Larissa Rodrigues_H.I.S Interlagos

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Habitação de Interesse Social Interlagos

CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ALUNA: LARISSA RODRIGUES BEZERRA PROFESSOR ORIENTADOR: ARTUR KATCHBORIAN SÃO PAULO 2018


AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família por toda dedicação e apoio, por estarem presentes em todos os momentos, em especial ao meu pai, que me influenciou na escolha da Arquitetura e sempre será meu maior exemplo. Por fim agradeço ao professor e orientador Artur Katchborian por toda ajuda e envolvimento para conclusão deste trabalho. Devo essa conquista à vocês.


RESUMO

Sabemos que o problema social do déficit habitacional brasileiro vem crescendo com o passar dos anos, os valores absolutos são mais expressivos em São Paulo, único estado cuja necessidade de novas unidades habitacionais ultrapassa um milhão de moradias. A forma de ocupação, da maioria das habitações de interesse social dos dias atuais, busca o empilhamento e adensamento dos locais implantados, deixando em segundo plano a qualidade arquitetônica. O objetivo deste projeto consiste em levar habitação de qualidade ao local onde será inserido e oferecer infraestrutura cultural e de lazer para a comunidade local. O projeto intervêm no viário ao reativar uma via de pedestres que passara sob uma via de tráfego de veículos existente, para que os habitantes das comunidades adjacentes tenham acesso facilitado ao complexo usufruindo desta infraestrutura. O projeto apresenta 3 tipologias de edifícios habitacionais, uma biblioteca e uma creche. Em proporções entre áreas pública e privada generosas apresenta áreas livres entre praças e equipamentos urbanos. O conceito da habitação de Interesse Social, vinculada à uma infraestrutura cultural e de lazer traz maiores benefícios ao local de implantação. Palavras-chave: Habitação de Interesse Social; arquitetura; déficit, qualidade; população; infraestrutura.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO

01

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL

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DÉFICT HABITACIONAL NO BRASIL

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LEGISLAÇÃO

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ESTUDOS DE CASO

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TERRENO

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PROJETO

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste projeto é implantar um conjunto para moradias de interesse social em um vazio urbano, utilizando a infraestrutura urbana já existente. Oposto ao modo do sistema habitacional que ocorre atualmente, onde em sua maioria, não apresenta qualidade, opções de bem-estar, educação ou lazer. A proposta é implantar o projeto de um conjunto de Habitações de Interesse Social de qualidade, vinculado a áreas livres e infraestrutura adequada que interligam todo o programa, proporcionando apoio e lazer também para a região carente do entorno, composto por creche, biblioteca e equipamentos urbanos. Para chegar a tais conclusões, foram realizadas pesquisas a fim de compreender o histórico de habitação de interesse social no Brasil até os dias atuais, além do déficit habitacional e as legislações envolvidas na questão de habitação.


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C O N T E X T O


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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL Ao decorrer da história de urbanização do Brasil o território se organizou de maneira distinta. Desde o fim do período colonial até o final o século XIX, o índice de urbanização pouco se alterou no Brasil, entre os anos de 1890 e 1920 cresceu aproximadamente 3% e foi somente no período entre 1920 e 1940 que o Brasil viu sua taxa de urbanização triplicar, chegando a 31,24%. As reformas urbanas, realizadas em diversas cidades brasileiras entre o final do século XIX e início do século XX, lançaram as bases de um urbanismo moderno “à moda” da periferia. Realizavam-se obras de saneamento básico para eliminação das epidemias, ao mesmo tempo em que se promovia o embelezamento paisagístico e eram implantadas as bases legais para um mercado imobiliário de corte capitalista. A população excluída desse processo era expulsa para os morros e franjas da cidade (MARICATO, 2000, p. 22). Com a proclamação da República (1889), ocorreram algumas políticas de expulsão das classes pobres das áreas centrais da cidade, com a justificativa de controle sanitário por parte dos médicos-higienistas, como meio de normatização da sociedade. Assim, empresas de iniciativa privada investiram na construção civil e no fornecimento de habitações, porém esses investimentos não se destinavam à população de baixa renda. Como resultado, a população de baixa renda buscou suprir a crise de habitação ocupando terrenos vazios encontrados em subúrbios ou até em encostas de morros. No Rio de Janeiro, esse processo de expulsão da população de baixa renda já havia se efetivado na década de 1920 e em São Paulo esse processo ocorreu um

