Garagem de Barcos Santapaula: Um espaço artístico coletivo - Gabrielle Moreira

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Garagem de Barcos

Santapaula Um espaço artístico coletivo


A intenção e o Gesto Tem que se achar Que a vida não é só isso que se vê É um pouco mais Que os olhos não conseguem perceber E as mãos não ousam tocar E os pés recusam pisar Paulinho da Viola - Sei lá, Mangueira


CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Gabrielle Moreira Santana

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário SENAC, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientação: Prof. Dra. Valéria Cássia dos Santos Fialho

São Paulo 2018


Resumo

Palavras-chave: projeto, patrimônio arquitetônico, equipamento cultural, ressignificação, tecnologia.

O presente trabalho um é projeto de ressignificação da Garagem de Barcos do Conjunto Santapaula em um ambiente de arte interativa. O conjunto do período modernista da arquitetura paulistana, obra dos arquitetos Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, apesar de ser um patrimônio arquitetônico reconhecido pelo CONPRESP E CONDEPHAAT, encontra-se degradado e em completo estado de abandono. Para compreender melhor esta situação será apresentado a pesquisa aprofundada da conformação do território em que ele se encontra, bem como das leis e conceitos que norteiam o projeto de restauração.

Abstract

Keywords: project, architectural patrimony, cultural equipment, resignification, technology.

This research paper is a project to resignificate the Santapaula Complex’s Boat House into a interactive art environment. This complex from the modernist period of architecture in Sao Paulo, designed by two famous brazilian architects, Vilanova Artigas and Carlos Cascaldi, despite being an architecture heritage recognized by CONPRESP and CONDEPHAAT - entities that ensure the protection and care of tangible cultural heritage - is degraded and completely abandoned. To better understand this situation, an in-depth study of the territory’s conformation in which it is located has been made, as well as of the laws and concepts that drives the restoration project.


Sumário

06 FORMAÇÃO HISTÓRICA DA PAISAGEM

O EDIFÍCIO E SEUS ATORES O PROCESSO DE TOMBAMENTO ESTUDOS DE CASO

PROJETO DE RESSIGNIFICAÇÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

08

Introdução

12 13 16

A construção da represa Guarapiranga A praia dos paulistanos Panorama atual da região

26 29

Professor e aluno em uma só prancheta Análise do projeto

39 42

Instrumentos de preservação Relatório de visita

46 50 57

O exemplo Mube Restauro da antiga subestação Riachuelo A paisagem da Pampulha

69 74 78

Novos formatos para o espaço coletivo artístico Memorial descritivo Partido arquitetônico

90 92 94

Anexos Bibliografia Lista de imagens

24 36 44

66

86


INTRO APRESENTAÇÃO

Este trabalho é um projeto de ressignificação da Garagem de Barcos do Conjunto Santapaula, localizado na orla da Represa Guarapiranga, zona sul da cidade de São Paulo. A edificação, abandonada há anos, possui grande potencial de uso cultural para beneficiar a população local e promover uma melhor integração da cidade com a paisagem. O conjunto foi projetado pelos arquitetos João Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi em 1961 para ser um clube esportivo, num período em que ainda se tentava consolidar o Balneário de Interlagos, projeto urbanístico do empresário Luís Romero Sanson que tentou

vender a região como a praia dos paulistanos. O insucesso daquele planejamento ficou estampado nas obras inacabadas do Grande Hotel Interlagos, que ficou abandonado por anos até que a empresa Santapaula Melhoramentos decidiu adquirir o complexo para transformá-lo em clube esportivo. O projeto possui incríveis soluções estruturais e conceituais de um dos períodos mais significativos da arquitetura moderna brasileira, porém nunca conseguiu se sustentar como estabelecimento social e recreativo, passando assim a maior parte de sua existência, sem uma função adequada. Profundas transformações ocorreram na cidade de São Paulo na segunda metade do século XX, principalmente na forma de ocupação. Devido aos problemas de moradia e uma política social segregacionista, os trabalhadores


mais pobres foram forçados a ocupar as regiões mais afastadas da cidade, lugares que tinham disponibilidade de terra a preços mais acessíveis. Dessa forma, a ocupação precária e não planejada sobrepôs-se à ideia original de construção de um rico bairro de lazer. As transformações socioeconômicas impactaram diretamente o Conjunto Santapaula já que o interesse gerado por ele não era suficiente para garantir, financeiramente, seu funcionamento, pois seu público-alvo, a elite paulistana, se afastou da região. Fechado por anos, passou por várias ocupações irregulares e deterioração devido a falta de manutenção. A proteção jurídica do tombamento veio em 2001 com o início do processo, garantindo assim que o conjunto não fosse destruído por completo, e uma exigência da subprefeitura da Capela do Socorro fez com que

fossem trocados os muros da Garagem de Barcos por grades, para reconectá-lo à população. Mesmo assim, a falta de uso e a degradação o fez invisível para a maioria das pessoas que, mesmo passando diariamente pela avenida lindeira ao conjunto, não tem ideia do que foi a obra e de sua importância na construção da paisagem. Para o desenvolvimento deste projeto foi feito uma análise histórico-social da ocupação da região, bem como o processo de tombamento e as políticas urbanas, fatores capazes de descrever a situação de desuso e degradação do conjunto. Através dos estudos de caso, buscou-se entender elementos benéficos para se conceber um espaço artístico integrado à cidade, a restauração como forma de ressignificação sem apagar a história do edifício e a importância do reconhecimento social da paisagem para que

sua integridade seja protegida pelo uso. Em se tratando de uma intervenção numa obra estabelecida como patrimônio arquitetônico, o conceito do projeto é norteado pela teoria do restauro crítico, buscando ressaltar a obra com novos usos e espaços que dialoguem com o existente aplicando uma linguagem contemporânea. Este projeto tem a intenção de reverter os transtornos gerados pelo espaço ocioso, empregando um programa cultural e educativo aberto à cidade, rompendo assim com o ineficiente caráter exclusivista original, com a vantagem de reocupar o conjunto com uma atividade mais condizente com as demandas da população da região.


Formação histórica da paisagem PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

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Em pouco mais de 150 anos, São Paulo passou de uma pequena província a uma das mais importantes metrópoles

do mundo, carregando em si ideais de progresso e inovação, mesmo que seus processos de modernização e urbanização


Figura 1: Largo 13 de Maio, 1895


O local está situado de modo que é aformoseado pela mais agradável variedade de arvoredos, campos e pomares, através dos quais correm rios de águas cristalinas. Relato de José Bonifácio ao passar pela região em 1820

Figura 2: Óleo sobre madeira, Paisagem de Santo Amaro, 1920

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tenham sido precários e incompletos. Até metade do século XIX, São Paulo não passava de uma pequena cidade, pouco urbanizada, ocupando apenas o “triângulo central” que compreendia as ruas Direita, 15 de Novembro e São Bento, cercada de fazendas e grandes extensões de terra, pouco habitadas. Nessas terras, ao sul da cidade de São Paulo, formou-se a Vila de Santo Amaro a partir de assentamentos jesuítas que datam de 1560 e que conviveram com um aldeamento indígena chamado Guarapiranga1. Essa convivência, entretanto, se deu apenas por um curto período de tempo. Três anos depois, um surto de varíola motivou a migração da tribo para a região de Itaquaquecetuba, em 1563. Mas é dessa tribo que se origina o nome de um importante rio da região. 1 Topônimo tupi que significa “guará vermelho”.


Figuras 3 e 4: Ponte sobre o Rio Jurubatuba, 1905 e a Igreja e Primeira Escola do Socorro, 1908

Por mais de três séculos a região permaneceu sem grandes alterações como grande parte das povoações que cercavam a Capitania. Em 1832, com um bom crescimento populacional e prosperidade econômica, devido a agricultura, Santo Amaro constituiu-se município separado de São Paulo, título que não completaria nem um século. No início do século XIX, uma iniciativa pioneira do go-

verno do Imperador D. Pedro I subsidiou a instalação de imigrantes alemães para cultivar as terras da região. Mesmo com a desistência de boa parte dos colonos estrangeiros, a produção agrícola de Santo Amaro cresceu ao ponto de, em 1837, se tornar o principal responsável pelo abastecimento de batatas, carnes e madeira para a capital do estado. A dinâmica comercial entre os dois municípios tornou-

-se tão intensa que, em 1886, a Companhia Carris de Ferro, cujo principal investidor era o engenheiro Alberto Kulmann, inaugurou uma linha férrea para atender o transporte de mercadorias. Em um período de 16 anos, a população santamarense passou de 5.470 para 7.773 habitantes, o que levou a abertura de ruas e novos loteamentos - principalmente ao longo da linha férrea.

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A CONSTRUÇÃO DA REPRESA GUARAPIRANGA

Figura 5: Imagens da construção da Represa Guarapiranga, 1908

Ferro de São Paulo, o que lhe deu o direito de operar a linha férrea que liga São Paulo a Santo Amaro. Em 1901 foi inaugurada a usina hidrelétrica na região de Santana do Parnaíba que aproveitava as A partir da segunda me- quedas d’água do Rio Tietê. Porém, tade do século XIX, São Paulo o aumento da demanda por enerdesponta como uma forte pro- gia gerou a necessidade de condutora de café o que atrai inves- trolar a vazão desse rio através de tidores e empresas estrangeiras um reservatório de regularização que buscam suprir as novas de- do volume das águas. A escolha do mandas provinciais, como abas- Rio Guarapiranga levou diversos tecimento de água, iluminação aspectos em consideração. Aspece transporte público, como foi o tos técnicos, como composição e caso da canadense The São Paulo pluviosidade do solo. Localização, Tramway, Light & Power. já que, por ser um afluente do Rio Com uma postura de mer- Pinheiros, o lago artificial poderia cado bastante agressiva, a em- armazenar a água represada, libepresa canadense passou a atuar rando esse volume em períodos em diversos serviços de infraes- de estiagem. Além de decisivos trutura pública ao absorver cer- aspectos econômicos: a linha fértas empresas e suas respectivas rea existente facilitava o transporconcessões. Caso da Carris de te de materiais e trabalhadores da

capital até o canteiro de obras, e os custos com aquisição de terras a serem inundadas também não representava grande investimento, já que os terrenos não tinham alto valor de mercado - apesar das controvérsias, visto que todo o processo de desapropriação seguiu sob constantes protestos por coação. A Represa Guarapiranga foi concluída em apenas três anos (1906-1909) e foi primeiro processo de hidromecanização do país, bastante usada no Brasil até a década de 1940. Em 1928, a represa também passou a ter função de abastecimento de água para a capital, o que trouxe um aumento na demanda por água potável, provocando um pensamento de políticas públicas para o tratamento de água.


A PRAIA PAULISTANA

A construção da Represa Guarapiranga é um exemplo de como o capital estrangeiro pode atuar na formação do tecido urbano de uma região. Essa obra primariamente utilitária transformou a paisagem criando novos atributos para a exploração imobiliária que veio a partir dela.

Visando potencializar seus lucros a Light investiu na função recreativa que a região poderia oferecer, somando a nova paisagem às festas religiosas já tradicionais da cidade. Justamente essa atribuição recreativa foi usada para anexar o município de Santo Amaro à capital, fazendo dele um bairro da zona sul de São Paulo. É importante ressaltar que neste momento já havia planos de retificação do Rio Pinheiros, o que iria criar um novo potencial de ocupação: o das indústrias, sempre muito lucrativo para a arrecadação municipal. Nesse período São Paulo passou por uma drástica mudança na forma de pensar esFigura 6: Inauguração da Ponte de Interlagos, 1943

paço e locomoção. A era automotiva foi capaz de preencher a necessidade de se criar uma nova identidade moderna que suplantasse as características coloniais da sociedade, além de abrir um novo mercado para as montadoras automobilísticas internacionais no início do século XX. Dessa nova demanda surge a S/A Auto-Estradas. Fundada em 1925 por Luís Romero Sanson, a companhia de capital estrangeiro atuou tanto na abertura de grandes vias para a zona sul, quanto no comércio dos terrenos beneficiados na implantação dessas infraestruturas. A modernização dos meios de transportes associada a bela paisagem formada pelas Represas Guarapiranga e Billings, além da farta disponibilidade de terras, geraram uma região privilegiada para investimentos mobiliários. Assim, em 1937 a empresa inicia o projeto “Cidade Satélite Balneária de Interlagos”, um bairro voltado para a elite paulistana no modelo cidade-jardim implementados pela Cia City1 em bair1 A City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited, chamada de Companhia City, fundada em 1912, responsável pelos projetos urbanísticos dos principais bairros do tipo cidade-jardim de São Paulo.

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ros nobres. A companhia contratou o urbanista francês Donat-Alfred Agache para o projeto, responsável pelo traçado sinuoso das vias respeitando as curvas de nível do terreno - característica bem presente no ideário naturalista das “cidades-Jardim”, concebida pelo inglês Ebenezer Howard, como uma resposta urbanística aos problemas decorrentes da presença das indústrias nas cidades européias. Foi previsto para o novo bairro diversas formas de ocupação de modo a ser uma unidade autônoma, tendo assim uma ampla área residencial, com áreas adjacentes de comércio, serviços, indús-

tria e um cinturão verde de produção agrícola. O caráter modernista era reforçado sobretudo no lazer, com empreendimentos ligados à velocidade como a construção do aeroporto de Congonhas (1935), o Autódromo (1939) e a “Praia de Interlagos” própria para esportes náuticos de velocidade. No início dos anos 1940, acreditando no potencial turístico da região, Romero Sanson mandou trazer diversos caminhões de areia de Santos para criar um balneário ao longo da margem leste, na altura da Av. Atlântica, no que seria a praia paulistana. Mas a soma de diversos fatores urbanos e sociais impediu a con-

cretização da Cidade Satélite como fora idealizada. Reforçada pelo pós-guerra, São Paulo passou por um forte processo de industrialização que resultou num forte adensamento populacional de trabalhadores que vinham de diversos lugares do país em busca de empregos. Iniciativas para empreendimentos populares como o da CAPFESP criaram cerca de 2.500 casas populares para empregados e aposentados da Caixa, atraindo cerca de 27.000 habitantes para a região. Porém a falta de políticas públicas de moradia fez com que os trabalhadores de mais baixa renda ou Figura 7: Orla da Represa Guarapiranda, 1937


Figura 8: Propaganda de jornal, 1938

sem emprego formal ficassem desprotegidos, tendo que buscar terrenos mais baratos nas regiões mais distantes ou em loteamentos clandestinos. Nesse contexto, a retificação do Rio Pinheiros e a construção das vias marginais também reforçaram o direcionamento desse adensamento para a zona zul. Esse processo de ocupação desconectado de qualquer planejamento de uso compatível com o meio ambiente, além de comprometer os recursos naturais causou uma reação social adversa: A população de alta renda, ilhada num processo de degradação de seu balneário, retirou-se da região ou acentuou o caráter exclusivista e excludente de seus clubes isolando-se em porções de terras muradas e isoladas de seu entorno.

