Parque Nove de Julho:
Requalificação do Córrego Rio das Pedras Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo Orientadora: Ms. Rita Canutti Centro Universitário Senac São Paulo 2018
Agradeço a minha mãe que esteve presente e apoiando essa trajetória em todos os aspectos, aos meus professores que proporcionaram momentos de conhecimentos e descobertas, a minha comprometida e respeitada orientadora e as amizades realizadas nesses cinco anos de curso, com as quais diversos momentos puderam ser compartilhados.
RESUMO Presente na zona sul de São Paulo, especificamente nos distritos Cidade Dutra e Grajaú, ambos localizados dentro da Área de Manancial e que se encontram atualmente com um uso do solo adensado, por conta de um alto crescimento populacional e de uma ocupação urbana desordenada (consequências de um planejamento urbano excludente), acabam por gerar um descuido com a área ambiental e ausência de espaços públicos destinados ao lazer local. Ao meio disso tudo, temos o córrego Rio das Pedras, objeto de estudo do respectivo trabalho. A partir do reconhecimento da área, sendo essa o entorno do corpo d’água destacado anteriormente, desde a sua primeira aparição até a conexão com a represa Guarapiranga, o projeto apresentado tem como objetivo o destaque do córrego existente, suas conexões e a oportunidade de transformação do seu entorno em um local destinado à utilização como lazer por parte da população. Foi possível realizar determinados aspectos do proposto, a partir de intervenções urbanísticas em diferentes escalas e meios.
Palavras-chave: Cidade Dutra, Grajaú, Represa Guarapiranga, área de manancial, intervenção urbana, espaço público, contemplativo, lazer, recreação.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 08 1.1 Objetivo 10
1.2 Justificativa 11 1.3 Metodologia 11
2. A IMPORTÂNCIA DE QUALIFICAÇÃO DA MARGEM DO RIO DAS PEDRAS E DO PARQUE NOVE DE JULHO NA CAPELA DO SOCORRO 12 2.1 O processo recente de recuperação dos
espaços públicos em áreas periféricas 13 2.2 Requalificação dos espaços públicos em áreas ambientalmente protegidas, o caso do Rio das Pedras e do Parque Nove de Julho 16 2.3. As diretrizes do planejamento urbano para a recuperação ambiental 16
3. RIO DAS PEDRAS – DIVERSIDADE DE USOS E APROPRIAÇÕES ÀS SUAS MARGENS 20 3.1 Setor 1 - Praça Grajaú 21
3.2 Setor 2 - Avenida Senador Teôtonio Vilela 22 3.3 Setor 3 - Espaço Residual 23 3.4 Setor 4 - R. Virgínia Maria da Conceição 24 3.5 Setor 5 - Parque Nove de Julho 25
4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 28
4.1 4.2 4.3 4.5
Implantação Geral 29 Setores 1, 2 e 4 30 Setor 3 - Praça 32 Setor 5 - Parque Nove de Julho 36
CONSIDERAÇÕES 44
BIBLIOGRAFIA 46 LISTA DE IMAGENS 48
ANEXOS
1.
INTRODUÇÃO
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A expansão da cidade de São Paulo, apresenta como consequência de um crescimento desordenado e de um planejamento urbano excludente, a ocupação altamente adensada das periferias, causada pela impossibilidade de acesso ao mercado formal por parte da classe trabalhadora e seu baixo rendimento juntamente a ausência de projetos destinados a moradias populares a época. Tratando-se da zona sul de São Paulo, esses aspectos acabaram por gerar um uso do solo sem preocupação com seu caráter ambiental. Por conta desse caráter informal de ocupação, ocorre a falta de diversos aspectos impossibilitando que o espaço público seja uma área de qualidade. Entre esses está a ausência de espaços públicos destinados ao lazer, que apresentem os devidos cuidados, porém isso não é uma realidade exclusiva da área destaca, que apresenta todo esse histórico de formação e sim algo presente em todas as regiões da cidade, somado a praças e parques descuidados sem uma vitalidade convidativa. Por conta das situações atuais, interações e passeios são feitos em locais fechados em sua grande maioria privatizados, hábito adquirido pela população. Porém a ausência de qualidade no espaço público é algo que interfere no cotidiano das pessoas, afinal esse seria o local onde essas encontrariam uma possibilidade de descontração, um momento de serenidade em meio ao caos das metrópoles. Mesmo com as atividades atuais, consideradas lazer, há quem procure possibilidades de usos externos e passeios agradáveis em meio a cidade, atitude essa que destaca e incentiva a necessidade de requalificação e revitalização de áreas públicas com humanização do uso, onde hoje a preferência se faz pelo motorizado. A partir da observação em relação a falta de espaços destinados aos usos de recreação e a necessidade
de conscientização do meio ambiental, se fez possível a percepção do potencial de determinado uso no entorno do córrego Rio das Pedras, no qual já se apresenta uma tentativa de utilização pela população local. Analisando o córrego como um corpo d’água único, percebe-se que sua inserção no meio urbano se faz em diferentes áreas, com usuários e edificações relacionados a diversos usos, mas sendo predominante o uso residencial, o qual apresenta divergências em relação as classes econômicas, de modo que a segregação socioeconômica também interfira no caráter usual de cada trecho do córrego. Tendo em vista o público local, a ligação com a Represa Guarapiranga (área inserida no Parque 9 de Julho), seus espaços a céu aberto (com apresentação urbana) e seu trecho soterrado (abaixo de uma das principais vias da região), somados a ausência de espaços públicos de diferentes modalidades, que geram a necessidade de locomoção da população para um momento de lazer e a falta de interação entre os diferentes públicos das regiões abrangidas, a requalificação e o destaque da área ambiental como um possível momento de conscientização, contemplação e recreação torna o espaço mais do que um local com potencial, e sim prioritariamente uma área que necessita de tratamento para uma melhoria geral, entre elas a conexão da população e a preservação ambiental. A proposta da requalificação do córrego Rio das Pedras vem como uma possibilidade de eixo estruturador de uma parcela do espaço público presente na zona sul de São Paulo, com a presença em diferentes meios ele serve como elo de interação aos diversos públicos. Através do seu trecho a céu aberto, encontra-se uma possibilidade de conscientização da parte hídrica presente no local e o contexto ambiental, além da preservação na área que realiza ligação com a represa Guarapiranga, objeto importante para a cidade como um
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todo. Relacionando a área escolhida com suas necessidades de tratamento a serem solucionadas e os aspectos discutidos anteriormente em um contexto de metrópole, surge um mapeamento de possíveis usos e setorizações, de modo a acolher todos os públicos da mesma maneira e proporcionar igualdade socioespacial a partir da preservação das áreas, com o possível uso recreativo, esportivo e contemplativo, assim constituindo um espaço de lazer completo.
