DO DOMINADO AO DESEJADO O PARQUE FLUVIAL COMO ESTRATÉGIA PARA A REINSERÇÃO DE RIOS NA PAISAGEM URBANA LAÍS CAROLINE FERREIRA FERNANDES
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Laís Caroline Ferreira Fernandes
DO DOMINADO AO DESEJADO O PARQUE FLUVIAL COMO ESTRATÉGIA PARA A REINSERÇÃO DE RIOS NA PAISAGEM URBANA
Trabalho de Conclusão de curso ao Centro Universitário Senac Amaro, como exigência para a grau de Bacharel em Arquitetura Orientação: Prof. Ms. Marcella de Mussnich
São Paulo 2018
apresentado Campus Santo obtenção do e Urbanismo. Moraes Ocke
Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Fernandes, Laís Caroline Ferreira Do dominado ao desejado: o parque fluvial como estratégia para a reinserção de rios na paisagem urbana / Laís Caroline Ferreira Fernandes - São Paulo (SP), 2018. 70 f.: il. color. Orientador(a): Marcella Ocke Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2018. 1. Parque Urbano Fluvial 2. Recuperação Ambiental 3. Rio Pinheiros 4. Infraestrutura Verde 5. Cursos dágua I. Ocke, Marcella (Orient.) II. Título
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, em especial meus pais e minha irmã, por todo o incentivo, dedicação, paciência e amor incondicional transmitidos durante toda a minha vida. Sem vocês nada disso seria possível. A minha orientadora, Marcella, pela confiança e encorajamento ao abraçar esse projeto comigo com tanta paciência e sensibilidade. Aos professores que fizeram parte da minha formação, principalmente Ricardo Dualde, pelos ensinamentos e por abrir meus olhos para as questões abordadas neste trabalho. E por fim, aos meus colegas e amigos, em particular Erika e Karina, pelas experiências, companheirismo e risadas compartilhadas durante essa trajetória.
Muito obrigada!
“O rio é uma referência de lugar e de espaço, integra a identidade de um povo. Quando ele está perdido, como no nosso caso, é uma ausência importante [...] Há quem cruze o Tietê quatro vezes ao dia sem se dar conta.” SEABRA, Odette. Entrevista concedida ao caderno Aliás do jornal O Estado de São Paulo, 12.dez.2009.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso (TCC) tem como foco a discussão sobre o processo de ruptura na relação entre as cidades e seus rios através da investigação do histórico de ocupação das várzeas, sinalizando os resultados das intervenções antrópicas nos cursos hídricos e na qualidade da paisagem e do meio ambiente. Como propósito projetual, apresenta a concepção de um parque urbano em formato linear às margens do Rio Pinheiros, localizado em São Paulo, como uma ferramenta de aplicação dos conceitos de infraestrutura verde e um instrumento de reaproximação da população com os cursos d’água urbanos; recorrendo à água como um elo na relação “homem – território – meio ambiente”. Palavras-chave: Parque Urbano Fluvial, Recuperação Ambiental, Rio Pinheiros, Infraestrutura Verde, Cursos d’água.
ABSTRACT
This final paper is focused on discussing the rupture process in the relationship between cities and their rivers by investigating the floodplains occupation history, indicating the results of anthropic interventions in watercourses and in landscape and environment quality. As a projective purpose, it presents the conception of a linear urban park on the banks of Pinheiros River, located in São Paulo, as a tool for the application of green infraestructure concepts as well as an instrument of re-approchement between population and urban watercourses; resorting water as a bond in the “man – territory – environment” relationship. Keywords: Urban Park, Environmental Recovery, Pinheiros River, Green Infraestructure, Watercourses.
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Introdução........................13 Justificativa......................14 Objetivos......................14-15 Metodologia........................15
APRESENTAÇÃO CAPÍTULO 1 AS CIDADES E OS CURSOS D’ÁGUA: OS 4 ELEMENTOS
O simbólico.......................................18-19 O primordial......................................20-21 O dominado.......................................22-27 O desejado.......................................28-33 Um breve olhar para o rio pinheiros.......................34-35
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CAPÍTULO 2 INFRAESTRUTURA VERDE
Um novo caminho para a drenagem urbana.....................38-41 Tipologias.......................................42-46 Aplicação no projeto...................................47
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CAPÍTULO 4 ESTUDO PRELIMINAR: ENTENDENDO O TERRITÓRIO
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CAPÍTULO 5 O PROJETO
Contextualizando o Arco Jurubatuba......................62-67 Um mergulho no Rio Pinheiros...........................68-71 Potencialidades e dilemas.............................72-73 Fotos do Território................................74-85 Diretrizes de Projeto...............................86-91
implantação......................................94-95
topografia.......................................96-99
linhão e regeneração ambiental.............................100 mobilidade.........................................101 ampliações.....................................102-123
CAPÍTULO 3 ESTUDOS DE CASO
Madrid RIO......................................50-51 Plano para o Rio Los Angeles...........................52-54 Qunli National Urban Wetland..........................54-55 Jiading Central Park...............................56-57 A recuperação de rios no cenário mundial....................58-59
Considerações finais..............125 Referências bibliográficas.....126-131 Lista de figuras.............132-137 mapas, diagramas e tabelas...........138 legendas dos diagramas.............139
124 FINALIZAÇÃO
INTRODUÇÃO Dificilmente encontramos nas nossas cidades um rio urbano que não tenha sido transformado em uma avenida marginal, canalizado e ladeado por vias carroçáveis, trazendo consigo todas as conseqüências desastrosas, principalmente a poluição das suas águas e as enchentes ocupando toda a várzea que lhe foi roubada. KLIASS, Rosa Grena. 2010.
O desordenado processo de desenvolvimento da cidade de São Paulo, marcado pela urbanização acelerada e falta de planejamento urbano eficaz foi um dos fatores que colaborou com mudanças drásticas nos aspectos formais e funcionais do ambiente urbano, impactando a população e a natureza, através de um intenso processo de degradação, responsável pelo desequilíbrio dos ecossistemas e a descaracterização da paisagem natural. Como explica Alexandre Delijaicov (1998) em “Os rios e o desenho da cidade”, o urbanismo rodoviário associado à especulação imobiliária e a falta de infraestrutura urbana transformaram os rios - que tiveram seus leitos aterrados e ocupados pela cidade, sob a lógica de argumentos sanitaristas e hidráulicos que mascaravam as reais intenções do mercado imobiliário: lotear e vender as várzeas. Consequentemente, rios e córregos passaram a sofrer com o esquecimento e rejeição, já que suas imagens estavam agora relacionadas a aspectos negativos, como enchentes, poluição e doenças. Fica nítido o descaso com os cursos d’água ao refletirmos sobre esse processo e as decisões equivocadas e insustentáveis, que fizeram com que os rios passassem de marcos paisagísticos para áreas de conflito e degradação ambiental.
É a partir dessa reflexão e da observação da necessidade de mudança de paradigmas projetuais quanto à cidade e suas águas que surge a proposta aqui apresentada para este TCC: a concepção de um parque urbano linear às margens do Rio Pinheiros, um dos cursos d’água mais significativos para São Paulo. A proposta é oferecer para a cidade um instrumento de reaproximação da população com a água, através de novas abordagens e novas interações, capazes de incorporar os rios ao dia a dia do homem.
Figura 1: Espuma de poluição cobrindo o Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus Fonte:Helio Suenaga/Futura Press/ Folhapress. 15
JUSTIFICATIVA A caminho do colégio, ainda em minha infância, observava a paisagem através da janela do carro. Em certo ponto do trajeto, cruzava o Rio Pinheiros e, diariamente, me deparava com a mesma cena: motoristas e passageiros fechando rapidamente as janelas de seus veículos enquanto reclamavam sobre o mau cheiro do rio. Lembro de me perguntar o porquê daquela situação. Como havíamos deixado que a água chegasse naquele estado? E se pudéssemos reverter a situação? E se parássemos de jogar todo aquele lixo no rio? E se a água estivesse limpa? E se...? E se...? E se...? Anos mais tarde, já na faculdade de Arquitetura e Urbanismo, encontrei um grande professor de Desenho Urbano, Ricardo Dualde, que a partir de seus questionamentos me fez entender que Planejamento Urbano e Paisagismo caminham juntos, “de mãos dadas”. Realizando seus trabalhos, me deparei com o Projeto Madrid RÍO, um dos estudos de caso comentados mais adiante neste trabalho. A proposta me interessou instantaneamente e despertou novamente vários questionamentos sobre a cidade e suas águas que estavam “esquecidos” em minha mente. Essa inquietação a respeito da relação do homem com os rios, principalmente o Rio Pinheiros por ser uma paisagem frequente em toda a minha vida, se fez presente desde então e reconheci neste trabalho de conclusão de curso a oportunidade de explorar, me aprofundar e buscar soluções mais humanas e sustentáveis acerca de um tema que tanto me intriga. 16
OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo geral a reinserção de um recorte do Rio Pinheiros na paisagem urbana, através da proposição de um parque urbano que utiliza a água como um elo na relação “homem – território – meio ambiente”. O parque será proposto no trecho compreendido entre a Ponte do Socorro e a Avenida Jair Ribeiro da Silva. Em um contexto rodoviarista, em que os agentes produtores do espaço colocam sempre as necessidades dos automóveis individuais acima das questões ambientais, o projeto propõe viabilizar um cenário que propicie uma reconexão da cidade com seus cursos d’água e suas áreas verdes como uma forma de oposição às medidas comumente concebidas que não são eficazes a longo prazo e apenas mascaram os interesses do mercado imobiliário. A fim de se atingir o objetivo geral, foram traçados objetivos específicos, que abrangem: 1.Compreender a problemática dos rios urbanos através da investigação do processo histórico de ocupação das várzeas, sinalizando os resultados das intervenções antrópicas nos cursos hídricos e na qualidade da paisagem e do meio ambiente.
METODOLOGIA 2.Discutir propostas de requalificação dos cursos d’água degradados por meio de estudos de casos que tenham como foco a recuperação e a reinserção de rios e córregos na paisagem, resgatando seus valores ambientais e paisagísticos. 3.Diagnosticar a área de estudo mediante levantamentos históricos e fotográficos combinados a análises de uso e ocupação, gabarito de altura, rede de transporte, oferta de equipamentos urbanos e do meio físico. 4.A partir dos resultados obtidos no diagnóstico, definir as diretrizes gerais do projeto, visando à recuperação do ecossistema degradado ao longo do Rio Pinheiros através da coexistência entre os processos ecológicos e as demandas sociais por áreas livres de edificação para o uso público.
A abordagem metodológica adotada é a de refletir sobre um cenário real, a partir do reconhecimento da problemática por meio de pesquisas teóricas, acompanhadas de estudos de caso que permitam a análise do problema bem como a investigação das causas e a avaliação das soluções aplicadas. Busca-se uma união entre a bibliografia examinada e o levantamento da área de estudo a fim de produzir um quadro geral da paisagem, que permita a identificação das origens da degradação além dos impasses e das potencialidades encontradas no recorte definido. O trabalho desmembra-se em cinco partes principais e inicia-se pelo traçado de um panorama histórico através de pesquisas bibliográficas e iconográficas acerca dos cursos d’água e suas transformações sofridas ao longo do processo de urbanização. Na segunda parte são introduzidos os conceitos e as possibilidades de aplicação da infraestrutura verde. Seguida pela apresentação dos estudos de casos e suas análises. Por fim, discorre-se sobre o processo histórico de ocupação do Rio Pinheiros, acompanhado da análise do território escolhido para a intervenção e o desenvolvimento do projeto.
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1
CAPÍTULO
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A CIDADE E OS CURSOS D’ÁGUA: OS 4 ELEMENTOS
C
omponentes estruturadores do espaço urbano, os rios sempre tiveram grande importância na história da humanidade. Prova disso, são as inúmeras funções que exerceram ao logo dos tempos. Considerados marcos paisagísticos, referenciais territoriais, vias de transporte, locais de lazer, produtores de alimentos e fornecedores de água, os cursos d’água foram fundamentais para o avanço das civilizações. Carregados de simbolismos em diversas culturas e religiões, os rios, que no passado foram adorados e temidos como divindades, perderam seu significado na paisagem urbana.
Compreender o rio urbano como paisagem é também dar a ele um valor ambiental e cultural que avança na idéia de uma peça de saneamento e drenagem. É reconhecer que o rio urbano e cidade são paisagens mutantes com destinos entrelaçados. (COSTA, 2006 p. 12)
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O SIMBÓLICO O rio permeia as manifestações culturais, entre outros, da mitologia, da história, da literatura, da música, da religião, da filosofia, da pintura, da escultura, e do cinema. Para diversas civilizações, sua presença foi, historicamente, sinônimo de riqueza e poder, mas, por outro lado, também de fúria, de força da natureza, por seu potencial destruidor e catastrófico, trazendo doenças, arrasando cidades e dizimando populações. (GORSKI, 2010 p. 32)
Considerada a fonte da vida, a água é vista por muitos como um símbolo de fertilidade, transformação, força e pureza. Não é à toa que apareceu com tanta frequência em diversas lendas e superstições ao longo dos anos. A água está presente em diferentes religiões, como Wicca, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Xintoísmo e o Hinduísmo, que a utiliza em rituais de purificação espiritual. Na Índia, onde os hindus são maioria, os templos são construídos perto dos rios, que são considerados locais sagrados. Um dos mais importantes no país é o Rio Ganges, que apesar de seu significado e de receber devotos diariamente, é um dos mais poluídos do mundo. Figura 2: Peregrinação pelo Rio Ganges em Varanasi, Índia. Foonte: Alex Dissanayake/Getty Images
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Seu protagonismo aparece também nos mitos desde a Antiguidade, já que os povos primitivos, quando se viam à mercê das forças da natureza, recorriam ao misticismo como uma forma de se posicionar no mundo e encontrar explicações para fenômenos naturais que, na maioria das vezes, eram temidos, como os temporais e as inundações. A ideia de punição divina através do dilúvio, por exemplo, é uma narrativa muito explorada na mitologia, como mostra a história de Deucalião e Pirra: DEUCALIÃO E PIRRA A humanidade conheceu várias épocas, desde a sua criação – épocas que a história batizou de Idades. Na primeira delas, a Idade do Ouro, todos eram felizes. Apesar do nome, ninguém, então, pensava em ouro. A velhice não existia, tampouco as doenças. Reinava uma primavera permanente, os alimentos brotavam da terra por si sós, e a inocência imperava por tudo. Depois dessa idade feliz seguiu-se a Idade da Prata, na qual a eterna primavera deu lugar às quatro estações e a terra passou a ser cultivada para oferecer seus frutos. A decadência prosseguiu com a Idade do Cobre, na qual começaram as disputas entre os homens, até que se chegou, finalmente, à Idade do Ferro, quando o crime fez sua entrada triunfal entre os mortais. A paz abandonou definitivamente a Terra, que ficou entregue à cobiça dos homens. As coisas estavam nesse estado quando Júpiter, deus dos deuses, observando o caos que se instalara, decidiu pôr um fim nele. [...] Júpiter ordenou ao irmão que fendesse a terra com um golpe de seu poderoso tridente. Dali se abririam as comportas das águas dos mares, que, uma vez liberadas, inundariam o mundo todo. [...]
Diante dos olhos delicados de Júpiter – que a tudo observava do alto – desfilaram envoltos em ondas de incrível ferocidade gafanhotos, moscas, ratos, esquilos, zebras, leões, elefantes, casas, templos e palácios. Em meio a tudo isso, passavam homens, agarrados em qualquer coisa que sobrenadasse na violência das águas. A maioria das pessoas, no entanto, passavam já mortas. As aves, não encontrando mais nenhum lugar seco onde repousar, deixavam-se cair às águas, renunciando à luta pela vida. No entanto, Júpiter resolveu poupar da destruição um homem e sua esposa, que considerava os únicos justos sobre a face da Terra. Deucalião e Pirra eram seus nomes. Ao verem que tudo naufragava sob as ondas impetuosas, Deucalião abraçou-se à esposa, e foram ambos refugiar-se num velho barquinho. As águas rapidamente cobriram tudo, enquanto suspendiam a frágil embarcação até o topo do monte Parnaso, o último lugar seco da Terra. [...] Rapidamente as águas foram baixando, deixando à mostra outra vez as árvores, as casas, os templos, os palácios e uma multidão de homens e animais mortos. Parecia que era a própria Terra que ressurgia de dentro das águas, toda lavada e pronta para ser novamente ocupada. (FRANCHINI, A. S.; SEGANFREDO, Carmen. 2007 p. 62-64)
Esses relatos de grandes inundações estão presentes na cultura de diversas civilizações antigas, como China, Babilônia, Índia, América, Escandinávia, Hawaii, Sumatra, Peru e Polinésia. Estima-se que existem mais de 270 narrativas sobre o dilúvio, todas como origem da civilização (MEDEIROS, 2015). 21
O PRIMORDIAL A geografia é desenhada pelas águas dos rios que esculpiam o padrão básico de colinas e vales. A água é um elemento simbólico - referencial na paisagem urbana. A água do rio é fundamental para a existência da cidade, do agrupamento humano: abastecimento, irrigação, força hidráulica, comunicação, etc. O rio é naturalmente uma via de comunicação entre cidades. (DELIJAICOV, 1998 p. 11)
Figura 3: Ocupação às margens dos rios Tigre e Eufrates, Mesopotâmia. Fonte: Zicasso
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Desde as primeiras civilizações, após o nomadismo, a água foi um elemento fundamental para a organização territorial. Em função de questões estratégicas, culturais e funcionais, os assentamentos eram determinados em razão da sua proximidade com os cursos d’água - muito desejada por favorecer o desenvolvimento das aldeias através, por exemplo, da produção de alimentos e da navegação fluvial. Benévolo (1983, apud MELO, 2005) exemplifica essa dinâmica ao citar as cidades do Egito, banhado pelo rio Nilo, e da Mesopotâmia, na bacia dos rios Tigre e Eufrates. Já Marcondes (1999, apud MELO, 2005) o faz por meio de cidades européias a exemplo de Londres, cortada pelo rio Tâmisa, e Paris, pelo rio Sena. As populações ribeirinhas tinham, portanto, sua vida cotidiana altamente relacionada aos rios, fosse pelo lazer, circulação de bens e pessoas ou pelas atividades extrativistas. Em decorrência disso, as paisagens fluviais foram sendo apropriadas como paisagem urbana (COSTA, 2006). No Brasil, detentor de uma das mais extensas e ricas redes de rios perenes do mundo, os povos nativos também mantinham um vínculo muito forte com a água, que se manifestava até mesmo pelo vocabulário (REBOUÇAS, 2006 apud GORSKI, 2010).
