Passo a passo no manejo de paradas e arritmias
Dr. Augusto Vilela
Dr. Daniel Azevedo
Dr. Halsted Gomes
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Esta obra é protegida pela lei número 9.610 dos Direitos Autoriais de 19 de Fevereiro de 1998, sancionada e publicada no Diário Oficial da União em 20 de Fevereiro de 1998. Em vigor a lei número 10.693, de 1 de Julho de 2003, que altera os artigos 184 e 186 do Código Penal em acrescenta Parágrafos ao artigo 525 do Código de Processo Penal.
Produção Visual: AulaBrasil / Preparatório Saúde Capa e identidade visual: Renata Nagli
Diagramação: Renata Nagli Coordenação: Diógenes Alcântara
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Introdução
Seja bem vindo ao Curso Preparatório ACLS, seu curso on-line de arritmias cardíacas!
Nosso objetivo é preparar você, enfermeiro, aluno de medicina, médico recém-formado, médico residente, anestesista, plantonista de pronto atendimento, plantonista de CTI, a atender os mais variados tipos de parada cardiovascular e arritmias cardíacas. É também um ótimo curso para você cardiologista revisar os conceitos mais atuais para o manejo da parada cardiovascular.
Este é um curso que segue estritamente as mais novas diretrizes do ACLS da American Heart Association (AHA) e é uma ótima forma de preparação para você que deseja fazer o curso ACLS nos próximos meses.
Como é de conhecimento de todos, as diretrizes do ACLS foram atualizadas em 2020 e aqui você tem acesso ao material atualizado já em língua portuguesa!
Este é um tema muito relevante e por isso é amplamente abordado nas provas teóricas e práticas, nos concursos de residência médica, nos concursos públicos e na prova de título de especialista em cardiologia.
O material foi escrito em uma linguagem simples, baseado em dicas práticas, para tornar o seu aprendizado mais fácil e natural.
Recomendamos que você comece o curso assistindo a aula de “Reconhecimento de ritmos cardíacos”. A seguir você deve ler cada capítulo antes de assistir a aula correspondente. Para sedimentar a informação você deverá reler o capítulo depois de assistir a aula.
Este curso não substitui o curso ACLS presencial, curso de excelência que deve ser feito por todos os médicos e enfermeiros que trabalham com urgência e emergência.
Entretanto, ele é um facilitador para o melhor e mais amplo entendimento do curso ACLS, o que possibilitará um desempenho muito melhor durante o seu treinamento prático.
Para aqueles médicos e enfermeiros que residem em locais distantes dos centros de treinamento do ACLS, este curso servirá como guia na impossibilidade da realização do curso presencial. Mas mais do que isso, acreditamos que seja o estímulo inicial para a busca de novos conhecimentos e que este seja o estímulo que lhe falta para a realização do curso ACLS.
Dr. Daniel Azevedo, Dr. Halsted Alarcão e Dr. Augusto Vilela, os seus professores neste curso, possuem grande experiência no atendimento de emergências cardiovasculares e arritmias cardíacas assim como no próprio treinamento para o ACLS.
Temos extrema confiança no seu aproveitamento e neste novo produto. Boa leitura e bom curso!
Dr. Diógenes Alcântara – Diretor MedAula Brasil
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Passo a passo no manejo de paradas e arritmias 5 1. Suporte Básico de Vida (SBV ou BLS) ..................................06 2. Parada respiratória .............................................................17 3. Bradicardias sintomáticas ...................................................26 4. Taquicardias instáveis e estáveis ........................................39 5. Ritmos de Parada Cardíaca – Diretrizes 2020 ......................60 6. Cuidados Pós-Parada Cardíaca - Diretriz 2020 ....................85 7. Orientações finais ..............................................................92
Índice
1Suporte Básico de Vida (SBV ou BLS)
INTRODUÇÃO
Você está na fila do cinema. Uma senhora idosa sente-se mal. Sentada em uma cadeira, desfalece e cai ao chão. Este é o cenário típico do atendimento extra-hospitalar a um paciente suspeito de parada cardiovascular e suas ações imediatas poderão salvar uma vida.
