Ana Brunelo Molina Gimeno
ARQUITETURA LÚDICA E A CRIAÇÃO DO BEM ESTAR
São Paulo 2018
Ana Brunelo Molina Gimeno
ARQUITETURA LÚDICA E A CRIAÇÃO DO BEM ESTAR
Trabalho apresentado ao Centro Universitário Senac Santo Amaro como requisito fundamental para aprovação no curso de Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Valéria Fialho.
São Paulo 2018
AGRADECIMENTOS Ag radeço a todos que me ajudaram seja com o próprio trabalho - com a revisão de texto, nas cor reções ou até mesmo
resolvendo
as
palavras-cr uzadas
-
ou
ainda
me
dando
força
ao
longo
do
ultimo
ano,
todas
as
vezes
que
dava vontade de explodir tudo - chamando para uma viagem ou para um sor vete, com cer teza me ajudaram muito. Dedico este trabalho principalmente a minha mãe - Margareth Br unelo, ao meu pai - Sérgio Salvo Molina Gimeno, e ao meu tio - Ricardo Aparecido Br unelo. Obrigada por todas as opor tunidades que ja me deram na vida e por todo apoio.
RESUMO Neste trabalho são estudadas as interações entre a arquitetura lúdica e o espaço, na medida em que um projeto lúdico cria ambientes que proporcionam uma maior sensação de bem estar e uma melhor qualidade de vida a todos os seus usuários. São vistos e analisados os benefícios psicológicos resultantes tanto da inserção da arte na vida cotidiana das pessoas, como também do desenvolvimento de projetos de ambientes flexíveis, interativos e estimulantes; e como forma de aplicação de tais conteúdos, se desenvolve um projeto de intervenção no Centro Universitário Senac Santo Amaro, pelo qual se estabelece um circuito lúdico interno ao campus, composto de espaços externos e internos, com o propósito de intensificar a qualidade do ensino produzido e captado, e melhorar também as experiências que são vividas nesse espaço como um todo.
ABSTRACT In this work, the interactions between ludic architecture and space are studied, in that a playful design creates environments that provide a greater sense of well being and a better quality of life for all its users. The psychological benefits resulting both from the insertion of art into people’s daily life and from the development of flexible, interactive and stimulating environments are seen and analyzed; and as a form of application of such contents, an intervention project is developed at the Senac Santo Amaro University Center, which establishes a ludic circuit inside the campus, composed of external and internal spaces, with the purpose of intensifying the quality of the teaching produced and captured, and also improve the experiences that are experienced in this space as a whole.
CAÇA PALAVRAS / HUNTING WORDS
Encontre as palavras chaves deste trabalho / Find the key words of this work: PROJETO - INTERVENÇÃO - ARQUITETURA - LÚDICA - ESPAÇO - APRENDIZADO - LÚDICO
*Resolução no final do livro / Resolution at the end of the book (Pg 89).
SUMÁRIO
1. Introdução 2. O Lúdico no Ambiente
2.1. O que é Cultura Lúdica?
2.2. O Sistema da Linguagem Lúdica
3. Símbolos e Tradução 4. Estudos de caso
4.1. Colégio Santa Cruz
4.2. Exposição Castelo Rá-Tim-Bum
4.3. Parque Lúdico do Sesc de Interlagos
5. A Psique da Arte Lúdica 6. Projeto
6.1. Análise do Campus
6.2. Projeto de Intervenção - Nível 1
6.2.1. Estrutura Base das Intervenções
6.2.2. Praça do Leitor
6.2.3. Praça da Mata
6.2.4. Praça do Cubo
6.2.5. Conectivo
6.2.6. Praça Experimental
6.3 Projeto de Intervenção - Nível 2
6.3.1. Vão Expositivo
6.3.2. Núcleo de Informática (Nasa)
6.3.3. Grande Salão
7. Considerações finais Referências Anexos
7 8 10 11 13 16 16 20 24 29 33 34 40 42 43 46 51 54 59 63 63 65 68 71 72 74
1. INTRODUÇÃO
A cada geração as pessoas se sentem cada vez mais perdidas
exemplares destas categorias: o Colégio Santa Cruz; a Exposição
no espaço, com menos identificação com relação ao ambiente
do Castelo Rá-Tim-Bum; e o Parque lúdico do Sesc de Interlagos.
que as rodeia; o espaço é frio, comercial e sem aconchego.
Por fim, como forma de aplicar os conceitos analisados ao longo do
Com base em estudos feitos pelo pesquisador Silvio Dworecki
trabalho, são realizadas diversas intervenções no centro Universitário
em seu estudo, o qual gerou o livro “Em busca do traço perdido”,
Senac de Santo Amaro, com o objetivo de criar espaços lúdicos,
épossívelcompreendercomotanto a arte quanto o lúdico,
promovendo uma melhor qualidade da vida dos usuários neste
inseridos na vida cotidiana das pessoas possibilita o resgate
espaço, intensificando a sensação de bem estar gerada nas pessoas
desta personalidade perdida aos espaços, permitindo com que
pelo ambiente - a todos que frequentam a instituição, uma maior
as pessoas se identifiquem novamente com tais ambientes,
qualidade no espaço aos alunos - ao colocá-los em um ambiente mais
proporcionando a elas, com isso, um maior bem estar e uma
estimulante, e intensificando a conexão espaço-ambiente entre o Centro
melhor qualidade de vida. Além desses benefícios, de acordo
Universitário e todos que ali estudam, trabalham ou frequentam.
com a Dra. Clice Mazzilli em sua tese de doutorado intitulada “Arquitetura Lúdica”, o estabelecimento de espaços lúdicos para as pessoas também tem como consequência a criação de diversos estímulos sensoriais que por sua vez ampliam as possibilidades de percepção e de reação do organismo. Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven izenour, realizam uma pesquisa denominada “Aprendendo com Las vegas: o simbolismo esquecido da forma arquitetônica”, na qual estudam de forma aprofundada a cidade de Las Vegas, e a ludicidade que pode ser encontrada na linguagem simbólica visual, a qual é responsável por criar a personalidade desta cidade. Características da arte lúdica também podem ser encontradas incorporadas a outros tipos de espaços, como por exemplo escolas, centros e espaços culturais, e alguns ambientes de trabalho; nesse trabalhos são escolhidos e analisados de forma mais aprofundada alguns
9
2. O LÚDICO NO AMBIENTE
Sem um símbolo próprio que o defina, lúdico se trata de
inserido, produzindo ambientes que na essência mantém sua
um conceito; a materialização de uma ideia, a qual quando
função, porém sofrem g randes alterações em suas formas.
aplicada a um espaço (entendido como local/ ambiente) fornece
Na tese de doutorado intitulada Arquitetura Lúdica, publicada
a este duas principais características: a de estimular e a de
em 2003 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
encantar os possíveis usuários e frequentadores deste espaço.
Universidade de São Paulo, a Dra. Clice de Toledo Sanjar Mazzilli diz que esta inventividade aplicada ao espaço estimula seus usuários na medida em que produz uma quebra nos constantes
Dicionário tradicional outro
estímulos aos quais tais pessoas são submetidas todos os dias, ou
objetivo/ que se faz por gosto, sem outro objetivo que o próprio prazer
seja, ao fornecer novos estímulos, o ambiente cria as condições
de fazê-lo / psicn relativo à tendência ou manifestação (artística ou
para que haja uma sensibilização do usuário perante o espaço.
Lúdico
-
que
visa
mais
ao
divertimento
que
a
qualquer
erótica) que surge na infância e na adolescência sob a forma de jogo. “Pesquisas na área da biologia confirmam a importância do aparelho Dicionário etimológico
sensorial para a sobrevivência do homem e verificam que as possibilidades de
Lúdico - Vem do latim ludus, que significa: exercício, drama, teatro, circo
reação do organismo empobrecem quando os estímulos são sempre idênticos
e também possui o significado de escola onde exista muitos exercícios.
e contínuos. Um sinal sonoro constante, um olhar atingindo sempre os mesmos elementos da circulação rotineira, o percurso por caminhos sempre
Dicionário de sinonimos
iguais e com a mesma intensidade do andar, são condições que provocam a
Lúdico - Relativo a jogo, brinquedo e diversão: entretenido, recreador, prazenteiro.
dessensibilização, cujas consequências são iguais a uma privação sensorial. Para reconhecer, o olho necessita de contrastes; para entender,o ouvido necessita
O estímulo que o ambiente lúdico proporciona perante os usuários
das tensões; e os pés exigem resistência para sentir.” (MAZZILLI, 2003, p. 46)
ocorre por conta da característica que este conceito tem de ser
10
“relativo a jogo” - entendendo jogo como sendo um esquema, uma
Já o encantamento do ambiente lúdico se dá pela relação que o
atividade ludibriante, cuja finalidade é o entretenimento e que possui
conceito de lúdico estabelece com o ato de brincar - sendo esta
regras e condições pré-estabelecidas para determinada situação.
uma palavra de origem latina, derivada do verbo vincire, que
O ambiente lúdico é pensado e projetado como um esquema,
significa prender, seduzir, encantar. Quando um ambiente tem
com o objetivo de desconstruir a formalidade do espaço no qual é
a finalidade de estimular a brincadeira, de encantar o usuário,
ele tem como objetivo também fazer com que o usuário usufrua deste espaço em questão, ou seja, o espaço convida o usuário
Dicionário tradicional
a apropriar-se de suas instalações, da maneira que melhor
Símbolo - Tudo o q ue, d e m aneira a rbitrária o u c onvencional,
lhe convier, seduzindo e prendendo a atenção e o interesse.
representa u ma o utra c oisa; indicação, r ito, l inguagem, r epresentação.
Embora
o
l údico
um
símbolo
ser
traduzido
não
próprio
que
forma
represente,
definida, ele
pode
frase/texto
d e
-
Transformar u ma
i ncorporação
exatamente
l inguagem
d e
u m
u ma
p ara
o utra.
e lemento
num
p alavra/ Integração c onjunto.
inúmeras
linguagens,
Releitura
a
diferentes
ambientes.
partir
d a
um conceito em uma forma física, de acordo com a proposta
Quando
o
do ambiente no qual será adicionado; utiliza-se como
integralmente pronto, não há como aplicar o conceito da
base projetual as características principais que o ambiente
ludicidade como parte do partido, porém é possível aplicá-
deve apresentar para ser reconhecido como tal, e aplica-
lo
que
seja
adaptado
o
uma
-
a
para
e
tenha
Tradução
integrado
-
C riação
d e
i nterpretação
u ma d e
o bra u ma
a rtística o utra
a o bra.
Na arquitetura a tradução consiste em uma transformação de ambiente
realizando
por
em
questão
exemplo
uma
já
está
releitura
parcialmente
do
ou
ambiente.
se o conceito lúdico como parte do partido arquitetônico: desde a forma deste ambiente, até no seu detalhamento.
1
11
2.1. O que é Cultura Lúdica?
que convém / Desfrutar = U sufruir = usar, utilizar / Origem latina.
Vem
d e
v inculum
que
quer
d izer
laço,
algema,
e
é
derivada do v erbo v incire, que significa prender, seduzir, e ncantar.
Dicionário tradicional Cultura - cabedal de conhecimentos de uma pessoa ou grupo social. / padrões de comportamento, crenças, conhecimentos,
“Vários
jogos
costumes etc. que distinguem um grupo social / forma ou etapa evolutiva
cultura
lúdica
das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais (de um lugar ou
de esquemas per mite iniciar uma brincadeira e produzir
período específico); civilização. / complexo de atividades, instituições, padrões
uma
sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins.
