Revista
Arte Trans Bahia Terceira edição. Março de 2016
PETRA PERÓN MISS SALVADOR GAY 2016
BIA MATHIEU EYSHILLA SPADINA
Coluna da Rainha LouLou
ESTUDOS DE GÊNEROS
Editorial
Expediente: Arte Trans Bahia, Divulgação e exposição da Arte Transformista na Bahia. Web: Transartebahia.com E-mail: Transarte.bahia@ gmail.com Telefone: 71-993228603
Em junho de 2015 nasceu a ideia de catalogar as artistas transformistas que conhecíamos e foi neste momento que criamos o site Arte Trans Bahia: uma plataforma onde artistas da cena transformista da Bahia tivessem um espaço de fácil acesso para a divulgação e promoção das suas personagens e sua arte. Decidimos então produzir uma revista mensal que trate do mundo da arte transformista e faça o papel de guardar as informações. Para que esta revista tenha um serviço positivo na sociedade, sobre tudo para a população LGBTTQI acadêmica, convidandamos pesquisadoras e professoras para a cada edição escrever conosco. Nesta edição trazemos a coluna da Rainha Loulou. Como entrevistada a transformista Eyshilla Butterflay. Acadêmica convidada, a professora e pesquisadora Mayana Rocha Soares. Lançamento da coluna de figurinos e assessorios. Dica de Livros e outras novidades. A revista Arte Trans Bahia e suas colaboradoras agradecem a todas as pessoas pelo apoio e incentivo. Att, Editora Arte Trans Bahia
Diretora Geral: Edméa Barbosa Produção: Edméa Barbosa Diretora Administrativa: Mariana Figueiredo Jornalista Responsável: Manuela Simão Projeto visual: Edméa Barbosa Diagramação: Edméa Barbosa Revisão: Mayana Soares Matérias: Mariana Figueiredo e Edméa Barbosa Especiais: Rainha LouLou, Gilmaro Nogueira Fotógrafias Arte Trans Bahia Edição: Nº3 -Março de 2016
Atendimento psicológico gratuito a População LGBT Caso deseje atendimento, pode entrar em contato com gibahpsi@gmail.com informando seu nome, telefone e o porque precisa de atendimento.
EDMÉA BARBOSA
SPADINA BANKS Quando vi a primeira vez não entendi muito bem o que ela queria. O vídeo era para a edição de agosto do festival Drag Queen, produzido por Andréa Magnoni, o qual abriria palco para uma nova drag soteropolitana. Gostei muito e percebi que me renderia ao encanto da novata. A garota respirava leveza, apesar da sua imaturidade cênica, demostrava total conforto no que estava fazendo. Em seguida me entreguei aos detalhes quando vi no palco do Âncora em uma apresentação, fui ficando feliz ao vê-la reproduzir Maria Betânia e Gal Costa, mas ao ver uma performance maravilhosa da música Ensaboa- Marisa Monte, virei fã. Spadina consegue ser engraçada no sorriso, no olhar, no jeito de andar, mas é a mão indicativa que transforma a cena em um cenário cômico. Os braços longilíneos parecem não ter um local, descola-se em algum momento e transforma a moça em uma boneca de pano flutuante. Apesar de ser uma iniciante na arte transformista, a moça já fez parte de espetáculos de amigas e participou do concurso “Garota Marujo 2015;” Concurso que é produzido pelo bar Âncora do Marujo anualmente e participou também da Loucademia de Drags, concurso de Valerie O’Rarah na Creperia L’ Abouche. A moça promete mexer a cena Soteropolitana, pois vem ganhando espaço também em performances dentro de boates. Em entrevista ao correio da Bahia explicou que Spadina é o nome de uma estação de metrô de Toronto, cidade em que a drag nasceu. E Banks é por causa da cantora americana Azealia Banks.
EnsaboaMarisa Monte. Número apresentado nao concurso “Garota Marujo 2015”
Número apresentado nao concurso “Garota Marujo 2015” na ocasião fez uma homenagem a Santo Amaro e sua
EDMÉA BARBOSA
Bia Mathieu A
presentadora oficial das noites de sábado no Âncora do Marujo, a também jornalista é uma das artistas mais queridas do público soteropolitano. O talento nato para o palco foi revelado em 2011 e desde então foi se encaixando na cena até se tornar a apresentadora que arrasta público para onde esteja. Os sábados do Âncora são embalados pelos quadros que inventa, pelos convidados que leva ou pelo simples e fervescente show que apresenta, gosta de interpretar Maria Betânia e leva o público ao canto alto, junto com ela.