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OBJETIVO Este projeto
tem como objetivo proporcionar um espaço de lazer completo para as diferentes populações usuárias do entorno do córrego Rio das Pedras, de forma que venha criar uma relação interpessoal entre os usuários e o córrego, criando um destaque direcionado ao curso d’água e outros aspectos ambientais nele associado. Em um momento de desgaste físico e mental dos moradores das áreas, a requalificação do espaço vem como um oásis, onde a preservação ambiental somada aos possíveis usos de recreação proporciona um espaço de libertação da vida urbana. Para que tal objetivo possa ser atingido, foram criados aspectos mais específicos a serem estudados e realizados. Quando destacamos: Analisar a constituição do local onde o objeto de estudo se insere e sua realidade atual, oriundas das consequências de sua formação e como a legislação atua sobre a situação do espaço. Estudar onde o Córrego se localiza por completo, a partir disso realizar o levantamento socioeconômico das diferentes regiões, acabando por entender a população presente e público alvo a ser atendido pelo projeto pensado. Compreender seu contexto ambiental e necessidade de destaque da preservação da área, por conta da sua importância em um âmbito municipal. Com o entendimento da área por completo, buscar a melhor forma de lidar com a extensão do córrego e seu entorno, de forma que seu percurso atenda da melhor maneira todos os usuários. Por fim, ver as necessidades locais e realizar a intervenção de forma que auxilie cada área conforme sua inserção urbana, mas de maneira que não perca sua identidade como um todo.
JUSTIFICATIVA Uma vez que este
tem como tema a Requalificação do entorno do córrego Rio das Pedras, o qual se insere em diferentes locais da zona sul de São Paulo, de maneiras diversificadas, apresentando inúmeras formas de uso do solo no seu entorno e consequentemente diferentes pessoas dispostas a utiliza-lo, entendemos ser mais uma discussão apropriada para o momento, no que tange às condições do meio ambiente em relação ao seu usuário, haja vista as pessoas procurando alternativas de lazer, especialmente no espaço público. Temos uma ligação direta com o trabalho, por conta do uso pessoal constante da área, que com os anos de estudos pode a partir da sua percepção, embasada nos conhecimentos acadêmicos perceber a necessidade de um espaço de lazer, recreação e conscientização para a área, além de observar o potencial por parte do córrego e sua localização. Ressalta-se a tentativa de parte da população na utilização do espaço, caracterizando-o de recreação, somado a necessidade de preservação da área que abraça margens da represa Guarapiranga, apresentando severa fragilidade pelo uso urbano. Por esses motivos o trabalho atual se faz viável. Pois o mesmo apresenta um contexto urbano e discussão urbanística, somados ao interesse pessoal por uma visão de mudança local, com vistas a utilização coletiva.
METODOLOGIA
Para que ocorra uma proposição que atenda a todos os requisitos da área, o trabalho apresenta uma perspectiva pessoal da pesquisadora, somada a pesquisas no âmbito da melhora do espaço público e de um conhecimento mais aprofundado da área estudada. Para que essas pesquisas se realizassem de forma completa levantamentos em relação a dados, usos e leis da área foram realizados e estudo de projetos que auxiliariam na visão do local de estudo, sendo esse compilado a metodologia de pesquisa e criação do projeto.
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2.
A IMPORTÂNCIA DE QUALIFICAÇÃO DA MARGEM DO RIO DAS PEDRAS E DO PARQUE NOVE DE JULHO NA CAPELA DO SOCORRO
2.1 O processo recente de recuperação dos espaços públicos em áreas periféricas
Com um intenso ritmo de urbanização ocorrendo, São Paulo acaba por crescer indescritivelmente em relação ao número de habitantes. Quando o centro do município começa a se consolidar como polo econômico, a classe trabalhadora se vê na necessidade de procurar terra a baixo custo, por conta da sua baixa renda e o aumento do valor no mercado formal. A partir da necessidade de mudança habitacional a classe mais baixa procura a possibilidade da moradia própria na periferia, onde a terra se apresenta em custo mais acessível, porém essas residências foram se estabelecendo em área de manancial, tendo ocupações rentes às represas Guarapiranga e Billings, conforme Maria Lucia Refinetti Martins (2006, p.56) “[..], em loteamento de baixa qualidade técnica e sem qualquer preocupação ambiental.”
