O PARQUE COCAIA E O
CÓRREGO REIMBERG
JAMILE SOUSA
Centro Universitário SENACNações Unidas
Trabalho de conclusão de curso Arquitetura e Urbanismo
O PARQUE COCAIA E O
CÓRREGO REIMBERG
Por Jamile Sousa Orientador: Prof. Dr. Fábio Robba
São Paulo, Brasil Junho, 2018
Ă€queles que amam as pessoas, as cidades, e os encontros.
RESUMO Este trabalho de conclusão do curso de arquitetura e urbanismo tem como objetivo a criação de um parque urbano na área periférica próxima da várzea do córrego Reimberg Cocaia, Grajaú. Assim, a proposta do trabalho visa a requalificação das margens do córrego, promovendo a recuperação ambiental, a melhoria da qualidade urbana para a população residente, além de atenuar as tensões sociais oferecendo alternativas de lazer para os moradores da região. palavras-chave: parque urbano, requalificação urbana, espaço livres públicos e recuperação de córregos
CONTEÚDO o tema
I
01- apresentação ............................................................................................ pg.13 02- objetivos ................................................................................................... pg. 14 03- justificativa ................................................................................................ pg. 14 04- método ....................................................................................................... pg. 14
referencial teórico
II
05- espaços livres de edificações .............................................................. pg.18 06- parques urbanos ..................................................................................... pg. 20 07- áreas degradadas ................................................................................... pg. 24 08- os rios como partes da paisagem urbana........................................ pg. 26
método e estudos similares
III
09- método ....................................................................................................... pg. 34 10- parque gabriel chucre .............................................................................pg. 36 11- parque da juventude .............................................................................. pg. 42 12- parque do madureira ............................................................................. pg. 48 13- complexo linear cantinho do céu ....................................................... pg. 52
levantamento
IV
14- inserção urbana .................................................................................... pg. 64 15- hidrografia ............................................................................................... pg. 66 16- histórico e situação atual ................................................................... pg. 68 17- legislação e topografia ....................................................................... pg. 76 18- usos e ocupações ............................................................................... pg. 78
parque cocaia e o córrego reimberg
V
19- diretrizes ................................................................................................... pg.82 20- realocações ............................................................................................. pg.84 21- proposta geral ....................................................................................... pg. 88 22- galpão cultural ...................................................................................... pg. 92 23- considerações finais ........................................................................... pg.108
bibliografias e imagens
VI
24- imagens ................................................................................................... pg. 110 25- livros e sites ........................................................................................... pg. 114
PARTE I
O TEMA
Figura 1 | Foto tirada no local escolhido para a proposta.
14
01 apresentação
Será que é possível trazer as áreas que circundam os córregos e rios de volta a paisagem urbana? Porque será que elas são áreas de abandono e geralmente estão ocupadas por construções irregulares? Se andarmos desatentos pela região metropolitana de São Paulo, provavelmente não identificaríamos todos os cursos d’água existentes. Isso se dá pelo fato dos cursos d’água estarem ocultos pela malha urbana. Conforme o Código Florestal, todas as áreas próximas a córregos e rios são áreas de A.P.P., ou seja, área de preservação permanente. Porém, elas são vistas como “barreiras”, pois geralmente apresentam-se como áreas de invasões ocupadas por edificações, depósitos de lixo, além de muitas vezes se encontrarem em estado de abandono. Por não possuírem alternativas, a prática de autoconstrução em áreas como essas aumentam, e consequentemente os riscos ao equilíbrio ecológico, deslizamentos de encostas, e poluição dos rios e córregos também. Dessa forma, o curso hídrico se encontra desconectado com a sociedade. Buscando achar uma resposta para os problemas citados, este projeto tem como objetivo a requalificação de áreas frágeis, tal como os rios e córregos, além da recuperação de áreas degradadas, visando uma forma de reinserção urbana dos mesmos, já que estes se encontram num local carente de espaços públicos.
15
02 objetivos • Criar novas opções de lazer de forma a garantir o contato respeitoso e recreativo da várzea e auxiliar num reencontro da população com o local; • Revitalizar uma área degradada com infraestrutura adequada, criando espaços próprios para o desenvolvimento das diversas manifestações culturais; • Reestruturar as moradias precárias localizadas na várzea do córrego; • Recriar a mata ciliar do córrego existente; • Criar espaço para realização de atividades físicas e de lazer; • Trazer qualidade de vida para a população; • Servir de complemento para a escola existente; • Proporcionar contato com a natureza.
03 justificativa A ideia do projeto partiu de uma reflexão sobre os problemas vivenciados na cidade de São Paulo, principalmente ao que se refere à exclusão social. Pensando nisso, a região escolhida para a implantação do projeto, se encontra na periferia do Grajaú, no Parque Cocaia. É uma área que não possui equipamentos de lazer ao redor, e onde a maioria da população vive em condições precárias. O terreno está subutilizado e se localiza próximo ao córrego Reimberg Cocaia, que por sua vez, encontra-se ocupado por moradias irregulares, e em estado de degradação. Desta forma, o foco do meu trabalho tem como objetivo a requalificação do terreno subutilizado, e a requalificação da várzea do córrego.
04 método Por meio de levantamentos de dados e do histórico da região, foi possível realizar uma análise e entender como se deu a formação territorial e o porquê do córrego se encontrar com ocupações irregulares a sua volta. Desta forma foram criadas diretrizes para atender as demandas necessárias da população local, e diretrizes para incoporar o córrego e a área subutilizada novamente na vida dos moradores como espaços de lazer.
16
Figura 2 | Vista da parte mais alta do terreno escolhido.
17
PARTE III
REFERÊNCIAL TEÓRICO
05 espaços livres de edificações
De acordo com Magnoli (1982), glebas, rios e represas, áreas cultivadas ou remanescentes da cobertura vegetal original, os quintais, jardins, ruas, avenidas, praças, parques, matas, rios ou simples vazios urbanos são consideradas espaços livres, pois não são edificados. O sistema de espaços livres urbanos estabelece uma relação com outros sistemas existentes, como drenagem, transporte, etc., onde suas funções podem coincidir uma com a outra criando conexões e complementaridade, tanto no âmbito da preservação e conservação ambiental, quanto do convívio social e circulação, entre outros. Assim, o espaço livre abrange várias escalas e está sempre relacionado aos processos de urbanização e processos econômicos, onde cria-se um local de convivência social e que se estabelece por meio da relação entre o público e o privado. Segundo Sun Alex, tanto as praças, ruas, jardins, e os parques formam a essência do sistema de espaços abertos da cidade, onde nem sempre são verdes, mas são reflexos de um ideal da vida urbana em determinado momento histórico. Acompanham a evolução das cidades, e suas delimitações, aparência e funções podem ser muitas vezes indefinidas ou sobrepostas. (2008, pg. 61)
20
Para Milton Santos (1985), o espaço é entendido como uma mistura entre sociedade e materialidade, entre conteúdo e forma, entre sistema de objetos e sistema de ações, sendo o espaço uma instância social, assim como a economia e a política também são. Segundo Morin (2008, p.157), um sistema é sempre um processo, por isso está sempre em movimento, assim, o espaço livre é um subsistema dentro do sistema de espaços livres. O sistema de espaços livres (SEL) urbano de acordo com Macedo (1999), são formados pelas relações e elementos que configuram a junção de todos os espaços livres de uma determinada área urbana, abrangendo desde a escala do espaço livre urbano, quanto de escala de espaço livre regional, sendo a rua o principal espaço livre urbano e indispensável para a conexão com a cidade.