Nesse contexto, ficam mais evidentes como os processos urbanos estampam a obra arquitetônica do Santa Paula Iate Clube, desde sua formação até seu abandono e degradação. O Conjunto Santapaula é uma edificação cuja arquitetura possui um alto valor artístico e patrimonial, localizado numa região privilegiada de seu entorno. Porém em seus quase 60 anos, esteve mais tempo inativo do que ativo. Para compreender esse fenômeno é preciso conhecer as características do território ao qual ele pertence. Assim será possível contextualizar a obra arquitetônica em seu estado atual e evidenciar seu potencial de suprir novas demandas da população consolidada na região.

Considerando que dentro do plano de urbanismo da cidade de São Paulo, o município de Santo Amaro está destinado a constituir um de seus mais atraentes centro de recreio (...) Decreto Estadual nº 6983 de 1935

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Figura 9: Foto aĂŠrea, 1954


UM PANORAMA ATUAL DA REGIÃO

A subprefeitura da Capela do Socorro, é a segunda maior do município de São Paulo em território e número de habitantes (dados de 2010). Os três distritos que compõem essa região administrativa são: Socorro, Cidade Dutra e Grajaú, que apresentam profundas diferenças socioeconômicas derivadas de seus distintos processos de ocupação. O distrito do Socorro surgiu a partir da urbanização planejada de Interlagos e portanto, desde o início já apresentava infraestrutura urbana para atender seu público-alvo. O resultado disso é que, dentro da subprefeitura, é a região com os melhores índices so-

ciais, econômicos e ambientais, que manteve o gabarito baixo em suas construções predominantemente residenciais. Com a retificação do Rio Pinheiros e a construção das avenidas marginais, indústrias de médio e grande porte se instalaram mais ao norte do distrito o que mantém, até hoje, os melhores índices de empregabilidade da região (figuras 8, 9 e 12). Já o distrito da Cidade Dutra tem sua formação derivada dos conjuntos residenciais que a Light construiu para seus funcionários em 1950 e posteriores empreendimentos implantados pelas IAPs1 para seus aposentados, somando

cerca de 3.000 casas. O projeto do bairro operário apresenta uma hierarquização das vias de modo a dinamizar o acesso ao transporte coletivo e sua setorização possibilitou múltiplos usos, incluindo a criação de um centro comercial voltado para essa classe da população. Daí vem sua atual dinâmica urbana com usos mistos caracterizando uma pequena centralidade que, se por um lado tem boa oferta de transporte coletivo e infraestrutura, por outro é local de grande congestionamento de fluxos em horários de pico.

1 As IAPs - Institutos de Aposentadorias e Pensões, dentre elas a CAPFESP - foram criadas em 1930 junto com as Leis Trabalhistas. Elas atendiam somente os associados, majoritariamente de classe média. Entre 1937 e 1945 foram produzidas 124.000 unidades habitacionais no país. (VILLAÇA, 1986 apud MAUTNER, 2010)

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A maior concentração de empregos está na zona central da cidade enquanto a população mais vulnerável reside nas regiões periféricas, aumentando o tempo de deslocamento que o trabalhador leva de casa até o trabalho. Logo o número de empregos por habitante vai

Figura 10: Tempo de deslocamento e sistema de transporte

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Figura 11: Emprego por habitante e escolas técnicas

diminuindo mais ao sul, principalmente no distrito do Grajaú que também não possui escolas de ensino técnico próximas, fazendo com que seus jovens tenham que se deslocar para regiões mais afastadas para garantir um ensino técnico adequado que lhe ofereça melhor capacitação

Figura 12: Predominância de usos não-residenciais


para concorrer a vagas de emprego. As indústrias estabeleceram mais ao norte da região próximos a linha férrea e as marginais. É possível perceber que o maior número de incidência de jovens até 14 anos está no distrito do

Grajaú, enquanto a maior incidência de idosos está na região do Socorro. É visível que a Capela do Socorro está abaixo da média municipal em número de equipamentos culturais para a população. Figura 14: Oportunidades e vulnerabilidade

Figura 13: Porcentagem de maior incidência de crianças e idosos

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COMPARATIVO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS

2013

2014

2015

Subprefeitura Capela do Socorro

Município de São Paulo

Acervo de livros infanto juvenis*

Equipamentos culturais públicos***

Acervo de livros para adultos*

Museus**

Centros culturais, casas e espaços de cultura**

Salas de shows e concertos***

Cinemas**

Teatros**

2016

* Número de livros infanto-juvenis disponíveis em acervos de bibliotecas / População na faixa etária de 7 a 14 anos e número total de livros para adultos disponíveis em bibliotecas municipais / População com 15 anos ou mais. ** Número de equipamentos da categoria por 10.000 habitantes. *** Número de equipamentos da categoria por 100.000 habitantes. Fonte: Observatório cidadão. Rede Nossa São Paulo. Dados IBGE/SEADE/SMC. Disponível em: < http://bit.ly/gms-tcc-057 >

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A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, a extensão do assalariamento, o acesso por ônibus à terra distante e barata da periferia, a industrialização dos materiais básicos de construção, somados à crise do aluguel e às frágeis políticas habitacionais do Estado, tornaram o trinômio loteamento / casa própria / autoconstrução a forma predominante de assentamento residencial da classe trabalhadora. (...). Essa trilogia loteamento clandestino/casa própria/autoconstrução, que aqui no Brasil foi vista como uma política (inconfessa por se apoiar em ocupação irregular) de incentivo ao processo de periferização, principalmente por se apoiar na aquisição de lote e construção de casa própria. Mautner, 2010, pgs. 248 e 251

Já o distrito do Grajaú é o que concentra a maior parte da população e apresenta os piores índices socioeconômicos da subprefeitura, características de sua ocupação como parte de um processo de urbanização excludente da cidade de São Paulo. Segundo Villaça (2011), para entender as dinâmicas do espaço urbano, é fundamental compreendê-lo como algo produzido pelo homem e não pela natureza. Sob essa ótica, é possível interpre-

tar a segregação urbana como uma manifestação social da desigualdade. Assim, enquanto a elite e os trabalhadores da classe média ocuparam os bairros com melhores infraestruturas, os trabalhadores que não tinham acesso aos financiamentos existentes para compra da casa própria, seja pelo baixo salário ou pela falta de carteira assinada, foi sendo empurrado para áreas cada vez mais distantes e vulneráveis ambientalmente. Esse

Figura 15: Imagem do Instagram do perfil

@marcos.vinicius.399041, morador da região

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trabalhador atua como agente urbanizador no processo de formação das periferias sendo essas ocupações em áreas mais afastadas decorrentes da soma de dois fatores: a necessidade ao direito da moradia somada à, conveniente, postura do poder público de não acompanhar essas famílias. Esse é o tipo de segregação espacial que impede um território de se desenvolver economicamente por não ser capaz de reter as riquezas geradas por seus habitantes. São bairros carentes de infraestrutura, como saúde, educação e segurança que são prioridades,

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porém não são suficientes para assegurar um desenvolvimento social equilibrado e sustentável. É claro que existe um rico movimento social e cultura nas periferias de São Paulo, mas ele ainda não abarca a maioria do jovens, pois tem de competir com a sedução consumista da maioria dos entretenimentos da atualidade ou com a realidade de alguns jovens que precisam ocupar seu tempo integralmente com algum trabalho - inclusive em detrimento de sua formação educacional. Isso somado ao fato de haver poucos estabelecimentos culturais

Quando parecíamos condenados às imagens uniformemente aceleradas e sem espessura das típicas mídias, reinventar a localização da permanência. Quando a fragmentação e o caos parecem avassaladores, defrontar-se com o desmedido das metrópoles como uma nova experiência das escalas, da distância e do tempo. Através dessas paisagens, redescobrir a cidade. PEIXOTO p.15, 2004

(ver gráfco comparativo da página 20) nas proximidades que dialogue com a realidade dessa população constituindo um sentimento mais arraigado de pertencimento a cidade. A constituição espacial e geográfica do Conjunto Santapaula, oferece um enorme potencial para o uso cultural em benefício de toda a região da Capela do Socorro, subvertendo seu caráter original exclusivista, abrindo-o para a população usufruir da arquitetura, da arte e da natureza.

Figura 16: Imagem do Instagram, do perfil @6ush_, morador da região


Figura 18: Imagem do Instagram do perfil @terramarciana, moradora da regiĂŁo

Figura 17: Imagem do Instagram do perfil @luanax.s, moradora da regiĂŁo

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Figura 19: Vista aĂŠrea do Santapaula Iateclube em funcionamento, meados de 1960


O edifício e seus autores PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

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O Grande Hotel Interlagos ocupa uma privilegiada quadra de 19.000 m², às margens da Represa Guarapiranga, com as vias do bairro convergindo o fluxo de maneira a torná-lo um importante ponto focal. O projeto, assinado pelo Escritório Técnico de Engenharia Mieczyslaw Grabowski em associação direta ao Autódromo, fazia parte dos empreendimentos destinados às comemorações do aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo e contaria com grande investimento do Governo do Estado1. Mas a verba estatal não foi cumprida e a empresa de Sanson não pôde dar continuidade

ao projeto, paralisando as obras no segundo pavimento. A obra ficou fechada por anos até que, em 1960, Adelino Boralli adquiriu o terreno para formar o Clube Santapaula. Na época sua empresa, Santapaula Melhoramentos S/A, estava investindo na fundação de vários clubes esportivos. Em entrevista ao DPH, Boralli conta que adquiriu o terreno sem saber ao certo o que havia lá até que foi visitá-lo e viu o estado deteriorado das instalações e fundações. O escritório de J. Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi foi contratado para adaptar o esqueleto do Grande Hotel Interlagos na sede do Clube Santapaula, por intermédio do irmão de Carlos, Rubens Cascaldi, que era engenheiro na empresa de Adelino.

O hotel obedecerá aos mais modernos requisitos da técnica arquitetônica e hoteleira, formando luxuoso e confortável ambiente...

1 A contribuição prometida pelo governador, Lucas Nogueira Garcez, de cerca de 80% dos custos da obra não aparecem em documentos oficiais. Essa informação surgiu em uma entrevista de Jean Sanson, filha de Romero Sanson que relata o ocorrido.


PROFESSOR E ALUNO EM UMA SÓ PRANCHETA

É fundamental entender as relações entre os discursos, técnicas e experimentações dos arquitetos, J. Vilanova Artigas e seu sócio e ex-aluno, Carlos Cascaldi, e a obra construída.

Com um viés artístico bastante latente e uma militância política pertinente aos assuntos sociais de sua época, J. Vilanova Artigas sempre demonstrou um protagonismo forte dentro dos círculos de arquitetos. Iniciou sua carreira acadêmica no começo dos anos 1940. Seu forte engajamento foi fundamental para a separação da escola de arquitetura do curso de engenharia, participando

ativamente da elaboração da grade curricular da recém formada FAU-USP que aproximou o curso do urbanismo. Para ele “o edifício tem que conter a cidade e a cidade tem que ser o local ideal para a arquitetura”1, um pensamento que vai caracterizar toda a sua produção. Sua destreza plástica era tão aguçada que ele consegue materializar sua militância política, fortemente ligada ao comunis-

1 Júlio Katinsky, ex aluno e arquiteto para o documentário Vilanova Artigas: o Arquiteto e a Luz, 2015.

Figura 20: Vilanova Artigas na FAU (...) agora esta é uma característica um pouco brasileira a leveza das formas que se encostam com carinho no chão. (...) eu faço uma relação dialética entre a coluna e o apoio no chão. Eu faço destas colunas o que eu bem entendo. Eu faço ela impossível de suportar qualquer coisa. Entorto a desgraçada, faço o diabo, faço ela inútil. Eu faço uma coisa pesadíssima, em cima de uma coisa que de forma nenhuma poderia sustentar lá. Mas é o meu jeito! ARTIGAS, 1984

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“ Figura 21: Carlos Cascaudi na FAU

(...) nós demolimos uma parte do escritório, tiramos um sanitário para ampliar uma salinha que tinha lá e apareceu uma coluna. Nós simplesmente tiramos o repox do pilar e pintamos com uma cor meio marrom, e a cor não dá a sensação da natureza do material que está atrás, dá a impressão de que aquilo é feito de borracha. Por causa da porosidade e da textura. Então a cor ligada à textura dá uma idéia diferente da natureza do material que está lá. (...) O pessoal fala: “É … porque é concreto aparente!” Mas a gente também deixa um pouco pra crítica dizer o que vem depois. CASCALDI, 2000

mo, em técnicas construtivas, implantação e espacialidades de sua arquitetura. Ao apontar a arquitetura moderna, tal como a conhecemos, como uma arma de opressão da classe dominante sobre o proletariado (ARTIGAS, 1981), ele adota a técnica do concreto armado como uma forma de tornar visível o trabalho operário no edifício. Ao sair da fôrma o concreto tem, estampado em si, os traços do processo construtivo. Esse discurso é fortemente impresso nos projetos da Garagem de Barcos do Conjunto Santapaula e na FAU (ambas projetadas em 1961). 2

Seu amor pela docência o levou a trabalhar com vários ex-alunos, dizia ele que essa convivência o fazia remoçar. Inclusive Carlos Cascaldi que foi seu aluno e sócio por quase 20 anos descreve essa relação aluno-professor contando que era Artigas quem dava as principais ideias nos projetos mas que os dois dividiam a mesma prancheta. Essa convivência rendeu inúmeros projetos de caráter mais coletivo como o estádio do São Paulo Futebol Clube, a rodoviária de Londrina e a FAU. Com uma personalidade mais introvertida, há pouco material sobre Cascaldi, mas

sua entrevista, concedida aos técnicos do DPH na ocasião do tombamento do Conjunto Santapaula, revela muito sobre sua forma mais pragmática de lidar com o ato de projetar. Enquanto Artigas tem um discurso mais poético e engajado, Cascaldi se revela mais voltado aos assuntos práticos do cotidiano de um escritório de arquitetura, inclusive aspectos inusitados sobre essa convivência e seus desdobramentos. Desde a dificuldade com o pagamento da obra do Conjunto Santapaula2 até os fundamentos empíricos do discurso do concreto aparente.

