ESCOLA DA PRAÇ A
ESCOLA DA PRAÇA diálogo com a cidade e a natureza beatriz de aguiar cajado orientador: marcelo ursini trabalho de conclusão de curso arquitetura e urbanismo centro universitário senac novembro. 2018
O tema do meu TCC surgiu com a inquietação em observar a falta de contato com natureza no desenvolvimento escolar e nos momentos de lazer de um cidadão que nasce em um centro urbano. No percorrer da minha vida, estudei em escolas que não tinham muitas áreas naturais e nem um diálogo com o entorno. Sempre muradas, estabelecendo uma barreira de escola/cidade em que, a partir do momento que meus pais me deixavam no portão, parecia que eu entrava em uma vida paralela. Na escola em que passei a maior parte da minha vida acadêmica, fazíamos anualmente estudos de meio que envolviam outras cidades ou até mesmo estados. Neles eram feitos trajetos históricos, visitas em parques, praias, tornando possível o e aprendizados ao ar livre. Era um momento muito esperado e que mesmo não estando em sala de aula, com uma lousa e apostilas, com certeza foram ensinamentos de que mais me recordo, por terem sido vivenciados em sua plena experiência. Acredito que a educação fora do ambiente de sala de aula é fundamental e tem que ser discutida cada vez mais nos dias de hoje. A ideia do meu trabalho é poder trazer essa discussão sobre o desemparedamento da educação, junto com um projeto arquitetônico que seja uma continuação da cidade, que envolva a comunidade e que traga áreas naturais para o cotidiano dos alunos e moradores do bairro. Beatriz A. Cajado
INTRODUÇÃO 07 ESCOLA x ARQUITETURA escolas no brasil 10 pedagogias alternativas 15 estudos de caso 17
ESCOLA x CIDADE desemparedamento 21 bons exemplos 23
ESCOLA x NATUREZA criança é natureza 26 bons exemplos 29
PROJETO local e contexto terreno diretriz implantação
33 35 39 41
REFERÊNCIAS 51
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO Atualmente as questões educacionais têm desencadeado muitas discussões no Brasil, a qualidade do ambiente físico-escolar é constantemente questionada, principalmente pelas avaliações de desempenho dos alunos. É, por essência, o local do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. Ao se projetar os espaços e usos de uma instituição educacional, é possível influenciar na definição do conceito de ensino e melhorar assim, sua qualidade. A inexpressiva utilização do espaço do entorno da escola, ou até mesmo a falta de acesso ao mundo exterior através das janelas da sala de aula, reproduz a separação entre o homem e a natureza. Com isso, o objetivo da minha proposta projetual é trazer de volta para o bairro Parque Jabaquara, zona sul de São Paulo, a praça Joubert Carvalho, hoje inacessível e murada por conflitos políticos e sociais. Como parte da praça, meu projeto consiste na implantação de uma escola pública, ressaltando assim, a importância do diálogo entre os dois usos do terreno.
“A educação modela as almas e recria os corações. Ela é a alavanca das mudanças sociais” Paulo Freire
07
ESCOLA ARQUITETURA contexto da arquitetura escolar no brasil
“Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para ‘reformar’ os homens, a primeira coisa é ‘formá-los’.” Lina Bo Bardi escolas, Habitat, n°4, 1951
09
ESCOLAS NO BRASIL
Segundo Brito Cruz (2004), a configuração de uma visão educacional provém da disposição espacial de todos os itens de um programa. O programa não é apenas uma lista de ambientes, nele inclui valores que o projeto representará e os indicadores qualitativos que se pretende atingir. Além disso, ele é um documento que interage com as pedagogias e o modo de abrigar as atividades essenciais para o tipo de ensino almejado. Além do estudo do programa, estudar a carência que os espaços educacionais exigem, é relevante para atingir as necessidades de ocupação de cada comunidade escolar. No século XIX, o padrão arquitetônico e pedagógico era voltado para a educação religiosa. Herdadas do império, as escolas eram extensões da casa dos professores, lugares pouco iluminados e ventilados com falta de organização espacial. “Segundo a fundação para o desenvolvimento da educação (FDE1998), desde o século XIX, vários órgãos do poder público foram responsáveis pelo planejamento, construção e manutenção dos estabelecimentos de ensino no Brasil, com várias tentativas de se traçar diretrizes ou “padrões” para a construção das edificações escolares. Como consequência das tentativas de padronização da construção de escolas públicas, verifica-se uma semelhança na concepção dos projetos arquitetônicos, diferentes apenas nas implantações.” (amorim, 2007) (Kowaltowski, 2011, pag. 77)
FINAL DO SÉC XIX
Durante a Primeira República, os Edifícios escolares localizavam-se em áreas próximas as praças, para exercer uma referência à expressão do poder e da ordem política. A arquitetura desses prédios era destacada pelo estilo neoclássico, edifícios imponentes, com simetria, pé direito alto e normalmente construído um nível acima da rua, para criar majestosas escadarias e impactar o entorno urbano. “Os programas de projeto eram baseados em modelos educacionais franceses, voltados principalmente para a área pedagógica. A arquitetura procurava acompanhar os valores culturais da época, dividindo por exemplo, as áreas femininas e masculinas, inclusive no pátio de recreação. Ela se apresenta como consequência das exigências do regimento escolar da época e do início da preocupação com a saúde e higiene” (Kowaltowski, 2011. Pág 76) Em 1894 foi inaugurada a Escola Nacional da Capital, localizado na Praça da República, bem o centro de São Paulo, um dos primeiros registros de um edifício escolar paulista exclusivamente educacional. A Escola Modelo da Luz, de 1897, construído na Avenida Tiradentes, no Bairro da Luz, capital paulista, do arquiteto Ramos de Azevedo, foi o primeiro exemplo de Grupo Escolar. É um edifício com a arquitetura eclética e imponente da época.