Semanovischi
Porém é Maria Rita e Claudia Leite que despertam a galera; Com Maria ela se entrega à emoção e entoa as canções como se fossem próprias, já dublando Claudia Leite é possível ver o rebolado, os passos e compassos que animam o público para mais algumas cervejas. Falando em cantoras, ela é comparada e muitas vezes confundida nas ruas como sósia de Claudia Leite e irmã gêmea de Aline Rosa (hahahaha). Fora a brincadeira, a moça desfila beleza, é uma das mais lindas transformistas da cena. Orgulha-se de usar pouca maquiagem
e sorri ao dizer que fica pronta em 15 minutos. Quanto aos figurinos, são assinados pelos melhores, dentre os nomes Angélica, Fourdon e Cleber Manieri, mas além destes ela mesma cria, costura e customiza a maioria das roupas. É uma das artistas mais fotogenicas e uma das mais preferidas dos fotógrafos de Salvador, tem rosto, corpo e sabe se portar diante de uma câmera. Já foi algumas vezes modelo de Andréa Magnoni, foto ativista Queer, e é sempre alvo dos paparazzi em seus shows.
MARIANA FIGUEIREDO Ainda sobre palcos, Bia é também cadeira cativa na boate tropical, já esteve em Alagoinhas e Feira de Santana, participou de shows em paradas Gay, hoje apresenta o Karaobeco no projeto “Beco Ocupado” de Tiago Romero. E a partir do dia 8 de abril é a mais nova apresentadora do concurso “Talento Marujo” com as amigas Carolina Vargas e Rainha Loulou.
Porém Bia não é só palco, é jornalista, politizada e já participou de rodas de conversas voltada ao público acadêmico, dentre eles, fez parte da Segunda Mostra de Filmes produzido pelo LiLi- Grupo de pesquisa Interdisciplinar em Gênero e Sexualidade da UNIRB. Na ocasião Mathieu foi atração artística, mas bateu um bolão ao ser convidada especial para formar a mesa de debates.
Idade: 26 anos Tempo de Show: 5 anos Cantora Preferida: Maria Rita Linha de palco: MPB clássica, porém já revelou sucessos como Simone e Silmaria e coloca o povo para dançar com Claudia Leite Agenda Fixa: Sábado no Bar Âncora do Marujo. Agenda extra: Sexta feira no projeto beco ocupado e em seguida apresentação do concurso Talento Marujo 2016.
A moça lançou há algum tempo a hashtag #RespeiteALoira e segue espalhando a moda onde passa.
#RespeiteALoira pois onde passa ela DÁ O NOME!
Voz de fã: “Não sei quando foi exatamente que vi a Bia, mas foi no Beco dos Artistas, era um dia de semana, o bar estava quase vazio, ela iniciava o show... ...A energia foi contagiante, cantou, interagiu, sorriu e mostrou que a arte transformista é diferente das demais em todos os aspectos. Elas sonham, vivem e nos fazem viver sonhando junto!”
EDMÉA BARBOSA
A R
T E P
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Miss Salvador Gay 2016
No último dia 20 de março, Petra Perón foi escolhida para ser a representante gay de Salvador. O evento promovido por Scher Marrie Mercury, contou com um jurado composto por onze pessoas. Petra foi a primeira a ser selecionada para a final e levou onze votos, ganhando assim por unanimidade o título de Miss salvador Gay. Além das premiações oferecidas pelos patrocinadores do evento, a moça garantiu a vaga para concorrer o Miss Bahia Gay 2016.
ATB- Que é Petra Peron, como surgiu e o que deseja passar com a sua criação? PP-Petra Perón é uma drag latina e que pratica a guerrilha estética. Cubana, ela bebe de todo o caldo culturaL e político (de esquerda) da América Latina. Seu nome vem de duas mulheres também latinas que em seus contextos pretenderam transformar a sociedade em que viviam: Petra vem de Petra Herrera, guerrilheira lésbica da revolução mexicana, e Perón vem da Evita Perón, ex primeira dama argentina. Surge a partir do encantamento da arte e da necessidade de novos instrumentos de luta pela defesa e promoção de nossos direitos LGBT, neste contexto político inoportuno em que vivemos. A ala conservadorA cresceu muito no Brasil e precisamos também de lutas simbólicas e estéticas para contornar este contexto. ATB-Tempo de show, quem ajudou ou apadrinhou? PP-Tenho 1 ano de show. Minha Mãe drag é Valerie O’ra-
rah, quem sempre me ajudou desde o começo. Rainha Loulou e Jorge eu tenho como meus padrinhos, estão sempre comigo. Mas recentemente conheci minha vó drag, a caricata (jajajajaja) da Fourdon. ATB-A arte é pretensão financeira ou é um instrumento de luta? Nos conte sobre isso PP-Para mim a arte hoje não é um meio de sustento com é para algumas de Salvador. Hoje Petra Perón é um instrumento de luta, um projeto político, de luta pelos nossos direitos e cidadania LGBT. Mas para isto, preciso me legitimar entre a cena enquanto artista. Este tem sido meu foco neste momento. ATB-Faz eventos fora dos ambientes LGBTTS? PP- Sim, sobretudo em atividades e eventos da militância. ATB-De qual artista mais gosta de dublar?