Era muito comum que os lugares fossem nomeados de acordo com as características marcantes de suas localizações geográficas, daí a diversidade de palavras toponímicas que remetem a água (i em tupi) na língua brasileira¹, como: Icatu (“água boa”), Iguaçu (“água grande”), Barueri (“águas correntes”), Iguatemi (“água verde”), Ipiranga (“rio vermelho”), Capivari (“rio das capivaras”) e Tietê (“rio verdadeiro”). No entanto, segundo Vera Mayrinck Melo (2005), essa relação de proximidade entre o homem e a natureza começou a mudar com o surgimento do Renascimento e das filosofias homocêntricas, que passaram a rejeitar a lógica de submissão ao mundo natural. A história do homem sobre a Terra é a história de uma ruptura progressiva entre o homem e o entorno. Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do Planeta, armando-se de novos instrumentos para tentar dominá-lo. (SANTOS, 1994 p. 17)
O ser humano passou então a modificar a paisagem geográfica conforme seus interesses e os cursos d’água não foram poupados no decorrer do processo, como exemplifica o modelo de urbanização da cidade de São Paulo, comentado no tópico a seguir.
¹ Z. Neiman, Queremos nadar no nosso rio! O simbolismo da balneabilidade para a construção do conceito de qualidade de vida urbana, em L. Dowbor & R. A. Tagnin (orgs.), Administrando a água como se fosse importante: gestão ambiental e sustentabilidade (São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005), p. 264
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O DOMINADO As paisagens fazem-se e desfazem-se, evoluem, ganham e perdem complexidade por ação conjugada do homem e da natureza. Nelas se ligam interativamente comportamentos físicos, químicos e biológicos. Com uma intervenção humana que, direta ou indiretamente, condiciona e interfere com o ciclo e o percurso da água, tornando-o fácil, suave, controlado e aproveitando dela o máximo como recurso essencial à vida ou, pelo contrário, acelerando-o e fazendo-o violento, caprichoso, capaz das maiores destruições. Um castigo em vez de uma benesse. (FADIGAS, 2005 p. 35)
Fundada entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, a Vila de São Paulo, que também era próxima aos rios Pinheiros e Tietê, desfrutou durante muito tempo da sua localização privilegiada e de seus recursos hídricos. Segundo Fabíola Araújo de Carvalho (2013), a água e os alimentos eram fornecidos, principalmente, pelo Rio Anhangabaú por conta de sua tranquilidade. Já o potencial para transporte era explorado pelos rios Tamanduateí e Tietê, base de entrada para exploração do interior brasileiro e principal rota comercial da época. Durante os primeiros 300 anos de sua colonização a cidade não expandiu seus limites para além dos rios, já que as obras de transposição demandavam a utilização de uma tecnologia extremamente cara. No entanto, a partir da expansão da cultura cafeeira, São Paulo adquiriu uma importância econômica em nível nacional e, com isso, passou a atrair investimentos. Assim, a cidade recebeu em 1867 a ferrovia São Paulo Railway, que fazia ligação com o mar. A construção da ferrovia marcou a entrada do Brasil na modernidade e alterou profundamente a relação com os rios, que deixaram de ser vistos como um “empecilho” para o desenvolvimento.
Figura 4: Importante ponto de encontro, negócios e estacionamento de animais, bondes e carroças na Ponte do Acu, sobre o rio Anhangabaú. Jean-Baptiste Debret, Ponte do Acu, São Paulo, 1827, aquarela sobre papel. Coleção de João Moreira Garcez. Fonte: Hélio Nobre e José Rosael.
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Com a quebra dessa barreira, teve início a construção do Viaduto do Chá, permitindo a criação de novos loteamentos na parte oeste da cidade. Nasceram assim bairros como Higienópolis e Campos Elíseos, que carregavam a promessa da água encanada. Diante disso, em 1878 foi implementado o primeiro sistema de abastecimento de água da cidade, a Companhia de Águas e Esgoto Cantareira. A expansão urbana acarretou no crescimento populacional e, consequentemente, no aumento do consumo de água e da produção de esgoto, que era descartado nos rios. Dessa forma, a construção da ferrovia aliada à crescente urbanização e os problemas sanitários arruinou os cursos d’água, utilizados há séculos pelos povos nativos (DELIJAICOV, 1998). As elites paulistanas construíram seu modelo de cidade ideal baseado nas cidades européias e como os nossos rios não apresentavam características correspondentes a essa realidade, a solução encontrada foi transformá-los. Teve início, então, uma onda de intervenções nos rios urbanos, que por meio de um discurso higienista de levar o esgoto para longe de nossas vistas, contribuiu para os interesses do mercado imobiliário. Em apenas cem anos, durante o processo acelerado e descontrolado de industrialização e expansão urbana, os leitos dos rios foram aterrados e ocupados pela cidade. Os argumentos sanitaristas e hidráulicos “fundamentaram” o verdadeiro objetivo que era “lotear e vender” as várzeas. O imenso logradouro público, espaço ideal para o Parque Linear Metropolitano foi privatizado e os rios canalizados desprezando-se a navegação fluvial. A metrópole construída pela especulação imobiliária e a precariedade da infraestrutura urbana transformaram os rios da cidade em canais de esgoto, confinados entre avenidas que têm o caráter de rodovias urbanas. Esse conceito de canalização de rios e construção de avenidas de fundo de vale, iniciado com a proposta de um plano de avenidas, apresentada em 1930 por Prestes Maia, se espalhou e está impregnada, ainda hoje, nas administrações públicas, agora com a justificativa, contraditória, de controle das enchentes e circulação de automóveis. Ideias de um urbanismo rodoviário contrário aos ideais de um urbanismo humanista, preocupado com a qualidade da estrutura ambiental urbana. Para este urbanismo rodoviarista, pedestres e ciclistas não existem; metrô, parques e áreas verdes, equipamentos sociais e habitação social não são prioritários. (DELIJAICOV, 1998 p. 5)
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O crescimento urbano de São Paulo continuou e os rios foram perdendo cada vez mais seu espaço. O mercado imobiliário reconhecia nas várzeas de inundação periódicas um lucrativo local de interesse e não demorou muito para que começassem seus loteamentos. Apesar das recorrentes enchentes, esses lugares atraiam a população mais carente, que não enxergava outra opção a não ser ocupar as baixadas. Criou-se assim um entrave político que abriu as portas para a discussão sobre a canalização do Rio Tietê.
Figura 5: Capa do Plano de Avenidas, elaborado por Prestes Maia. Fonte: Reprodução/Prestes Maia 26
Nesse ponto, os automóveis já tinham conquistado o prestígio social e eram vistos como o símbolo da modernização. O então prefeito de São Paulo, Francisco Prestes Maia, decidiu materializar o “Plano de Avenidas”, por ele elaborado. O plano visava definir a estrutura viária da cidade, através da criação de um sistema composto por um conjunto de vias perimetrais, de avenidas radiais e de três anéis rodoviários, sendo um deles um envoltório do centro.
O Plano de Avenidas inaugurou uma prática que se estabeleceu como modelo na estruturação da cidade, onde o espaço das águas se transformou no espaço dos carros. (ENTRE rios, 2009)
Acerca da modernização das estradas e das cidades, e as transformações decorrentes desse processo na relação entre a cidade e os rios, Melo (2006) comenta:
Figura 6: Esquema do Plano de Avenidas. Fonte: Reprodução/Prestes Maia
Assim, em 1938 as obras foram iniciadas. Para a construção das avenidas foi necessário desocupar uma grande área de fundos de vale. Essas áreas, apesar de impróprias para construção por serem alagadiças e úmidas, foram escolhidas pelo baixo custo das desapropriações (já que eram espaços vazios na cidade) e pela justificativa de trazer valorização do entorno. Por meio deste projeto, Prestes Maia estruturou a expansão urbana da cidade, sendo responsável pela criação de algumas das nossas principais avenidas, como a 23 de maio e a 9 de julho, além da retificação do Rio Tietê.
Com a abertura das estradas e a comodidade dos meios de comunicação, as casas passaram a ser construídas com a frente para essas vias, apesar de não serem abandonados os acessos ao rio, pois ele ainda oferecia a vantagem do transporte de canoa e do banho como lazer ou higiene. No entanto, o lado da estrada foi paulatinamente se impondo como o lado nobre, com a frente das casas se voltando para ela e o lado rio se tornando os fundos das casas. Esse contexto também se verificou em outras cidades brasileiras que, durante o processo de urbanização, passaram a negar os rios, dando-lhes as costas, iniciando-se uma ruptura progressiva entre o homem e esses elementos hídricos. (MELO, 2006 p. 137 e 138)
A partir da década de 60, São Paulo começou a sofrer ainda mais com a urbanização, que passou a acontecer de maneira acelerada e desorganizada. A infraestrutura urbana tornou-se ineficaz, intensificando uma série de problemas como a precariedade do saneamento básico, ocupações irregulares às margens dos cursos d’água (alterando a hidrologia e morfologia desses locais) e a crescente poluição ambiental. 27
Além disso, a intensificação da densidade construída e a diminuição dos espaços vegetados, principalmente das matas ciliares, acarretaram no aumento da impermeabilização do solo. Como efeito colateral desse processo, vieram as enchentes nos períodos de chuvas torrenciais, a alteração do ciclo hidrológico e a contaminação das águas. As canalizações de rios e córregos e a implantação de avenidas de fundo de vale continuaram – e continuam até hoje – a acontecer seguindo a mesma lógica da década de 30: uma medida para reduzir as inundações e melhorar o tráfego local. Como consequência, sofremos com um desenho urbano com caráter rodoviário, no qual os rios (poluídos e canalizados) são confinados por estreitos canteiros centrais (DELIJAICOV, 1998). Esse isolamento dos cursos d’água com a paisagem aliado à poluição hídrica, a falta de visualização da água e a construção de elementos como os muros de proteção e as linhas férreas acarretou na ruptura das relações entre a cidade e os rios (CASTELLO, 1996 apud MELO, 2005). Sua importância para o meio urbano foi anulada e sua presença passou a ser associada a sintomas perturbadores, como enchentes, poluição, mau cheiro e barreira para a circulação. Figura 7: Enchente no Vale do Anhangabaú em 1953 Fonte: Divulgação/Rios e Ruas
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“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém diz violentas às margens que o comprimem.” BRECHT,Bertolt
Como explica Tucci (1997), todo o aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos sofre em decorrência desse processo: abastecimento de água, transporte e tratamento de esgotos cloacal e pluvial. Isso porque o planejamento urbano, que em teoria deveria envolver fundamentos interdisciplinares, na prática não ocorre como o esperado e ignora aspectos fundamentais para a ocupação do espaço, ocasionando diversos transtornos para a sociedade e o meio ambiente. De acordo com Alexandre Delijaicov (1998), as contradições da lógica de urbanização da metrópole se expressaram não só por meio da escassez de recursos hídricos para o consumo e abastecimento, mas também pela ameaça de contaminação dos reservatórios, decorrente dos esgotos despejados pela população carente de infraestrutura, residindo às margens das represas. Assim, a questão dos rios torna-se não só um problema ambiental como social, já que esses habitantes encontram-se também às margens da sociedade. Refletindo sobre o histórico descrito neste tópico e tomando-o como exemplo, nota-se que a ruptura nas relações “rio-cidade” acontece no momento em que os cursos d’água deixam de cumprir funções urbanas, como é o caso da navegação fluvial. Assim, perde-se a ligação afetiva da população com as águas, iniciando um ciclo de degradação. O modo de produção capitalista, a carência de planejamento e a ineficácia da gestão urbana contribuem ainda mais para a multiplicação das áreas degradadas. Essas áreas – muitas vezes ociosas, subutilizadas ou residuais – configuram vazios urbanos e encontram-se em uma condição de deterioração tanto ambiental quanto social, cultural e econômica. Dessa forma, o potencial de renovação e requalificação existente fica encoberto pela conotação negativa desses lugares, normalmente vistos como uma cicatriz no tecido urbano (LEITE, 2012 apud SANCHES, 2014). Com a deterioração, a dimensão cultural dos rios, de grande importância outrora para a sociedade, manifestada na recreação, religião, literatura, filosofia, mitologia, artes plásticas, música, paisagem e fruição estética, foi relegada na cidade contemporânea, de modo geral até o final do século XX. (GORSKI, 2010 p. 73)
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O DESEJADO Já sabemos que não é mais aceitável pensar em retificar um rio, revestir seu leito vivo com calhas de concreto, e substituir suas margens vegetadas por vias asfaltadas, como uma alternativa de projeto para sua inserção na paisagem urbana. Estas propostas, que tinham como uma de suas bases conceituais a busca do controle das enchentes urbanas, são muito criticadas não só pela sua fragilidade socioambiental no resultado final do projeto, como também pela pouca eficiência no controle destas mesmas enchentes. (COSTA, 2006 p. 11)
A partir das décadas de 60 e 70, quando os distúrbios ambientais decorrentes do processo de urbanização começaram a ser fortemente sentidos pela sociedade, iniciou-se um movimento de revisão das ações antrópicas sobre os recursos naturais. Como dizem Otto, McCormick e Leccese no prefácio do documento Ecological Riverfront Design (2004): “Após anos de exploração dos rios urbanos, através de uso intenso e posterior negligência, constatamos que eles são valiosos econômica e socialmente.” Nesse contexto, emerge a ideia de “ecodesenvolvimento” como uma estratégia de renúncia ao crescimento econômico baseado na exploração desenfreada e na degradação dos recursos naturais. Visando a melhoria da qualidade de vida das populações e a diminuição dos impactos ambientais por meio da utilização de tecnologias social e ecologicamente adequadas, da descentralização das decisões e da solidariedade com as futuras gerações (DIEGUES, 1992 apud ALVES, 2003). Segundo Maristela Pimentel Alves (2003), a proposta logo foi substituída pelo conceito de “desenvolvimento sustentado” (“aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”) adotado em diversos documentos como: 30
Estratégia Mundial para a Conservação (1980), Nosso Futuro Comum (1987) e o Informe da Comissão de Desenvolvimento e Meio Ambiente da América Latina e Caribe (1991). Essa nova postura vem ganhando força nos últimos 30 anos, substituindo o pensamento antropocêntrico por um pensamento mais coletivo e biocêntrico, capaz de criar uma atmosférica harmônica com a natureza. Com o advento dos anos 90, a relação “rio-paisagem” começou a ser associada ao rio enquanto recurso hídrico e, assim, surgiram planos de recuperação dos sistemas fluviais. De maneira geral, as tentativas de reconciliação têm como finalidade o enriquecimento do espaço urbano relacionando-o à hidrologia, biodiversidade de flora e fauna, equilíbrio da drenagem e melhoria da qualidade de vida, articulando os leitos dos rios às propostas projetuais para o tecido urbano (GORSKI, 2010). Particularmente nas áreas urbanas, os componentes do triângulo de sustentabilidade – aspectos ecológico, social e econômico – são interdependentes. Por esse motivo, os planos de recuperação de rios urbanos frequentemente apresentam um potencial de melhoria urbana, ocasionando e incrementando funções sociais ao longo e no entorno dos cursos d’água. (GORSKI, 2010 p. 76)
Frederick Law Olmsted (1822-1903) Responsável pela concepção de diversos parques urbanos, como o Central Park de Nova Iorque, Olmsted ficou conhecido por evoluir o pensamento sanitarista, incluindo sistemas de áreas verdes de recreação e circulação em seus projetos. O Back Bay Fens, por exemplo, foi projetado em 1879 com a finalidade de sanear e prevenir os transbordamentos em Boston. Em uma parceria com o engenheiro Joseph P. Davis, o arquiteto paisagista elaborou uma solução menos impactante visualmente e mais econômica do que as medidas tradicionais.
Apesar dessas abordagens terem conquistado maior influência na atualidade, os métodos utilizados advêm de práticas antigas defendidas desde o final do século XIX, que buscavam integrar infraestrutura e ecossistema (RILEY, 1998 apud TRAVASSOS, 2010). Entre os teóricos que defendiam o desenvolvimento de princípios e técnicas de intervenção paisagísticas visando ao equilíbrio ecológico, Gorski (2010) cita Olmsted, Ian McHarg, John Lyle e o brasileiro Saturnino de Brito.
