Centro de Arte e Cultura - uma proposta de lazer e cultura na zona norte de São Paulo - Fernanda Ito

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CENTRO DE ARTE E CULTURA

uma proposta de lazer e cultura na zona norte de São Paulo



Fernanda Ito Rubino

Centro de Arte e Cultura - proposta de um espaço de lazer e cultura na zona Norte de São Paulo

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac. Orientação: Prof. Mrs. Maurício Petrosino

São Paulo 2018


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Agradeço aos meus pais, Pedro e Mitiko, pelo apoio incondicional que me deram em todos os momentos. À minha irmã Janaina pelo companheirismo. Aos meus familiares. Agradeço meus amigos pelos 5 anos de faculdade, que apesar de cansativos foram gratificantes. Agradeço à Cinthya e Tamiris que me acompanharam nas visitas de estudos de caso e por terem participado das minhas escolhas desde do curso técnico. Agradeço aos meus professores que com todo o conhecimento e experiência contribuíram para a minha formação, em especial ao meu orientador Maurício Petrosino. Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para minha formação como pessoa e como profissional.

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resumo

abstract


Este trabalho apresenta o estudo preliminar de um Centro de Arte e Cultura localizado na zona norte da cidade de São Paulo, no bairro de Santana. Para seu desenvolvimento foram feitas duas linhas de pesquisa: a primeira procura entender o contexto histórico dos centros culturais, suas necessidades conceituais e programáticas e os estudos de caso. A segunda inicia-se com pesquisas sobre a distribuição dos equipamentos culturais na cidade, a história do bairro e os levantamentos necessários para entender o terreno e seu entorno. Com base nos estudos e pesquisas, ao final é apresentado a proposta do equipamento. palavras chave: Projeto Arquitetônico, Equipamento Cultural, Espaço de Lazer, Espaço de Convívio, Zona Norte, Santana.

This work presents the preliminary study of an Art and Culture Center located in the North Zone of the city of Sao Paulo, in the district of Santana. For its development, It was made two lines of research: the first, sought to understand the historical context of cultural centers, their conceptual and programmatic needs, and also to investigate case studies. The second, began with the distribution of cultural centers in the city, the history of the neighborhood and the aspects necessary for understanding the project’s placement and its surrounds. Based on the studies and research, in the end a proposal of a cultural equipment is presented. keywords: Architectural Project, Cultural Equipment, Leisure Space, Community Space, North Zone, Santana.

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sumรกrio


1. Introdução 8 2. Centro cultural 10 2.1. Contexto histórico 11 2.2. Justificativa conceitual e programática 13 3. Estudos de caso 16 3.1. Sesc Pompéia 17 3.2. Centro Cultural São Paulo (ccsp) 20 3.3. Instituto Moreira Salles (ims) 23 3.4. Centro Cultural de Sedan 26 3.5. Centro Cultural de Landvetter 28 4. Os espaços culturais na cidade de São Paulo 30 5. Zona norte e o bairro de Santana - histórico e crescimento 36 6. Localização 42 6.1. Terreno 46 6.2. Leis urbanísticas 49 6.3. Levantamentos 52 6.3.1. Uso do solo 52 6.3.2. Gabarito 57 7. Proposição 60 8. Considerações finais 92 Referências bibliográgricas 94 Anexos 98

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1.

introdução


Como destacado por Eduardo e Castelnou (2007, p. 107) “[...] os homens sentem a necessidade de se reunirem em espaços públicos para o desenvolvimento de atividades culturais e de lazer.” Estas foram desenvolvidas em espaços que passaram por modificações para atender as necessidades de seu tempo, tanto funcionais quanto espaciais e estéticas, como por exemplo a ágora grega, o fórum romano, as feiras medievais, os museus modernos e agora os complexos culturais. Os Centros Culturais são espaços destinados às atividades que propiciam a integração e interação das pessoas, se tornando “[...] um lugar alternativo para a produção e difusão da cultura e arte” (EDUARDO; CASTELNOU, 2007, p. 113). Assim, o projeto propõe um Centro de Arte de Cultura na região da Zona Norte que sirva de local de encontro, convivência e reunião de diferentes grupos sociais, abrigando atividades artísticas e culturais proporcionando à população um equipamento em que se possa ter acesso a informação e atividades educacionais, culturais e artísticas, pois o acesso a esse tipo de equipamento na cidade de São Paulo é privilégio de poucos pois estes concentram-se em sua maioria na região central e oeste. O bairro de Santana foi escolhido para o desenvolvimento do projeto devido sua localização e sua característica de subcentro, com grande concentração de serviços e comércios atrai intenso fluxo de pessoas que é influenciado pela presença do terminal de ônibus e da estação do Metrô.

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2.

centro cultural


2.1.

contexto histórico

Para Silva e Milanesi (apud RAMOS, 2007a) há indícios de um modelo de complexo cultural na Antiguidade Clássica, a Biblioteca de Alexandria, que seria: [...] um complexo cultural formado por palácios reais que agregam diversos tipos de documento com o objetivo de preservar o saber existente na Grécia Antiga nos campos da religião, mitologia, astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia, etc. (Silva apud RAMOS, 2007a, p.77) Seu espaço também servia para culto das divindades, além de possuir anfiteatro, observatório, sala de trabalho, refeitório, jardim botânico e zoológico, armazenava estátuas, obras de arte, instrumentos cirúrgicos e astronômicos entre outras coisas. A Biblioteca de Alexandria se caracteriza como o mais antigo Centro Cultural e os centros atuais seriam a retomada desse modelo. No século XIX surgem os primeiros Centros Culturais na Inglaterra, estes eram chamados de centros de arte, este espaço já assumia a prática da ação sócio-cultural, mas somente da década de 50, na França, foram lançadas bases do que hoje entendemos como ação cultural (COELHO, 1997). A ação cultural para Coelho (1997) é um “conjunto de procedimentos, envolvendo recursos humanos e materiais, que visam pôr em prática

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os objetivos de uma determinada política cultural”, necessita de um agente cultural que faz a intermediação entre a obra de arte ou cultura e o público. Coelho (1997) identifica três momentos históricos da ação cultural do século XX, o primeiro volta sua atenção exclusivamente à obra com o objetivo de preservá-la, sem preocupação com o público. O segundo momento se inicia nas primeiras décadas do século XX, tem como interesse o grupo, o coletivo, a comunidade com o propósito de apreciação e entendimento das obras não apenas a sua disponibilidade. Neste momento, países como a França voltam seu olhar para a classe trabalhadora preocupando-se com a promoção da educação e da cultura à eles. O terceiro momento se inicia na metade da década de 1960 e passa a se preocupar com indivíduo no singular e não apenas nele no coletivo possibilitando experimentações e criações culturais individuais. Segundo Ramos (2007a) os autores Milanesi, Coelho e Silva concordam ao afirmarem que o primeiro centro cultural moderno foi o Centre National d’Art et Culture Georges Pompidou, ou Beaubourg, inaugurado em 1977 surgiu como uma opção de lazer para os operários e incentivou a criação desse tipo de equipamento em outros lugares do mundo. O Brasil foi um dos países influenciados pela criação de Centros Culturais na Europa e embora já houvesse interesse por esse tipo de equipamento na década de 1960 é apenas na década de 1970 que surgem, em São Paulo, os primeiros Centros Culturais no Brasil com a construção do Centro Cultural do Jabaquara e do Centro Cultural São Paulo. (RAMOS, 2007a)

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Imagem 1 - Centro Georges Pompidou. Projeto de Renzo Piano + Richard Rogers Fonte: Archdaily, 2012

Imagem 2 - Centro Cultural do Imagem 3 - Centro Cultural do Jabaquara. Projeto de Shie Jabaquara. Projeto de Shie Arquitetos Arquitetos Associados. Associados. Fonte: Archdaily, 2017 Fonte: Archdaily, 2017


2.2.