Neste capítulo abordaremos a sequência correta de medidas do suporte básico de vida (SBV) e ressuscitação cardiopulmonar (RCP) com o objetivo de sistematizar o atendimento inicial visando o reestabelecimento da circulação espontânea com o menor dano neurológico possível. Este protocolo segue as diretrizes 2020 do ACLS da American Heart Association (AHA).
Abordaremos o uso do desfibrilador externo automático (DEA) como parte do SBV. Não estão incluídas neste capítulo as medidas do suporte avançado de vida como acesso venoso, uso de drogas e intubação orotraqueal.
PASSOS DO ATENDIMENTO DO SBV
Diretrizes - 2020
1. Verifique se o paciente responde
• Toque o paciente nos ombros e chame o mesmo com veemência “Senhor(a), senhor(a)...Você está bem?”
• Em caso de não obter resposta considere esse cenário como o de uma possível parada cardiorrespiratória (PCR).
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O que mudou no ACLS 2015 e foi mantido no protocolo em 2020?
O BLS ficou mais prático e os passos podem ser feitos simultaneamente por profissionais treinados. Após checar o nível de consciência e acionar o serviço médico de emergência, cheque pulso e respiração simultaneamente.
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Figura 1 - Modos de posicionamentos das pás no tórax do paciente. Em azul podemos ver a posição mais utilizada e orientada pelos próprios fabricantes de DEA e em vermelho o posicionamento anteroposterior.
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“CHECANDO O PULSO”
Um passo crítico é a checagem de pulso (Figura 2). Atenção: a recomendação é procurar por pulso carotídeo por 5 – 10 segundos! Nunca mais do que 10 segundos! Tampouco há indicação de checar pulso femoral ou pulsos periféricos! Estes são erros extremamente comuns na prática clínica que retardam o início das compressões torácicas e consequentemente pioram o prognóstico do paciente. Uma dica é: em caso de dúvida, após 10 segundos de procura por pulso, “NÃO TEM PULSO!” Portanto, inicie compressões torácicas prontamente!
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Figura 2 - Posicionamento correto da checagem do pulso central carotídeo. A artéria carótida apresenta seu ponto de mais fácil localização em posição adjacente a cartilagem tireoide.
reanimações para 2 ventilações (15/2), desde que atendidas por 02 socorristas.
Não se deve gastar mais do que 10 segundos nas interrupções das compressões. Se não for possível ventilar, reinicie prontamente as compressões torácicas.
“USANDO O DEA”
O DEA É prioritário no atendimento de paradas cardiovasculares no cenário externo e deve ser solicitado imediatamente após a confirmação de que um suspeito de parada cardiorrespiratória encontra-se inconsciente. O DEA distinguirá os ritmos chocáveis dos ritmos não chocáveis e orientará a desfibrilação dos pacientes em FV/TV sem pulso. Para o sucesso da desfibrilação, a variável tempo é sem dúvida a mais importante. Quanto menor o tempo de acesso ao DEA maior a chance da vítima de PCR retornar à circulação espontânea após o primeiro choque.
Como qualquer aparelho eletrônico, o primeiro passo em sua utilização é LIGAR. Figura 4
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Figura 3 - Posicionamento para realização das compressões torácicas.
Com o DEA ligado posicione as pás adesivas no tórax do paciente conforme figura abaixo:
A seguir conecte o cabo das pás adesivas ao aparelho. Neste momento o DEA iniciará a análise de ritmo – você deverá se afastar da vítima e verbalizar a todos “Não toquem no paciente!”.
Passo
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a passo no manejo de
Figura 4- Exemplo de desfibrilador externo automático (DEA). Normalmente o botão de ligar se apresentará na cor verde (seta vermelha).
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Figura 5 - Algoritmo do ACLS 2020 para PCR extra-hospitalar.
2 Parada Respiratória
INTRODUÇÃO
Você é chamado para atender um paciente internado por AVC isquêmico que evoluiu com progressivo rebaixamento de nível de consciência e agora apresenta-se como suspeita de parada cardiorrespiratória (PCR). Ao chegar ao quarto você confirma que o paciente não atende aos chamados; você então solicita ajuda e pede pelo desfibrilador. Ao checar o pulso carotídeo você percebe um pulso forte e rápido, simultaneamente percebe que seu paciente não respira. Você está diante de um paciente em parada respiratória.