Segundo Carlos Cascaldi o pagamento era feito diariamente. Todo dia tinha que ir buscar uma parcela no escritório de Borelli.

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Figura 22: Garagem de barcos vista da sede, 1961


ANÁLISE DO

PROJETO

A adaptação do que já havia sido construído do hotel (o que compreendia a fundação, os pilares e as lajes dos dois primeiros andares) foi a base para o projeto do Conjunto Santapaula. O conceito de planta livre já estava presente e isso facilitou essa adaptação que consistiu em criar espaços pertinentes ao uso do clube.

O novo programa para a sede do clube foi distribuído em três andares onde estavam dispostos a administração, restaurantes e três salões de cerca de 1000m² cada. Na área externa foram construídas duas piscinas com desenho que remetia à projeção da laje e tiveram que ser construídas acima da cota do terreno para que não minasse água do solo encharcado pela represa. Os arquitetos também projetaram o fechamento que condizia melhor com o novo programa além de sugerir a passagem subterrânea que liga a sede do clube ao se-

tor náutico. Essa sugestão teria partido do J. Vilanova Artigas prevendo uma maior segurança às famílias frequentadoras do local, do futuro tráfego de automóveis na avenida que separaria as duas repartições do clube. Boralli relata que mesmo sendo uma solução brilhante, isso onerou os custos. Na orla, a Garagem de Barcos está implantada emoldurando a Represa Guarapiranga. Num terreno de cerca de 470 metros de testada para a Av. Atlântica e larguras irregulares delineados pelo limite da água, o aproveitamento do desnível

(...) Custou cinco vezes o que nós prevíamos. (...) Mais do que o previsto. Porque... A passagem [subterrânea]... foi uma loucura o quanto custou a mais. E como lá daquele lado... também... Quando nós chegamos lá é que nós vimos a qualidade da terra que tinha debaixo da represa. Foi difícil pra retirar e transportar aquele material. Depois, viu-se aqui se não tivesse uma proteção com aquele cimento ciclópico que contorna toda a área, aquilo iria tudo abaixo. E iríamos perder todo o serviço. Aquilo foi uma obra... Fizemos caprichado, entendeu? Também não desanimamos por isso. Porque... já estávamos na chuva… vamos nos molhar. E acabamos fazendo uma coisa que ficou interessante. A. BORALLI

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natural proporcionou uma inserção semienterrada do edifício. Isso gera uma série de situações espaciais fascinantes ao levar o observador do nível da avenida até o nível da água, nesse caminho o olhar desnuda todos os detalhes da arquitetura. Os espaços foram pensados racionalmente para garantir a continuidade entre os pavimentos e entre o interno e o externo, assegurando, junto com a ausência de fechamentos, a transparência do edifício em preservar a visibilidade da represa.

Duas vigas longitudinais de 70 metros orientam o projeto do edifício numa proporção de 1:5, comportando-se como pórtico hiperestático na medida em que os pilares se apresentam como uma continuação natural delas e sustentam um balanço de 10 metros em cada extremidade. Cada viga possui 4 pilares de sustentação, diferentes entre si, com desenhos a partir da figura geométrica triangular invertida cuja ponta se apóia sobre articulações de ferro que absorvem os movimentos de di-

latação e retração, conforme a variedade de temperatura, substituindo a necessidade de juntas de dilatação na estrutura. Todo esse sistema de pórticos está pousado sobre muros de concreto ciclópico que funcionam como arrimo e sustentam toda a carga estrutural. O contraste entre as texturas dos materiais do muro, com suas superfícies aparentemente caótica, e da estrutura de concreto armado racionalmente vincada em baixo relevo ainda nas fôrmas de madeira,


conferem ao conjunto uma autenticidade singular. Os três grandes setores são marcados pela laje tripartida engastadas nas vigas pórtico. Essa descontinuidade permitem que as lajes nervuradas sejam posicionadas em alturas diferentes criando duas aberturas de luz que favorecem os dois setores superiores ao passo que valoriza do grande vão central de pé direito duplo. Essa altura era importante para que os barcos à vela pudessem estacionar ainda com os mastros.

É interessante notar o tratamento que os arquitetos deram para a luz natural ao colocarem aberturas no teto, tanto do subsolo quanto da laje principal, uma solução amplamente aplicada no prédio da FAU USP. A escada principal que liga os dois patamares é um volume que se sobressai da forma principal, criando um patamar trapezoidal que serve de mirante para a represa. Do primeiro degrau é possível perceber que todo esse conjunto flutua sem a necessidade de pilares ou de en-

A empresa Santapaula Melhoramentos S/A criava a infraestrutura e formava uma assembléia de sócios para eleger a diretoria. Os títulos tinham duas fases: primeiro ela cedia direito de uso até que se formasse caixa com verba suficiente para o valor pré-estabelecido da aquisição; só em seguida o clube teria a escritura definitiva de propriedade do empreendimento.

Figura 23: Vista frontal da garagem de barcos durante a construção, 1961


costar no chão, pois está chumbada no muro de arrimo pela parte superior; essa solução também foi adotada na escada interna com os degraus independentes apoiados no muro de concreto ciclópico. O projeto da Garagem de Barcos foi amplamente reconhecido pela academia e atraía a atenção de diversos professores e alunos de arquitetura, tendo sido exposto na Bienal Internacional de São Paulo conferindo-lhe grande destaque. Apesar de todo esse reconhecimento, o modelo de negócio proposto não garantiu seu funcionamento. O Clube Santapaula não conseguiu juntar sócios suficientes para adquirir as instalações, e com isso, a empresa de Boralli permaneceu como administradora pelos anos seguintes. Na década de 70, após duas tentativas

Figura 24: Implementação

Figura 25: Elevação

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de reerguer o clube, uma terceira, de uma empresa brasiliense, acabou renomeando o iate clube para Centro Náutico Costa Azul. Nesse período, foram feitas algumas intervenções que descaracterizaram a proposta original. Mas após esse último fracasso as instalações foram fechadas definitivamente, permanecendo sem uso desde a década de 1980. Nos anos 90, Adelino concretizou a venda do imóvel para a empresa Monte Carlo Comércio e Participações Ltda. que, apesar de apresentar um projeto de um complexo com centro de convenções, hotel e restaurante em 2001, nunca deu um uso efetivo para o antigo clube e murou os dois terrenos, tornando as obras invisíveis para quem visitasse a região. Em 2004, já com o processo de tombamento em andamento, Figura 26: Desenho técnico, planta subsolo, nível da represa e corte longitudinal

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Figura 27: Vista da garagem de barcos durante a construção, 1961

Figura 28: Escavações da doca durante a construção, 1961

a Subprefeitura Capela do Socorro tentava desapropriar as edificações do antigo Santa Paula Iate Clube devido à elevada dívida do proprietário com a prefeitura, tendo solicitado a substituição do muro por grades, o que recuperaria a visão que se tinha da Garagem de Barcos e da represa conforme o projeto original. Não foram encontradas mais informações sobre essa tentativa de desapropriação. Fato é que até o momento esse importante marco da fase brutalista da Arquitetura Moderna Paulistana encontra-se sem uso, sem manutenção, vandalizado e desconhecido da população da região.

Figura 29: Laje durante a construção, 1961

Figura 29


Figura 31: Vista da garagem de barcos sob nova direção, 1970

Figura 30: Vista da área interna da garagem de barcos, 1961

Figura 32: Vista da área interna da garagem de barcos sob nova direção, 1961


O processo de tombamento PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

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O interesse do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) pela preservação do Conjunto Santapaula começou em 2000 quando o arquiteto Paulo César Gaiotto Fernandes, da se-

ção Técnica de Crítica e Tombamento, começou a elaborar um projeto de restauração das edificações, tanto para o pedido de tombamento quanto para o sua inscrição no CECRE da Uni-


Figura 33: Vista aĂŠrea do bairro de Interlagos, 2004


versidade Federal da Bahia. A aprovação de abertura do processo pelo CONPRESP veio um ano depois, o que já garantia a preservação do conjunto, até que em 2007 o órgão municipal determinou seu tombamento seguido pelo CONDEPHAAT em 2016. Contemplando a preservação integral de suas características arquitetônicas externas e internas, bem como de sua ambiência, a resolução prevê Nível de Preservação 1 (NP-1) para a Garagem de Barcos e o Túnel de Ligação permitindo a demolição de intervenções que tenham desfigurado os partidos arquitetônicos originais, não contribuindo para a melhor adequação do espaço. Já para a Sede Social do clube o Nível de Proteção 3 (NP-3) preserva sua arquitetura externa e ambiência do edifício permitindo intervenções que garantam melhoria e visibilidade do prédio.

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Analisando o texto das resoluções 1 percebe-se a diferença na forma como o conjunto é reconhecido pelas duas instâncias. Não que isso represente uma menor apreciação de uma em relação a outra. Enquanto o órgão municipal inicia suas considerações acerca do Conjunto Santapaula pela relevância de sua conformação espacial dentro do território da cidade, isto é, seu valor histórico, ambiental e arquitetônico em integração com a paisagem do Bairro de Interlagos e relação indissociável com a Represa Guarapiranga; na esfera estadual o reconhecimento do conjunto inicia-se pelo significado da produção de João Batista Vilanova Artigas para a compreensão da história da arquitetura paulista e por sua interpretação peculiar dos princípios da arquitetura moderna.

As motivações para o tombamento das obras modernas também seguem o mesmo padrão do patrimônio tombado em geral. As justificativas apoiam-se na excepcionalidade do bem a lhe conferir destaque no quadro da historiografia da arquitetura moderna paulista, sendo que este destaque funda-se em grande medida nas características técnico-construtivas das obras e, muito mais do que obras de outros períodos, em suas autorias. O outro aspecto a determinar os tombamentos é o risco iminente de sua destruição. WOLFF, 1998


INSTRUMENTOS DE

PRESERVAÇÃO

A finalidade da imposição do tombamento é a conservação de bens, públicos ou privados que apresentem algum atributo cultural que deva ser protegido de mutilações e destruições, sendo que é o meio pelo qual o Poder Público cumpre sua obrigação constitucional de proteger os

documentos, as obras e os locais de valor histórico ou artístico, monumentos e paisagens naturais notáveis, bem com as jazidas arqueológicas. (RABELLO, 2009, p. 19 apud MELLO FILHO, 1969 p. 538). Além do tombamento, outros instrumentos legais de preservação do patrimônio cultural estão à disposição da administração pública, como é o caso do zoneamento que pode marcar porções do território municipal como áreas de preservação e interesse cultural, as chamadas ZEPECs1. Em face disso, é notável que o tombamento e a classificação de seu lote como ZEPEC, foram essenciais para impedir a completa destruição do Conjunto Santapaula que, na época da abertura do processo no DPH, encontrava-se sem uso adequado, ocupado por moradias irregulares e murado. No entanto, sua inserção 1

no conjunto de bens, reconhecidamente pelo Poder Público, como patrimônio cultural arquitetônico, não garante sua integridade física e social. Na forma como se encontra, a propriedade não cumpre sua função social. O Estatuto da Cidade até dispõe de instrumentos para a concretização dessa premissa: O Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC), o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) progressivo no tempo e a Desapropriação Mediante Pagamento em Títulos da Dívida Pública, sendo que, compete aos municípios a gestão e aplicação desses instrumentos que, através de seus planos diretores - cujo propósito é reorientar o uso dos imóveis ociosos de maneira a melhor se integrar no contexto urbano, socioeconômico e ambiental da cidade.

Zonas Especiais de Preservação Cultural

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O texto do Plano Diretor Estratégico de São Paulo (Lei 16.050/2014) estabeleceu que: (...) apenas poderão ser notificados os imóveis não edificados, subutilizados e não utilizados situados nos seguintes locais:

• Zonas Especiais de Interesse Social 2, 3 e 5. • Perímetros das Operações Urbanas Consorciadas. • Áreas de influência dos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana. • Subprefeituras da Sé e da Mooca. • Macroáreas de Urbanização Consolidada e de Qualificação da Urbanização. • Macroárea de Redução de Vulnerabilidade Urbana (exclusivamente em glebas ou lotes com área superior a 20.000 m²). • Macroárea de Estruturação Metropolitana (mediante lei específica) Figura 34: Metodologia de aplicação da PEUC, de acordo com o PDE

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De acordo com o zoneamento municipal, o Conjunto Santapaula é uma ZEPEC dentro de uma Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e Ambiental. O que infelizmente a deixa de fora dos locais definidos no plano diretor (acima), dificultando a aplicação da PEUC. Mesmo não sendo um instrumento específico para a preservação de bens culturais, iniciativas como a PEUC tem o potencial ser uma política urbana de auxílio à construção de uma paisagem urbana patrimonial, ao passo que obriga os proprietários de imóveis ociosos a dar-lhes uma função compatível de modo que a propriedade dê um retorno adequado aos investimentos sociais em infraestrutura oferecidos pela cidade. O Conjunto Santapaula representa um enorme desperdício de potencial, evidenciando a urgência de se promover uma melhor integração de políticas públicas que entendam o patrimônio cultural e ambiental como elemento estruturante de desenvolvimento social.