justificativa conceitual e programática

Os centros culturais surgem como uma evolução das bibliotecas que não atendiam mais às necessidades com o surgimento das TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação). (Milanesi; Cardoso & Nogueira; Nascimento apud RAMOS, 2007 p. 82) [...] foram criados novos mecanismos de acesso, seleção, organização e difusão das informações e, ao mesmo tempo, foram desenvolvidos outros modos de registrar e acessar a informação, relacionados ao aparecimento de novos suportes e mídias de registro.” (RAMOS, p. 82) Ramos (2007a) destaca que as bibliotecas são os espaços do acesso ao conhecimento e os centros culturais os espaços da criação de um novo conhecimento, assim o modelo tradicional das bibliotecas é superado. Contudo as bibliotecas se adaptaram aos novos tempos e passaram a oferecer atividades que não são apenas as suas tradicionais, não apresentando tantas diferenças em relação aos centros culturais, essa mudança também pode ser observada nos museus, ambos passaram a desenvolver ações culturais Segundo Milanesi (apud RAMOS, 2007a) o centro cultural é caracterizado pela reunião de produtos culturais, a oportunidade de discuti-los, praticá-los e criá-los. Deve ser o espaço de se praticar a cultura viva (Coelho apud RAMOS, 2007a). “Uma cultura viva é construída pelos

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próprios sujeitos, em interação com outros sujeitos, com a obra de arte, com a informação; inseridos em um processo crítico, criativo, provocativo, grupal e dinâmico.” (RAMOS, 2007a, p.96) Para Teixeira Coelho (apud RAMOS, 2007) o centro cultural deve permitir o acesso ao conhecimento, este é acessado a partir das informações que devem ser acessíveis, discutidas e analisadas, registradas e preservadas, construída e disseminada, além de ser o espaço da ação cultural, que deve favorecer a criação da cultura e não apenas o consumo dela, não focalizando no produto mas no processo. A ação cultural pode ser considerada como um processo de intervenção que utiliza o modo operativo da arte, com seu caráter libertário e questionador, para revitalizar laços sociais, promover a criatividade em grupo, criar condições para que ocorram elaborações e práticas culturais. Estas ações se norteiam pelo fomento à criatividade, à pesquisa, à ruptura e ao conhecimento, sem visar atividades lucrativas. (RAMOS, 2007a, p. 94) Coelho (1997) levanta 4 fases, níveis ou circuitos da produção cultural, que são: produção, distribuição, troca e uso. A produção tem como objetivo gerar uma obra de arte ou cultura e pode ser voltado tanto ao profissional quanto ao amador. A distribuição seria a circulação das obras de cultura e arte onde o público possa ter acesso como livrarias, galerias, museus, bibliotecas, etc. A troca está relacionado ao acesso físico do público

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com a obra em questões financeiras, como o caso do preço do ingresso de um espetáculo. Por último o uso é permitir o desfrute da obra pelos usuários envolvendo seus aspectos formais, de conteúdo, sociais, etc., isto pode ocorrer através de catálogos, programas de apresentação de um espetáculo, palestras entre outros. Para Milanesi (2003) existem três verbos que precisam ser conjugados em um centro de cultura: - Informar: o verbo mais frequente em um centro de cultura e se refere a “[...] todo conjunto de processos e procedimentos que leva o público a ter acesso às informações” (MILANESI, 2003, p.172) e pode ocorrer nas bibliotecas, através de palestras e etc.; - Discutir: é o verbo que cria a oportunidade de reflexão e crítica, intensifica o verbo informar e é a dinâmica de um centro cultural; - Criar: é o principal objetivo do centro cultural dando sentido aos outros dois verbos, gera novas propostas e discursos e deve estar ao lado do acervo, das salas de reunião com suas oficinas de criatividade e laboratórios de invenção. Os três verbos juntos formam o ciclo da ação cultural: [...] o público tem acesso às informações, as elabora e discute para, finalmente, criar seu próprio discurso, expressá-lo por meio de diversas linguagens expressivas e, sempre que possível, registrá-lo para possibilitar a uma ação cultural contínua e permanente. (RAMOS, 2007a, p. 104)


A partir das informações acima é possível identificar um programa de necessidades de um centro cultural. Ele necessita de espaços para arquivar e disseminar informações, como teatros, bibliotecas, cinemas, exposições, salas de informática, necessita de um espaço para discutir as informações, auditórios, salas de conferências, espaços de convivência social e salas multiusos e espaços destinados a criação, como salas de oficinas, ateliês, laboratórios, salas multiuso. O espaço de um centro cultural deve relacionar-se com a comunidade, integrar diferentes grupos sociais. Deve propiciar um espaço de acesso universal, onde haja uma integração do público e permita a comunicação entre as atividades exercidas, serve de espaço de encontro, convivência e troca de experiências.

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3.

estudos de caso


3.1.

sesc pompéia

arquiteto: lina bo bardi localização: são paulo, sp - brasil área: 23.571 m² ano do projeto: 1986

O projeto se insere em uma antiga fábrica de tambores onde os edifícios industriais foram preservados e adaptados às novas necessidades. A nova construção em concreto aparente foi desenvolvida para abrigar o programa esportivo, é dividido em dois blocos conectados por rampas. (FERRAZ, 2008) O projeto possui uma rua aberta e convidativa que distribui os usos nos edifícios antigos, de um lado o programa cultural e do outro o restaurante, chegando a um deck que dá acesso a entrada do edifício esportivo. O espaço possibilita atividades a céu aberto e o encontro das pessoas. O programa cultural é o que nos interessa neste momento, localizado nos antigos galpões têm áreas destinadas ao estar, exposições, oficinas, restaurante e teatro. O projeto prioriza a integração das pessoas, isso é possível ser observado no uso de meias paredes na biblioteca e no tipo de mobiliário projetado pela arquiteta. O uso das meias

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paredes possibilita a integração de quem está estudando ou lendo com quem caminha pela área de estar, a ideia de espaços multiusos evita o uso de numerosas salas fechadas. (PADULA, 2015) As imagens 5 e 6 mostram o deck e a rua aberta do SESC, locais onde ocorrem integração e interação das pessoas. As imagens 7 e 8 mostram a biblioteca com meias paredes e a ideia de integração visual entre as atividades que ocorrem no espaço.

Imagem 4 - Planta SESC Pompéia com a distriduição dos usos. Fonte: Archdaily, 2013 (modificado).

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Imagem 5 - SESC Pompéia. Vista da Imagem 6 - SESC Pompéia. Vista do deckw. rua interna. Fonte: Acervo do autor. Fonte: Acervo do autor.

Imagem 7 - SESC Pompéia. Vista da área de estar e convivência. Imagem 8 - SESC Pompéia. Vista das Fonte: Acervo do autor. divisórias da biblioteca em meias paredes. Fonte: Acervo do Autor.

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3.2.

centro cultural são paulo (ccsp)

arquiteto: eurico prado lopes e luiz telles localização: são paulo, sp - brasil área: 46500.0 m² ano do projeto: 1976

Localizado na área central da cidade de São Paulo, entre a Av. Vergueiro e a Av. 23 de maio, ao lado na estação Vergueiro do Metrô (Linha 1 - azul). A ideia inicial do projeto era uma biblioteca porém como a área era muito grande o governo então decidiu instalar no lugar um centro cultural. De estrutura mista de concreto e metal o edifício possui cerca de 300m de comprimento e e 70m de largura, quatro andares que devido a topografia ficam discretos, assim o edifício não se impõe na paisagem da cidade. Respeitando a topografia do terreno os arquitetos tinham a ideia de convidar o indivíduo para dentro do edifício através das quatro entradas com acesso pela Avenida Vergueiro (SOUZA, 2017) - três delas pelo nível 806 e uma pelo nível 810 - além destas o centro ainda possui uma entrada pela estação Vergueiro que através de uma rampa chega ao andar de nível 806, um acesso pelo Viaduto João Julião e um pela Avenida 23 de maio no nível

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796. (NASCIMENTO, 2013) Internamente o Centro Cultural São Paulo é percorrido por uma “rua” que distribui os usos, um local de encontro e passagem. Suas divisórias de vidro dão transparência ao edifício permitindo que o indivíduo que circula pelo centro possa observar as atividades que estão ocorrendo no local (SOUZA, 2017; NASCIMENTO, 2013). O CCSP possui biblioteca, espaço para exposições, cinema, teatro e restaurante. As rampas que dão acesso às bibliotecas permite que a pessoa caminhe e observe as atividades e o movimento do centro cultural. A cobertura translúcida permite a entrada de luz natural por todo o edifício. Os jardins suspensos, voltados para a Avenida Vergueiro e outro para a 23 de Maio que se torna um respiro do entorno urbano. O Centro Cultural São Paulo possui 5 salas de espetáculo, dois pios expositivos e uma sala climatizada dedicada especialmente a exposição do acervo da instituição, oferece espaços educativos para a formação e práticas artísticas e ateliês para a prática gráfica e fotográfica e experiência de áudio, existem espaços educativos que são geridos em parceria com coletivos da cidade e outras áreas da Prefeitura, além da biblioteca e o restaurante. Distribuição dos ambientes: - Piso 796 - Sala de espetáculo Ademar Guerra, reserva técnica, áreas de serviço, acesso pela Avenida 23 de Maio e acesso pelo Viaduto João Julião. - Piso 801 - Administração, sala Lima Barreto, sala Paulo Emílio, sala Jardel Filho, sala Adoniran Barbosa, bibliotecas. - Piso 806 - Acesso pela Estação Vergueiro, acessos pela Rua Vergueiro, foyer das salas de espetáculo, sala Adoniran Barbosa, área de

convivência, jardim central, piso expositivo Flávio de Carvalho, jardim dos estudantes. - Piso 810 - Jardins suspensos, piso expositivo Caio Graco, acesso pela Rua Vergueiro e escadaria de acesso da Avenida 23 de maio.

