas, como ainda existem dúvi-
das e novos fatos surgiram em torno dessa história, a equipe de reportagem foi buscar novas informações para entender melhor o que está acontecendo. Prefeitura Em entrevista, a arquiteta e urbanista da Secretaria de Planejamento (Seplan), Natasha Lamônica afirma que a região onde o bairro está localizado não pode ser desocupada e ainda ressalta: “os moradores só não podem fazer novas construções além da área onde o bairro já está mapeado topograficamente”. Natasha lembra que
na área que abrange desde a Rua 1 até a Rua 6 não pode acontecer a retirada de moradores, visto que já há um estudo para a regularização fundiária dessas ruas. Em junho de 2016, em entrevista à equipe do jornal, a arquiteta citou esse processo de regularização, que, desde então, continua pendente. Já a chefe de parcelamento do solo na Divisão de Diretrizes e Normas, Elaine Breve, que cuida da documentação de terrenos, reconhece o interesse da MRV em comprar o terreno situado ao lado da rua 6, mas afirma que as informações espalhadas não passam de boatos. Oficialmente a empresa ainda não comprou o terreno, assim como não há na prefeitura nenhum documento que comprove que a empresa seja a nova dona da área, garante Elaine.
Desocupações Para os moradores da rua 6, os boatos começaram a ficar mais concretos com propostas de desocupação em várias casas. Como afirma a moradora Camila Barros, alguém ou alguma empresa já estaria propondo desocupações em casas casas da Rua 6 mediante a promessa de um apartamento para aqueles que fossem despejados. Camila também recebeu a proposta de desocupação. Porém, por não ter a escritura da Maria Aparecida de Oliveira faliou que topógrafos estiveram no bairro para medir a área da Rua 6 casa e por receio de que a
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propostas para sair de suas casas Alguns moradores já abandonaram seus imóveis Mariana Soares/Voz do Nicéia
promessa não fosse cumprida e que ela ficasse sem casa, ela resolveu se mudar para um assentamento próximo ao bairro. “Eles vão desocupar, isso é real”, conclui Camila. A moradora Maria Aparecida de Oliveira também confirma a situação. Ela conta que já foram oferecidas cestas básicas para moradores em troca da desocupação de suas casas. Como é o caso da moradora Giovana de Jesus. Mãe de três crianças, ela conta que um corretor de imóveis, que se intitulou dono do terreno, apareceu em sua residência no Natal e afirmou que ela deveria sair da casa o mais rápido possível. Como ela estava desempregada, pediu ao corretor mais um tempo para permanecer no imóvel. No entanto, ela ressalta que há algumas semanas o profissional voltou à sua residência e pediu novamente para que ela saísse do imóvel, sem maiores explicações sobre se ela seria realocada para outro lugar, apenas com a promessa de receber as cestas básicas.
A casa de Maria Aparecida foi uma das referências de medição da área do possível empreendimento, segundo a moradora Alguns moradores já saíram de suas casas que, até o momento, encontram-se abandonadas. Direito de cada um Para entender melhor como funciona a questão
no âmbito judicial, o advogado especialista em direito imobiliário Carlos Alexandre explicou para a equipe de reportagem os direitos de cada uma das partes envolvidas. Ele afirma que a empresa não
tem direito de exigir que os moradores desocupem suas casas. Segundo ele, a área onde está o bairro não teria relação nenhuma com o terreno em que a MRV possivelmente possa iniciar um empreendimento.
Direito dos moradores O especialista em direito imobiliário Carlos Alexandre destaca que, em caso de desocupação, é dever legal do Poder Público não deixar o cidadão desamparado. Ou seja, se acontecer desocupação, a prefeitura deve fornecer meios para que a pessoa se sustente, seja através de um aluguel social ou de inscrição da família no programa Minha Casa, Minha Vida, por exemplo. Se o morador escolher permanecer em sua casa, Carlos indica o direito a usucapião, destacando os requisitos necessários como a posse mansa e pacífica da área, a comprovação do uso social da terra para moradia, a permanência na casa há pelo menos 5 anos e a demonstração de interesse em pagar IPTU frente a parte jurídica da Seplan.
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Março de 2017
?? Tira Dúvidas
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Douglas Françoza
Em dezembro de 2016, a Proposta de Emenda à Constituição 55 foi aprovada em segundo turno pelo Senado. A ideia dessa medida é determinar um limite para gastos públicos, que abrangem saúde, educação e cultura, por exemplo, congelando esses gastos por 20 anos. Para o historiador Maximiliano Vicente, da Unesp de Bauru, desde o início o governo Temer manteve uma postura de contenção de gastos, que afeta principalmente os mais dependentes de serviços públicos.