Figura 3 | Percurso que os moradores fazem para conseguirem cortar caminhos.
“[...]O tratamento do espaço livre é muito importante, desde um jardim de uma casa pequena, como nos espaços coletivos, públicos e privados, praças, parques, etc., pois a sua existência está associada a ideia de qualidade de vida urbana.” MACEDO, pg. 19
21
06 parques urbanos
O parque público como conhecemos hoje, é um elemento típico das grandes cidades modernas, onde foram criados como figura complementar para a alta sociedade daquela época. (Macedo; Sakata, 2010, p.7). A partir do século XX os velhos lagos começaram a se transformar em espaços modernos, dignos para a elite, onde começaram a ocupar de pouco em pouco as áreas centrais da cidade, expulsando assim, os menos desfavorecidos para outros pontos. Hoje, o dia a dia nos grandes centros é visto como uma oportunidade de satisfação das necessidades essenciais, mas também como algo estressante e perigoso, possuindo conflitos e problemas que atingem as áreas urbanas, principalmente ao que se refere a espaços que são importantes para o convívio social. Barcellos (1999), diz que no Brasil houveram mudanças profundas, responsáveis pela colocação dos parques urbanos em foco com relação a políticas públicas. As transformações da cidade, tanto no âmbito econômico, como social e cultural, fizeram com que os parques tivessem um novo significado. Os parques então passaram a apresentar duas vertentes, a primeira sendo a utilização do parque como forma de conservação dos meios naturais, a segunda sendo a utilização como forma de lazer e de turismo.
22
Figura 4 | Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro
23
Ainda de acordo com Macedo e Sakata (2003), as cidades brasileiras são carentes de novos parques públicos, que na atualidade fazem parte de um elemento típico das cidades, e estão em um processo de recodificação contínuo, não possuindo a antiga destinação que era voltada basicamente para o lazer contemplativo. A evolução das linhas de projetos paisagísticos dos parques urbanos brasileiros adquiriu acentuadas mudanças durante dois séculos, desde o seu surgimento. Em sua trajetória, são identificadas três grandes linhas projetuais: Eclética, Moderna e Contemporânea.
Figura 5 | Parque Barigui, Curitiba.
24
Lima et al. (1994) define parque urbano como área verde com funções ecológicas, estéticas e de lazer, com extensão geralmente maior que praças e jardins públicos. O parque público também é resultante de um processo evolutivo que remonta a tempos antigos. Dumazedier (2008, p.34) conceitua lazer como: Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrarse ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares ou sociais. Os parques urbanos são espaços destinados ao público, com os objetivos de promover a recreação, independente do modelo, e de conservar a natureza na sua forma e estrutura original. (Macedo e Sakata, 2003) Do ponto de vista ambiental, Feiber (2004) considera os parques urbanos não apenas como instrumentos destinados à proteção da vegetação e à redução dos efeitos da poluição, mas podendo também se voltar à conservação e manutenção dos recursos hídricos, dentre outros, em benefício da população urbana. Diante de tudo que foi dito, os parques urbanos tem uma grande importância no âmbito social, fazendo com que a população que tenha acesso à espaços como esses possuam melhorias com relação a saúde, a qualidade de vida, as questões psicológicas- por ser capaz de diminuir o estresse do dia a dia, trazendo equilíbrio físico e emocional-, além de embelezar a cidade e valorizar o seu entorno.
25
07 áreas degradadas
Degradação é um conceito amplo e variado, onde a definição de áreas degradadas em um ambiente urbano e no ambiente natural, podem não ter o mesmo significado. De acordo com Sanches (2001), os espaços vegetados nas cidades brasileiras estão diminuindo, e isso se dá pela densidade construída, aumento de impermeabilização, além do crescimento nas zonas periféricas que causam desmatamentos. Com relação aos aspectos sociais, essas áreas apresentam maior vulnerabilidade, favorecendo a violência, o crime e as ocupações irregulares. Com relação a economia, são locais sem investimentos e desvalorizados. E em questões ambientais, acabam comprometendo suas características ecológicas, químicas e físicas, causando poluição, contaminação, erosão, e ausência de fauna e flora.
Figura 6 | Presença de muito entulho e degradação no terreno escolhido.
26
As suas origens são diversas, abrangendo desde o declínio da industrialização até a negligência do poder público. É possível notar que as grandes cidades brasileiras possuem características ligadas aos conflitos sociais e intensa marginalização da população mais desfavorecida, dessa forma, as áreas verdes possuem um papel social valioso, promovendo melhorias na qualidade de vida, inclusão social, recreação e lazer, ajudando assim na diminuição da criminalidade e das tensões sociais existentes, pois reintegra essas áreas na cidade. Para Raquel Rolnik:
O difícil acesso da população de baixa renda às áreas mais centrais das cidades contribuiu para a expansão da periferia, o que muitas vezes implicou, e implica ainda, na invasão de áreas de proteção de mananciais, com a aquiescência do poder público. Essa dinâmica agravou a situação de risco dos cursos d’água e assoreamento de suas calhas, e pela contribuição do esgoto in natura”. pág. 62 (Raquel Rolnik, a cidade e a lei: legislação, política urbana e território na cidade de São Paulo, 1997)
27
08 os rios como parte da paisagem urbana
Sabemos que os rios sempre fizeram parte do crescimento das cidades, sendo usados como fonte de águas, meio de fornecer alimentos, etc., mas com o passar dos anos sua relação com as urbes mudaram. A pós- revolução industrial fez com que aumentasse o processo de ocupação e densificação das metrópoles brasileiras. Assim, o automóvel passou a ser visto como um grande representante da modernidade. Desta forma, as cidades começaram a ser moldadas para atender as necessidades automotivas, o que acabou resultando nas diferenças das relações da cidade com os rios (Entre Rios, 2009). O processo de urbanização e várias obras de infraestruturas começaram a surgir após a revolução industrial. Os rios começaram a ser enxergados como algo favorável para o desenvolvimento viário. Em São Paulo, por exemplo, conforme o crescimento da cidade, sua relação com os rios passou a ser conturbada. A canalização do rio Tamanduateí foi defendida como medidas sanitárias, já que em épocas de cheias os rios causavam problemas de saúde por conta da propagação de doenças (Entre Rios, 2009). Segundo Ferraz (2009) foi criado o plano de Avenidas em São Paulo com o processo de industrialização em crescimento, que tinha o objetivo de construir anéis rodoviários indo do centro da cidade até a periferia, conectados por meio de avenidas perpendiculares a eles.