Imagem 9 - CCSP. Entrada do Centro Cultural pela Estação Vergueiro. Fonte: Acervo do autor.

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Imagem 10 - CCSP. Entrada nível 810, área Imagem 11 - CCSP. Vista da área de convivência. De um lado a Imagem 12 - CCSP. Vista do jardim suspenso e abaixo uma parte da rua interna que percorre expositiva Caio Graco. parte externa ao lado o jardim e do outro a parte interna utilizada o edifício. Fonte: Acervo do autor. para estudo. Fonte: Acervo do autor. Fonte: Acervo do autor.

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3.3.

instituto moreira salles (ims)

arquiteto: andrade morettin arquitetos assiciados localização: são paulo, sp - brasil área: 8.662 m² ano do projeto: 2011

Localizado na av. Paulista próximo a rua da Consolação em um lote de 20x50m o centro cultural foi fruto de um concurso. O piso térreo, aberto com ligação direta com a rua, possui uma escada rolante em dois níveis que direciona o visitante ao piso nomeado de térreo elevado, durante o percurso da escada é possível observar a administração do IMS e o acervo de sua biblioteca que fica atrás de uma parede de vidro. Ao chegar ao térreo elevado encontra- se o café e a loja, o andar abre vista para a cidade - na fachada frontal é possível observar a avenida Paulista e no fundo observa-se a rua lateral. Acima encontram-se os andares de exposições (temporárias e permanente) e abaixo a mídiateca, ambos podem ser acessados pela escada fixa ou pelo elevador, assim o programa foi dividido em áreas mais abertas e permeáveis e áreas mais restritas e controladas. A estrutura se oculta na caixa das exposições permitindo que o ambiente seja um espaço generoso e flexível (ANDRADE MORETTIN ARQUITETOS).

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O edifício possui ao todo três escadas de emergência, cinco elevadores e uma escada fixa de uso comum como é possível ser observado nas plantas. O elevador 1 tem parada no térreo, piso 1, piso quatro e térreo elevado, a partir deste andar ele dá lugar às áreas de exposição. Os elevadores 2 são de uso mais restrito, passando pelo térreo, piso 1, 3, 5, 6, 7 e 8, o elevador 3 é o elevador de carga, passando pelo andar térreo, piso 1, 3, 5, 6, 7 e 8 e o elevador 4, de uso social, tem início no piso 1 e segue até o 8. A escada fixa comum percorre os andares 1 até o 7, sendo assim, para acessar o andar 8 de exposição permanente é preciso pegar o elevador e para sair do edifício é preciso chegar até o térreo elevado e sair pela escada rolante ou pegar o elevador 1, porém, como observado no local, é difícil de ser usado pelos frequentadores. A fachada translúcida permite que o edifício mantenha uma relação com a cidade, ao mesmo tempo que mantém um ambiente calmo do lado de dentro.

Imagem 13 - IMS - Planta pavimento térreo. Fonte: Andrade Morettin Arquitetos (modificado)

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Imagem 14 - IMS - Corte com distribuição do programa. Fonte: Andrade Morettin Arquitetos (modificado)

Imagem 15 - IMS - Planta pavimento térreo elevado. Fonte: Andrade Morettin Arquitetos (modificado)


Imagem 16 - IMS - Entrada livre mantem relação direta com a rua. Fonte: Acervo do autor.

Imagem 18 - IMS - Vista da Av. Paulista a partir do piso térreo elevado. Fonte: Acervo do autor.

Imagem 17 - IMS - Piso térreo elevado. Fonte: Acervo do autor.

Imagem 19 - IMS - Vista do acervo da biblioteca a partir da escada rolante. Fonte: Acervo do autor.

Imagem 20 - IMS - Vista da fachada translúcida do edifício. Fonte: Acervo do autor.

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3.4.

centro cultural de sedan

arquiteto: richard + schoeller architectes localização: sedan - frança área: 1897 m² ano do projeto: 2012

Segundo informações retiradas do Archdaily (2013) a cidade de Sedan fica ao norte da França e o centro cultural localiza-se ao lado do rio Meuse e é marcado por quatro paralelepípedos suspensos que liberam o solo, criando praças de convívio, as esquadrias de vidro que vão do piso ao teto permitem visualizar as atividades que ocorrem dentro do edifício. A entrada principal, ao sul, se dá por uma praça onde o desenho do piso guia o visitante para dentro do edifício, marcado por um grande bloco em balanço. No piso térreo está a administração, o teatro e o ateliê de culinária, no pavimento superior estão os ateliês. Ao leste o espaço dos bastidores conecta-se diretamente à cidade e o teatro funciona como espaço multiuso, as platéias são retráteis podendo transformá-lo em um espaço livre. Em todos os ambientes o centro cultural mantém uma relação com o entorno permitindo que quem está dentro tenha a visão de fora e quem está fora tenha a visão das atividades que estão ocorrendo dentro.

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Imagem 21 - Planta pavimento térreo do Centro Cultural de Sedan. Fonte: Archdaily, 2013 (modificado)

Imagem 23 - Vista da entrada principal, o desenho do piso guia os usuários para dentro do edifício. Fonte: Archdaily, 2013

Imagem 22 - Planta pavimento superior do Centro Cultural de Sedan. Fonte: Archdaily, 2013 (modificado)

Imagem 25 - Vista da fachada lateral do Centro Cultural de Sedan. As janelas que vão do Imagem 24 - Vista da fachada norte do Centro Cultural teto ao piso permitem uma conexão entre o centro e a cidade. de Sedan. Fonte: Archdaily, 2013. Fonte: Archdaily, 2013.

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3.5.

centro cultural de landvetter

arquiteto: fredblad arkitekter localização: landvetter - suécia área: 2500 m² ano do projeto: 2015

Segundo informações retiradas do Archdaily (2015) o projeto foi resultado de um concurso para um edifício que precisava de uma biblioteca, espaços educativos para música e arte e um auditório. A biblioteca no piso térreo se estende por toda a fachada do edifício com vista para o lado de fora. A entrada principal dá no átrio do edifício onde encontra-se uma escada/arquibancada de concreto que dá acesso aos outros andares, conectando os usos e funções, iluminado por luz natural através das clarabóias. Este espaço funciona como uma praça coberta onde é usado para convívio e encontro dos usuários. O primeiro andar concentra as salas de estudo e o último pavimento acolhe o auditório e uma área de estar. Para distinguir os usos (programa do dia a dia, como biblioteca, salas de aula e o auditório) o edifício recebe materiais diferentes. O andar térreo e o 1º pavimento são brancos enquanto o andar do auditório é revestido por folhas metálicas na cor bronze.