Neste capítulo, veremos a abordagem correta da parada respiratória no adulto no ambiente hospitalar segundo as diretrizes 2020 do ACLS da AHA. O objetivo é conseguir ventilações efetivas, corrigindo a hipóxia e evitando a hiperventilação.
PASSO A PASSO
Todo atendimento a um paciente inconsciente é iniciado com o suporte básico de vida (SBV ou BLS). Portanto os passos serão os mesmos citados no capítulo anterior:
1. Verifique se o paciente responde
• Toque o paciente “Você está bem?”
2. Peça por ajuda/ Solicite o DESFIBRILADOR (ambiente hospitalar)
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3. Circulação e Respiração simultâneos
• Verifique pulso carotídeo e respiração por 5 a 10 segundos. Atenção a esta tarefa – apenas o pulso carotídeo, no máximo 10 segundos!
4. Pulso presente com respiração ausente – Não iniciar compressões torácicas.
• Diagnóstico: PARADA RESPIRATÓRIA.
• Inicie ventilações com bolsa-válvula-máscara (“Ambu com reservatório”).
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Figura 1 - Exemplo prático de como acoplar de forma correta um dispositivo de bolsaválvula-máscara na face do paciente que se apresenta em parada respiratória.
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Figura 4 - Algoritmo do ACLS 2020 para avaliação e tratamento da parada respiratória.
3 Bradicardias Sintomáticas
INTRODUÇÃO
Você está de plantão na sala de emergência de um grande hospital privado. Recebe por telefone um comunicado que uma ambulância básica do maior plano de saúde do seu estado está em deslocamento para o seu serviço transportando uma Sra. Nonagenária que foi encontrada pelos filhos caída junto a cama. Ela está confusa e os dados vitais revelam uma pressão arterial de 60 x 40 mmHg, frequência cardíaca 38 bpm e saturação 80% em ar ambiente. Como se preparar para recebê-la?
PASSO A PASSO
O primeiro passo neste caso clínico é reconhecer que se trata de uma paciente com uma bradicardia sintomática. Implicar a bradicardia como causa dos sintomas é fundamental para iniciar o protocolo de atendimento das bradicardias.
O conceito de bradicardia é definido por uma FC < 50 bpm. Uma frequência cardíaca abaixo de 50 não irá gerar sintomas em todas as pessoas, dependerá da condição cardiovascular subjacente. Assim, um triatleta pode ter uma FC de 44 bpm em repouso como “seu ritmo sinusal” devido ao bom condicionamento físico/ aeróbico e um paciente cardiopata poderá estar sintomático com a mesma frequência.
Um paciente bradicárdico sintomático deverá apresentar sinais/ sintomas de instabilidade hemodinâmica, assim, deveremos
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arritmias
Considerações importantes
Como foi visto acima, o algoritmo de bradicardias é bastante simples. A simplificação é uma tendência dos últimos anos adotada pela AHA para facilitar o acesso à informação e tornar mais rápido e prático o tratamento das arritmias nos cenários de urgência.
De fato, para AHA-ACLS, podemos chamar “qualquer ritmo bradicárdico instável” de bradicardia sintomática e iniciar o tratamento com atropina 1 mg.
Mas, ao mesmo tempo, a AHA nos chama a atenção para “não confiarmos” na atropina em BAVs avançados (como BAVT e BAV
Passo
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a
Figura 1- Algoritmo do ACLS 2020 para avaliação e tratamento de bradicardias.
IDENTIFICANDO AS BRADICARDIAS
BRADICARDIA SINUSAL
A bradicardia sinusal pode representar o ritmo fisiológico e não constituir necessariamente um problema médico, especialmente em pessoas bem condicionadas fisicamente. Entretanto, se gerar sintomas ou sinais de instabilidade hemodinâmica, deverá ser abordada conforme o algoritmo descrito neste capítulo. É um ritmo que costuma responder bem a atropina 1 mg.
BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR (BAV) DE 1° GRAU
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O conceito do BAV 1° Grau é intervalo PR maior que 0,20 segundos ou cinco “quadradinhos” no traçado ECG. Neste caso temos um PR 0,24, caracterizando um BAV 1° grau. Notar que não existem ainda ondas “p” bloqueadas e que a FC não necessita ser baixa para caracterizar o BAV 1° Grau.