1921 Á 1950 “O prédio tem doze salas de aula em formato retângulas, com janelas grandes e altas. Voltadas para duas fachadas, distribuídas em três pavimentos, com dimensões de 9,5m x 7m. As aberturas foram dimensionadas para as condições de ar de luz, de acordo com o Código Sanitário. O porão abrigava oficinas de marcenaria e modelagem de gesso, para apoiar a manutenção do próprio edifício, que podiam servir também para o ensino prático ou até profissionalizante. Em termos de proposta de projetos arquitetônicos para estabelecimentos de ensino, pode-se destacar o aproveitamento de uma mesma tipologia construtiva para diversos municípios, com a preocupação de modificações e detalhamentos das fachadas e ornamentos. Mantendo a imponência que marcava a primeira era republicana.” (Kowaltowski, 2011, pág. 77)
Manifestações como a Semana de Arte Moderna de 1922 e movimentos como a Revolução de 1930 influenciaram o setor da educação, com reflexos na arquitetura escolar. O edifício, aos poucos, deixou de ser compacto, extinguiu-se a divisão entre os sexos, a implantação apresentava características mais flexíveis, como o uso de pilotis, deixando o térreo livre as atividades recreativas (FDE, 1998b). Em 1934, primeira Constituição obrigava os município a investirem 10% da arrecadação tributária em educação, construção e manutenção de prédio escolares. Em São Paulo, esse dispositivo é aplicado somente em 1943, na administração do prefeito Preste Maia, por meio de convênios com o Estado. A ascensão de Getúlio Varga, em 1930, abriu espaço para a ideia da educação pública como elemento remodelador do país na construção de uma sociedade moderna e democrática. Em 1932, um grupo de intelectuais lançou o manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que defendia a universalização da escola pública, laica e gratuita. Entre os intelectuais que assinaram o documento estava Anísio Teixeira, figura central da educação pública brasileira do século XX (Bastos 2009). No Brasil, temos inspirações e uma história rica em experiências pioneiras de aproximação entre educação e natureza, como foram os Parques Infantis¹ estruturados pelo Departamento de Cultura da cidade de São Paulo na década de 1930, sob direção do Mário de Andrade, implementados em bairros operários como forma de complementar a educação pública infantil no contraturno escolar.
Escola modelo da Luz / G.E Prudente de Moraes foto Guilherme Gaensly, 1905 - acervo FAU USP.
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A Escola de Aplicação ao Ar Livre Dom Pedro II², a qual se estabeleceu como instituição de ensino experimental localizada no interior de um parque público (atual parque da água branca em são Paulo) e que tinha como objetos centrais de sua pedagogia a educação física e a natureza. E finalmente, há experiencia pioneira e inspiradora da Escola Parque³ em Salvador ou do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, que , dentre as muitas realizações de Anísio Teixeira, foi a que alcançou maior repercussão no Brasil. PARQUES INFANTIS¹ O autor consultou o jornal O Estado de São Paulo de 1935 a 1938, ou seja, período que representou o ano de fundação dos parques até o ano de implementação do Estado Novo, fato que assinalou a decadência destas instituições. Em suas publicações, Fonseca (1981; 1985) analisou que os fenômenos que exerceram maior influência na implementação dos parques infantis foram a industrialização e a urbanização. Seus estudos demonstraram, por fim, o desejo de que os parques infantis se constituíssem como “reservas infantis” (1985, p. 148), devolvendo à criança da cidade o que ela havia perdido com a intensa urbanização e a cidade moderna. PI se caracterizavam como uma instituição extraescolar que tinha como intuito organizar o lazer das crianças filhas de operários, ofertando atividades educativas, recreativas e assistenciais.
No cotidiano dos Parques Infantis o lúdico, as brincadeiras tradicionais infantis e os jogos constituíamse em possibilidades de livre manifestação das crianças. Ao promoverem práticas pedagógicas, que objetivaram o desenvolvimento físico, intelectual e social das crianças, tais instituições idealizadas por Mário de Andrade foram responsáveis pela difusão de uma nova concepção de infância e de criança, além de institucionalizarem um conjunto de práticas específicas no campo da educação infantil, incorporadas às escolas municipais de educação infantil de São Paulo transformando-se em saberes necessários à proposição de atividades que visem o desenvolvimento social da criança. A ESCOLA DE APLICAÇÃO AO AR LIVRE²
A primeira escola criada com o termo “ao ar livre” no Brasil foi a Escola de Aplicação ao Ar Livre Dom Pedro II, fundada pelo Departamento de Educação Física do Estado de São Paulo, conforme o decreto nº 10.307, de 13 de junho de 1939. Sua inauguração se deu no dia 12 de outubro de 1939, durante as comemorações da Semana da Criança. O ambiente escolhido para abrigar a Escola de Aplicação ao Ar Livre foi o do Parque da Indústria Animal, no bairro operário da Água Branca. Criado em 02 de julho de 1929, pelo então secretário da agricultura Dr. Fernando Costa
Parque Infantil Dom Pedro II foto B.J Duarte, 1938 - acervo SMC.