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Imagem 26 - Planta nível térreo do Centro Cultural de Landvetter. Fonte: Archdaily, 2015 (modificado)

Imagem 27 - Vista da biblioteca do Centro Cultural de Landvetter. Fonte: Archdaily, 2015

Imagem 28 - Vista do átrio central do Centro Cultural de Landvetter e sua escada/arquibancada. Fonte: Archdaily, 2015

Imagem 29 - Vista externa do Centro Cultural de Landvetter. Destque para o revestimento em bronze do andar do auditório em relação aos outros dois pisos em revestimento branco. Fonte: Archdaily, 2015

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4. os espaços culturais na cidade de São Paulo


Os equipamentos culturais são, para além do desenvolvimento das atividades culturais e artísticas um espaços de lazer e como é lembrado no ensaio “Os espaços de Lazer na Cidade: significados do Lugar” o lazer é um direito de todos garantido pela Constituição de 1988, artigo 6º, porém, como descreve Pinto, Paulo e Silva com base em Pellegrin: [...] ao mapear uma cidade e os equipamentos que nela existem, contrastes urbanos diversos ficam claros aos olhos da população, áreas nas quais os equipamentos são abundantes, variados e bem conservados e áreas nas quais são raros e mal conservados, áreas de fácil acesso e áreas de difícil acesso, equipamentos superlotados e esvaziados. (PINTO; PAULO; SILVA, 2012, p. 90) Para Botelho (2004) o que a cidade de São Paulo revela é um desequilíbrio entre o crescimento urbano e a distribuição dos equipamentos culturais. Ao analisarmos os mapas apresentados em sua pesquisa, veremos que a região periféricas é onde concentra maior quantidade de jovens entre 10 e 19 anos e também a área onde a renda média do responsável domiciliar é menor, enquanto na área central encontram-se menor quantidade de público jovem, maior renda e maior nível de estudo e é a região que concentra a maioria dos equipamentos culturais da cidade, como museus, teatros, bibliotecas e cinemas, enquanto as regiões periféricas apresentam menos equipamentos. Na pesquisa de Botelho (2004) ela identifica que as bibliotecas municipais são os

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equipamentos mais bem distribuídos pela cidade e como já foi dito, estas assumiram funções que não são a sua tradicional de apenas disponibilizar o acervo à população, mas se tornaram pequenos centros culturais, porém Botelho diz que apesar da melhor distribuição ainda são insuficientes para atender a demanda da população. No que se refere aos museus mais importantes, é identificado que eles estão concentrados na região central e oeste. Os teatros e salas de concerto, segundo a autora, tiveram

investimentos, porém foram direcionados às camadas mais ricas. As Casas de Cultura e Oficinas Culturais estão localizadas nas áreas mais periféricas porém em pouca quantidade. A rede do SESC é de extrema relevância pois tenta atender à todas as regiões mas tem maior concentração na região central, ainda é analisado a localização dos cinemas e dos Centros Desportivos Municipais, mas estes não vêm ao caso no momento. Um estudo feito pela SPTuris (imagem 30)sobre a quantidade de

Imagem 30 - Espaços Culturais em São Paulo. Estudo feito pela SPTuris Fonte: SPTuris

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equipamentos culturais da cidade de São Paulo revelou que a zona oeste e central são as regiões que mais possuem centros destinados à cultura. Segundo informações retiradas do site do São Paulo City (2015) o resultado da pesquisa “[...] revelou que as zonas norte, leste e sul são as que atualmente abrigam menos espaços culturais (54) e podem receber novos equipamentos.” O levantamento considerou cinco tipos de equipamentos culturais (públicos e privados) e foram classificados em centros culturais, casas de cultura, fábricas de cultura, oficinas de cultura, e unidades do SESC. Há uma explicação histórica para a distribuição dos equipamentos culturais estarem principalmente na zona oeste e na área central. Segundo Nabil Bonduki em entrevista ao jornal Estadão (2015), na época secretário municipal de Cultura, os centros mais antigos foram implantados no “primeiro anel” da cidade, ou seja, na área central e consequentemente a área de mais alta renda e os equipamentos privados são mantidos por empresas que procuram por visibilidade. O mapa ao lado (imagem 31) foi retirado do site do Observa Sampa e mostra a população total da cidade de São Paulo no ano de 2016. Os tons mais escuros representam as regiões mais populosas da cidade e as mais claras as menos populosas. No total, com base nos dados obtidos no site, a cidade de São Paulo possui 11.551.674 habitantes e a zona norte representa 19,7% da população com 2.274.597 habitantes. É possível observar que a área central da cidade, onde a concentração de equipamentos culturais é maior é a região menos populosa, enquanto as periferias possuem maior população e menos equipamentos. O mapa da imagem 32 representa o índice de equipamentos públicos municipais a cada 100 mil habitantes (dados de 2016). Para esse

Imagem 31 - Mapa da população da cidade de São Paulo. Fonte: Observa Sampa

Imagem 32 - Índice de equipamentos públicos municipais a cada 100 mil habitantes. Fonte: Observa Sampa

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levantamento foram considerados centros culturais, teatros, museus, casas históricas, escolas de formação, bibliotecas, bosques de leitura, pontos de leitura, ônibus-biblioteca, casas de cultura e CEUs. As cores mais escuras são as regiões que apresentam maior índice e as mais claras a de menor índice. Com base nas informações os bairros da Sé, Liberdade, República, Pari, Butantã, Santo Amaro, Lapa, Consolação, Tatuapé e Bom Retiro apresentam os maiores índices. Os bairros do Belém, Vila Medeiros, Campo Belo, Cambuci, Santa Cecília, Brás, Vila Matilde, Ponte Rasa, Jaguaré, Saúde, Jardim Paulista, Perdizes, Cidade Ademar, Vila Leopoldina, Barra Funda, Vila Sônia, e Marsilac são os que apresentam índice 0,00. O bairro de Santana (local escolhido para a implantação do projeto) apresenta índice de 2,60 de equipamentos públicos municipais de cultura a cada 100 mil habitantes. Alguns desses bairros que apresentam índice 0,00 possuem alguns equipamentos como por exemplo SESC e CEU o que leva a entender que a quantidade de equipamentos disponíveis não supre a demanda da população. A tabela 1 lista os equipamentos culturais identificados na zona norte e sua localização foi baseada no mapa apresentado na imagem 33. As informações acima revelam que a distribuição dos equipamentos de cultura e lazer na cidade de São Paulo está em desequilíbrio. Este fato pode ter sido causado pelo crescimento da cidade ao longo dos anos e a forma como ele se deu. O crescimento da cidade se deu a partir do centro, região onde se concentrava a vida da cidade, mas conforme o interesse por essa área se esvaía surgia um interesse pela região oeste e, consequentemente, essas regiões vieram a receber mais infraestrutura enquanto as regiões periféricas

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ao centro tinham crescimento desordenado e precário. A proposta de um equipamento de cultura e lazer é de grande valia no caso da zona norte - local escolhido para a implantação do projeto - pois há uma carência por esse tipo de equipamento, o que pode acabar ocasionando grandes deslocamentos quando se procura por essas atividades devido a relação distribuição e quantidade de equipamentos/ extensão territorial da região. Para tal o bairro de Santana foi escolhido devido sua localização e importância para a região em que se insere.

Imagem 33 - Mapa da zona norte de São Paulo. Fonte: Zona Norte SP


Tipo de Equipamento Distrito

Anhanguera

Biblioteca Municipal

Biblioteca

Bosque de Leitura

Estadual

Municipal

Biblioteca Pública Municipal Padre José de

-

Oficina Cultural

SESC

Leitura Parque

-

-

-

-

Biblioteca Pública Minicipal

Toronto Bosque Municipal da

-

Paulistano -

-

-

-

CEU Pêra Marmelo

de Gásperi

Biblioteca Pública

Anhengeura

CEU Jardim

Leitura Parque Rodrigo

Érico Veríssimo

Outros

CEU Perus

Leitura Cidade de -

CEU CEU Parque

Bosque Municipal da

Brito Broca

Casa de Cultura da

Municipal Afonso Schmidt Biblioteca Pública

Cultura

Anhanguera

Biblioteca Pública Minicipal

Freguesia do Ó

Fábrica de

Bosque Municipal da

Anchieta

Pirituba

Casa de Cultura

-

-

Brasilândia

Fábrica de

Oficina Cultural

Casa de Cultura da

Cultura da

Maestro Juan

Brasilândia

Serrano

Municipal Thales Castanho

Freguesia do Ó -

de Andrade

Salvador Ligabue

-

CEU Paz

-

Sítio Morrinhos Casa Verde

Biblioteca Pública Municipal Menotti Del

Fábrica de -

-

-

Picchia

Cultura Vila Nova

-

-

-

Cachoeirinha

Centro Cultural Municipal da Juventude - Ruth Cardoso

Biblioteca Pública Municipal Narbal Fontes

Arquivo do

Biblioteca Pública Santana

Municipal Sant'Anna

Biblioteca São

Biblioteca Pública

Paulo

Municipal Pedro Nava

Estado

Bosque Municipal da Leitura Parque Lions

-

-

-

Club Tucuruvi

SESC Santana

Teatro Alfredo Mesquita

Biblioteca Pública Municipal Sylvia Orthof Tremenbé

Biblioteca Pública Municipal José Mauro de

-

-

Vasconcelos Vila Maria

Biblioteca Pública Municipal Álvares de Azevedo

-

Casa de Cultura do Tremembé

Bosque Municipal da

Casa de Cultura da

Leitura Parque do Trote

Vila Guilherme

Fábrica de Cultura do

-

-

CEU Jaçanã

-

-

-

-

-

Jaçanã -

Tabela 1 - Levantamento dos equipamentos culturais da zona norte da cidade de São Paulo. Fonte: Acervo do autor.