PP- Gloria Estefan, Carmem Miranda e JLo ATB-Que musica acha que é carro chefe e qual o público mais demostra emoção? PP- He Lives in You, The Lion King na versão da Broadway. ATB-Figurino, quem assina? Maquiagem? PP- Os meus figurinos são feitos por Jorge Andrade, Angélica e doações de Valerie O’rarah. Eu mesmo me maquio atualmente, apesar de contar bastante com a ajuda de Val no começo e mais recentemente no Miss Salvador Gay. ATB-Sobre a construção da sua arte, como se enxerga? PP-Uma artista da nova geração (New Generation, como nos intitula Rainha Loulou heheeh), que busco um diferencial e sempre respeitar as que aqui já estavam. ATB-Conhece a história do transformismo Baiano, de nome da antiguidade quais nomes pode citar? PP- A cada dia que passa tenho conhecido artistas consagradas da cena baiana. Posso citar Dion Santiago, a eterna Marina Garlen, Jully d’Glamour, Karine Bergman, a Bagagerie Spielberg, Tanucha, Shiley Valetine e dentre outras. Todas elas com mais tempo de show que eu de idade. Muito exigentes e com marcas bem fortes na nossa cena. ATB-Concurso, de quais participou? PP- Participei do Talento Marujo, do Loucoademia de Drags, e o Miss Salvador Gays 2016. ATB- Títulos e premiações ? PP- Revelação do Troféu Estrelas Marujo 2016, organizado pela Priscilla Frosleny, e o Miss Salvador Gay 2016. ATB-Qual a sensação de ser a mais nova Miss Salvador Gay? PP- Gratificante e motivador. Um sinal que tenho caminhado na direção certa, sempre com tranquilidade e pé no chão. ATB-Sobre os estudos de gênero, conhece algo? PP- Minhas referências filosóficas e políticas sempre foram numa perspectiva marxista. Contudo, tenho lido muito além deste campo teórico/político para dá conta dos debates que envolvem o direito aos nossos corpos e sexualidades. Acredito que a teoria queer tem suas contribuições para a construção deste campo da diversidade sexual e de gênero, apesar de achar que falta um pouco de experiência real para alguns debates. ATB-Enxerga como a junção entre os estudos acadêmicos e o palco?
PP- A inserção performática de nós drags queens/transformistas no espaço público traz o debate acerca do papel socialmente atribuído a mulheres e àqueles atribuído aos homens, em suma, os “papéis de gênero”. É com estes papeis que brincamos, muito embora duvide da intencionalidade de algumas. Ao nos montarmos “deixamos de lado”, em certo sentido, aquele modelo do que é “ser homem/mulher” que nos foi ensinado durante a vida (ao papel de gênero, construído social e culturalmente e associado ao sexo biológico determinado pela medicina). São homens e mulheres, trans e cis, vestidos com roupas “femininas” e exageradas, ou cuja atitude é absolutamente provocativa/ostensiva. ATB-O que deseja para o futuro, quanto a personagem? PP- Desenvolver cada vez mais as linguagens artísticas que utilizamos no palco, amadurecer cada vez mais. E com isto, o retorno necessário para a manutenção da minha arte. ATB-Petra por Petra? PP- Linda, latina, tranquila e claramente uma dançarina jajajajajaja!