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ESCOLA PARQUE³ Projeto implantado por Anísio Teixeira em Salvador (BA), quando ocupava a Secretaria de Educação do Estado (1947-1951) no governo de Otávio Mangabeira. A Escola-Parque fazia parte de um ambicioso projeto de reformulação do ensino da Bahia, que previa a construção de centros populares de educação em todo o estado para crianças até 18 anos. O objetivo era fornecer à criança uma educação integral, cuidando da sua alimentação, higiene, socialização e preparação para o trabalho e cidadania. A única escola concluída foi o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, inaugurado em 1950 no bairro popular da Liberdade, na capital baiana, que ficaria conhecido como Escola Parque. Essa obra projetou-o internacionalmente. Destinado ao nível primário, o centro educacional era composto de quatro “escolas-classe” e uma “escola parque”, segundo a proposta de alternar atividades intelectuais com atividades práticas como artes aplicadas, industriais e plásticas, além de jogos, recreação, ginástica, teatro, música e dança, distribuídas ao longo de todo o dia. Segundo informações da Fundação Joaquim Nabuco, Anísio envolveu-se também na concepção do projeto arquitetônico, entregue a Diógenes Rebouças, preocupando-se com a integração da escola ao desenvolvimento urbano da área em que está situada. O interesse do estudante devia orientar o seu aprendizado num ambiente de liberdade e confiança mútua entre professores e alunos, em que esses fossem ensinados a pensar e julgar por si mesmos.
1960 - 1990
Aplicar novas técnicas construtivas nos prédios educacionais, como elementos pré-fabricados, era uma exigência que a época (1950 inicio 1960) tinha para criar uma nova concepção na arquitetura, segundo Artigas (1999). Os preceitos da arquitetura moderna já estavam consolidados nas referências arquitetônica nos anos 1960, segundo Buffa e Pinto (2002). O processo construtivo o edifício era o e estrutura e concreto independente, com destaque aos pilotis, que originaram pavimentos sem fechamentos para funcionarem como pátio de recreação. A lei de Diretrizes e Bases (n.5.92, e 11 de Agosto de 1971) atribui o Estado a responsabilidade pelo ensino fundamental. A demanda começou a crescer e ficou cada vez mais crítica em muitos Estados. No Estado de São Paulo, pensar em uma rede de escolas, definir quantas e onde seriam e a quem atenderia, não era tão simples assim. Com a verba curta, era preciso saber o custo da obra. Assim, os novos sistemas de construções escolares eram simplificados. “Os escritórios de arquitetura eram contratados para esse tipo de prestação de serviços, para agilizar a implementação das edificações, mediante concorrências públicas. A racionalização eram, de fato, a única madeira de suprir a demanda. Em vez de optar pela aplicação de um “projeto padrão”, os responsáveis da CONESP preferiam seguir o caminho o processo e projeto com a normatização de componentes e geometrias do prédio e seus ambiente” (KOWLTOWSKI, 2011 pg. 86)
1990 - 2010
As edificações escolares dos últimos trinta anos, na maioria dos Estados, apresentam arquitetura bastante padronizada. Em São Paulo, predomina a edificação de três pavimentos, em bloco monolítico. Como foram desenvolvidas por escritórios terceirizados, há alguma originalidade nas fachadas. A inclusão da quadra influencia o volume da edificação escolar e em alguns casos, interfere no desempenho acústico da escola, porque o isolamento das vibrações de atividades esportivas exige detalhamento e qualidade construtiva, nem sempre atingia em contratos de obras públicas. Na era contemporânea, surgiu vários projetos que utilizam novas perspectivas de projeto, o uso em algumas ocasiõe de estrutura metálica, novos fechamentos foram pensados, projetos modulares com estrutura pré-moldada, entre outros materiais industriais. Pela leitura dos projetos, identificamse quatro tipos e tipologia predominantes: escolas compactadas e verticais, escolas horizontais com a quadra em seu centro, escolas dispostas em mais de um volume e escolas longitudinais. A incorporação da sala de informática e da quadra de esportes amplia as funções do prédio, e incentiva uma maior utilização. No caso das quadras, quando ligadas ou próximas aos ambientes de vivência/recreio, cozinha, refeitório, cantina e sanitário, permite-se que atividades de jogos, festas e reuniões em constantes, o que era uma mudanças significativas do partido arquitetônico no projetos apresentados, dando novo valor a esse espaço (Sousa, 1991)
“Os espaços de nossas escolas têm sua história ligada a história da educação brasileira. [escola tradicional, escola nova, escola tecnicista, escola crítica..] Para cada momento histórico, a respectiva tendência educacional e os respectivos modelos arquitetônicos. O fato é que, por mais que as formas desses edifícios tenham mudado, seus respectivos programa, organograma e fluxograma, seguem praticamente os mesmo há quase 200 anos: a centralidade da ação educativa focada na sala de aula e na figura do adulto-professor” Beatriz Goulart, Arquiteta
PEDAGOGIAS ALTERNATIVAS Procurou-se compor uma síntese dos principais objetivos de algumas das mais importantes pedagogias alternativas da atualidade. O principal conceito que pode ser absorvido dentre todas é o de garantir a autonomia da criança no processo de aprendizado. Com o intuito de inserir esses conceitos na forma de espacialização do projeto, o esquema de palavras busca integra-las a partir do método pedagógico como cada uma realiza este processo, tendo sido utilizada esta síntese para compor as diretrizes projetuais do presente estudo.