Figura 1: Mapa área urbanizada de São Paulo. Fonte: emplasa
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Mais tarde foi criada a lei de proteção aos manan ciais nº898/75, no ano de 1975 no âmbito estadual, porém acabou não tendo o resultado esperado, o qual era parar com as ocupações irregulares e precárias, tendo esse tipo de construção aumentado conforme os anos passavam e a desigualdade se ampliava. Havendo como prioridade nessa ocupação a residência e sua ligação com as áreas em que os serviços eram/são oferecidos, os espaços destinados a recreação são esquecidos, criando assim uma região com um déficit em relação aos espaços públicos destinados a tal uso. Em meio as consequências da formação citada anteriormente encontramos o objeto de estudo deste, o córrego Rio das Pedras, localizado na zona sul de São Paulo e pertencente a bacia Guarapiranga e a microbacia Rio das Pedras – Região Sul, área periférica, na Prefeitura Regional Capela do Socorro, distritos Cidade Dutra e Grajaú, com ligação à represa Guarapiranga, área de conexão esta, que é reconhecida como Parque Nove de julho e assim inserido na área de manancial. Contudo a conservação e preservação ainda não se
são poucos e esses ainda não apresentam cuidado continuo, muitas vezes sofrendo diversos tipos de degradação por parte da própria população local. A ausência de espaços públicos também está diretamente ligada ao uso do solo consolidado, por conta da sua formação já citada. Sua predominância se mantém residencial e em sua maioria de baixa renda, mas mesmo com todo o histórico apresentado o corpo d’água destacado não sofre tantas agressões diretamente em suas margens, apresenta ocupações irregulares próximas, mas não invasões e depredações ambientais diretas. Em vista o uso predominante, polos de comércio e serviço se constituiram. Os quais estão localizados principalmente nas vias de ligação entre a área local o centro da cidade. Sendo essas Avenida Atlântica, Avenida Senador Teotônio Vilela, Rua Rene de Jaegher e Avenida Dona Belmira Marin, às quais apresentam maior fluxo de veículos, pedestres e infraestrutura destinada ao transporte público, sendo composta por corredores e faixas exclusivas de ônibus e a linha Esmeralda da CPTM, todos se encontrando em um destino final no distrito Grajaú.
fazem satisfatórias na área, invasões continuam ocorrendo e a precariedade se faz presente. Espaços destinados ao lazer
LEGENDA: Residências baixa renda Residências média/alta renda Serviço Escolas Comércio Equipamento público Figura 2: Localização córrego Rio das Pedras. Fonte:geosampa e autoria própria.
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Figura 3: Uso do solo. Fonte:geosampa e autoria própria.
LEGENDA: Faixa exclusiva de ônibus Corredor de ônibus Terminal Grajaú
LEGENDA: Pedestres Automóveis
Figura 4: Transporte público, ônibus.Fonte:geosampa e autoria própria.
Figura 6: Maior fluxo, pedestres e automóveis.Fonte:geosampa e autoria própria.
LEGENDA: Ferrovia Estações
Figura 5: Transporte público, trem.Fonte:geosampa e autoria própria.
Figura 7: Ciclofaixas. Fonte: geosampa e autoria própria.
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Pode-se perceber que em meio a urbanização desordenada e sem consciência ambiental o córrego Rio das Pedras se mantém resistente, com um entorno consolidado e até mesmo soterrado em determinado trecho, ele continua presente, conseguindo ainda proporcionar espaços com alto potencial de lazer e conscientização às suas margens, como o Parque Nove de Julho.
em assentamentos precários consolidados, pressupõe a adoção de alternativas de projeto que considerem as preexistências territoriais, em suas potencialidades e limitações.”. O intuito da intervenção ali realizada é que aquele meio tenha sua ligação com o espaço urbano já consolidado e possa até mesmo atender a população de uma forma agradável, proporcionando momentos de lazer e recreação, mas que ao mesmo venha com o intuito de 2.2 Requalificação dos espaços públicos preservação e conscientização do espaço trabalhado. Com isso a requalificação do Rio das Pedras e do em áreas ambientalmente protegidas, Parque Nove de julho, se faz necessária e com grandes o caso do Rio das Pedras e do Parque potencialidades em relação ao local de inserção urbana e de necessidade de conscientização pelo público local. Nove de Julho Afinal o corpo d´água abrange diferentes públicos e o parque se encontra como uma barreira a invasão Atualmente está ocorrendo a transformação territorial. do planejamento urbano, entre a formas e funções designadas pelo movimento moderno no século 20, e que segundo Jan Gehl, esses acabam por ignorar tudo o que se sabia sobre o uso da cidade pelas pessoas e um novo 2.3 As diretrizes do planejamento pensamento, aquele onde a cidade não é pensada para as urbano para a recuperação ambiental pessoas. Consequência de um planejamento destinado aos edifícios e automóveis os espaços públicos atuais se A área de trabalho já participou de dois tratamentos apresentam como consequências de tais desenvolvimentos, públicos até o momento, sendo eles: Programa Córrego não existindo assim uma qualidade ali presente. A Limpo (2008) e 100 Parques para São Paulo(2008). O requalificação vem como uma forma de ajudar os pedestres, primeiro trabalha diretamente sobre o córrego Rio das aqueles que vivem a cidade a partir da visão humana, Pedras, o qual foi canalizado em dois trechos de toda sua humanizar o espaço público e proporcionar momentos de extensão, o projeto tinha como objetivo a despoluição interação entre a sociedade local. das águas que são direcionadas a Represa Guarapiranga. Quando se trata de áreas protegidas ambientalmente, Já o segundo propõe a ocupação da área verde com o uso já ocupadas pela população, deve-se levar em de um parque urbano, intitulado Parque Nove de Julho, consideração o uso pré-existente, como citado por com o intuito de proteção e preservação das margens da Boldarini Arquitetura e Urbanismo (2013, Archdaily) represa, porém este segundo, atualmente não demonstra “As formas de intervir na cidade e, especificamente, um projeto efetivo, mesmo sendo reconhecido como parque