EDMÉA BARBOSA
T
EYSHILLA BUTTERFLAY
ransformista, em processo de travestismo constante, uma artista encantadora, engraçada e muito talentosa. Com 12 anos de show, começou a se montar através de uma brincadeira no Grupo Gay da Bahia. No ano o projeto “Se Ligue” reunia jovens gays para monitorias socioculturais. Dentre as ações políticas existiam os pequenos passeios que faziam para as paradas Gay do interior do estado. “Comecei
a me montar lá no GGB, e fui para a parada de Camaçari montada, daí por diante não deixei mais de me montar” O primeiro show aconteceu apenas um ano depois, na festa de confraternização do GGB, na noite foi motivo de riso para as demais colegas. “Uma saia jeans e uma
blusa asa de anjo, estava horrorosa, parecia o satanás, hahahahah – fiz Ojos Así de Shakira” Logo em se-
guida Scher Marie Mercuri levou a nova artista para o palco do Âncora do Marujo, produziu e incentivou a carreira da nova aposta. Fabiane
Galvão uma das maiores bate cabelo do Brasil, também foi uma das apoiadoras da borboleta. “Tenho um
carinho muito grande por Fabiane, me ajudou muito e muito do que sou hoje devo a ela, me inspirei muito nela”
Hoje se inspira em artistas como Twiggy, Scher e Mitta e deixa claro que a admiração que tem por um ou outro artista independe da relação pessoal. “Tem muita gente que não tenho relação pessoal, que não me dou mesmo, que não gosto, mas reconheço o potencial artístico”. Eyshilla tem estreitado relações com as novas drags de Salvador, principalmente as meninas da Haus Of Gloom e nos contou que se sente respeitada, confortável em estar ao lado das meninas “ Sei que muita
gente se pergunta porque estou com elas, após 12 anos de palco, mas essas meninas me respeitam como artista, existe uma troca imensa entre a gente, troca de experiências, mas o respeito e a valorização que recebo
delas é o que mais me deixa feliz, é muito bom ser respeitada, valorizada. ”
A nossa entrevistada não esconde que tem vários problemas pessoais com colegas de profissão, mas que as brigas e desentendimentos nunca foram motivos para deixar os palcos. “A hierarquia existe, sempre existiu,
os apadrinhamentos acontecem e às vezes isso divide. Em concursos de beleza mesmo aconteceram vários estresses, comigo aconteceram vários. No último concurso que participei, aconteceu algo muito bom, na grande final fiz o papel de Bagagery, eu tinha uma grande problemática por nunca ter ganhado um concurso dela, mas o respeito com que ela me tratou me surpreendeu, ela acreditou em mim, me vestiu, colocou a peruca em minha cabeça e me disse “VÁ E FAÇA SEU MELHOR!” Fui e ganhei o concurso, meu respeito e admiração por essa artista e o reconhecimento só multiplicou.
A artista vai completar 13 anos de show em 2016. O Miss Salvador gay foi o primeiro concurso que participou: “Estava medonha, a mistura de patati com patatá, parecia
também a padilha, o diabo em forma de gente e não levei nada, hahahaha”.
No ano seguinte, em 2009, teve o apoio do profissional Cleber Manieri e levou o 2º lugar no Miss Salvador. Os títulos que conquistou nos anos seguintes foram: Miss
Salvador, Miss Itaparica, Rainha do Carnaval, Talento Marujo, Miss Suburbio, Miss Parada Gay Internacional e Esse Artista Sou Eu Gay 2016.
Precisamos afirmar o poder artístico da borboleta, no último concurso que participou mostrou o quanto pode se reinventar artisticamente. Foi capaz de tirar o mega-hair e se travesti de Gustavo Lima. Em cena levou a mistura do sertanejo com o arrocha e incendiou a plateia do Âncora Do Marujo. Foi feliz ao vivenciar Elza Soares, Ivete Sangalo, Gretchen e até Luiz Caldas. Na noite que levou o título caracterizou com maestria a grandiosa Bagagery Spilberg. Já no último dia 20 de março foi convidada especial do concurso Miss Salvador 2016 e preencheu o espaço de emoções; A moça levou um vídeo que descrevia as violências preconceituosas vivenciadas por amigos, conhecidos e artistas, dublou divinamente e deu cenário para fotografias como a que usamos aqui.
“Sei que m uita g pergu ente nta se porqu com e e es las, a tou pós 1 palco, mas.. 2 anos de .” EB
“A cena gay de Salvador acabou. Temos hoje guetos e temos que aproveitar. A transformista tem medo de sair de casa, antes se via drag andando de bar em bar, hoje saem para um local só e voltam para casa. Porém por outro lado o público tem melhorado em números, com as facilidades de se criar uma personagem, as séries, as novelas e as mídias em gerais ajudam muito a levar um novo público para os espaços”. Quando as variedades da cena transformista a entrevistada citou: “hoje vejo a arte como sem cor, sem gênero, e hoje tudo é valido”
“Vejo muito Cindy Winks como eu no inicio...” A cena transformista não é tão valorizada quanto espetáculos teatrais, pinturas com tinta óleo ou trabalhos manuais, porém as pessoas que começam a se transformar sabem o quanto é caro manter uma arte como esta. Tudo começa com figurinos e maquiagens, mas logo pulam para contratação de bailarinos, figurinistas, costureiras, fazendo uma demanda financeira muitas vezes incalculável. Muitas dizem estar na cena por amor à arte. A carreira de Eyshilla no início foi motivo de piada, não acreditava em si como artista, não tinha noção do que era capaz, porém sempre procurou fazer tudo com maestria. “Antes me via muito como minha amiga Cindy Winks, frágil, uma grande artista, com grande potencial, porém insegura, hoje sei do meu potencial e farei uso disso, estou fazendo. Estou me aliando à ela também, pois temos muito potencial e ótimas ideias.”