WALDORF: expressão artística, conexão com a natureza, criatividade. PAULO FREIRE: aspectos sociais e culturais, curiosidade REGGIO EMILIE: expressões do corpo, sensações, olhar da criança e autonomia ESCOLA PARQUE: liberdade de aprendizado, papel social da escola MONTESSORI: sentidos e experiências, escala da criança
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ESTUDOS DE CASO JARDIM INFANTIL PAJARITO LA AURORA Localização: Medellín – Colômbia Arquitetos: Catalina Patiño, Viviana Peña e Eliana Beltrán (Ctrl G) + Frederico Mesa (Plano: b) Área: 1500 m² Ano do projeto: 2011
O desafio do projeto era realizar uma interferência mínima na montanha onde seria implantada a escola, para preservar a paisagem. A partir dessa condicionante, optou-se por trabalhar com o conceito de um jardim que se conectasse ao entorno, fragmentando em vários edifícios colados entre si e que, juntos, formam o todo, assim como a natureza. Foram trabalhadas áreas côncavas para estar e abrigo e convexas para circulação e brincadeira. As cores, o pé direito e o mobiliário na escala da criança tornam estre projeto especialmente interessante, além das formas especiais que despertam o sentido de descoberta nas crianças. Os espaços de circulação explorados com outros possíveis usos, já que esta atividade ocorre no pátio central para onde estão voltadas as salas de aula da escola. No pavimento inferior localizam-se todas as atividades relacionadas diretamente ao ensino e sua administração. No segundo pavimento da escola existe o refeitório, a cozinha e as áreas de apoio. A divisão das atividades em níveis acontece para acompanhar a topografia e separar o setor pedagógico dos setores de apoio. Árvores, arbustos e vegetação compõe os ambientes externos. Os espaços internos estabelecem conexão visual entre o externo e interno, além de fazer o uso de diferentes cores e texturas de materiais para estimular o aprendizado das crianças através da curiosidade.
Jardim Infantil Pajarito La Aurora foto Alfonso Posada, 2011 - ArchDaily
ESTUDOS DE CASO KENSINGTON INTERNATIONAL KINDERGARTEN
Localização: Bangkok, Thailand Arquitetur: Plan Architect Area: 2.270m² Ano do projeto: 2012
Este projeto tem a principal intenção de encontrar uma nova percepção de espaço de lazer e incentivar as crianças a usarem o espaço através de suas imaginações. Também necessita ser atraente formalmente, para que possa chamar a atenção de crianças. Como resultado, as massas de formas orgânicas respondem a todas essas exigências com as paredes curvas que definem os espaços, imensuráveis, onde as atividades inesperadas podem acontecer As paredes curvas de vidro transparente atuam como camadas finas que suavemente separam os espaços de aprendizagem internos, dos locais externos de brincadeiras, a fim de levar as crianças para perto do entorno natural. Volumetricamente, o edifício é feito pela superposição de dois volumes de formas orgânicas, torcidos para criar uma parte em balanço, que conforma uma grande área sombreada, aproximando as crianças da entrada principal.
Jardim de Infância Internacional Kensington foto Ketsiree Wongwan, 2012 ArchDaily
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ESCOLA CIDADE a cidade como agente educador
“Quem educa não é só a escola, quem educa também é a comunidade. A gente tem que tirar os muros. As escolas tem que se abrir para o seu Manuel da padaria, para os garotos que não estão lá terem vontade de ir para as escolas. Ela não tem que ter muro, tem que ter arte, tem que estar integrada”
Viviane Mosé, Filosofa - Documentário Escolas.doc, 2015
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DESEMPAREDAMENTO As crianças que vivem nas cidades grandes, estão cada vez mais emparedadas e institucionalizada, falta-lhe tempo e liberdade para interagir com espaços mais amplos e com natureza. Para desemparedar é preciso dialogar com as pessoas, com os movimentos sociais, com o patrimônio ambiental, elementos entorno da escola e da cidade, que deixam de ser objeto de pesquisa, para se constituírem como espaço de vida cuja decifração exige não apenas racionalidade, mas outras dimensões humanas. O Grupo Ambiente-Educação (GAE), ligado ao Programa de Pós Graduação em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade federal do Rio de Janeiro, defende a ideia de que pátios escolares sejam pensados como elementos do sistema de espaços livres das cidades. É necessário ampliar a concepção de que o aprendizado só ocorre dentro dos espaços escolares, especialmente as salas de aula, e valorizar todo e qualquer espaço da escola, interno ou ar livre, assim como os extramuros. Assim, o território urbano passa a ser potencialmente educativo. A cidade é compreendida como território vivo, permanentemente concebido e produzido pelos cidadãos que a habitam. Isso faz com que a cidade tenha que se repensar, adaptando os espaços públicos para melhorar a mobilidade ativa de crianças e adolescentes, constituindo-se como uma cidade mais amigável á infância. (Lea Tiriba pg. 29)
“É fundamental investir no propósito de desemparedar e conquistar os espaços que estão para além dos muros escolares, pois não apenas as salas de aula, mas todos os lugares são propícios ás aprendizagens: terreiros, jardins, riachos, praias, dunas, descampados, tudo que está no entorno, o bairro, a cidade, seus acidentes geográficos, pontos históricos e pitorescos, as montanhas..” Lea Tiriba, Educadora Ambiental e Professora
Foto autoral Parque Burle Marx, 2018
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EMEF CAMPOS SALLES
“Quando cheguei aqui, em 1995, tínhamos de cinco a seis brigas diárias. Era uma praça de guerra”, conta Braz Rodrigues Nogueira, que foi diretor da instituição durante 20 anos. Localizada no sudeste de São Paulo, Heliópolis é uma das maiores favelas do Brasil e da América Latina. A União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas) estima que 200 mil pessoas vivam na área. Com 1 milhão de metros quadrados, a favela é cortada por becos e vielas pelas quais nem motos conseguem passar.