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de riscos geológicos e de inundação. urbano existente no Plano Diretor Estratégico de São (São Paulo, 2014) Paulo, 2014. Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e Atualmente a área de intervenção se apresenta inserida no aspecto ambiental da ordenação territorial Ambiental: Art. 19. A Macroárea de Controle e Qualificação proposta pelo Plano Diretor Estratégico de São Paulo, Urbana e Ambiental é caracterizada pela 2014, Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental, existência de vazios intraurbanos com ou sem no Título II, Seção II: Art. 16. A Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental, é um território ambientalmente frágil devido às suas características geológicas e geotécnicas, à presença de mananciais de abastecimento hídrico e à significativa biodiversidade, demandando cuidados especiais para sua conservação. (São Paulo, 2014)
Quando desmembrada, a macrozona apresenta quatro macroáreas distintas, possibilitando assim diferentes tratamentos para as diversas aglomerações urbanas. O córrego Rio das Pedras e seu entorno imediato estão presente em duas, sendo essas: Macroárea de Redução de Vulnerabilidade e Recuperação Ambiental: Art. 18. A Macroárea de Redução da Vulnerabilidade e Recuperação Ambiental localiza-se no extremo da área urbanizada do território municipal, e se caracteriza pela predominância de elevados índices de vulnerabilidade socioambiental, baixos índices de desenvolvimento humano e assentamentos precários e irregulares, como favelas, loteamentos irregulares, conjuntos habitacionais populares, que apresentam diversos tipos de precariedades territoriais e sanitárias, irregularidades fundiárias e déficits na oferta de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas, ocupada predominantemente por moradias da população de baixa renda que, em alguns casos, vive em áreas
cobertura vegetal e áreas urbanizadas com distintos padrões de ocupação, predominantemente horizontais, ocorrendo, ainda, reflorestamento, áreas de exploração mineral, e algumas áreas com concentração de atividades industriais, sendo este um território propício para a qualificação urbanística e ambiental e para provisão de habitação, equipamentos e serviços, respeitadas as condicionantes ambientais. (São Paulo, 2014)
Figura 8: Macrozona onde o córrego Rio das Pedras está localizado.Fonte:geosampa
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de vegetação nativa, arborização de relevância ambiental, vegetação significativa, alto índice de permeabilidade e existência de nascentes, incluindo os parques urbanos existentes e planejados e os parques naturais planejados, que prestam relevantes serviços ambientais, entre os quais a conservação da biodiversidade, controle de processos erosivos e de inundação, produção de água e regulação microclimática. (São Paulo, 2016, p.27)
Figura 9: Macroáreas onde o córrego Rio das Pedras está localizado. Fonte:geosampa
Analisando a área com maior proximidade do objeto de estudo, é possível observar que pelo zoneamento, Lei n° 16.402/16 (2016), há diferença entre seus tratamentos estabelecidos ao decorrer da sua extensão, sendo predominante as zonas: ZEUa, Zma, ZERa e ZEPAM. Explicadas pelo Parcelamento, Uso e Ocupação do solo (Zoneamento ilustrado, realizado pela prefeitura de São Paulo), no título II Das Zonas, art. 6°, o qual explica que as zonas tem suas características conforme o local de inserção. As três primeiras zonas são destinadas ao entorno imediato do córrego Rio das Pedras e última, intitulada ZEPAM abrange por inteiro o parque Nove de Julho, e apresenta determinada definição no Capitulo III, do mesmo documento de pesquisa:
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Art. 19. As Zonas Especiais de Proteção Ambiental (ZEPAM) são porções do território do Município destinadas à preservação e proteção do patrimônio ambiental, que têm como principais atributos remanescentes de Mata Atlântica e outras formações
LEGENDA: ZEIS 1 Zma ZERa Zcoa ZEUa Zca ZEPAM
Figura 10: Zoneamento. Fonte:geosampa e autoria própria.
Com base nos objetivos legislativos propostos, o ponto norteador do trabalho se dá pela possibilidade de proporcionar um espaço público de qualidade e possibilitar o uso do mesmo pela população de forma que a área ambiental seja preservada.
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3.
RIO DAS PEDRAS – DIVERSIDADE DE USOS E APROPRIAÇÕES ÀS SUAS MARGENS
Como já apresentado anteriormente o uso do solo consolidado na área de estudo tem suas diferenças, sendo Setor esse marcado pela predominância do uso residencial, que demonstra divergências de classes sociais e polos de comércio e serviço. Esse fato auxiliou de modo que no momento de diagnóstico as características do uso do solo, somadas aos diferentes cuidados e usos destinados pela população na extensão da área, fizessem com que a melhor forma de estudo fosse a divisão do todo em setores.
1 - Praça Grajaú
Figura 12: Setor 1. Fonte: google maps e autoria própria.
Este setor está localizado no distrito do Grajaú, já teve uma requalificação realizada pela prefeitura de São Paulo, como parte do Programa Córrego Limpo, quando o córrego foi canalizado e despoluído com o intuito de eliminar uma das fontes de poluição da represa Guarapiranga. Na parte a céu aberto foi proposta uma praça com um projeto genérico de uso. LEGENDA: Residências baixa renda Residências média/alta renda Serviço Escolas Comércio Equipamento público Figura 11: Uso do solo. Fonte:geosampa e autoria própria.
Figura 13: Situação atual da praça. Fonte: autoria própria.
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Setor 2 - Av. Senador Teotônio Vilela
Figura 16: Setor 2.Fonte: google maps e autoria própria.
Figura 14: Situação atual da praça. Fonte: autoria própria.
Hoje o local apresenta as consequências da ausência de manutenção, com partes do piso de madeira quebradas e parte do mobiliário degradado, mas mesmo assim mostra um uso constituído pela população local. No meio da sua extensão ainda encontramos o Centro Cultural Grajaú, que é considerado uma casa de entretenimento e cultura para região e que oferece oficinas e eventos culturais gratuitos, espaço esse que pode vir a incentivar o uso da praça já existente e também está presente um posto policial.