, faço “Faço bico gem, maquia esse é bordados, a dois meu caix pagar e poderia contas minhas , mas com isso lidade achei faci ição” na prostitu
EB
“Sei que o GGB é algo real, bem ou mal poderia recorrer a ele”
EB
a d a t s i t r de a n a r g a a i m v u e é m a l “Eyshil opolitana, não rgo”. xe ter cena so s hoje eu me en EB a m , assim Idade: 35 Tempo de Show: 12 anos Pessoa que mais admira: Scher Marie, pela luta, ela é guerreira. Música que mais toca e comove o público: Christina Aguilera “LIFT ME UP” Show mais marcante foi: “LIFT ME UP” Fiz quando ganhei o Talento Marujo Título mais marcante: Miss Salvador 2013 Para o futuro: Ser Feliz Sonho para o palco: Um soropositivo, um garoto da periferia que contraiu HIV de forma banal e mostra outro lado através da arte. Falta na mídia: Bom espaço para o gay, espaço real, de gay de verdade, que chora, que se prostitui, que se droga, que é um ser humano como outro qualquer. Religião - Candomblé Manter uma personagem viva e se reinventando para não cair na mesmice é bem alto. Algumas vivem apenas de shows, daí, aprendem a costurar, a bordar e contam também com a parceria entre as amigas: trocam figurinos, assessórios e maquiam umas às outras. Existem também as que têm outras profissões para ajudar nos custos: Maquiadoras em eventos, atendentes de lojas, cabeleireiras, Designs e também as profissionais do sexo. No caso de Eyshilla, ela mesma descreve assim: “Faço bico, faço
maquiagem, bordados, esse é meu caixa dois e poderia pagar minhas contas com isso, mas achei facilidade na prostituição. ” A moça se
monta e é reconhecida no mercado como Ayana Victoria, só faz programa montada, e já foi gravemente agredida na profissão. “Me recusei a
fazer programa com um homem e
uma semana depois ele me agrediu com um meio fio de concreto, me bateu muito e me jogou na lata do lixo. Um vizinho me resgatou e levou de moto para o hospital, salvou minha vida, mas fiquei em coma por 3 meses. Costumo dizer que travesti está ali para matar ou morrer, em alguns casos está ali porquê quer.” As declarações da nossa entrevistada apontam para uma linha de raciocínio de uma grande parte da população, porém as pesquisas mostram que a travesti ou transexual está numa condição de subalternidade provocada por uma sociedade cruel. As oportunidades de emprego não se estendem, não existem espaços de trabalho para as novas construções indenitárias, apesar de que já conseguimos ver algumas conquistas, principalmente no âmbito acadêmico. Quanto à militância diz que
nunca precisou de comissões LGBT, mas se precisar pode contar com Cristiano do GGB, talvez pela relação de amizade, foi com ele que contou quando precisou, mas que tem amigos que sabe que pode contar, uma dessas pessoas é Scher Marie. “Sei que o GGB é algo real, bem ou mal poderia recorrer a ele, sei que existem outras ongs, mas sinceramente não vejo resultado nenhum. ”
Eu por eu mesma
Eyshilla é uma grande artista da cena soteropolitana, não me via assim, mas hoje eu me enxergo. Ayana é uma ilusão, uma personagem criada para as ruas, ao mesmo tempo é um sonho, é uma força que muitas vezes se sobressai muito mais que a artista Eyshilla e o menino que dá vida a essas duas é apenas um garoto medroso e sonhador.
MARIANA FIGUEIREDO
FOTO: Divulgação MARCELA BELLAS
Reconhecimento para além dos guetos Marcela Bellas com Bar de Bira, Luiza Possi com Insigth, Clarice Falcão com Survivor, Holly Siz com Ligth... Ah, as referências são muitas, estão crescendo – ainda bem! Artistas tem a cada dia tomado pra si grandes batalhas associadas à “classe LGBTTQ”, – aqui faço uma observação que não me sinto diferente dos demais para ser separada por uma classificação, mas se for necessário nos denominar para que tenhamos direitos e tratamento equivalentes, que assim seja – não que isso seja a solução, não que isso vá reduzir significativamente a taxa das LGBTTfobias, mas significa que estamos tendo um espaço. Esse espaço já vem sendo ocupado há um certo tempo, mas quando me refiro a essa questão atual, que-
FOTO: Divulgação PERFEX LUIZA POSSI
ro colocar como questão central que há novos espaços que estão sendo alcançados através de artistas que estão inseridos muito mais fora da cena "gay", artistas que tem sucessos emplacados em novelas de grandes emissoras, artistas que levam sua música pra fora do país, artistas que acrescentam arte a sua própria arte. Vejo como algo válido. Sinto como algo belo. E ouço com o coração cada uma dessas músicas, cada nota que deu espaço para alguém que tem seu espaço roubado e reduzido todos os dias. Não que o espaço gay não seja bom, não que o espaço gay não seja satisfatório, não que o espaço gay não seja suficiente, mas por acreditar que não devemos nos reduzir a "espaço" algum.
