3 A TRAGÉDIA Às 12 horas, 28 minutos e 25 segundos do dia 25 de janeiro de 2019, uma sexta-feira, a Barragem 1 do Córrego do Feijão desmoronou, com pelo menos 20 trabalhadores em seus degraus. As câmeras de vídeo de monitoramento – equipamento obrigatório por lei – mostraram, segundo a segundo, o desmantelamento da montanha de rejeitos. As imagens correram o mundo, horrorizando a todos pela magnitude e força com que a estrutura gigante explodiu num mar de lama que tudo arrastava, enquanto os trabalhadores corriam desesperados tentando escapar da morte. Por ser horário de almoço, o refeitório situado logo abaixo estava lotado de trabalhadores, não só da Mina do Córrego do Feijão como da de Jangada. A lama levou apenas meio minuto para chegar lá. E, em menos de um minuto, aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos da mineração encobriram e arrastaram todas as instalações. Nada ficou no lugar. A 2,7 quilômetros dali, funcionários, hóspedes e proprietários da Pousada Nova Estância não tiveram melhor sorte: como a sirene de alerta não soou, eles não puderam nem tentar se salvar. Calcula-se que a lama tenha chegado lá entre um minuto e meio e dois minutos. Trabalhadores e famílias que estavam no caminho do tsunami de ferro também foram atingidos, em poucos minutos. A lama destruiu ou comprometeu de modo irreparável todas as formas de vida por onde passou, arrasando uma área equivalente a 300 campos de futebol. Os rejeitos da barragem sepultaram o Ribeirão Ferro-Carvão e mais de 130 hectares da vegetação de Mata Atlântica, além de casas, sítios e plantações. Atingiram o Rio Paraopeba e avançaram 220 quilômetros, arrasando a fauna e a flora aquáticas. Uma adutora da Copasa, que fazia captação de água no rio para abastecer a Região Metropolitana de Belo Horizonte, precisou ser desativada devido à contaminação do rio. Milhares de animais, domésticos e silvestres, foram vitimados. Alguns, encontrados presos na lama, ainda vivos, estavam muito machucados ou em situação de difícil resgate. Nos primeiros dias de fevereiro, uma equipe da Fundação SOS Mata Atlântica que analisou as águas do Rio Paraopeba entre a barragem rompida e o município de Pará de Minas, distante 90 quilômetros de Brumadinho, atestou a morte do rio até aquele ponto1.
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