Os laços com os moradores iam se fortalecendo, mas a Campos Salles não conseguia quebrar uma barreira crucial: a entre alunos e professores. Foi então que uma docente veio com uma ideia revolucionária: implementar a metodologia de ensino da Escola da Ponte, em Portugal.
Antes apenas mais um espaço em meio ao caos, a Campos Salles se transformou num local de referência para a comunidade, graças ao diálogo e a uma revolução no método de ensino. Apesar dos esforços de Braz (ex diretor da EMEF Campos Salles) , a relação com a comunidade como um todo não mudou da noite para o dia. Em 2002, pularam o muro alto que circundava a Campos Salles e furtaram 21 computadores. “Os filhos de vocês foram roubados, e não prefeitura ou o diretor”, disseram Braz e Miranda aos moradores da favela. Três dias depois, os computadores foram devolvidos, e logo o muro foi derrubado. “Entendemos que quem tinha que cuidar da escola era a comunidade, e não o muro”, diz Braz.
Paredes abaixo na EMEF Campos Salles foto Greenest Post 2006
EMEI PROF. ERNEST SARLET Transpor seus muros e habitar a praça vizinha era o desejo dessa escola. Embora a praça fosse ao lado, era preciso fazer um trajeto longo, principalmente para os bebês, que ainda não caminham. Para facilitar o acesso, a escola abriu um portão que dá liberdade para as crianças transitarem entre os espaços. Posteriormente, escreveu um projeto e captou recursos para a compra de um brinquedo de madeira para a praça, que pode ser usado tanto pelos alunos como pela comunidade escola, num diálogo com a cidade
Projeto Escolas Integradas na praça ao lado da escola EMEI Ernest Sarlet foto Luana Chinazzo, 2016
ESCOLA SANTI Situada do lado da Av. Paulista, no coração do caos urbano, essa escola está implantando o projeto Escola sem Paredes, em parceria com a Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz – UMAPAZ, que tem levado algumas turmas para ter aulas no Parque do Ibirapuera, trocando a sala de aula por um espaço aberto. Segundo sua diretora, Adriana Cury “estamos do lado do Ibirapuera, então por que não levar crianças até lá?”
Projeto Escola sem Paredes no Parque Ibirapuera, Escola Santi foto Educacao.estadao.com.br
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ESCOLA NATUREZA a importância de área verde na educação
“Desapareceu a meninada alegre que corria pelas ruas a descobrir o mundo. Hoje elas estão confinadas a espaços fechados e têm cada vez menos a experiência direta com o mundo natural.”
Patrícia Konder Lins e Silva, pedagoga e diretora da Escola Parque, RJ.
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CRIANÇA É NATUREZA
Não podemos deixar de considerar que os efeitos da urbanização, entre eles o distanciamento da natureza, a redução de áreas naturais e a falta de segurança e qualidade dos espaços públicos ao ar livre, nos levam passar a maior parte do tempo em ambientes fechados e isolados. Especialmente no contexto urbano, o mundo natural tem deixado de ser visto como elemento essencial da infância. Essa condição traz consequências significativas como: obesidade, hiperatividade, déficit de atenção, desequilíbrio emocional, baixa motrocidade – falta de equilíbrio, agilidade e habilidade física e miopia. O jornalista Richard Louv, autor do livro “A última criança na natureza” cunhou o termo “transtorno do déficit de natureza” para descrever o fenômeno que incide nas nossas infâncias. São fatores responsáveis por esse cenário, saúde, planejamento urbano, mobilidade, uso de eletrônicos, desenvolvimento econômico e social, violência, conservação da natureza e educação, estão todos interrelacionados e variam de intensidade dependendo da classe social e realidade. Geram impactos mais graves nas cidades e bairros mais densamente habitados e de alta vulnerabilidade social, em que a condições para uma infância saudável e plena estão ameaçadas. (Lea Tiriba, pg. 14/15/16)
O convívio com a natureza na infância, ajuda a fomentar a:
CRIATIVIDADE INICIATIVA AUTOCONFIANÇA CAPACIDADE DE ESCOLHA TOMAR DECISÕES RESOLVER PROBLEMAS. Também benefícios mais ligados ao campo da ética e da sensibilidade, como:
ENCANTAMENTO EMPATIA HUMILDADE SENSO DE PERTENCIMENTO
Mapa satélite de São Paulo foto Imagery 2008 - mapofsaopaulo.com
Num mundo onde, até 2030, 60% da população viverá em cidades, casa metro quadrado de área verde conta, já que as reservas que temos são raras, preciosas e muitas vezes inacessíveis para grande parte das pessoas. A cidade de são Paulo tem 2,6m² de área verde por habitante. A ONU recomenda 12m² de área verde por habitante. Antes de ser apresentada aos problemas ambientais, a criança precisa experimentar a natureza em sua plenitude e beleza, torna-se íntima dela, vincular-se afetivamente.
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I.S.G.A.
ISGA - (Aliança Internacional de Espaços Escolares – International School Grounds Alliance): É uma organização que articula uma rede de instituições ao redor do mundo e que propõe melhorias para o aprendizado e para as experiencias das crianças, por meio de mudanças nos espaços escolares. Os princípios que norteiam a ressignificação e o redesenho dos espaços escolares são:
Nutrir o desenvolvimento e o bem-estar dos estu dantes em suas dimensões física, social e emocional.