ZONEAMENTO E

MACROZONAS Redução da Vul. Urbana e Recuperação Ambiental Controle e Qualificação Urbana Contenção Urbana e Uso Sustentável Preservação dos Ecossistemas Naturais Figuras 35 e 36: Áreas de aplicação da PEUC e zoneamento do PDE de São Paulo

Áreas de aplicação do PEUC

Legenda ZEIS 2, 3 e 5 Eixos de Estrututuração da Transformação Urbana Operações Urbanas Consorciadas Subprefeitura Sé e Mooca Macroárea de Urbanização Consolidada Macroárea de Qualificação da Urbanização Macroarea de redução da vulnerabilidade urbana (exclusivamente para glebas ou lotes com área superior a 20.000m2) Macroárea de Estruturação Metropolitana - Setor Orla Ferroviária e Fluvial (quando autorizada por legislação específica) 0

10

10km

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RELATÓRIO DE

VISITA A visita técnica à Garagem de Barcos aconteceu num sábado pela manhã, dia em que a ciclovia da Av. Atlântica começa a ficar movimentada. Cercada por grades, as tentativas de acesso só poderiam ser feitas através dos lotes vizinhos. Em um deles funciona um posto militar junto a um

deck que realiza o embarque em lanchas dos sócios do Clube Itaú Unibanco. De lá foi possível visualizar a garagem pela primeira vez. A travessia, entretanto, não foi possível por conta de um córrego intransponível. Ao conversar com algumas pessoas foi possível notar que ninguém conhecia o local por conta do seu abandono. Já no outro lote funciona um restaurante, por onde de fato é realizado o acesso. À primeira vista, a obra intriga pela solidez e leveza que transmi-

te simultaneamente. Não havia ninguém no local. A quantidade de teias de aranhas e a vegetação na laje provam que não são realizadas manutenções. Foi possível distinguir as desastrosas intervenções realizadas na década de 70 que descaracterizam a obra além de prejudicar seu sistema termodinâmico, um vez que as paredes que encostam na laje limitam o deslize necessário para a dilatação do concreto. As juntas metálicas apresentam avançado estado de Figura 37: Situação atual (2017) da fachada vista da Represa Guarapiranga


Figuras 38 a 42 : Estado de abandono da Garagem de Barcos, 2017

ferrugem devido à infiltrações em vários pontos do edifício. A guarita sob a escada, rouba a sensação de flutuabilidade do projeto original; enquanto a externa, tampa a visão de um dos

pilares. Por recomendação das resoluções de tombamento, o projeto apresentado considerará a remoção dessas intervenções, buscando o resgate da espacialidade original.


Figura 43: Orla da Lagoa da Pampulha, 2016


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Estudos de Caso

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EXEMPLO

MUBE

da nobre esquina formada pela Avenida Europa e Rua Alemanha. O traçado urbano do bairro concebido na década de 20, seguiu os preceitos de cidadeO projeto do MuBE - Mu- -jardim do já citado urbanista seu Brasileiro de Escultura e inglês Ebenezer Howard. O deEcologia - surgiu como uma senho do arquiteto-engenheiro resposta da sociedade em Hipólito Gustavo Pujol Jr. resnegação ao empreendimen- peitava a topografia da região to comercial que se ergueria na abertura de ruas e delimitano terreno. Os moradores do ção das quadras. bairro Jardim Europa se mobiÉ nesse contexto que Paulizaram na década de 80 contra lo Mendes da Rocha incorpora a construção de um shopping no discurso do projeto arquicenter e, junto com a Socieda- tetônico. Ao conceber uma imde Amigos do Museu (SAM), plantação sem muros, cria-se conseguiram a concessão do um conceito de praça-museu terreno para a construção de que, ao mesmo tempo que se um equipamento cultural, um mostra adequado para a exano após o tombamento da posição de esculturas, serve área pelo CONDEPHAAT. também como um alargamenPaulo Mendes da Rocha, to da rua capaz de aproximar a arquiteto que encabeçou o arte da população. É justamenprojeto, garantiu que os ide- te essa ausência de fronteiras, ais urbanos que pediram por inclusive entre o MuBE e MIS um local público e de cultura (Museu da Imagem e do Som, fossem impressos no espaço de 1970), que garante essa con-

cepção de museu como espaço público capaz de potencializar as relações entre pessoas, cidade e cultura. O desenho simplificado do projeto de paisagismo do escritório do Burle Marx contribui para a integração dos dois espaços culturais, enquanto harmoniza as linhas do que é construído e do que é plantado. Nos pequenos maciços de vegetação, o uso de árvores originais do início do loteamento associado às grandes extensões de pisos cromaticamente harmoniosos com o edifício, valorizam as obras e amplificam o caráter urbano artístico do espaço. Desde sua concepção, o MuBE não possui um grande acervo fixo ou próprio. De fato, ele foi pensado para exposições temporárias de esculturas da própria cidade, funcionando como gestor do acervo urbano, estendendo a noção de museu à esfera pública. Assim os espaFigura 44: Vista aérea do MuBE

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...Muita gente não sabe que há um Ceschiatti na Praça do Patriarca ou onde está o Fauno de Brecheret no Parque Siqueira Campos. Então, oportunamente, se fará manifestações que possam se ocupar esculturas da cidade de São Paulo onde elas estão, e, evidentemente, exposição de peças trazidas pra cá com programação e significado, relacionadas com fatos históricos ou acontecimentos oportunos de ponto de vista da crítica, do ponto de vista da oportunidade. Paulo Mendes da Rocha

Figura 45: Croquis diversos do MuBE, por Paulo Mendes da Rocha A fita ou faixa de Möbius é um espaço topológico obtido pela colagem das duas extremidades de uma fita, após efetuar meia volta em uma delas. O matemático alemão propôs em 1858 essa superfície não orientável que, por não ter fronteiras, lado interno ou externo, otimiza o uso em equipamentos que precisam de correias, como as antigas máquinas de escrever. Figura 46: Fita de Moebius


ços tradicionais de um museu, como galerias, administração, arquivo, banheiros, foram alocados no subsolo com uma planta que além de organizar os ambientes, se propõe a repetir os ângulos do terreno da superfície, criando um elo forte entre o interno e o externo. Sperling aponta que essa decisão permitiu uma proposição de entrelaçamento de continuidade que funde construção, paisagem e cenário, conceitos muito caros ao arquiteto. Essas continuidades espaciais subvertem a ideia do fora, dentro, cima e embaixo; numa superfície não-orientável como a fita de Moebiüs. A concepção do museu como uma resposta urbana o

transformou num marco e toda sua carga simbólica foi sintetizada pelo arquiteto através de uma grande viga de concreto protendido perpendicular à Av. Europa. A “pedra no céu”, como o arquiteto concebeu, monumentaliza o acesso ao museu sendo a escultura inaugural e escala de medida para todas as outras. Sendo o único elemento construído sobre o solo, o pórtico pousa sobre a superfície que, por seus desníveis variados, cria diversos pés direitos, estendendo o conceito de abrigo da escala humana, onde a altura chega a 2.70m, próxima a de uma residência, até a escala artística - onde é possível abrigar esculturas urbanas. A sensação de leveza que

este plano horizontal suspenso no ar desperta é uma busca constante na obra do arquiteto, e isso só foi possível graças às técnicas aplicadas que permitiram o vão de 60 metros que sombreia o palco das arquibancadas externas. A aplicação do concreto protendido é uma exposição da estrutura típica do neobrutalismo concebido por Reyner Banham em 1966. A projeção de sua sombra, ao quebrar na topografia geométrica do terreno constitui a legibilidade formal do projeto em que o edifício passa a ser compreendido tanto pelo olhar quanto pela experiência no uso real. O projeto, entretanto não escapou de intervenções con-

Figura 47: Croqui diverso do MuBE, por Paulo Mendes da Rocha

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trárias ao discurso de sua concepção, quando em 2001, teve seu perímetro cercado com grades que arruinaram a sensação de continuidade e pertencimento à cidade. O mesmo bairro que pediu uma vez pediu por mais urbanidade, estampou na obra uma de suas características inatas: A dos grandes muros impositores de uma certa ordem eleita por alguns, em detrimento da coletividade. Além de enfraquecer o desenho permeável, em 2014 as grades geraram um conflito entre os dois equipamentos culturais vizinhos. Na época, a exposição “Castelo Rá-Tim-Bum” no MIS atraiu um grande público e isso levou os gestores do MuBE a fechar os portões alegando sobrecarga no uso dos banheiros.

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RESTAURO DA ANTIGA

SUBESTAÇÃO RIACHUELO

Bem no centro de São Paulo, próximo à tradicional Praça da Bandeira e a uma teia sem fim de ruas e avenidas de trânsito intenso, nasce um lugar de criação, cultura e arte. Um novo tipo de museu, sobre um prédio que há anos andava esquecido em meio a “gatos, pichações e fumaça”. Vencedor do Prêmio Murilo Marx de 2014 na modalidade Práticas, outorgado pelo Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura de São Paulo, o projeto da Red Bull Station, primeiro do tipo encampado pela empresa austríaca de energéticos, invoca três qualidades que chamam a atenção: A iniciativa da recuperação de um prédio abandonado, a escolha do uso cultural, e a sensível integração entre elementos novos e pré-existentes. O prédio abandonado, que já pertenceu à Light, abrigava uma das diversas subestações para distribuição de energia elétrica para a frota de bondes de São Paulo. Pouco tempo após a inauguração, essa unidade passou a ser conhecida como Subestação Riachuelo em alusão a Rua Riachuelo.


Figura 48: Área de convivência e exposições do Red Bull Station


Mas os anos se passaram e as características da região sofreram importantes mudanças que contribuíram significativamente para o isolamento do prédio. Com a abertura da Avenida 23 de Maio, todas as casas vizinhas do imóvel acabaram sendo demolidas. A necessidade de mobilidade, forçou a transformação da Praça da Bandeira em um terminal fechado de ônibus, o que reduziu o tráfego de pessoas transitando a pé na região. Isso aliado ao fato da Avenida 23 de Maio ser expressa e bem movimentada, acabou com a travessia de pessoas no local, que passou a ser feito apenas pelas passarelas. Mas o passar dos anos não abateu apenas a região, como a Light também. Na década de 70, ela já não era mais a potência de outrora. Com problemas financeiros, a Light de SP e RJ que

na época eram uma só, são desmembradas para venda. A parte paulista foi renomeada para Eletropaulo e do Rio de Janeiro continuou se chamando Light. Apesar disso, o uso do prédio permaneceu o mesmo. Muitos anos depois, em 2002, o CONPRESP decide tombar o imóvel como NP-2 para evitar uma descaracterização ou demolição, como a que havia acontecido na outra subestação da Rua Araújo. E, apenas dois anos depois, a subestação Riachuelo da Eletropaulo encerrou suas atividades de fornecimento de energia. Após a desativação, ela foi comprada por dois investidores. O prédio da antiga subestação passou por um longo período de descaso e negligência. Virou alvo de pichações, teve boa parte de seus vidros quebrados e viu seus fundos se tor-

Figuras 49, 50 e 51: Respectivamente, a subestação da Light (centro da foto) na década de 1950; seu abandono em 2013; e a, agora, Red Bull Station em 2014

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narem um conhecido local de abandono de gatos. Essa situação tem fim apenas 8 anos depois. Em Abril de 2012, o imóvel foi adquirido pela Red Bull Brasil, e assim iniciou-se seu projeto de recuperação. Muito além de uma simples maquiagem, ele recebeu um novo propósito, ao mesmo tempo em que manteve os conceitos de sua herança arquitetônica respeitados. A intervenção, que propunha criar uma leitura dinâmica do retrofit, foi realizada pelo escritório franco-brasileiro de arquitetura Triptyque Architecture. A cobertura do edifício, um dos novos andares gerados pela reforma, abriga uma nova estrutura de metal cinza e branca chamada “folha”. Provavelmente, é o elemento que mais se destaca de toda a construção, e existe um motivo para isso: Segundo uma das arquitetas, a folha vem justamente para “anunciar a transformação”. Conceitualmente, a folha reme-

te a uma antena, que “abastece a metrópole com energia criativa”. Mas o que chama atenção mesmo é a sua dupla funcionalidade: Além de servir como marquise, trazendo sombra e proteção, ela também atua como um funil, captando a água das chuvas para reutilização da água pluvial. E é no elemento água, que vemos a sinergia entre o velho e o novo. A subestação Riachuelo contava com um sistema único e moderno de coleta da chuva, que cruzava as tubulações para resfriar os imensos transformadores de energia, diminuindo assim a temperatura interna do edifício. Esse sistema – do qual o chafariz também fazia parte – foi recolocado, resgatando essa característica tão peculiar do edifício. Outra intervenção em evidência é a escada externa, que acompanha o visitante durante todo o trajeto pelos cinco níveis e pelos diferentes programas da Red Bull Station. Totalmente

Figura 52: Terraço

Figura 53: Pavimento Superior

Figura 54: Mezanino

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Figura 55: Térreo

distinguível e reversível, a escada metálica engastada na fachada lateral se destaca principalmente pela cor cinza e pelo material utilizado. Como sua fixação foi realizada por meio de parafusos, ela poderia ser removida a qualquer momento

sem trazer prejuízos ao edifício. O elevador é um elemento que já existia na edificação, porém apenas até o segundo pavimento. Foi necessário realizar uma intervenção na laje para que ele pudesse acessar a cobertura. Seu acabamento, em concreto

Figuras 57 e 58: Corte longitudinal e elevação interna

Figura 56: Subsolo

Nossa grande vontade era uma reconquista da região. Criamos uma cobertura para o visitante entender e contemplar a cidade; se apropriar daquele entorno e deixar que o entorno se aproprie dele. Carolina Bueno, Triptyque


aparente, facilita a compreensão da intervenção e a distingue do restante. Embora o tombamento tenha sido apenas da fachada e da volumetria, o projeto procurou exibir orgulhosamente a história do edifício ao invés de escondê-la sob camadas de tintas. Camadas essas, que inclusive, podem ser vistas a olho nu. O acabamento das pinturas antigas está todo lá, do concreto a sujeira aparente. A Red Bull possui histórico de investir em esportes e artes como parte de uma estratégia de branding1 que mira o público jovem. Mas apesar da empresa já atuar no cenário artístico paulistano há algum tempo - com o Red Bull House of Art (um programa de residência para artistas) - a Red Bull Station foi um projeto inédito para

a empresa em sentido global. Ela abriga projetos experimentais de ateliês e estúdios de música, além de mostras, shows e palestras. É um espaço encravado no centro da cidade onde jovens artistas podem criar, expor e, por quê não, se divertir. Produção cultural que já nasce 100% patrocinada pelos fabricantes da bebida energética. É notável o respeito dado às áreas internas, que foram apenas reorganizadas espacialmente para que elas se adaptassem às novas funções de fomento à cultura. Para cumprir esse objetivo, os arquitetos propuseram a remoção interna apenas daquilo que era dispensável ou que poderia impedir o prédio desse novo uso. No térreo, de um lado encontra-se a galeria principal, uma sala monumental pronta

1 Todo o trabalho realizado com o objetivo de tornar a sua marca mais conhecida, mais desejada, mais positiva na mente e no coração dos seus consumidores. Envolve desde a concepção da marca até as ações cotidianas de marketing da empresa.