pouco mais tarde, pois até as décadas de 1930 e 1940 os cortiços eram a “habitação problema” (VILLAÇA, 2001, p. 229). Nessa época, o tipo de moradia predominante era a casa de aluguel. A produção habitacional estava ligada a iniciativa privada, o Estado não possuía grande participação no setor habitacional até a era Vargas (1930-1945), quando ocorreram transformações no país e o Estado precisou intervir. O que ocorria naquele momento era um surto urbano e industrial que ocasionou a modificação estrutural de muitas cidades brasileiras. A intervenção pública no setor habitacional surgiu junto da ideia de que o problema de habitação com condições dignas para moradia deveria sair do investimento de recursos públicos e fundos sociais. Os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPS) foram as primeiras instituições públicas que investiram na questão habitacional, mas sua principal finalidade era proporcionar benefícios previdenciários e assistência médica aos seus associados. Os Institutos foram muito importantes para a viabilização das incorporações imobiliárias, possibilitando o processo de verticalização e especulação imobiliária Um dos exemplos desses investimentos é o conjunto residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho (Figura 1), projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, e foi o que mais se destacou entre as obras realizadas pelos IAPS. O Conjunto, que foi projetado para abrigar funcionários públicos, e é de grande qualidade arquitetônica, está localizado no bairro São Cristóvão, Rio de Janeiro.


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Entre as décadas de 1940 e 1960, a política de habitação consistia na oferta de crédito imobiliário pelas Caixas Econômicas e pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPS)

Figura 1 – Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) – fonte:Arqguia

A década de 40 é, portanto, crucial no que se refere à ação do Estado no setor habitacional, quando ocorrem as principais intervenções do governo federal – congelamento dos aluguéis, produção em massa de moradias por intermédio dos IAPS e criação da Fundação da Casa Popular. Além disso, no mesmo período consolidou-se a aceitação, pelo Estado e pela população, de alternativas habitacionais precárias, ilegais e excluídas do âmbito capitalista, como a favela e a casa própria em loteamentos clandestinos e desprovidos de infraestrutura. Este processo ocorreu numa conjuntura dinâmica de transformações políticas, urbanização, crescimento econômico, mobilização popular e redesenho urbano (BONDUKI, 2004, p. 209).

ou por bancos incorporadores imobiliários. A organização de um órgão que centralizasse a política habitacional ocorreu em 1946, quando foi criada a Fundação da Casa Popular (Bottega, 2007). Desse modo, o Estado e os trabalhadores passaram a custear as moradias. O projeto da Fundação da Casa Popular fracassou porque os grupos que seriam mais beneficiados encontravam-se desorganizados ou desinteressados em ser interlocutores do governo na formulação de uma política social. Quando os militares tomaram o poder, o Brasil enfrentou muitas transformações de ordem política e administrativa e a questão habitacional passou a ser tratada de forma intensa e efetiva. O Sistema Financeiro da Habitação (SFH) foi criado pela Lei 4380/64 que instituiu “a correção monetária e o Banco Nacional da Habitação (BNH), que se tornou o órgão central orientando e disciplinando a habitação no País” (LEI 4380/64). Nessa época os conjuntos habitacionais podiam ser financiados através do BNH e por grandes indústrias. As Companhias Estaduais de Habitação (COHABS) eram as principais responsáveis pelo atendimento das demandas do BNH e, quando o Banco entrou em declínio, as Companhias tiveram seus financiamentos restringidos pelo governo central, a fim de diminuir o endividamento dos estados e municípios com a União.


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O Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães – Guarulhos (figura 2) é um bom exemplo de produção de habitação social, de qualidade, financiado com recursos do BNH. Foi projetado em 1967, pela Companhia Estadual de Casas para o Povo (CECAP), para funcionar como modelo de política estadual no Estado de São Paulo. O Conjunto foi projetado pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas, Fábio Penteado e Paulo Mendes da Rocha.