Esse projeto previa a interceptação do esgoto, a criação de bacias de detenção de águas pluviais, com vegetação adequada às oscilações da cota de nível e à salinidade, que acabassem com a estagnação através da ação das marés; estas, reguladas por comportas, oxigenariam a área pantanosa duas vezes ao dia. O rio Muddy, que permeava essa área, com o aprofundamento do canal e com suas margens reniveladas em cotas mais altas, passou a fluir através do pântano. Tais margens foram apropriadas para a implantação de alamedas ajardinadas, conectadas através de pontes, em que circulavam pedestres e veículos. Assim, foi criado o Riverway, com caráter de várzea natural em ambiente urbano, propiciando à população superfícies adequadas à recreação. (GORSKI, 2010 p. 80)
Figura 8: Proposta Back Bay Fens, 1879. Fonte: www.fredericklawolmsted.com/back.html 31
Francisco Saturnino Rodrigues de Brito (1864–1929) Pioneiro da Engenharia Sanitária e Ambiental no Brasil, Saturnino de Brito “defendia a mesma solução preconizada por Pasteur: um sistema de condução do esgoto por duto exclusivo, separado do de águas pluviais, em direção ao destino final – o mar” (ANDRADE apud GORSKI, 2010).
Uma característica muito presente em suas obras era a preocupação com as condições naturais do sítio, assim como com a morfologia dos leitos fluviais. O engenheiro era um grande crítico das retificações dos canais, e de propostas como o Plano de Avenidas, comentado anteriormente.
De 1905 até 1914, elaborou um plano de expansão para Santos, com a finalidade de sanear, embelezar e controlar o desenvolvimento da cidade.
O plano de expansão adotado para a cidade foi considerado muito avançado para a época, dotando-a de avenidas largas com canais de drenagem no centro, calçadas arborizadas, pontes e passadiços e, ainda, avenidas-parque que cortavam em diagonal o traçado reticulado de ruas e avenidas. Os canais eram navegáveis por pequenas embarcações. Com o recurso de interrupções através de pequenas praças – onde locava equipamentos, como as estações elevatórias de esgoto e conjuntos de mictórios –, evitava longas ruas retas. Criou ainda o parque orla e, junto a ele, a avenida Beira-Mar, também avenida-parque, que contavam com vários equipamentos de lazer. A ponte pênsil que liga Santos a São Vicente [sic]2, além de elemento de conexão, foi concebida como suporte para o emissário de esgotos a serem lançados em alto mar. Participou também das decisões de uso do solo, formulando legislação de padronização de vias urbanas e gabaritos para as edificações lindeiras. (GORSKI, 2010 p. 83 e 84)
Figura 9: Imagem publicada na obra da Comissão de Saneamento de Santos Fonte: www.novomilenio.inf.br/santos/h0076e13.htm
Na realidade, a Ponte Pênsil não liga Santos a São Vicente, mas sim à cidade de Praia Grande.
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Ian McHarg (1920-2001) Em seu livro “Design with Nature”, Ian McHarg divulgou sua visão ecológica acerca das intervenções humanas no ambiente. O arquiteto buscava a sistematização projetual equilibrada a fim de preservar e manejar o patrimônio ambiental. Um de seus projetos mais significativos no campo do planejamento ecológico é o Woodlands, nos arredores de Houston.
Concebido e projetado de modo a absorver a expansão imobiliária, por meio de um desenho sustentável e empregando técnicas projetuais ainda hoje consideradas inovadoras, o projeto Woodlands tinha o objetivo de proteger as águas não visíveis, permitindo a recarga do aquífero e limitando sistemas de drenagem convencionais, tubulados e de escoamento rápido. Para tanto, desenvolveu-se uma normatização que não autorizava edificações em área de recarga e que propunha sistema drenagem de infiltração gradativa das águas no solo. Woodlands era uma área plana, cuja vegetação predominante era composta de pinheiros. (GORSKI, 2010 p.88)
Figura 10: Woodlands, 1970 Fonte: ladprofile.weebly.com/ian-mcharg-1920-2001.html
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John Tillman Lyle (1934-1998) John Lyle reconhecia os projetos de “regeneração” como uma forma de renovação das fontes de energia e dos materiais dos ecossistemas degradados. Defensor do uso racional da água, da energia e do solo e da edificação conversando com o entorno, o arquiteto buscava restabelecer a relação entre o homem e a natureza. Lyle acreditava que a composição formal das paisagens naturais se dava por meio de três dimensões: 1.Estrutural – ou seja, os elementos bióticos e abióticos, em processo de mutação constante. 2.Funcional - energia e matéria necessárias para o abastecimento das espécies. 3.Inerente ao sítio – condições formais e peculiares da paisagem. Em seu texto “Can Floating Seeds Make Deep Forms?” Lyle declara:
Vivemos num momento em que nossas concepções acerca da relação entre a natureza e o papel do homem estão evoluindo; até esse momento, elas ainda parecem nebulosas e contraditórias. Muito da paisagem contemporânea reflete essa confusão. A maior missão para a arquitetura paisagística de vanguarda é explorar as possibilidades de recuperar as relações de coesão entre o homem e a natureza para dar forma a essa relação. Nesse momento, necessariamente deve haver sementes flutuando no ar, cada qual com diferentes noções da forma da paisagem. Deveríamos afirmar que todas elas têm o mesmo valor, até que tenham pousado e experimentado um novo solo. Mas eu afirmo que as sementes que realmente contêm o futuro são aquelas que contêm o DNA condizente com a forma arraigada. Elas têm o potencial de, no mínimo simbolicamente, se não efetivamente, preencher a lacuna, escavada pelo século XIX, entre a natureza e o ser humano. O que eu proponho, portanto, é que tomemos a complexa e sofisticada ordenação ecossistêmica subjacente na natureza como inspiração essencial e fundamental para o projeto. Frequentemente os arquitetos paisagistas têm ignorado a inspiração oferecida pelos processos naturais para a atividade de projetar e encarando os “fatores ecológicos” como restrições à criatividade. Também com frequência têm interagido com a natureza, modelando timidamente suas formas na tradição pitoresca, e produzindo, assim, formas superficiais. (LYLE, 1991 p. 44 e 45) 34
Diversos pesquisadores também se posicionam a favor do desenvolvimento sustentável, assegurando que o contato com a natureza é essencial para a população urbana. Sanches (2014) cita como um desses exemplos Chaddad, que indica as áreas verdes como lugares de produção de bem-estar, práticas esportivas, socialização e de identidade local, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos, motivando a inclusão social e atraindo novos investimentos para o entorno.
Quando tratados como um valor e inseridos corretamente no meio urbano, os cursos d’água podem trazer inúmeras vantagens para a qualidade do ambiente e passar a significar um fator de qualificação da paisagem. A sua presença nas cidades pode proporcionar a criação de identidades, de referência espacial, de melhoria do microclima urbano e simbolismos. Eles podem ser utilizados para fins cerimoniais, circulação, comércio, ou mesmo recreação e lazer, ou seja, eles podem desempenhar importante papel social. A sua inserção no tecido urbano é de grande importância, pois contribui para a construção de paisagens representativas de valores culturais e ambientais. (ALVES, 2003 p. 31)
Como resultado dessa tomada de consciência e do interesse crescente acerca da recuperação de rios degradados e da necessidade de mudanças no sistema de drenagem, a água passou a ser pauta de conferências mundiais. Eventos como a I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972), o III Encontro Mundial da ONU (1983), as conferências Rio 92 (1992), Rio +10 (1932) e, mais recentemente, Rio +20 (2012) contribuíram para o aprofundamento da questão ambiental e para a elaboração de agendas de desenvolvimento sustentável, refletindo não só em projetos urbanos, mas também na legislação. No entanto, apesar de o Brasil contar com instrumentos legais entre os mais avançados do mundo, ainda há um grande descompasso entre o progresso das soluções sustentáveis e o crescimento dos problemas ambientais. De acordo com Alves (2003), até o momento não conseguimos planejar espaços capazes de desfrutar das propriedades naturais da água e do seu papel para a melhoria do meio ambiente e da qualidade do espaço urbano. Assim como em outros países emergentes, os impasses socioeconômicos urbanos vinculados à carência de incentivos na recuperação de áreas degradadas resultam em iniciativas “tímidas e pontuais, restritas e limitadas se comparadas com o potencial que existe nas grandes e médias cidades brasileiras” (SANCHES, 2014).
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UM BREVE OLHAR PARA O RIO PINHEIROS A situação do rio é uma situação, eu diria, de uma visão deturpada que a sociedade durante algum tempo cultivou e que se traduziu num descaso, numa perda substancial da noção da importância do valor, do significado que o rio tem para uma cidade. Celso Mori, presidente da Águas Claras do Rio Pinheiros em depoimento ao documentário Rio Pinheiros - Sua História e Perspectivas
Os quatro elementos apresentados no decorrer deste capítulo estão presentes também no histórico de transformação do Rio Pinheiros, objeto de estudo dessa pesquisa. Seu caráter simbólico expressou-se por muito tempo através de práticas recreativas e sociais, atraindo barqueiros e lavadeiras que estabeleceram uma relação de significação com o rio, compreendendo-o como corpo político da cidade e espaço social (SILVA, 2016). Com o decorrer dos anos e a formação de aglomerados urbanos, essa relação mudou e o rio passou a ser símbolo de transtornos como poluição, doenças, barreira física e inundações. Já como elemento primordial, o Rio Pinheiros foi determinante para o assentamento de aldeias indígenas que foram, aos poucos, se transformando em pequenos povoados, acolhendo também brancos e mestiços, que utilizavam suas águas como um recurso para a navegação e a prática de agricultura, por exemplo. A questão dos rios, no Brasil, está fortemente vinculada aos processos de apropriação dos recursos hídricos para atender as demandas de produção de energia elétrica, irrigação e abastecimento público, por exemplo. Esse tipo de ocupação, quando combinado com expansão urbana descontrolada e o déficit da infraestrutura, resulta em uma série de problemas que atingem a população, entre eles, a poluição das águas e as recorrentes enchentes. O Rio Pinheiros também foi alvo desse processo de ocupação e dominação dos cursos d’água. Seu traçado, brutalmente modificado por meio de uma obra de retificação e inversão de fluxo, hoje pouco tem a ver com o original. As transformações marcantes nesse território, que serão abordadas novamente no capítulo quatro, foram decorrentes de políticas públicas que alteraram profundamente a morfologia e a ocupação de suas margens. Assim, o rio perdeu seu status de área de lazer e passou a ser visto como área de descarte de esgoto doméstico e industrial. Apesar do seu histórico de degradação, nos últimos anos o Rio Pinheiros começou a ser visto novamente como um objeto de desejo da população, que anseia pela melhoria da qualidade das águas, por espaços de lazer ao ar livre e por uma cidade mais agradável e acolhedora aos pedestres. Essa mudança de postura refletiu em algumas ações como a implantação da Ciclovia Rio Pinheiros e do Projeto Pomar Urbano, que visa à recuperação da vegetação e da vida silvestre às margens do rio.
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Figura 11: Antes - Praticantes de remo Fonte: Centro Pró-Memória Hans Nobiling/divulgação
Figura 12: Hoje - Concentração de poluição Fonte: Odair Faria
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CAPÍTULO
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INFRAESTRUTURA VERDE
Em
meio ao contexto urbano narrado anteriormente, marcado pela utilização inadequada dos recursos naturais e a consequente destruição de seus sistemas, nasce o conceito de infraestrutura verde. Contrapondo as soluções tradicionais de engenharia hidráulica, que priorizam o transporte motorizado e tornam o solo cada vez mais impermeável, essa nova ideia busca reconectar natureza, espaço livre e sociedade no meio urbano. Apesar de não ser muito utilizada no Brasil, esse tipo de solução tem sido frequentemente explorada em pesquisas e políticas públicas de países como Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.
Algumas cidades não são apenas exemplos pontuais de recuperação de áreas degradadas tornadas áreas verdes; elas vão além dessa condição e começam a perceber as potencialidades e os benefícios de uma forma mais sistêmica e integrada, aproveitando as inúmeras funções das áreas verdes, entendidas agora como sistemas que compõem uma infraestrutura verde. (SANCHES, 2014 p. 127)
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UM NOVO CAMINHO PARA A DRENAGEM URBANA [...] a ideia de ‘desconstruir’ cidades é inconcebível e ilusória, pois não podemos deixar de construir moradias, asfaltar ruas, erguer centros empresariais etc., é preciso criar mecanismos alternativos que possam substituir o processo hidrológico fundamental de infiltração, expandindo e diversificando o tempo de chegada das águas ao final de cada sistema hidrográfico. (BOTELHO, 2011, p. 93)
O desprezo em relação ao meio físico e os processos naturais durante a expansão das cidades, evidenciado pela redução da cobertura vegetal e a poluição do ar e da rede hídrica, provocou grandes mudanças no microclima e no ciclo hidrológico. Como consequência, passamos a enfrentar cada vez mais problemas como a impermeabilização do solo, a aceleração do escoamento das águas, diminuição da evapotranspiração das plantas, perda do solo fértil, formação de ilhas de calor, poluição hídrica, deslizamentos de terra e aumento das enchentes (BONZI, 2013). A conscientização sobre a necessidade de mudança no planejamento urbano, principalmente no campo do controle das águas pluviais, fez emergir práticas mais harmônicas com a natureza, entre elas a infraestrutura verde.
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Figura 13: Ilhas de calor - esquema Fonte: Marcos Pivetta/Revista Pesquisa FAPESP. ed 200, 2012
Benedict e McMahon (2001) definem a infraestrutura verde como “uma rede interconectada de espaços verdes que conserva valores e funções do ecossistema natural e fornece benefícios para as populações humanas3”. Sendo, portanto, capaz de contribuir para a melhoria da qualidade do ar e da água, da biodiversidade e da qualidade de vida da população. Para ambos, trata-se de uma estrutura necessária para a conquista da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Os autores identificam na infraestrutura verde sete princípios, são eles:
1.Infraestrutura verde deve ser a estrutura para conservação e desenvolvimento; 2.Projetar e planejar infraestrutura verde antes do desenvolvimento; 3.Conexão é a chave; 4.Infraestrutura verde funciona em várias jurisdições e em diferentes escalas; 5.Infraestrutura verde é fundamentada em ciência e teorias de planejamento e práticas de uso do solo; 6.Infraestrutura verde é um investimento público crítico; 7.Infraestrutura verde envolve diversas partes interessadas.
Green infrastructure is defined as an interconnected network of green space that conserves natural ecosystem values and functions and provides associated benefits to human populations. (BENEDICT, Mark A; MCMAHON, Edward T. 2001 p.5)
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De acordo com Sanches (2014), a infraestrutura verde não deve ser vista como uma ferramenta isolada, pois trabalha em conjunto com a acessibilidade, convívio social, lazer, mobilidade e recreação, aprimorando a drenagem das águas pluviais e a manutenção do equilíbrio dos processos ecológicos, da biodiversidade e da sustentabilidade, através da retomada de conceitos ecológicos e da restituição de áreas verdes. No meio urbano, a recuperação dos espaços vegetados pode acontecer em diversas formas e escalas (como corredores verdes, jardins, parques urbanos e lineares), trazendo diversos benefícios ao ecossistema, melhorando a qualidade ambiental das cidades (BENINI, 2015). Na escala regional essa rede de espaços é composta de parques, corredores verdes e espaços naturais preservados; e, se forem enraizados nos princípios sólidos da ecologia da paisagem e do planejamento de bacias, esses espaços livres tradicionais podem ser a base para um sistema de infra-estrutura verde. Mas podemos expandir essa rede, se aplicarmos criativamente os sistemas naturais para atender aos desafios de readequação da infra-estrutura urbana já implantada, especialmente aqueles relacionados à drenagem e à qualidade da água. (CORMIER; PELLEGRINO, 2008, p. 128) 42
Funções
Serviços ambientais das áreas verdes Implicações Implicações sociais ecológicas Conforto térmico Conforto lumínico Conforto sonoro Manutenção da biomassa com possibilidade de integração da comunidade local
Interceptação, absorção e reflexão de radiação luminosa Fotossíntese, produção primária líquida Fluxo de energia
Manutenção do equilíbrio dos ciclos biogeoquímicos Manutenção das altas taxas de evapotranspiração Manutenção do microclima Manutenção da fauna
Biofiltração
Eliminação de materiais tóxicos particulados e Melhoria da qualidade do gasosos e sua incorpo- ar e da água de escoaração nos ciclos biogeo- mento superficial. químicos
Contenção do processo erosivo
Prevenção de deslizamenEconomia de nutrientes e tos, voçorocas, ravinasolos mento e perda de solos Preservação dos recursos Favorecimento do proceshídricos para abasteciso sucessional mento e recreação
Infiltração de água pluvial
Redução do escoamento superficial Recarga do aqüífero Prevenção de inundações Diminuição na amplitude das hidrógrafas
Movimentos de massas de ar
Manutenção do clima
Fluxo de organismo entre Manutenção fragmentos rurais e o dade meio urbano Atenuação sonora
Conforto térmico e difusão de gases tóxicos e material particulado do ar
Aspectos fauna
da
diversi- Aumento na riqueza flora e da fauna Realce na biofilia
etológicos
da
da
Conforto acústico
Tabela 1: Serviços ambientais das áreas verdes Fonte: Henke – Oliveira (2001) apud SANCHES, 2014 p. 48
Para Ahern (2007) abordar a infraestrutura verde em diferentes escalas seguindo uma hierarquização é importante já que as paisagens, embora heterogêneas, estão “aninhadas dentro de grandes áreas de terra que geralmente restringem ou controlam os processos ecológicos – particularmente aqueles associados ao movimento de espécies ou processos hidrológicos”. Esse tipo de abordagem envolve, portanto, a avaliação da paisagem e dos processos ecológicos em diversas escalas (região metropolitana, bairros, lotes) a fim de identificar pontos chave onde existem ou deveriam existir conexões, permitindo assim um planejamento que respeite as interações naturais. Em relação aos projetos de drenagem urbana e controle de enchentes, a aplicação de infraestrutura verde - através de elementos como jardins de chuva, lagoas de sedimentação, biovaletas, canteiros pluviais, entre outros - aparece como uma alternativa às medidas estruturais normalmente utilizadas pela engenharia como retificações, canalizações, barragens, canais de desvio, etc. De acordo com Ferreira e Machado (2010 apud BENINI, 2015), quando utilizadas em intervenções urbanas, essas alternativas têm o poder de recuperar e conservar a estrutura ecológica, através da integração entre o sistema azul (circulação da água) e o sistema verde (produção de biomassa).