28
Figura 7 | Stranden- The Waterfront Promenade, Oslo, Noruega. Ă rea de permanĂŞncia e percursos em frente aos rios.
29
Figura 8 | Perreux River Banks, França. As margens do rio como forma de percurso no trajeto urbano.
Para a construção dessas avenidas, o plano previa a ocupação dos fundos de vale, além dos rios e córregos. Esses espaços eram impróprios para construção, por serem úmidos e alagadiços, tornando-se então espaços vazios na cidade, garantindo baixo custo com relação a desapropriação, e aumento da valorização do seu entorno após a conclusão da obra. Desta forma, com a ocupação das várzeas dos rios, o processo de canalização e tamponamentos dos rios mais significativos da cidade foram criados. Assim, com o passar dos anos é possível ver que a grande maioria dos rios possuem suas áreas abandonadas pela metrópole, sendo fundo de edificações, ou muitas vezes eixos de implantação de vias para o trânsito rápido.
30
Hoje já contamos com a lei aprovada pelo Código Florestal Brasileiro, onde diz que as áreas próximas aos cursos d́’água são consideradas áreas de proteção permanente (A.P.P.) Porém, mesmo com a existência dessa lei, muitas vezes essas áreas se caracterizam como espaços residuais da paisagem natural remanescente, e encontram-se geralmente degradadas e invadidas por ocupações irregulares. Essas ocupações irregulares agravam ainda mais a poluição dos cursos hídricos existentes, trazendo riscos aos moradores principalmente pelo perigo de desabamentos, além de trazerem problemas para o meio urbano, como o aumento de doenças e alagamentos. Dessa maneira, os cursos hídricos tornam-se barreiras para as pessoas, que acabam por menosprezar esse recurso natural, acarretando ainda mais no seu abandono. Segundo Gorski, a valorização, conservação, recuperação, e preservação dos recursos naturais como a água, tem que partir da consciência da população sobre a dependência e da finitude desses recursos naturais. Ela ainda diz que Recuperação significa melhoria do corrente estado do curso d’água e do seu entorno, tendo como objetivo a valorização geral das propriedades ecológicas, sociais, econômicas e estéticas.
Não basta despoluir o rio! Mesmo que ele volte a correr límpido, piscoso, potável, de nada modificará a percepção que a população tem do seu “esgoto a céu aberto”. O rio precisa voltar a se incorporar na vida do paulistano e, para isso, a única alternativa é reconstituí-lo como espaço de lazer”. Gorski, pág.36
31
O rio é um coadjuvante de outros elementos responsáveis pela formação da paisagem cultural e natural, como a topografia, relevo, vegetação. Costa (op.cit. p.12) diz que “compreender o rio urbano como paisagem é também dar a ele um valor ambiental e cultural que avança na ideia de uma peça de saneamento e drenagem. É reconhecer que rio urbano e cidade são paisagens mutantes com destinos entrelaçados.”
As paisagens fazem-se e desfazemse, evoluem, ganham e perdem complexidade por ação conjugada do homem e da natureza. Nelas se ligam interativamente comportamentos físicos, químicos e biológicos. Com uma intervenção humana que, direta ou indiretamente, condiciona e interfere com o ciclo e o percurso da água, tornando-o fácil, suave, controlado e aproveitando dela o máximo como recurso essencial à vida ou, pelo contrário, acelerando-o e fazendo-o violento, caprichoso, capaz das maiores destruições. Um castigo de uma benesse (FADIGAS, 2005, p.35). De acordo com Luciana Schenk, todo o conflito existente entre os cursos d’água e as estruturas urbanas foi algo construído, assim pode ser desconstruído, mas para isso é necessário valorizarmos as suas margens como áreas de respiros entre o cinza da cidade, considerando-o um espaço público único, desta forma, a relação entre a cidade e os recursos hídricos se tornarão mais harmônicas.
32
Figura 9 | Anchor Park.
33
PARTE III
ESTUDOS SIMILARES
09 método
O método utilizado para a realização deste trabalho, se baseou em leituras, pesquisas e análises de estudos de casos. Os estudos de casos escolhidos possuem características similares ao que se quer englobar neste projeto, tanto em relação aos aspectos ambientais, quanto na busca de reinserir os córregos e as áreas degradadas na vida urbana, buscando reavivar a familiaridade da população com os mesmos.
Figura 10| Vista do terreno
36
37
10 parque gabriel chucre
Localização: Carapicuíba, zona oeste de São Paulo.
Responsáveis: Barbieri e Gorski Arquitetos Associados. Área: 164 mil m²
Figuras 11 e 12 | Localização.
38
Figura 13 | Luz e sombra.
39
.
. 40
Figura 14 | Curso original do Rio Tietê.
Figura 15 | Retificação do Rio Tietê e rompimento das margens.
O parque Gabriel Chucre é fruto de uma exigência ambiental imposta ao DAEE pelo Consema, de forma a compensar os problemas causados pela utilização da lagoa como área de depósito do material escavado na obra de ampliação da calha do Rio Tietê; concluída em março de 2006, e das obras para construção da linha amarela do metrô.
O parque possui um centro comunitário, pavilhões - sendo um para educação ambiental e outro de eventos-, as edificações são feitas de blocos estruturais e possuem cobertura de telha metálica, com um sistema lanternim, permitindo a entrada e saída de ar quente, impedindo a entrada da chuva.
Figura 16| Implantação
41
A proposta Funcionalidade/social 1. consolidação: o parque assume um papel importante no que se refere a recuperação da lagoa, pois configura a consolidação de um novo núcleo do parque ecológico Tietê, que está localizado em uma região com carências de parques urbanos para a população. 2. rotina: conta com um programa que visa atender a rotina da população que o circundam, contendo um pavilhão que abriga salas de uso múltiplo. 3. novo uso Histórico 1. elementos que remetem a história do rio 2. educação ambiental através do projeto arquitetônico. Ambiental 1. ampliação da capacidade de escoamento da calha do rio: consequência da retificação da várzea natural do rio e por ter sido totalmente urbanizada, há o transbordamento do mesmo, assim as vias marginais que fazem ligações com as rodovias da cidade acabam sendo afetadas. Foram feitas então a ampliação da capacidade de escoamento, prevendo uma extensão de até 24,5 km. 2. recuperação da lagoa de Carapicuíba 3. reutilização: reaproveitamento de materiais que foram extraídos do rio, como pneus, utilizando-os nas áreas dos playgrounds. 4. sustentabilidade: pisos drenantes e climatização 5. sistema de drenagem do terreno.
“Novo espaço público de Carapicuíba, o Parque da Lagoa deve mudar a qualidade de vida da população do município e da vizinha Barueri. O parque está vinculado ao rio Tietê tanto em sua história, quanto em sua proposta projetual, que envolveu consulta à população do entorno para a definição dos programas.”