Figura 2 - Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães - Fonte: Revista AU

Já na década de 1980, quando é findado o período da Ditadura Militar, o Brasil desacelerou seu processo de metropolização. A crise econômica foi responsável pela desaceleração das atividades industriais e econômicas e isso contribuiu para uma desconcentração demográfica. A partir da segunda metade dos anos de 1980, iniciou-se uma nova etapa para as políticas urbana e habitacional brasileiras, pois a desarticulação do BNH agravou os problemas existentes e a questão urbana e habitacional passou a depender de instituições onde esses assuntos não eram os objetivos principais. Também, por parte da Caixa Econômica, tornou-se difícil dinamizar programas alternativos para os setores de menor renda. Foi uma fase de constantes reformulações nos órgãos responsáveis pelas políticas habitacionais. O BNH foi extinto em 1986, e suas funções e encargos foram transferidos para a Caixa Econômica Federal. A extinção do BNH trouxe consequências em relação aos programas alternativos, como o Programa Nacional de Mutirões, o enfraquecimento das Companhias Estaduais de Habitação (COHABS) e o desmembramento do Sistema Financeiro Nacional. A partir de 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, ocorreu, a retomada nos financiamentos de habitação e saneamento com base nos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Novos referenciais como flexibilidade, descentralização e diversidade foram adotados, rejeitando programas convencionais que tinham como base a construção de grandes conjuntos habitacionais. A partir de 2003, no governo de Luís Inácio Lula da Silva, com a criação do Ministério das Cidades, a política habitacional brasileira passou por um novo arranjo institucional. Seu principal foco de


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atuação é a inclusão dos setores excluídos do direito a cidade, já que a habitação e o acesso aos serviços básicos são fundamentais para a cidadania. A Política Nacional de Habitação (PNH), aprovada em 2004 pelo Conselho das Cidades, propõe a criação do Sistema Nacional de Habitação (SNH), sendo o planejamento habitacional um dos componentes mais importantes. Assim, formulou-se uma estratégia para diminuir o problema habitacional no país, elaborando planos habitacionais estaduais, municipais e nacional, dimensionando o déficit habitacional, as metas a serem atingidas e o necessário para alcançá-las. No ano de 2009, o governo Lula lançou o programa “Minha Casa, Minha Vida”, cuja intenção era construir um milhão de moradias. Pretendia-se com o programa promover o crescimento econômico do país. Porém o programa recebeu diversas críticas devido à sua forma de operação e por estar fora do Sistema/ Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS/ FNHIS), que promove o controle e participação social (Valença; Bonates, 2010). Já no Governo Dilma, iniciado em 2011, o programa “Minha Casa, Minha Vida” que, inicialmente foi criticado, continuou atuando fortemente para a resolução do problema habitacional brasileiro e a meta era atingir 2 milhões de casas e apartamentos até 2014. Segundo dados do Governo Federal, o objetivo do programa era “subsidiar a aquisição da casa própria para famílias com renda até R$ 1.600,00 e facilitar as condições de acesso ao imóvel para famílias com renda até R$ 5 mil”. O programa acontece em par-

ceria com Estado, Município, empresas e entidades sem fins lucrativos.

Os beneficiários são selecionados pelas prefeituras, assim os interessados devem se cadastrar na sede administrativa de seu município. As famílias interessadas devem ter renda de até R$ 5 mil

mensais e não possuir casa própria ou financiamento, nem ter recebido nenhum benefício habitacional do Governo anteriormente. Desse modo, confirma-se que o problema habitacional brasileiro é de difícil solução, pois as políticas adotadas apenas mascaram o problema e acabam beneficiando o setor privado e as classes mais influentes na geração de riquezas do país. Esse processo de valorização dos interesses de uma minoria prevalece há muito tempo e só poderemos contar com uma solução para os problemas urbanos das classes menos favorecidas quando essas ideias forem colocadas de lado. Concluindo assim, que as habitações de interesse social na década de 40 possuíam uma boa qualidade arquitetônica como o conjunto Pedregulho (figura 1), e o conjunto Zezinho Magalhães (figura 2), projetos no qual o arquiteto participou do processo e atendeu as necessidades de cada um. Com a mudança do meio de financiamento das habitações e problemas políticos, no ano de 2009, quando foi lançado o programa “Minha Casa Minha Vida”, a qualidade das habitações foi perdida, a intenção passou a ser apenas de solucionar o problema do déficit habitacional, e a qualidade arquitetônica deixada em segundo plano, isso acontece quando não há a separação da fase do projeto e da construção, com o arquiteto fora do processo, as construtoras projetam e beneficiam a si mesmas. Mas esse problema não é generalizado, em paralelo com as habitações de condições precárias, vem sendo projetadas habitações de interesse social de qualidade, como o Jardim Edite, 2010, Edifício Multiuso Grotinho, 2012, Conjunto Habitacional Vitoria-Gasteiz, 2012 e PPP Julio Prestes, 2018, que serão citados nos estudos de caso.