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Figura 2- Bradicardia sinusal; FC de ~ 50 bpm.
Figura 3- BAV 1°Grau.
até mesmo uma terceira dose de atropina nestes casos seria um erro grave, postergando o tratamento correto e efetivo destas arritmias. Não confie na ação da atropina no BAVT e no BAV 2° grau do tipo II com QRS alargados
MARCAPASSO TRANSCUTÂNEO
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Figura 8- Captura x não captura do MPTC.
Figura 9- MPTC com corrente de 50 mAmp e captura apenas parcial. A conduta correta neste momento é aumentar a corrente do marcapasso até haver captura completa.
Figura 10- MPTC com captura completa. 100% das espículas são seguidas por complexos QRS alargados.
4 Taquicardias Instáveis e Estável
INTRODUÇÃO
Você está de plantão na enfermaria do hospital da sua cidade e é chamado para avaliar um paciente taquicárdico. Quais perguntas fazer, que dados colher? Como interpretar o ECG? Quais decisões tomar? Como tratar? Drogas? Cardioversão elétrica sincronizada? Desfibrilação?
Estas e outras dúvidas serão aqui resolvidas na forma de apresentação de casos clínicos. Sugiro a você que leia atentamente os casos, interrompendo a leitura no momento da interpretação do Monitor /ECG. Neste momento pare um pouco, pense e reflita quais seriam suas decisões diante do cenário apresentado e só então prossiga com a leitura para verificar a solução do caso. Esta será uma forma mais rica de aprendizado.
Seguiremos neste capítulo, como em todos os outros, as recomendações atuais do ACLS da AHA; a diretriz de 2020 não trouxe alterações para a abordagem das taquiarritmias.
CASO 1
Sr. O. M. S, 70 anos, procura pronto atendimento com quadro de taquicardia associada a dor torácica com 1 hora de duração. Na triagem é classificado como prioridade máxima e encaminhado à sala de emergência por apresentar-se torporoso e hipotenso. Sua equipe prontamente estabelece um acesso venoso, inicia oxigênio suplementar por máscara com reservatório (10 litros por minuto) e procede a monitorização. Você confirma PA:
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56 x 30 mmHg, FC de 220 bpm, Sat de 70% em AA (95% após suplementado oxigênio). Ausculta respiratória com crepitações difusas, com esforço moderado.
Monitor:
Você está diante de um paciente com uma TAQUICARDIA DE COMPLEXOS QRS LARGOS, REGULARES E COM APENAS UMA MORFOLOGIA.
• TAQUICARDIA VENTRICULAR MONOMÓRFICA (TV).
Entendendo a gravidade do quadro você inicia o tratamento com cardioversão sincronizada com 100J, mas não obtém sucesso, o paciente permanece em TV. Você, então, sincroniza novamente o aparelho e procede a um novo choque de 150J (onda bifásica), mas novamente não obtém a resposta esperada. Decidido, você aumenta a carga para 200J, sincroniza novamente o aparelho e após este novo choque verifica que ao monitor que o paciente retornou ao ritmo sinusal!
O importante, neste caso, é entender que a Taquicardia Ventricular monomórfica quando gera sinais ou sintomas de instabilidade hemodinâmica configura uma emergência médica e seu tratamento deverá ser feito prontamente com cardioversão elétrica sincronizada.
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PROCEDENDO A CARDIOVERSÃO ELÉTRICA SINCRONIZADA
Este procedimento é iniciado apertando a tecla “Sync” ou “Sincronizar” do aparelho desfibrilador; para isso o seu paciente
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Assim, o tratamento padrão para um paciente com FA, no pronto atendimento, que não apresenta sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica e que tem como única queixa palpitação, será a redução da frequência cardíaca com B.Bloqueador ou Bloq. Canais de Cálcio (Diltiazem) associado a anticoagulação. Reforço não ser o mais adequado o uso de amiodarona neste cenário.
Um paciente com FA Aguda (menos de 48h de FA) ESTÁVEL poderá ser cardiovertido quimicamente sem grandes riscos de AVC. Amiodarona ou propafenona poderão ser usadas neste cenário.