37


5. zona norte e o bairro de Santana - histรณrico e crescimento


Para o desenvolvimento deste capítulo foram utilizados como base o livro Santana: sua história e suas histórias de 1996 e a dissertação de mestrado Do Além-Tietê às novas áreas de centralidade - estudo da produção de centralidade na zona norte de São Paulo de Andrea Aparecida Canaverde. “Durante muitos anos a zona norte permaneceu ‘separada’ do restante da cidade, mantendo características rurais até o início do século XX.” (CANAVERDE, 2007, p. 28). O principal motivo para essa separação era o próprio rio, suas cheias e a dificuldade de o atravessar causavam um desinteresse econômico e incertezas sobre o que as terras do Além-Tietê, como também era conhecida, poderiam oferecer. Além disso, a topografia acidentada dificulta a ocupação aumentando o desinteresse pelas terras. Os primeiros registros sobre a região norte surgem no século XVII quando há uma doação de terras sesmarias aos fidalgos que estavam interessados em ocupar as áreas ao redor da cidade, antes disso a região era ocupada por pequenos povoados e era utilizada como passagem para os viajantes. O bairro de Santana teve origem no ano de 1673 quando houve a doação de terras ao Colégio Companhia de Jesus, com a expulsão dos jesuítas as terras do Colégio passaram a pertencer a Fazenda Real. No final do século XVIII a maioria da população residente no Núcleo de Santana que era formado por Tremembé, Guapira e Cachoeirinha vivia da agricultura, herança da época em que as terras pertenciam ao Colégio Companhia de Jesus, porém uma pequena parcela formada por funcionários públicos possuíam duas residências, uma na cidade e uma mais afastada, no caso na zona norte, para descanso.

39


O crescimento da cidade no século XIX devido a produção agrícola do café e do açúcar ocasionou na construção das estradas de ferro e no aumento da população residente nas periferias, assim se deu início ao Núcleo Colonial de Santana, quando foram doadas terras a colonos brasileiros e estrangeiros. Neste mesmo século, no ano de 1893 é construído o Tramway da Cantareira que era utilizado para transporte de materiais de construção da adutora da Cantareira. No ano de 1901, o Tramway seria utilizado como meio de transporte e seria o principal meio de conexão entre a zona norte

Imagem 34 - Tranway da Cantareira. Fonte: Santana, sua história e suas histórias (1996)

40

e o centro, até então o transporte era feito por bondes puxados por burros da Cia Carris de Ferro e este só circulava por Santana não chegando a pontos mais distantes da zona norte. No ano de 1908 duas linhas de bondes elétricos passam a circular por Santana e na década de 1920 os primeiros ônibus urbanos passam a circular pelos bairros da zona norte. Esses meios de transporte geraram mudanças, a urbanização causada pela presença das estações do Tramway passou a acompanhar o trajeto do ônibus, criando áreas residenciais e pontos isolados de comércios e serviços. No século XIX a Fazenda de Santana chegou a se tornar um cemitério, uma escola profissionalizante (a primeira do Brasil e durou quatro anos), deu lugar a um hospital que tinha como intuito afastar os doentes contaminados pelo surto da varíola do centro, porém o hospital não atendia as normas de saúde pública sendo desativado em 1878 e por fim o antigo casarão recebeu um quartel. De grande importância mas não muito eficiente a primeira conexão entre os dois lados do rio surge no final do século XVII. O aterro de cerca de 3 km que ligava o Convento da Luz à rua Dr. César ficava danificado quando o transporte por tração animal passava. Em 1700 foi construída uma ponte para substituir o aterro que ficou conhecida como Ponte Grande e ligava a avenida Tiradentes a rua Voluntários da Pátria, essa conexão foi de extrema importância para o desenvolvimento do Além-Tietê. Em 1897 os nomes das ruas de Santana passaram a constar nos mapas da cidade e no final do século XIX a rua Voluntários da Pátria começava a apresentar características comerciais devido o fluxo de pessoas que passavam por lá - Santana se encontra próximo ao centro em relação ao restante da zona norte, por isso era utilizada como meio de transição entre o centro e a região norte por muitas pessoas e devido o fato de não existir


Imagem 35 - Inauguração da Ponte das Bandeiras em 1942. Fonte: Santana, sua história e suas histórias (1996)

Imagem 36 - Construção do Metrô na Av. Cruzeiro do Sul em 1970. Fonte: The Urban Earth https://theurbanearth.wordpress.com/2009/10/11/a-construcao-da-linha-azul-linha-1-do-metro-de-saopaulo/

41


uma conexão entre os bairros da zona norte era preciso ir até Santana para se chegar aos outros bairros - essa característica transformaram o bairro no subcentro em que ele é hoje. Ainda no final no século XIX surgem as primeiras intenções de retificação do rio Tietê mas a falta de verba adia as obras até o Governo Preste Maia. A retificação do rio inseriu a zona norte no desenvolvimento urbano da cidade, a antiga Ponte Grande foi substituída pela atual Ponte das Bandeiras em 1942 gerando um sólido e rápido crescimento para o Além-Tietê. Os primeiros estudos feitos pela Light para a implantação do metrô começaram em 1925 e não consideravam que o meio de transporte chegasse até a zona norte pois consideravam que o Tramway supria a necessidade do local mas, devido o crescimento populacional da região, era notável a necessidade desse tipo de transporte então Santana veio a receber a estação mais ao norte da linha do metrô. No ano de 1964 a linha do Tramway começa a ser extinta e no ano de 1975 é inaugurada as estações Portuguesa-Tietê, Carandiru e Santana, sendo por mais de 20 anos o ponto final ao norte da linha azul. Apenas em 1998 a linha azul, que faz a ligação norte/sul, ganha mais três estações: Jardim São Paulo, Parada Inglesa e Tucuruvi. Alguns outros eventos também marcaram o crescimento da zona norte, como por exemplo a inauguração do Parque Anhembi, a criação de novas avenidas e pontes, a construção do Terminal Rodoviário Governador Carvalho Pinto (Tietê) em 1983, a inauguração do Complexo Center Norte (entre os anos de 1984 e 1990), o surgimento de universidades, o Parque da Juventude, com obras iniciadas em 2002, e o SESC Santana inaugurado em 2005. O Complexo Penitenciário do Carandiru inaugurado em 1956 e desativado em 2002 foi um ponto negativo para o crescimento da região,

42

porém após sua desativação e a implantação de um parque no seu lugar levou a região a se desenvolver novamente.


43


6.

localização


Próximo a estação do Metrô e ao terminal de ônibus de Santana, o local escolhido mantém conexão com o centro da cidade e com os outros bairros da zona norte. Seu terminal de ônibus recebe pessoas dos mais diversos pontos da zona norte e de alguns pontos da cidade. A linha do Metrô facilita o acesso ao bairro e se conecta a outros terminais de ônibus como o do Tucuruvi (ônibus municipais e intermunicipais), Parada Inglesa (ônibus intermunicipais) e ainda ao Terminal Rodoviário do Tietê. O terreno está localizado ao lado de uma avenida de grande movimento, a Avenida Cruzeiro do Sul, que faz a ligação com a Avenida do Estado. Além desta, também está próximo a vias de grande importância como a Avenida General Ataliba Leonel e a Avenida Luiz Dumont Villares que ligam Santana ao Tucuruvi, a Avenida Braz Leme que liga o bairro à Casa Verde, a Avenida Santos Dumont que é o acesso à Avenida Tiradentes passando pela Ponte das Bandeiras, a Avenida Zaki Narchi que faz a ligação ao bairro da Vila Guilherme. Há também algumas ruas de grande movimento e importância como por exemplo a Dr. Zuquim, a Voluntários da Pátria e a Alfredo Pujol.

