OPÇÃO PELO RISCO - Causas e consequências da tragédia de Brumadinho - A CPI DA ALMG

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9 ABRANGÊNCIA E GRAVIDADE DOS DANOS APURADOS Se, por um lado, o objeto da CPI foram as causas do rompimento da barragem de rejeitos da Vale S.A. em Brumadinho, por outro, os danos e sequelas decorrentes dessa tragédia permearam todas as atividades da �omissão. O real dimensionamento das consequências de uma tragédia dessa magnitude ainda está por vir, assim como, infelizmente, há outras, também danosas, por surgir. Afinal, além de causar um impacto ambiental imensurável, ela resultou na morte de 272 pessoas e desencadeou um sofrimento social enorme, como poucos antes vistos no mundo, cujas extensões humanas, territoriais e sociais ainda serão percebidas ao longo da história. Os efeitos desastrosos do rompimento em Brumadinho surgiram nos vários depoimentos prestados à CPI, bem como em documentos recebidos pela comissão. O relatório final faz referência a todos os atores ouvidos, que contribuíram para a apuração dos danos e para a abordagem conceitual adotada. De forma objetiva, o relatório concentrou-se nas questões essenciais para a responsabilização, reparação integral e prevenção de novas tragédias. Entre os danos mencionados, há os patrimoniais/materiais e os extrapatrimoniais/morais/imateriais, e, para todos eles, há uma responsabilização cabível e aplicável. Nesse sentido, o Relatório Final da CPI buscou contemplar conceito incorporado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos de “dano ao projeto de vida”, ampliando a noção de dano para além dos planos patrimonial/material e extrapatrimonial/moral, a fim de abranger uma dimensão que vai além deles, relativa ao sentido da existência dos sujeitos e ao de suas vidas, numa perspectiva ontológica (relativa à natureza dos seres)1. Devido à amplitude e à complexidade das consequências desses danos, diferentes conceitos e nomenclaturas têm sido utilizados para caracterizar o rompimento da barragem da Vale S.A. em Brumadinho, sendo acidente de trabalho [ampliado2], desastre [tecnológico3] e crime4 [ambiental] [humanitário] os mais ouvidos durante a CPI. Sem entrar na discussão detalhada acerca de cada um desses conceitos ou optar exclusivamente por um deles, todos foram considerados, conforme o enfoque

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Capítulo 16 – RECOMENDAÇÕES DA CPI • Esfera criminal

33min
pages 258-277

Capítulo 17 – POR UM NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO

10min
pages 278-283

Capítulo 15 – CONSIDERAÇÕES FINAIS DA CPI

6min
pages 254-257

Capítulo 14 – O CAMINHO DA REPARAÇÃO

1hr
pages 210-253

IMAGENS

18min
pages 108-167

Capítulo 12 – OS CRIMES APURADOS

42min
pages 172-193

Capítulo 13 – A RESPONSABILIDADE CIVIL

28min
pages 194-209

Capítulo 10 – OS ÓRFÃOS DA VALE

20min
pages 98-107

Capítulo 9 – ABRANGÊNCIA E GRAVIDADE DOS DANOS APURADOS

38min
pages 78-97

Capítulo 8 – OPÇÃO DELIBERADA PELO RISCO • Fatos que concorreram para o rompimento

53min
pages 50-77

Capítulo 7 – A COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DA ALMG

17min
pages 40-49

Capítulo 6 – A LAMA INVISÍVEL

4min
pages 36-39

Capítulo 5 – APÓS O ROMPIMENTO

4min
pages 32-35

PREFÁCIO – Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Agostinho Patrus

3min
pages 6-7

Capítulo 3 – A TRAGÉDIA

2min
pages 26-27

Capítulo 1 – BRUMADINHO E REGIÃO

16min
pages 14-21

Capítulo 2 – A MINA, A BARRAGEM E A MINERADORA

9min
pages 22-25

Capítulo 4 – OS MORTOS

10min
pages 28-31

INTRODUÇÃO – Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito da Barragem de Brumadinho, deputado André Quintão

4min
pages 10-11

EXPLICAÇÃO AO LEITOR

1min
pages 12-13

APRESENTAÇÃO – Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Barragem de Brumadinho, deputado Gustavo Valadares

3min
pages 8-9
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