Figura 59: Vista do Red Bull Station 55


Figura 60: Vista do Red Bull Station

para receber exposições de todas as formas, performances e shows. Já do outro lado, encontra-se um estúdio musical, no centro do edifício. Um espaço de experimentação para produção musical com três salas isoladas acusticamente. Nesse ponto, um dos entraves eram os diversos pontos de ruído gerados pelo trânsito intenso da região. Fora isso, a proposta também exigia o mesmo cuidado para que a reverberação dos sons do es-

A porta de entrada revelou um total de 14 camadas de tinta, aplicadas ao longo dos quase 100 anos do edifício. Nesse ponto, foi realizado um trabalho de restauração a partir de um solvente químico que permitiu deixar cada uma dessas camadas à mostra, como se cada uma pudesse resgatar um pouco história do lugar “como se fosse realmente uma genealogia”. Guillaume Sibaud

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túdio não gerassem conflito com as demais áreas internas do prédio (como a galeria principal, já citada). A solução foi abrigar o estúdio no interior de um enorme volume de concreto armado, cuidadosamente esculpido e lapidado. Entretanto, as salas não estão completamente isoladas do restante, já que grossas janelas de vidro de 50 cm permitem que quem está do lado de fora possa vislumbrar o espaço de gravação e a sala de mixagem, onde uma mesa de mixagem analógica imensa – um mamute dos anos 80, comprado de segunda mão de uma escola de música em Islington, Londres – ocupa lugar de destaque. No mezanino fica o escritório. O andar superior abriga seis ateliers criados para o projeto Residência Artística, cujas edições são renovadas todo trimestre. Essas salas eram antigas baias que serviam para guardar os enormes transformadores. Suas portas metálicas perma-


necem originais, tendo apenas recebido manutenção. Já as paredes são de Drywall, para que a intervenção fosse a mínima possível. Em volta dos ateliers individuais, é possível encontrar um grande atelier coletivo para workshops e palestras, assim como a Galeria Transitória onde outros trabalhos são temporariamente expostos. Além de um iluminado e espaçoso “auditório” que funciona como um espaço para workshops, palestras e shows. No térreo, também encontramos a Cafeteria, comandada pela chef Tatiana Szeles, que curiosamente possui uma antiga bomba d’água contribuindo com sua estrutura. Lá podemos nos abastecer de lanches e refeições (aos finais de semana) além, obviamente, das latinhas azuis e prateadas de empresa austríaca.

A PAISAGEM DA

PAMPULHA

A cidade de Belo Horizonte foi concebida, em 1897, como um palco para a modernidade; na política como símbolo da nova república, na sociedade como nova capital do estado, na arquitetura eclética dos edifícios públicos e na urbanidade com suas ruas retas e ortogonais em contraponto com as sinuosas ruas barrocas da antiga capital Ouro Preto. A recém capital mineira tornou-se rapidamente um ambiente propício para a propagação dos ideais positivistas e progressistas da nova república, produzindo uma geração baseada nos preceitos modernistas e uma figura muito representativa desse contexto é Juscelino Kubitschek que, enquanto prefeito de Belo Horizonte, foi bastante ativo em promover essa imagem da cidade. Algumas semelhanças entre a Represa Guarapiranga e a Lagoa da Pampulha surgem a partir de suas construções para suprir uma demanda advinda do crescimento populacional, sua utilização como paisagem focal em projetos urba-

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Figura 61: Escultura Eterna Modernidade, 2017


nísticos e a decadência de seus territórios em consequência de políticas públicas ineficientes ou até mesmo inexistentes. O processo de hidromecanização da Lagoa da Pampulha, represou alguns rios da região com o objetivo de sanar os problemas de abastecimento da cidade que passava por um crescimento populacional acelerado e desorganizado. Os blocos de arrimo de cimento e alvenaria de cerca de 18 metros de altura foram erguidos para sustentar

o peso da água, uma obra pública cuja licitação foi vencida pela empresa Ajax Côrrea o um novo fluxo na cidade com abertura de avenidas e a construção de um complexo de lazer com caráter turístico. O projeto urbano juntamente com o Conjunto Arquitetônico da Pampulha marcou a parceria entre JK e o arquiteto Oscar Niemeyer na produção imagética de novos símbolos para o país, como viria a ser o caso de Brasília já que, segundo

Campos (1983 apud ÁLVARES e SOUZA, 2006), a autopromoção de Kubitschek através da transformação do espaço trazia claras intenções políticas e elitistas, sob uma fachada populista e de vanguarda. De fato, o projeto possui um significado profundo para a sociedade, tanto no âmbito histórico como um marco para arquitetura moderna brasileira, quanto representativo da própria dinâmica da sociedade. Isso fica bastante evidente nos

Em 1940, quando assumi a Prefeitura de Belo Horizonte, aquela capital de meu Estado natal, apesar do seu extraordinário desenvolvimento – ou, quem sabe, por isso mesmo – não atendia aos desafios da época. Impunha-se sua modernização, de forma adaptá-la às necessidades do progresso, que exigia, como requisito da maior importância, seu condicionamento às crescentes solicitações, quer da era do automóvel, quer do incipiente desenvolvimento turístico. Assim, depois de modernizar o calçamento, abrir avenidas espaçosas, criar novos bairros residenciais, tive minha atenção voltada para a Pampulha – lindo recanto paisagístico que poderia ser convertido, sem grandes despesas, num pólo de atração turística. A remodelação do centro urbano havia constituído meta prioritária; mas essa remodelação não era tudo. A cidade precisava respirar; adquirir seus próprios pulmões; converter-se, enfim, em organismo vivo, tirando oxigênio do ambiente que a cercava, para absorvê-lo, de modo que sua circulação sanguínea se fizesse de modo racional. Pampulha, pensava eu, poderia se converter no centro de atração turística que faltava em Belo Horizonte. KUBITSCHEK, 1994, p 80

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omo um todo – passeios, calçamentos, miradouros e paradas. Os edifícios modernistas e os jardins

ram saudados com obras de outros artistas: Cândido Portinari, Alfredo Ceschiatti, Augusto Zamoyski e

osé Alves Pedrosa.

critérios usados pela UNESCO1 ao reconhecer, em 2016, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha como Patrimônio Cultural da Humanidade. Em seu texto o órgão ressalta seu caráter precursor e inovador pela forte percepção de conjunto revelada na relação entre paisagem e os bens edificados, bem como o trabalho integrado de expoentes da arquitetura, artes e paisagismo, além do intercâmbio de valores humanos que afetaram o desenvolvimento da arquitetura, as artes monumentais, o urbanismo e o paisagismo.

Figura 62: Distribuição da arquitetura na orla da Pampulha

Figura 13: Esquema da disposição dos edifícios de Oscar Niemeyer em torno da porção leste da Lagoa da Pampulha. Legenda edifícios: (a) Cassino; (b) Casa do Baile; (c) Iate Clube; (d) Igreja da Pampulha; (e) Casa JK; (f) Hotel; (g) Aeroporto 60

1 A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, ciências naturais, ciências sociais/humanas e comunicações/informação.


Igreja São Francisco de Assis Primeira capela do Brasil construída com base na arquitetura moderna. Sua abóbada de concreto armado dispensou alvenarias, assumindo o papel de estrutura e fechamento. O interior abriga a Via-Sacra, ilustrada em quatorze painéis de Cândido Portinari. Os jardins, assim como os demais edifícios do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, são assinados por Burle Marx. Figura 63

Residência de Juscelino Kubitschek Construída para ser a casa de campo da família Kubitschek e para servir de exemplo na região, representando o estilo de morar modernista. Os jardins de Burle Marx estão localizados tanto na frente quando nos fundos da casa. Assim como o Iate Golfe Clube, uma das características mais fortes da residência de Jubitschek é seu telhado “invertido”, comas águas caindo para o centro. Em 2013, a residência se transformou no museu Casa Kubitschek, apresentando um pouco da sua história através de espacializações, objetos e estímulos sensoriais. Figura 64

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Casa do Baile Constituído por dois volumes circulares conectados a uma marquise que acompanha o desenho das curvas da ilha artificial. Uma calçada portuguesa pode ser percebida em todo o entorno da edificação, ampliando o caráter público do espaço. Atualmente, sedia o Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design de Belo Horizonte. Figura 65

Cassino Primeiro projeto do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, composto por três volumes contrastantes, com suas paredes de mármore ônix, colunas de aço inoxidável e luz natural oriunda de suas janelas. Os jardins de Burle Marx são adornados com esculturas de Ceschiatti, Zamoyski, Alves Pedrosa e Amilcar de Castro. A partir de 1957, foi transformado no Museu de Arte da Pampulha, inaugurado junto ao aniversário de 60 anos da capital mineira. Figura 66

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Iate Golfe Clube Diferente dos demais edifícios, este apresenta linhas duras. Destaca-se pelo inovador telhado “invertido” com inclinação em “V”, simulando um barco atracado às margens da lagoa. Na fachada, brises metálicos para proteger o salão da incidência solar. Seus salões são ornamentados paineis e obras de Portinari e Meniccuci. Hoje o clube é voltado outro esporte, e com isso, se chama Iate Tênis Clube.

O projeto urbanístico da Pampulha serviu aos anseios de uma classe dominante que almejava um bairro com grandes lotes residenciais e equipamentos esportivos e de lazer apropriados, em um cenário bucólico, cercado de natureza. Mas, segundo Bruand (2003), tal projeto urbanístico não assegurava um desenvolvimento equilibrado no longo prazo, desconsiderando a possibilidade de crescimento popula-

cional da região e facilitando, desde seu início, a especulação imobiliária local. Uma sucessão de acontecimentos inviabilizaram a concretização do projeto conforme havia sido planejado, impedindo o funcionamento simultâneo dos componentes arquitetônicos do complexo, gerando um retraimento no entusiasmo do empreendimento. Em 1946 um decreto federal proibiu jogos de azar no Brasil, levando

Figura 67

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ao fechamento do Cassino com menos de 5 anos de uso, e consequentemente da Casa de Baile que tinha suas atividades atreladas ao primeiro. A igreja de São Francisco de Assis realizou sua primeira missa oficial quase 15 anos após sua construção, pois a Igreja Católica não a consagrou como templo religioso até 1959. Assim como a região da Represa Guarapiranga, o território da Lagoa da Pampulha sofreu com um aumento populacional, principalmente nas classes sociais mais vulneráveis, levando a uma ocupação não planejada nas regiões mais periféricas da cidade, como resultado da necessidade de moradia associada a uma inexistência de política pública habitacional. Como consequência dessa ocupação irregular no entorno da Pampulha houve forte contaminação

“ 64

das águas, suspendendo a prática de esportes aquáticos na lagoa. Já bastante deteriorada de seu uso original, em 1954 o rompimento da barragem diminuiu drasticamente o nível da água e a recuperação só veio 4 anos depois, deixando seus componentes arquitetônicos desarticulados e em desuso. Desse modo o loteamento deixou de ser atrativo às classes mais ricas e a região passou a ser frequentada por estratos mais populares da sociedade, também por conta da inauguração do Jardim Zoológico em 1959 e do estádio de futebol Mineirão em 1965. Décadas se passaram até que um programa de revitalização fosse executado, apenas na década de 2000 teve início o programa de descontaminação da lagoa e retomada, ainda que tímida, de políticas públi-

cas na revitalização do caráter turístico do conjunto. Um dos motivos para essa retomada foi justamente a candidatura ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, cujo processo envolveu alguns arquitetos e urbanistas que projetaram adequações do território ao uso atual, turístico de caráter mais popular, incentivando esta freqüência e proporcionando ao público em geral maior conforto em equipamentos de acesso gratuito e irrestrito (ÁLVARES e SOUZA, 2006). Foram criados pistas para melhorar a fruição, banheiros, ciclofaixas e um mirante para aproximar os visitantes da água da lagoa. Essa revitalização popularizou a região como destino turístico, mesmo que as políticas adotadas tenham sido mais eficientes em vender a

Ao serem apresentados como instrumentos capazes de obter consenso político para a execução de grandes projetos de crescimento econômico e desenvolvimento urbano, os planos estratégicos, a nosso ver, são também verdadeiras fábricas de imagem, pois mediante a necessidade de construir ou modificar as “imagens da marca” da cidade para projetá-la no exterior, se utilizam do marketing para promover seus principais “produtos” como por exemplo turismo, cultura ou serviços de ponta. COMPANS apud ÁLVARES & SOUZA, 2006


Figura 68: Vista aérea da Pampulha, 2014

imagem do que concretizar projetos que garantisse de fato a recuperação e a conservação física e memorial do conjunto. Mesmo sendo bastante visitada por turistas, ainda é possível perceber a ausência de um plano turístico integrado capaz de sanar a falta de articulação entre os edifícios arquitetônicos, a ineficiência do transporte coletivo em conectar essa região com a cidade e a baixa distribuição de equipamentos urbanos

voltados ao turismo. O caso do Conjunto Arquitetônico da Pampulha reflete bem a dicotomia entre os benefícios de uma construção imagética do território para a sociedade se dispor a ocupá-lo ao passo que ela seja um recurso valioso para administrações públicas usaram como camuflagem de suas ineficiências. A comparação entre a situação do Conjunto Santapaula na Represa

Guarapiranga e o Conjunto Arquitetônico da Pampulha mostra o reconhecimento oficial de um espaço, seja por criação imagética ou títulos de proteção, é importante, porém não o suficiente para manter a integridade física do local. É fundamental que a arquitetura seja preenchida de cotidiano para se firmar no imaginário social, realmente assegurando sua preservação e memória.

