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Moda, publicidade e fotojornalismo1
Alex Pazuello II
Nasci em Manaus, iniciei meu trabalho na década de 80 influenciado por Cesar Oiticica e Lula Sampaio, artistas de linguagem experimental e contemporânea. Em 1990, ingressei na Faculdade da Cidade no Rio de Janeiro, formando-me em Comunicação Social com especialização em Jornalismo em 1994. Ainda nessa época, trabalhei como assistente para fotógrafos publicitários como Sérgio Nedal, Dario Zalles e Ayrton Camargo. Para mim ter sido assistente foi fundamental para mergulhar de cabeça nesse mundo que, além do prazer, paixão e amor, tem que ser empreendedor, isso é, se desejar viver disso.
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Em 1995, surgiu a oportunidade de estudar na School of Visual Arts para cursar fotografia de moda e publicitária, em Nova York, onde passei morando seis anos dedicados a fotografia artística e experimental. Para me sustentar acabei trabalhando como assistente para fotógrafos publicitários e da moda. Gille Berger, Marc Selinger, Guns Butera, David LaChapelle, Adriano Fagundes e Hashi Studio. Esse último onde fui studio manager e onde me especializei em fotografia publicitária. Paralelamente, trabalhei como correspondente freelancer para os jornais O Globo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e para revistas Caras e Isto É Gente.
Foram longos seis anos dedicados aos estudos e ao mercado internacional. Minha passagem por New York me deu também um vasto conhecimento em equipamentos, tanto na parte de iluminação, como de câmeras de vários formatos, podendo utilizar de ferramentas variadas dependendo do resultado desejado. Além disso, pude também ter contato com agencias publicitárias e ver de perto como funcionava o mercado internacional.
De volta ao Brasil, em 2001, mudei para São Paulo com a intenção de experimentar o mercado trabalhando como freelancer para as revistas Isto É e Offshore. Voltei para o Rio de Janeiro, em 2003, mais por gostar do estilo de vida do que por conta do mercado. Lecionei como professor substituto na Universidade Estácio de Sá. Nesse mesmo período, fiz alguns trabalhos publicitários e, em 2004, retorno em definitivo para Manaus, minha cidade de origem, onde monto a instalação fotográfica Corpos Luzentes, idealizada quando ainda morava em Nova York. Foi um trabalho totalmente experimental em que fiz uma intervenção fotográfica. Sai de trás da câmera para ficar na frente dela, num quarto escuro reproduzindo a câmera escura, onde as únicas fontes de luz eram as das minhas lanternas, quase como uma brincadeira de criança, mas com intenções bem pensadas e pré-estabelecidas.
Comecei no fotojornalismo em 2005, no jornal Amazonas Em Tempo, onde tive a oportunidade de colocar e expressar minha linguagem eclética, fruto da fotografia publicitaria e de moda, através do olhar mais abrangente e contemporâneo. Consegui unir o fotojornalismo com o olhar publicitário e compreendendo que a fotografia vai muito além da técnica. Tem haver com as experiências vividas. Ouvi alguém dizer um dia: “Não é com o que se fotografa, mas sim como se fotografa”.
O fotojornalismo acabou me rendendo um reconhecimento nacional, o 9.° Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, em 2007, com a matéria Quando as Línguas Morrem, 2 veiculada pelo jornal Amazonas Em Tempo, onde retratei a luta indígena para preservar sua cultura e sua língua em São Gabriel da Cachoeira.
Atualmente, estou desenvolvendo um novo projeto, Invisíveis, no qual retrato o trabalhador portuário, os carvoeiros e carregadores que levam os alimentos para feiras. Esse projeto já se estende por oito anos, sendo várias vezes modificado e aperfeiçoado. Agora estou mais próximo do formato final e a ideia é que a instalação seja feita por meio de labirintos, com impressões translucidas em tamanhos originais sendo expostas em uma sala onde o publico terá uma visão sensorial dos aspectos do meu imaginário.
O que posso falar depois de 25 anos é que a fotografia está sempre se reinventando, quanto mais eu vejo, mais eu aprendo.
Notas
1. Título dos organizadores.
2. A fotografia premiada intitula-se São Gabriel, a terra onde vivem os ancestrais e integra a reportagem referida pelo fotógrafo (nota dos organizadores).