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D A D O S E L E G I S L A Ç Ã O


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DÉFICT HABITACIONAL NO BRASIL

Em uma pesquisa realizada em 2015 pela Fundação João Pinheiro, verificou-se que o Brasil enfrenta o seu maior déficit habitacional, que corresponde a 6,355 milhões de domicílios. No gráfico abaixo percebemos o aumento do déficit habitacional entre o ano de 2013 ao ano de 2015 nas regiões geográficas do Brasil, e a Região Sudeste é a que o houve o maior aumento.

Os valores absolutos do déficit habitacional são mais expressivos em São Paulo, único estado cuja necessidade de novas unidades habitacionais ultrapassa um milhão de moradias, totalizando 1,337 milhão de unidades em 2015. Deste total, quase a metade do déficit está localizado na Região Metropolita de São Paulo.

Gráfico 1 - Comparativo Déficit Habitacional urbano entre as regiões geográficas de Brasil - Fonte: Autora


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LEGISLAÇÃO LEI Nº 11.124, DE 16 DE JUNHO DE 2005.

LEI Nº 11.888, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2008.

A lei número 11.888 altera a lei 11.124 citada anteriormente e assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita par o projeto e a construção de habitação de interesse social. Objetiva otimizar e qualificar o uso e o aproveitamento racional do espaço edificado e de seu entorno, bem como dos recursos humanos, técnicos e econômicos empregados no projeto e na construção da habitação. Além de formalizar o processo de edificação, reforma ou ampliação da habitação perante o poder público municipal e outros órgãos públicos, evitar a ocupação de áreas de risco e de interesse ambiental, e propiciar e qualificar a ocupação do sítio urbano em consonância com a legislação urbanística e ambiental.

A lei n 11.124 dispõe sobre o sobre o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS e cria o Fundo Nacional de Habitação. Tem o objetivo de viabilizar para a população de menor renda a terra urbanizada e à habitação digna e sustentável. Com a diretriz de implementar políticas e programas de investimentos e subsídios, viabilizando o acesso a habitação voltada para a população de menor renda. E tem o objetivo de articular, compatibilizar, acompanhar e apoiar a atuação das instituições e órgãos que desempenham funções no setor da habitação. A atuação do SNHIS devem observar os princípios de compatibilidade e integração das políticas habitacionais federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, bem como das demais políticas setoriais de desenvolvimento urbano, ambientais e de inclusão social; moradia digna como direito e vetor de inclusão social; democratização, descentralização, controle social e transparência dos procedimentos decisórios; função social da propriedade urbana visando a garantir atuação direcionada a coibir a especulação imobiliária e permitir o acesso à terra urbana e ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade.


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E S T U D O S C A S O

D E


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Jardim Edite - MMBB Arquitetos + H+F Arquitetos Projeto: Conjunto Habitacional Jardim Edite Arquiteto: MMBB Arquitetos e H+F Arquitetos Localização: São Paulo, Brasil Área: 25.700 m² Programa: 252 apartamentos sociais; 1 restaurante-Escola; 1 unidade básica de saúde; 1 creche. Para garantir a integração do conjunto de habitação social à sua rica vizinhança, o projeto articulou a verticalização do programa de moradia a um embasamento constituído por três equipamentos públicos – Restaurante Escola, Unidade Básica de Saúde e Creche – orientados tanto para a comunidade moradora como para o público das grandes empresas próximas, inserindo o conjunto na economia e no cotidiano da região. A concepção do Jardim Edite parte da necessidade de resolver um problema relacionado a uma questão de infraestrutura. A partir do desejo de tornar a arquitetura parte do panorama urbano – e não uma exceção – nasce o conjunto com uma morfologia e volumetria semelhantes aos prédios vizinhos. São alguns volumes verticais (torres de 17 pavimentos) e horizontais (duas lâminas com dois blocos de quatro andares, sendo o último dúplex) sem elevadores, que atendem às famílias com menor recurso, porque oferecem condomínio mais baixo. Todas as construções foram feitas com concreto moldado in loco, mas inicialmente houve a intenção de aderir a materiais pré-fabricados. A vantagem para este projeto residia no fato de poder contar com uma indústria capaz de atender a uma produção em escala maior, de forma mais ágil e com qualidade, uma vez que as

peças fundamentais são produzidas fora do canteiro, com mão de obra controlada. De forma econômica, a aplicação do concreto aparente restringe-se às lajes de cobertura dos equipamentos. Todo o resto é revestido.