Aplaudo de pé iniciativas que abraçam causas dignas. Abraço cada ideia de fazer crescer respeito. E admiro cada atitude respeitosa que puxa para perto de si o seu semelhante, que alguém um dia classificou e definiu que ele seria inferior por etnia, religião ou identidade de gênero. Então, deixo aqui meus aplausos e meu melhor sorriso por cada artista que me abraça, que abraça a travesti, que abraça pobre, que abraça o negro. Deixo aqui meu coração entregue para quem não nos dá um espaço, mas nos convida a ocupar um espaço que é de todos. Sinto-me agradecida por descobrir em artistas que já nutria uma admiração seres humanos ainda mais belos.
RAINHA LOULOU
COLUNA DA RAINHA LOULOU Falo dela, pois ela... Sim, ela continua sendo a nossa colunista, porém se envolveu com alguns projetos e isso dificultou a escrita do texto para esta edição. Assunto não falta, então vamos contar o que a Rainha anda aprontando. Pois bem, há quem pense que uma transformista é apenas peruca e maquiagem. Será? O Gran Prix de Rainha Loulou no Projeto do grande Thiago Romero, “Beco Ocupado”, produzido pela Kalik Produções está desafiando Drags a mostrar do que são capazes. Semanalmente o circo pega fogo às 21 horas no bar XAMPOO. Dentre os concorrentes nomes como os de Aleera Cox, Ingrydi Carvalho e DesiRée Back. Logo mais, um pouco mais adiante, o famoso Bar Âncora do Marujo o caldeirão já ferve. Os preparativos para mais uma edição do concurso Talento Marujo está de vento em polpa. Desta vez com uma novidade, um trio de artistas é quem vai comandar as apresentações, a cada semana uma novidade, uma prova, uma apresentadora. Contam as boas línguas que são conhecidas como Rainha LouLou, Carolina Vargas e Bia Mathieu. Já as más línguas, falaram aqui na redação que as apresentadoras serão traquinas nas provas e que 14 concorrentes tentaram inscrição. Babado, confusão, gritaria! E muitas fotos. rs
FLAYER: Divulgação
Serviço: Gran Prix - Sabado 22 horas Beco Ocupado, beco dos artistas - Campo Grande Valor: Pague quanto quiser Talento MarujoSexta, 00:30 Bar Âncora do Marujo, Carlos Gomes Valor: R$ 5.
GILMARO NOGUEIRA
Caças e Pegações On Line é? Esse livro é resultado de uma pesquisa sobre as interações afetivossexuais realizadas entre homens em sites de relacionamento. Foram analisados 172 perfis nesses sites, com o objetivo de discutir como esses sujeitos compreendem às sexualidades e os gêneros, as práticas sexuais demandadas e as narrativas associadas a elas. A análise dessas narrativas aponta que um grande número de homens transgridem as normas sexuais e subvertem as regras sociais que estabelecem que eles devem desejar o sexo oposto. Isso, por si só, não é uma novidade. O que chamou atenção foi o grande número de sujeitos que demandam relações amorosas e/ou práticas sexuais anais e que se identificam como heterossexuais. A tarefa da pesquisa foi a de não apenas entender porque esses homens não se assumem homossexuais, mas também utilizar as suas narrativas para questionar a divisão heterossexual versus homossexual e apontar que essas práticas questionam/rasuram essa divisão. No entanto, as narrativas desses homens demonstram que nem tudo é apenas subversão e, por isso, muitos desses discursos também reiteram as concepções de gênero que violentam os homens afeminados (bichas) e hierarquizam sujeitos.
GILMARO NOGUEIRA, LANÇA MAIS UM LIVRO. O psicólogo e professor lançou um site para facilitar a compra de títulos acadêmicos (QUEERLIVROS.COM) um domínio que fará o papel de uma livraria, afinal de contas ainda é difícil adentrar as prateleiras das lojas mais frequentadas. No site é possível encontrar autores como Leandro Colling e coletâneas como as do EDUFBA editora.
GILMARO NOGUEIRA, PSICÓLOGO COLABORADOR DO MÃES DA DIVERSIDADE, INTEGRANTE DO GRUPO DE PESQUISA CUS E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO.