São inúmeros benefícios prestados pela incorporação das tipologias, como: promover a infiltração, detenção e retenção das águas das chuvas no local, evitando o escoamento superficial; filtrar as águas de escoamento superficial nos primeiros 10 minutos da chuva, provenientes de calçadas e vias pavimentadas contaminadas por resíduos de óleo, borracha de pneu e partículas de poluição; permitir a permeabilidade do solo; prover habitat para a biodiversidade; amenizar as temperaturas internas em edificações e mitigar as ilhas de calor; promover a circulação de pedestres e bicicletas em ambientes sombreados, agradáveis e seguros; diminuir a velocidade dos veículos; conter encostas e margens de cursos d’água para evitar deslizamentos e assoreamento. (HERZOG, 2010 p. 05-06)
Assim, a infraestrutura verde mostra-se um elemento valioso não só para a recuperação e tratamento paisagístico, mas também como solução sustentável para a drenagem urbana, promovendo equilíbrio entre o meio natural e o construído e, como consequência, melhorando a qualidade de vida da população e do meio ambiente. 43
TIPOLOGIAS
Jardins de Chuva Depressões topográficas que recebem o escoamento de água proveniente de telhadas e áreas impermeáveis. Como o solo desses jardins é mais poroso (devido aos compostos e insumos) são capazes de filtrar os poluentes e auxiliar no sistema de drenagem. A presença de plantas aumenta a evapotranspiração e ajuda na remoção dos poluentes. (CORMIER; PELLEGRINO, 2008) Funções: evapotranspiração, infiltração, remoção de poluentes e retenção de águas pluviais.
Canteiros Pluviais Definidos como jardins de chuvas compactados, podendo utilizar um extravasador dependendo da sua capacidade de infiltração. Podem ser utilizados em quase qualquer edifício ou área, inclusive em locais densamente construídos. (CORMIER; PELLEGRINO, 2008) Funções: evapotranspiração, infiltração, remoção de poluentes e retenção de águas pluviais. Figura 15: Esquema de um canteiro pluvial Fonte: Nathaniel S. Cormier 44
Figura 14: Esquema de um jardim de chuva Fonte: EMBRAPA
Lagoas Puviais Seu funcionamento é parecido ao das bacias de retenção, recebendo o escoamento das águas da chuva por drenagens naturais ou tradicionais. São caracterizadas como alagados construídos, pois parte da água pluvial captada permanece retida entre os períodos de precipitação. Se comparadas às estruturas anteriores, as lagoas pluviais ocupam mais espaço e armazenam grandes volumes de água. Além de recuperar a qualidade da água, podem se tornar lugares de recreação e lazer. (CORMIER; PELLEGRINO, 2008) Funções: aumento da biodiversidade, qualidade da água e retenção
melhoria
da
Figura 16: Esquema de uma lagoa pluvial Fonte: Nathaniel S. Cormier
Biovaleta Também chamadas de valetas de biorretenção vegetadas, funcionam de maneira semelhante aos jardins de chuva. Caracterizadas como depressões lineares cobertas com vegetação ou outros elementos filtrantes. São responsáveis pela limpeza das águas pluviais e pelo aumento do tempo de escoamento. (CORMIER; PELLEGRINO, 2008) Funções: evapotranspiração, infiltração e remoção de poluentes
Figura 17: Esquema de biovaleta, confeccionado durante workshop no Centro Universitário SENAC. Fonte: Acervo do autor 45
Tetos Verdes Definidos como uma cobertura de vegetação plantada sobre solo tratado com compostos orgânicos e areia, espalhado em uma base composta por barreira contra raízes, reservatório de drenagem e membrana impermeável. São capazes de absorver água da chuva, reduzir os efeitos das ilhas de calor, contribuir para a eficiência energética, além de criar habitat para a vida silvestre. (CORMIER; PELLEGRINO, 2008) Funções: aumento da eficiência energética, biodiversidade, criação de habitat, prolongamento da vida útil da impermeabilização da cobertura, mitigação das ilhas de calor.
Figura 18: Teto verde - esquematização Fonte: ArquiDicas
Ilhas Flutuantes Semelhantes aos alagados construídos, as ilhas flutuantes, compostas por plantas aquáticas, são definidas como sistemas ativos para tratamento das águas, inspirados no conceito da biomimética. São altamente eficientes em relação ao custo de implantação se comparadas às estações de tratamento convencionais. (LABVERDE, 2015) Funções: aumento da qualidade estética dos corpos d’água, auxílio na degradação de matéria orgânica, criação e manutenção de habitat terrestre e aquático e melhoria da qualidade da água.
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Figura 19: Esquema de Ilha Flutuante Fonte:https://tcwp.tamu.edu/floating-wetland-islands/
Vegetação em Curva de Nível As vegetações em curva de nível são capazes de retardar a descida das águas, diminuindo, portanto, o efeito da erosão causada pelas águas pluviais. Essas áreas podem ser utilizadas tanto para a criação de habitat quanto para produção agrícola. (LABVERDE, 2015) Funções: criação de ecossistema, contenção de erosão, filtragem e desaceleração do escoamento das águas e produção de alimentos. Figura 20: Plantio em curva de nível Fonte: Mundo Educação
Hortas e Pomares Urbanos Hortas comunitárias, nas quais os moradores da comunidade produzem hortaliças e frutas para consumo próprio ou para a comercialização local. (LABVERDE, 2015) Funções: aproximação da população com as práticas agrícolas e os elementos naturais, aumento da biodiversidade, contribuição ao abastecimento e segurança alimentar, convivência baseada na apropriação cooperativa dos espaços públicos, integração da economia informal às potencialidades naturais, geração de atividades sociais, preservação de patrimônio e valorização da qualidade estética da paisagem agrícola.
Figura 21: Horta Urbana Fonte: Depositphotos.com/Hannamariah
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Florestas Urbanas Localizadas próximas ou dentro dos núcleos urbanos, estão associadas a fatores como poluição sonora e ambiental. Exigem manutenção e cuidado especial, principalmente para a seleção das espécies, que devem ser resistentes às condições adversas do meio ambiente urbano. (LABVERDE, 2015) Funções: aumento da disponibilidade da água, criação de habitat, conexão de áreas verdes, captação de carbono, evapotranspiração, melhoria da biodiversidade, proteção das áreas de encosta e áreas de várzea dos rios, redução das ilhas de calor e da erosão.
Figura 22: Parque Ibirapuera Fonte: CicloVivo
Pisos Drenantes São pavimentos altamente permeáveis que permitem o armazenamento e a infiltração das águas pluviais. Podem ser executados com blocos vazados ou intertravados, grelhas de metal, passarelas de madeira, gramados, brita, geocélulas, pisos flutuantes, filtrantes ou geossintéticos. (LABVERDE, 2015) Funções: aumento da permeabilidade do solo, infiltração de partículas e redução da vazão de escoamento.
Figura 23: Esquema de piso drenante Fonte: Pinterest
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APLICAÇÃO NO PROJETO Tendo em vista o planejamento urbano atual e suas consequências para o meio ambiente, comentadas anteriormente, a aplicação de infraestrutura verde no projeto desenvolvido nesse TCC aparece, principalmente, como uma alternativa viável e eficaz para a gestão das águas pluviais. A potencialidade para sua implantação manifestou-se através da identificação de uma área alagada já existente no terreno, propícia para a instalação de um wetland. Espera-se que a utilização de caminhos verdes, wetlands, pomares urbanos, ilhas flutuantes, pisos drenantes, tetos e paredes verdes (aplicáveis nos muros existentes na área e em eventuais edificações de apoio ao parque, como administração e banheiros) contribua para fatores como aperfeiçoamento da drenagem urbana, melhoria da qualidade da água, conservação das margens e recuperação da biodiversidade, tornando o local mais atraente e convidativo para a prática de caminhadas, ciclismo, lazer e convívio social. Em um cenário ideal, essas soluções excederiam o limite do parque, conectando-se com fragmentos de áreas vegetadas e corredores do entorno, formando uma rede de infraestrutura verde.
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CAPÍTULO
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ESTUDOS DE CASO
O
s estudos de caso comentados neste capítulo foram selecionados por apresentarem características desejadas para o projeto de reinserção proposto neste TCC. Foram considerados durante essa seleção fatores como: recuperação ambiental, melhoria da qualidade da água, gerenciamento das águas pluviais, utilização de infraestrutura verde, aproximação da população com os cursos d’água e integração com a paisagem urbana, além da semelhança nos aspectos morfológicos e urbanísticos em relação ao território do Rio Pinheiros.
Não é apenas a questão do porte do rio, mas é simplesmente o aproveitamento que nós fazemos desse rio. A questão é como esse rio pode estar incorporado à malha urbana, e pode estar incorporado ao dia a dia do homem. (AGOPYAN, n.d., apud DELIJAICOV, 1998 p. 68)
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MADRID RIO West8 e MRío (Espanha,
2006–2011)
Prêmio de la Demarcación de Madrid a la mejor obra pública 2011 Prêmio de Diseño Urbano y Paisajismo Internacional (CICA) Prêmio Green Good Design
O rio Manzanares foi por muito tempo um personagem importante na história de Madrid, que teve sua origem estreitamente vinculada a esse curso d’água. Essa relação começou a mudar com o processo de expansão urbana, principalmente a partir da década de 60, quando foi implantada uma rodovia na capital. A Rodovia M-30, como foi nomeada, acompanhou um conjunto de rodoaneis e pistas de alta velocidade localizadas no vale do rio. O processo de construção desse sistema, no entanto, aconteceu em um ritmo muito lento em comparação ao desenvolvimento da cidade. Assim, a mancha urbana acabou “abraçando” a rodovia, que se tornou uma barreira dividindo a Madrid de dentro e a Madrid de fora. Ao final da obra, o rio Manzanares – agora canalizado – se viu confinado por vias marginais e isolado da paisagem, assim como acontece com o Rio Pinheiros. A falta de visibilidade e acesso ao rio o colocou na condição de obstáculo, agravando o grau de abandono e degradação. Em 2005, foi realizada, então, uma competição internacional que buscava soluções para a seguinte pergunta: “O que fazer com este vazio no centro da cidade, que abraça mais de cinco quilômetros do rio Manzanares?”. O projeto vencedor, desenvolvido pela West8 e pela MRío, foi o único a apresentar uma resolução que contasse unicamente com a arquitetura da paisagem.
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Em busca da melhoria da qualidade ambiental da cidade e o aumento da mobilidade, foram realizadas uma série de intervenções pontuais ao longo dos 43km da rodovia, tornando a distribuição do tráfego mais eficiente. Um dos pontos mais marcantes do projeto foi o soterramento de 6km da M-30, que eliminou a barreira dupla (rodovia + rio), diminuiu o acesso de veículos no interior do anel e permitiu a criação de espaços públicos, áreas de lazer e parques, devolvendo não só o rio como o espaço do pedestre aos cidadãos. Com a construção dos túneis, a área antes ocupada pelos automóveis passou a contar com uma extensa zona verde e aproximadamente 30km de ciclovia, incentivando o uso da mobilidade ativa pelos moradores. Figura 24: Corte Esquemático - Túnel Fonte: Landezine
ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A PROPOSIÇÃO:
Para resolver o problema de conexão entre os bairros e as margens do rio foram implantadas diversas pontes para pedestres. Além disso, o projeto buscou a criação de espaços e situações que aproximassem a população da água, resgatando o valor histórico do Manzanares. Já a contaminação e retenção da água foram solucionadas através de um novo sistema de esgoto e de reservatórios para o volume excedente. O projeto foi elaborado com a premissa de devolver o rio à população, assim, a presença da água aparece como um fator dominante no espaço, seja através das referências aos meandros originais e à várzea inundável do rio ou pelos diferentes espaços e elemento que exploram a água ao longo do parque. Trata-se de uma intervenção com grande importância na escala metropolitana, pois conecta diversos fragmentos de espaços públicos e verdes, incorporando parques locais a uma extensa rede verde. A escolha do projeto Madrid RIO como estudo de caso partiu pela similaridade territorial com a área de intervenção desse TCC, ambos os rios estavam confinados pelo viário, isolados física e visualmente da cidade. Também destacam-se como características desejadas para a proposição a conexão e integração entre as margens do rio - a partir de travessias para pedestres; a ideia de criar um corredor verde, amarrando diferentes fragmentos de áreas verdes pela cidade; além da utilização da água como elemento principal do projeto, aproximando a população do rio e contribuindo para o resgate de seu significado histórico. É importante ressaltar também que apesar de ser um caso emblemático, a construção de canais subterrâneos não é viável para o projeto proposto neste TCC, já que acarretaria em custos de difícil absorção para o território escolhido.
Linearidade Confinamento entre vias marginais Água como elemento principal Corredor Verde Conectividade Integração
Figura 25: Projeto Madrid RIO Fonte: Landezine 53
PLANO PARA O RIO LOS ANGELES Wenk Landscape Architecture & Planning (EUA, 2007) 2007 Waterfront Center Award 2007 CCASLA President’s Award of Excellence
De início Los Angeles mantinha uma relação harmônica com seus rios, considerados vitais para as colônias existentes. A partir de 1850, com a exploração do ouro, a cidade passou a atrair mais habitantes e, assim, o Rio Los Angeles se tornou uma fonte de água e meio de transporte para a população. A chegada da estrada de ferro, que se instalou no leito do rio em 1876, transformou a área em um pólo industrial e, aos poucos, as rodovias foram sendo construídas ao longo do curso do rio, fazendo com que este perdesse sua função de navegação fluvial. A intensa apropriação das margens causou diversas inundações na cidade, até que em 1936, com o objetivo de resolver os problemas de drenagem urbana, a Corporação dos Engenheiros do Exército dos EUA optou pela canalização do rio, que passou a ser visto como uma barreira entre os bairros. Nota-se que, assim como o caso apresentado anteriormente, o rio Los Angeles também possui um histórico de transformação territorial semelhante ao Rio Pinheiros, perdendo seu espaço para beneficiar aos automóveis. Como conta Gorski (2010), o volume do rio Los Angeles diminuiu drasticamente e assim, nas épocas de estiagem, cerca de 80% de suas águas passaram a ser provenientes do tratamento de esgoto. Já nas estações chuvosas, toda a poluição difusa das águas pluviais escoava para o leito, poluindo a jusante e as praias vizinhas.
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Na década de 90, a população da cidade sentiu diretamente os efeitos dessas decisões na saúde pública, debilitada devido aos problemas de saneamento básico e a escassez de áreas públicas. Nesse momento, começaram a surgir movimentos em prol da recuperação do rio. Assim, no ano de 2002, foi criado o Comitê de Revitalização do Rio Los Angeles e três anos depois, o Plano Diretor de Recuperação do mesmo.
Figura 26: Rio Los Angeles após a canalização Fonte: Wenk Landscape Architecture & Planning
ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A PROPOSIÇÃO: Restauração do habitat * Gerenciamento de água pluviais * Melhorias na qualidade da água * Comodidade ecológica Espinha verde * Conectividade * Integração * Sustentabilidade
Foi estabelecido um prazo de 25 a 50 anos para tornar o rio um dos marcos da cidade e um catalisador para um ambiente sustentável.
O plano, apresentado em 2007, é voltado para a comodidade ecológica, através da melhoria da qualidade da água, do controle de enchentes e valorização do ecossistema local e desenvolvimento econômico-social. Os 59,2 km escolhidos para a revitalização foram divididos em nove trechos, de acordo com suas características, necessidades e potencialidades, que abrigam um programa composto por áreas institucionais, de lazer e de educação ambiental. A decisão de implantar o projeto em trechos foi uma medida para diminuir os impactos na área de intervenção.
Assim como o esperado para a proposta projetual desse TCC, um dos objetivos a curto prazo do projeto para o Rio Los Angeles é promover a melhoria da qualidade da vizinhança, além da aproximação com o curso d’água através do aumento dos espaços abertos, do estímulo à incorporação de arte pública e da criação de uma “espinha verde” contínua voltada para a circulação de pedestres e ciclistas ao longo do rio. O convívio direto com a água se dá por meio de rampas, decks e áreas com lagoas. Já as intenções em longo prazo incluem a criação de uma matriz ecológica, por meio de corredores que conectam diversas áreas verdes, e a restauração do ciclo hidrológico do rio. Para que essa última seja alcançada, a equipe responsável pelo projeto buscou soluções de infraestrutura Figura 27: Aproximação com a água por meio de atividades de lazer e contemplação Fonte: Wenk Landscape Architecture & Planning
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verde como wetlands, bacias de retenção, tetos verdes, cisternas e terraços de tratamento, que se assemelham aos métodos naturais, reintroduzindo a vegetação, aumentando a permeabilidade e a capacidade de filtragem do solo. A utilização de infraestrutura verde foi um aspecto de grande importância para a escolha desse plano como estudo de caso, já que o trecho delimitado para a minha intervenção apresenta alguns pontos possíveis para a aplicação de algumas tipologias de infraestrutura verde. A revitalização da orla fluvial aparece nesse projeto como uma ferramenta de resgate da função ecológica, devolvendo ao rio seu papel conector na cidade, promovendo melhorias urbanas que criam uma nova identidade, tornando a cidade mais atrativa para seus habitantes e trazendo prosperidade econômica através da criação de novas oportunidades de trabalho. Com a implantação do projeto espera-se uma forte onda de desenvolvimento no entorno do Rio Los Angeles, por isso, o Comitê responsável estabeleceu cotas para a construção de habitação de interesse social, controle de órgãos responsáveis, desenvolvimento de programas de assistências e incentivo aos pequenos comércios e serviços locais para evitar a gentrificação. A elaboração do Plano de Recuperação do Rio Los Angeles contou com a participação da Corporação de Engenheiros do Exército dos EUA, de agências governamentais locais, estaduais e federal, ONGs, instituições de ensino, como o Centro de Estudos de Cidades Sustentáveis e o Instituto do Meio Ambiente de Los Angeles, e da comunidade. Esse envolvimento de diversos agentes, incluindo moradores e líderes locais, foi um fator decisivo para a consolidação do projeto.