Observação: Segundo as mais recentes diretrizes o tempo para cardioversão química ou elétrica com segurança tem sido reduzido de 48 para 12 horas (a depender do CHA2DS2VASC), porém no curso de ACLS esse número de 48 horas ainda é o número a ser seguido.
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O flutter atrial pode ser abordado de maneira semelhante ao aqui disposto para F.A.
SEDAÇÃO/ANALGESIA E CARDIOVERSÃO nas taquiarritmias instáveis.
Sedação/Analgesia é desejável antes da Cardioversão, mas não é obrigatória. Segundo orientação da AHA/ACLS, “Sedação deverá ser feita desde que não retarde a cardioversão.” Assim, será realizado em um paciente consciente, com sedativos prontamente disponíveis no carrinho de parada e sem retardo ao tratamento elétrico.
Lembre-se de que não é uma sedação com o intuito de induzir apneia no paciente; usaremos doses menores que as habitualmente usadas para intubação.A intenção é produzir uma sedação leve
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o diagnóstico diferencial) estará conceitualmente errado iniciar o tratamento com adenosina! Neste caso você deverá fazer exclusivamente amiodarona. Mais uma vez reforço: a primeira abordagem é mais simples, objetiva e te expõe a uma menor possibilidade de erro em uma prova prática!
CASO 5
J.J.S.X., 35 anos, esquizofrênico, é encaminhado de um hospital psiquiátrico para um serviço de urgência com o relato de ter sofrido 03 síncopes nas últimas 04 horas. A última, presenciada pelo psiquiatra de plantão, é descrita em relatório como “de duração de cerca de 40 segundos; neste período o paciente apresentou um pulso fino, irregular e rápido”. Ele vem referenciado a este serviço com hipótese de síncope cardiogência por arritmia cardíaca.
O paciente está em uso de amitriptilina 150 mg a noite, haloperidol decanoato 50 mg IM de 15/15 dias e na última semana, após sua internação por surto psicótico, com necessidade de doses crescentes de haloperidol oral e EV.
O paciente foi admitido estável, sem alterações dos dados vitais ou do exame clínico. Apresentava PA: 144 x 80 mmHg, Fc: 50 bpm, Spo2: 96%. Estava ansioso, mas orientado. Negava dor torácica ou dispneia (Sat O2: 97%).
Neste cenário sua equipe estabeleceu um acesso venoso e iniciou a monitorização. A seu pedido foi realizado o ECG abaixo:
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Entretanto, antes que você pudesse analisar profundamente o ECG, o seu paciente evolui com uma nova síncope e como ele estava monitorizado você fez imediata análise do ritmo ao monitor:
TAQUICARDIA – QRS LARGOS – IRREGULAR – VÁRIAS MORFOLOGIAS QRS
Taquicardia Ventricular Polimórfica!
Neste momento você confirmou a presença do pulso carotídeo e sem perder tempo procedeu ao tratamento: DESFIBRILAÇÃO COM CARGA INDICADA PELO FABRICANTE OU MÁXIMA SE DESCONHECIDA (200 ou dose equivalente do bifásico ou 360J no monofásico)!
O paciente prontamente assumiu o ritmo anterior e retornou a estabilidade clínica. Neste momento você conseguiu fazer a
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5 Ritmos de Parada Cardíaca - Diretriz 2020
INTRODUÇÃO
Você está de plantão na enfermaria de um grande hospital e é acionado para atender um paciente em possível parada cardiorrespiratória (PCR) no leito 527.
Ao chegar ao local, confirmando que o paciente não responde ao chamado, você solicita um desfibrilador e pede por ajuda. Confirmado a ausência de pulso carotídeo, você prontamente inicia compressões torácicas. Estes são os passos iniciais do suporte básico de vida (BLS), fundamentais no atendimento inicial de um paciente em PCR.
Neste capítulo iremos discutir como proceder ao tratamento destes pacientes a partir da chegada do desfibrilador. Neste capítulo não falaremos do DEA (desfibrilador externo automático), já abordado no BLS.