Proporcionar oportunidades significativas para o aprendizado pela prática
Refletir e abarcar a ecologia local, social e o contex to cultural.
Assumir o risco como componente essencial do aprendizado e do desenvolvimento da criança
Conceber espaços escolares públicos e abertos, acessíveis para suas comunidades.
BOA PRAÇA
“A cura da insegurança e da violência está na vida em comunidade, em recuperar a vitalidade das ruas, praças e bairros: em conhecer o vizinho, misturarse com os diferentes, saudá-los. E voltar a sorrir no espaço público.” Jane Jacobs, ativista e urbanista canadense que revolucionou a maneira de observar e estudar as cidades Imagine-se caminhando por uma cidade. Que lugar você acharia mais confiável para atravessar: uma praça vazia, sem ninguém, ou uma com crianças brincando, mães e pais olhando os filhos, gente passeando com o cachorro ou jogando um jogo? Melhorar a praça perto de onde você mora, para que as pessoas comecem a se encontrar ali e a frequentá-la, produz justamente isso: segurança. O Movimento Boa Praça é uma iniciativa de pessoas que querem viver em uma cidade mais humana. Desde 2008, trabalhamos mobilizando cidadãos, empresas, governo e instituições para ocupar e revitalizar os espaços públicos, em especial as praças da cidade. Nosso objetivo é que esses espaços voltem a ser locais de convívio, lazer, debate e inclusão. Para tanto, realizamos diversas atividades e projetos, como piqueniques comunitários, mutirões de revitalização, palestras, cursos, ações educativas, instalação de mobiliário, consultorias e planejamento de ações de voluntariado. www.movimentoboapraca.com.br
EMEI VILA LEOPOLDINA
ESCOLA DA FLORESTA
“Os pequenos se sentem grandes quando são capazes de tomar decisões difíceis”, diz Marcia Covelo, diretora da EMEI – Escola municipal de educação infantil – Dona Leopoldina, escola de educação infantil da zona oeste de São Paulo.
Essa abordagem pedagógica, voltada quase sempre para a educação infantil, teve origens nos países do norte da Europa e, a partir dos resultados obtidos com suas experiências, se expandiu para diversos países, especialmente Inglaterra e Estados Unidos.
Em agosto de 2017, a escola venceu o Prêmio Desafio 2030 – Escolas Transformando o Nosso Mundo. Entregue em cerimônia na Unibes Cultural, o projeto tinha o objetivo de avaliar quais das escolas inscritas mais estavam alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU. Nosso projeto visa a reflexão e a construção de tempos e espaços que proporcionem a vivência da infância, o contato com natureza. Transformar a escola em um lugar para encontros com as pessoas ,os bichos, as plantas, por meio das múltiplas linguagens. Fortalecer o uso e criar espaços educadores para gerar processos de educação ambiental na comunidade escolar. Procuramos estar integrados com nosso território, ocupando espaços do entorno: clube, feira, praças, Museus, assim como a parceria com as famílias e comunidade em geral, trazendo-os para a escola e visitando seus espaços.
Nas Escolas da Floresta, as crianças passam a maior parte do tempo em uma área aberta, geralmente um parque público, acompanhadas de um grupo de educadores. Na maioria dos casos a escola conta com uma pequena base, muitas apenas um depósito ou uma sala pequena, para armazenar equipamentos.
Forest School em Londres, Inglaterra foto forestschool.com
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PROJETO escola da praça | diálogo com a cidade e a natureza
“[...] deixar o espaço suficientemente pensado para estimular a curiosidade e a imaginação da criança, mas incompleto o bastante para que ela se aproprie e transforme esse espaço através da sua própria ação”
Lea Tiriba, A criança e a natureza, 2018
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LOCAL E CONTEXTO
O terreno do projeto esta inserido na cidade de São Paulo, subprefeitura de Santo Amaro e distrito Campo Belo.
Do Parque, restaram apenas o nome e algumas poucas praças e áreas verdes remanescentes, como o Parque Lina e Paulo Raia. Para se ter uma ideia, enquanto o Parque Jabaquara original contava com 2,5 quilômetros quadrados, ou seja, 2,5 milhões de metros quadrados, o parque Lina e Paulo Raia tem apenas 15 mil metros quadrados. O Jabaquara todo, considerando-se a área do distrito municipal oficial, tem 14 metros quadrados. Deduzse, portanto, que o parque ocupava quase 20% do território do Jabaquara. No início do século, entretanto, era Antonio Cantarella o proprietário da maior área do Parque. Em setembro de 1910, ele publica um anúncio (fig.30) de página inteira no jornal O Estado de S. Paulo, vendendo títulos para que pessoas pudessem se tornar sócias do empreendimento. O proprietário divulgou em um anúncio de página inteira no jornal “O Estado de São Paulo”, em que dizia pretender abrir uma Sociedade Anônima. Quem comprasse cotas, contribuiria para o desenvolvimento agrícola, industrial e ainda com a transformação do local em recreio estritamente familiar.
Localizado no bairro Parque Jabaquara cujo nome do bremonta ao início do século XX, quando ali efetivamente havia um parque, particular. A construção do Aeroporto de Congonhas, algumas doações de terrenos para entidades beneficentes e desapropriações feitas tanto pelo Governo do Estado quanto da Prefeitura foram reduzindo o tamanho do antigo bosque. Da década de 1930 em diante, aos poucos, o proprietário do Parque, propriamente dito, Antonio Cantarella, passou a lotear áreas e assim surgiram ruas cheias de casas em bairros como Vila Guarani, Parque Jabaquara, Jardim Aeroporto e Cidade Vargas.