(M A ZZI LLI,2 003,p .29)
Cultura Lúdica se trata de um conjunto de padrões de estilo que
Jogos e brincadeiras são interpretados como representações
fogem do padrão convencional do tempo (entendido como época
de ludicidade dentro de uma cultura, mas não apenas os jogos
- década ou século) ou espaço (entendido como região / ambiente)
convencionais - como um jogo de tabuleiro, ou um videogame
no qual estão inseridos; uma nova forma, que pode auxiliar
- e também não apenas as brincadeiras tradicionalmente
no desenvolvimento de uma nova fase evolutiva, à medida que
conhecidas - como brincadeira de pega-pega, ou o famoso
reapresenta costumes e tradições sob novo olhar, estimulando o
“faz-de-conta”; As máscaras de dança dos povos selvagens,
pensamento e reavaliando resultados comparativamente relacionados
os totens, as diversas representações artísticas que refletem
com o que é tido como formal/ habitual/ dentro do normal.
sob um novo olhar algum aspecto da cultura na qual são
Assim como a cultura é algo que se modifica de acordo com o meio
produzidas, também são lidas como brincadeiras e algumas se
social, o local (país, cidade ou estado) e até mesmo de acordo com o
relacionam com as pessoas como se fossem um jogo: as danças
gênero das pessoas as quais é relacionada, a Cultura Lúdica também
e cerimônias que ocorrem ao redor dos totens, ou que existem
se porta de maneira semelhante, por se tratar de um conjunto de
dentro dos diversos templos religiosos, a forma e o mecanismo
padrões de estilo que fogem ao padrão convencional, ela se altera
de funcionamento desses ambientes, os métodos com que
de acordo com cada modelo de “padrão convencional” encontrado.
alguns tipos de objetos são tratados pelas pessoas que interagem
antrpol conjunto de
realidade
e
brincadeiras
pode
compor-se;
d iferente
demonstram como
d aquela
d a
um
como
cer to
vida
a
número
c otidiana”
com eles, é como se o objeto em si criasse a ludicidade, pois Dicionário tradicional, etimológico e de sinônimos
determina em si próprio a existência de um jogo; Para que o
JOGO - Com finalidade de diversão/ conjunto de condições, regras para
objeto ou o espaço seja lido da forma correta, há regras que
determinada
devem ser seguidas, uma ordem pré-existente e pré-determinada
BRINCAR
12
situação./ -
esquema
Apropriar-se
d o
(preparação, m omento
armação,
o portuno
algo
p ara
combinado)
realizar
a lgo
que precisa ser respeitada, da mesma forma que o jogo.
“O espaço do espetáculo é um espaço lúdico (...) o teatro promove conhecimento e
Antes de tudo vamos esclarecer aqui que o lúdico carrega em
aprendizagem na medida em que faz viver emoções e impulsos reprimidos pela vida
si conceitos que abrangem toda uma gama de conhecimentos e
cotidiana (assassinato, morte violenta, adultério). Por um lado, um exercício em
campos, portanto neste capítulo estarei definindo e explicando todo
riscos, sem perigo, não sério; por outro, um instrumento de descoberta e de revelação.
o conjunto sistemático do qual é composta a linguagem lúdica;
Na Idade Média, a atividade lúdica tem um contato menor com a religião e
um espaço lúdico se constrói através de aspectos tanto sensoriais,
manifesta-se às margens da religião oficial, nos ritos de carnaval, em manifestações
como cognitivos; ou seja, apresenta como componentes básicos: o
festivais. As festas não são propriamente jogos mas integram um elemento
contraste das formas, o ritmo dos elementos em função do espaço,
lúdico. São lugar de divertimento, recreação, vivenciados a partir de jogos de
o movimento e a dinâmica gerados pela associação desses dois
competição e de destreza. (...) Os participantes podem exercer sua participação
primeiros e a imaginação como sendo a capacidade de formar imagens
social, tomando parte em um grupo. Nesse caminho, seriedade e não seriedade
originais e criar a partir da combinação de idéias; porém também são
tendem a se separar, dada a marginalização da festa e do jogo com relação aos
componentes essenciais na formulação desse espaço: a textura, as
jogos oficiais romanos e gregos. Estes se separam da atividade social seria para
cores, a linguagem e a forma de estruturação de todos estes elementos.
assumir uma atividade fútil. Mais tarde, no século XVII, o jogo a dinheiro assume
Com tantos componentes aplicados em um mesmo ambiente, pode-se
grande papel social e assume a conotação de ‘azar’.” (MAZZILLI, 2003, p.36)
afirmar que o ambiente lúdico é complexo, construído com base em estudos cromáticos, estudos de forma e de materiais, e com um amplo
A inserção da arte nos espaços, esta como forma de jogo, auxilia
nível de detalhamento - este variando de acordo com a função do espaço
na criação e na configuração de uma cultura lúdica local,
a ser projetado e com os possíveis interesses dos usuários desse espaço.
possibilita o desenvolvimento de novos processos criativos e também uma nova linguagem visual, a linguagem visual lúdica.
“existe um intervalo desejável de estímulos a serem recebidos do ambiente. Tanto o excesso, quanto a escassez, anulam a assimilação do estímulo pelo aparelho sensorial. Chegou-se, nesse intervalo, ao estágio da complexidade como nível ideal para se
2.2. O Sistema da Linguagem Lúdica
transitar nas propostas arquitetônicas ou urbanas de espaço, pode-se até estender, lúdico.(...) A formação da imagem vincula-se a processos cognitivos, de visibilidade (
Dicionário tradicional
...) A complexidade, por sua vez, é necessária para que se renove a informação, para
Sistema - Conjunto de elementos (concretos ou abstratos) interligados
que se mantenha vivo o interesse, a curiosidade, o mistério - características do lúdico.”
e
(MAZZILLI, 2003, p.151)
que
funciona
Linguagem
-
expressar
seu
como
Sistema pensamento
um de
todo sinais
tanto
na
estruturalmente us.
pelo
fala
quanto
constituído
homem na
para escrita.
Com os objetivos de criar espaços interessantes, nos quais os usuários
13
se sintam estimulados para exercer a função a qual aquele espaço
expressiva da linguagem - na qual integram-se os elementos do
é designado, de forma constante; a linguagem visual introduz o
espaço e da forma, estabelecendo relações psico-fisiológicas
usuário a um “alfabetismo” visual, criando um novo sistema de
entre si, e associando tais relações a um nível perceptivo
leitura, o qual será captado de forma empírica. Esta linguagem
sinestésico, juntamente com estudos sobre intuição, memória,
criada é aplicável em distintos contextos: na arquitetura, na arte,
emoção, sentimento e cultura, que possibilitam por fim
no desenho urbano e no design, cujas informações perceptivas
considerar e analisar o homem em sua totalidade - ,e a segunda,
do espaço podem ser interpretadas em diferentes níveis, os
a dimensão representativa da mesma, que por sua vez se trata
quais estão sempre interligados, criando uma unidade própria.
da utilização de imagens como fonte e inspiração na obtenção de um conjunto de estímulos sensoriais, baseados no resgate de
“Um n ível é aquele d a s intaxe v isual, o nde se b uscam o s e lementos do
memórias de experiências associadas a um local, um indivíduo
espaço e da forma, a ssim c omo s uas relações, do p onto de v ista f ísico
ou a um conjunto de indivíduos. A soma destes elementos da
estrutural:
ponto,
dimensão representativa são responsáveis, dentro da linguagem
e
direção,
l inha,
s uperfície,
volume,
l uz,
cor,
t extura
( visual
movimento.
visual, pela criação e pelo desenvolvimento tanto das formas
Outro é o n ível n o qual s e estabelecem relações p sico-fisiológicas e ntre e stes elementos
que se assemelham ao plano real, como de formas simbólicas
(a p sicologia da forma): ilusões d e ó tica, s ensações de r itmo, t ensão, e quilíbrio,
e abstratas que se assemelham ao plano do imaginário.
tátil),
estrutura,
m ódulo,
escala,
dimensão,
clareza, desordem, harmonia, m ovimento, entre o utras, dadas p or p roximidade, semelhança, continuidade, s egregação, c ontrastes, o posições e ntre f igura e f undo, cheio e vazio, horizontal e v ertical etc., t udo isso o rganizado num campo v isual. Poderia-se m encionar, a inda, u m n ível p erceptivo sinestésico, no qual sensações visuais, táteis, auditivas, o lfativas, gustativas a ssociadas e mitem respostas v isuais: o r itmo marcado de u ma m úsica, t ransformado em sequência de signos v isuais; um c heiro azedo, doce, t raduzido p or u ma d eterminada t onalidade cromática, e tc. (...) Considerando o h omem em s ua t otalidade, o utros v alores como a intuição, a memória, a emoção, o s entimento, a cultura, a ssociam-se à s experiências visuais e
compõem a q ualidade e xpressiva da l inguagem
visual.” (MAZZILLI, 2003, p.153)
Podendo definir duas qualidades como sendo as principais na composição da linguagem visual, sendo a primeira a qualidade
14
3. SÍMBOLOS E TRADUÇÃO
Símbolos dentro da arquitetura atualmente são muito raros; não se tratam de características da edificação, que possibilitam a sua
Inscrições, hieróglifos, mosaicos, tatuagens e afrescos são todos
classificação como sendo de um período ou de um arquiteto
exemplos de símbolos aplicados à arquitetura, os quais marcam,
específicos; símbolos são o que ligam uma edificação a uma cultura
cada qual em seus respectivos edifícios: momentos, memórias
ou a uma sociedade, são o que cria uma personalidade ao espaço.
ou atividades, as quais foram realizadas, vividas ou de certa
Robert Venturi, Denise Scott Brown e Steven izenour,
forma associadas ao imaginário das pessoas que os frequentam.
arquitetos em cujo livro denominado “Aprendiendo de Las
Porém para associar essas memórias, os momentos ou as atividades
vegas: el simbolismo olvidado de la forma arquitectónica”
à um determinado espaço, é necessário primeiramente traduzi-los à
(Aprendendo com Las vegas: o simbolismo esquecido da
uma linguagem artística, a qual poderá ser incorporada ao espaço.
forma arquitetônica) realizam uma generalização sobre o simbolismo na arquitetura, através de uma análise mais
“Os críticos e historiadores que documentaram o ‘declínio dos símbolos populares’
aprofundada da cidade de Las Vegas na qual abordam temas
(...) evitavam o simbolismo da forma como uma expressão ou reforço do conteúdo:
como: inclusão e alusão em arquitetura; ornamentos como
o significado não devia ser comunicado por meio de alusões a formas previamente
signos e símbolos e seus possíveis significados; simbolismo
conhecidas, mas pelas características fisionômicas, inerentes à forma. A criação
histórico e a arquitetura moderna; a evolução simbólica de Las
da forma arquitetônica deveria ser um processo lógico, livre de imagens da
Vegas; entre outros relacionados a iconografia, estilizações
experiência passada, determinada somente pelo programa e pela estrutura, com
e às imagens que fazem parte da construção das cidades.
a ajuda ocasional, (...) da intuição.” (VENTURI. BROWN. IZENOUR, 1998, p.31)
“Os arquitetos modernos abandonaram uma tradição iconológica em que a
A tradução, se trata da transformação de uma forma em outra,
pintura, a escultura e o grafismo se combinavam com a arquitetura. Os delicados
mantendo-se o conteúdo e a expressividade da mesma. Para se traduzir
hieróglifos sobre um arrojado pilono egípcio, as inscrições arquetípicas de uma
um conceito a um espaço deve-se abstrair deste conceito o máximo de
arquitrave romana, as procissões em mosaico em Sant’Apollinare, as tatuagens
seu significado, entender as sensações que este gera nas pessoas, para
ubíquas sobre uma capela de Giotto, as hierarquias incrustadas em torno de
que seu significado seja refletido nas sensações produzidas pelo local.
um portal gótico, até mesmo os afrescos ilusionistas de uma vila veneziana,
Las Vegas, uma das cidades mais simbólicas do mundo, em cujas
todos contêm mensagens que vão além de sua contribuição ornamental
ruas, praças, estabelecimentos e edifícios se transmitem os mesmos
ao espaço arquitetônico.” (VENTURI. BROWN. IZENOUR, 1998, p.30)
conceitos: a cidade é feita para chamar atenção, atrair, entreter,
15
emocionar e encantar; Seduz e orienta o caminho de seus visitantes,
“Ao jogar fora o ecletismo, a arquitetura moderna anulou o simbolismo
conduzindo e manipulando em cada curva, com cada imagem,
e promoveu o expressionismo, concentrando-se na expressão dos próprios
letreiro ou cartaz. A arquitetura da cidade não é o foco, o que
elementos arquitetônicos: na expressão da estrutura e da função. (...) Ao
se transmite através dela e com ela é que está em foco. Ao unir a
limitar-se às articulações estridentes dos elementos arquitetônicos puros
comunicação visual à arquitetura local, criou-se uma cidade apelativa,
de espaço, estrutura e programa, a expressão da arquitetura moderna
que se comunica a todo instante, conversa e se conecta com todos.
tornou-se um expressionismo seco, vazio e tedioso - e, no fim das contas, irresponsável. Ironicamente, a arquitetura moderna de hoje, ao mesmo
“Andar numa praça é mover-se entre formas altas e envolventes. Andar nessa
tempo em que rejeita o simbolismo explícito e o ornamento aplicado
paisagem é mover-se por uma vasta textura expansiva: a megatextura da paisagem
frívolo, faz com que todo o edifício degenere em um grande ornamento.”
comercial.(...) são os cartazes da estrada, por meio de suas formas esculturais ou
(VENTURI. BROWN. IZENOUR, 1998, p.132)
silhuetas pictóricas, com sua posição específica no espaço, suas formas inclinadas e seus significados gráficos que se identificam e unificam a megatextura. Eles fazem
“As formas da arquitetura moderna foram criadas por arquitetos e analisadas
conexões verbais e simbólicas através do espaço, comunicando uma complexidade
por críticos principalmente com relação a suas qualidades perceptivas
de significados mediante centenas de associações feitas em poucos segundos e à
e à custa de seus significados simbólicos derivados de associações. Na
distância. O símbolo domina o espaço. A arquitetura não é suficiente. Uma vez que
medida em que reconhecem os sistemas simbólicos que permeiam nosso
as relações espaciais são feitas mais por símbolos do que por formas, a arquitetura
ambiente, os modernos tendem a se referir à degradação de nossos símbolos.
nessa paisagem se torna mais símbolo no espaço do que forma no espaço.(...)