De que maneira a PEC vai afetar áreas como as de saúde e educação? Em certo momento do segundo mandado de Dilma, o governo troca uma postura desenvolvimentista para uma postura mais rígida. Em uma postura desenvolvimentista, o Estado tem que gastar, investir em obras, infraestrutura e programas sociais. A estrutura rígida é o oposto, o estado não pode gastar, tem que controlar as contas públicas, a inflação. Ao fazer isso, Dilma perde o apoio do partido e do congresso. Com a inflação crescendo, ela perde o apoio popular e acontece o impeachment. Entra o Temer, que radica-
liza as medidas rígidas de corte de investimentos em melhorias para a população, como a PEC. Há outra alternativa a não ser esse Estado rígido? Sim. Se você pegar a trajetória histórica, o Estado sempre promoveu o desenvolvimento. A saída é uma postura nacionalista, pensando no desenvolvimentismo. Ou seja, é distribuir renda para que as pessoas tenham acesso ao consumo. Isso implica em aprender a controlar a inflação, que é o grande desafio do modelo desenvolvimentista. Ao mesmo tempo, tem que se pensar na reforma do Estado, pois é impossível manter o governo da maneira
PEC 55 que ele está, cheio de gente e com gastos excessivos. E qual o efeito disso para a população? Não estamos recebendo o retorno daquilo que estamos pagando. Nós pagamos impostos para ter educação, saúde, segurança, infraestrutura e não teremos nada disso. Por isso a reforma do Estado é importante, e não essa PEC, pois a partir daí o Estado passa a investir em áreas definidas. Mas é claro que isso implica em uma verba direcionada para o benefício social. Ou seja, promover infraestrutura, hospitais, escolas. Isso não é um favor do governo, é direito social garantido pela Constituição de 1988.
Time surge para defender o nome do bairro A equipe vai disputar a Segunda Divisão do futebol e quer o acesso
Lorenzo Santiago
Um novo time do bairro Jardim Nicéia foi formado. Depois de cerca de 6 anos sem um time próprio, o Nicéia Esporte Clube, popular NEC, está a plenos pulmões. Fundado no dia 23 de Janeiro de 2017, a equipe é a concretização de um sonho antigo de três moradores do bairro. Douglas Henrique, Juninho e Celso tiveram a ideia de criar um time durante um campeonato de 2016. O objetivo saiu do papel em dezembro do ano passado. Os três fundadores reuniram esforços e foram
atrás da montagem de toda a equipe. Com a maioria de esportistas do próprio bairro, o NEC conta também com moradores de outras comunidades, e atletas já consagrados do futebol amador bauruense. Juninho é volante e ex-jogador do Operário. Por ter uma rodagem grande nos campos, conhece muitas pessoas e foi atrás de reunir quem poderia ajudar. Com toda a parte burocrática quase concluída e a base do time montada, os cartolas do NEC foram em busca da preparação para a disputa desse campeonato que dura o ano todo. A começar pelos patrocina-
dores, que vão financiar a equipe ou, pelo menos, ajudar. E os custos são altos. Cerca de 200 reais são pagos por jogo para os árbitros. Outros 200 reais vão para o transporte dos torcedores até os estádios. Para isso, alguns estabelecimentos do próprio Jardim Nicéia como os bares do Dinho e do Xerem auxiliam no patrocínio. A padaria Dona Dolores no Mary Dotta cede frango aos domingos para que os dirigentes consigam dinheiro com a venda de rifas. Toda essa transparência já era um dos objetivos do presidente Douglas. Para ele, isso fortalece não só as finanças do time como a
identidade com os moradores. Quase todos os bairros da periferia de Bauru têm um time que leva o nome da vila para o resto da cidade. No Nicéia isso não poderia ser diferente. Alexandre Silva é morador e jogador do NEC, e resume bem esse sentimento: “para nós o importante não é o resultado. Primeiramente o objetivo é honrar o time, o nome do Jardim Nicéia, independente de quem estiver em campo”. Até o dia 21 de fevereiro 4 amistosos haviam sido disputados, com uma vitória, dois empates e uma derrota. A Segunda Divisão tem início no dia 8 de abril.
Março de 2017
"Você usa a internet?"