42
Figura 17 | Vista Panorâmica do parque, com pedras que foram reaproveitadas da lagoa fazendo parte da estética.
Figura 18 | Vista Panorâmica do parque, mostrando a parte da Lagoa de Carapicuíba.
Figura 19 | Vista Panorâmica do parque, mostrando a parte das quadras.
43
11 parque da juventude
Localização: Santana, Zona Norte de São Paulo Concluído: 2003
Responsáveis: Aflalo & Gasperini. Paisagismo: Rosa Grena Kliass e José Luiz Brenna Área: 240.000m²
Figura 20 e 21 | Localização
44
Figura 22 | Vista do Parque
45
.
Construído na década de 20, o Complexo penitenciário do Carandiru é marcado por violação dos direitos humanos, degradação e violência. Em 2002 foi desativado e parcialmente demolido.
Figura 23 | Demolição de parte da penitenciaria do Carandiru
.
Em 1999, o Governo do Estado de São Paulo promoveu um concurso público para a concepção do projeto arquitetônico do Parque da Juventude.
Figura 24 | Começo das construções
. Figura 25 | Construções em andamento
46
O projeto foi dividido em três fases de execução: “Parque Esportivo”, com instalações esportivas, inauguração em 2003; “Parque Central”, o miolo do parque, onde estão as antigas passarelas dos vigias do presídio. , 2004; “Parque Institucional”, com Biblioteca, ETECs e entrada a partir do metrô, 2007.
Figura 26 | Implantação
47
A proposta
Funcionalidade 1. transporte: proximidade com a estação Carandiru do metrô 2. entorno: centralidade, variedade de usos, polo atrativo diferentes níveis socioeconômico, atendendo a todas as classes. Histórico e Social 1. memorial das ruínas: manter o significado simbólico através da preservação da muralha; criação de passarelas que fazem ligação com as antigas celas solitárias, preservando assim a história do local. 2. novos usos: oficinas de trabalhos manuais transformada no ginásio do parque. 3. pavilhões: transformados em duas escolas técnicas. Ambiental 1. sustentabilidade: blocos da antiga prisão sendo usados e reformados e pequenos morros criados no Parque central utilizando os entulhos que foram produzidos com na demolição da penitenciária. 2. coberturas vegetais: possui duas áreas que recebem manutenção. 3. Heterogeneidade: mesclas de espécies nos limites do parque, servindo de amortecimento de impactos urbanos para ele.
“... eu senti que o que eu tinha que trazer para lá era o contrário, alegria... lugar de encontro, era exatamente o contrário. E eu fico muito satisfeita porque eu sei que aquele lugar é exatamente isso. Você olha... você vê o muro e não sente que lá trás existe uma penitenciária, porque os fluidos aqui são tão fortes... era isso que eu queria e eu acho que consegui isso; essa é a minha grande vitória no parque do..., que não é o parque do Carandiru, que é o Par-que da Juventude, é isso!” (KLIASS, 2007)
48
Figura 27 | Vista do parque.
“A variedade de usos dos edifícios [nas proximidades de um parque] propicia ao parque uma variedade de usuários que nele entram e dele saem em horários diferentes.” (JACOBS, 1961, p.105).
49
12 parque do madureira
Localização: Madureira, Rio de Janeiro Ano projeto/ Ano de conclusão: 2010-2012 Autores: RRA (Ruy Rezende)
A região de Madureira começou a ser urbanizada no início do século 20, e acabou se tornando uma das regiões mais adensadas do Brasil. Atingindo um índice de urbanização de 99,93%. Dessa forma, é uma região que tinha um índice muito baixo de áreas verdes existentes, menos de 1m² por habitante.
Figura 28 | Localização Figura 29 | Vista do parque
50
Figura 30 | Parque Madureira
51
.
Figura 31 | início da obra.
O terreno é composto por uma faixa comprida e estreita, possuindo 1500 metros de comprimento por 80 de largura e contando com uma área de intervenção de 108.870,32m2, sendo que o projeto se divide em área de Parque com 93.553,79m² e o restante para as vias, estacionamentos e calçadas.
. Figura 32 | Obra concluída.
52
A proposta
Funcionalidade 1. sustentabilidade: a própria arquitetura contribui para o reaproveitamento dos recursos naturais. 2. terreno: aproveitamento das características naturais do terreno, como topografia. 3. equipamentos diversos: o parque atende a toda a comunidade. 4. Requalificação das margens dos trilhos Histórico e Social 1. remanejamento: cerca de 960 habitações precárias foram remanejadas, pois encontravam-se limítrofes à linha férrea. 2. educação ambiental: além da melhoria da qualidade do meio urbano e do seu entorno, se tornou um instrumento de educação ambiental para a sociedade. 3. serviço de inserção cultural: criação de salas de informática, centro médico e centro de educação ambiental. Ambiental 1. sustentabilidade: primeiro parque público certificado no Brasil, possuindo a certificação AQUA. 2. aumento de área verde: recursos naturais: aproveitamento de energia solar, reaproveitamento de águas pluviais, inserção de redes de esgoto, assim, minimizando os impactos gerados. 3. recuperação de espaços degradados “Encontramos uma região com alto percentual de impermeabilização, com temperaturas muito altas e cuja paisagem foi radicalmente transformada pela ocupação urbana. Uma das premissas do parque é a recuperação dessa paisagem, de forma a tornar o ambiente menos agressivo, mais humano e acolhedor”- Ruy Rezende.
53
13 complexo linear cantinho do céu
Projeto: Boldarini Arquitetura e Urbanismo Ano de início e conclusão: 2008-2012 Realização: Prefeitura de São Paulo/ Secretaria de Habitação. Recursos: Banco Mundial e prefeitura de São Paulo
O projeto urbanístico está inserido no âmbito do Programa Mananciais e conta com o apoio do governo do Estado de São Paulo. O Programa Mananciais realizado pela Secretaria de Habitação de São Paulo teve início em 1986 e foi inicialmente chamado de Programa Guarapiranga atuando na área da represa de mesmo nome. Depois de alguns anos parado em 2005 o programa foi ampliado e passou a atuar também na área da represa Billings. Figura 33 e 34 | Localização.
54
Figura 35 | Imagem área do Cantinho do Céu, onde algumas habitações já haviam sido retiradas das margens da represa.
55
Figura 36 | Crianças brincando ao redor da represa.
A intervenção abrange o Complexo Cantinho do Céu, que compreende o Residencial dos Lagos, Cantinho do Céu e Jardim Gaivotas. Essa região abriga cerca de 30.000 moradores, onde grande parte vive em condições precárias. Os loteamentos foram construídos em terreno acidentado, e muitas moradias foram criadas em encostas íngremes de formas precárias, acarretando assim, na poluição da represa que se encontra em área de A.P.P., bem como, no perigo de se viver em lugares assim.