Embora muito esquecidos pelos arquitetos modernos, os precedentes
O letreiro é mais importante do que a arquitetura.(...) O letreiro na frente é uma extravagância
históricos do simbolismo em arquitetura existem, e as complexidades da
vulgar, o prédio nos fundos, uma necessidade modesta. (...) Se tirarmos os letreiros, não
iconografia continuaram a ser uma parte importante da disciplina história da
existe o lugar. A cidade no deserto é comunicação intensificada ao longo da estrada.
arte.” (VENTURI. BROWN. IZENOUR, 1998, p.135)
(...)
Las
Vegas
é
a
apoteose
da
cidade
do
deserto.”
(VENTURI. BROWN. IZENOUR, 1998, p.39 e 40)
A tradução do lúdico se dá com a compreensão das relações psicológicas existentes entre as pessoas e o espaço que as
Inserir o lúdico no espaço pode ser visto como uma forma de
rodeia. Para incentivar um indivíduo a realizar uma ação
combater a pobreza simbólica que se encontrar nos espaços
em um determinado espaço, deve-se: propiciar ferramentas
modernos; traduzir os conceitos da ludicidade ao espaço se assemelha
necessárias a esta ação, distribuindo sinais que indiquem ao
à reintrodução da personalidade ao ambiente, a qual atualmente
usuário o que ele pode ou não fazer e como; tornar um ambiente
costuma ser deixada de lado durante a fase projetual das edificações.
agradável e convidativo, compreendendo o que faz com que um ambiente seja agradável e convidativo, o que faz com
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que as pessoas tenham uma sensação de bem estar e desejem
das coisas mais atrativas dessa instituição; a criatividade constante
permanecer no local; criar um espaço f lexível, o qual possa se
e contínua em cada setor também faz parte da sua personalidade.
moldar a diferentes vontades, relembrando sempre o usuário
Então temos um ambiente de estudo privado, um espaço expositivo
que independente de sua vontade, aquele espaço é destinado a
privado, e um ambiente cultural público, todos carregando
uma função final, e portanto deve ser f lexível na medida certa.
conceitos que permitem com que sejam classificados como espaços
Na sequência deste trabalho serão apresentados três tipos
lúdicos; todos mantendo suas características únicas de “espaço
de ambientes lúdicos diferentes, cada qual com uma função
de estudo”, “espaço expositivo” e “ambiente cultural”, porém
pré-determinada, e cada qual com uma simbologia única:
traduzindo-as à linguagem lúdica, a qual intensifica a conexão
O Colégio Santa Cruz - com sua arquitetura diferenciada,
e a sensação de seus usuário para com as instalações criadas, e
propicia aos alunos desde a ala infantil, a criação de uma forte
propicia os estímulos necessários para que as funções para as
conexão com o espaço, e a compreensão das normas da escola
quais esses espaços foram criadas, sejam corretamente executadas.
e da sociedade através de conceitos aplicados ao ambiente que os rodeia: cores fortes e vivas separam os ambientes, detalhamentos arquitetônicos criam uma unidade em todo o prédio da ala infantil, fazendo com que as crianças se conectem ao espaço e se sintam parte desse todo na qual estão inseridas. A Exposição do Castelo Rá-Tim-Bum, através de um projeto cenográfico reaviva desejos e imagens que compõem o imaginário de seus visitantes, o que propicia uma sensação de bem estar e cria uma conexão imediata com o espaço. Além do vínculo pela memória, ao montar a exposição na forma do próprio Castelo, modelando seu interior com os diferentes cenários e mostrando as diversas características que existiam no programa televisivo, oferece uma riqueza de estímulos que acaba por alcançar todos os tipos de pessoas. O Parque Lúdico do Sesc de Interlagos é um ambiente público, que convida a apropriação e estimula seus usuários a utilizarem suas diversas instalações; espaços f lexíveis são sua marca registrada, e a adequação destes espaços à diversos usos é uma
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4. ESTUDOS DE CASO
4.1. Colégio Santa Cruz
forte nesse lado educacional, por que justamente faz com que a criança consiga se integrar melhor ao espaço… eu quero aplicar isso
Fundado em 1952 por padres canadenses da congregação de
para um público adulto justamente para verificar esse bem estar.
Santa Cruz, o Colégio Santa Cruz é uma instituição de ensino
GT - Na minha opinião pessoal eu vou te dizer que sim, né… pois
particular localizada no Alto de Pinheiros, na cidade de São Paulo.
se você olha algum aluno de inclusão (com síndrome de Down ou
Projetada originalmente pelo arquiteto José Carlos Serroni, a ala infantil
problemas de locomoção,), você vai vendo e eles estão integrados, e eu
do Colégio apresenta um conceito original e moderno; em alguns
acho que talvez...no meu tempo a criança nem entrava, e hoje você vê
pontos inspirada pela arquitetura de Antoni Gaudí, repleta de traços
que a criança está aqui, então você já vê que tem diferença.” - TAUNAY,
orgânicos que integram os diversos ambientes criando uma identidade
Guilherme. Entrevista realizada em 20/10/2017. Ver transcrição na íntegra, Anexo 1.
única, na qual a criança pode se reconhecer, aprender de forma mais intuitiva a se organizar no espaço e se comunicar perante seus colegas. No Doutorado de Arquitetura Lúdica da Dra. Mazzilli, o Colégio
O ambiente lúdico deve ser um espaço flexível, que incentive
Santa Cruz também foi analisado como estudo de caso, e ao percorrer
e possibilite a integração de todos os tipos de pessoas; deve
o prédio infantil percebe-se que muitas das características originais do
ser levado em consideração o fato de que o espaço lúdico do
projeto mantiveram-se; como a divisão das salas por cor, a organização
Colégio Santa Cruz foi desenvolvido em uma época em que não
dos materiais dentro das salas de aulas - que segue os estilos de ensino
recebia alunos de inclusão, e mesmo que hoje em dia os receba,
das escolas canadenses, a ornamentação dos pilares, o trabalho de
a ordem, a organização do espaço e tudo que compõe sua
detalhamento que já havia dentro dos banheiros e nos bebedouros, o
ludicidade não precisaram ser alterados para receber tais alunos.
playground de madeira; Tudo está muito bem conservado e preservado. Claro que houve mudanças, como o estilo dos bebedouros,
“Então pra entender (apontando para a fachada da ala infantil)
alguns brinquedos da área externa de brincar, na biblioteca
isso aqui era uma casa de padres, não foi construído exclusivamente
infantil;
de
para a função que é hoje, foi adaptado.”. - TAUNAY, Guilherme.
acessibilidade.
Entrevista realizada em 20/10/2017.Ver transcrição na íntegra, Anexo 1.
“AB - Parte do meu estudo por exemplo, é que a ludicidade inf luência
Um edifício adaptado ao ensino infantil, seguindo os conceitos
no bem estar individual da pessoa, na criança ela tem um apelo mais
da ludicidade e inspirado na arquitetura de Gaudí. Para fazer
acesso
18
houve ao
também
andar
a
superior
inserção para
de
melhorar
um a
elevador
com que a criança se sinta integrada a este ambiente foram criadas diversas “lacunas projetuais” que devem ser preenchidas pelas próprias utilizadoras do espaço; lacunas não no sentido de haver falhas no projeto, mas no sentido de haver espaço para que os indivíduos que utilizam esse ambiente possam dar continuidade ao projeto, completando-o ao personalizálo. Então, é um edifício em constante modificação, à medida que os alunos mudam de semestre, as artes exibidas nas paredes dos corredores, os nomes e fotos que compõem os armários e cabideiros dentro das salas de aula também mudam, refletindo sempre quem está utilizando o espaço. “Segundo a coordenação pedagógica, a instituição prática um projeto
Painel com trabalhos dos alunos exposto na entrada do
autônomo com relação às diretrizes educacionais, vinculando-se ao vivido
corredor principal do edifício.
2
na rotina escolar, ao processo interativo com as crianças, que provocam permanentemente reavaliações das propostas. Esta ideia está rebatida na concepção de seu espaço. As intervenções visuais, na arquitetura, comparecem tanto no sentido de organizar algumas funções - como a identificação das salas por cor - como tornar o ambiente vivo, estimulante, acolhedor, com linguagem de forte conteúdo expressivo. Adornos criam ambientação cênica, mas não representativa da realidade, dando possibilidade ao imaginário. Um dado importante é a integração da produção da criança ao espaço. Esta ocupa as paredes da escola, estando nos corredores, nas áreas comuns, na sala de diretores e nas salas de aula, aproximando definitivamente crianças
e
ambiente
escolar.
Seus
desenhos,
cores,
representações
são parte da linguagem visual lúdica.” (MAZZILLI, 2003, p. 102)
Armário no qual cada aluno tem seu nicho, o que ajuda a reforçar a
3
ideia de pertencer ao ambiente.
19
4
Sala laranja, situada no andar térreo do edifício.
5
Os trabalhos dos alunos são o que completam e dão continuidade aos objetivos de projeto que foram criados e aplicados a este ambiente. Sem essa apropriação que resulta em uma personalização
do
espaço,
a
ludicidade
não
seria
plena.
“A partir de reuniões realizadas entre o arquiteto e a equipe pedagógica, definiu-se o conceito de espaço desejado. Este deveria transmitir: prazer de aprender, respeito, otimismo, invenção, a natureza. Diversidade e surpresa seriam qualidades desse espaço, mas também, precisão, organização, ordem e limpeza. A ideia era a de uma arquitetura orgânica, sem linhas retas, sem cores primárias; não um amarelo, mas amarelos; vários azuis, vermelhos, tal como ocorre na natureza. Não existiriam crianças da classe A,B ou C, mas da classe amarela, laranja, verde, azul, lilás; e assim as crianças se relacionariam, sem hierarquias. Cada classe com sua personalidade.” (MAZZILLI, 2003, p. 184)
Áreas internas do edifício. Janela do corredor e bebedouro, respetivamente.
20
6
7
9
8
Áreas internas do edifício. Salas de aula amarela e azul.
Áreas externas do edifício. Tanque para as crianças lavarem os materiais utilizados e banheiro do pátio.
10
21
Formas orgânicas por todo o edifício, cores vivas, utilização de
A exposição do Castelo Rá-Tim-Bum, visitada no dia 6 de
diversos materiais, provocando e estimulando a curiosidade. Em
outubro de 2017, ofereceu uma experiência muito interessante.
todos os ambientes, a riqueza de detalhes prevalece, convida
No espaço da exposição foi recriado parcialmente o exterior do
o usuário e dá incentivos para que este fique no espaço por
Castelo, e em seu interior fragmentos de todos os ambientes que
mais tempo, que queira descobrir o que mais existe ali e como
ali existiam, em uma área que totaliza 700 metros quadrados.
se sente em relação a todas essas informações que o rodeiam.