Figura 3- Conjunto Habitacional Jardim Edite - Fonte:MMBB.com.br


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Edifício Multiuso Grotinho Projeto: Edifício Multiuso Grotinho Arquitetos: Marcos Boldarini, Sergio Faraulo Localização: São Paulo, Brasil Área: 1.000 m2 Programa: Áreas comerciais, habitações de interesse social, centro comunitário e Centro de Referência de Assistência Social (Cras). O prédio multiuso é composto por três blocos interligados, com áreas comerciais, habitações de interesse social, centro comunitário e Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Boldarini explica que dividir a edificação em três blocos foi necessário, principalmente, para adequá-la às condições da gleba. Onde o terreno possui variações altimetrias e uma geometria curva. O primeiro bloco (em estrutura horizontal) abrange cinco áreas para comércio, no térreo, com 100 m² no total, mais um pavimento superior com duas habitações, de 50 m² cada, com dois quartos, sala, cozinha, área de serviços e banheiro. O segundo bloco, intercalado entre os conjuntos horizontal e vertical, compreende uma estrutura de pavimento único, com 60 m², destinada ao centro comunitário. Já o terceiro bloco, com três pavimentos, contempla uma unidade do Cras, no térreo, com 50 m², e duas habitações no primeiro e segundo andares, semelhantes às habitações do primeiro bloco. A disposição dos blocos é ascendente, sendo o segundo bloco situado meio nível acima do primeiro e o terceiro na mesma proporção em relação ao segundo. Foi feita uma espécie de jogo de amarrações de concreto interligando os três blocos.

Figura 4-Edifício Multiuso Grotinho - Fonte- Boldarini.com.br

Figura 5-Edifício Multiuso Grotinho - Fonte- Boldarini.com.br


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Conjunto Habitacional Vitoria-Gasteiz Projeto: Conjunto Habitacional Vitoria-Gasteiz Arquitetos: Iñaki Garai, Inés López Localização: Vitoria-Gasteiz, Álava, Espanha Área: 16400, 0 m² Programa: 104 unidades de habitações de interesse

social

O projeto conta com 104 moradias de interesse social. Os critérios projetuais são os valores urbanísticos, arquitetônicos, funcionais e estéticos. Os blocos estão unidos por um volume transversal de apenas um pavimento - de leste a oeste - no encontro com a estrada. Buscando potencializar ao máximo a dupla orientação Norte-Sul através da sala-cozinha, que conforma um ambiente longitudinal único que vai de uma fachada a outra e ao redor do qual se situam as demais dependências. Este espaço é limitado por dois grandes vazios em cada uma das extremidades e apresenta um terraço sobre a área de estar. Situada em um terreno retangular, a morfologia da edificação foi pré-determinada pelo Plano Parcial que define três volumes longitudinais no sentido Norte-Sul, com 9 pavimentos na porção que encontra a via e seis pavimentos nos dois terços restantes O edifício das habitações é resolvido com três núcleos de circulação vertical que acessam duas residências por andar, permitindo, assim, que as unidades tenham fachadas voltadas para as duas orientações.