Aos poucos, com o crescimento da movimentação no Aeroporto de Congonhas, a acelerada expansão urbana, o parque foi desativado. Na década de 1950, vários lotes passaram a ser vendidos. Outros bairros vizinhos cresciam e pressionavam a reserva natural do parque. Com a chegada do metrô, no final da década de 1970, a área toda foi definitivamente loteada e, no início da década de 1980, o Projeto Cura – Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada, da Prefeitura, acabou de vez com a área verde. Sobraram no bairro apenas o Parque Lina e Paulo Raia, o Nabuco e o Parque do Chuvisco.
Anúncio para o jornal Estado de São Paulo
terreno
1 MAPA DE
2
MAPA DE DENSIDADE DEMOGRÁFICA USO PREDOMINANTE DO SOLO até 92
resid. horizontal
92 - 146
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146 - 207 207 - 351 351 - 30346
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3
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3 MAPA DE
ESCOLAS PÚBLICAS
resid. vertical resid. / indústria comércio e serv. indústria e armazéns
4 MAPA DE
PONTO DE ÔNIBUS
Com base no recorte da área do entorno do terreno, foi possível analisar a densidade demográfica da região junto ao números de escolas públicas de ensino infantil e fundamental, que mostra uma carência desse equipamento para a população da região. É uma área mista com predominância residencial, que teve seu crescimento desordenado com a expansão da cidade, o que gerou diversos loteamentos irregulares no bairro. A falta de área verde prejudica ainda mais a qualidade de vida dos moradores, que por falta de equipamentos de lazer e parques, tendem a se deslocar para outros bairros ou acabam por ficar na rua, aumentando assim o índice de vulnarabilidade social. A região é bem acessível, com avenidas importantes em seu entorno como a Av. Jornalista Roberto Marinho e Av Pedro Bueno, assim como pontos de ônibus próximos e os metrôs Jabaquara e Conceição que estão cerca de 2km de distância.
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1
2
4
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TERRENO LOCALIZAÇÃO: PRAÇA JOUBERT CARVALHO BAIRRO: PARQUE JABAQUARA, SP ÁREA TOTAL: 8226m² ÁREA CONSTRUÍDA: 1100m² No terreno encontra-se o CDC (Clube da Comunidade) de Congonhas. O CDC é uma associação de direito privado, em que a Prefeitura, a comunidade local e entidades sócio-esportivas formam essa união.
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A propriedade, que é pública, é cedida para uso esportivo e recreativo pela Prefeitura. O CDC pretende incentivar a prática esportiva e atividades comunitárias nos bairros que não têm estrutura.
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NOTA DO ESTADÃO A Praça Joubert de Carvalho, no bairro do Jabaquara, na zona sul da cidade representa um problema aos moradores da região. O espaço foi cedido durante a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad ao CDC – Clube da Comunidade Congonhas. Em contrapartida, a organização deveria manter o local e realizar as benfeitorias necessárias.
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4 Fotos autorais
No entanto, a situação encontrada foi de total abandono, além de uma série de irregularidades. O lugar abriga ao menos três casas (foto 3), sendo que uma se encontra abandonada, servindo de local para o consumo de drogas. Um bar clandestino e uma quadra coberta são locados para eventos. Nos fins de semana, quando a movimentação é maior, parte da praça acaba sendo utilizada como estacionamento privativo
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ESCOLA
DA PRAร A
diรกlogo com a cidade e a natureza
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DIRETRIZ Diante dos estudos da área, foram estabelecidos alguns diagnósticos, que favoreceram o desenvolvimento das diretrizes. A carência de áreas verdes no bairro, de espaços públicos de convivência, assim como a falta equipamentos educacionais que se relacionassem com a cidade. Surgiram três pilares para serem seguidos, a construção de uma ESCOLA, que envolvesse NATUREZA e dialogasse com a CIDADE. O lote é denominado pela prefeitura como praça, sendo assim. todo seu terreno deveria ser livre e de acesso público. O projeto foi inicialmente pensado na ocupação do lote com um edifício ocupando cerca de 60% do espaço, deixando 40% de área livre e permeável. ( I. ) Ao modelar a escola, foi possível nivelar sua cobertura com a parte mais alta do terreno, possibilitando o acesso através de uma passarela. ( II.) O uso da cobertura do edifício, como praça, tornaria a ocupação do lote 100% área livre e pública para o bairro ( III. ) Voltando o acesso da escola para a parte inferior do terreno, tornando possível o diálogo com a cidade e conexões dos usos estabelecidos
I.
II.
III. 39
térreo luciano carneiro | ESCOLA esc: 1:1000
IMPLANTAÇÃO
1 | acesso escola 2 | arquibancada / quadra poliesportiva 3 | acesso refeitório 4 | bosque 5 | praça charlie alves brown
conexões
5 2
1
3 4
térreo padre arnaldo pereira | PRAÇA esc: 1:1000 6 | acesso praça
6
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corte longitudinal esc: 1:400
arquibancada | quadra poliesportiva anfiteatro
acesso escola | ĂĄrea de convivĂŞncia
rua charles murray
pátio escola
praça
bosque
rua angélica de jesus lago
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PROGRAMA
ESCOLA Antes de obter essa forma, houveram diversos ensaios até chegar no desenho final. A forma orgânica foi embasada no movimento das crianças e formas da natureza. As linhas curvas facilitam a visualização mais ampla do espaço e circulação dos alunos. O pátio interno possui duas aberturas e interliga os programas da escola. É composto por materiais naturais como grama, terra e areia. Para vencer o desnível de 1m foi projetada uma arquibancada e duas rampas laterais, transformando também em um lugar de descanso e apresentações. O projeto foi pensado seguindo os critérios ditos por Lea Tiriba, no livro Desemparedamento da infância, são eles: - Experimentar-se em movimento; - Incorporar espaços com natureza ajuda no desenvolvimento físico, a saúde e bem estar das crianças e jovens; - Mais diversidade de terrenos e recursos naturais = mais atividade física, desafios e diversidade de movimentos e domínio corporal ; - A educação em espaços mais abertos e naturais favorece a curiosidade, a concentração, o interesse e a disposição para aprender.; - Encontros e sentir-se bem; - Troca de experiências, privacidade e refúgio, contato consigo mesmo.