4.2. Exposição Castelo Rá-Tim-Bum “O Castelo Rá-Tim-Bum abriu suas portas pela primeira vez às 19h do dia 9 de maio de 1994. Nas mãos dos criadores Flávio de Souza e Cao Hamburger, o projeto de criar um segundo Rá-Tim-Bum ganhou a forma de um castelo, onde bruxos seculares e seres fantásticos recebiam visitas diárias. Com apoio da federação das indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e com o envolvimento direto de 250 pessoas, a TV Cultura lançou os noventa episódios, que somaram 5 mil horas de gravação e 3 mil horas de edição. A qualidade do programa, além de garantir bons índices de audiência, rendeu prêmios importantes. Em 1994, o Castelo foi eleito a melhor produção infantil de TV pela Associação Paulista de críticos de Arte (APCA). No mesmo ano, ganhou a medalha de prata no New York Festivals entre as atrações voltadas para as crianças. O programa fez tanto sucesso que os personagens acabaram indo parar nos cabides de lojas, nas prateleiras de supermercados, nas caixas de brinquedos, nas telas do cinema, nos palcos e até mesmo em países como
Foto da vista externa da exposição - com a recriação parcial, em
Cuba, Venezuela, Uruguai e república Dominicana, onde foi distribuída
tamanho real, do exterior do Castelo Rá-Tim-Bum.
uma versão dublada das aventuras de nino e sua turma.” - Texto extraído da própria exposição do Castelo Rá-Tim-Bum. Ver foto da referência, Anexo 2.
22
11
Todos os ambientes do castelo são extremamente bem
para o Castelo Rá-Tim-Bum veio originalmente das obras modernistas
detalhados, ricos em objetos e cores que se conectam com
de Antoni Gaudí, e na criatividade, no colorido e no movimento da
os personagens que vivem em cada ambiente. O estudo
Art Nouveau. Além dessas inspirações, a memória infantil dos autores
cromático, o desenho dos mobiliários, a forma dos objetos, a
da cenografia também foi usada como forte referência na construção
disposição destes em cada ambiente deixa evidente que nada
do programa; características dos personagens, vestimentas e enredo
foi feito por acaso, e nem para preenchimento de espaço.
de Jetsons, Scooby-Doo, Vila Sésamo, Penélope Charmosa, entre
Projetado por uma equipe de sete cenógrafos, que incluía o
outros foram resgatados na composição do Castelo Rá-Tim-Bum.
também arquiteto Alexandre Suárez de Oliveira, a inspiração
12
13
14
Foto 1 - tirada internamente na exposição do Castelo Rá-Tim-Bum - da personagem “Penélope, a repórter cor-de-rosa”, que foi inspirada nas personagens “Penélope Charmosa” do desenho Corrida Maluca, e na personagem “Jeannie”, protagonista de Jeannie é um Gênio. Foto 2 - tirada internamente na exposição do Castelo Rá-Tim-bum - do figurino do personagem “Etevaldo”, o qual foi inspirado inicialmente por um desenho de ET feito pelo enteado do figurinista Carlos Gardin, quanto esse tinha seis anos de idade. Foto 3 - Extraída do arquivo pessoal do cenógrafo Alexandre Suárez, e fornecida ao site www.gazetadopovo.com.br em entrevista dada ao mesmo no dia 30/03/2017.Representa a parede giratória com a qual se acessa o quarto do Nino.Ver foto das referências, Anexo 2.
23
“ ‘Originalmente o quarto não existia. Quando a direção nos pediu o quarto, o único lugar que sobrava era debaixo da escada. O desafio foi bolar uma entrada que não parecesse um lugar qualquer. Suárez se debruçou uma semana inteira sobre o projeto da entrada do quarto e a resposta veio no sonho. ‘Sonhei com uma parede girando em seu próprio eixo. Desenhei e fizemos’, celebra. A inspiração para o assento da porta veio do desenho animado Scooby-Doo, em que os personagens sentavam em bancos ou cadeiras, a parede girava e em instantes eles não estavam mais lá”. Texto extraído de entrevista dada pelo cenógrafo Alexandre Suaréz ao site www.gazetadopovo.com.br no dia 30/03/2017.
Além do
de
apresentar
Castelo
uma
Rá-Tim-bum
riqueza também
cenográfica,
o
programa
apresentava
uma
grande
riqueza nos diálogos de seus personagens, e na composição de
16
seus capítulos. Isso pode ser verificado na grande quantidade de quadros, personagens e cenários que compunham a série.
Cenário da Penélope, a repórter cor de rosa.
17
15
Cenário da biblioteca do Castelo.
24
18
20
Cenário do laboratório do Tíbio e Perônio.
Cenário do Dr. Abobrinha.
Cenário do Mau - personagem baseado no Gugu, da Vila Sésamo, que tinha pinta de mau e vivia numa lixeira.
19
21
25
Essa
gama
ao
A ludicidade da Exposição do Castelo Rá-Tim-Bum está
e
no próprio Castelo, que apesar de se tratar de um ambiente
desenvolver temas e assuntos dos mais variados, introduzindo
cenográfico, conecta-se com seu público de uma forma
a seus telespectadores todo o tipo de informação; ou seja, a
muito particular, intensa e real. Os sentimentos gerados pelas
a
riqueza
cenários
memórias resgatadas do programa por meio da exposição
e
personagens
eles.
são o que transformam esses espaços cenográficos em
programa
se
de
cenários
conectar
de
e
com
conteúdo e
dos
de
personagens
todos
os
possibilitava
tipos
transbordava quadros
criados
de
pessoas
dos por
ambientes lúdicos. Na exposição pode-se observar o prazer e o contentamento dos visitantes por finalmente estarem dentro do Castelo, um local que fazia parte do imaginário infantil destes que agora são adultos, desfrutando de seus mais variados espaços, os quais, em muitos casos, foram construídos com a ajuda de crianças como as que os próprios visitantes eram na época em que o programa era exibido na televisão.
4.3. Parque Lúdico do Sesc Interlagos AB - Me conte como você se sente nesse espaço? SR - É um espaço bem convidativo, pra leitura, pra ouvir uma música, pra bater um papo, e que permite a criatividade com as letras, as cores. AB - Ele é estimulante? Da vontade de ficar aqui? SR - Sim...sim. É confortável, iluminado. AB - O que este espaço te remete? SR - Infância, parque de diversões, descanso. - RICHTER, Silvia. Entrevista realizada em 26/10/2017. Ver transcrição na íntegra, Anexo 1. 22
Script do episódio: 42/Maré do Castelo Rá-Tim-Bum,
26
exposto ao público na exposição.
Um espaço convidativo, flexível, confortável, que estimula a criatividade e remete à infância, à ideia de diversão e ao
descanso. Essa foi a opinião e as sensações que a visitante Silvia Richter teve ao ir pela primeira vez ao Espaço jovem, ambiente existente dentro de um dos edifícios do Sesc de Interlagos. v Inaugurado em 1975, o Sesc Interlagos é composto por diversos espaços, dentre os quais há: um conjunto aquático que, além das 3 piscinas, também conta com recanto infantil com playground de águas; um playground infanto-juvenil na forma de um jacaré gigante; um campo de recreação de areia; um campo de recreação de pneus, com brinquedos de som criados unicamente para esse espaço; um espaço lúdico para crianças - conhecido como Espaço de brincar; um espaço lúdico para jovens - conhecido como Espaço jovem; e diversos programas que ocorrem ora de fins de semana e feriados, ora na época de férias, e criam
Foto do Espaço de brincar.
24
espaços lúdicos temporários para incentivar a interrelação de seus visitantes. Por conta disso, o Sesc de Interlagos também é conhecido como Parque Lúdico do Sesc de Interlagos.
Mapa geral ilustrativo do Parque Lúdico do Sesc de Interlagos
23
Mapa geral ilustrativo do Parque Lúdico do Sesc de Interlagos
Foto do tabuleiro de xadrez gigante.
25
27
28
Foto do Playground de águas.
26
Foto do campo de recreação com pneus, com brinquedos de som criados exclusivamente para este ambiente.
27
Fotos do Espaço jovem.
28
Há, Parque foram
de
fato,
Lúdico
muitos do
selecionados
Sesc. alguns
espaços e
interessantes
Então, como
neste
foco
de
29
no
Espaço jovem: com seus tatames sempre à disposição, para que
trabalho,
qualquer pessoa possa alocá-los sob o piso emborrachado preto que há
análise:
no chão e praticar a atividade que desejar; com seus espaços de leitura, confortáveis e aconchegantes, que podem ser apropriados, seja para
Tabuleiro de xadrez gigante e o playground de águas: projetados
ler, estudar, descansar, dormir, conversar com os amigos ou namorar.
sem ter um público alvo restrito, podem ser utilizados por pessoas
Há no espaço uma pequena biblioteca, que pode ser consultada, além
de todas as idades, incentivando a criatividade e o raciocínio a
de grandes caixas de madeira que, num primeiro momento, são o que
partir de objetos simples - como no caso do tabuleiro de xadrez -, e a
atraem o olhar por parecerem jogadas e fora de contexto, mas ao se
imaginação e as sensações - como no caso do playground das águas.
aproximar delas percebe-se que têm uma função muito importante:
Campo de recreação com pneus: embora também não tenha um
possibilitam a criação de pequenos mundos em seu interior. A partir
público restrito, não é tão convidativo às crianças como é aos jovens;
do momento em que se adentra em uma delas, o resto do mundo
um campo recreativo no qual podem desvendar os diferentes sons
parece não importar mais, talvez até não existir mais; seja um pai que
de cada objeto, talvez até tentar compor algum tipo de melodia.
deita no puff com sua filha e começa a conversar ou ler um livro, seja
Além disso, os brinquedos de escala são mais bem elaborados
uma estudante que escolhe o local para fazer algum trabalho, esse
e mais altos, o que provavelmente gera uma sensação de perigo
espaço convida e acolhe, proporcionando uma sensação de segurança.
nos mais novos e uma sensação de aventura nos mais velhos.
Espaço de brincar: voltado para o público infantil, recebe crianças de
29
até 6 anos, mas aceita pessoas de todas as idades quando está vazio.
LETÍCIA. Entrevista realizada em 26/10/2017. Ver transcrição na íntegra, Anexo 1.
“A gente tinha essa ideia de trazer um pouco do verde lá de fora aqui pra dentro
Os espaços do Sesc são conhecidos por serem flexíveis,
também, então ela bolou isso. É uma coisa que lembra uma piscina, tem as nuvens,
convidativos e bem organizados, mas no Parque Lúdico do
uma lagoa, a gente chama de lago (...) um pouco para dar continuidade pra esse
Sesc de Interlagos é possível encontrar características a mais:
espaço ali que vai lá para frente. Essa coisa de ser uma unidade com muito verde.
espaços criativos, que estimulam seus usuários a darem mais
(...) Os bichinhos (apontando para os bichos de pelúcia espalhados pelo chão
de si, a perceberem o que os rodeia, a pensarem o que aquele
perto da lagoa) são feitos por uma artista plástica, e são os bichinhos que tem
espaço tem a oferecer e o que cada um pode fazer com aquilo
por aqui então, é o mesmo tipo de sapo é a lagarta que a gente vê na árvore...”
que lhes é oferecido; ambientes que estimulam a inventividade e
- LETÍCIA. Entrevista realizada em 26/10/2017. Ver transcrição na íntegra, Anexo 1.
trazem à tona o imaginário de cada um que adentra ao parque. Para criar espaços que serão apropriados por futuros visitantes,
O que mais chama a atenção nesse espaço é a quantidade de
o Sesc cria o local, deixa-o visualmente e termicamente
detalhamento que cada mínima coisa apresenta, desde a área de
aconchegante, e disponibiliza toda e qualquer ferramenta
interação que se assemelha a um lago, até os detalhes nos núcleos dos
que possa estimular e incentivar os usuários do espaço a
ventiladores e a imitação de nuvens que foram criadas no teto do local,
criarem laços e se conectarem àquele local. Ao incentivar a
tudo auxilia na criação de um ambiente único, no qual o indivíduo
apropriação, a instituição desenvolve nas pessoas a sensação
se sente bem-vindo e estimulado a permanecer no ambiente - no
de pertencimento; e ao pertencerem e se conectarem com o
mínimo para poder descobrir tudo o que aquele local tem a oferecer.
local, automaticamente as pessoas desenvolvem a vontade
Conversando com Letícia, instrutora de infanto juvenil e responsável
de permanecer. O Sesc de Interlagos criou uma grande
pelo Espaço de brincar, foi possível confirmar que, embora o Espaço
comunidade,
de brincar seja voltado ao público infantil, muitos jovens e até
conectam-se, permanecem no espaço, retornam a ele e passam
mesmo adultos têm uma sensação muito agradável ao estarem alí.
a fazer parte da ludicidade que continuamente se constrói.