Figura 8 - Conjunto Habitacional Vitoria Gasteiz - Fonte: Archdaily

Figura 9 - Conjunto Habitacional Vitoria Gasteiz - Fonte: Archdaily


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PPP Júlio Prestes - Biselli & Katchborian Projeto: PPP Júlio Prestes Arquiteto: Marcos Biselli e Artur Katchborian Localização: São Paulo, Brasil Área do Complexo: 94,6 mil m² Programa: Unidades Habitacionais, escola de música, praça, creche e lojas. Um complexo com 94,6 mil metros quadrados com conjunto habitacional, praça, escola de música, creche e lojas vai requalificar o bairro da Luz, na região central. O projeto, integra a Parceria Público-Privada da Habitação no Centro, realizada em conjunto com os governos estadual e federal. Os oito blocos do complexo serão dispostos no entorno de um boulevard, que será uma continuação da Rua Santa Ifigênia. Esse espaço terá quase 200 árvores, uma praça com 5,5 mil metros quadrados e 3,9 mil metros quadrados de áreas verdes. Integradas a este espaço, haverá 67 lojas e espaços comerciais, além de uma creche de 1,7 mil metros quadrados, que oferecerá vagas para 200 crianças. No setor residencial, serão oito edifícios: quatro prédios com 17 andares, um com 13 andares e três com 12 andares. O empreendimento oferecerá 1.130 unidades de habitação de interesse social. Destas unidades, 902 terão dois dormitórios, 216 serão de um dormitório e 12 contarão com três dormitórios. Outros 72 apartamentos, todos com dois dormitórios, serão destinados à habitação de mercado popular. Os blocos terão áreas de lazer internas e uma quadra esportiva.

Figura 6- PPP Júlio Prestes - Fonte: PPP+JULIO+PRESTES+low-Apresenta%C3%A7%C3%A3o.pdf

Figura 7- PPP Júlio Prestes - Fonte: PPP+JULIO+PRESTES+low-Apresenta%C3%A7%C3%A3o.pdf


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T E R R E N O


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LOCALIZAÇÃO Localizado na região do bairro Campo Grande, Santo Amaro, São Paulo, possui aproximadamente 42 mil m². Em um bairro com tipologia residencial predominante. Em seu histórico apresenta ter sofrido uma ocupação, por moradores de bairros próximos, como Jardim Miriam, Vila Joaniza, Cidade Ademar e Pedreira e outros, que buscavam sair de áreas de risco como a Favela da Fumaça, na divisa de município entre São Paulo e Diadema, cidade do ABC Paulista.


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TERRENO


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MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Fonte: Autora


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SUBPREFEITURA DE SANTO AMARO TERRENO DO PROJETO

DADOS DO TERRENO ÍNDICES PROJETADO 42.135,52

-

ÁREA PERMEÁVEL

0,25

0,30

TAXA DE OCUPAÇÃO

0,70

0,19

1

0,95

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-

ÁREA DO TERRENO

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO GABARITO DE ALTURA


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MAPA DE ZONEAMENTO SUBPREFEITURA DE SANTO AMARO O terreno se encontra em uma ZM, segundo o Zoneamento são porções do território localizadas na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, que se pretende promover usos residenciais e não residenciais, com predominância do uso residencial, com densidades construtiva e demográfica baixas e médias. A principal característica da zona mista é viabilizar a diversificação de usos, sendo uma zona em que se pretende mais a preservação da morfologia urbana existente e acomodação de novos usos, do que a intensa transformação.


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P R O J E T O


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CONCEITO E PARTIDO O objetivo deste projeto consiste em levar habitação de qualidade ao local onde será inserido e oferecer infraestrutura cultural e de lazer para a comunidade local. O projeto intervêm no viário ao reativar uma via de pedestres que passará sob uma via de tráfego de veículos existente, para que os habitantes das comunidades adjacentes tenham acesso facilitado ao complexo usufruindo desta infraestrutura. O projeto apresenta 3 tipologias de edifícios habitacionais, cada uma com uma cor complementar que a caracteriza, onde as faixas de cor acompanham as janelas e criam a identidade das mesmas. A torre tipo 1 descansa sobre pilotis e garante visibilidade agradável e sem barreiras aos pedestres. Já as torres 2 e 3 possuem apartamentos desde o andar térreo, onde se encontram as habitações acessíveis, totalizando 10% dos apartamentos. Garantindo sua inserção no sítio, em proporções entre áreas pública e privada decidi não utilizar a totalidade do potencial construtivo proporcionado pela legislação. O que resultou em generosas áreas livres entre praças e equipamentos urbanos.


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VIA DE LIGAÇÃO


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MIRANTE Um largo e sinuoso eixo corta o complexo pontuado por três edifícios. Das extremidades, abrigam os programas de biblioteca e de uma creche. Já o central apresenta-se como uma grande praça elevada, revelando-se em um mirante para todo o entorno. Alinhado à rotatória pré-existente, alocasse como um portal de chegada da via reativada.