Esta área do córrego está tamponada, passando por cima dele uma das principais vias da região, a Avenida Senador Teotônio Vilela, que contém faixa exclusiva de ônibus, com passagem de diversas linhas, um fluxo intenso de transporte particular e um dos principais polos de serviço e comércio da área, assim acaba por apresentar urbanização consolidada. O restante de sua extensão encontra-se abaixo de uma área com proposta de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Ambiental pelo zoneamento vigente e com um uso predominante de habitação de baixa renda pelo uso do solo real.
Figura 15: Canalização já realizada no córrego.Fonte: autoria própria.
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Figura 17: Estado atual das calçadas na Av. Senador Teotônio Vilela.Fonte: autoria própria.
Setor 3 - Espaço residual
Figura 18: Estado atual das calçadas na Av. Senador Teotônio Vilela.Fonte: autoria própria.
Figura 20: Setor 3. Fonte: google maps e autoria própria.
Trecho localizado dentro de um lote privado Em relação a população local, a área apresenta em pertencente ao Atacadista ASSAI, tendo ligação com a torno de 9.238 habitantes e uma renda per capita de R$ Avenida Senador Teotônio Vilela e a Rua José Inácio da Silva. O córrego volta a aparecer ao ar livre e ainda 2.480,11 (Atlas Brasil, 2013). apresenta uma área alagável, junto a isso encontrase uma densa vegetação de eucaliptos. Devido ao local onde se encontra inserido acabou por não receber o mesmo tratamento que outras partes do curso d’água.
Figura 19: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: atlas Brasil e autoria própria. Figura
21: Eucaliptos existentes. Fonte: autoria própria
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Setor 4 - R. Virginia Maria da Conceição
Figura 24: Setor 4. Fonte: google maps e autoria própria. Figura
22: Situação atual. autoria própria.
Fonte:
Tem um entorno predominantemente residencial, onde o terreno vizinho é constituído por residências de baixa renda, espaço esse que é considerado ZEIS 1 no zoneamento vigente. A constituição da área se dá com aproximadamente 15.000 habitantes, de uma população composta em sua maioria por indivíduos entre 15 e 64 anos e renda per capita média de R$ 873,32. (Atlas Brasil, 2013).
Trecho esse que também já passou por um tratamento similar ao do setor 1 - Praça. O córrego está canalizado e com a presença de uma proposta de uso genérico. Este é o local que apresenta o espaço mais restrito em relação a parte viária por conta da área já consolidada, sua grande maioria como as outras apresenta predominantemente um uso residencial no seu entorno, aproximadamente 19.000 habitantes, com uma população em sua maior parte entre 15 e 64 anos e uma renda per capita entre R$ 700 e R$ 900 (Atlas Brasil, 2013).
Figura 23: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: atlas Brasil e autoria própria. Figura
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25: Situação atual. autoria própria.
Fonte:
Figura
Figura 28: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: atlas Brasil e autoria própria.
26: Ponte sem conservação. Fonte: autoria própria.
Apresenta o mesmo problema que o setor 1, a ausência de manutenção, que o torna um local sem muitas possibilidades de uso, porém procurado pela população, em busca de momentos de lazer e recreação.
Setor 5 - Parque Nove de Julho
Figura 27: Área de abragência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: atlas Brasil e autoria própria.
Figura 29: Setor 5. Fonte: google maps e autoria própria.
O último setor, apresenta o córrego Rio das Pedras inserido em um local completamente diferente de todos os anteriores, aqui ele mostra-se ligado diretamente à represa Guarapiranga e está localizado dentro do
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espaço destinado ao Parque 9 de Julho, perímetro esse definido pelo projeto 100 Parques para São Paulo, hoje reconhecido pelo Plano Diretor estratégico como parque urbano existente. Porém a área não apresenta um projeto concreto, onde apenas parte da área está aberta a população e o restante do espaço está murado sem uso, apresentando descuido e invasões por usuários de entorpecentes.
Figura 31: Estado atual Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria.
Como entorno imediato esta área encontra um uso residencial, mas diferente das outras, já que esse é considerado de maior renda, tendo como renda per capita média R$ 1.200 e cerca de 4.000 habitantes, onde a população em sua grande parte está entre 15 e 64 anos (Atlas Brasil, 2013).
Figura 30: Barreira física Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria.
Figura 32: Caminhos Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria.
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Figura 33: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: atlas Brasil e autoria própria.
Figura 34: Estado atual Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria.
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4.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A proposta de intervenção vem com o intuito de melhoria dos espaços citados anteriormente, procurando tratar cada um de acordo com as necessidades analisadas e dentro das diretrizes legislativas, onde procura-se possibilitar o uso, mas despertar a conscientização. Utilizando o critério de setorização escolhido anteriormente, as diversas escalas de intervenção se apresentam em diferentes modos de representação, aos setores 1, 2 e 4 foram propostas tipologias de adequações do uso já existente, de forma que não se estende-se muito sobre esses trechos.
Já os setores 3 e 5 que apresentavam maiores possibilidades de mudanças e potencialidades de uso, além de seus aspectos naturais estarem mais presentes, foram escolhidos para a realização de um projeto mais esmiuçado, onde a intervenção propõem mudanças radicais e estuda a melhoria do espaço urbano local para a população. Na sequência os setores estarão sendo apresentados.
Figura 35: Implantação Geral. Fonte: autoria própria.
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SETORES 1, 2 E 4 Intervenções às margens do córrego Vias, calçadas e pequenas áreas Verdes Esses setores mesmo apresentando usos e públicos diferentes, demonstram necessidades similares, como o tratamento das calçadas e das áreas verdes de pequeno porte presente em meio aos caminhos. Tendo em vista essas duas questões, tipologias de tratamentos são indicadas de forma que melhore o uso cotidiano da área por parte dos pedestres, transformando a passagem pelos locais mais humanizada.