Iremos abordar os dois grandes grupos de parada cardíaca:
1. Os “ritmos chocáveis” – Fibrilação Ventricular (FV) e TV sem pulso.
2. Os ritmos “não chocáveis” – Assistolia e Atividade Elétrica
Sem Pulso (AESP).
CASO 1
O cenário é o descrito acima na introdução. Você realizou o BLS e está fazendo compressões torácicas há cerca de 60 segundos quando chega o desfibrilador.
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O que fazer neste momento?
a. Monitorizar o paciente imediatamente com os eletrodos.
b. Monitorizar o paciente imediatamente com as pás do desfibrilador.
c. Completar 2 minutos de compressão (mais 60 segundos) antes de realizar a monitorização.
d. Desfibrilar o paciente com a carga máxima permitida pelo aparelho.
A ideia aqui é analisar o ritmo do paciente da forma mais rápida possível. Neste momento, você está se fazendo apenas uma pergunta: “Estou diante de um paciente com ritmo chocável ou não chocável?” e a resposta só poderá ser dada após a monitorização.
Monitorizar com os eletrodos leva um tempo maior que a monitorização com as pás, portanto é inadequado inicialmente para os pacientes em PCR. Assim, a monitorização imediata com as pás possibilitará o rápido reconhecimento do ritmo e a pronta decisão quanto ao seu tratamento.
Os ritmos chocáveis devem ser tratados com a dose recomendada de desfibrilação por cada fabricante ou com carga máxima se você não conhece a dose recomendada (120 a 200 J nos bifásicos e 360 J nos desfibriladores monofásicos). Podemos usar as pás adesivas (como no DEA) ou as pás manuais. Uma vantagem das pás adesivas é que elas permitem a desfibrilação mais rapidamente, mas tem custo mais elevado. O uso correto das pás manuais requer gel e uma pressão contra tórax do paciente de aproximadamente 13 kg de força.
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DIAGNÓSTICO GERAL:
a. Ritmo chocável
b. Ritmo não chocável
DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO:
a. Fibrilação ventricular (FV).
b. Taquicardia Ventricular Polimórfica.
c. Taquicardia Ventricular monomórfica.
d. AESP.
CONDUTA?
a. Completar 2 minutos de compressão (mais 60 segundos) antes de realizar a desfibrilação.
b. Desfibrilar imediatamente com carga máxima.
c. Garantir uma via aérea avançada.
d. Realizar epinefrina 1 mg ev em bolus.
Trata-se de um ritmo chocável (FV) e, portanto, a conduta imediata a ser tomada é DESFIBRILAR o paciente com a carga máxima permitida pelo desfibrilador (ou a recomendada pelo fabricante).
A cada minuto perdido sem a desfibrilação reduz-se a sobrevida em cerca de 10% nos ritmos chocáveis. Portanto, todas as paradas presenciadas em FV (caso em questão) devem ser tratadas imediatamente com DESFIBRILAÇÃO.
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As paradas não presenciadas, mais típicas em cenários externos, devem ser abordadas de maneira diferente. Imagine você como médico do SAMU chegando a uma casa de um paciente em PCR.
62 MONITOR 1
CASO 2
Você iniciou RCP em um paciente sem pulso enquanto aguarda por um desfibrilador no seu pronto atendimento. Ao chegar o desfibrilador, você prontamente fez a análise de ritmo com as pás do aparelho:
MONITOR 2
DIAGNÓSTICO GERAL:
a. Ritmo chocável
b. Ritmo não chocável
DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO:
a. Fibrilação ventricular (FV).
b. Taquicardia Ventricular Polimórfica sem pulso.
c. Taquicardia Ventricular monomórfica sem pulso (TV sem pulso).
d. AESP.
CONDUTA?
a. Reiniciar RCP.
b. Intubar.
c. Desfibrilar com carga máxima.
d. Realizar epinefrina 1 mg ev em bolus.
Trata-se de um ritmo chocável (TV SEM PULSO) e, portanto, a conduta imediata a ser tomada é DESFIBRILAR o paciente com a carga máxima permitida pelo desfibrilador (ou a recomendada pelo fabricante).
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Passo a passo no manejo de paradas e
Qual conduta tomar?
a. Melhorar as ventilações.
b. Melhorar as compressões torácicas.
c. Manter as ventilações e compressões da mesma forma, pois a curva está adequada.
d. Trocar o tubo.