Figura 37 | Construções irregulares.
56
Figura 38 | Implantação.
O projeto conta com a criação de trechos, sendo o Trecho 1 o Residencial dos Lagos. Onde buscou-se a implementação de um conjunto de equipamentos de esporte e lazer, além de decks e circuitos próximos à água. Foram implantados também a pista de skate, espaços de estar, pisos variados - grama, madeira ou coloridos- demarcando assim as diversas atividades que acontecem e contribuindo para a permeabilidade do solo.
57
A proposta
Funcionalidade 1. transporte: melhoria no sistema viário para veículos e pedestres, procurando integrar os três loteamentos e asfaltando as vias que fazem as principais ligações para que o microônibus tenha acesso. 2. equipamentos diversos: pistas de skate, quadra de bocha, academia para a terceira idade, ciclovia, espaços de cinema ao ar livre e deques flutuantes. Histórico e Social 1. remanejamento: remoção de moradias em áreas de risco 2. acessos: melhoria no acesso dos moradores aos serviços de saúde, bem como ao emprego e educação. 3. incorporação do espaço livre no cotidiano do bairro
Ambiental 1. vias: pavimentação com sistema de drenagem. 2. recursos naturais: aproveitamento de energia solar, reaproveitamento de águas pluviais, inserção de redes de esgoto, assim, minimizando os impactos gerados. 3. recuperação de espaços degradados 4. melhoria das margens da represa Billings.
“Dentro do espírito da nova política ambiental para as áreas de mananciais da RMSP, este projeto , além de contribuir para recuperar a água para abastecimento público, investe na capacidade da represa em abrigar atividades de lazer e cidadania, reinserindo a água como elemento indispensável à qualidade de vida dos habitantes”. (Alvim, 2011)
58
Figura 39 | Mapas de construçþes consolidadas, vias e åreas verdes.
59
PARTE IV
LEVANTAMENTOS
AV. BELMIRA MARIN
Figura 40 | Mapa de inserção urbana Sem escala
62
RUA SANTO ANTONIO DE OSSELA
curso d’água
córrego
vias principais
terminal grajaú
área de intervenção
63
64
Figura 41 | Casas localizada na frente do terreno escolhido
65
14 inserção urbana A região da subprefeitura da Capela do Socorro estende-se por uma vasta área abaixo dos canais dos rios Guarapiranga e Jurubatuba. É formada pelos distritos de Socorro, Cidade Dutra e Grajaú,. Faz limite com a subprefeitura de Santo Amaro, Subprefeitura da Cidade Ademar, além dos municípios de Diadema e São Bernardo, que só se encontram separados por conta da Represa Billings. A ocupação da Capela do Socorro está diretamente relacionada a expansão que ocorreu na Subprefeitura de Santo Amaro, onde elas eram interligadas administrativamente até 1985. Com a construção das Barragens da Light o interesse pela região da Capela do Socorro aumentou. O desenvolvimento industrial em alta, acabou influenciando ainda mais para que a população começasse a se acomodar nessas áreas por possuírem proximidade com o centro industrial de Jurubatuba. Então com o aumento da expansão periférica, áreas de mananciais começaram a ser ocupadas, e no ano de 1975 a Capela do Socorro começou a ter que seguir os parâmetros da Lei de Proteção aos Mananciais e a Legislação de Zoneamento Industrial. É uma região que se encontra na macrozona de proteção e recuperação ambiental, que segundo o Art. 148 do PDE é uma área onde os usos e a ocupação do solo estão subordinados à necessidade de manter ou restaurar a qualidade do ambiente natural e respeitar a fragilidade dos seus terrenos. Possui uma população total de 594.930 habitantes, de acordo com os dados de 2010 da prefeitura.
66
Figura 42 | Mapa de zoneamento da subprefeitura da Capela do Socorro com Zoom no terreno escolhido para o projeto.
67
15 hidrografia
Na rede hidrográfica da Região do Grajaú, encontra-se inserido o Reservatório da Billings. O terreno escolhido para a implantação do parque está situado próximo ao Córrego Reimberg Cocaia, que se encontra em total descuido, comprometendo a preservação do córrego, além de não trazer benefícios para o meio ambiente. Logo, a proteção dos rios e córregos é muito importante para a preservação dos recursos hídricos, e para a melhoria da qualidade ambiental urbana.
Figuras 43 e 44 | Situação do córrego no Grajaú
68
Figura 45 | Mapa de hidrografia
69
16 histórico e situação atual
Distrito- Grajaú Área (km²) 92,00 População (2010) 360.787 Densidade Demográfica (Hab/km²) 3.922
A construção da Represa Billings teve início no ano de 1925 e em 1949 já estava em seu formato atual. Isso ajudou na consolidação do forte processo de industrialização, incentivando também a ocupação do Grajaú por meio de chácaras e empreendimentos de lazer. Essas ocupações surgiram nos anos 50 e 60 com a instalação do polo industrial de Santo Amaro, que teve seu crescimento impulsionado pela energia produzida na represa, e pela proximidade com a Marginal Pinheiros, que era a principal via de transporte. Após essa expansão, a demanda por mão-de-obra aumentou, e com isso a migração de pessoas da Região Nordeste para São Paulo também aumentaram.
Figura 46 | Mapa com a localização do distrito do Grajaú.
70
Os novos bairros que surgiram acabaram seguindo o padrão perif́férico da expansão urbana que caracterizou o crescimento de São Paulo nos anos 70. Assim, as construções passaram a ser feitas em locais sem infraestrutura, longe de equipamentos sociais e de transporte, onde muitas vezes os trabalhadores autoconstruíram suas casas, que por vezes eram construídas em locais ilegais. O Parque Cocaia é o bairro onde se encontra o terreno escolhido para a proposta, está situado no distrito do Grajaú, e a sua criação se deu conforme a expansão periférica. A região se encontra próxima da represa Billings, e mesmo sendo uma área de manancial, sua várzea se encontra totalmente ocupada. É comum vermos moradias precárias à beira de córregos e represa. Toda essa ocupação se dá pelo fato dos bairros terem nascido de uma forma não planejada. É notória a falta de qualidade de vida para os moradores, onde eles acabam sofrendo por causa da precariedade da mobilidade urbana- já que os transportes públicos não atendem de maneira devida-, até a carência de espaços de lazer.
71
Figura 47 | uma das entradas do terreno
Figura 48 | percurso utilizado como forma de percorrer caminhos menores
Figura 49 | รกrea vazia com fundo de casas
72
Figura 50 | vista onde mostra a escola e a relação com o entorno
Figura 51 | vista da parte de trĂĄs da escola
Figura 52 | acesso ao terreno
73
Figura 53 | vista para a quadra da escola.