“AB - E você, como funcionaria do Sesc, o que sente nesse espaço? É confortável? É um ambiente mais tranquilo quando comparado a outros lugares que já trabalhou? L - Ah… eu não trabalhava nessa área, mas me sinto bem aqui, também tenho vontade de brincar…. Então isso é bom né (risadas)?. A gente vê as crianças lá de baixo vindo, o olhinho brilhando a hora que veem que “ahh tem um espaço lá”. E eu também me sinto assim, gosto muito daqui!É um ambiente em que eu fico feliz de estar trabalhando.” -
30
são
pessoas
que
conhecem,
utilizam-se,
5. A PSIQUE DA ARTE LÚDICA
comunicação tradicional, mas apresenta muita facilidade em ser
Dicionário tradicional o
analisado e explicitado pela comunicação artística – sejam poemas,
ou
canções, músicas, fotografias, pinturas de todos os estilos, etc.
pessoas.
Em seu trabalho, o Dr. Dworecki reapresenta e reintroduz
Arte – capacidade e aptidão do ser humano de aplicar conhecimentos
a arte na vida de adolescentes e adultos como forma de
e habilidade na execução de uma ideia, de um pensamento; Atividade
estudar o que é a arte para esse público e analisar a forma
criadora do espírito humano, sem objetivo prático, que busca representar
com a qual esta influencia e interfere na vida dessas pessoas.
Psique conjunto
–
mente dos
inconscientes)
(por
oposição
processos de
uma
a
psíquicos, pessoa
ou
corpo); mentais
de
um
Psiquismo
é
(conscientes grupo
de
as experiências coletivas ou individuais através de uma impressão estética, sensorial, emocional, como tal apreendida por seu apreciador.
“A criança abandona o desenho. Esta perda, circunstancial ou duradoura, da capacidade expressiva plástica é aceita pela maioria como fatalidade biológica. Se
Ambientes
lúdicos
são
ambientes
que
fervilham
em
a arte tivesse outro papel em nossa cultura, seriam diversas as atuações da família,
arte, explodem em criatividade, criam um universo tão
da escola e dos meios de comunicação no que toca ao conhecimento sensível.
real; é tão imaginário que é difícil associá-lo a uma
(...)É próprio da criança o desenhar, e tantas outras atividades como a dança, o
única pessoa, mas ao mesmo tempo é possível conectá-
teatro, a música… Desenhar na fase adolescente ou adulta, para quem o abandonou,
lo com a psique de uma, ou de um grupo de pessoas.
é permitir-se a recuperação. O adulto e o adolescente precisam munir-se de intenções
De acordo com as pesquisas feitas pelo Dr. Silvio Dworecki
para fazer arte. Escola, família e meios de comunicação, solidários, como numa
em seu trabalho de doutorado intitulado “Em Busca
estratégia sem estrategistas, favorecem o abandono das atividades plásticas, fato
do Traço Perdido”, quando crianças, os seres humanos
concomitante a alfabetização. O mesmo ocorre com as outras linguagens artísticas (...)
produzem arte como forma de expressão/comunicação.
Quando a criança se dispõe aos primeiros desenhos é dotada de uma incompletude
Conforme se desenvolvem e se alfabetizam na forma de
na maturação de seu sistema nervoso. Suas possibilidades gestuais, como decorrência
comunicação mais tradicional da sociedade – a escrita
também dessa imaturidade, são diversas daquelas que podem ser encontradas no
e a fala –, a maioria das crianças deixa a arte de lado, o
estágio adolescente ou adulto. Não se trata, pois, de fazer regredir para desenhar.
que provoca um lapso de aprendizagem em relação ao
E sim, de ativar as possibilidades do aparato corporal, próprias da vida madura, e
conhecimento sensível. Sentimentos, emoções e sensações
de recuperar liames perdidos: aqueles que ligam gesto ao traço, palavra à imagem,
são parte integrante desse conhecimento, o qual geralmente
intermediados pelo olho, presente o corpo todo.”. (DWORECKI, 1998, p.16 e 17)
apresenta dificuldades em ser explicado por meio da
31
O que é arte? Trata de uma forma de armazenar e transmitir
Elisete dedica-se, quase exclusivamente, a produzir quando está em aula. Faz
o conhecimento sensível para as futuras gerações, ensinando e
poucas anotações, recolhe raras imagens durante a semana e, raramente, traz um
mostrando às atuais gerações os prazeres da contemplação e as
exercício, uma leitura ou o relato de uma visita a exposição. Assim, os estímulos
bases da educação estética; uma estratégia de sobrevivência à
que mais lhe tocam são aleatórios: aquilo que vê e anota, aquilo que o professor diz.
medida que viabiliza novos olhares para além da mediocridade. Mediocridade que se reflete na frieza e na indiferença que constroem
Novaes destaca os estímulos que o levam a produzir: Uma bela foto, coisas
as relações humanas de hoje, na destruição contínua dos diversos
aleatoriamente, banca de jornal, outdoor rasgado. São eles que o conduzem
tipos de paisagens do mundo, e na dessensibilização do indivíduo.
à conclusão de que trabalha com os olhos e isso o leva a fazer ilações.
O Dr. Dworecki espera, em sua pesquisa, registrar uma forma de reduzir o nível de mediocridade ao introduzir a arte de maneira contínua e
Vera(...)Presto muita atenção na cidade, nas coisas, nos objetos (...)
constante na vida das pessoas, ampliando a capacidade perceptiva
A entrevista com Vera foi feita num momento em que trabalhar a partir da
destas, fornecendo mais formas de expressão, e sensibilizando-as uma
observação é fato do passado. Hoje ela garante que o que mais a estimula são as
vez mais. Para tanto, o pesquisador analisa durante um longo período
conversas. É a discussão do trabalho de alguém, ir numa galeria ou ver os trabalhos
cinco alunos, os quais são submetidos às aulas de “Desinibição do
de outra pessoa. A curiosidade é o maior estímulo.”. (DWORECKI, 1998, p. 46 e 47)
Traço” e, se persistem nessas, às aulas de “Criação de Linguagem Plástica Pessoal”, nas quais são observados, questionados e cujas
Estímulos são cada vez mais escassos no espaço produzido
análises são registradas, a respeito de como se sentem e o que pensam
pelo homem. Um espaço comercial: trata-se, em sua maioria,
sobre todo o processo que o pesquisador desenvolve junto deles.
de um grande vão sem personalidade, no formato de uma caixa
Uma outra forma de introduzir a arte de maneira contínua e
na qual a empresa enfileira incontáveis mesas para colocar seus
constante na vida das pessoas é aplicando-a ao ambiente, pois
funcionários e exigir deles o melhor desempenho possível; um
com isso atinge-se o indivíduo que ali vive ou transita de forma
espaço de estudo: em sua maioria não difere muito dos espaços
muito particular, auxiliando na conexão que se faz com o local,
comerciais, reduzindo a amplitude dos vãos, substituindo
influenciando na sensação aprazível
para com o espaço que o
as fileiras de mesas por carteiras. Continua a se tratar de um
rodeia e fazendo alterações diretas na qualidade de vida que
ambiente sem muita personalidade, com pouco ou nenhum
leva ao ser um frequentador daquele espaço. O ambiente se
estímulo que possa gerar algum tipo de inventividade. Os
torna um estímulo para todos que o vivenciam de alguma forma.
únicos espaços que, em alguns casos, dependendo do local, da cidade, do país, da cultura e do governo, oferecem maiores
“Elisete que
32
eu
(...) vejo,
Estimula-se que
me
marcam
preferencialmente e
eu
gravo
com no
cenas
estímulos são os espaços públicos;destes, principalmente os
caderninho.
espaços culturais, os parques e praças. Ou seja, os ambientes nos
quais as pessoas passam a maior parte de suas vidas - escolas,
vendo. (...) a atitude perante o desenho mudou muito a minha vida,
universidades e ambientes de trabalho - tendem a ser frios,
na atenção que eu tenho para com ela. (...) afirma que essa atitude de
impessoais, desconectados de seus usuários e desestimulantes.
verificar o que se passa na rua estende-se para sua produção. Como pegar
Um espaço lúdico conecta-se a seu usuário ao gerar neste uma
o material. Como traçar. A cor. O gesto, o tema. Sua conclusão é de que
emoção - seja resgatando um memória ou refletindo algum aspecto
tudo isso mudou. (...) considera ainda que suas conquistas expressivas
do imaginário pessoal ou coletivo; estimula por meio da arte que
interferem em sua atividade como arquiteto, na área da comunicação visual.
o compõe e se torna pessoal a medida em que cria vínculos - tanto interpessoais como entre o espaço e às pessoas que o frequentam.
Elisete (...) para ela, o essencial não é a técnica, e sim um estímulo de linguagem
E se um ambiente de estudo for um espaço lúdico? E se um
relacionado com um procedimento que lhe permita uma mudança de hábito.”.
ambiente de trabalho for um espaço lúdico? Significará que
(DWORECKI, 1998, p. 72 e 73)
as pessoas que passam a maior parte de suas vidas nesses espaços está constantemente estimulada pelo que as rodeia,
“Novaes revela que a atividade plástica melhorou a minha qualidade de vida porque
conectadas de forma pessoal e criando vínculos, umas com
eu pude apreciar melhor a natureza, as obras, os acasos. Lembremo-nos de que, para
as outras e com o espaço. Ao criar estímulos constantes e
ele, natureza geralmente é algo urbano. Acasos são imagens que encontramos, sem
fortalecer os vínculos, eleva-se a produtividade e o desempenho
procurar, dentre os estímulos visíveis: (...) uma sombra colocada no chão, por exemplo.
de todos que o frequentam, pois aumenta-se a sensação de
Assim ele estabelece sua condição atual: Vivo melhor com meu espírito, que se regala
contentamento e a qualidade da vida que alí se constrói.
mais com o que vê do que antes. E aponta a diferença: Eu não tinha um olho educado. A relação aqui estabelecida - entre viver melhor e ter um olho educado - confirma que há
“Arlete (...) Quando tive mais compromisso com o desenho, também
uma interferência na percepção dos hábitos, no dia-a-dia.” (DWORECKI, 1998, p. 75)
assumi mais compromisso com a empresa. (...) Arlete sintetiza o fato de ter mudado seus padrões em relação ao que é arte e prossegue anotando
“Vera
é
arquiteta,
mudanças de hábitos relacionados com a aceitação e o desenvolvimento
ela
da capacidade de desenhar. Então vai mudando a forma de ver o que é
atividade expressiva também faz parte do convívio com sua filha e
bonito, o que não precisa ser bonito, o que é expressão. Então isso mudou
da organização dos espaços de sua casa. “ (DWORECKI, 1998, p. 77)
considera
a
uma
atividade
interferência
do
que
desenho
envolve em
desenho.
seu
Por
dia-a-dia:
isso,
(...)
A
muito a minha vida, de comportamento que eu achava errado, feio, mudou. Então a partir do momento de me expressar e aceitar mudou o
Elevando-se a produtividade e o desempenho dos trabalhadores
comportamento, as atitudes diante de uma coisa(...)” (DWORECKI, 1998, p. 67)
de uma determinada empresa, significa que o status desta também poderá se elevar perante o mercado. Ao fazer o mesmo
“ Augusto (...) Na rua, antes eu andava pensando. Agora, eu ando
numa
determinada
escola
ou
universidade,
serão
maiores
33
as
chances
desses
estudantes
serem
bons
profissionais
no
futuro e, consequentemente, dessa instituição ter uma melhor colocação no ranking quando comparada às demais instituições. A inserção de espaços lúdicos numa empresa e/ou instituição não trará benefícios apenas aos usuários do espaço, que serão beneficiados a curto prazo, mas também à própria instituição e/ou empresa, a qual será beneficiada num período de médio a longo prazo por oferecer uma melhor qualidade de vida a seus alunos/ funcionários, ser um ambiente onde as pessoas se sentirão bem e, principalmente, por ser um espaço estimulante, que ficará registrado na memória de todos que o frequentam.