Capnografia com forma de onda e outras formas de monitorização invasivas.
O capnografia com forma de onda tem se mostrado eficaz na monitorização da qualidade das compressões durante a RCP, além de ser o melhor parâmetro para avaliar a qualidade de ventilação no pós-parada e fazer a monitorização constante da posição do tubo endotraqueal.
O capnógrafo é um dispositivo que acoplado ao tubo endotraqueal fará a leitura (em forma de onda) do comportamento do CO2 durante a ventilação (ins e expiração).
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Durante a inspiração não existe CO² exalado, portanto a curva de CO² cai a ZERO. Durante a expiração existe CO² exalado, portanto a curva de CO² atinge o seu máximo e faz um platô como visto na figura acima. Entretanto esta curva de capnografia deve ser
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4. Os pacientes que falham atingir uma capnografia mínima de 10mmHg (com compressões de qualidade adequada) durante 20 ou mais minutos de PCR tem um prognóstico bastante ruim. Este dado não deve ser utilizado isoladamente para encerrar os esforços de ressuscitação, mas deve ser levado em conta dentro do contexto clínico do paciente.
LEMBRE-SE:
1. Capnografia durante a parada: a curva deve ser maior do que 10 mmHg para configurar boas compressões torácicas!
2. Capnografia no pós-parada: a curva PETCO² deve estar entre 35-45 mmHg para configurar uma ventilação adequada no pós parada.
3. Capnografia com tubo fora da traqueia: LINHA RETA NO MONITOR DO CAPNÓGRAFO.
4. Capnografia e retorno da circulação espontânea: Aumento abrupto do PETCO².
5. Falha em atingir 10mmHg com compressões adequadas por 20 ou mais minutos – prognóstico muito ruim.
Além do capnografo com forma de onda, podemos usar a leitura da pressão arterial invasiva (PAI) como parâmetro de monitorização das compressões torácicas. Compressões efetivas devem produzir uma pressão diastólica na PAI acima de 20 mmHg. O retorno a circulação espontânea deve levar a PAI ao padrão de curva próximo ao normal de um paciente com pulso.
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tratamento para todas as intoxicações possíveis.
Não se esqueça do potencial benefício do uso de naloxone nos pacientes com intoxicação por opióides.
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Figura 1- Algoritmo do ACLS 2020 para avaliação e tratamento na PCR
6 Cuidados Pós-Parada Diretriz 2020
INTRODUÇÃO
Os cuidados pós-parada cardíaca são considerados hoje um dos elos da corrente de sobrevivência do ACLS e têm ganhado ênfase nos últimos 10 anos. A diretriz 2020 reforçou sua importância. Neste capítulo abordaremos os pacientes a partir do retorno da circulação espontânea, ou seja, a partir do retorno do pulso carotídeo. Faremos um caso clínico inicial até chegarmos ao nosso objetivo destas páginas que é abordar o pós-parada.
CASO CLÍNICO
Você está de plantão no pronto atendimento de um hospital universitário quando recebe um paciente de 55 anos com quadro de dor torácica típica com cerca de 1h de evolução. Tabagista, hipertenso e diabético sem controle médico regular, refere ter iniciado com sensação de palpitação na última hora seguida por dor torácica retroesternal. Bem orientado, apresenta FC 220 bpm, PA: 150 x 80 mmHg e Spo2: 86 % em ar ambiente. Após iniciado O2 suplementar por cateter nasal a saturação alcança a 96%, o paciente foi monitorizado e estabelecido acesso venoso (Monitor, Oxigênio, Veia – MOV):
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7 A avaliação do Curso ACLS
A avaliação do curso ACLS
No curso ACLS você passará por 4 avaliações. Três práticas e uma teórica.
1. Avaliação do BLS (suporte básico de vida)
Será o momento de avaliar a sua técnica de compressão torácica e ventilação boca a boca, assim como uso do DEA (Desfibrilador externo automático). É uma avaliação habitualmente simples, precedida de treinamento prático, mas o conteúdo teórico deverá estar claro para o melhor desempenho.