Figura 36: Tipologias. Fonte: autoria própria.
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TIPOLOGIAS
Figura 37: Estado atual, praça Grajaú. Fonte: autoria própria.
TIPO 1 - ÁREAS VERDES
Figura 39: Estado atual, calçadas Av. Senador Teotônio Vilela. Fonte: autoria própria.
TIPO 2 - CALÇADAS
Figura 38: Tratamento áreas verdes. Fonte: autoria própria.
Tratamento das áreas e definições dos caminhos
Figura 40: Trataento calçadas. Fonte: autoria própria.
Alargamento das calçadas
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SETOR 3 - PRAÇA Transformação de um espaço residual em uma praça Área: 39.100 m² Córrego: 266 m A proposta tem como base a abertura do terreno para o público local, transformando-o em uma praça urbana com diferentes possibilidades de uso. Tendo como partido a ligação entre as vias, Av. Senador Teotônio Vilela e Rua José Inácio da Silva, vencendo o desnível de 10 metros entre elas. Somando a necessidade de saber como relacionar esse novo uso com as barreiras físicas presentes nas outras extremidades, os quais são: o Atacadista ASSAÍ, seu estacionamento e uma vasta plantação de eucaliptos de um lado e do outro, habitações de baixa renda rentes ao limite do lote.
quais auxiliam reduzir o fluxo da água e como apoio as estações chuvosas. Mas como ponto principal está a ponte sobre o lago central que conecta três áreas destinadas a recreação. A relação entre recuperação ecológica e possibilidade de uso humanizado se faz clara, de forma que proporciona fluidez, limites e diversidade
Figura 41: Terraço alágável. Fonte: Turenscape.
Os aspectos destacados são em grande parte compatíveis com o que se pretendia passar com a proposição realizada neste setor, destacando fluidez Como principal referência para a proposição e limites, diversidade e a estrutura utilizada como apresentada foi o Parque Minghu, localizado em uma passagem, a qual está suspensa sobre água. cidade da China e realizado pelos arquitetos do Trenscape, reconhece a presença do parque como uma infraestrutura verde no meio da cidade, trazendo como principal objetivo a melhoria ambiental da área, procurando recuperar a biodiversidade e habitat nativo, mas possibilitando o acesso do público a um espaço de qualidade. O projeto apresenta caminhos destinados a pedestres e ciclistas, que possibilitam o acesso a terraços alagáveis, que proporcionam momentos de lazer Figura 42: Ponte sobre o lago central. Fonte: Turenscape. e contemplação. Também contém bacias de retenção, as REFERÊNCIA
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O PROJETO
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O PROJETO Tendo em vista todas as questões apresentadas, o projeto se inicia a partir das conexões possíveis e como serão realizadas, as mesmas são feitas a partir de rampas que conectam os diferentes níveis da praça. A primeira rampa liga o acesso realizado por um mirante na Av. Senador Teotônio Vilela ao deck de contemplação 9 metros abaixo e contém uma segunda parte que possibilita o acesso do mesmo ponto de partida a área de eventos, essa que contém uma grande arquibancada e uma escadaria que permite a mesma ligação. O Deck de contemplação serve como um grande patamar de distribuição tendo além da primeira rampa apresentada, mais duas, que proporcionam aos níveis mais baixos da praça o acesso pela Rua José Inácio da Silva. Estando essa estrutura acima do córrego e de um grande espelho d’água, esse que anteriormente era um brejo, explicando assim a necessidade de duas rampas, as quais estão em lados opostos separados pelo corpo d’água. Estando em meio a construções existentes, foi pensado que o espeço deveria ter em parte seu limite demarcado, de tal forma que em determinadas extremidades é indicado o fechamento com gradil. Por fim a intervenção procura possibilitar a ligação entre diferentes pontos de forma fluída e agradável, proporcionando um espaço residual em um local de fulga da cidade urbana, um intervalo entre construções e automóveis, criando a possibilidade de diferentes usos no espaço público.
*Em anexo planta e cortes.
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Figura 43: Diagrama. Fonte: autoria prรณpria.
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REFERÊNCIAS
SETOR 5 - Parque Nove de Julho Realização de um parque já considerado existente Área: 900.000 m² Córrego: 2.800 Km Localizado na zona sul, em uma área ambientalmente protegida de grandes dimensões porém com uma urbanização já consolidada e demarcando seu limite territorial, a proposta de intervenção tem como objetivo o destaque da presença de dessa área escondida, principalmente por estar localizada em fundos de lotes. Assim proporcionar o acesso de forma que gere um espaço de uso e lazer para o público local, mas que também preserve o aspecto ambiental. Para que tais objetivos fossem alcançados, foram estabelecidas demandas existentes, as quais formaram o programa do parque urbano, sendo esse: - Caminhos que levassem até à margem da represa - Acessos (mobiliário e infraestrutura) - Área esportiva (quadras) - Área para eventos (feiras, shows, palestras, etc.) - Área gourmet (mobiliário e infraestrutura) - Administração - Estacionamentos - Praças de usos diversificados - Decks (contemplação e uso aquático) - Canalização do córrego - Vegetação nativa e paisagística
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Para o desenvolvimento do projeto com determinado programa foram usados como referência diferentes parques e espaços públicos de qualidade já existentes, onde os principais foram: URBANIZAÇÃO DO COMPLEXO CANTINHO DO CÉU O projeto está localizado em uma área com situações territoriais e de meio urbano próximas a do terreno de estudo, onde se fez necessário lidar com área consolidada, densamente ocupada, ambientalmente frágil e ligação direta com a represa Billings.
Figura 44: Deck as margens da Represa Billings. Fonte: Daniel Ducci.