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QUNLI NATIONAL URBAN WETLAND Turenscape Landscape Architecture (China, 2009 - 2011) Prêmio Internacional de Energia 2015 Prêmio Arquiteto Paisagista 2012 de Excelência em Design Integrado Prêmio Internacional de Arquitetura de 2012
Qunli é um distrito chinês com cerca de 2730 hectares, onde estima-se a criação de 32 milhões m² de edifícios que abrigarão mais de 300.000 pessoas. De toda a área disponível, apenas 16% foi reservada para a criação de espaços verdes. Com o constante aumento da densidade, impermeabilização e a construção de estradas, o local passou a enfrentar sérias inundações. Em contrapartida, o escritório Turenscape projetou um parque de águas pluviais, resgatando a zona úmida e transformando-a em uma “esponja verde” responsável pela filtragem e armazenamento das águas pluviais, facilitando a infiltração no aquífero ao mesmo tempo em que fornece atividades recreativas e valoriza esteticamente o distrito. Entre as estratégias utilizadas destacam-se a conservação do manancial e da vegetação existentes e a criação de um colar de lagoas formando uma zona de transição entre o meio urbano e o centro do manancial. Foi criada também uma extensa rede de caminhos composta por uma trilha no nível do solo, atravessando a floresta, e por passarelas aéreas, conectando os montes espalhados e permitindo que a população caminhe entre os topos das árvores, acima do manancial. Ao longo dessa rede estão espalhados assentos, plataformas e mirantes que garantem o contato com a natureza. Os diferentes pontos de observação criados através desses elementos enriquecem o projeto, aproximando a população dos processos naturais e, portanto, o potencializando como rota de turismo científico e educação ambiental, característica dese-
ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A PROPOSIÇÃO: Inundação/Impermeanilização * Gerenciamento de águas pluviais Melhorias na qualidade da água * Plantio nativo * Conectividade Integração * Sustentabilidade * Torres de observação
Figura 28: Colar de lagoas pluviais responsável pela filtragem e armazenamento do volume de água coletado no entorno da zona úmida. Fonte: Turenscape
Figura 29: Caminhos, plataformas e mirantes garantindo o contato com a natureza. Fonte: Turenscape
jada também para a intervenção desse TCC. Pesquisas apontam que o parque recebe com esse propósito uma média de 30 a 40 pessoas semanalmente, principalmente das escolas primárias e secundárias de Harbin4. O manejo das águas pluviais através da instalação de infraestrutura verde como uma alternativa aos métodos de engenharia tradicionais resolveu efetivamente os alagamentos dessa área e como bônus, reduziu significativamente os gastos com manutenção e investimentos em infraestrutura municipal, trazendo benefícios econômicos. Assim, o Qunli National Urban Wetland torna-se relevante como estudo de caso por apresentar características interessantes para a intervenção no Rio Pinheiros, por exemplo, a aplicação de infraestrutura verde para o gerenciamento das águas pluviais, controlando as inundações, a impermeabilização do solo e contribuindo para a melhoria da qualidade da água; a recuperação da vegetação existente; e a aproximação da população com a natureza. Segundo o site Turenscape <https://www.turenscape.com/project/detail/435.html>
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JIADING CENTRAL PARK Sasaki Associates
(China, 2013)
Boston Society of Landscape Architects, Merit Award in Parks and Recreational Facilities Design
O terreno, originalmente uma planície de inundação, sofreu grande impacto durante anos por conta da ocupação de indústrias e campos agrícolas, responsáveis pela contaminação da água do distrito de Jiading. Diante da situação preocupante, o esforço nacional da China desenvolveu um plano para a criação de cidades mais habitáveis por meio da restauração de sistemas naturais e projetos de espaços públicos abertos. Entre esses projetos, encontra-se o Jiading Central Park, desenvolvido pelo escritório Sasaki Associates. Compondo um corredor verde, o parque linear de 83 hectares - o maior no distrito conecta diversos bairros e se integra com a paisagem do entorno. O projeto foi pensado para que funcionasse como uma parte original do delta do Rio Shanghai, agindo como um catalisador social e ecológico para Jiading. A quantidade de estradas que cortavam o terreno foi reduzida para que se resolvesse o problema da fragmentação do terri58
tório, em contrapartida, foram criadas diversas travessias para pedestres, conectando as duas margens. São quatro caminhos principais que se entrelaçam e interagem com os elementos do parque, seguindo o conceito de “Dancing in the Woods” proposto pelos autores. A transversalidade, permitindo a conexão entre as duas margens, é um dos fatores que contribuiu para a seleção desse projeto como estudo de caso por ser uma característica desejada na proposição desse TCC. O parque foi elaborado de acordo com o design sustentável, como forma de apoiar o sistema ecológico, resgatar a herança cultural do distrito e integrar o meio ambiente à paisagem urbana, o que também vai de encontro à intenção da minha intervenção no Rio Pinheiros. Entre as medidas adotadas para atingir esses objetivos estão a restauração das áreas úmidas, um sistema de gestão das águas pluviais, a reutilização de materiais e estruturas existentes no local – reduzindo o custo de construção – e o plantio de mais de 21.000 árvores nativas, como incentivo ao desenvolvimento de um sub-bosque para suporte do crescimento do ambiente florestal.
Figura 30: Transversalidade, conectando as duas margens e os principais fluxos do local. Fonte: Sasaki
A restauração das zonas úmidas, aliada à fitorremediação, teve grande impacto positivo na qualidade da água, do ar e da biodiversidade. O rio, antes poluído e abandonado, agora possui águas claras e atrai vários visitantes, como pescadores e crianças. O parque é divido em duas categorias possuindo áreas focadas nas questões ambientais e outras voltadas para a recreação, atendendo à demanda de diversos usuários, com diferentes interesses e idades e melhorando a conexão com o desenvolvimento do entorno.
Figura 31: Recuperação da vegetação e possibilidades de interação com o rio. Fonte: Sasaki
ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A PROPOSIÇÃO: Restauração de habitat Gerenciamento de águas pluviais Melhorias na qualidade da água Plantio nativo Pavimentação permeável Corredor verde Conectividade Integração Sustentabilidade Figura 32: Recreação e convívio social através da água. Fonte: Sasaki 59
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Figura 33: Red Ribbon (China, 2006) Fonte: Turenscape Figura 34: Tianjin Qiaoyuan (China, 2008) Fonte: Landezine
Figura 37: Kalvebod Waves (Dinamarca, 2013) Fonte: Landezine
Figura 35: Rio Aivy (China, 2013) Fonte: Archdaily
Figura 39: Baton Rouge Lakes (Estados Unidos, 2016) Fonte: SWA Group
Figura 36: Perreux River Banks (França, 2013) Fonte: Landezine
Figura 40:Shunde Guipan River Waterfront (China) Fonte: SWA Group
A RECUPERAÇÃO DE RIOS NO CENÁRIO MUNDIAL
Além dos estudos de caso apresentados anteriormente, foram encontrados durante a pesquisa outros projetos que traçam um panorama do posicionamento internacional em relação aos cursos d’água. É possível perceber que, salvo algumas exceções, as intervenções no Brasil ainda estão muito defasadas em relação a outros países e não exploram todo o potencial existente no nosso ecossistema. No conjunto selecionado, nota-se também a predominância da China, que nos últimos anos vem apresentando um crescente nível de consciência ambiental, manifestando-se na criação de ONGs ambientais, grupos voluntários e mudanças na legislação, que passou a ter leis específicas para tratar questões como energia, meio ambiente marinho, ar e água (FERREIRA e BARBI, 2011).
Figura 38: Buffalo Bayou Park (Estados Unidos, 2015) Fonte: SWA Group
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CAPÍTULO
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ESTUDO PRELIMINAR: ENTENDENDO O TERRITÓRIO
Este capítulo exibe uma análise do perímetro conhecido como Arco Jurubatuba, levando em consideração questões como o zoneamento, uso do solo, densidade demográfica, vulnerabilidade social, oferta de transporte e o meio físico. Também é apresentado um histórico mais aprofundado do Rio Pinheiros, mostrando seu processo de ocupação ao longo dos anos. Assim, são identificados problemas e potencialidades da região, que permitem a elaboração de diretrizes de projeto, a fim de atender as necessidades da população.
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CONTEXTUALIZANDO O ARCO JURUBATUBA
O perímetro escolhido para a implantação do projeto proposto nesse TCC, entre a Ponte do Socorro e a Avenida Jair Ribeiro da Silva, é parte integrante do Arco Jurubatuba, que compõe o Setor Orla Ferroviária e Fluvial da Macroárea de Estruturação Metropolitana (MEM) estabelecido pelo Plano Diretor Estratégico (Lei nº16.050/14). Essa área se define pelos seus grandes contrastes urbanos e sociais e pela concentração das atividades econômicas na centralidade de Santo Amaro e nas áreas industriais de Campo Grande e Capela do Socorro. De acordo com o que foi estabelecido pelo Plano Diretor, essa área demonstra um grande potencial para transformação urbana, sendo parte da estratégia para a reestruturação do município já que conta com vias estruturais e sistemas ferroviários e rodoviários capazes de articular a Região Metropolitana de São Paulo. Assim, busca-se a qualificação de diferentes sistemas de transporte coletivo, o equilíbrio entre emprego e moradia por meio do aumento das densidades demográficas e construtivas, o incentivo a novas atividades produtivas, a recuperação de sistemas ambientais, produção de habitação de interesse social, entre outros. O Arco Jurubatuba faz limite com duas macroáreas, são elas: Macroárea de Qualificação da Urbanização ao leste, onde se encontram as regiões de Santo Amaro e Campo Grande, caracterizada pela combinação de usos residenciais e não residenciais e oferta moderada de empregos e serviços; e ao oeste a Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana, que abrange Campo Limpo, Jardim São Luís e Capão Redondo, Mapa 1: Arco Jurubatuba (laranja) e demarcação da área de intervenção apresentando a predominância de população de baixa Fonte: Gestão Urbana SP (editado pela autora) renda, baixa oferta de infraestrutura e equipamentos além de altos índices de áreas precárias, irregulares e de risco.
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ANÁLISE DE ZONEAMENTO E USO DO SOLO
A análise do uso do solo nos mostra que o Arco Jurubatuba apresenta uma predominância industrial e de comércio e serviços, com as maiores glebas concentradas ao longo do rio. Dentro desse território, Santo Amaro se apresenta como uma centralidade, contando com comércios, serviços e habitações. Já o setor empresarial, formado pelo Centro Empresarial São Paulo – CENESP e pelo Condomínio Panamérica Park, está localizado entre o rio Pinheiros e o rio Guarapiranga. A predominância do uso do solo está relacionada ao zoneamento, que aponta uma concentração de Zonas Predominantemente Industriais (ZPIs), Zonas de Desenvolvimento Econômico (ZDEs) e Zonas Centralidades (ZCs). Na ZPI estão localizadas grandes quadras ao longo da margem oeste do rio entre as avenidas Guido Caloi e Guarapiranga, uma delas abriga a sede da empresa Bayer.
Perímetro de Intervenção
Uso do Solo
Zoneamento
Macroárea
Diagrama 1: Macroárea, Zoneamento e Uso do Solo Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados encontrados no documento: ACJ - Nota Técnica (Legendas no final do caderno) 65
Em relação ao zoneamento vigente, é possível notar que há um conflito de interesses com o projeto proposto nesse TCC. Principalmente no que diz respeito às Zonas Predominantemente Industriais (ZPIs) previstas nas grandes quadras ao longo do Pinheiros, que não favorecem os objetivos principais da intervenção, como a regeneração ambiental e a reaproximação com a água. Sendo assim, é importante ressaltar que paralelamente à implantação do projeto, torna-se necessária a mudança no zoneamento, substituindo as ZPIs por Zonas de Uso Misto, indo de encontro à parâmetros como a fachada ativa e a fruição pública, a fim de potencializar a vida urbana. Para evitar que os interesses do mercado imobiliário prejudiquem a população local de baixa renda, é importante que haja restrição do gabarito de altura, permitindo até quatro pavimentos, mantendo um padrão horizontal e evitando gastos de manutenção com equipamentos como elevadores. Desse modo, é possível utilizar de forma sustentável os recursos e o espaço urbano, integrando trabalho, moradia, comércio, transporte público e a área verde ao longo do Rio Pinheiros. 66
As ZDEs (na região da Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, entre a Av. Vitor Manzini e Av. Interlagos) caracterizam-se como regiões de incentivo e modernização de uso industrial e atividades produtivas de alta intensidade, propícias para a instauração de novas atividades relacionadas a conhecimento e tecnologia e centros de pesquisa aplicada e desenvolvimento tecnológico. Essas zonas abrigam grandes equipamentos, entre eles o Shopping SP Market e o Centro Universitário SENAC. Já as ZCs destinam-se aos usos não residenciais, como comércios e serviços, qualificando espaços públicos, portanto, apresentam densidades demográficas e construtivas médias. Nela estão inseridos dois importantes centros para o Arco Jurubatuba: o Largo Treze e o Largo do Socorro. Vale mencionar que o zoneamento definido pela lei nº 13.885 de 2004, previa para o Arco Jurubatuba a implantação da Operação Urbana Consorciada Pólo de Desenvolvimento Sul, que tinha como objetivo o desenvolvimento econômico sustentável da zona sul, atraindo investimentos e gerando empregos na região; a inclusão educacional (principalmente nas áreas de informação e multimídia) e a capacitação profissional nas áreas tecnológicas; a melhoria na qualidade da infraestrutura e dos equipamentos urbanos na zona sul, integrando-os com o centro e a região metropolitana; a preservação ambiental e a valorização dos recursos naturais através de ações sustentáveis dos setores públicos e privados; além da criação de incentivos fiscais para a atração de investimentos e geração de emprego. No entanto, não houve uma continuidade na proposta para a criação de um instrumento urbanístico e as diretrizes não foram adiante.A proposição projetual apresentada nesse TCC buscou resgatar algumas dessas diretrizes, como a melhoria da infraestrutura, a integração com o centro e a região metropolitana e a preservação ambiental.
DADOS DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS
Perímetro de Intervenção
Zeis
Vulnerabilidade Social
Densidade demográfica
Diagrama 2: Zeis, Vulnerabilidade Social e Densidade Demográfica Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados encontrados no documento: ACJ - Nota Técnica (Legendas no final do caderno)
Em 2007, o Arco Jurubatuba apresentava uma população residente de 150 mil habitantes, com um total de 43 mil domicílios. Analisando o mapa de densidade geográfica nota-se que ocorre uma maior concentração ao redor do perímetro, reflexo da urbanização recente e do crescimento desordenado da ocupação habitacional nas proximidades das áreas industriais. Já ao examinarmos o interior do Arco Jurubatuba, percebemos que a maior parte da população residente encontra-se na região Santo Amaro, ao longo do eixo da Av. Nossa Senhora do Sabará, nos bairros Jardim Marabá e Capela do Socorro e no distrito de Vila Andrade. É possível notar que existe uma correlação entre densidade demográfica e vulnerabilidade social, já que os pontos próximos aos cursos d’água com maior concentração de população são também os que apresentam maior fragilidade e ocupações irregulares. Estima-se que existam aproximadamente 40 favelas dentro do arco, concentradas na margem oeste do rio, mais especificamente na região de Vila Andrade. As maiores, Jardim da Felicidade e Jardim Ibirapuera, estão localizadas no distrito Jardim São Luís. A análise do mapa de ZEIS reforça essa constatação ao apontar um agrupamento dessas zonas, em especial ZEIS-1, na região de Vila Andrade.
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MEIO FÍSICO
Dentro do perímetro do Arco Jurubatuba está localizada a Marginal Pinheiros, via expressa ao longo do rio que compõe dois anéis viários da cidade, formando uma importante conexão entre São Paulo e outras cidades através de rodovias como Anchieta, Castelo Branco, Imigrantes, Raposo Tavares e Régis Bittencourt. Além dessa, são encontradas também outras vias estruturais importantes em escala metropolitana, por exemplo as avenidas Guarapiranga, Interlagos, Miguel Yunes, Nações Unidas, Robert Kennedy, e Washington Luís. Já o transporte de alta capacidade se dá principalmente por meio da linha 9 – Esmeralda da CPTM e do metrô através da linha 5-Lilás. A margem oeste do rio encontra-se isolada da região central da cidade, sem nenhum acesso às estações de trem e metrô devido à falta de transposições para pedestres ao longo do rio. Isso porque os investimentos em infraestrutura viária estão concentrados no quadrante sudoeste, a parte mais valorizada da cidade.