34
6. PROJETO
O projeto consiste na criação de um circuito lúdico interno
do Acadêmico 2) e o Grande Salão (localizado também no Prédio do
ao campus do Centro universitário Senac Santo Amaro. Para
Acadêmico 2); O espaço intermediário se trata da área de conexão
selecionar os espaços de intervenção, primeiramente realizou-
entre os prédios acadêmicos - um espaço coberto, porém externo. Para
se um levantamento espacial das áreas de relaxamento, áreas
os espaços externos e também para o espaço intermediário temos uma
de salas de aula e áreas de estudos de livre acesso, com isso
matriz projetual baseada em grandes decks de madeira, com diferentes
pode-se localizar regiões do câmpus que possuem menos
níveis de altura, associados a bancos e com uma linguagem orgânica e
atrativos porém um alto potencial de ocupação - o qual se
fluida, que proporcionam desde ambientes convidativos até ambientes
deve, em alguns locais, à existência de intervenções artísticas,
de estar, flexíveis ao uso e que estimulam a apropriação destes
em outros à uma conexão já existente com os estudantes, ou
espaços por seus usuários. Os projetos dos ambientes e os projetos
ainda se deve a um certo isolamento da região em relação aos
dos mobiliários são apresentados através de implantações, cortes e
tipos de áreas estudadas, o que permite uma maior variedade
plantas de detalhamentos dos mobiliários. Já para os espaços internos
de opções de intervenções para este determinado local - e estas
são propostos planos de estudos de massas, nos quais apresenta-
regiões portanto foram elencadas como sendo potenciais de
se uma setorização de cada ambiente com as idéias propostas
intervenção. Em um segundo momento realizou-se uma análise
através de implantações esquemáticas e de croquis perspectivados.
de ocupação e utilização destas regiões selecionadas, na qual observou-se cada região em diferentes períodos, sendo que as áreas internas dos prédios foram observadas nos períodos de “aula” e de “intervalo”, e as áreas externas aos prédios foram observadas nos períodos de “manhã”, “tarde” e “noite”; tal análise teve como resultado a definição do tipo de intervenção e o caráter desejado para cada espaço. O circuito lúdico é composto por 8 espaços: sendo 4 externos, 1 intermediário e 3 internos. Os espaços externos são: Praça do cubo, Praça da Mata, Praça do Leitor e Praça Experimental; Já os espaços internos são: Núcleo de Informática (Nasa - localizada no Prédio do Acadêmico 1), Vão expositivo (localizado no Prédio
35
6.1. Análise do Campus
porém dentro do campus, e 3 internas aos prédios acadêmicos. Todas as áreas em potencial foram analisadas com maior
Campus bem estruturado, com boa disposição das áreas de
profundidade (ver tabelas nas pgs. 36, 37, 38 e 39) - com
relaxamento principais - as quais se resumem às praças de
relação a pontos de apoio ou pontos contra as intervenções, e
alimentação; e bom equilíbrio entre áreas edificadas e as áreas abertas.
frequência de utilização e ocupação destes espaços - definindo-
Não apresenta áreas de relaxamento internas nos prédios acadêmicos
se assim justificativas válidas para a escolha das mesmas.
1 e 2; e áreas de relaxamento secundário se resumem a bancos e
Com as áreas definidas estipulou-se o caráter desejado à cada
algumas mesas, que se dispõem ao longo de alguns trechos das áreas
espaço e definiu-se o tipo de intervenção a ser realizada.
abertas do campus. (ver mapa de análise e setorização situado abaixo). Com base nessa análise inicial, estabeleceu-se um circuito de potenciais áreas lúdicas (ver mapa de possíveis área de intervenção na pg. 35) , o qual se constitui de 8 grandes áreas, sendo 5 externas,
30
36
31
37
MANHÃ
TARDE
NOITE
1
Praça do Cubo é uma área de passagem - mesmo quando ocorrem eventos no centro de convenções - não recebendo um número significante de pessoas em nenhum momento do dia.
ÁREAS DE INTERVENÇÃO EXTERNAS
2
Praça da Mata permanece vazia principalmente no período da manha, e nos periodos da tarde e da noite recebe alguns usuários. Apenas quando há evento de alguma turma na praça, que esta recebe um numero maior de pessoas.
3
A conexão entre os acadêmicos é principalmente uma área de passagem, recebendo algumas pessoas nos periodos de intervalos e no periodo da noite.
32
38
MANHÃ
TARDE
NOITE
4
ÁREAS DE INTERVENÇÃO EXTERNAS
Praça do Recanto Japonês recebe maior numero de usuários nos periodos da tarde e noite, mas o mobiliário presente ja é o suficiente para receber a todos.
5
Área não utilizada em nenhum periodo do dia.
33
AULA
ÁREAS DE INTERVENÇÃO INTERNAS
INTERVALO
1
Vão expositivo do Prédio Acadêmico 2 é uma área de transição, que recebe mais alunos apenas quando há alguma exposição ou algum evento que se realiza no local (exemplo: feira de livros).
34
39
AULA
ÁREAS DE INTERVENÇÃO INTERNAS
INTERVALO
2
Centro de informática recebe um grande número de usuários nos intervalos e em períodos de INTERVALO entregas de trabalhos. AULA
ÁREAS DE INTERVENÇÃO INTERNAS
3
Região pouco frequentada do Prédio Acadêmico 2, independente do período do dia. Sala de estudos recebe um grande número de usuários somente em períodos de entregas de trabalhos.
40
35
LOCALIZAÇÃO
1
ÁREAS DE INTERVENÇÃO INTERNAS
ÁREAS DE INTERVENÇÃO EXTERNAS
Centro expositivo do acadêmico 2.
APOIO
CONTRA
Apresenta intervenções artísticas exporádicas.
X
JUSTIFICATIVA
INTERVENÇÃO
CARATER DESEJADO AO ESPAÇO
Local com alta potencialidade, fora dos corredores de circulação e isolado visualmente das salas de aula.
Novo layout do espaço
Área livre voltada ao relaxamento e descanso dos alunos e funcionários do campus, e de ocupação efêmera em tempos de exposição.
X
Espaço antiquado, que precisa ser redesenhado para se comunicar de forma mais intensa com seus usuários.
Área voltada aos estudos, com espaços flexiveis - que possibilitem maior conforto aos alunos para que façam trabalhos em grupo ou individuais; e Novo layout do espaço diversificados - fornecendo apoio seja a quem utilizar sua própria tecnologia, seja quem utilizar-se da tecnologia oferecida pela instituição.
X
Região pouco frequentada, ampla e livre de bloqueios, com Novo layout do espaço alto pé direito e fácil acesso às áreas de relaxamento.
Área interna, flexivel, compartilhada entre todos os estudantes do campus, com objetivo de ser um espaço de permanência.
Local interessante, pois serve como espaço de apoio ao centro de convenções.
Mobiliário
Área livre, mas que também serve de apoio ao prédio de convenções, e portanto tanto recebe novo mobiliário, mais atraente e aconchegante a seus usuários.
Área com grande potencialidade construtiva, poís é afastada e desconectada com demais setores do campus.
Mobiliário
Área que mantém seu caráter ja estabelecido - livre para diversos usos, e que estabelece uma conexão com a natureza nela presente e ao redor da mesma.
Área aberta, porém coberta, que ja possui uma conexão com os estudantes e um alto índice de circulação.
Mobiliário
Área que mantém seu carater já estabelecido - livre, de passagem e exporadicamente expositiva.
Mobiliário
Área que mantém seu caráter ja estabelecido - livre para diversos usos, que estabelece uma conexão com a natureza nela presente e com os edifícios ao redor da mesma.
2
Centro de informática (Nasa) e seus acessos.
3
Área de entorno da rampa de acesso ao primeiro pavimento do acadêmico 2. Espaço engloba algumas salas dos Apresenta intervenções setores G, H e I, dentre as quais artísticas exporádicas. temos salas de coordenação, laboratórios de pesquisas e depósitos.
1
Praça do Cubo - em frente ao prédio de convenções.
Já apresenta intervenções artísticas.
Ausência de conforto.
2
Praça da Mata - atrás do Prédio de Design.
Já apresenta intervenções artísticas.
Ausência de conforto e de personalidade própria.
3
Ponto de conexão entre os blocos acadêmicos, com fácil acesso á diversos pontos de relaxamento.
Já apresenta intervenções artísticas.
X
4
Local público e próximo da portaria principal, não se volta Praça do Leitor, entre grandes áreas somente aos estudantes e Já apresenta de relaxamento e de estudos de livre intervenções artísticas. funcionários, deve-se considerar acesso. os demais visitantes desse espaço.
Se trata de um ambiente com característica de jardim e que amplia a conexão do usuário com a natureza.
5
Área livre entre a praça de alimentacao 1 e o prédio da Coordenação.
Área de circulacao periférica do Área externa, com mobiliario fixo campus, com alto potencial por desenhado especificamente para este conta do seu tamanho e por Novo layout do espaço espaço, porém que também recebe um não interferir com nenhuma mobiliario colaborativo e flexível. das outras áreas.
X
X
X
36
41
6.2. Projeto de Intervenção - Nível 1 Após a análise do campus e definição dos locais a serem trabalhados, realizou-se um desenho para cada área previamente selecionada; Os espaços externos e o conectivo receberam um novo tipo de mobiliário - ação que definimos aqui como “Nível 1” do projeto de intervenção; enquanto para os espaços internos fez-se um plano de atuação definido como “Nível 2”, que dependerá de futuras análises feitas em relação as propostas implementadas no Nível 1 e a aceitação destas por parte de seus usuários.
PROJETO DE IMPLANTAÇÃO ORIGINAL
42
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO
37
Escala: 1/2000
Nasa
Praça do Leitor
Conectivo
Nivel
1
Nivel
2
Vão Expositivo
Praça Experimental
Grande Salão
Praça da Mata
Praça do Cubo
PROJETO DE INTERVENÇÃO 38 e 39
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC SANTO AMARO
43
6.2.1. Estrutura Base das Intervenções
Estrutura dos Bancos
Estrutura de sustentação metalica: tubo
Estrutura dos Decks
Caibro Pinus Bruto
oco 3X1”, com parede interna de 3mm
5cm X 8,3 cm Deck de madeira em régua Isabela 2cm X 10cm X 2m até 4m. *Entre as réguas do deck deixa-se um espaçamento de 3mm para dilatação da madeira.
Base metalica quadrada de 5cm X 5cm, com parede interna de 3mm.
Viga Angelin Amargo 9,5cm X 4,5cm X 2,5m
Saia de fechamento lateral, feita com régua Isabela de 2cm X 10cm (espessura X largura) X 20cm (altura da saia). Pilares estruturais de madeira serão utilizados para sustentação nas áreas internas dos decks. Desenho na parte superior do pilar permite o seu encaixe om as vigas de madeira.
Parede de concreto serve de reforço estrutural para as extremidades dos decks e também de apoio na colocação das saias de fechamento lateral.
Devido o formato orgânico dos decks, pilares estruturais de concreto serão utilizados para sustentação ao longo de todo o seu perímetro, e assim como os pilares de madeira, o topo dos pilares de concreto são adaptados para receberem as vigas. 40
44
6.2.2. Praça do Leitor
utilizados para descanso e relaxamento - já que sempre permeiam as areas verdes, estipulando esta atmosfera de aproximacão com
Por se tratar de uma área de chegada ao campus, recebe
a natureza - ou também para trabalhos ou reuniões individuais ou
desde visitantes esporádicos até estudantes. Se trata de uma
em grupo - devido ao tamanho de alguns decks. Estes decks, de
praça de passagem para alguns e de permanência para outros,
forma ininterrupta se unem a bancos com 40cm de altura e 60cm
então cria-se um mobiliário fixo, porém de uso flexível.
de profundidade que assim como os decks permeiam as áreas verdes.
Grandes decks circulares de madeira, com 20cm e altura em relação ao solo criam locais de permanência que podem ser
41
Implantação Original - Escala: 1/500
42
Implantação com Projeto de Intervenção - Escala: 1/500
45
Parede de concreto para reforço estrutural.
44
Ampliação do projeto estrutural - Escala: 1/25
Estrutura de sustentação metálica.
Criando um efeito de continuidade na união dos decks com os bancos temos uma superfície de madeira inclinada 45º.
45 43
46
Projeto estrutural da intervenção - Escala: 1/300
Ampliação do projeto estrutural - Escala: 1/25
46
47
Praรงa do Leitor - Perspectivas 3D
47
6.2.3. Praça da Mata
como base para a fixacão dos grandes decks de madeira, mantém a linguagem que já foi utilizada na Praça do Leitor
Área livre para diversos usos, que estabelece uma conexão com
e estipula-se assim um ambiente multifuncional nesta região.
a natureza nela presente e ao redor da mesma. Apropriando-se dos desníveis e do paisagismo ja existentes e utilizando o relevo
48
48
Implantação Original - Escala: 1/500
49
Implantação com Projeto de Intervenção - Escala: 1/500
49
Devido o formato orgânico dos decks, pilares estruturais de concreto serão utilizados para sustentação ao longo de todo o seu perímetro, e assim como os pilares de madeira, o topo dos pilares de concreto são adaptados para receberem as vigas.