Como fio condutor do projeto o grupo apresenta a necessidade de ressaltar a importância do espaço público e coletivo para a população, transformando-o assim no instrumento principal para a qualificação do bairro. As ideias da proposta tiveram como foco a melhoria das condições de acesso, mobilidade e a dotação de infraestrutura de saneamento para a população residente da área, assim como a reversão do impacto ambiental negativo que a ausência de saneamento representa para o manancial e o abastecimento de água da população da Região Metropolitana de São Paulo. Somados a esses
anteriores outro aspecto importante foi a remoção de construções às margens da represa, que possibilitaram o uso da área destinada a um parque, buscando também a aproximação da população com a água. Para o parque inicialmente foi realizado um planejamento, que resultou em uma definição de áreas em dois grupos, um conservação e preservação, outro lazer e recreação. O projeto busca o tratamento de diversas áreas com usos específicos que permitam o uso por parte da população, indiferente da faixa etária, encontra-se um local que proporcionasse lazer.
Figura
45:
Área de lazer. Daniel Ducci.
PARQUE IBIRAPUERA Parque urbano localizado em São Paulo, que apresenta um paisagismo realizado por Otávio Augusto Teixeira Mendes, após o anteprojeto de Roberto Burle Marx. Ainda contém contruções com caráter de pavilhões que atendem aos usos de museu, teatro e marquize, todos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, sendo o parque em seu todo tombado.
Fonte:
Figura
47:
Vista
aérea
Parque
Ibirapuera. Fonte: Parque Ibirapuera. A análise desse projeto foi extrema importância, não só por sua preocupação com o meio onde está inserido e também por trabalhar de forma que não apenas proteja O principal parque da cidade paulista serviu como a área ambiental, mas que proporcione um espaço público referência para questões de dimensões, áreas verdes, de qualidade para a população local. caminhos e acessos, aspectos estudados na elaboração do projeto proposto para o Parque Nove de Julho. Os estudos realizados auxiliriam no entedimento da relação entre áreas verdes e uso público, grandes caminhos com ligações específicas e acessos com a segregação entre automóvel e pedestre, mais a preocupação de tirar os automóveis das ruas, criando recuos internos, destinados a espera dos motoristas. Figura 46: Área de lazer. Fonte: Daniel Ducci.
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caráter de parque tradicional. E o terceiro e último é a área institucional, onde localiza-se a Biblioteca de São Paulo, considerada como um dos marcos do parque.
Figura 49: Ponte Parque da Juventude. Fonte: Nelson Kon.
Sendo analisado, determinado projeto auxiliou na setorização e organização de usos pré determinados, levando em consideração como seriam feitas as ligações entre um extremo e o outro.
Figura
PARQUE DA JUVENTUDE
48: Mapa acessos. Parque Ibirapuera.
Fonte:
O projeto do Parque da Juventude é composto por três grandes áreas com diferentes usos determinados. O primeiro é reconhecido como área esportiva, onde se encontram as quadras poliesportivas, espaços para a prática de skate, entre outros. O segundo trecho, na área central, de uso contemplativo, caracteriza-se por trilhas e espaços verdes, onde apresenta um maior
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Figura 50: Passagens. Fonte: Nelson Kon.
PASSARELA DE PEDESTRES E ESPAÇO RECREATIVO BOSTANLI Localizado na Turquia e realizado pelo Studio Evren Başbuğ, esse projeto apresenta um espaço recreativo em meio a um dos poucos espaços naturais que restam na cidade, recebendo um tratamento que se torna uma superfície urbana convidativa, fazendo com que o usuário tenha uma nova ligação com o mar e o sol, proporcionando também novos tipos de ociosidade para as pessoas, sensações essas que querem ser transmitidas pelo projeto realizado, principalmente pelas estruturas propostas às margens da represa Guarapiranga.
Figura 51: Espaço recreativo. Fonte: Yasa Architecture Photography.
O PROJETO
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PROJETO O parque Nove de Julho apresenta três acessos principais, os quaia se dividem para automóveis e pedestres, que são direcionados para lados opostos, onde automóveis chegam em estacionamentos com capacidade média de 300 veículos e pedestres em praças secas que apresentam grande parte da infraestrutura do parque, como: sanitários, lanchonetes e mobiliário. Os três estacionamentos apresentam conexões para os pedestres com as praças de acesso. São das praças de acesso que saem os principais caminhos do parque, onde dois chegam diretamente aos decks presentes as margens da represa Guarapiranga e um em sentido transversal, proporcionado a ligação entre eles. Estes caminhos passam por outras partes importantes do parque, como as quadras poliesportivas, que estão distribuídas em dois níveis e tem como ligação uma pequena arquibanca. A mesma situação acontece com a praça de eventos, que também se constitui por dois níveis e uma arquibancada, porém essa segregação serviu para que na parte superior fosse instalada a infraestrutura em apoio aos eventos ali realizados e a parte inferior ficasse completamente livre. Além dos usos citados, existem caminhos secundários que fazem ligações específicas a espaços que atendem um número menor de pessoas, como: administração, área gourmet e o espaço de contemplação junto ao lago. Em meio aos caminhos criados grandes áreas verdes são mantidas e propostas como praças com usos diversificados, aquele espaço está presente para o uso do público, porém não impôem uma atividade, deixa essa escolha aberta ao usuário. A vegetação se apresenta de maneira diversificada. Foram escolhidas palmeiras para a marcação de caminhos e entradas, plantações densas foram mantidas como bosques e vegetações auxiliares aos caminhos e espaços
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utilizáveis foram propostas de forma que proporcionassem um lugar mais agradável. O destaque do parque, é o deck com função comtemplativa e esportiva, à beira da represa Guarapiranga, que “invade” sua reserva. Ele é divido em quatro partes e usos, onde o primeiro se apresenta como acesso e praça para contemplação à beira d’água, proporcionando diferentes sensações aos usuários, o segundo seria o de transição, contemplação e distribuição, um nível abaixo ao anterior ele proporcina a “invasão” na represa e realiza a ligação entre os outros dois níveis, um destinado ao uso de velas e o outro ao de pedalinhos, possibilitando tais atividades aquáticas.