Figura 54 | vista da área mais alta do terreno
Figura 55 | ligação com a rua
74
Figura 56 | residĂŞncias
Figura 57 | uma das ruas de acesso ao parque
Figura 58 | ĂĄrea vazia com fundo de casas
75
76
Figura 59 | situação do córrego visto da Av. Belmira Marin
77
17 legislação e topografia
De acordo com o atual Código Florestal, a área lindeira ao curso do córrego Reimberg Cocaia é uma A.P.P. Segundo a Lei nº12.651/12:
“As A.P.P.- Áreas de Preservação Permanente - tem de ser áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas [...].”
+ 785
Figura 60 | Corte esquemático do perfil natural do terreno com o córrego esc. 1/1250
78
Ainda segundo este código, são consideradas A.P.P. :
[...] as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; Desta forma, o córrego escolhido se enquadra nesses quesitos, possuindo em média 4,5 metros de largura. Deste modo, toda a área destacada no mapa é por lei Área de Preservação Permanente. Porém, é notável que essa preservação não ocorre nessa região, sendo possível ver essa área sendo ocupada por residências e moradias precárias. O córrego contém algumas áreas com muros de contenção, principalmente na parte mais próxima a Avenida Belmira Marin, que é uma das vias principais. Pela região possuir uma topografia íngreme próximo a área do córrego, ele se torna um elemento significativo para a drenagem das águas pluviais. Assim, as ocupações irregulares existentes, colaboram para a ocorrência de inundações e deslizamentos.
A.P.P.
+ 747
edificações fora da A.P.P.
edificações dentro da A.P.P.
córrego
79
18 usos e ocupações
O terreno se encontra em uma área ocupada especialmente por residências, inclusive nas regiões lindeiras ao córrego. A Av. Belmira Marin, que é a via principal, tem a predominância de serviços e comércios. O uso misto se dá em maior parte na via secundária- Rua Santo Antônio de Ossela. Existem pouca áreas institucionais, entre as duas áreas destacada, uma é a escola EMEF Padre José Pergoraro, que se encontra dentro do terreno escolhido para a proposta.
residencial comércio/serviços uso misto institucional curso d’água área verde
80
Figura 61 | Mapa de uso e ocupação do solo
81
PARTE V
O PARQUE E O CÓRREGO
19 diretrizes Após todos os levantamentos feitos, foram possíveis ver quais são as necessidades da população local, e se a proposta do projeto é viável ou não. Dessa forma, foram estabelecidos um tripé com as principais demandas que o projeto deverá atender para ser consolidado. Este tripé segue três parâmetros, que são: 1. Funcional: Proporcionar mais aberturas de parque para o bairro, para que assim ele possa ser mais visitado e tenha uma relação melhor com a população ao redor, atendendo pessoas de vários locais, por conta da facilidade de acesso. 2. Simbólico: Introduzir o parque no cotidiano da população local, a fim de quebrar a barreira existente entre a população e o córrego, para que eles criem um sentimento de pertencimento com o parque. 3. Ambiental: Restabelecer a área de A.P.P. como área verde, preservando o curso d’água existente. Para que o projeto consiga atingir esse tripé, são necessários estabelecer diretrizes específicas, entre elas temos: 1. Realocar moradores que se encontram nas margens do córrego.; 2. Realocar moradores de alguns trechos do terreno, a fim de criar maiores aberturas para o parque, e ele se tornar mais visível; 3. Criar ZEIS, implantando prédios HMP (habitação de mercado popular) e prédios de HIS (habitação de interesse social) para os moradores que foram realocados; 4. Criar bacias visuais; 5. Criar novas transversalidades; 6. Criar novas atividades; 7. Incorporar a escola no parque.
84
Figura 62 | Imagem área antes da criação da escola
85
20 realocações
Para promover a criação de mais aberturas de parque, serão realocadas 106 residências que se encontram na rua Santo Antônio de Ossela, rua Ugo Foscolo e alguns galpões que estão situados na Av. Belmira Marin. E para que a área de A.P.P. seja restabelecida serão realocadas 122 ocupações irregulares existentes. Toda essa população será realocada em três áreas que foram reservadas no terreno para a criação de ZEIS, criando assim, Habitações de Interesse Social e Habitações de Mercado Popular.
edificações a serem removidas
construções existentes
curso d’água
área de intervenção
área de preservação permanente
rua Ugo Foscolo
av. Belmira Marin
rua Santo Antônio de Ossela
Figura 63 | Mapa de realocação
86
0
50 100
250 m
87
21 memorial descritivo
O Parque Cocaia tem como partido de projeto o desafio de lidar com a topografia íngreme existente, que possui 38 metros de altura na longitudinal, fazendo com que o terreno não seja acessível. Além disso, tem como partido a integração da escola EMEF Padre José Pergoraro, e a incorporação do córrego Reimberg Cocaia no parque e na vida das pessoas do entorno. A acessibilidade foi um ponto primordial considerado no projeto, principalmente por conta dos desníveis existentes. Para vencê-los foram criados então oito platôs, cujos níveis foram definidos a partir das ruas existentes que circundam o parque na transversal. Além dos platôs, foram criadas rampas com inclinação de até 8%, de acordo com a NBR9050 e escadas que levam o visitante a diversas áreas do parque. A escola possuirá duas ligações de entrada diretamente no parque, sendo que uma delas leva o visitante a área de playground, e a outra possui proximidade com as quadras e o galpão cultural. Este último por sua vez, será criado para servir de apoio a escola e para os frequentadores do parque, contendo salas de oficina, danças, biblioteca, além de um café. O projeto se dá também através de três mirantes, para que a paisagem visual seja sempre admirada de todos os pontos.
88
Figura 64 | Mapa inicial de diagrama de usos rua Santo AntĂ´nio de Ossela
rua Ugo Foscolo
0
av. Belmira Marin
50 100
250 m
89
22 proposta geral
O parque contém um programa que abrange as seguintes áreas:
Recreação: proposta de criação de uma área recreativa próxima a escola, para que sirva de extensão dela. Já que o colégio existente não possui a infraestrutura adequada. Cultural: Construção de um/edifício que abrigue diversas atividades culturais, a fim de trazer melhorias e maiores diversidades ao parque.
Esportivo: Quadra de futebol, quadra poliesportiva aparelhos de ginástica ao ar livre e pista de skate. Mirante: Três mirantes com a vista voltada para o córrego, que se encontra bem arborizado. Ciclovia: Criação de ciclovia ligando a rua Dr. Nuno Guerner de Almeida com a Belmira Marin, por meio da ciclovia passando dentro do parque. Além da criação do parque, o projeto contou com a realocação de algumas famílias, assim, foi pensado na criação de 3 prédios de Habitação de Mercado Popular, contendo 4 apartamentos por andar, e possuindo 11 andares. Dessa forma, o projeto atende 132 famílias, sendo que foram removidas dessa área, 106. Para a criação da Habitação de Interesse Social, foi pensado numa realocação de 122 ocupações irregulares. Foi proposto 4 prédios de HIS de 4 andares e 8 apartamentos de 60m² por andar, dando o total de 128 apartamentos. E para que haja integração das habitações com o parque, além das entradas principais voltadas para a rua, foram criadas entradas voltadas para dentro do parque, estimulando assim, que os moradores passem a frequentá-lo.