Deck de madeira em régua Isabela 2cm X 10cm X 2m até 4m.
50
Projeto estrutural da intervenção - Escala: 1/300 Viga Angelin Amargo 9,5cm X 4,5cm X 2,5m
Pilares de madeira
51
50
Ampliação do projeto estrutural - Escala: 1/25
Saia de fechamento lateral, feita com régua Isabela de 2cm X 10cm (espessura X largura) X 20cm (altura da saia). Parede de concreto serve de reforço estrutural para as extremidades dos decks e também de apoio na colocação das saias de fechamento lateral.
52
Ampliação da vista VM com detalhamento estrutural - Escala: 1/25
Viga Angelin Amargo 9,5cm X 4,5cm X 2,5m
53
Vista VM - Escala: 1/200
51
54
52
55
Praรงa da Mata - Perspectivas 3D
6.2.4. Praça do Cubo Área ao
livre,
prédio
mas de
que
também
convenções,
e
deve para
servir tanto
de
apoio
recebe
novo
mobiliário, mais atraente e aconchegante a seus usuários. A forma do mobiliário remete a copa das palmeiras que já existem na praça e cria um jogo de cheios vazios
56
que
se
assemelha
a
um
labirinto
de
e
bancos.
Implantação Original - Escala: 1/500
57
Implantação com Projeto de Intervenção - Escala: 1/500
53
Superfície do banco em réguas de Madeira de Demolição de 2cm X 10cm X 2m até 4m.
58
Dimensões do Projeto de Intervenção - Escala: 1/300
59
Base do banco em Madeira de Demolição maciça.
Vista VC - Escala: 1/100
54
60
61
Praรงa do Cubo - Perspectiva 3D
55
6.2.5. Conectivo
de profundidade na parede oposta. E para complementar um mobiliário modular, que pode ser posicionado ao redor
Área de passagem, onde eventualmente ocorrem exposicões e
dos pilares que cruzam o grande vão, ou pode ser relocado
eventos dirigidos a diversos públicos do Centro Universitário.
da forma que melhor convier aos usuários do espaço;
Posicionando um grande deck circular de 20cm de altura logo na
Este mobiliário modular pode ser aproveitado em dias de
entrada do conectivo, cria-se um convite a permanência; tal convite
ocorrência de eventos como palestras, assim como pode ser
se estende com o posicionamento do banco de 40cm e altura e 60cm
reposicionado de acordo com a necessidade do Campus.
62
56
Implantação Original - Escala: 1/500
63
Implantação com Projeto de Intervenção - Escala: 1/500
64
Estrutura de sustentação metalica: tubo Base metalica quadrada de
oco 3X1”, com parede interna de 3mm
5cm X 5cm, com parede interna de 3mm.
Caibro Pinus Bruto 5cm X 8,3 cm 65
Ampliação do projeto estrutural - Escala: 1/25
Projeto estrutural da intervenção - Escala: 1/100
57
66
Deck de madeira em régua Isabela 2cm X 10cm X 2m até 4m. Viga Angelin Amargo 9,5cm X 4,5cm X 2,5m
Projeto estrutural da intervenção - Escala: 1/100
Parede de concreto serve de reforço estrutural para as extremidades dos decks e também de apoio na colocação das saias de fechamento lateral. 67
Ampliação do projeto estrutural - Escala: 1/25
Devido o formato orgânico dos decks, pilares estruturais de concreto serão utilizados para sustentação ao longo de todo o seu perímetro, e assim como os pilares de madeira, o topo dos pilares de concreto são adaptados para receberem as vigas.
58
Estrutura dos bancos feita de vigas de Angelin Amargo de 5cm X 7cm (para reaproveitar as sobras dos materiais utilizados nas estruturas dos decks)
Fechamento dos bancos feito com madeira em rĂŠgua Isabela 2cm X 10cm (espessura e largura da rĂŠgua)
68
69
Detalhamento Estrutural das Cadeiras de Madeira
Detalhamento Estrutural das Cadeiras de Madeira
de 54cm de Raio - Escala: 1/100
de 93cm de Raio - Escala: 1/100
59
70
71
72
60
Conectivo - Perspectivas 3D
6.2.6. Praça Experimental
Como o nome da praça ja sugere, a cada semestre será proposto
Espaço
anteriormente
sem
uso,
onde
foram
montadas
estruturas de decks de madeira fixos, porém com variações
criacão irá
aos de
estudantes um
-
mobiliário
complementar
o
através
de
um
experimental
mobiliário
ja
workshop e
existente
rotativo da
-
a que
praça.
de altura entre suas partes para diversificar o seu uso.
73
Implantação Original - Escala: 1/500
74
Implantação com Projeto de Intervenção - Escala: 1/500
61
75
Parede de concreto serve de reforço estrutural para as extremidades dos decks e também de apoio na colocação das saias de fechamento lateral.
Deck de madeira em régua Isabela 2cm X 10cm X 2m até 4m.
Viga Angelin Amargo 9,5cm X 4,5cm X 2,5m
76
Ampliação do projeto estrutural - Escala: 1/25
Saia de fechamento lateral, feita com régua Isabela de 2cm X 10cm (espessura X largura)
Projeto estrutural da intervenção - Escala: 1/200
62
Vista VE - Escala: 1/200
77
Mobiliário feito com Tambores
Mobiliário feito com Tambores
78
Exemplo de ocupação experimental com Tambores - Escala: 1/500
63
79
81
64
80
Praรงa Experimental - Perspectivas 3D
6.3. Projeto de Intervenção - Nível 2
prédio Acadêmico 2) e o Grande Salão (localizado também no Acadêmico 2); e para eles são apresentadas propostas
De acordo com as análises realizadas e demonstradas
de futuras intervenções, as quais podem sofrer alterações
no capítulo 6.1, além dos espaços externos possíveis
e serão melhor detalhadas quando as propostas realizadas
de
possíveis
no Nível 1 deste projeto ja tiverem mais consolidadas e
espaços internos no campus, que são pouco utilizados
puderem ter seus resultados mais profundamente analisados.
ou que poderiam ter um melhor aproveitamento se
Essas
recebecem um novo layout ou um novo tipo de mobiliário.
apresentadas
Estes espaços são: Núcleo de Informática (Nasa - localizado
implantações
intervenção,
também
foram
elencados
propostas na
de
futuras
forma
de
esquemáticas,
intervenções
estudos e
de
serão
massas
croquis
agora
feitos
em
perspectivados.
no prédio Acadêmico 1), Vão Expositivo (localizado no um espaço de relaxamento integrado ao jardim. Alteração do piso
6.3.1. Vão Expositivo
e inserção de novos mobiliários auxiliam no conforto ambiental, chamam atenção dos possíveis usuários e trazem mais aconchego.
A proposta consiste em aproveitar o isolamento desta área perante as salas de aula e o corredor de passagem, e criar
Ampliando a conexão do espaço com o jardim.
82
Implantação Original - Escala: 1/500
83
Piso de madeira (área amarela)
Implantação Apresentando Estudo de Massa - Escala: 1/500
65
84
66
Croqui Perspectivado do Vão Expositivo
6.3.2. Núcleo de Informática (NASA)
é um espaço antiquado, com um layout rígido, pouco atraente e frio. Ao redesenhar o espaço, acrescentar um pouco de cor,
Esta se trata de uma área essencial tanto á instituição,
novos mobiliários, fazer uma diferenciação de piso do restante da
quanto á seus usuários, em relação ao material fornecido
instituição para este local, espera-se torná-lo mais convidativo,
aqui (computadores, Macs, mesas digitais) não falta nada,
atribuindo-lhe uma personalidade própria, mais flexível e interativa.
porém em relação a qualidade do espaço, falta quase tudo;
85
Implantação Original - Escala: 1/500
67
Misto de Macs e PCs, com variação no layout das mesas (área roxa) Piso de madeira (área amarela) Piso de cimento queimado (área verde claro)
86
Área carpetada, com puffs, tomadas ao redor e no meio para que os estudantes se organizem a gosto (área rosa) Poltronas com mesas modulares para apoio de laptops
68
(área laranja)
Implantação Apresentando Estudo de Massa - Escala: 1/500
87
Croqui Perspectivado do Núcleo de Informática
69
6.3.3. Grande Salão
entre outras, porém mesmo com as exposições é uma das áreas menos frequentadas do campus, o que a torna ideal
Área de entorno da rampa de acesso ao primeiro pavimento do
para uma remodelagem completa do espaço. Retirando as
prédio Acadêmico 2, que engloba algumas salas dos setores G, H
salas presentes neste espaço cria-se um grande salão, que
e I, dentre as quais temos salas de coordenação, laboratórios de
ao ser devidamente equipado poderá ser apropriado por
pesquisa e depósitos. Em alguns momentos do ano apresentam-se
diferentes tipos de alunos em qualquer período do dia.
nesse local exposições das turmas de design, fotografia, arquitetura,
88
70
Implantação Original - Escala: 1/500
Piso de cimento queimado
Área de relaxamento integrada ao jardim, que assim
Área de trabalho em grupo ou individual “sujo”,
(área verde claro)
como no vão expositivo terá piso de madeira para
ou seja, com mesas de tampos de vidro para
ampliação do conforto ambiental (área amarela)
realização de maquetes e trabalhos artísticos de todo tipo (área laranja)
89
Área de integração de estudantes multidiciplinares,
Área multiuso, com lousa, manequins, mesas de
a qual poderá apresentar artefatos para turma de
trabalho “limpo”, ou seja, que não tem tampo
Educação Física, uma passarela experimental para
de vidro (área vermelha)
turma de Moda, um palco para diversos usos e uma parede artística feita pelos prprios alunos (área rosa)
Implantação Apresentando Estudo de Massa - Escala: 1/500
71
90
72
Croqui Perspectivado do Grande SalĂŁo
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, após conceituar o lúdico e analisá-lo como cultura
um indivíduo, ao sentir que pertence a um local, deseja
e sistema de linguagem; entender como operam os símbolos
permanecer neste local, e para uma instituição de ensino como
ao serem inseridos num espaço e como se dá a tradução
um centro universitário ter seus estudantes permanecendo em
do lúdico para o ambiente construído; estudar de forma
suas instalações, usufruindo de seus espaços, significa que esses
aprofundada o sistema de linguagem lúdica de três ambientes
estudantes podem ser ainda mais estimulados com relação a
com características distintas, sendo o primeiro um ambiente
seus próprios cursos ou até mesmo em relação ao demais cursos
de ensino, o segundo um ambiente de aprendizagem,
oferecidos pela instituição - uma vez que se todos os estudantes
lazer e cultura direcionados, e o terceiro um ambiente de
são estimulados a ficarem no espaço em que estudam, irão direta
lazer, multifuncional, público e flexível; compreender o
ou indiretamente conviver uns com os outros - e ao receberem
mecanismo de funcionamento do lúdico quando visto pelo
uma maior quantidade de estímulos, a tendência é que produzam
ângulo psicoanalítico e, portanto, compreender e poder
cada vez mais em nome da instituição em questão. Portanto não
justificar como e porquê a introdução da arquitetura lúdica
é só a qualidade da vida dos usuários que será melhorada, a
continuamente no ambiente pode gerar nas pessoas uma
qualidade do conteúdo absorvido pelos estudantes também e os
elevação na sensação de prazer para com o devido ambiente
estímulos oferecidos pela instituição serão ampliados, ou seja, as
e uma melhora na qualidade de vida que se leva neste
intervenções beneficiam tanto o usuário quanto a instituição.
local; aplicar todos estes conhecimentos na realização de um projeto de intervenção no Centro Universitário Senac Santo Amaro foi de extrema importância para fixar todo o conteúdo estudado, e de grande satisfação própria, já que aprimorar um pouco mais o ambiente acadêmico o qual frequentamos nos ultimos anos não deixa de ser divertido. As intervenções realizadas tem como objetivo tornar os ambientes mais apropriáveis, ou seja, mais flexíveis, dinâmicos, e interessantes a seus usuários. Estes ao se apropriarem dos espaços, criam uma nova personalidade a cada local, com isso se desenvolve a idéia de pertenecimento;
73
REFERÊNCIAS
Bibliografia
Dicionário de símbolos online. Disponível em <https://www. dicionariodesimbolos.com.br>.
MAZZILLI, Clice de Toledo S. Arquitetura lúdica. Criança, projeto e linguagem. Estudos de espaços infantis educativos e de lazer. São Paulo:
Dicionário informal online. Disponível em <http://www.