LEGENDA:
A escola atende 175 alunos. 50 do jardim de infância e 125 alunos o ensino fundamental I (1º ao 5º ano).
ESPAÇO ADULTO
1 - secretaria | 30 m² 2 - sala dos professores | 50m² 3 - copa | 05m² 4 - almoxarifado e arquivo | 30m² 5 - sala cordenador e diretor | 30² 6 - enfermaria | 15m² 7 - banheiro | 15m² ESPAÇO DESCOBERTA
8 - informática | 50m² 9 - sala multiuso | 180m² . música . artes plásticas . artes cênicas
10 - refeitório e cozinha | 220m² 11 - cozinha experimental | 20m² 12 - banheiro | 40m² 13 - horta
ESPAÇO INFANTIL
14 - 170m²
ESPAÇO FUNDAMENTAL
15 - 250m² MOVIMENTO
16 - arquibancada 17 - grama 18 - areia 19 - lago
planta escola da praรงa esc: 1:300
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14 16
17 18 19
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9 12
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corte sala fundamental I. esc: 1:100 INTENÇÕES PROJETUAIS
Diretrizes e intenções projetuais estabelecidas a partir dos resultados da pesquisa qualitativa e dos parâmetros para ambientes de ensino trazidos por KOWALTOWSKI (2011)
JANELAS PIVOTANTES DE VIDRO
PAREDES ARTICULADAS COM NICHOS espaços amplos e diferenciados: inserir na proposta formas espaciais que possibilitem diferentes organizações de mobiliários e de uso para as atividades da instituição
tipos de layout
conforto ambiental: soluções arquitetônicas que explorem as possibilidades de ventilação e iluminação natural, auxiliando na eficiência energética da edificação e consequentemente na economia da instituição.
corte sala infantil esc: 1:100 PAREDE DE VIDRO ESCALA DOS USUÁRIOS mobiliário condizente com a escala do usuário, que possibilite o acesso a brinquedos, livros e materiail pedagógigo para fomentar a autonomia do usuário no espaço de ensino. BRISE DE MADEIRA
transparência: explorar as relações visuais para evitar a sensação de confinamento e monotomia nos ambientes e ser um ponto de descanso para o olhar do usuário.
segurança: ao mesmo tempo em que não são propostos muros, também cria-se uma barreira física para que a criança não tenha acesso aos possíveis perigos da rua. As visuais são mantidas para possibilitar a relação do usuário com a cidade
lago
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corte transversal esc: 1:250
PÁTIO COMO ARTICULADOR DOS ESPAÇOS sala de atividades com acesso direto ao pátio, onde as varandas criam a transição interior-exterior e reforçam a rrelação entre todos os ambientes conferindo unidade ao projeto. passarela de acesso para praça rua praça joubert carvalho
fachada esc: 1:250 Os materiais pensado para o projeto são: grama nas áreas de vegetação concreto para as estruturas madeira nos fechamentos com brises vidro nas janelas e portas piso drenante na praça
rua praça joubert carvalho
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REFERÊNCIAS
TIRIBA, Lea. Desemparedamento da infância - A escola como lugar de encontro com a natureza, 2º edição julho de 2018. KOWALTOWSKI, Doris Cck, Arquitetura Escolar, o projeto do ambiente de ensino, São Paulo Oficina de textos, 2011. TIRIBA, Lea. Crianças e natureza e educação Infantil, 2005, tese (doutorado em educação) departamento de educação do centro de teologia e ciências humanas, PUC, RJ FIGUEIREDO, Lais, TFG Verso Arquitetura Escolar: Novas Concepções de Espaços, Nov 2017. Vídeos: > Desemparedar as crianças na escola > Educação Infantil e o livre brincar na natureza > Quando o risco vale a pena > Natureza como espaço de acolhimento > Projeto Âncora, Destino: Educação Escolas Inovadoras > Janelas de Inovação: EMEF CAMPOS SALLES > Edcuação.doc - Diretor de Harmonia > Tião Roha - Educação acontece em todo lugar > EMEI Dona Leopoldina 2015 > A criança que se sente capaz
Sites: https://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/blitz-radio-estadao/praca-ocupada-irregularmente-causa-protestos/ http://www.educabrasil.com.br/escola-parque/ https://www.escolaparque.g12.br/escola/ http://movimentoboapraca.com.br/ https://www.plataformaarquitectura.cl/ cl/02-105858/jardin-infantil-pajarito-la-aurora-ctrl-g-plan-b https://www.archdaily.com.br/br/01-125843/ jardim-de-infancia-internacional-kensington-slash-plan-architect http://www.internationalschoolgrounds.org/ https://lunetas.com.br/emei-dona-leopoldina-educacao-infantil/
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