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IMAGEM PRAÇA CENTRAL


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BIBLIOTECA A esquerda do eixo temos a biblioteca, cujo programa abriga o acervo, salas de estudo e um auditรณrio que pode funcionar de maneira independente.


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IMAGEM BIBLIOTECA


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PLANTA TÉRREO BIBLIOTECA


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PLANTA 1ยบ PAVIMENTO BIBLIOTECA


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PLANTA MEZANINO BIBLIOTECA


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CORTE BIBLIOTECA


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CRECHE Locada à direita do eixo central temos a creche. Sem muros ou portões ela integra-se ao conjunto e tem como programa salas, berçário, refeitório e administração, além de horta para que as crianças interajam com a natureza.


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IMAGEM CRECHE


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PLANTA CRECHE


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CORTE CRECHE


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TORRE 1 Dispostas ao longo do norte magnético recebe insolação adequada em duas de suas faces. Alinhados com a rua e com gabarito mais baixo (4 pavimentos) dispensam elevadores. Repousam sobre pilotis, que enquadram o complexo para os pedestres.


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IMAGEM TORRE 1


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PLANTA TIPO TORRE 1


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PLANTA HUMANIZADA PLANTA UNIDADE 56M² 2 DORMITÓRIOS


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TORRE 2

Alinhada a 45 graus em relação ao eixo principal, além da insolação adequada permitem uma perspectiva exuberante do complexo. Possuem 4 unidades por andar e atingem o gabarito máximo permitido alcançando 10 pavimentos.


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IMAGEM TORRE 2


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PLANTA TIPO TORRE 2


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PLANTA HUMANIZADA PLANTA UNIDADE 55 m² 2 DORMITÓRIOS


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TORRE 3 Ocupam as arestas anteriores do terreno, possuem 8 unidades por andar e tal qual as torres duas alcançam o gabarito máximo legalmente possível.


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IMAGEM TORRE 3


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PLANTA TIPO TORRE 3


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PLANTA HUMANIZADA PLANTA UNIDADE 77 m² 3 DORMITÓRIOS


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IMPLANTAÇÃO PLAYGROUND ESPAÇO PET

PRAÇA CENTRAL EXERCÍCIOS CRECHE

BIBLIOTECA

ÁREA DE LAZER

ÁREA DE LAZER

PLAYGROUND


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C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S


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Através da pesquisa, e do estudo de caso, ficou evidenciado que as formas para buscar novos meios de habitação para suprir a demanda do déficit habitacional, possuem boa qualidade arquitetônica quando o arquiteto participa de todo o processo, com a mudança do meio de financiamento e problemas políticos, essa qualidade na maioria das habitações foi perdida, e a intenção passou a ser apenas de solucionar o problema do déficit habitacional, não levando em conta o meio inserido. Esse projeto busca implantar um conjunto de Habitações de Interesse Social apoiado à uma infraestrutura cultural, educacional e de lazer, proporcionada também para a população carente dos arredores. Tendo como premissa não sacrificar a qualidade do espaço público ou privado em troca da construção da máxima potencialidade do terreno, propondo proporções entre área comum e privativa adequadas, ligada a um amplo espaço de áreas livres e de convívio.


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R E F E R Ê N C I A S


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http://oaji.net/articles/2017/1602-1487076445.pdf http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/produtos-e-servicos1/2742-deficit-habitacional-no-brasil-3 http://fjp.mg.gov.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11124.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11888.htm http://www.mmbb.com.br/projects/details/74/4 http://www.boldarini.com.br/projetos/grotinho/ https://www.archdaily.com.br/br/01-110222/novo-conjunto-habitacional-de-interesse-social-em-vitoria-gasteiz-slash-acxt-arquitectos /C: /Users/Sony/Desktop/TCC%201/2017+11+29_PPP+JULIO+PRESTES+low-Apresenta%C3%A7%C3%A3o.pdf https://www.archdaily.com.br/br/01-110222/novo-conjunto-habitacional-de-interesse-social-em-vitoria-gasteiz-slash-acxt-arquitectos http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,policia-cumpre-reintegracao-de-posse-em-terrenos-na-zona-sul-de-sp,1702405 http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2016/03/ GEST%C3%83O2-smdu-zoneamento_ilustrado.pdf


LARISSA RODRIGUES BEZERRA 2018


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