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Projeto de Ressignificação PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

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Este é um projeto que não só requalifica um espaço ocioso, como também cria um espaço onde a população usufruir e se reconhecer. Analisando a área envoltória demarcada pelo DPH no processo de tombamento,

fica nítida a característica comercial da Avenida Atlântica. Isso representa um problema na medida em que esses estabelecimentos comerciais formam uma barreira que limita a aproximação das pessoas com

Vista noturna da fachada

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a represa. Muitos desses estabelecimentos são restaurantes com extensos estacionamentos cuja entrada só é socialmente aceita mediante o consumo, segregando a parcela mais vulnerável da população que, não tendo condições de frequentar esses lugares, não têm a chance de desfrutar da paisagem. Sendo assim, a proposta de criar uma praça-museu na Garagem de Barcos é a maneira ideal de tornar a paisagem mais acessível ao passo que aproxima a população da produção artística nacional

e internacional. Este projeto entende o Conjunto Santapaula como uma unidade indissociável, inclusive pela presença do túnel subterrâneo que liga a Garagem de Barcos à antiga sede do clube. Por isso há uma intenção de projeto para que o edifício Sede seja de uso para educação pública profissional e tecnológica, atendendo as necessidades de uma população que não tem acesso a esse tipo de estudo nas regiões próximas a sua residência.

Figura 69: Área envoltória do Conjunto Santapaula determinada pelo DPH

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Residencial Comércio / Serviços Parques sem qualificação Institucional

Figura 70: Mapa de uso e ocupação do solo

NOVOS FORMATOS PARA O ESPAÇO COLETIVO ARTÍSTICO

O processo de propor uma nova atividade para este espaço que nunca se consolidou, começa por definir qual o uso será mais adequado ao objeto e seu sítio. Dentre as possibilidades existentes como manter seu uso náutico ou transformá-lo num restaurante, por exemplo, a res-

posta surge na análise social do seu entorno e de sua relação com a paisagem. O edifício, projetado para ser um portal de ligação entre a cidade e a paisagem criada pela represa, tem a permeabilidade característica das obras do arquiteto que também projetou o edifício da FAU-USP no mesmo período. Por isso ele demanda um uso coletivo, aberto e inspirador para a sociedade. Criar um espaço para exibição de obras artísticas na Ga-

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Uma pintura é uma janela que se abre para uma realidade diferente. Leonardo Da Vinci

ragem de Barcos requer um esforço para imaginar as possibilidades que ela pode oferecer para esta nova função, já que sua ambientação está longe de configurar a concepção tradicional de um museu, tanto por sua espacialidade quanto por sua potencialidade territorial nos dias atuais. A arte é o resultado da especulação humana na natureza, na realidade, em si mesma e todas as suas subjetividades, como uma jornada do ser humano em busca de conhecer e significar sua própria existên-

cia. Quando o homem na Antiguidade pintava cenas de caça, acreditando que o resultado da ação posterior tinha relação com a imitação do desenho, chamado de magia simpática, as paredes das cavernas eram o suporte ideal para a representação do pensamento abstrato de algo que ainda estava por vir. A crença dos egípcios que a qualidade da vida pós-morte estava relacionada a sua representação colocou essas pinturas no interior dos túmulos. Hoje seus atributos artísticos estão relacionados com a técnica e a história daquela sociedade. O lugar da arte sempre esteve ligado a forma como a sociedade registra seu tempo, a arte sacra estava na igreja, sua principal fonte de inspiração; já no renascimento a retratação do homem como novo centro estava nas paredes dos nobres. O museu, como conhece-

mos, faz parte de um pensamento moderno que busca catalogar, ordenar e exibir o conhecimento humano. É um espaço que, mesmo sendo capaz de proporcionar experiências catárticas, mantém muito claramente a distinção entre autor e espectador. O advento de tecnologias como a fotografia e o cinema expandiram as fronteiras do que era conhecido como o lugar da arte, mas ainda é uma produção da elite para ser consumida de acordo com suas regras. Mas é da desigualdade social, segregação dos centros urbanos que surge a arte que usa como suporte a própria cidade dando voz aos mais desfavorecidos. A pichação, ou grafite, surge do movimento hip hop1, nas décadas de 1960 - 1970 em diversas cidades comunicando ideias de forma transgressora. Em Nova York surge no Brooklin, perife-

1 Apesar de ser em sua essência, um gênero musical, a partir do hip hop foi desenvolvida uma subcultura definida por quatro pilares: o rap, scratch (técnica musical de “arranhar” o disco vinil), breakdance e gratife

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Figura 71: Pichações na Garagem de Barcos, 2017

ria da cidade, quando pessoas estampavam seus nomes, marcas ou frases nos trens que circulavam entre lá e Manhattan, e assim eram vistos de alguma forma por aquela camada privilegiada da sociedade. No Brasil, na década de 1960, durante a ditadura, frases contra o regime militar eram feitas

nos muros e nos prédios com letras bem legíveis para serem entendidas por toda população alfabetizada. Mesmo sendo algo novo e desprezado pela sociedade, a pichação é um meio de comunicação urbano que possui uma estética própria, com criadores que desenvolvem suas

próprias letras e palavras. O editor do documentário Cidade Cinza, Marcelo Mesquita, diz que o movimento é mais forte em São Paulo por esta ser uma cidade murada, desumana, que oprime a necessidade de ter voz, encontrando assim na pichação, o instrumento ideal. A própria Garagem de Barcos está

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Figura 72: Exemplo de uso de Realidade Aumentada no MoMA

pichada, mostrando que algum grupo viu ali uma superfície de comunicação e a tomou para si, tornando a arquitetura abandonada o suporte para sua linguagem. Em março de 2018, um grupo de artistas chamado MoMAR lançou uma exposição não autorizada no MoMa, um dos

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principais museus da cidade de Nova York e para acessá-la era preciso ter um smartphone com o aplicativo gratuito deles. Através do recurso de Realidade Aumentada era possível visualizar as obras animadas desses artistas posicionando a câmera do dispositivo na na frente de algumas telas. A ideia

por trás desse movimento era democratizar espaços de exibição física, museus e a curadoria da arte dentro deles. A proposta de transformação deste espaço em lugar de cultura, é colocar a arte em novos suportes para que a experiência seja mais imersiva, coletiva e compartilhada, rompendo


com a formalidade tradicional das exposições museológicas e a distinção inflexível entre o artista e o espectador. Para isso o uso da Realidade Aumentada (A.R.) é fundamental para consolidar esse entrelaçamento de linguagens e democratizar tanto a criação como a interação com as obras expostas. Essa tecnologia permite que a pessoa tenha acesso à informações sobrepostas ao ambiente, ativadas por geolocalização através de um smartphone.

Figura 73: Interação com Realidade Aumentada no MoMA

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MEMORIAL

DESCRITIVO

Implantação do Parque



Visão isométrica do estacionamento do parque

Elevação Represa Guarapiranga 76

Para o amplo espaço disponível no terreno de 400 metros lineares, o projeto da praça abriga vários tipos de experiências e trajetos. Tendo em vista a importância de manter um um nível de conexão com os lotes vizinhos, nas extremidades foram alocadas áreas relativas a veículos: do lado norte, fazendo fronteira com um restaurante, o estacionamento marca o final do parque sem criar uma fronteira física. Do outro lado, fazendo divisa com uma grande área sem uso definido, o passeio que se estende sobre a água tornando-se um píer para embarcações aquáticas, mantendo a amplitude visual que a área exige e possibilitando a extensão do parque para este terreno vizinho. O programa de necessidades

é um reflexo das novas possibilidades de espaço artísticos, assim as galerias foram distribuídas na praça, a céu aberto nos encontros dos percursos, espaços pavimentados, aptos a receber esculturas maiores e performances artísticas. A sinuosidade dos caminhos asseguram a premissa do passeio contemplativo, com aberturas que ampliam a calçada até pontos de entrada da praça, formando uma rede capaz de levar o fluxo para diferentes experiências sensoriais enquanto desfruta da amplitude visual da paisagem natural. Esses caminhos avançam sobre a água com deques que permitem o passeio e a permanência dos visitantes sobre a represa. O tradicional auditório também ganha uma relei-


tura ao passo que foi alocado á céu aberto, também próximo da água, aproveitando o recorte ortogonal do terreno feito no projeto original. É um palco com cerca de 210m², semi cercado por uma arquibancada acessível por escadas e uma longa rampa de inclinação suave, destinado à apresentações, performances e práticas coletivas de treinos esportivos e meditação. Todo o projeto foi pensado para gerar acontecimentos aproveitando o recurso natural da represa e evidenciando o edifício como um portal de ligação entre a cidade e a natureza. A edificação, sendo uma grande cobertura, serve de abrigo para exposições artísticas capazes de interagir com o

ambiente, já que a ausência de paredes proporciona uma amplitude visual capaz de englobar natureza e arte. O antigo depósito de motores é uma sala de 300m² semienterrado na topografia desenhada pelos arquitetos do projeto original. Essa sala com 2 janelas trapezoidais e uma abertura zenital, foi transformada em um ambiente capaz de receber eventos que necessitem de total controle da iluminação. Localizado no pavimento térreo, nivelado com a avenida, está o núcleo que concentra os usos administrativos e comerciais. Por não possuir acervo próprio, não há a necessidade de um grande depósito, por isso o almoxarifado divide o mesmo espaço que o escritório

para 4 pessoas. Neste bloco estão os banheiros e o café, cuja circulação se dá pelo volume de de vidro que o cerca, cuja estrutura é totalmente independente e reversível.

Píer para embarcações

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PARTIDO

ARQUITETÔNICO

sobre os monumentos destruídos no período pós-guerra, com significação social e simbólica, conciliando pontos de A proteção de bens cultu- teorias anteriores. Brandi (1964 rais é um ato moderno, pois apud DO CARMO, 2016) entensomente o homem antropo- de que o ato do restauro exige lógico volta para si e para sua que o objeto seja reconhecido construção histórica, assim a pelo observador como obra de arquitetura passa a ter um pa- arte, e inicia a linha de pensapel documental, simbólica e mento do restauro crítico, afiremocional numa sociedade. mando que é fundamental que Dentre os teóricos que pensa- se faça reconhecível a distinção ram sobre a prática de preser- entre a matéria original e o ato vação do patrimônio arquite- do restauro. É comum encontrar protônico, o que mais dialoga com as necessidades deste projeto jetos de restauração em edié o historiador e crítico Cesare fícios com mais de 100 anos Brandi (1906-1988) que em sua ou de períodos anteriores ao publicação “Teoria da Restau- modernismo. Mas o que há de ração” de 1963, faz uma reflexão peculiar nesta obra é a recen-

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ticidade e a força do discurso do arquiteto que ainda está presente na construção, afinal o projeto é de um dos fundadores da escola paulista de arquitetura. Portanto a voz do arquiteto Vilanova Artigas faz-se presente no desenvolvimento deste projeto para além do que já está construído, mas na proposta de mantê-lo aberto à cidade e visível à população. Por seu histórico de abandono e descuidos, o processo de recuperação desta edificação passa por uma etapa de subtração. Isso porque ao longo do tempo houveram adaptações físicas que, além de danificar a estrutura, ocultaram aspectos fundamentais da estrutura.


Nesta retirada perde-se alguns aspectos do projeto original, cuja recuperação fica destituída de propósito, como é o caso das paredes de tijolo de vidro sob a laje mais ao sul, cuja completa retirada explicita a solução estrutural da laje tripartida e favorece a continuidade do ambiente pensada pelos arquitetos do projeto original.

Figuras 74, 75 e 76: Construções feitas na década de 1970 que descaracterizaram e prejudicaram a obra, que serão retiradas como parte do projeto.

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C

D

A

A

B

B

C

D

Planta Térreo Nível 742.5

1. Área de convivência 2. Café 3. Cozinha 4. Ateliê

80

5. Banheiros 6. Galeria aberta 7. Pátio central 8. Galeria fechada

0

5

15

30


C

D

A

A

B

B

C Já na outra extremidade, a retirada do volume original dos banheiros, a antiga cozinha e o balcão, deu lugar para o anexo com novas funções pertinentes ao novo uso. Ele é marcado por dois volumes que se interseccionam e extrapolam a projeção original. O cubo funcional é um bloco

que abriga o ateliê, os banheiros e a cozinha do café. Seu material é fruto das novas experimentações com o concreto, e assimila o ícone do brutalismo da estrutura original com a importância que Artigas dava para a luz natural. O resultado é um bloco de concreto translúcido que durante o dia ir-

D radia a luz de fora para dentro e a noite, de dentro para fora. A intersecção do bloco de concreto com o bloco de vidro torna visível suas quatro faces. A estrutura metálica é totalmente independente do edifício original de forma a preservar sua condição termodinâmica.

Planta Subsolo Nível 740

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Corte AA Bloco de concreto translúcido (100 cm x 50 cm x 10 cm)

Corte CC

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O processo de fabricação do bloco de concreto translúcido, material do novo anexo, consiste em inserir fibras ópticas na fôrma junto com a massa do concreto. Após o tempo de cura, o bloco é de-

senformado e lixado pra homogenizar a superfície. Assim, a fibra ótica que compõe o bloco permite a passagem da luz sem que o material perca suas propriedades acústicas ou térmicas.