45


Imagem 37 - Mapa com as principais vias próximas ao terreno escolhido e as estações da linha 1 azul do Metrô. Fonte: Google maps (modificado)

46


Imagem 38 - Mapa com a marca de distância entre o local escolhido para a implantação do projeto e os bairros mais próximos até raio de 5 km. Fonte: Google maps (modificado)

47


6.1.

terreno

O terreno de cerca de 82x47m localizado na região norte da cidade de São Paulo se insere no distrito de Santana, ao lado do Metrô Santana (Linha 1 - azul) e do terminal de ônibus de Santana. Possui três frentes, ao norte para a R. Leite de Moraes, ao leste para a R. Ezequiel Freire e ao oeste para a Av. Cruzeiro do Sul.

Imagem 39 - Mapa da localização do terreno. Fonte: Google maps (modificado)

48


Imagem 40 - Vista do terreno a partir da plataforma do MetrĂ´. Fonte: Acervo do autor.

Imagem 41 - Vista do terreno a partir da Av. Cruzeiro do Sul. Fonte: Acervo do autor.

49


Imagem 42 - Vista do terreno a partir da R. Leite de Morais Fonte: Acervo do autor.

50

Imagem 43 - Vista do terreno a partir da R. Ezequiel Freire. Fonte: Acervo do autor.


6.2.

leis urbanísticas

Segundo o PDE (Plano Diretor Estratégico) da cidade de São Paulo o terreno escolhido insere-se na Macroárea de Estruturação Metropolitana (que está dentro da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana), sendo assim, a Macroárea de Estruturação Metropolitana “[...] tem um papel estratégico na reestruturação urbana no Município por apresentar grande potencial de transformação urbana, que precisa ser planejado e equilibrado;” (Lei nº 16.050/2014, p. 44), ela é composta por três setores e o terreno localiza-se no Setor Orla Ferroviária e Fluvial, dentro do subsetor Arco Tietê. Segundo o texto da Lei nº 16.402/16 referente a parcelamento, uso e ocupação do solo, artigo 6º os território de transformação são: [...] áreas em que se objetiva a promoção do adensamento construtivo, populacional, atividade econômica e serviços públicos, a diversificação de atividades e a qualificação paisagística dos espaços públicos de forma a adequar o uso do solo à oferta de transporte público coletivo [...] Ele é dividido em seis categorias, no qual o local escolhido se insere na Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana (ZEM).

51


Art. 8º As Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana (ZEM) são porções do território inseridas na Macroárea de Estruturação Metropolitana [...] destinadas a promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva altas, bem como a qualificação paisagística e dos espaços públicos, de modo articulado ao sistema de transporte coletivo e com a infraestrutura urbana de caráter metropolitano, subdivididas em: I - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana (ZEM); II - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Metropolitana Previsto (ZEMP).

Para o desenvolvimento do projeto o terreno foi localizado no mapa de zoneamento e foi identificado o ele se insere em uma área classificada como ZEMP. A seguir é apresentado os parâmetros de ocupação que serão seguidos:

[...] (LEI Nº 16.402/16) Coeficiente de aproveitamento TIPO DE ZONA

ZEMP

0,5

Tabela 2 - Parâmetros de ocupação do terreno.

52

Recuos Mínimos (metros)

máxima

Fundos e Laterais

Gabarito de altura

ZONA C.A. mínimo

ZEM

Taxa de ocupação

C.A. básico

1

C.A.

T.O. para lotes igual ou

máximo

superior a 500m²

2

0,7

máxima (metros)

28

Frente (i)

NA

Altura da edificação Atura da edificação menor ou igual a 10

superior a 10

metros

metros

NA

3


Imagem 44 - Mapa de zoneamento. Fonte: Lei nยบ 16.402/16.

53


6.3.

levantamentos

Este capítulo apresenta os levantamentos de uso do solo e gabarito, bem como o levantamento fotográfico que complementa os outros dois, feitos para melhor compreensão do bairro e do terreno.

6.3.1.

uso do solo

O levantamento de uso do solo revelou que os edifícios do entorno do terreno são predominantemente de serviços e comércios com exceção de alguns pontos residenciais e institucionais. Foi identificado que o entorno para leste do terreno apresenta alguns lotes de uso não definido ou que estavam abandonados. Caracterizada por seus comércios e serviços, a Rua Voluntários da Pátria atrai grande quantidade de trabalhadores e usuários. Foi identificado a presença de um creche municipal, uma escola estadual e uma particular, cujo os usuários caracterizam possíveis frequentadores do Centro de Arte e Cultura proposto.

54


Voluntários

da

14

55 Imagem 45 - Levantamento de uso do solo (sem escala) Fonte: Acervo do autor

R.

Pátria

10 11

R.

R.

R.

Volu

ntários

Piza

Magalhães

Morais

Gabriel

Darzan

de

Dr.

Alferes

R.

Leite

R.

da

do

Sul

Sul

Pátria

R. Duarte de Azevedo

Cruzeiro

Av.

7

do

Cruzeiro

Av.

Cruzeiro

Av.

8

15

Cruzeiro

12

Av.

4

Sul

do

Sul

do

5

R.

R.

R.

R.

R.

3

Alferes

Leite

Dr.

R.

Duarte

Freire

2

Ezequiel

Ezequiel

9

R.

Freire

R.

6

Ezequiel

de

Magalhães

Darzan Morais

Piza

Azevedo

R.

Dr.

Zuquin

R.

Dr.

Freire

de

Gabriel

1

Zuquin

R.

Dr.

Zuquin


1 Imagem 46 - Vista da rua Leite de Morais. Fonte: Acervo do autor

4 Imagem 49 - Vista da av. Cruzeiro do Sul 1. Fonte: Acervo do autor

56

2 Imagem 47 - Vista da rua Ezequiel Freire 1. Fonte: Acervo do autor

5 Imagem 50 - Vista da av. Cruzeiro do Sul 2. Fonte: Acervo do autor

3 Imagem 48 - Vista da rua Dr. Gabriel Piza. Fonte: Acervo do autor

6 Imagem 51 - Vista da rua Ezequiel Freire 2. Fonte: Acervo do autor


7

8

Imagem 52 - Vista da av. Cruzeiro do Sul 3. Fonte: Acervo do autor

Imagem 53 - Vista da av. Cruzeiro do Sul 4. Fonte: Acervo do autor

Imagem 53 - Vista da rua Dr. César. Fonte: Acervo do autor

Imagem 54 - Vista da rua Voluntários da Pátria 1. Fonte: Acervo do autor

10

11

9 Imagem 54 - Vista da rua Ezequiel Freire 3. Fonte: Acervo do autor

Imagem 55 - Vista da av. Cruzeiro do Sul 5. Fonte: Acervo do autor 12

57


13 Imagem 56 - Vista da av. Cruzeiro do Sul 6. Fonte: Acervo do autor

58

14 Imagem 57 - Vista da rua Voluntários da Pátria 2. Fonte: Acervo do autor

15 Imagem 58 - Vista do elevado do metrô (linha 1-azul). Os pilares são usados para expor grafites do Museu Urbano a céu aberto. Fonte: Acervo do autor


6.3.2.

gabarito

O mapa de gabarito apresenta um degradê em tons de azul, onde o mais claro representa altura de 1 pavimento e o mais escuro altura de 9 pavimentos ou mais. É possível observar que o entorno imediato do terreno mantém gabarito predominantemente baixo, entre 1 e 2 pavimentos, com alguns pontos de destaque onde o gabarito ultrapassa os 9 pavimentos, estes são de uso comercial e serviços com exceção de três edifícios residenciais.

59


R.

Voluntários

da

60 Imagem 59 - Levantamento de gabarito. (sem escala) Fonte: Acervo do autor

Pátria R.

R.

R.

Voluntá

rios

Piza

Magalhães

Morais

Gabriel

Darzan

de

Dr.

Alferes

R.

Leite

R.

da

Sul

do

Cruzeiro

Av.

Pátria R. Duarte de Azevedo

Sul

do

Cruzeiro

Av.

Sul

do

Cruzeiro

Av.

Sul

do

Cruzeiro

Av.

R.

R.

R.

R.

R.

Alferes

Leite

Freire

R.

Dr.

Ezequiel

Duarte

R.

Ezequiel

Freire

R.

Ezequiel

de

Gabriel

Magalhães

Darzan Morais

Piza

Azevedo

Dr.

Zuquin

R.

Dr.

Freire

de

R.

Zuquin

R.

Dr.

Zuquin


61


7.

proposição


Abrigando um auditório, espaços para exposição e ateliês o projeto é destinado a práticas de atividades artísticas e culturais além de um espaço de lazer e convívio. Localizado ao lado da estação de metrô e do terminal de ônibus de Santana a ideia é criar uma praça de chegada para o equipamento e dividir seu programa em edifícios conforme o uso. Assim, surgiram três edifícios: o do auditório, o de apoio e o cultural.