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Giovanna Moraes
Hoje parece que todos estão 24 horas por dia conectados. Será que isso é verdade no bairro? Perguntamos aos moradores: o que você mais gosta de fazer na internet? Fotos: Camila Gabrielle
“Quando eu uso a internet é para pesquisar sobre a natureza, pássaros, cobras exóticas e coisas de pescaria. Ela facilitou minha vida, eu aprendi coisas que eu não sabia sobre animais. Infelizmente tem gente que faz mau uso, mas se ela é usada de forma adequada, é uma excelente ferramenta.” Luiz Cláudio Tibúrcio, 45 anos “Como eu trabalho de pedreiro, a internet ajuda muito no serviço. Eu uso sempre pelo celular, mas em casa minhas filhas usam pelo computador. É muito boa também para falar com os parentes, eu tenho um irmão que mora longe e agora com a internet a gente sempre conversa.” Adalto Cândido, 54 anos
“Meu filho tem internet na casa dele, mas eu mesma não uso. Não tenho internet no computador e nem no celular. Já ele, usa às vezes, quando precisa. Eu acho a internet boa, só que eu não mexo por escolha.” Maria José da Silva, 61 anos
“Eu uso mais no celular para entrar no Facebook, no WhatsApp e fazer várias pesquisas no Google. A internet me ajudou muito na parte dos estudos para fazer trabalhos da escola. Eu uso todo dia, então acabo gastando muito dinheiro colocando créditos para ter a internet no celular.”Camila Brassarotto, 15 anos
Ainda não usa a internet? Vão aí bons motivos para começar a usar! O Voz do Nicéia está em várias redes sociais. Seguindo a gente você vai saber ainda mais notícias sobre o bairro! Facebook Em facebook.com/vozdoniceia você fica sabendo das novidades do blog. Tem alguma ideia de matéria? Mande uma mensagem para a gente!
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O acesso à internet é um direito humano garantido pela ONU desde 2014. No Brasil, mais de 50% das casas já têm a rede de acesso instalada, segundo o IBGE. Os números mostram um bom crescimento, mas ainda estão longe do ideal, em que todos poderiam usar a internet para estudar, fazer cursos profissionalizantes, fiscalizar políticos ou para interagir com os amigos nas redes sociais.
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Março de 2017 Maria Gabriela Zanotti/Voz do Nicéia
Perfil
Giovanna Romagnoli
No dia 3 de março, o Jardim Nicéia marcou presença no sambódromo de Bauru. Alguns moradores que quiseram participar do desfile promovido por uma instituição ensaiaram durante mais de um mês para representar o bairro no carnaval. Julia Stefany foi ao desfile como porta estandarte. Foi difícil marcar uma entrevista com ela. Nascida no dia 22 de agosto de 1999 e moradora do Jardim Nicéia desde então, a leonina vaidosa acorda cedo para entrar no trabalho, que começa às 8h, e sai apressada às 18h. Isso porque vai a pé direto para a escola. Os finais de semana também são cheios de compromissos. No entanto, ela não perde o pique e a alegria de viver. Trabalhadora desde os 13 anos, a mais velha dos quatro filhos de Jaqueline Nice e Paulo Cândido conta que deixou um pouco sua infância de lado: ela trabalhou durante quase um ano em uma casa de família como babá. Hoje, retomou na mesma função e é babá na casa de outra família.
Julia Stefany Porém, ela sonha trabalhar com outras coisas. Ela conta que tem o desejo de trabalhar em um emprego no qual possa ajudar outras pessoas, após terminar a escola. A medicina é sua primeira opção. Ela brinca: “eu sou fanática por coração, pulmão, sangue... Eu sou doida”. A adolescente afirma adorar trabalhos que envolvam o conhecimento do corpo humano. A moradora enfatiza que, antes de tudo, precisa terminar o colegial para fazer uma faculdade, já que ainda não terminou por ser “um pouco bagunceira”. Ela confessa que tem medo de decepcionar os pais. Seu maior medo é não conseguir o que planeja e alcançar seus objetivos, pois acredita que assim não dará orgulho para eles: “se eu não conseguir, eu sinto que eles vão ficar magoados”. Quando perguntada sobre como se inte-
ressou pelo desfile do bairro, ela diz que foi uma empolgação de momento, apesar de ser muito tímida até para falar com desconhecidos. Mas a garota de apenas 17 anos lida com isso com leveza e bom humor: “estou meio nervosa, nem chegou o dia e eu já estou imaginando ter que olhar para a cara das pessoas. O duro é que vou ter que olhar e ainda mandar beijo”, brinca ela. Julia conta que queria ser porta-bandeira, e, quando viu que ia ser porta-estandarte, falou que não sabia o que era: “eu pensei que ia ficar em um carro lá em cima. Na hora pensei: ‘quer ver eu cair lá de cima?’”. Os ensaios aconteceram no próprio Nicéia. Suas vizinhas Chality Leite, 30 anos, e Nicole Michaela Fragoso, de 9 anos, apoiam a participação de Julia no desfile. Chality a descreve: "ela é um amor de pessoa. Meiga, estudiosa. Ela é tudo, uma vizinha maravilhosa". Ao fim, o Jardim Nicéia não conseguiu ser premiado: uma regra desclassificou o bairro. Apesar disso, os responsáveis estão tentando recorrer a essa decisão. Confira a matéria sobre o desfile e um ensaio fotográfico dos ensaios no blog do Voz do Nicéia. O endereço é muito fácil: www.vozdoniceia.wordpress.com
Mural Ensaios do Carnaval
Fotos: Giovana Murça e Mariana Soares/Voz do Nicéia