MAYANA ROCHA SOARES
FOTO: Imagem lustrativa DO WWW.FOLHADEVILHENA.COM.BR
QUEM TEM MEDO DO FEMININO? Certa vez, durante uma aula, fui interpelada por um aluno com a seguinte provocação: “professora, uma mulher que se dá ao respeito não sai pelas ruas gritando que é ‘vadia’. Se faz isso, ela tá querendo mesmo ser estuprada.” A provocação deste aluno, infelizmente, não corresponde, apenas, à sua opinião pessoal recheada de machismo, sexismo e ódio às mulheres que reivindicam para si o direito sobre o seu corpo, e não se trata, muito menos, de um caso isolado: o seu posicionamento revela o medo entranhado nas identidades sexuais hegemônicas de perder o exercício do seu domínio sobre as identidades dissidentes e as existências que foram historicamente subalternizadas. A afirmação deste aluno, num contexto de uma aula na universidade, revela também a carência dos currículos escolares brasileiros, desde a educação básica até os cursos universitários, em abordar as questões de gênero e de sexualidades numa perspectiva sociocultural, histórica, política e emancipadora. É importante notar que o silenciamento acerca destas questões, em ambiente educativo, também faz parte de um projeto hetero-dominante para que não se questione a opressão vivida por grupos inferiorizados, como pessoas trans* e travestis, mulheres, gays, bichas, lésbicas, negras, indígenas, dentre outras. Em 2011, o MEC organizou o kit contra a homofobia, que pretendia, apresentar aos professores da educação básica um conteúdo que visava discutir a sexualidade humana numa perspectiva social e histórica, e não apenas biológica e, por vezes, religiosa, a fim de criar novos conceitos acerca das produções dos corpos e das identidades sexuais e de gênero, combater o ódio destinado às pessoas não heterossexuais e possibilitar a construção de saberes que problematize a heteronorma. No entanto, este kit foi sumariamente vetado pela
então presidente Dilma Rousseff, atendendo às pressões da Bancada Evangélica e uma significativa parcela da sociedade civil, autointitulados de “cidadãos de bem”, num contexto nacional recente em que pessoas trans* e travestis, mulheres, gays e lésbicas são espancadas, maltratadas, humilhadas e mortas simplesmente por existirem e reivindicarem esta existência. Ao se opor a projetos como esse, o governo, bem como a sociedade civil que o pressionou, se torna conivente com a manutenção do preconceito, do ódio e da exclusão social da comunidade LGBT e de outras minorias políticas, pois permite que alunos e alunas repitam falas carregadas de machismo e misoginia como a transcrita acima e não construam novos conhecimentos de resistência e combate à intolerância e a promoção da coexistência. Portanto, a criação de espaços de debates, em escolas e universidades, como grupos de pesquisas, oficinas temáticas, palestras, conferências, pode ser um excelente começo para se debater as questões gênero, mas não é o suficiente. É fundamental um currículo básico e universitário, com incentivo à pesquisa, a ser trabalhado obrigatoriamente em escolas e universidades. O medo da diferença, sobretudo o medo ao feminino, não se revela apenas nas palavras de ódio, é evidenciado também a cada queixa de agressão física, a cada denúncia de estupro, a cada óbito de pessoas que morreram por que ousaram, mesmo diante do medo, existirem. Quem tem medo do feminino? Todas aquelas pessoas que, bem no seu íntimo, sabem que existimos, lutamos e resistimos à simples assimilação social, e, que de algum modo, ameaçamos o seu projeto de homogeneidade identitária, de superioridade branca, masculina, cristã e cis, e a continuidade de sua opressão. Só tenho um recado a dar a vocês: tenham medo mesmo!
Mestranda em Estudo de Linguagens (PPGEL/UNEB), especialista em Estudos Culturais, Graduada em Letras e Ciências Sociais. Professora da Faculdade Regional da Bahia (UNIRB).
EDMÉA BARBOSA
M
ais ou menos em 1500 A.C, a depilação masculina já era uma prática. A mistura feita com sangue de animais, gordura de hipopótamo, carcaça de tartaruga e tiossulfato eram utilizados para a prática. Os romanos usavam algumas misturas com soda caustica. Cleópatra usava faixa de tecido com uma suposta cera quente. Na Grécia antiga um instrumento denominado estéril (varinha com 30 cm e ponta curva) era o utensílio para a remoção dos indesejáveis.
Registro encontrados no portal da educação também afirmam que as índias não possuíam pelos pubianos e que estes eram retirados com espinha de peixe. Após o século XX o conceito que antes era tido como bruxaria em algumas localidades, passou a ser visto como habito de higiene. A passo em que as roupas foram encurtando, dando visão destoante com pelos à mostra, abriu possibilidade para uma nova motivação, depilação periódica.