Perímetro de Intervenção
Áreas Verdes
Mobilidade
Diagrama 3: Áreas Verdes e Mobilidade Urbana Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados encontrados no documento: ACJ - Nota Técnica (Legendas no final do caderno) 68
No que diz respeito às áreas verdes, em toda a extensão do Rio Pinheiros existem apenas três parques: Parque Burle Marx (138.3 mil m2), Parque Povo – Mário Pimenta Camargo (133.547 m2) e o Parque Villa-Lobos (732 mil m2), construídos a partir da década de 1990. No entanto, mesmo com esses equipamentos, o potencial do rio como espaço público de lazer continua inexplorado. Ao analisarmos a região do Arco Jurubatuba, a situação torna-se ainda pior, não há nenhum parque ou espaço público atendendo a população, apenas alguns equipamentos emblemáticos e de acesso restrito, como o Autódromo de Interlagos e o Clube de Golfe. Nota-se a existência de uma faixa verde residual nas margens do rio, ocupada por linhas de alta tensão e suas faixas de servidão ao oeste e pela ciclovia e a linha férrea ao leste. Essa faixa residual, o aterro Piratininga, a antiga fábrica de televisões e rádios Telefunken e algumas praças e canteiros centrais totalizam 2.428.204m², correspondentes a apenas 10% do total do Arco Jurubatuba. A imagem 41 mostra os três parques existentes ao longo do Rio Pinheiros (em verde). Apesar da proximidade com o rio, nenhum deles o utiliza como parte do projeto. Também foi evidenciada, em roxo, a área do São Paulo Golf Club (59,2957 ha)por se tratar de um caso de possível apropriação, por suas dimensões e pela apropriação privada em local onde se caracteriza uma função social discutível. Em vermelho está delimitada a área de intervenção para a proposta apresentada neste TCC. Figura 41: Parques ao longo do Rio Pinheiros Fonte: Google Earth (editado pela autora) 69
UM MERGULHO NO RIO PINHEIROS
Desaguando no Tietê, o rio que nasce do encontro entre o Guarapiranga e o Rio Grande foi chamando durante o período colonial de “Jurubatuba”, “lugar com muitas palmeiras” em tupi. O nome “Pinheiros” surgiu apenas com a chegada dos jesuítas, que criaram um aldeamento acessado pelo Caminho de Pinheiros, onde hoje se encontra a Rua da Consolação. Originalmente o Rio Pinheiros era marcado por seus percursos lentos e sinuosos, formando grandes planícies de inundação - características que limitaram durante muito tempo a expansão da cidade de São Paulo. A dificuldade em transpor as várzeas implicou na valorização das terras da margem leste e na estagnação da região oeste até os anos 50, com exceção do Butantã e da Cidade Jardim.
Durante muito tempo a população local conseguiu desfrutar do rio como espaço público de lazer. Por conta da distância da região em relação ao Centro Velho (Pátio do Colégio e Praça da Sé), era comum encontrar moradores nadando, passeando de barco ou praticando remo às suas margens (RODRIGUES, 2012). Foi na década de 20 que a situação começou a mudar. Devido a um grande período de seca e o desencadeamento de uma crise energética, a Companhia Light decidiu implantar o Projeto da Serra, um grandioso investimento voltado para a produção de energia elétrica. Provocando um grande impacto econômico, social e ambiental, o projeto foi responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Henry Borden, reservatórios e barragens, além da inversão e retificação do Rio Pinheiros. Assim, o engenheiro norte-americano Asa White Kenney Billings escolheu a região de Cubatão, entre as cidades de São Paulo e Santos, para a implantação do projeto. A localização privilegiada não só facilitaria o transporte do material, já que estava próxima à São Paulo Railway, como também aumentaria a força das águas responsáveis pela movimentação das turbinas, devido ao desnível de 720 metros entre a serra e o nível do mar (GARCIA, 2009).
Figura 42: Rio Pinheiros e suas curvas antes da retificação Fonte:Pinterest https://br.pinterest.com/pin/406027722649244022/ 70
Segundo Kayo (2013), entre as décadas de 1920 e 1930, a Light desapropriou cerca de 20 milhões de metros quadrados para que fosse possível a execução das barragens e a reversão do rio Pinheiros, que passou a receber as águas do Tietê para alimentar a usina hidrelétrica. A companhia passou, então, a ter direito sobre 80% dessas terras agora “saneadas e drenadas”. A retificação do Rio Pinheiros, iniciada em 1940, foi determinante para que a Light parcelasse e comercializasse as grandes glebas do entorno do rio à iniciativa privada, direcionando sua ocupação. Uma das compradoras desses terrenos foi a Companhia City, fundada em 1912, responsável pela criação de loteamentos voltados para a alta sociedade. Essas obras aliadas a construção de avenidas e vias expressas, atraíram diversas multinacionais para a região, iniciando o eixo do setor terciário no sudoeste de São Paulo, e isolaram o Rio Pinheiros do convívio com a população. Como mostra a figura 43, em alguns trechos o traçado original está a uma distância superior a quinhentos metros do canal atual e muitas ruas se encontram sobre os aterros de seus meandros. Esses locais, que tiveram sua paisagem natural descaracterizada, sofrem frequentemente com as enchentes decorrentes das falhas no atual sistema de drenagem.
Figura 43: Traçado original do Rio Pinheiros (azul) sobrepondo sua situação atual . Fonte: Pinterest https://br.pinterest.com/pin/406027722649846428/ 71
Dessa forma, o Rio Pinheiros, antigamente utilizado para a prática esportiva, como o “futebol de várzea” e a canoagem, teve suas margens aterradas pela construção de fábricas, ferrovias e empreendimentos imobiliários, tornando-se um local de descarte de esgoto.
Figura 44: Rio Pinheiros como espaço de lazer na década de 20. Fonte: Centro Pró-Memória Hans Nobiling/Divulgação
Com a transferência das atividades terciárias do Centro e da Avenida Paulista para o vale do Rio Pinheiros, houve uma intensa valorização das várzeas, que passaram a contar com investimentos, políticas públicas e obras de infraestrutura viária. Entre essas obras, responsáveis pela criação de pontes e túneis de acesso aos bairros nobres, destacam-se a construção das avenidas Faria Lima e Berrini, no final da década de 60, e a abertura da Marginal Pinheiros, nos anos 70. Nessa última, tornou-se cada vez mais constante a construção de edifícios de escritórios, shoppings centers e empreendimentos imobiliários como o Cen72
tro Empresarial São Paulo, da construtora Bratke/ Collet, que aproveitavam a oferta de terrenos amplos, de fácil acesso e bem mais baratos que na Paulista. Atualmente a Marginal Pinheiros, via expressa ao longo do rio, compõe, em conjunto com a Marginal Tietê, o principal sistema viário de São Paulo, fazendo conexão com outras cidades por meio do acesso à várias rodovias tais como Anchieta, Bandeirantes, Castelo Branco, Imigrantes, Raposo Tavares e Régis Bittencourt. Nela, a prioridade dada aos automóveis é gritante e extremamente agressiva aos transeuntes, que sofrem com calçadas apertadas ou inexistentes e prédios em que o acesso só é possível para aqueles que utilizam carros. A falta de planejamento urbano em conjunto com a operação do mercado imobiliário e a valorização do automóvel em relação ao pedestre, fez com que o Rio Pinheiros perdesse seu papel como espaço público e, portanto, sua identidade urbana. Sua presença na paisagem é praticamente nula, sendo percebida somente do alto das travessias que transpõem seu leito. O Rio Pinheiros é um lago hoje [...] E ele precisa se recuperar [...] Então nós precisamos pensar em qual é o melhor regime para esse rio. Certamente não é tê-lo parado, certamente não é ter ele alto, cheio de sujeira, fermentando o tempo todo. Renato Tagnin em depoimento ao documentário "Rio Pinheiros - Sua História e Perspectivas"
Diante dessa situação, começaram a surgir, no século XXI, alguns movimentos em prol da recuperação desse curso d’água, como o #VoltaPinheiros, o “Programa Pinheiros Limpo”, a ONG “Águas Claras do Rio Pinheiros” e o “Projeto Pomar”, uma iniciativa em parceira com o governo estadual que visa a transformação das margens em um jardim por meio do plantio de flores e árvores frutíferas. No presente, a raia olímpica da USP é a principal área de lazer à beira do Rio Pinheiros, mas a implantação da ciclovia ao leste, o acesso mais apropriado ao pedestre (quando comparado ao Tietê) e a extensa faixa verde na margem oeste, onde estão localizados os linhões – ainda que seja residual – nos despertam para seu potencial como parque urbano. A presença de fauna, muito notada através das capivaras, garças, quero-quero e gaviões, é a confirmação de que apesar de todo o descaso, o rio permanece vivo. Portanto, explorar o espaço linear às suas margens para a criação de áreas de lazer, contemplação e convivência, é uma solução viável para a transformação da paisagem e, consequentemente, para a reinserção dos cursos d’água no meio urbano.
Figura 45: Intervenção "Trampolim", remetendo à utilização do Rio Pinheiros para práticas esportivas no passado. Fonte: Eduardo Srur. Figura 46: Capivaras na ciclovia do Rio Pinheiros Fonte: Pinterest 73
POTENCIALIDADES E DILEMAS
O recorte escolhido para a proposta projetual abrange o leito do Rio Pinheiros desde a ponte do Socorro até a Avenida Jair Ribeiro da Silva. Essa área, em sua maior parte pertencente ao bairro Jurubatuba, teve seu processo de urbanização iniciado em 1953 através da implantação de um loteamento da Companhia City, nomeado Campo Grande. Foi entre as décadas de 1950 e 1960, com a ampliação do parque industrial de Santo Amaro, que
a região se consolidou e se transformou em um dos pólos de emprego industrial mais significativos para a região metropolitana de São Paulo, oferecendo grandes áreas, facilidades de transporte (por conta da proximidade com a ferrovia e da construção do sistema de marginais ao longo do rio) e grande disponibilidade de água e energia. Com as transformações urbanas, que acarretaram no encerramento de algumas atividades industriais,
Figura 47: Área de intervenção com a delimitação do perímetro do bairro Jurubatuba em vermelho Fonte: Google Earth
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a área vem sendo alvo de ocupação por lançamentos imobiliários e empresas de prestação de serviço e comércio. A inauguração do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, em 2004, atraiu um forte fluxo de jovens e estudantes para o entorno do perímetro. Além do campus, é possível identificar outras âncoras, como o São Paulo Golf Club, o Shopping SP Market e o Autódromo de Interlagos. A presença desses equipamentos torna-se uma potencialidade na medida em que atraem um importante fluxo de pessoas, permitindo que o local se torne uma centralidade e apontando um conjunto de possíveis usuários para o parque a ser projetado. Outro grande potencial da área são os canteiros centrais existentes no entorno, que apesar de estarem em uma situação de completo abandono, apresentam uma largura média de 40 metros, permitindo a acomodação de ciclovias e o alargamento da calçada a fim de se criar uma rede de caminhos verdes e pequenas áreas de lazer que se conectam ao Rio Pinheiros. Em termos de acesso via transporte público, a área definida conta com a presença das estações Socorro, Jurubatuba e Autódromo da linha 9 - Esmeralda da CPTM, que liga o bairro Grajaú até Osasco. Além disso, fica próxima ao corredor de ônibus responsável pela conexão do extremo sul de São Paulo com o centro e atende bairros como Guarapiranga, Grajaú, Jardim Ângela, Parelheiros e Varginha. Apesar de não possuir acesso direto a nenhuma estação do metrô, a expansão da linha 5 – lilás também beneficiará a região
Jurubatuba, permitindo maior rapidez nos trajetos. É válido mencionar também que no ano de 2004, o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de Santo Amaro havia previsto a implantação de um parque onde hoje se encontra o aterro Piratininga, apesar de não ter sido executado, esse fato reforça o potencial da área como espaço público de lazer. Quanto aos dilemas encontrados, a falta de transposições para pedestres é uma das maiores questões, já que impossibilita a travessia e torna a linha férrea inacessível para boa parte da população. Como não existem calçadas na ponte Interlagos, os 3km que a separam da ponte do Socorro, se transformam em 5km para os pedestres, que são obrigados a percorrerem uma rota alternativa. Outro agravante é a presença de linhas da alta tensão na margem do rio, que com as suas faixas de servidão, ocupam 60 metros, em alguns pontos até 90m, do espaço disponível para a implantação do projeto.
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Figura 48: Habitações e muros em volta da área de intervenção Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 49: Presença de pequenas praças no entorno, permitindo a criação de um sistema de áreas verdes. Fonte: Acervo da autora 77 75
Figura 50: LinhĂŁo existente em toda a extensĂŁo do terreno Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 51: Situação atual da vegetação Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 52: AcĂşmulo de detritos nas margens do rio Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 53: Percurso existente Ă s margens do rio Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 54: Entulho descartado embaixo da ponte Jurubatuba (Av. Interlagos) Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva 80 82
Figura 55: Espaço disponível para permanência e criação de um mirante Fonte: Acervo da autora
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Figura 56: Acesso à ciclovia através das estações da CPTM Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 57: Ciclovia e percurso existente Ă s margens do rio Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 58: Presenรงa de animais Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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Figura 59: Presenรงa de animais e cursos d'รกgua intermitentes ao longo do terreno Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
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DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO
Levando em conta as questões comentadas anteriormente e o desejo que reaproximar a população com o Rio Pinheiros, foram elaboradas as seguintes diretrizes: 1.Conectar as duas margens do rio, criando transposições próprias para pedestres, a fim de expandir o acesso às estações da CPTM e melhorar a integração entre os bairros. 2.Detectar os pontos onde há concentração de população com alto grau de vulnerabilidade social, elaborando medidas de apoio para que elas sejam também beneficiadas com a implantação do parque, evitando a gentrificação5. 3.Buscar a criação de um sistema de espaços verdes estruturados pelo canal do Rio Pinheiros, utilizando os canteiros centrais como conexão. 4.Identificar âncoras, principalmente aquelas ligadas ao setor de educação, conferindo ao parque um papel importante também para a educação ambiental.
5 Gentrificação é o termo utilizado para nomear o processo de enobrecimento ou elitização de uma determinada área, obrigando os antigos moradores a deixarem suas residências em busca de um novo lar. O termo surgiu em Londres nos anos 60 e se originou através da palavra "gentry", utilizada para caracterizar pessoas ricas, ligadas à nobreza.
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Figura 60: à rea de intervenção - Plano de Massas atendendo as diretrizes definidas. Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 61: Desenhos Iniciais Fonte: Elaborado pela autora
0
CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (A SER IMPLANTADO) HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL (A SER IMPLANTADO)
ESCOLA EXISTENTE
TRANSPOSIÇÕES TRANSVERSALIDADES PASSEIO RÁPIDO PASSEIO LONGITUDINAL PASSEIO WETLAND PERMANÊNCIA HIS PRÉDIOS EXISTENTES FAIXA DE SERVIDÃO PARA A LINHA DE ALTA TENSÃO
90
100
200
300
400m
TRANSPOSIÇÕES E CONEXÕES COM OS CANTEIROS CENTRAIS
MIRANTES - DECKS
ESTAÇÃO JURUBATUBA
OBSERVATÓRIO DO PARQUE
SHOPPING SP MARKET
VIA COMPARTILHADA PEDESTRES E CICLISTAS
A construção do plano de massas (figura 60) permitiu identificar as instituições de ensino localizadas ao redor da área de intervenção, como a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Almeida Júnior, próxima à Ponte do Socorro, a Escola de Educação Infantil Manoel Bispo dos Santos, a Escola Calhim Manuel Abud e o Centro Universitário SENAC. Esses equipamentos foram entendidos como âncoras, uma vez que podem contribuir para o caráter educacional do projeto, permitindo uma troca de interações entre o parque e as instituições de ensino. Chamam atenção também a Academia de Futebol Rolley Ball Esportes, o Clube dos Funcionários do SERPRO (Serviço Federal de Processamentos de Dados), o
Shopping SP Market e o Autódromo de Interlagos, que atraem público para a região e, em consequência, para o parque proposto. A partir dessas observações, surgiu o desenho inicial do projeto, delimitando as transposições entre as margens e os caminhos percorridos dentro do parque, que seguiam a ideia de “fitas” sobrepostas (figura 61). Observou-se então a necessidade da criação de um percurso longitudinal contínuo paralelo ao rio, resultando no desenho abaixo. A evolução dessas alternativas originou o projeto final, apresentado no próximo capítulo.
Figura 62: Desenhos Iniciais Fonte: Elaborado pela autora TRANSPOSIÇÃO
DECK PERCURSO LONGIDUTINAL
TRANSVERSALIDADE
FORRAÇÃO
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RESGATAR FUNÇÕES PRIMORDIAIS DO RIO PINHEIROS
BIORREMEDIAÇÃO 90 92
ATRAIR FAUNA
INCENTIVAR O CONTATO DIRETO COM O RIO
RECUPERAR A VEGETAÇÃO NATIVA
Figura 63: Corte síntese das intenções de projeto Fonte: Elaborado pela autora 93 91
5
CAPÍTULO
94
PARQUE FLUVIAL RIO PINHEIROS
A
tualmente a área de intervenção está em posse da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e possui uma extensão de aproximadamente 4,7km. Como acontece em grande parte da cidade de São Paulo, a região apresenta carência de áreas verdes e espaços de lazer. Assim, o projeto visa explorar o potencial das margens do rio com a criação de um parque fluvial, articulando a cidade, seus habitantes e os cursos d’água.