63


Estação Santana do Metrô

Terminal de ônibus de Santana

rua Lei t

e de Mo

rais

rua Ezequiel Freire

av. Cruzeiro do Su

av. Cruzeiro do Su

rua Leite de Morais

PLANTA DE IMPLANTAÇÃO ESCALA: 1/1000 0

64

5

10 15 20 25

30

rua Darzan

rua Darzan


A implantação dos edifícios se dá de forma a criar a praça na testada norte do terreno, a mais próxima da estação do metrô e do terminal de ônibus. Desta forma, o edifício de apoio foi implantado ao fundo, na divisa com o vizinho, - como nessa parte do terreno encontram-se seis árvores, é proposto o transplante das mesmas para locais no próprio terreno - o edifício do auditório na testada leste e o edifício cultural à frente do edifício de apoio. Essa idéia permitiu liberar um grande vazio no edifício cultural, criando uma relação entre as atividades exercidas dentro do equipamento, pois os banheiros, escadas, elevadores, depósitos e salas técnicas estão concentrados do edifício de apoio. A estrutura de concreto foi pensada com vãos de no máximo 8,75m e pequenos balanços criados para abrir o vazio. Apenas na parte interna do auditório a modulação muda para vender o vão de 12,50m.

1

2

3

4

5

6 Árvores originais

3

4

6 1

5 Imagem 60 - Demonstração da mudança das árvores. (sem escala) Fonte: Acervo do autor

2

Árvores transplantadas

65


rua Leite de Morais 2

C 1

2

3

4

5

D 6

7

8

9

10

11

a b

c

av. Cruzeiro do Su

A

PROJEÇÃO 2º E 3º PAV.

PROJEÇÃO VIGA METÁLICA

PROJEÇÃO 2º E 3º PAV.

3

PROJEÇÃO 1º PAV.

f

A

g 4 1

h

B

7

2

3

0,00

5

i

PROJEÇÃO VAZIO

6

8

k 10 12 11 l

1,00

3 14

9

13

14 15

B

8

ACESSO SERVIÇO

3

PROJEÇÃO MARQUIZE

j

16

PLANTA DE TÉRREO ESCALA: 1/500 0

5

10

15

C

D 4

66

rua Ezequiel Freire

ACESSO

e

3

ACESSO AUDITÓRIO

1

d


Ambiente

Térreo

Quant.

Livraria

1

56

Segurança

1

18

Ambulatório

1

22,3

Café

1

20,8

Hall de recepção

1

645

Banheiro

2

17

Painel elétrico e transformador

1

16,9

Gerador

1

44,2

Depósito Café

1

22,1

Ar condicionado

1

21

Doca

1

40

Quant.

Tabela 3 - Lista de ambientes pav. térreo. Fonte: Acervo Autor Ambiente Biblioteca

1

295

Periódicos

1

40,6

1- praça 9Espaço Criança 2- café 10Banheiro 3- banheiros 11Painel elétrico 4- livraria 12Depósito 135- segurança 6- ambulatório Ar condicionado 14DML 1º pavimento 7- foyer auditório 158- camarim 16Recepão

doca 140,7 depósito1 café 2 17 gerador 22 elétrica 1 2 35,1 ar condicionado 1 44,1 dml 2 circulação de serviço7 cargaAdministração e descarga 1

30

Almoxarifado

1

12,8

Reunião

1

25,8

Prof./monitores

1

72,3

Direção

1

23,2

Copa

1

16

78,4

Como é possível observar na planta do pavimento térreo, a praça foi criada na testada norte e ao fundo, o edifício de apoio encostado no vizinho, o auditório na testada leste e o cultural à frente do edifício de apoio. Os acessos principais se dão pela praça e o acesso de serviço, carga e descarga se dá pela rua Ezequiel Freire. Para o pavimento térreo - no edifício cultural - reservou-se o espaço para a livraria (com vitrine voltada para a rua e acesso por dentro cultural), o ambulatório (que Ambiente Quant.do centro M² possui saída direta para a rua caso necessite Ar condicionado 1 44,1de parada de ambulância), a 2 28,2 livre que pode ser utilizado sala de segurança,Vertiário o café e um grande espaço Banheiro de pessoas 2 15,4 para reunião e convívio ou exposições, esse vazio possui uma Painel Elétrico 1 22 grande fachada de vidro que é segurada por pilares metálicos e o sistema Depósito 1 35 de spider-glass. 2º pavimento Ateliê de ensaio 1 108,6 O edifício de apoio como dito anteriormente concentra todas as Ateliê de música 1 91,8 circulações verticais, banheiros depósitos e salas técnicas. No térreo possui Ateliê de artes 1 89,8 acesso externo para a sala do gerador e a doca, que possui um elevador de Exposição 1 423,5 carga e um acesso ao depósito do auditório. Ao todo o edifício possui duas Acervo 1 78,4 escadas de emergência, uma com saída para a av. Cruzeiro do Sul e outra com saída para a rua Ezequiel Freire, uma escada social, três elevadores sociais, um elevador de carga eQuant. um elevadorM²de serviço. M² Ambiente O edifício do auditório tem capacidade para 210 pessoas, possui Ar condicionado 1 44,1 camarins, foyer,Vent.uma copa que2 pode ser 28,2 utilizada em dia de evento e funcionário Painel elétricoum pelo1 térreo e o 22 banheiros, dois acessos, outro pelo pavimento superior Depósito 2 35,1 38,7 que pode ser acessado pela escada ou pelo elevador. A escada de emergência Acervo 1 78,4 cria 3ºum volume externo que segue o desenho da escada. A fachada deste pavimento Exposição 1 423,5 edifício é composta por placas metálicas brancas perfuradas com desenho Ateliê 1 43,4 irregular, criando uma identidade diferenciada do restante do equipamento. Ateliê

1

65,3

Ateliê

1

54,7

Ateliê

1

90,5

67


rua Leite de Morais 2

C 1

2

3

4

D

5

6

7

8

9

10

11

a b 3,88 c VAZIO

14

d

av. Cruzeiro do Su

A

PROJEÇÃO VIGA METÁLICA

PROJEÇÃO 2º E 3º PAV.

A

f g 3

12 1

8 3

h

VAZIO

1

B

i 4 j

5,50

B

7 5

6

k 2 9 10 l

9 13

13

11 12

12

PLANTA 1º PAVIMENTO ESCALA: 1/500 0

5

10

15

C

D 4

68

rua Ezequiel Freire

e


2

Banheiro

2

17

Painel elétrico e transformador

1

16,9

Térreo

1º pavimento

Gerador

1

44,2

Depósito Café

1

22,1

Ar condicionado

1

21

Doca

1

40

Ambiente

Quant.

Biblioteca

1

295

Periódicos

1

40,6

Espaço Criança

1

140,7

Banheiro

2

17

Painel elétrico

1

22

Depósito

2

35,1

Ar condicionado

1

44,1

DML

2

7

3

78,4

Administração

O primeiro pavimento abriga a biblioteca, a administração e um espaço para crianças, neste pavimento o edifício de apoio libera um espaço ao lado da escada para o acervo de periódicos, um espaço aberto, diferente da biblioteca que possui portas, porém sua parede de vidro permite que se mantenha uma relação com o restante do equipamento e com a rua, pois está voltada para a praça e para a a av. Cruzeiro do Sul. Vista de fora, a biblioteca é um ambiente transparente e para que o sol não seja tão incidente no ambiente, ele se recua dos limites do edifício e possui uma viga de borda mais alta para que quebre a entrada do sol.

1234567-

biblioteca periódicos espaço criança administração copa diretoria reunião

891011121314-

monitores/professores banheiros ar condicionado elétrica depósito dml sala técnica

Recepão

1

30

Almoxarifado

1

12,8

Reunião

1

25,8

Prof./monitores

1

72,3

Direção

1

23,2

Copa

1

16

Tabela 4 - Lista de ambientes 1º pav. Fonte: Acervo Autor

Auditóio

Ambiente

Quant.