Algumas profissões exigem pelos aparados ou depilados, dentre elas: Fisiculturistas, nadadores, ginastas, bailarinos, transformistas (existem exceções opcionais) entre outras. Na atualidade, em especial os homens, estão trazendo costumes ancestrais para a atualidade. Em clubes, praias, e afins é possível ver na nudez uma higienização provocada pela depilação. O resultado é tão satisfatório que já existem locais especializados no trato à higienização masculina.
MÉTODOS MAIS EFICAZES CERA QUENTE- DILATA OS POROS, O QUE FACILITA NA REMOÇÃO, PORÉM CORRE O RISCO DE QUEIMADURAS SE NÃO APLICADO NA TEMPERATURA CORRETA. CERA ROLL-ON- ADERE BEM, NÃO CORRE O RISCO DE QUEIMAR, PORÉM MAIS DOLORIDO APARAR- CONSISTE EM DIMINUIR OS PELOS COM UMA MAQUININHA. AJUDA A DIMINUIR ODORES E O SUOR POR EXCESSO DE PELOS. LASER- CAUTERIZAÇÃO DO BULBO DO PELO ATRAVÉS DE LASER. CLINICAS DERMATOLÓGICAS FAZEM O SERVIÇO. DOLORIDO E COM NECESSIDADE DE CUIDADOS ESPECIAIS AO FINAL DAS APLICAÇÕES.
Cuidados: Usar cera uma única vez Usar protetor solar Refazer entre 15 e 20 dias Manter a pele hidratada Higienizar com agua e sabão, antes e depois da depilação.
EDMÉA BARBOSA
Figurinosquem faz? A revolução industrial no século XVIII proporcionou uma padronização nas vestimentas, mais ou menos na mesma época surgiu a máquina de costura. O que a história não determina ao certo é em que momento surgiu a primeira pessoa que hoje seria identificada como design de modas. Na atualidade, as faculdades oferecem o curso, porém o talento nato de algumas pessoas faz a arte acontecer através dos tecidos e geralmente em máquinas de uso doméstico. Algumas pessoas apenas fazem modelagem, confeccionam moldes para orientar a costura, outras apenas costuram e outras tantas são designs ou estilistas. A pessoa dotada do dom imagina a peça, cria o desenho, costura e se for necessário ainda faz a parte de assessórios para a peça.
Na arte transformista poderíamos citar alguns gênios e gênias na cena, porém para o ponta pé inicial dessa façanha escolhemos falar de Cleber Manieri.
Manieri não trabalha com figurinos profissionalmente, o jovem empresário dedica seu tempo livre ao prazer de desenhar, criar, costurar e bordar para Twyggi a sua companheira e para amigos. A primeira vez que vi um desenho de Cleber foi em Alagoinhas, há quase 18 anos, não acreditei no que via, o traço perfeito ia de encontro com os moldes das revistas da época. Certa vez, andando na Joana Angélica um estilista fazia atendimento ao público e lá vi ao vivo ele desenhar mais uma vez. O hobbie que a qualquer momento pode virar profissão revela-se...
MARIANA FIGUEIREDO
GIRO FOTOGRÁFICO NA CIDADE 1
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MISS SALVADOR GAY 2016
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1- SCHER MARIER E AS TRÊS PREMIADAS 2- AS CANDIDATAS DA DIREITA PARA ESQUERDA: HELLEN SODRÉD, BIANCA HUPSEL, KIMBERLY PORTUNAYLE, AISHA REIS, JENNY MULLER, PETRA PERON, LETICIA AGHATA 3- TRÊS FINALISTAS PETRA, HELLEN E JENNY. 4- PETRA PERÓN E KAYSHA KUTNNER MISS SALVADOR 2015 5- SEGUNDO LUGAR HELLEN SODRED 6- TERCEIRO LUGAR JENNY MULLER 7- AMIGOS E PARCEIROS DA MISS 2016 8- ARTE TRANS BAHIA COM A MISS 2016 9- SEU ZÉ, ÂNCORA DO MARUJO 10 FIGURINISTA QUE ASSINOU O TRAJE, JORGE ANDRADE, PETRA PERÓN E AISLAN SODRÉ À DIREITA.
MARIANA FIGUEIREDO
FOTOS DO ARTE TRANS BAHIA NO ÂNCORA DO MARUJO 1
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1- MITTA LUX 2- TWYGGI 3- CYNDI WINKS 4- EUVIRA 5- VALERIE O’RARAH E GILVAN OLIVEIRA 6- RAINHA LOULOU 7- CLEBER MANIERI, TWYGGI, MARIANA FIGUEIREDO, EDMÉA BARBOSA E ALAN OLIVEIRA