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Borracha de vedação

Laje de concreto

Suporte metálico de apoio

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Vidro duplo jateado

Corte BB

Viga metálica Corte DD Detalhamento do piso de vidro Escala 1:50

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Elevação Av. Atlântica

Vista do café a partir da escada


Elevação norte

Elevação sul

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Considerações Finais PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

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Visão do café e do ateliê anexo, vista a partir da Av. Atlântica


Vista da Garagem de Barcos a partir de um dos decks da praça-museu

O projeto de dar um novo uso para a Garagem de Barcos do Conjunto Santapaula passa pela restauração física do edifício, mas é, principalmente, a criação de um novo lugar, num espaço existente, onde a população mais vulnerável, carente de locais de qualidade para se expressar, consiga criar um vínculo de identificação e apropriação. As pesquisas históricas indicaram diversos fatores que, jun-

tos, contribuíram para o atual estado de abandono do edifício, demonstrando que o projeto de restauração repercute para além do lote. O espraiamento urbano que ocorreu na cidade de São Paulo, fenômeno que empurra os menos favorecidos para as periferias e promove um crescimento horizontal da mancha urbana, impactou diretamente no conjunto à medida em que a elite para a qual se destinava, migrou


Vista da entrada da galeria

para outras regiões com a chegada desses trabalhadores mais pobres. Com esse fato consolidado, a análise dos dados socioeconômicos atuais permitiu traçar um panorama da região demonstrando qual é o público que se beneficiaria do projeto, ou seja, essa ressignificação confere um uso inédito que contempla um público muito maior preservando o patrimônio arquitetônico através da ocupação coletiva. A ruptura com lógica exclusivista que fracassou mais de uma vez em manter esta obra ativa, se

mostrou uma tendência contemporânea dos anseios da cidade atual que sofre com a falta de espaços de lazer desvinculados do consumo, acessíveis e convidativos à população mais carente, dando-lhe voz e meios para manifestações artísticas. Os estudos de caso validaram o projeto mostrando que as metrópoles carecem desse tipo de lugar que amplia o espaço urbano ao invés de criar barreira entre o cotidiano e a arte como é o caso do MuBe. O restauro do prédio da Light na beira de uma avenida expressa

prova que a população se beneficia desses pontos de pausa e contemplação da cidade e que a história da arquitetura deve estar presente no cotidiano. Já estudando a paisagem da Pampulha foi possível entender como é importante ter pontos focais de identificação na cidade, servindo como registro histórico para sua construção social. Este projeto é a soma de várias vozes na criação de um espaço propício para o surgimento de novas vozes, diálogos e expressões.

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§ 1º. O tombamento do Conjunto arquitetônico do antigo Santa Paula Iate Clube, corresponde ao perímetro que coincide com os limites do lote no qual está inserida a sede social do antigo clube e do lote no qual está inserida a garagem de barcos acrescido da extensão variável até o limite da represa Guarapiranga, além do túnel que liga estas duas áreas (mapa anexo). § 2º. No conjunto de piscinas, preservam-se os acessos, os bancos e muros de pedra/concreto ciclópico que definem seus planos e patamares e as piscinas de uso adulto e infantil, destacando-se a solução arquitetônica deste conjunto e sua relação com o edifício da garagem de barcos. § 3º. Preserva-se o túnel de ligação, destacando-se sua importância como conexão entre as construções criando a noção de conjunto. § 4º. Na garagem de barcos, respectiva rampa de acesso à represa Guarapiranga e muros de arrimo que constroem o limite com a represa (ancoradouro); preserva-se a volumetria, fachadas, muros de pedra/concreto ciclópico, acessos e patamares construídos, destacando-se as soluções estruturais e a relação

REFERÊNCIAS

ANEXOS sexta-feira, 1º de julho de 2016 Resolução Sc 90, de 30-6-2016 Dispõe sobre o tombamento do antigo Santa Paula Iate Clube, no município de São Paulo O Secretário de Estado da Cultura, nos termos do artigo 1º. do Decreto Lei 149, de 15-08-1969, e do Decreto Estadual 13.426, de 16-03-1979, cujos artigos 134 a 149 permanecem em vigor por força do artigo 158 do Decreto Estadual 50.941 de 5 de julho de 2006, com nova redação dada ao Artigo 137, que foi alterada pelo Decreto Estadual 48.137, de 7 de outubro de 2003, e considerando: • - as manifestações constantes do Processo CONDEPHAAT 66688/12 o qual foi apreciado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – CONDEPHAAT - em Sessão Ordinária de 09-122013, Ata 1732, cuja deliberação foi favorável ao tombamento do Santa Paula Iate Clube, no município de São Paulo, sendo a minuta de Resolução de Tombamento também aprovada por aquele Conselho, na mesma sessão; • - o significado da produção de João Batista Vilanova Artigas para a compreensão da história da arquitetura paulista e pela sua interpretação peculiar dos princípios da arquitetura moderna; • - que sua arquitetura apresenta constante e audaciosa atitude de experimentação; • - a representatividade do edifício como programa de lazer no período de 1956 a 1985 dentro do panorama da obra do arquiteto; • - sua solução arquitetônica, que incorpora a permeabilidade do edifício da garagem de barcos e a relação indissociável deste com a Represa Guarapiranga, a conexão entre elementos através de passagem subterrânea e o desenho das piscinas e os muros de pedra e concreto ciclópico que garantem unidade ao conjunto projetado; RESOLVE: Artigo 1º - Fica tombado na categoria de bem cultural o conjunto arquitetônico do antigo Santa Paula Iate Clube, situado à Avenida Berta Waitman, 315, e Avenida Atlântica (antiga Robert Kennedy), 4308 e 4900, no bairro de Interlagos, no município de São Paulo. § 1º. O tombamento do Conjunto arquitetônico do antigo Santa Paula Iate Clube, corresponde ao perímetro que coincide com os limites do lote no qual está inserida a sede social do antigo clube e do lote no qual está inserida a garagem de barcos acrescido da extensão variável até o limite da represa Guarapiranga, além do túnel que liga estas duas áreas (mapa anexo). § 2º. No conjunto de piscinas, preservam-se os acessos, os bancos e muros de pedra/concreto ciclópico que definem seus planos e patamares e as piscinas de uso adulto e infantil, destacando-se a solução arquitetônica deste conjunto e sua relação com o edifício da garagem de barcos. § 3º. Preserva-se o túnel de ligação, destacando-se sua importância como conexão entre as construções criando a noção de conjunto. § 4º. Na garagem de barcos, respectiva rampa de acesso à represa Guarapiranga e muros de arrimo que constroem o limite com a represa (ancoradouro); preserva-se a volumetria, fachadas, muros de pedra/concreto ciclópico, acessos e patamares construídos, destacando-se as soluções estruturais e a relação

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Diário Oficial Poder Executivo - Seção I visual e de materiais que estas construções mantêm com o conjunto de piscinas. Artigo 2º - Com vistas a preservar a unidade do bem tombado e sua integração com a cidade, ficam estabelecidas as seguintes diretrizes: I - Devem ser respeitadas em suas feições originais, as características externas e volumétricas das construções indicadas nos parágrafos 2º, 3º e 4º do Artigo 1º desta Resolução, bem como elementos de composição de fachadas, materiais de vedação e vãos. II - Serão permitidas demolições de intervenções que tenham desfigurado os partidos arquitetônicos originais não contribuindo para a melhor adequação do espaço. III - De modo a preservar as relações entre as edificações destacadas neste tombamento, demolições ou construções de novos edifícios dentro do perímetro tombado (áreas livres) devem ser objeto de aprovação prévia pelo Conselho. Os projetos apresentados para aprovação devem expressar com clareza as relações entre as novas construções e as destacadas neste ato. IV - Será permitida e até recomendável a substituição dos muros de fechamento da sede social por elemento de fechamento que garanta a visibilidade do bem. V - Será permitido e até recomendável que caso o edifício da sede social seja mantido no lote, seu pavimento correspondente ao nível de acesso a partir da Rua Berta Waitman seja alterado de forma a permitir a visibilidade do conjunto de piscinas do ponto de vista do pedestre a partir desta rua, mantendo a relação visual com o conjunto do antigo clube. Artigo 3º - Conforme prevê o Decreto n. 48.137, de 07-102003 e visando preservar e valorizar o bem em questão como patrimônio cultural do Estado, bem como a percepção e a compreensão dos elementos referenciais da paisagem, e combater a degradação ambiental, fica determinado o seguinte conjunto de normas para a área envoltória: I – Estabelece-se como área envoltória o perímetro que tem início na confluência da Rua Berta Waitman com a Rua Ari Burjato Caires, segue pela Rua Ari Burjato Caires, deflete à direita e adentra a quadra seguindo pelo alinhamento do muro de divisa do lote que se localiza na esquina das ruas Berta Waitman, Ari Burjato Caires e Av. Robert Kennedy, segue pela Av. Robert Kennedy, Rua Berta Waitman até o ponto inicial. II - Para a área delimitada, fica determinado o recuo de 15 metros a partir do alinhamento do lote em relação à Rua Berta Waitman e de 10 metros a partir do alinhamento do lote em relação à Av. Robert Kennedy, para os imóveis nelas inclusos e para novas edificações. III - Para a área delimitada, fica determinada a restrição da implantação de elementos veiculadores de publicidade externa, aqui denominados como anúncios, nos imóveis dentro e no entorno imediato fronteiros externamente ao perímetro de tombamento. Artigo 4º - Fica o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo autorizado a inscrever no Livro do Tombo competente, o bem em referência, para os devidos e legais efeitos. Artigo 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

V. - Ronald Polito de Oliveira, RG 1.629.031. Artigo 2º - O Júri Final tomará as decisões referentes à Segunda Etapa do Prêmio de que trata o artigo 1º desta Resolução, elegendo os 3 (três) vencedores dentre os livros que compõem as listas de finalistas de cada categoria, sendo: 1 (um) vencedor para o “Prêmio São Paulo de Literatura de Melhor Livro do Ano de 2015 - Autor não Estreante no gênero romance de ficção”; 1 (um) vencedor para o “Prêmio São Paulo de Literatura de Melhor Livro do Ano de 2015 - Autor Estreante no gênero romance de ficção com até 40 (quarenta) anos de idade”; 1 (um) vencedor para o “Prêmio São Paulo de Literatura de Melhor Livro do Ano de 2015 - Autor Estreante no gênero romance de ficção com mais de 40 (quarenta) anos de idade”. Artigo 3° - O valor para atender as despesas de cada jurado será de R$ 4.500,00. Artigo 4° - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Resolução SC 91, de 30-06-2016 Recondução de servidor público às funções de Ouvidor no âmbito da Secretaria da Cultura O Secretário de Estado da Cultura, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 100, inciso II, alínea “b” do Decreto 50.941, de 05-07-2006, considerando o disposto na Lei 10.294, de 20-04-1999 que trata da proteção e defesa do usuário do serviço público do Estado de São Paulo e com fundamento no artigo 9º do Decreto 60.399, de 29-04-2014, RESOLVE: Artigo 1º - Reconduzir Margaret Steagall, RG 7.821.832-9, Assistente Técnico IV do SQC-I do Quadro desta Pasta, para continuar exercendo as funções de Ouvidora da Secretaria da Cultura, nos termos do artigo 2º da Resolução SC-55, de 02-12-1999. Artigo 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus efeitos a 19-06-2016, Resolução SC 92, de 30-06-2015

Ari Burjato Caires e Av. Robert Kennedy, segue pela Av. Robert Kennedy, Rua Berta Waitman até o ponto inicial. II - Para a área delimitada, fica determinado o recuo de 15 metros a partir do alinhamento do lote em relação à Rua Berta Waitman e de 10 metros a partir do alinhamento do lote em relação à Av. Robert Kennedy, para os imóveis nelas inclusos e para novas edificações. III - Para a área delimitada, fica determinada a restrição da implantação de elementos veiculadores de publicidade externa, aqui denominados como anúncios, nos imóveis dentro e no entorno imediato fronteiros externamente ao perímetro de tombamento. Artigo 4º - Fica o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo autorizado a inscrever no Livro do Tombo competente, o bem em referência, para os devidos e legais efeitos. Artigo 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

São Paulo, 126 (121) – 61 I - § 1º, inciso I, alínea “b”: “a) José Ronaldo da Silva, RG 6.373.615-9;” (NR) II - § 1º, inciso II, alínea “d”: “d) Andrea Thomioka, RG 22.213.103-2;” (NR) Artigo 1º - O artigo 1º da Resolução SC 95, de 02-09-2015 passa a vigorar acrescido dos seguintes dispositivos: I - O inciso I, acrescido da alínea “h”: “h) Luiz Fernando Mizukami, RG 23.143.023-1” (NR) I - O inciso II, acrescido da alínea “h”: “h) Daniela Capelato, RG 8.538.750-2” (NR) Artigo 2º - Permanecem inalterados os demais dispositivos da Resolução SC 95, de 02-09-2015. Artigo 3º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Resolução SC 83, DE 29-06-2016 Institui a Comissão de Seleção dos Editais 2016 do Programa de Ação Cultural O Secretário de Estado da Cultura, nos termos do artigo 16 da Lei 12.268/2006 e do artigo 16, do Decreto 54.275, de 27-04-2009, resolve: Artigo 1º - Ficam designadas para compor a Comissão de Seleção do Edital ProAC 42/2016 - “CONCURSO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES DE FOMENTO AO AUDIOVISUAL NO ESTADO DE SÃO PAULO” do Programa de Ação Cultural, as seguintes pessoas: I. Cristina Alvares Beskow, RG 32.694.414-X, funcionando como presidente da referida Comissão; II.Jair Alberto Brassalotti Junior, RG 28.080.563-9, funcionando como vice-presidente da referida comissão; III. Luciana de Castro Sollero, RG 25.946.098-9; IV. Almir Antonio Rosa, RG 20.389.270-7; V. Leila Bourdoukan, RG 24.585.594-4. Artigo 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Resolução SC 80, de 29-06-2016