Figura 65 | Proposta de projeto inicial
90
rua Santo Antônio de Ossela
rua Ugo Foscolo
av. Belmira Marin
0
50 100
250 m
91
R. PAMPILHOSA DA SERRA
R. OURENTÃ
2
C R. ZAMBUGUEIRO
8
1
3
8
8
10 5
5 3
4
6
4
R. SA
NTO
ANTÔ
NIO
DE O
SSEL
A
7
12
legenda C
11 12 13 14 15
Figura 66 | Proposta final geral Ver anexo no fim do caderno
92
CO
9 10
RBAS
8
R. VE
7
ALVA
5 6
A CO VA D E
4
deque com bancos mirante playground quadra poliesportiva acesso escola | nível +781 acesso escola | nível +777 habitação de mercado popular habitação de interesse social acesso elevador galpão palco pista de skate campo de futebol área de ginástica ao ar livre ciclovia
R. VIL
3
R. PO RTUN
2
HOS
1 entrada principal
SCOL O
O FO
R. UG
9 R. DR. NUNO GUERNER DE ALME IDA
R. DAS TIMBEBAS
R. PAIOL GRANDE
D E
R. ZAMBUGUEIRO
15
9
14
3
13
11
D
9
2
1
EL AV. B
MIRA
MAR
IN
93
23 galpão cultural
Afim de trazer melhorias não só para a questão ambiental e de lazer, foi criada a proposta de um galpão cultural dentro do parque. Este servirá como um espaço capaz de oferecer diversas atividades de uso cultural e de formação para a comunidade, como oficinas, cursos gratuitos, biblioteca, espaço para exposição e café. Através dele a comunidade poderá desfrutar de um espaço que incentive a sociabilização e qualificação de pessoas. E afim de trazer melhorias para a escola existente, o galpão servirá como uma extensão para ela, onde os alunos poderão frequentar tanto para terem aulas curriculares, como extracurriculares. O galpão contará com três pavimentos, sendo que no nível +773 terá uma área de acesso a um conjunto de escada com elevadores, que levará o visitante para os outros níveis desejados. O nível abaixo é o +768, e além de conter salas de oficina e área expositiva, contém também um mirante que contempla a vista do parque. Já o nível +763 possui acesso a salas de oficina, biblioteca e o café.
94
Figura 67 | Implantação | Galpão Esc. 1/500
95
Figura 68 | Nível + 773 | Galpão Esc. 1/500
96
Figura 69 | Nível +768 | Galpão Esc. 1/500
97
Figura 70 | Nível +763 | Galpão Esc. 1/500
98
A
A
Figura 71 | CorteAA perfil natural
99
100 R. SANTO ANTÔNIOO DE OSSELA
HMP HMP HMP
MIRANTE
GALPÃO
HIS HIS
A
R. PADRE HANS KLEIN
A
Figura 72 | Corte AA Perfil proposto Ver anexo no fim do caderno
101
R. SANTO ANTÔNIOO DE OSSELA
HMP HMP HMP EDIFICAÇÕES CONSOLIDADAS GALPÃO
102
B
R. PADRE HANS KLEIN
B
HIS HIS
EDIFICAÇÕES CONSOLIDADAS
Figura 73 | Corte BB Perfil proposto Ver anexo no fim do caderno
103
EMEF JOSÉ PERGORARO
104
C
C
R. ZAMBUGUEIRO
HMP
MURO
Figura 74| Corte CC Perfil proposto Ver anexo no fim do caderno
105
EMEF JOSÉ PERGORARO
106
ARQUIBANCADA
D
D
HMP
GALPÃO CULTURAL
HIS
Figura 75 | Corte DD Perfil proposto Ver anexo no fim do caderno
107
EMEF JOSÉ PERGORARO
EDIFICAÇÕES CONSOLIDADAS
108
F
F
HMP
HIS GALPÃO CULTURAL
Figura 76 | Corte EE Perfil proposto Ver anexo no fim do caderno
109
24 considerações finais
O projeto de conclusão de curso procurou discutir a importância dos parques públicos na cidade, sobretudo no que tratamos como cidade informal. Buscou também criar melhorias para a população que vive na periferia, trazendo mais qualidade de vida para eles através dos programas propostos; como área aberta voltada a práticas esportivas, culturais, e de lazer, além do galpão cultural, que busca o fortalecimento da relação entre os membros da comunidade com o local. A questão das ocupações precárias localizadas nas margens do córrego também é levantada como parte importante para o seguimento do projeto. Desta forma, o projeto acaba atingindo a escala urbana ao ser proposto o reassentamento dessas habitações em uma expansão de ZEIS criada. A topografia acidentada também foi um grande desafio inicial para a criação do projeto. Diante de todo referencial teórico, estudo de casos e análise do local, tem-se a justificativa para a proposta projetual, e a importância da implantação de parque em áreas periféricas, assim como a importância do reflorestamento da mata ciliar dos rios e córregos da cidade.
110
Figura 77 | um dos percursos do moradores
111
25 crédito de imagens Figura 1
Figura 2
Figura 3
112
Foto tirada no local escolhido para a proposta. autoria própria Vista da parte mais alta do terreno escolhido. autoria própria Percurso que os moradores fazem para conseguirem cortar caminhos. autoria própria
Figura 4
Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Fonte: XIX Congresso Internacional de Gestalt Terapia
Figura 5
Parque Barigui, Curitiba Guia Gazeta do Povo.
Figura 6
Presença de muito entulho e degradação no terreno escolhido. autoria própria
Figura 7
Stranden- The Waterfront Promenade, Oslo, Noruega. Área de permanência e percursos em frente aos rios. Fonte: Landezine
Figura 8
Perreux River Banks, França. As margens do rio como forma de percurso no trajeto urbano. Fonte: Landezine
Figura 9
Anchor Park. Fonte: Landezine
Figura 10
Localização Fonte: Google Maps
Figura 11
Localização
Figura 12
Luz e sombra. Fonte: Áreas verdes da cidade
Figura 13
Curso original do Rio Tietê. Fonte: Áreas verdes da cidade
Figura 14
Retificação do Rio Tietê e rompimento das margens. Fonte:Áreas verdes da cidade
Figura 15
Implantação. Fonte: Áreas verdes da cidade
Figura 16
Vista Panorâmica do parque, com pedras que foram reaproveitadas da lagoa fazendo parte da estética. Fonte: Áreas verdes da cidade
Figura 17
Vista Panorâmica do parque, mostrando a parte da Lagoa de Carapicuíba.
Figura 18
Vista Panorâmica do parque, mostrando a parte das quadras.
