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2- CONCEITO DE EXPERIÊNCIA - CARÁTER ESTÉTICO POR JOHN DEWEY

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REFERÊNCIAS

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No capítulo 2 trago um breve resumo da história do Núcleo de Música Coral da UFMG, e relato minha vivência como preparadora corporal do mesmo, desde o ano de 2016. Ressalto minhas práticas com os corais enquanto artista-docente, as técnicas teatrais escolhidas para melhor atendê-los em nossos ensaios e os tipos de jogos teatrais escolhidos para a resolução de problemáticas que surgiam durante o percurso. Foi a partir dessa minha vivência, que pude exercer as práticas didáticas aprendidas durante os anos enquanto estudante de graduação em Teatro pela UFMG.

Considero importante salientar que a minha experiência como artista me auxiliou muito na conquista da capacidade de desenvolver um processo de ensino e aprendizagem de teatro, contudo, sem a licenciatura e os estágios em escolas básicas, sem minhas experiências em regência supervisionada, sem o estudo sobre planejamento de aulas e atividades, não seria possível estabelecer uma prática docente consistente o suficiente. Isto tudo para dizer que, a licenciatura é indispensável na formação docente.

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Capítulo 1

Conceito de Experiência - Caráter estético da experiência por John Dewey

John Dewey foi um filósofo e pedagogo norte-americano, que inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira no Brasil. Ele acreditava na arte como um caminho para formação de conceitos e de memorização de estudos de outras disciplinas na escola.

Em seu livro “Arte como Experiência”7 , ocupa-se da estética como mecanismo para o pensamento artístico. Ele aborda a filosofia da arte, tratando o conceito de experiência como atos que estão presentes e acontecendo a todo momento, e que podem nos auxiliar no entendimento destes campos de conhecimento e a pensarmos neles como metodologia de ensino e aprendizagem.

7 DEWEY, John. Arte como Experiência. São Paulo: Martins, 2010.

Dewey valoriza o fazer artístico diário, este seria mais importante do que o resultado final que essa experiência trará. Cada experiência é única e necessita de um início, um processo e uma conclusão para ser de fato uma experiência. E a arte, por sua natureza sensível, exige a realização prática de ações e processos, para que se torne experiência.

No decorrer de seu livro e mais especificamente no capítulo Ter uma Experiência, Dewey fala sobre alguns tipos de experiência, e estas são importantes para contextualizar a experiência artística da docente como fundamento filosófico para a sua prática. São elas: experiência do pensamento, a estética, a intelectual, a singular e a inestética.

A experiência singular se refere a uma qualidade de toda a experiência que passa a existir quando esta se conclui:

Conclui-se uma obra de modo satisfatório; um problema recebe sua solução; um jogo é praticado até o fim; uma situação, seja de fazer uma refeição, jogar uma partida de xadrez, conduzir uma conversa, escrever um livro ou participar de uma campanha política, conclui-se de tal modo que seu encerramento é uma consumação, e não uma cessação. Essa experiência é um todo e carrega em si seu caráter individualizador e sua autossuficiência. (DEWEY, 2010. p. 110)

Ao criar uma manifestação em arte é importante ter uma experiência singular. O fato de a docente reconhecer esta perspectiva na sua própria percepção, a compromete no sentido de buscar as alternativas necessárias para estimular e realizar o processo criativo completo com seus alunos e alunas. A atividade artística traz consigo uma produção reflexiva que recompõe ideias e visões de mundo, ampliando o repertório para as experiências seguintes, e esta produção tem a especificidade de envolver o corpo e as sensações diretamente na reflexão. Para Dewey:

Qualquer atividade prática, desde que seja integrada e se mova por seu próprio impulso para a consumação, tem uma qualidade estética. (DEWEY, 2010, p. 115)

Essa afirmação indica a experiência estética como meio para a experiência do pensamento. Em termos de sua ocorrência, o pensamento como experiência é a acumulação e a consumação de um movimento de “sinais ou símbolos sem qualidade intrínseca própria, mas que representam coisas em outra experiência, e que podem ser qualitativamente vivenciadas” (DEWEY, 2010, p.114). A experiência do pensamento é intelectual por seus elementos, e é estética por seu caráter emocional satisfatório.

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