Determina a abertura de Apuração Preliminar Institui a Comissão de Seleção dos Editais 2016 do O Secretário de Estado da Cultura, no uso das atribuições Programa de Ação Cultural que lhe são conferidas pelo Decreto 50.941, de 5 de julho de 2006, e suas alterações, O Secretário de Estado da Cultura, nos termos do artigo RESOLVE: 16 da Lei 12.268/2006 e do artigo 16, do Decreto 54.275, de Artigo 1º - Fica constituída Comissão para Apuração Preli- 27-04-2009, resolve: minar da referência a esta Secretaria em matéria publicada na Artigo 1º - Ficam designadas para compor a Comissão de Folha de São Paulo desta data, Caderno Ilustrada, páginas C1, Seleção do Edital ProAC 32/2016 - “CONCURSO PARA BOLSA DE C3 e C4, relativa à Operação Boca Livre da Polícia Federal. INCENTIVO À CRIAÇÃO LITERÁRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO Parágrafo único - Integram a Comissão Mara Silvia Ruzza - - POESIA” do Programa de Ação Cultural, as seguintes pessoas: Diretora do Departamento de Administração; Antonieta George I. Luiz Carlos Seixas, RG 7.606.632-0, funcionando como Dertkigil - Diretora do Grupo de Editais e Prêmios; Sildeia Maria presidente da referida Comissão; Pereira - Diretora do Departamento de Finanças e Orçamento e II.Wallace Puosso de Castro, RG 18.413.773-1, funcionando Tatiana Ricci Curimbaba de Paula - Assessora Técnica de Gabi- como vice-presidente da referida comissão; nete, sob presidência da primeira nomeada. III. Izacyl Guimarães Ferreira, RG 4.281.552-6; Artigo 2º - A Comissão deverá: IV. Iuri Pereira Jaime, RG 21.619.539-1; a.Identificar todos os processos, em curso nesta Secretaria V. Anelise Cristine de Moraes, RG 43.974.206-7. ou encerrados, em que figure como proponente ou Interessado: Artigo 2º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua 1.Grupo Bellini Cultural publicação. 2.Amazon Books & Arts, Master Resolução SC 79, de 29-06-2016 3.Solução Cultural Consultoria em Projetos Culturais Institui a Comissão de Seleção dos Editais 2016 do 4.Antonio Carlos Bellini Amorim Programa de Ação Cultural 5.Tânia Regina Guertas 6.Bruno Amorim O Secretário de Estado da Cultura, nos termos do artigo 7.Felipe Amorim 16 da Lei 12.268/2006 e do artigo 16, do Decreto 54.275, de 8.Zuleica Amorim 27-04-2009, resolve: 9.Vision Mídia e Propaganda Ltda MEResolução SC 086, de 30-06-2016 CONSIDERANDO Artigo 1º - Ficam designadas para compor a Comissãoasdeindicações registradas na ata de reu10. Master Projetos e Empreendimentos Culturais Ltda nião lavrada, nosBOLSA autos DE do Procedimento SC 7114/2016, na data Seleçãodo doJúri Edital 31/2016 PARA Nomeia os membros FinalProAC do “Prêmio São- “CONCURSO ME de 23-05-2016, INCENTIVO Paulo de Literatura 2016” À CRIAÇÃO LITERÁRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO 11. Pacatu Cultura, Educação e Aviação Ltda ME RESOLVE: PROSA” do Programa de Ação Cultural, as seguintes pessoas: O Secretário no uso da competência 12. Cult Produções de Arte, Cultura e Esporte de LtdaEstado da Cultura, Artigo 1° - Fica instituído o Júri Final do “Prêmio São Paulo Joaquim Guimarães RG 8.269.873-9, funque lhe é conferida pelo artigo I.100, incisoMaria I, alínea “j”, doBotelho,Literatura 13. Intercapital Belas Artes Ltda cionando como presidente da referidade Comissão; 2016”, para exercer as funções previstas no Item Decreto 14. Estúdio Gastronômico Ltda ME Estadual 50.941, de 05-07-2006, V, Subitem 5.4. do respectivo Edital de Concurso. II.Kiaranomeada Terra Ferraz RG 30.864.819-5, funcionando CONSIDERANDO que a Curadoria por Pupim, meio da 15. Rabello Entretenimento EIRELI Parágrafo único - São membros do Júri Final a que se refere comoexerceu vice-presidente da referida Resolução SC 46, de 19-05-2016, a atribuição, dispostacomissão; 16. Logística Planejamento Cultural Ltda o “caput” do presente artigo: III. Lucila Teresa Papacosta RG 4.118.048-3; no itemLtda V, subitem 5.2.2, do Edital de Concurso “Prêmio São Conte, 17. Mamalujo Produções Culturais EPP I. - Adriano Schwartz, RG 2.091.301-7;

RESOLVE: Artigo 1º - Fica constituída Comissão para Ap minar da referência a esta Secretaria em matéria Folha de São Paulo desta data, Caderno Ilustrada, C3 e C4, relativa à Operação Boca Livre da Polícia F Parágrafo único - Integram a Comissão Mara S Diretora do Departamento de Administração; Anton Dertkigil - Diretora do Grupo de Editais e Prêmios; S Pereira - Diretora do Departamento de Finanças e Tatiana Ricci Curimbaba de Paula - Assessora Técn nete, sob presidência da primeira nomeada. Artigo 2º - A Comissão deverá: a.Identificar todos os processos, em curso nes ou encerrados, em que figure como proponente ou 1.Grupo Bellini Cultural 2.Amazon Books & Arts, Master 3.Solução Cultural Consultoria em Projetos Cul 4.Antonio Carlos Bellini Amorim 5.Tânia Regina Guertas 6.Bruno Amorim 7.Felipe Amorim 8.Zuleica Amorim 9.Vision Mídia e Propaganda Ltda ME 10. Master Projetos e Empreendimentos C ME 11. Pacatu Cultura, Educação e Aviação L 12. Cult Produções de Arte, Cultura e Esp 13. Intercapital Belas Artes Ltda 14. Estúdio Gastronômico Ltda ME 15. Rabello Entretenimento EIRELI 16. Logística Planejamento Cultural Ltda 17. Mamalujo Produções Culturais Ltda E 18. Academia Brasileira de Arte, Cultura e b. Apontar o objeto de cada um desses process se houve deferimento do pedido e a fase em que se c. Proferir análise técnica, sob enfoque cultural ro, se for o caso. Artigo 3º - No prazo de 15 dias a Comissão sentar a este Gabinete relatório de conclusão dos relatório parcial, com pedido de prorrogação de p mente justificado. Resolução SC 93, de 30-06-2016

Cria Força Tarefa para ultimar anális de contas pendentes no âmbito do P

O Secretário de Estado da Cultura, no uso da que lhe são conferidas pelo Decreto 50.941, de 5 2006, e suas alterações, RESOLVE: Artigo 1º - Fica criada Força Tarefa com a f ultimar análises de prestações de contas pendente do ProAC ICMS, subordinada ao Coordenador da Fomento à Cultura, Aldo Luiz Valentim. § 1º - Integram a Força Tarefa os servidores: a.André Guilherme Medeiros Abibe; b. Angelica Francisca Aparecida Veiga; c. Antonio Roberto Pinto Guedes; d.Jacira Dutra dos Santos; e. Jessyca Sousa do Nascimento; f. Marco Antonio Brasilio; g.Natália Santos Duarte; h.Sandra Maria da Silva; i. Sônia Regina Oliveira Índio; j. Vanderli Assunção Ferrarezi. § 2º - O Coordenador da Unidade de Fomen poderá indicar os seguintes suplentes para a Força a.Eliane Neri Lourenço Maluf; b. Jenipher Queiroz de Souza; c. Paula Santos Garcia. Artigo 2º - O Coordenador da Unidade dever imediata instalação dos trabalhos da Força Taref dirigidos por Daniel Scheiblich Rodrigues - Diretor Projetos Incentivados. Artigo 3º - No prazo de 30 dias o Coordenado de Fomento à Cultura deverá apresentar a este G tório de conclusão dos trabalhos ou plano de atuaç a essa conclusão. Resolução SC 74, de 29-06-2016

Altera a redação da Resolução SC 9 2015, que dispõe sobre a composição de Análise de Projetos - CAP, para a beração sobre os projetos culturais obtenção do incentivo fiscal do Progr Cultural - ProAC

O Secretário de Estado da Cultura, no uso da que lhe é conferida pelo artigo 100, inciso I, al Decreto Estadual 50.941, de 05-07-2006, CONSIDERANDO as disposições do artigo 20 da 12.268, de 20-02-2006, cominado com o artigo 8 Estadual 54.275, de 27-04-2009; CONSIDERANDO o aumento na quantidade culturais destinados à obtenção do incentivo fisca artigo 6º da Lei Estadual 12.268, de 20-02-2006; CONSIDERANDO a conveniência e a oportu a implementação de mudanças na composição do C RESOLVE:


PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA CONPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo

RESOLUÇÃO Nº 03/CONPRESP/2007 O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP, no uso de suas atribuições legais e nos termos da Lei n° 10.032 de 27 de Dezembro de 1985, com as alterações introduzidas pela Lei n° 10.236 de 16 de Dezembro de 1986, de acordo com a decisão unânime dos Conselheiros presentes à 397a Reunião Ordinária realizada em 27 de fevereiro de 2007, Considerando o valor histórico, ambiental e arquitetônico do conjunto de edifícios do antigo Santapaula Iateclube, localizado à Avenida Robert Kennedy n°s 4308 e 4900 e Avenida Berta Waitman n° 315, no Bairro de Interlagos; Considerando o valor histórico, ambiental e paisagístico do Bairro de Interlagos (tombado pela Resolução n° 18/CONPRESP/2004), onde o conjunto de edifícios do antigo Santapaula Iateclube está inserido; Considerando que o Bairro de Interlagos e o conjunto de edifícios do antigo Santapaula Iateclube integram-se à Represa Guarapiranga, de inegável valor ambiental, paisagístico, histórico e turístico; Considerando que o conjunto de edifícios do Antigo Santapaula Iateclube foi projetado para abrigar serviços ligados ao esporte e lazer; Considerando que o uso inerente a esse conjunto é indissociável da Represa Guarapiranga e configura-se reconhecido e identificado pela população; Considerando o potencial de utilização apresentado pelo conjunto de edifícios do antigo Santapaula Iateclube, cuja importância reporta-se à região e conseqüentemente à Cidade de São Paulo; Considerando que a Garagem de Barcos, que integra esse conjunto de edifícios, projetada pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, constitui uma das obras mais significativas da fase brutalista do Movimento Moderno em São Paulo; e Considerando o contido no PA nº 2000-0.101.744-2, RESOLVE : Artigo 1° - TOMBAR o conjunto arquitetônico do antigo Santapaula Iateclube, no Bairro de Interlagos, Subprefeitura de Capela do Socorro, a seguir identificado: a) Garagem de Barcos e respectiva rampa de acesso à Represa Guarapiranga, localizada à Avenida Robert Kennedy n°s 4308 e 4900

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA CONPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo

(Setor 095, Quadra 027, Lote 0003), com Nível de Preservação 1 (NP1), contemplando a preservação integral de suas características arquitetônicas externas e internas, bem como de sua ambiência. b) Túnel de ligação entre a antiga Sede Social e a Garagem de Barcos, consistente em passagem subterrânea sob a Avenida Robert Kennedy, com Nível de Preservação 1 (NP-1), contemplando a preservação integral de suas características. c) Sede Social do antigo Santapaula Iateclube, localizada à Avenida Berta Waitman n° 315 (Setor 095, Quadra 089, Lote 0001), com Nível de Preservação 3 (NP-3), contemplando a preservação de sua arquitetura externa e ambiência do edifício. Artigo 2° - A revitalização e recuperação do conjunto tombado deverá respeitar o projeto original, bem como prever usos que se integrem ao valor ambiental da Represa Guarapiranga; Artigo 3° - Ficam definidos como espaço envoltório de proteção do conjunto dos bens tombados os seguintes imóveis:

Setor 095 095

Quadra 025 026

095

027

Lote(s) 0001; 0002; 0007; 0010; 0015; 0017; 0018 e 0019. 0004; 0005; 0006; 0007; 0009; 0010; 0011; 0012; 0014; 0015 e 0016. 0004; 0005; 0008; 0009; 0010; 0012; 0013 (área reservada); 0014; 0015; espaço livre; 0018; 0020 e 0021.

Parágrafo Primeiro - Deverá ser obedecida para o espaço envoltório, definido no “caput” deste artigo, a legislação de preservação ambiental pertinente. Parágrafo Segundo - As áreas dessas quadras não sujeitas à legislação referida no Parágrafo Primeiro deste artigo deverão atender aos parâmetros da Resolução n° 18/CONPRESP/04, de tombamento de área do Bairro de Interlagos. Artigo 4° - Qualquer intervenção nas edificações tombadas e nos lotes definidos como espaço envoltório deverá ser previamente submetida à apreciação do Departamento do Patrimônio Histórico e deliberação do CONPRESP. Artigo 5° - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Município de São Paulo, revogadas as disposições em contrário. José Eduardo de Assis Lefèvre Presidente - CONPRESP

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REFERÊNCIAS

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FAU. Figura 27: Vista da garagem de barcos durante a construção, 1961. Arquigrafia. Fonte: <http://bit.ly/gms-tcc-016>. Acessado em: 14/08/2017. Figura 28: Escavações da doca da garagem de barcos durante a construção, 1961. Arquigrafia. Fonte: <http://bit.ly/gms-tcc-016>. Acessado em: 14/08/2017. Figura 29: Laje da garagem de barcos durante a construção, 1961. Arquigrafia. Fonte: <http://bit.ly/gms-tcc-016>. Acessado em: 14/08/2017. Figura 30: Vista da área interna da garagem de barcos, 1961. Arquigrafia. Fonte: <http://bit.ly/gms-tcc-016>Acessado em: 14/08/2017. Figura 31: Vista da garagem de barcos sob nova direção, 1970. Arquigrafia. Fonte: <http://bit.ly/gms-tcc-016>. Acessado em: 14/08/2017. Figura 32: Vista da área interna da garagem de barcos sob nova direção, 1961. Arquigrafia. Fonte: <http://bit.ly/gms-tcc-016>. Acessado em: 14/08/2017. Figura 33: Vista aérea do bairro de Interlagos, 2004. Geosampa. Fonte: <http://bit.ly/ gms-tcc-017>. Acessado em: 13/09/2017. Figura 34: Esquema de aplicação da

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Figura 75 Construções feitas na década de 1970 que descaracterizaram e prejudicaram a obra, que serão retiradas como parte do projeto. Acervo pessoal. Figura 76: Construções feitas na década de 1970 que descaracterizaram e prejudicaram a obra, que serão retiradas como parte do projeto. Acervo pessoal.


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