2. Avaliação de Parada respiratória
Aqui será avaliado a sua capacidade de identificar uma parada respiratória (paciente com pulso e sem respiração) e a sua capacidade de ventilar o manequim com bolsa-válvulamáscara (“ambu”) e a inserção de cânula orofaríngea. Também é precedida de treinamento prático, contudo espera-se que o conteúdo teórico esteja claro.
3. Avaliação teórica
A avaliação teórica do ACLS é composta de 50 questões e tem duração de uma hora. O aproveitamento exigido é bem acima dos habituais 60%. A AHA padroniza como necessários 84% de aproveitamento para aprovação, desta forma você só poderá errar 8 questões. É uma prova que exige a leitura integral de toda a apostila do ACLS e a realização do “pré-teste” disponível na internet. Recomendo que você tenha lido e feito todo o nosso curso antes de ler INTEGRALMENTE a apostila do ACLS. O material do ACLS é de leitura mais difícil e cansativa que o nosso material, entretanto, reforço ser necessário o seu estudo integral.
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4.
Avaliação prática do “Megacode”
Megacode é o termo usado pelo ACLS para o treinamento final e a prova prática final.
Tanto o treinamento como a avaliação final é constituído por 03 ritmos diferentes.
Via de regra sua avaliação começará por um ritmo com pulsouma bradicardia ou uma taquicardia -, evoluirá para fibrilação ventricular (FV) e posteriormente para AESP ou assistolia. A última etapa da avaliação são os cuidados pós-parada. Esta é uma avaliação que não permite erros. Qualquer erro que comprometa o prognóstico do paciente será motivo para a reprovação.
Tenho a certeza que a sua dedicação na leitura do nosso material facilitará a compreensão da apostila do ACLS e reforçará seu conteúdo teórico, assim como tenho a certeza de que as nossas video-aulas facilitarão muito o seu desempenho nas estações práticas durante o curso.
Este é o nosso compromisso, facilitar o seu aprendizado.
Dr. Daniel Azevedo
Ex-diretor de ensino da Somiti Instrutor ACLS por mais de 10 anos
Passo a passo no manejo de paradas e arritmias
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94 www.cardioaula.com.br Acompanhe nas redes: SAC CARDIOAULA®
cursode manejo de paradas e arritmiascardíacas
Pré-ACLS
CarcfioAula® O
MODULOl
• Basic Life Support (BLS): Dr Halsted
MODULO2
• Revisão de tecnologia: Dr Halsted
MODULO3
Cronograma
MODULO&
• Arritmias cardíacas com pulso: Dr.Halsted
• Taquiarritmias (Fc >l00bpm)
MODULO7
• Bradiarritmias (Fc < S0bpm): Dr.Augusto
• Atropina
• Advanced Cordice Life Support (ACLS): Dr.Augusto
• Parada respiratória
MODULO4
• Advanced Cordice Life Support (ACLS): Dr.Halsted
• Reconhecimentoemanejoem ritmos chocáveis
• Reconhecimentoemanejoem ritmos nãochocáveis
• Manejoem ritmos em pacientes com COVID 19
MODULOS
• Advanced Cordice Life Support (ACLS): Dr.Halsted.
• Arritmias cardíacas com pulso: Dr.Halsted
• Taquiarritmias (Fc > l00bpm)
• MED
MODULOS
• CASOS CLÍNICOS - Dr.Augustoe Dr.Halsted
• Ritmos de PCR - Isolados e em conjunto
MODULO9
• Revisãode Síndrome coronáriaaguda (SCA).
Dr.Augusto
• Revisãode Acidente vascularencefálico (AVE) .
Dr.Halsted
MODULOl0
• Revisão e Identificaçãodos ritmos - ACLS : Dr.Daniel
Bônus
APOSTILA PASSO A PASSO NO MANEJO DE PARADAS E ARRITMIAS
Bônus
JORNADA DA SALA VERMELHA
denbro do seu EAD
Bônus
CURSO DE PRODUTIVIDADE E
ORGANIZACAO DO TEMPO.
Essencial para o acadêmico e o profissional da saúde com robinas aliribuladas.
J t LEARNINC�• � GESTAO DO ,-�� TEMP(ã;:: CADÊ MEU TEMPO QUE ESTAVA AQUI?