Audotório

210 pessoas

217

Palco

1

96

Foyer

1

459,4

Copa

1

43,7

Banheiro

2

23,3

Camarins

2

14,7

Depósito

1

60,2

Sala técnica

1

13,2

Tabela 5 - Lista de ambientes auditório. Fonte: Acervo Autor

69


rua Leite de Morais 2

C 1

2

3

4

D

5

6

7

8

9

10

11

a b 11,00 c d

7,76

av. Cruzeiro do Su

A

A

f g 2

1

3

4

1

h

B

3,88

VAZIO

i

B

j

11,00

k 6 5 7 l

5

6 8 10

9

PLANTA 2ยบ PAVIMENTO ESCALA: 1/500 0

5

10

15

C

D 4

70

3

rua Ezequiel Freire

e


Ambiente

2º pavimento

Quant.

Ar condicionado

1

44,1

Vertiário

2

28,2

Banheiro

2

15,4

Painel Elétrico

1

22

Depósito

1

35

Ateliê de ensaio

1

108,6

Ateliê de música

1

91,8

Ateliê de artes

1

89,8

Exposição

1

423,5

Acervo

1

78,4

Ambiente

Quant.

Ar condicionado

1

44,1

Vent. funcionário

2

28,2

Tabela 6 - Lista de ambientes 2º pav. Fonte: Acervo Autor M²

78,4

Painel elétrico Depósito

1- exposição Acervo 2-3º pavimento ateliê de ensaio Exposição 3- ateliê de música Ateliê 4- ateliê de artes 5- vestiários Ateliê

1

22

6- 2

banheiros35,1

7- 1 8- 1 9- 1 10-1

78,4 ar condicionado 423,5 elétrica depósito43,4 acervo 65,3

Ateliê

1

54,7

Ateliê

1

90,5

38,7

O segundo e terceiro pavimento abrigam os ateliês e as áreas expositivas, ambos possuem paredes de vidro voltadas para o vazio, mantendo a mesma relação que a biblioteca propunha no 1º pavimento. No 2º pavimento os ateliês são de uso fixo, ateliê de ensaio (teatro e dança), ateliê de música, ateliê de artes. Nestes andares a fachada é fechada por painéis de madeira, móveis na área dos ateliês e fixos em vigas metálicas que vencem o vão do vazio até chegar na área das exposições (que possuem janelas altas).

71


rua Leite de Morais 2

C 1

2

3

4

5

D 6

7

8

9

10

11

a b 11,00 c d

av. Cruzeiro do Su

A

g 1

A

f 2

2

2 1

h

B

i

3

VAZIO

2

B

j

16,50

k 3

4 l

3

6

5 7

6

PLANTA 3ยบ PAVIMENTO ESCALA: 1/500 0

5

10

15

C

D 4

72

rua Ezequiel Freire

e


2º pavimento

78,4

3º pavimento

Ambiente

Quant.

Ar condicionado

1

44,1

Vertiário

2

28,2

Banheiro

2

15,4

Painel Elétrico

1

22

Depósito

1

35

Ateliê de ensaio

1

108,6

Ateliê de música

1

91,8

Ateliê de artes

1

89,8

Exposição

1

423,5

Acervo

1

78,4

Ambiente

Quant.

Ar condicionado

1

44,1

Vent. funcionário

2

28,2

Painel elétrico

1

22

Depósito

2

35,1

Acervo

1

78,4

Exposição

1

423,5

Ateliê

1

43,4

Ateliê

1

65,3

Ateliê

1

54,7

Ateliê

1

90,5

38,7

Tabela 6 - Lista de ambientes 3º pav. Fonte: Acervo Autor

1234567-

exposição ateliê vestiário funcionários ar condicionado elétrica depósito acervo

73


rua Leite de Morais 2

C 1

2

3

4

5

D 6

7

8

9

10

11 CALHA COM RALO HEMISFÉRICO PARA DESCIDA DE A.P.

a b 11,00 c d e

A

CALHA COM RALO HEMISFÉRICO PARA DESCIDA DE A.P.

A

f g i: 1%

1

h

B

3

i: 1%

i

B

i: 1%

j k CALHA COM RALO HEMISFÉRICO PARA DESCIDA DE A.P.

CALHA COM RALO HEMISFÉRICO PARA DESCIDA DE A.P.

22,00 i: 1%

i: 1%

CALHA COM RALO HEMISFÉRICO PARA DESCIDA DE A.P.

l

PLANTA COBERTURA ESCALA: 1/500 0

5

10

15

C

D 4

74

rua Ezequiel Freire

CALHA COM RALO HEMISFÉRICO PARA DESCIDA DE A.P.

av. Cruzeiro do Su

i: 1%


A cobertura tem acesso por uma das escadas de emergência e pelo elevador de serviço. A caixa d’água localiza-se em cima da escada e tem capacidade para 84.000 litros. A laje é impermeabilizada com manta asfáltica e possui um recorte para iluminação zenital da escada. Foi calculado uma estimativa de capacidade de 365 pessoas para o equipamento cultural considerando 1 pessoa a cada 7m²* (desconsiderando o edifício de apoio e circulações) mais as 210 pessoas do edifício do auditório. *Valor médio estimado devido aos diferentes tipos de uso que o equipamento propõe. Taxa de ocupação Coeficiente de aproveitamento

Ao todo o projeto tem 7744,21m² de área construída, sendo: TIPO DE ZONA ZONA Térreo: 2500,80 m² C.A. C.A. 1º pav.: 1877,90 m² C.A. mínimo máxi básico 2º pav.: 1682, 80 m² mo 3º pav.: 1682,80 m² ZEM

ZEMP

0,5

1

2

ÁREA DO TERRENO

3955,63

PROJETO

T.O. 0,7

2768,941

2705,58

C.A. 2

7911,26

7744,21

T.P. 0,2

791,126

794,18

Recuos Mínimos (metros)

máxima

Fundos e Laterais

Gabarito de altura T.O. para lotes igual ou

máxima (metros)

superior a 500m²

0,7

28

Frente (i)

NA

Altura da edificação Atura da edificação menor ou igual a 10

superior a 10

metros

metros

NA

3

Tabela 7 - Tabela de área total do projeto. Fonte: Acervo Autor

75


1

2

3

4

7

8

9

10

11

22,00

16,50

11,00

Av. Cruzeiro do Sul

5,50

0,00

CORTE A ESCALA: 1/500 0

76

5

10

15

11,00

R. Ezequiel Freire


11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

22,00

16,50

11,00

11,00

R. Ezequiel Freire

5,50

Av. Cruzeiro do Sul

0,00

CORTE B ESCALA: 1/500 0

5

10

15

77


l

k

j

22,00

16,50

11,00

5,50

0,00

CORTE C ESCALA: 1/500 0

78

5

10

15

R. Leite de Morais


k

i

g

e

c

a

11,00

3,88

R. Leite de Morais

0,00

CORTE D ESCALA: 1/500 0

5

10

15

79


FACHADA 1 ESCALA: 1/500 0

80

5

10

15


FACHADA 2 ESCALA: 1/500 0

5

10

15

81


FACHADA 3 ESCALA: 1/500 0

82

5

10

15


FACHADA 4 ESCALA: 1/500 0

5

10

15

83


84


85


FACHADA NORTE

86


FACHADA LESTE

FACHADA OESTE

87


PRAÇA DE CHEGADA

88


89


90


91


92


93


8. consideraçþes finais


A princípio a ideia para este trabalho era trabalhar na zona norte da cidade, não se tinha um bairro ou um lote específico, mas apenas a região. A partir disso foram feitas pesquisas sobre o que a região necessitava até chegar ao equipamento cultural, pois como foi observado anteriormente a distribuição dos equipamentos culturais na cidade se dá de forma irregular e a zona norte é a que menos possui equipamentos desse tipo. O local para a implantação do projeto foi escolhido a partir de pesquisas onde detectouse a importância que o bairro de Santana teve para o desenvolvimento da região e como ele funcionou e funciona como uma conexão entre bairros e da ideia que um equipamento cultural deve ser acessível, assim o projeto foi implantado em um terreno ao lado dos meios de transporte coletivo. As pesquisas de fundamentação foram essenciais para entender o equipamento Centro Cultural: o que são, como surgiram, porque surgiram, o que necessitam. A partir disso foi possível montar o programa básico desse tipo de equipamento e entender como relacionar o edifício com o público. Assim, este trabalho pretendeu discutir o equipamento cultural através de um projeto arquitetônico, onde foi necessário entender uma série questões para que o projeto fosse desenvolvido.

95


referĂŞncias bibliogrĂĄgricas


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99


anexos


Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

101


Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

102

Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.


Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

103


Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

104

Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.


Fonte: Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública.

105



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