2003. Tese (Doutorado), FAUUSP.
dicionarioinformal.com.br>.
DWORECKI, Silvio. Em busca do traço perdido. São Paulo: Edusp e
Dicionário de Caldas Aulete online. Disponível em <http://www.
Scipione, 1999.
aulete.com.br>.
VENTURI; ISENOUR, S; SCOTT BROWN, D. Aprendendo com Las
Referências aos estudos de caso
Vegas. O simbolismo (esquecido) da forma arquitetônica. Tradução por Pedro Maia Soares. Disponível em: <https://fauufpa.files.wordpress.
Referência utilizada no estudo da Exposição do Castelo Rá-Tim-
com/2014/07/aprendendo-com-las-vegas-por-robert-venturi-denise-scott-
Bum:
brown-e-steven-izenour.pdf>
http://www.gazetadopovo.com.br/haus/estilo-cultura/relembre-ainfancia-e-descubra-como-foi-feito-o-cenario-do-castelo-ra-tim-bum/
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2001
Referência utilizada no estudo do Sesc de Interlagos: http://www.encontrainterlagos.com.br/interlagos/sesc-interlagos-
Dicionários Dicionário de sinônimos online. Disponível em <https://www.sinonimos. com.br>. Dicionário etimológico online. Disponível em <https://www. dicionarioetimologico.com.br>.
74
em-interlagos.shtml
Referências para o projeto: https://arcoweb.com.br/projetodesign/especiais/premio-asbea-2006campus-senac-01-12-2006 http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?newsID=a3663. htm&testeira=727&unit=CAS&sub=0 http://aflalogasperini.com.br/blog/project/senac-santo-amaro/ http://www.purarquitetura.arq.br/item.php?id=2&p=57 - plantas e cortes numeradas http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.057/2528
Referências aos mobiliários: https://pt.slideshare.net/ideapavimenti/normas-de-instalao-de-deckde-madeira-diretamente-no-solo http://madeiradedemolicao.com/sobre-madeira-de-demolicao.html
75
ANEXOS
Anexo 1 - Entrevistas
fundamental 1, este prédio é fundamental 2, esse prédio é ensino médio, todo mundo pode circular por qualquer lugar, menos as
Entrevista realizada no dia 20/10/2017, no Colégio Santa Cruz, pela
crianças… Elas só saem quando tão com professor junto. Ah,
autora deste Trabalho de Conclusão de Curso, Ana Brunelo Molina
hoje querem fazer uma brincadeira na grama, pode? Pode, desde
Gimeno (AB), com o engenheiro Guilherme Taunay Ferreira (GT).
que o professor esteja junto. AB - E aqui vai até o terceiro colegial?
Cheguei
ao
colégio
Santa
Cruz
e
o
próprio
engenheiro
Guilherme veio me receber na entrada do colégio para me guiar:
GT - O aluno pode entrar com 5 e sair com 18 anos. AB - Qual é a média de renda? GT - Dos pais? Alta… a média tá em, sei lá, média em 3.500
GT - Aqui é a educação infantil, ela está localizada perto da portaria
reais por mês.
principal, e as crianças ficam fechadas nesse espaço. O resto da escola
AB - Certo classe AA.
fica bastante livre.
GT – Então, pra entender (apontando para a fachada da ala
AB Sim. Essa separação já existia em 2003 quando a Dra. Mazzilli
infantil) isso aqui era uma casa de padres, não foi construído
lançou seu doutorado, ela descreve a mesma separação dos espaços.
exclusivamente para a função que é hoje, foi adaptado.
GT - Os pais têm que deixar as crianças aqui na portaria e que vir buscar as crianças nesse mesmo local. Já o resto da escola não; os
Entrando no prédio, passando pelo hall de entrada com a ala
demais alunos são deixados na rua mesmo e entram sozinhos.
de espera e entrando no corredor principal que leva às salas:
AB - A educação infantil abrange crianças de que idade?
AB - (vendo os trabalhos nas paredes dos corredores). Esses
GT - De 5 e 6 anos, sendo 5 anos pré 1 e 6 anos pré 2. Eu vim pra cá
trabalhos já existiam em 2003. São todos feitos pelos alunos?
para construir o teatro em 2000, e fiquei, trabalho a 17 anos aqui no
GT - São.
colégio (...) o teatro é do Serroni também. AB - Você trabalhou junto com o Serroni? AB - Parte do meu estudo, por exemplo, é que a ludicidade
GT - Trabalhei.
influência na sensação de bem-estar individual da pessoa, na infantil:
criança ela tem um apelo mais forte nesse lado educacional,
GT - Ali é o parquinho deles...então o resto da escola, aquele prédio é
porque faz com que a criança consiga se integrar melhor ao
Andando
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ao
redor
do
prédio
da
educação
espaço… Quero aplicar isso para um público adulto justamente
letras, as cores.
para verificar essa sensação.
AB - Ele é estimulante? Dá vontade de ficar aqui?
GT - Na minha opinião, se você olha algum aluno de inclusão
SR - Sim...sim. É confortável, iluminado.
(com síndrome de down ou problemas de locomoção) e ele está
AB - Ao que este espaço te remete?
integrado. Eu acho que, no meu tempo, a criança nem entrava.
SR - Infância, parque de diversão, descanso.
Hoje você vê a criança aqui, já vê que tem diferença. Já ao conhecer a brinquedoteca, pude conversar um pouco com Após a visita no prédio infantil, Guilherme me levou para conhecer
Letícia, que trabalha no espaço como instrutora de infanto juvenil:
o Fundamental 1 e a área de recreação do F1, que ainda mantém um pouco da ludicidade que foi aplicada nas áreas do infantil.
AB - Qual é o seu nome? L - Letícia, eu sou instrutora de infanto juvenil aqui no SESC e sou
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uma das responsáveis pelo espaço de brincar. O espaço de brincar. Posso, então, te falar um pouco dos programas, que ai te contextualiza
Entrevistas feitas no dia 26/10/2017 no Sesc de Interlagos, pela
não é? A gente tem dentro do Sesc a parte do infanto-juvenil, são
autora deste Trabalho de Conclusão de Curso, Ana Brunelo Molina
três programas basicamente: é o Espaço de brincar, que é zona 6, o
Gimeno (AB), com a visitante do espaço, Silvia Richter (SR), e com
Curumim, que é 7 a 12, e 13 pra cima é o Juventudes. O único desses
a instrutora de infanto juvenil do Sesc de interlagos, Letícia (L).
programas que tem um espaço mesmo, pelo menos aqui em Interlagos fixo é o Espaço de brincar, que é o único que trabalha também muito
No SESC de Interlagos, ao lado do complexo aquático,
mais com o público espontâneo quem vem no dia, quem não vem.
encontra-se a maior construção do parque - o edifício
Mas que eu reparo aqui: a gente tem um número muito grande de
abriga
de
gente da região, que vem sempre, que às vezes nem gosta de vir de fim
informática, uma ludoteca, o espaço jovem e um café.
de semana, gosta de vir no dia que está mais tranquilo, que as crianças
um
restaurante,
uma
brinquedoteca,
sala
podem brincar mais à vontade. Fim de semana é mais variado, vem Ao com
adentrar Silvia,
no que
espaço estava
jovem,
comecei
conhecendo
a o
falar
muita gente de fora passar o dia no Sesc, mas ainda assim tem a
local:
galera da região, que daí só consegue vir de fim de semana. Aqui é até 6 anos, mas é convidativo até para maiores.
AB - Me conte como você se sente nesse espaço?
AB – Então, a gente poderia ficar neste espaço?
SR - É um espaço bem convidativo, pra leitura, pra ouvir uma
L - Poderia, quando não tem ninguém pode. Normalmente, de fim de
música, pra bater um papo, e permite a criatividade com as
semana a gente fala que as crianças maiores podem ficar aqui se estiver
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com a família de um menor, mas a gente não consegue controlar isso.
mesmo, e eu sei que essa questão da ludicidade na unidade inteira
AB - E aquele espaço jovem que tem lá em baixo, é livre?
é muito trabalhada, seja lá na parte das hortas, nos espaços
L - O espaço jovem tem esse nome porque em algum momento ele
de convivência, que tem o jacaré para as crianças, tem esses
foi pensado mais, mas hoje em dia ele é livre; hoje em dia ele é meio
vários espaços aqui dentro (...). e então, tem os espaços para as
ponto de encontro. O pessoal do Juventudes, que é a turma dos 13 pra
crianças, mas não fica só nas crianças, porque o Sesc tende a ser
cima, que aqui na unidade vem de quarta e sexta-feira, uma turma de
mais lúdico no geral, justamente para ser mais convidativo.
manhã e uma à tarde, eles se encontram lá. Mas não é um espaço que
L – Isso. Aqui é que a gente limita alguma coisa, mas tem mais
eles usam para atividade, é um espaço de estar. E aqui foi pensado,
alguns espaços lúdicos: se você sair do prédio por baixo, passar
nós temos nossa coordenadora arquiteta. A gente tinha essa ideia de
onde tem o linhão, que são as torres de energia, lá montaram
trazer um pouco do verde lá de fora aqui pra dentro também, então ela
um circuito que são umas madeiras, daí tem corda pra subir,
bolou isso. É uma coisa que lembra uma piscina, tem as nuvens, uma
pneu, de exercício, é de livre uso. Aí você vai ver, hoje eu
lagoa, a gente chama de lago (...) um pouco para dar continuidade pra
não sei, mas sempre tem criança lá; e tem lá no início, logo
esse espaço ali que vai lá para frente; essa coisa dessa unidade ser uma
depois do campão, um pedaço que tem o parque de bambu,
unidade com muito verde.
tem uns instrumentos de pneu que foram uns australianos que
AB - E a arquiteta que você falou que é a coordenadora daqui?
vieram fazer uma imersão aqui, e daí fizeram os instrumentos
L - ela é a coordenadora da programação, que foi a que ajudou, eu
aqui mesmo, pensando em coisas pra cá, pneu em formato de
na verdade nem estava aqui, mas as instrutoras anteriores tinham
formiga, umas coisas bem legais, que são coisas pra fazer som.
um plano já, elas estudaram um autor que eu não vou lembrar, mas
Acho que são os espaços mais lúdicos daqui.
que fala sobre a escola da floresta, que são escola até de regiões mais
AB – Entendi. Tá bom. Muito obrigada.
frias, mas de primeiro mundo, que as crianças tem um pouco mais
(...)
de liberdade, de contato com a natureza e daí um pouco era trazer,
AB
aproveitar a unidade pra isso. Mas essa unidade quando chove, a gente
espaço? É confortável? É um ambiente mais tranquilo
não tem público, não dá pra fazer lá fora Então, a gente trouxe pra cá
quando comparado a outros lugares que já trabalhou?
e tentou trazer um pouco essa continuidade do verde ai. Os bichinhos
L - Ah… eu não trabalhava nessa área, mas me sinto bem
(apontando para os bichos de pelúcia espalhados pelo chão perto da
aqui, também tenho vontade de brincar…. Então isso é bom
lagoa) são feitos por uma artista plástica, e são os bichinhos que tem
né (risadas)? A gente vê as crianças lá de baixo vindo, o
por aqui então, é o mesmo tipo de sapo é a lagarta que a gente vê na
olhinho brilhando a hora que veem que “ahh tem um espaço
árvore. Tudo ela pensou muito pra cá (...).
lá”. E eu também me sinto assim, gosto muito daqui! É
AB - Essa unidade do Sesc eu conheci por causa do meu trabalho
um ambiente em que eu fico feliz de estar trabalhando”.
E você, como funcionaria do Sesc, o que sente nesse
Anexo 2 - Fotos Fotos tiradas pela autora deste trabalho em visita à Exposição do Castelo Rá-Tim-Bum.
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93 92
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Anexo 2 - Tabelas de Eventos
momento), fornecido pela própria instituição à autora deste trabalho, o qual foi utilizado para analisar a frequência de uso e ocupação dos
Registro dos eventos ocorridos internamente no Centro
espaços do campus.
Universitário Senac Santo Amaro nos anos de 2017 e 2018 (até o
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RESPOSTA CAÇA PALAVRAS / ANSWER HUNTING WORDS
Encontre as palavras chaves deste trabalho / Find the key words of this work: PROJETO - INTERVENÇÃO - ARQUITETURA - LÚDICA - ESPAÇO - APRENDIZADO - LÚDICO
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