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Como mostra a implantação, o parque possui 18 entradas que foram definidas de acordo com os equipamentos existentes no entorno e as ruas que fazem ligação com o parque. Uma das entradas acontece diretamente pela estação Jutubatuba (31), facilitando o acesso via transporte público. Algumas vezes, o desenho de piso extrapola o limite do terreno, como a entrada da Rua Professor Oswaldo Quirino Simões, que conecta o parque ao Centro de Educação Infantil Indir Manoel Bispo dos Santos (28) e a Escola Calhim Manoel Abud (29). 96
Figura 65: Ilustração de Traffic Calming. Fonte: Pinterest
Figura 64: Implantação Fonte: Elaborado pela autora Ver anexo
Nesses casos pretende-se aplicar princípios de “traffic- calming”, priorizando os pedestres e trazendo mais segurança, principalmente para as crianças que estudam nas escolas do entorno. Foi prevista também uma barreira vegetal paralela aos trilhos do trem, impedindo o acesso e minimizando o ruído. Já para os muros e para a estrutura das pontes existentes foram pensados painéis artísticos e jardins verticais. Figura 66: Exemplo de painel artístico. Fonte: Eduardo Kobra 97
TOPOGRAFIA
A topografia se tornou um ponto chave para algumas soluções de projeto, que buscaram respeitar as condições naturais do terreno, evitando gastos com o deslocamento de terra. Entre essas soluções, destacam-se a criação dos observatórios ao longo do parque, a transposição conectando a Avenida do Rio Bonito a estação Jurubatuba e a criação de uma “land art”.
Figura 67: Maquete de estudo topográfico, com delimitação da área de intervenção em vermelho. Fonte: Acervo da autora
Figura 68: Topografia - Transposição e Wetland Fonte: Acervo da autora
Como é possível notar ao fundo da imagem 70, o terreno conta com uma área de acentuado desnível (60 metros), onde hoje existe um aterro sanitário. Por permitir uma visão privilegiada do parque, essa área foi pensada como um mirante. A presença marcante dessa parte do terreno na paisagem e a forma natural das curvas de nível permitiu a criação de uma “land-art”, transformando o mirante em uma “escultura”, um local para “ver e ser visto”. Ainda no mirante, a topografia foi utilizada para a aplicação de vegetação em curva de nível, uma tipologia de infraestrutura verde que permite a contenção da erosão e o desaceleração do escoamento das água pluviais. Figura 69: Land-Art Fonte: Simon Robinson/Transition Consciousness
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Figura 70: Maquete topogrรกfica, mostrando o mirante/land-art ao fundo Fonte: Acervo da autora
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CORTE AA 0
50m
CORTE BB 50m
0
CORTE CC 0
100
50m
CORTE DD 0
CORTE EE 0
50m
50m
CORTE FF 0 50m
Figura 71: Cortes Fonte: Elaborado pela autora Ver anexo
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LINHÃO E REGENERAÇÃO AMBIENTAL
Um dos maiores dilemas encontrados na área de intervenção foi a presença de torres de alta tensão por toda a sua extensão, que exigem uma faixa de servidão de 30 metros de largura para cada torre. Assim, “perde-se” 60 metros - em alguns pontos até 90 metros - ao longo de toda a área. De acordo com as normas é proibido o estímulo à permanência na faixa de servidão, bem como o reflorestamento de médio e grande porte, instalações elétricas e mecânicas, moradias, área de lazer, indústria e comércio, entre outros. Dessa forma, o linhão acabou se tornando um elemento ordenador do espaço, definindo os pontos de permanência e passagem.
Figura 73: Repositório da Mata Atlântica na faixa de servidão.. Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 72: Percurso longitudinal estruturado em palafita. Fonte: Elaborado pela autora
Para que as regras fossem atendidas, todo o percurso longitudinal foi implantado às margens do rio, o que contribuiu para criar uma relação mais próxima entre os visitantes e a água. A estrutura desse percurso foi pensada em palafita, preservando a mata ciliar e mantendo a permeabilidade do solo. A fim de integrar o linhão ao restante do parque e seu conceito, a faixa de servidão foi definida como um repositório de espécies arbustivas da Mata Atlântica, exercendo funções ambientais como a regeneração e atração de fauna e contribuindo para a biodiversidade.
MOBILIDADE
A dificuldade de acesso para os pedestres era uma característica marcante na área, havia uma forte necessidade de conectar as margens do rio, permitindo um fluxo mais livre entre os bairros. Para isso, foram criadas três transposições ao longo do parque, facilitando o acesso e integrando melhor a população residente com a rede de transporte público, em especial a Estação Jurubatuba (31), que conta com uma ligação direta ao parque. A ciclovia existente foi incorporada ao projeto, permitindo a integração com as estações da CPTM e estimulando a utilização de bicicletas para deslocamentos mais curtos. Vale ressaltar que o projeto prevê a inclusão do rio ao sistema de transporte público, explorando o potencial de navegação do Rio Pinheiros e devolvendo a esse curso d’água uma de suas funções primordiais. Dessa forma, o rio deixa de ser visto como uma barreira e passa a exercer o papel de conector geográfico e social.
Figura 74: Ponte móvel, permitindo a circulação entre as margens sem prejudicar a navegação. Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 75: Entrada R. Francisco Mendes Fonte: Elaborado pela autora
Devido às restrições da faixa de servidão, esse trecho caracteriza-se como um local de passeio. Para que seja possível a utilização do parque pelos estudantes da EMEF Prof. Almeida Júnior, são previstos caminhos e aberturas diretas entre a quadra e o parque, além da criação de um deck à beira rio, que pode ser utilizado tanto para lazer como para atividades escolares ao ar livre. Nos muros existentes nesse trecho, será proposta a criação de um painel em colaboração com a comunidade, a fim de se criar uma relação mais afetiva com o parque fluvial e, assim, aproximar a população do rio.
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Figura 76: Caminhos e decks margeando o rio Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 77: Deck em frente a EMEF Prof. Almeida JĂşnior Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 78: Ligação direta entre o pátio da EMEF Prof. Almeida Júnior e observatório. Fonte: Elaborado pela autora 107 105
Figura 79: Deck Ă beira rio e ponte mĂłvel. . Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 80: Incentivo à navegação fluvial Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 81 : Área de permanência Fonte: Elaborado pela autora
A imagem acima mostra uma pequena área de permanência mais voltada aos moradores ou ao público que não tem tempo para percorrer o parque todo, mas busca um momento de lazer. Por estar perto da Estação Jurubatuba, que recebe um alto fluxo de estudantes, foi criado um palco que pode ser utilizado para eventos culturais como exposições, pequenas apresentações e saraus. 110 108
Também foi prevista uma área alagada (item 6), com um funcionamento similar ao “Waterplein Benthemplein”, em Rotterdam. Assim, em períodos de seca, transforma-se em um espaço de permanência, já nas épocas de chuva, capta uma parte das águas pluviais, diminuindo a velocidade de escoamento e colaborando com os processos de drenagem urbana.
Figura 82: Palco para apresentaçþes e praça do leitor Fonte: Elaborado pela autora 109 111
Figura 83: Ă rea alagada e permanĂŞncia ao fundo Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 84: Foodpark- Desenho de piso organizando o espaรงo para os foodtrucks. Fonte: Elaborado pela autora 113 111
Figura 85: Wetland Fonte: Elaborado pela autora
Foi observado que o terreno apresenta cursos d’água intermitentes, ou seja, pequenas áreas que alagam conforme o volume de chuva. Essa característica foi aproveitada para a aplicação de infraestrutura verde, utilizadas como um atrativo e contribuindo para o caráter de educação ambiental do parque. Uma dessas áreas é o wetland retratado acima, que tem a função de captar a água da chuva e tratá-la para que possa ser utilizada para irrigação e outras atividades do parque. . Esse wetland conta com um mirante, que funciona como uma extensão da própria
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transposição, permitindo que a população observe de perto essa tipologia de infraestrutura verde. A forma natural do alagado foi decomposta, criando um desenho mais angular. Seguindo essa lógica, para cada tipologia foi adotada uma linguagem visual: os jardins de chuva possuem desenho triangular, as lagoas pluviais apresentam formas circulares e as biovaletas se assemelham a um “L”, permitindo assim, que os visitantes identifiquem e se aproximem da infraestrutura verde.
Figura 86: Alargamento da transposição funcionando como um mirante para o wetland. Fonte: Elaborado pela autora 115 113
Figura 87 : Transposição conectando o parque até a Estação Jurubatuba, permitindo que o visitante caminhe entre as copas das árvores Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 88: Deck e caminhos sobre o Wetland, criando áreas de encantamento e aproximando a população da água. .Fonte: Elaborado pela autora 117 115
Figura 89: Ampliação - Centro Cultural Fonte: Elaborado pela autora
Na ponta direita do terreno ocorre um alargamento que possibilitou a implantação de duas grandes áreas de permanência e lazer, contendo playground, área para exercícios ao ar livre, foodparks, entre outros. Para esses locais foi pensada uma pavimentação combinando pisos cimentícios e intertravados, que permitem a permeabilização do solo e auxiliam os processos de drenagem, evitando os alagamentos. Um dos pontos mais marcantes nesse recorte é a aglomeração de famílias com alto grau de vulnerabilidade social, por isso uma das premissas do projeto era a inclusão dessas pessoas, indicando pontos para a implantação de habitação de interesse social (23), facilitando o acesso ao parque e prevendo a instalação de equipamentos urbanos dentro do parque que possam contribuir para o desenvolvimento econômico e educação, por exemplo. Um desses equipamentos é o Centro Cultural (17) exibido na imagem acima, que além de salas expositivas e auditório, conta com uma biblioteca que poderá ser utilizada livremente pela população,incentivando a leitura e proporcionando acesso ao conhecimento. A área externa do Centro Cultural ganhou um grande deck, que avança sobre uma lagoa pluvial(6), criando uma área de contemplação e aproximando os visitantes da água e das diferentes tipologias de infraestrutura verde, que aparecem ao lado das áreas de lazer, como o Skatepark(13) e o playground(14). 118
Figura 90: Espaço de contemplação e convivência em frente ao Centro Cultural .Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 91: Biovaleta e Skatepark Fonte: Elaborado pela autora 118 120
Figura 92: Área de playground, marcada pela paginação colorida, criando um ambiente lúdico .Fonte: Elaborado pela autora 11119 121
Figura 93: Centro de Educação Ambiental Fonte: Elaborado pela autora
Outro equipamento de grande importância para o parque é o Centro de Educação Ambiental (18), que busca a inclusão da população mais carente através de aulas, oficinas e palestras. Assim, como acontece na Praça Victor Civita, o Centro de Educação Ambiental pode oferecer atividades em parcerias com ONGs, como a ONG Verde Escola. Essa edificação foi implantada ao lado de uma área de bosque e três jardins de chuva, fortalecendo ainda mais o contato com a natureza. Para complementar as atividades do Centro de Educação Ambiental, foram acrescentadas quatro estufas (19), onde os visitantes e moradores da região poderão interagir, cultivar e conhecer espécies nativas. Atendendo a demanda dos idosos que residem nos bairros próximos ao parque, foi criado um Centro de Convivência do Idoso (20), dando apoio e oferecendo atividades e aulas para a terceira idade. Vale ressaltar que a edificação está localizada próxima a uma das entradas do parque, permitindo um fácil acesso e evitando deslocamentos muito longos para os mais velhos. Próximos a esses equipamentos também são encontrados playground, área de exercício, espaço reservado para pets, hortas comunitárias, gramado para piquenique e um anfiteatro ao ar livre, aproveitando a topografia natural do terreno.
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Figura 94: Estufas e jardins de chuva ao redor de Centro de Educação Ambiental, estimulando o contato com a natureza. Fonte: Elaborado pela autora
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Figura 95: Deck e Biovaleta ao redor do Centro de ConvivĂŞncia do Idoso. Fonte: Elaborado pela autora 122 124
Figura 96: Espaço de contemplação e lagoa pluvial Fonte: Elaborado pela autora
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Não basta despoluir o rio! Mesmo que ele volte a correr límpido, piscoso, potável, de nada modificará a percepção que a população tem do seu “esgoto a céu aberto”. O rio precisa voltar a se incorporar na vida do paulistano e, para isso, a única alternativa é reconstituí-lo como espaço de lazer. (NEIMAN, 2005, p.264)
Como foi discutido nessa pesquisa, a atual situação dos cursos d’água é decorrente das ações antrópicas nas características naturais dos corpos hídricos, que ocorreram com maior força a partir do século XIX com o acelerado crescimento urbano, estimulado pela produção industrial. A eliminação da mata ciliar, combinada às obras de retificações e canalizações e a ocupação das várzeas, tornou o solo cada vez mais impermeável, impedindo a filtragem e acelerando a velocidade de escoamento das águas, consequentemente, as enchentes se tornaram cada vez mais frequentes no meio urbano e os rios foram colocados no papel de “vilão”, distanciando a cidade de suas águas. O papel primordial dos rios na vida urbana, associado por exemplo ao lazer e mobilidade, foi completamente descartado no decorrer do desenvolvimento de cidades como São Paulo. Assim, a sociedade se encontra frente a uma questão socioambiental, resultante não só de fenômenos naturais, como a geomorfologia e o funcionamento do ciclo hidrológico, mas também da postura assumida em relação ao meio ambiente. Torna-se necessária, portanto, uma mudança nos nossos modos de pensar, planejar e construir os espaços livres para que seja alcançada a reaproximação
não só com os rios, mas com a natureza de um modo geral. Para isso, é preciso retomar alguns valores e encarar esses elementos naturais de uma nova forma, entendendo e devolvendo seus papéis na estruturação da cidade. A área a ser recuperada deve fazer parte de um plano ambiental urbano maior e estratégico; por exemplo, um plano de rede de áreas verdes, justificando sua importância na escala da cidade. (SANCHES, 2014 p. 61)
O projeto apresentado nesse TCC buscou utilizar soluções que contribuíssem para essa mudança de postura, encarando o rio como um elemento que deve ser abraçado pela cidade. É importante ressaltar que o parque fluvial proposto é visto aqui como parte de um sistema -e não como um objeto isolado- que deve se conectar a outras áreas verdes, como os canteiros centrais presentes nas avenidas que cercam a área de intervenção e as praças existentes no entorno. Em cidade como São Paulo, onde a carência de áreas verdes é cada vez mais alarmante, encarar as áreas de várzea como espaço público de lazer passa a ser uma estratégia não só para a recuperação ambiental mas também para a melhoria da vida pública, aumentando a qualidade de vida de seus habitantes. 127
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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* CITADOS Artigos, Dissertações e Livros:
MELO, Vera Mayrinck. Dinâmica das paisagens de rios urbanos. XI encontro nacional da associação nacional de pós-graduação e pesquisa em planejamento urbano e regional – ANPUR. Salvador, 2005. Disponível em: <http://www.xienanpur.ufba.br/334.pdf> Acesso em: 23.março.2018. MELO, Vera Mayrinck. A formação histórica das paisagens do rio Capibaribe na cidade do Recife. In: COSTA, L. M. S. A. (org.) Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: Viana & Mosley: Ed. PROURB, 2006. NEIMAN, Z. “Queremos nadar no nosso rio! O simbolismo da balneabilidade para a construção do conceito de qualidade de vida urbana”, em L. Dowbor & R. A. Tagnin (orgs.), Administrando a água como se fosse importante: gestão ambiental e sustentabilidade (São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005), p. 264 OTTO, Betsy; McCORMICK, Kathleen; LECCESE, Michael. Ecological Riverfront Design: Restoring Rivers, Connecting Communities. Planning Advisory report nº 518-519. Chicago: APA, 2004. Disponível em <https://www.csu.edu/cerc/documents/EcologicalRiverfrontDesign.pdf> Acesso em: 03.abril.2018. SANCHES, Patrícia Mara. De áreas degradadas a espaços vegetados. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014. SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: Globalização e meio técnico-científico-informacional. São Paulo: Hucitec, 1994. p.17 SILVA, Telma Domingues da. A linguagem e a questão ambiental – representações políticas, cidadania e produção social. Entremeios [Revista de Estudos do Discurso], Seção Estudos, Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL), Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre (MG), vol. 12, p. 129-142, jan.-jun. 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.20337/ISSN2179-3514revistaENTREMEIOSvol12pagina129a142> Acesso em: 16.maio.2018 TUCCI, Carlos E. M. Água no Meio Urbano. In: TUCCI, Carlos E. M. Água Doce. cap. 14, 1997 TRAVASSOS, Luciana Rodrigues Fagnoni Costa. Revelando os rios: Novos paradigmas para a intervenção em fundos de vale urbanos na Cidade de São Paulo. Tese (Doutorado – Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
130
Documentários e sítios virtuais:
ENTRE rios. Direção: Caio Silva Ferraz. Produção: Joana Scarpelini. Trabalho de conclusão do curso em Bacharelado em Audiovisual. São Paulo: SENAC-SP, 2009. (25 min) Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=Fwh-cZfWNIc> Acesso em: 12.março.2018. MEDEIROS, Hélio. Há relatos do Dilúvio em quase todas as civilizações espalhadas pelo mundo. 2015. Disponível em: <https://sumaapologetica.com/2015/01/26/ha-relatos-do-diluvio-em-quase-todas-civilizacoes-espalhadas-pelo-mundo/> Acesso em: 13.março.2018. RIO pinheiros – Sua História e perspectivas. Direção: Diana Zatz Mussi. Realização: Estúdio Varanda. 2015. (13 min) Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0ZDfLI2BuW4> Acesso em: 10.abril.2018. SEABRA, Odette. Entrevista concedida ao caderno Aliás do jornal O Estado de São Paulo, 12.dez.2009. In: MARSIGLIA, Ivan. A várzea pertence ao rio. 2009. Disponível em: <http://alias.estadao.com.br/ noticias/geral,a-varzea-pertence-ao-rio,481032>. Acesso em: 15.março.2018. SP URBANISMO. Nota Técnica Arco Jurubatuba. 2016. Disponível em: <https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov. br/wp-content/uploads/2016/12/ACJ_NotaTecnica.pdf> Acesso em: 22.março.2018. Anexos da Nota Técnica Arco Jurubatuba. 2016. < https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/12/ACJ_NT_AnexoI.pdf> Acesso em: 22.março.2018.