Fonte: Áreas verdes da cidade
Figura 19
Localização Fonte: Google Maps
Figura 20
Localização
Figura 21
Vista do Parque. Fonte: Archdaily
Figura 22
Demolição de parte da penitenciaria do Carandiru. Fonte: XIX Congresso Internacional de Gestalt Terapia
Figura 23
Começo das construções. Fonte: Archdaily
Figura 24
Construções em andamento Fonte: Archdaily
Figura 25
Implantação Fonte: Archdaily
Figura 26
Vista do Parque. Fonte: Archdaily
Figura 27
Localização. Fonte: Archdaily
Figura 28
Vista do Parque Fonte: Archdaily
Figura 29
Parque Madureira
Figura 30
Início da obra. Fonte: RRA
Figura 31
Obra concluída. Fonte: RRA
Figura 32
Localização. Fonte: Google Maps
Figura 33
Localização. Fonte: Archdaily
Figura 34
Imagem área do Cantinho do Céu, onde algumas habitações já haviam sido retiradas das margens da represa. Fonte: Archdaily
Figura 35
Crianças brincando ao redor da represa. Fonte:Archdaily
Figura 36
Construções irregulares. Fonte: Archdaily
Fonte: Google Earth
Fonte: RRA
113
Figura 37
Implantação Fonte: Google Maps
Figura 38
Mapas de construções consolidadas, vias e áreas verdes
.
Fonte: Google Earth
Figura 39
Mapa de inserção urbana. Fonte: Google Maps
Figura 40
Crianças brincando ao redor da represa Fonte: XIX Congresso Internacional de Gestalt Terapia
Figura 41
Mapa zoneamento da prefeitura da capela do socorro com zoom no terreno escolhido para o projeto. Fonte: Prefeitura da Capela do Socoro
Figura 42
Situação do córrego no Grajaú Fonte: autoria própria
Figura 43
Situação do córrego no Grajaú Fonte: autoria própria
Figura 44
Mapa de hidrografia Sem escala
Figura 45
Mapa com localização do distrito do Grajaú Fonte:
Figura 46
Uma das entradas do terreno Fonte: autoria própria
Figura 47
Percurso utilizado como forma de cortar caminho Fonte: autoria própria
Figura 48
Área vazia com fundo de casas Fonte: autoria própria
Figura 49
Vista onde mostra a escola e a relação com o entorno Fonte: autoria própria
Figura 50
Vista da parte de trás da escola Fonte: autoria própria
Figura 51
Acesso ao terreno Fonte: autoria própria
Figura 52
Vazio com fundo de casas e muitos entulhos jogados na área Fonte:autoria própria
Figura 53
Vista da área mais alta do terreno Fonte: autoria própria
Figura 54
Construções irregulares. Fonte: autoria própria
Figura 55
114
Localização Fonte: Google Maps
Figura 56
Localização
Figura 57
Vista do Parque. Fonte: autoria própria
Fonte: Google Earth
Figura 58
Situação do córrego visto da Av. Belmira Marim
Figura 59
Corte esquemático do perfil natural do terreno com o córrego
Fonte: autoria própria
Figura 60
Mapa de uso e ocupação do solo
Figura 61
Mapa de uso e ocupação do solo
Figura 62
Imagem área antes da criação da escola
Figura 63
Mapa de realocação
Figura 64
Mapa de diagrama de usos
Figura 65
Proposta preliminar
Figura 66
Proposta final
Fonte: Geosampa
Figura 67
Galpão
Figura 68
Galpão
Figura 69
Galpão
Figura 70
Galpão
Figura 71
Corte perfil natural
Figura 72
Corte AA
Figura 73
Corte BB
Figura 74
Corte CC
Figura 75
Corte DD
Figura 76
Corte EE
Figura 77
Foto da área Fonte: autoria própria
115
26 referências MACEDO, Silvio Soares. Quadro do Paisagismo no Brasil. São Paulo, Quapá, 1999. MACEDO, Silvio Macedo & SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Edusp. 3 ª Ed. 2010. ROBBA, Fabio e Macedo, Silvio Soares. Praças Brasileiras. São Paulo. Edusp. 3ª Edição. 2010 MACEDO, Silvio Soares. Paisagismo Brasileiro Na Virada Do Século 1990-010. São Paulo: Edusp. 1ª Ed. 2012. GEHL, Jan. Cidade para pessoas. 2ª Ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo WMF, Martins Fontes, 3ª Ed. 2012. KLIASS, Rosa Grena. Os parques urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini, 1993 GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidades- rupturas e reconciliação. São Paulo, Senac, 2010. MORIN, E. O método 1:. a natureza da natureza. Porto Alegre: Sulina, 2008. BARCELLOS, Vicente. Os parques como espaços livres públicos de lazer: O caso de Brasília. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, -2008 LIMA, V.; AMORIM, M. C. C. T. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Revista Formação, n.13, p. 139 -165. 2006 LIMA, A. M. L. P.; et. al. Problemas de Utilização na Conceituação de termos como Espaços Livres, Áreas Verdes e Correlatos. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2., 1994, São Luis, MA: Anais... 1994. p. 539-553.LLARDENT, L. R. A. Zonas verdes y espaços livres en la ciudad. Madrid: Closas - Orcoyen, 1982 MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: Ilegalidade, desigualdade e violência. São Paulo: HUCITEC, 1996. FEIBER, S. D. Áreas verdes urbanas, imagem e uso – o caso do Passeio Público de Curitiba – PR. RA’E GA O espaço geográfico em análise, Curitiba, n.8, p.93-105, 2004. FERRARA, L. A. Olhar periférico: informação, linguagem, percepção ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo – EDUSP, 1993. SANCHEZ, P. De áreas degradadas a espaços vegetados. Editora SENAC, 2014 QUEIROGA, Eugenio. A megalópole e a praça: O espaço entre a razão de dominação e a ação comunicativa. 2001. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo , São Paulo, 2001 ALEX, Sun. Projeto da praça: Convívio e exclusão no espaço público. São Paulo. Editora SENAC, 2008
116
27 sites http://www.rra.com.br/projetos/parque-madureira-rio-20 Acesso em: 23.11.2017, às 16:05 hrs. http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/regionais/capela_do_socorro/historico/ index.php?p=916 Acesso em: 25.11.2017 às 20:00 hrs. http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br Acesso em: 19.10.2017 às 17:15 hrs http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1965.pdf Acesso em: 21.11.2017, às 20:00 hrs. http://www.ambienteduran.eng.br/area-de-preservacao-permanente-0 Acesso em: 23.11.2017, às 13:05 hrs. http://www.camara.sp.gov.br/mapa-lei-de-zoneamento/ Acesso em: 23.11.2017, às 16:05 http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/programas/index.php?p=3377 Acesso em: 03.04.2018, às 14:40 hrs http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/boldarini-arquitetura-urbanismo-parque-publico-19-01-2011.html Acesso em: 10.05.2018, às 10:00 hrs. http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.135/4015 Acesso em: 12.04.2018-, às 17:30 hrs.
117
118
119