*Em anexo planta e cortes
Figura 52: Diagrama. Fonte: autoria prรณpria.
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A estrutura do deck é formada por uma malha, com vãos de 10 e 5 metros, vencidos por vigas de 60x15 cm e vigotas de 25x15 cm, apoiadas sobre pilares de pvc preenchidos por concreto de diâmetro de 20cm, submersos na represa. Essa estrutura se repete no deck citado no projeto anterior. O projeto acaba por procurar a possibilidade de um uso com qualidade, acessível a todos, mantendo a preservação das margens da represa de sua localização e da melhor forma coscientizar o público usuário da importância da área em que está inserido.
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Figura 53: Detalhamento deck. Fonte: autoria prรณpria.
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5.
CONSIDERAÇÕES
As propostas de intervenções realizadas tiveram como objetivo a criação de um novo uso para os espaços apresentados, de forma que os trate como parte do meio urbano, mas com suas características ambientais bem representadas e preservadas. Estudar e entender as problemáticas criadas por uma urbanização desordenada, foi essencial como ponto de partida na análise e planejamento de busca de soluções para tais questões, criando estudos de cuidados destinados a cada área e possíveis usos a serem mais analisados posteriormente, de maneira que sejam realizadas ações apoiadas e mantidas pela população. Estudos e propostas são sempre realizados para as proximidades da área estudada, mas somar o estudo da área ao fato de ser moradora local, desde sempre, fez com que questões sociais do cotidiano pudessem interferir no modo de analisar a situação real e criar propostas significativas. A parcela de complexidade em relação ao contexto histórico, ambiental e urbano da região em que se encontra o Parque Nove de Julho exigiu que a forma de intervir leva-se em consideração todos fatores da atualidade, gerados pelas ações de um passado com um planejamento urbano excludente. Quando as consequências ampliaram uma visão onde despertou-se para o urbanismo além de um desenho, mas como uma possibilidade de mudança efetiva e melhoria de um espaço, que interfere diretamente na qualidade de vida e conscientização da população.
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BIBLIOGRAFIA
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LISTA DE IMAGENS
Figura 1: Mada da área urbanizada de São Paulo. Fonte: Emplasa. Disponível em: Figura 2: Localização córrego Rio das Pedras. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 3: Uso do solo. Fonte: Geosampa e autoria prórpia. Figura 4: Transporte público, ônibus. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 5: Transporte público, trem. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 6: Maior fluxo, pedestres e automóveis . Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 7: Ciclofaixas. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 8: Macrozona onde o córrego Rio das Pedras está localizado. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 9: Macroáreas onde o córrego Rio das Pedras está localizado. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 10: Zoneamento. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 11: Uso do solo. Fonte: Geosampa e autoria própria. Figura 12: Setor 1. Fonte: Google Maps e autoria própria. Figura 13: Situação atual da praça. Fonte: autoria própria. Figura 14: Situação atual da praça. Fonte: autoria própria. Figura 15: Canalização já realizada no córrego. Fonte: autoria própria. Figura 16: Setor 2. Fonte: Google Maps e autoria própria. Figura 17: Estado atual das calçadas na Av. Senador Teotônio Vilela. Fonte: autoria própria. Figura 18: Estado atual das calçadas na Av. Senador Teotônio Vilela. Fonte: autoria própria.
Figura 19: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: Atlas Brasil e autoria própria. Figura 20: Setor 3. Fonte: Google Maps e autoria própria. Figura 21: Eucaliptos existentes. Fonte: autoria própria. Figura 22: Situação atual. Fonte: autoria própria. Figura 23: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: Atlas Brasil e autoria própria. Figura 24: Setor 4. Fonte: autoria própria. Figura 25: Situação atual. Fonte: autoria própria. Figura 26: Ponte sem conservação. Fonte: autoria própria. Figura 27: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: Atlas Brasil e autoria própria. Figura 28: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: Atlas Brasil e autoria própria. Figura 29: Setor 5. Fonte: autoria própria. Figura 30: Barreira física Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria. Figura 31: Estado atual Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria. Figura 32: Caminhos Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria. Figura 33: Área de abrangência referente aos dados socioeconômicos. Fonte: Atlas Brasil e autoria própria. Figura 34: Estado atual Parque Nove de Julho. Fonte: autoria própria. Figura 35: Implantação Geral. Fonte: autoria própria. Figura 36: Tipologias. Fonte: autoria própria. Figura 37: Estado atual, praça Grajaú. Fonte: autoria própria. Figura 38: Tratamento áreas verdes. Fonte: autoria própria. Figura 39: Estado atual, calçadas Av. Senador Teotônio Vilela. Fonte: autoria própria.
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Figura 40: Tratamento calçadas. Fonte: autoria própria. Figura 41: Terraço alagável. Fonte: Turenscape. Figura 42: Ponte sobre o lago central. Fonte: Turenscape Figura 43: Diagrama. Fonte: autoria própria. Figura 44: Deck as margens da Represa Billings. Fonte: Daniel Ducci. Figura 45: Área de lazer. Fonte: Daniel Ducci. Figura 46: Área de lazer. Fonte: Daniel Ducci. Figura 47: Vista aérea Parque Ibirapuera. Fonte: Parque Ibirapuera. Figura 48: Mapa acessos. Fonte: Parque Ibirapuera. Figura 49: Ponte Parque da Juventude. Fonte: Nelson Kon Figura 50: Passagens. Fonte: Nelson Kon. Figura 51: Espaço recreativo. Fonte: Yasa Architecture Photography. Figura 52: Diagrama. Fonte: autoria própria. Figura 53: Detalhamento deck. Fonte: autoria própria.
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