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Documentários e sítios virtuais: INOVA social. Madrid Rio: um exemplo de solução de impacto para metrópoles. 2016. Disponível em:<http:// inovasocial.com.br/solucoes-de-impacto/madri-rio-um-exemplo-de-solucao-de-impacto-para-metropoles/> Acesso em: 25.abril.2018. ISSUU. Jiading Central Park in FuturArc.2016. Disponível em: <https://issuu.com/sasakiassociates/docs/jiading-futurarc> Acesso em: 27.abril.2018 KAYO, Angela. Onde passava o Rio Pinheiros. 2013. Disponível em: <https://riopinheiros.wordpress.com/ onde-passava-o-rio-pinheiros/> Acesso em: 11.abril.2018 LANDEZINE. Jiading Central Park: Sasaki. 2016. Disponível em:<www.landezine.com/index.php/2016/08/jiading-central-park-by-sasaki/> Acesso em: 27.abril.2018. LANDEZINE. Madrid RIO: West8. 2011. Disponível em:<http://www.landezine.com/index.php/2011/04/madrid-rio-by-west8-urban-design-landscape-architecture/> Acesso em: 25.abril.2018. LANDEZINE. Qunli National Urban Wetland: Turenscape Landscape Architecture. 2014. Disponível em: <http:// www.landezine.com/index.php/2014/01/qunli-national-urban-wetland-by-turenscape/> Acesso em: 27.abril.2018. MOLINERO, Bruno. Grupo cria campanha e abaixo-assinado para tentar despoluir o rio Pinheiros. 2017. Disponível em:http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2017/10/1922809-grupo-cria-campanha-e-abaixoassinado-para-tentar-despoluir-o-rio-pinheiros.shtml Acesso em: 11.abril.2018. OLIVIERI, Antonio Carlos. Mitologia: Uma das formas que o homem encontrou para explicar o mundo. 2005. Disponível em:<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/mitologia-uma-das-formas-que-o-homem-encontrou-para-explicar-o-mundo.htm> Acesso em: 13.março.2018. SANTOS, Valentim. A água nas religiões.2012. Disponível em: <http://historiaedidatica.blogspot.com. br/2012/12/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_22.html> Acesso em 13.março.2018. SIQUEIRA, Mariana. Vias marginais de rio Manzanares são enterradas para a criação de parque linear em Madri, Espanha. 2011. Disponível em:<http://www.landezine.com/index.php/2011/04/madrid-rio-by-west8-urban-design-landscape-architecture/> Acesso em: 25.abril.2018. 133
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Espuma de poluição cobrindo o Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus. Fonte: Helio Suenaga/Futura Press/ Folhapress. Figura 2: Peregrinação pelo Rio Ganges em Varanasi, Índia. Fonte: Alex Dissanayake/Getty Images Figura 3: Ocupação às margens dos rios Tigre e Eufrates, Mesopotâmia. Fonte: Zicasso Figura 4: Importante ponto de encontro, negócios e estacionamento de animais, bondes e carroças na Ponte do Acu, sobre o rio Anhangabaú. Jean-Baptiste Debret, Ponte do Acu, São Paulo, 1827, aquarela sobre papel. Coleção de João Moreira Garcez. Fonte: Hélio Nobre e José Rosael. Figura 5: Capa do Plano de Avenidas, elaborado por Prestes Maia. Fonte: Reprodução/Prestes Maia Figura 6: Esquema do Plano de Avenidas. Fonte: Reprodução/Prestes Maia Figura 7: Enchente no Vale do Anhangabaú em 1953. Fonte: Divulgação/Rios e Ruas Figura 8: Proposta Back Bay Fens, 1879. Fonte: www.fredericklawolmsted.com/back.html Figura 9: Imagem publicada na obra da Comissão de Saneamento de Santos. Fonte: www.novomilenio.inf.br/santos/h0076e13.htm Figura 10: Woodlands, 1970 Fonte: ladprofile.weebly.com/ian-mcharg-1920-2001.html Figura 11: Antes - Praticantes de remo. Fonte: Centro Pró-Memória Hans Nobiling/divulgação Figura 12: Hoje - Concentração de poluição. Fonte: Odair Faria Figura 13: Ilhas de calor – esquema. Fonte: Marcos Pivetta/Revista Pesquisa FAPESP. ed 200, 2012 Figura 14: Esquema de um jardim de chuva. Fonte: EMBRAPA Figura 15: Esquema de um canteiro pluvial. Fonte: Nathaniel S. Cormier Figura 16: Esquema de uma lagoa pluvial. Fonte: Nathaniel S. Cormier 134
Figura 17: Esquema de biovaleta, confeccionado durante workshop no Centro Universitário SENAC. Fonte: Acervo do autor Figura 18: Teto verde – esquematização. Fonte: ArquiDicas Figura 19: Esquema de Ilha Flutuante. Fonte:https://tcwp.tamu.edu/floating-wetland-islands/ Figura 20: Plantio em curva de nível. Fonte: Mundo Educação Figura 21: Horta Urbana. Fonte: Depositphotos.com/Hannamariah Figura 22: Parque Ibirapuera. Fonte: CicloVivo Figura 23: Esquema de piso drenante. Fonte: Pinterest Figura 24: Corte Esquemático - Túnel. Fonte: Landezine Figura 25: Projeto Madrid RIO. Fonte: Landezine Figura 26: Rio Los Angeles após a canalização. Fonte: Wenk Landscape Architecture & Planning Figura 27: Aproximação com a água por meio de atividades de lazer e contemplação Fonte: Wenk Landscape Architecture & Planning Figura 28: Colar de lagoas pluviais responsável pela filtragem e armazenamento do volume de água coletado no entorno da zona úmida. Fonte: Turenscape Figura 29: Caminhos, plataformas e mirantes garantindo o contato com a natureza. Fonte: Turenscape Figura 30: Transversalidade, conectando as duas margens e os principais fluxos do local. Fonte: Sasaki Figura 31: Recuperação da vegetação e possibilidades de interação com o rio.
Fonte: Sasaki
Figura 32: Recreação e convívio social através da água. Fonte: Sasaki Figura 33: Red Ribbon (China, 2006)
Fonte: Turenscape 135
Figura 34: Tianjin Qiaoyuan (China, 2008) Fonte: Landezine Figura 35: Rio Aivy (China, 2013) Fonte: Archdaily Figura 36: Perreux River Banks (França, 2013) Fonte: Landezine Figura 37: Kalvebod Waves (Dinamarca, 2013) Fonte: Landezine Figura 38: Buffalo Bayou Park (Estados Unidos, 2015) Fonte: SWA Group Figura 39: Baton Rouge Lakes (Estados Unidos, 2016) Fonte: SWA Group Figura 40: Shunde Guipan River Waterfront (China) Fonte: SWA Group Figura 41: Parques ao longo do Rio Pinheiros. Fonte: Google Earth (editado pela autora) Figura 42: Rio Pinheiros e suas curvas antes da retificação Fonte:Pinterest Figura 43: Traçado original do Rio Pinheiros (azul) sobrepondo sua situação atual. Fonte: Pinterest Figura 44: Rio Pinheiros como espaço de lazer na década de 20. Fonte: Centro Pró-Memória Hans Nobiling/Divulgação Figura 45: Intervenção “Trampolim”, remetendo à utilização do Rio Pinheiros para práticas esportivas no passado. Fonte: Eduardo Srur. Figura 46: Capivaras na ciclovia do Rio Pinheiros. Fonte: Pinterest Figura 47: Área de intervenção com a delimitação do perímetro do bairro Jurubatuba em vermelho. Fonte: Google Earth Figura 48: Habitações e muros em volta da área de intervenção. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 49: Presença de pequenas praças no entorno, permitindo a criação de um sistema de áreas verdes. Fonte: Acervo da autora. Figura 50: Linhão existente em toda a extensão do terreno. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva
136
Figura 51: Situação atual da vegetação. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva. Figura 52: Acúmulo de detritos nas margens do rio. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 53: Percurso existente às margens do rio. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 54: Entulho descartado embaixo da ponte Jurubatuba (Av. Interlagos). Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 55: Espaço disponível para permanência e criação de um mirante. Fonte: Acervo da autora Figura 56: Acesso à ciclovia através das estações da CPTM. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 57: Ciclovia e percurso existente às margens do rio. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 58: Presença de animais. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 59: Presença de animais e cursos d’água intermitentes ao longo do terreno. Fonte: Cedida pela colega de curso Ana Carolina Poli da Silva Figura 60: Área de intervenção - Plano de Massas atendendo as diretrizes definidas. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 61: Desenhos iniciais. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 62: Desenhos iniciais. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 63: Corte síntese das intenções de projeto. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 64: Implantação. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 65: Ilustração de Traffic Calming. Fonte: Pinterest. Figura 66: Exemplo de painel artístico. Fonte: Eduardo Kobra
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Figura 67: Maquete de estudo topográfico, com delimitação da área de intervenção em vermelho. Fonte: Acervo da autora Figura 68: Topografia - Transposição e Wetland. Fonte: Acervo da autora Figura 69: Land-Art. Fonte: Simon Robinson/Transition Consciousness Figura 70: Maquete topográfica, mostrando o mirante/land-art ao fundo. Fonte: Acervo da autora Figura 71: Cortes. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 72: Percurso longitudinal estruturado em palafita. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 73: Repositório da Mata Atlântica na faixa de servidão. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 74: Ponte móvel, permitindo a circulação entre as margens sem prejudicar a navegação. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 75: Entrada R. Francisco Mende Fonte: Elaborado pela autora. Figura 76: Caminhos e deck margeando o rio. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 77: Deck em frente a EMEF Prof. Almeida Júnior.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 78: Ligação direta entre o pátio da EMEF Prof. Almeida Júnior e observatório. Fonte: Elaborado pela autora Figura 79: Deck à beira rio e ponte móvel. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 80: Incentivo à navegação fluvial. Fonte: Elaborado pela autora Figura 81: Área de permanência.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 82: Palco para apresentações e praça do leitor. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 83: Área alagada e permanência ao fundo. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 84: Foodpark- Desenho de piso organizando o espaço para os foodtrucks. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 85: Wetland. Fonte: Elaborado pela autora. 138
Figura 86: Alargamento da transposição funcionando como um mirante para o wetland. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 87 : Transposição conectando o parque até a Estação Jurubatuba, permitindo que o visitante caminhe entre as copas das árvores. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 88: Deck e caminhos sobre o Wetland, criando áreas de encantamento e aproximando a população da água. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 89: Ampliação - Centro Cultural. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 90: Espaço de contemplação e convivência em frente ao Centro Cultural. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 91: Biovaleta e Skatepark. Fonte:Elaborado pela autora. Figura 92: Área de playground, marcada pela paginação colorida, criando um ambiente lúdico . Fonte: Elaborado pela autora. Figura 93: Centro de Educação Ambiental. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 94: Estufas e jardins de chuva ao redor de Centro de Educação Ambiental, estimulando o contato com a natureza. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 95: Deck e Biovaleta ao redor do Centro de Convivência do Idoso. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 96: Espaço de contemplação e lagoa pluvial. Fonte: Elaborado pela autora.
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LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Arco Jurubatuba (laranja) e demarcação da área de intervenção. Fonte: Gestão Urbana SP (editado pela autora
LISTA DE DIAGRAMAS
Diagrama 1: Macroárea, Zoneamento e Uso do Solo. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados encontrados do documento: ACJ - Nota Técnica Diagrama 2: Zeis, Vulnerabilidade Social e Densidade Demográfica Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados encontrados do documento: ACJ - Nota Técnica Diagrama 3: Áreas Verdes e Mobilidade Urbana. Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados encontrados do documento: ACJ - Nota Técnica
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Serviços ambientais das áreas verdes. Fonte: Henke – Oliveira (2001) apud SANCHES, 2014 p. 48
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LEGENDAS DOS DIAGRAMAS Diagrama 1:
Diagrama 2:
Diagrama 3:
Macroรกrea:
Zeis:
ร reas Verdes:
Zoneamento:
Vulnerabilidade Social:
Uso do Solo:
Densidade Demogrรกfica:
Mobilidade Urbana:
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ANEXO
142
143
P A R Q U E F L U V I A L RIO PINHEIROS PROGRAMAÇÃO
PROJETOS
A G E N D A ESPECIAL DEZEMBRO
03 SAB
TRILHA (RE)CONHECENDO: ESPÉCIES NATIVAS HORÁRIO: das 14h00 às 17h00 LOCAL: Encontro em frente ao Centro de Educação Ambiental
VIDA E SAÚDE NO RIO PINHEIROS Através de palestras, dinâmicas e encontros, o projeto aborda assuntos relacionados à prevenção e saúde no esporte, com orientações médicas, avaliações e orientações nutricionais e físicas.
SAB
OFICINA “ÁGUA, VIDA PARA TODOS” HORÁRIO: das 09h00 às 12h00 LOCAL: Centro de Educação Ambiental OBS:Inscrições abertas
17 SAB
TRILHA (RE)CONHECENDO: INFRAESTRUTURA VERDE HORÁRIO: das 14h00 às 17h00 LOCAL: Encontro em frente ao Centro de Educação Ambiental OBS:Atividade guiada por monitores
MEDITAÇÃO.......................... 10h00 Local: Deck próximo ao Centro de Educação Ambiental
SEG
NÚCLEO DE ECONÔMIA SOLIDÁRIA........13h00 Local: Centro Cultural
ALONGAMENTO........................15h00 Local: Deck em frente ao Centro Cultural
CAMINHADA.......................... 08h00 Partida: Praça de entrada da Av. do Rio Bonito
Horário:SEG a SEX das 07h00 às 11h00 SAB e DOM das 13h00 às 17h00 Local: Centro de Convivência do Idoso
OBS:Atividade guiada por monitores
10
ATIVIDADES SEMANAIS
CULTIVO COMUNITÁRIO................10h00 Local: Hortas Comunitárias
TER
YOGA........................15h00 Local: Deck próximo ao Centro de Educação Ambiental
MEDITAÇÃO.......................... 08h00
PROJETO INTEGRAÇÃO Voltado para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social que residem nos bairros próximos ao parque, o projeto oferece atividades culturais, recreativas e esportivas em diferentes horários.
Local: Deck próximo ao Centro de Educação Ambiental
QUA
COLÓQUIO CULTURAL..................14h00 Local: Palco
OFICINA DE MÚSICA...................16h00 Local: Centro Cultural
CAMINHADA.......................... 08h00 Partida: Praça de entrada da Av. do Rio Bonito
Horário:SEG a SEX das 07h00 às 11h00 e das 13h00 às 17h00 Encontro: Deck em frente ao Centro Cultural
ARTE NO PARQUE O projeto busca trazer atrações variadas, como exposições artísticas e shows gratuitos no Parque Fluvial Rio Pinheiros. As apresentações acontecem todos os finais de semana e feriados.
ATELIÊ LIVRE.......................10h00 Local: Hortas Comunitárias
QUI
RODA DE LEITURA.....................15h00 Local: Praça do Leitor em frente ao Skatepark
ARTES PLÁSTICAS.................... 08h00 Local: Centro Cultural
SEX
VISITA MONITORADA..................10h00 Partida: Praça de entrada da Av. do Rio Bonito
DANÇA CIRCULAR.....................15h00 Local: Deck em frente ao Centro Cultural
YOGA............................... 08h00 Local: Deck próximo ao Centro de Educação Ambiental
24 SAB
OFICINA “PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL” HORÁRIO: das 09h00 às 12h00 LOCAL: Centro de Educação Ambiental OBS:Inscrições abertas
EXPO
DEZ
RIO PINHEIROS: DO DOMINADO AO DESEJADO HORÁRIO: das 09h00 às 17h00 LOCAL: Centro de Educação Ambiental
Horário:SAB E DOM às 11h00 e às 15h00 Local: Palco e Anfiteatro
NOVOS HORIZONTES
ARTE NO PARQUE......................11h00 Local: Anfiteatro
OFICINA JARDIM VERTICAL......13h00 às 15h00 Local: Estufa 01
SAB
ARTE NO PARQUE......................15h00 Local: Palco
TREINAMENTO DE CÃES.................17h00 Através de mesas redondas, o projeto busca a reflexão sobre o modelo de civilização atual e futuro, sua evolução e desdobramentos diante de temas atuais na sociedade. Horário:SAB das 9h00 às 11h00 (encontros quinzenais) Local: Anfiteatro
Local: Petparks
MEDITAÇÃO.......................... 08h30 Local: Deck próximo ao Centro de Educação Ambiental
ATELIÊ LIVRE.......................10h00 Local: Centro Cultural
DOM
ARTE NO PARQUE......................11h00 Local: Palco
COMPOSTAGEM DOMÉSTICA E MINHOCÁRIO...14h00 Local: Estufa 02
ARTE NO PARQUE......................15h00 Local: Anfiteatro
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
SÃO PAULO 2018