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1 INTRODUÇÃO
from Andressa Cunha Miranda - A PRESENÇA DO JOGO E DO TEATRO NA ANIMAÇÃO DE EVENTOS E NA SALA DE AULA...
by Biblio Belas
1 INTRODUÇÃO
Neste artigo reflito sobre a importância dos jogos e brincadeiras do cotidiano da animação de eventos, relacionando essa experiência ao cotidiano de sala de aula de teatro. Para esse estudo, não diferencio jogos e brincadeiras, porém é importante dizer que, com as crianças, sempre uso o termo brincadeiras, pois é o termo que elas utilizam. Interessei-me por esse tema, quando comecei a trabalhar com animação de eventos infantis, há aproximadamente cinco anos. Após me formar nos cursos, Técnico em Interpretação Teatral pelo Teatro Universitário, TU-UFMG em 2013/02 e Bacharelado em Interpretação Teatral em 2014/01, pela EBA-UFMG, decidi dedicar-me à animação de eventos por diversos motivos, entre eles: identificação pessoal, prazer em trabalhar com crianças, boa remuneração, paixão por jogos e brincadeiras e, também, pela dificuldade na inserção profissional no restrito mercado de trabalho de atuação teatral. Revisitando minha memória infantil, lembro-me de que, muitas vezes, desejei “ser” a monitora da colônia de férias do GREMIG (Associação Recreativa e Cultural dos Empregados da Cemig – Gremig), clube recreativo para funcionários da empresa, no qual minha mãe trabalhou até se aposentar. Nessa época, eu tinha por volta de 7 a 10 anos e participei da colônia de férias por vários anos consecutivos, nas férias escolares. Eu amava participar de todas as atividades propostas e julgava que o trabalho dos animadores era muito bom, pois os profissionais sempre estavam felizes. Mais tarde, aos 15 anos, tive meu primeiro emprego de carteira assinada como monitora de educação infantil, no Instituto Sagrada Família, no bairro Caiçara. Minha função era acompanhar a rotina de sala de aula e do recreio. Em algumas ocasiões, eu substituía as professoras. Fiquei nesse emprego até a véspera do meu primeiro vestibular, quando percebi que precisava dedicar mais tempo aos estudos. Ao me formar na UFMG e me ver em busca de oportunidades de trabalho, nas quais minha formação teatral poderia ser reconhecida como diferencial, decidi buscar indicações para trabalhos em colônias de férias.
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Em janeiro de 2015, fui contratada pelo SESC/MG - Unidade de Venda Nova, para vaga de Recreadora Temporária, por apenas duas semanas, durante o período da colônia de férias que a empresa oferecia. Porém, meu contrato foi estendido por três meses, durando toda a temporada de férias de verão. Nessa unidade do SESC, há uma hospedaria e o movimento de
hóspedes e sócios no clube/hotel foi muito grande durante todo período em que trabalhei por lá.
Logo após o fim do meu contrato com o SESC, fui contratada como promotora de eventos na empresa de recreação e animação Recreart, a qual possui mais de 25 anos no mercado de eventos, sendo ela uma das pioneiras nesse ramo, em Belo Horizonte. Posteriormente trabalhei como freelancer para outras empresas. Entre os anos 2015 e 2017, realizei o estágio de regência nas Escolas: E. M. Arthur Guimarães, E. M. Nossa Senhora do Amparo e E. E. Princesa Isabel. Nesta última, fui também professora designada de Artes, no ano de 2015. As turmas eram de Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, e do Ensino Médio. Porém, somente após estabelecer a minha própria empresa de animação de eventos, em fevereiro de 2016, a MIRA LÚDICA, foi quando comecei a me aprofundar meus estudos no universo de jogos e brincadeiras, percebendo, de fato, alguns pontos de intercessão entre esses mundos: a animação, o teatro e a sala de aula. Nessa mesma época, mais precisamente no segundo semestre de 2016, assumi, como professora de Teatro, duas turmas de Educação Infantil, os respectivos 1º e 2º períodos. Com essas turmas, trabalhei diversas técnicas, entre elas: jogos e brincadeiras, mimeses de animais, canções e interpretação através de narração de histórias e diálogos. Foi durante essas aulas que pude perceber que, através dos jogos e brincadeiras, é que conquistava maior atenção e participação dos alunos. Percebia, também, que, nos jogos, as ações deles eram mais espontâneas se comparadas, por exemplo, ao momento de contação de histórias, atividade a qual utilizo tanto em festas quanto em sala de aula1. Acredito que, com os jogos, conseguimos deixar os alunos mais livres para se expressarem, o que torna as ações mais sinceras e verdadeiras.
Diante dos novos desafios como professora de teatro na Educação Infantil, decidi fazer o curso de Magistério no Instituto de Educação de Minas Gerais. Iniciei esses estudos no ano de 2016 e o concluí no final de 2017. Meu objetivo era pesquisar e ter mais informações sobre o universo infantil e sobre o comportamento das crianças menores de 5 anos, principalmente, em sala de aula. Pretendia, também, melhorar as propostas de brincadeiras e atividades da MIRA LÚDICA, bem como as aulas de Teatro que ministrava.
1 Neste texto não me aprofundarei sobre esse tema, pois ele precisaria de um novo artigo, pelo fato de demandar outras reflexões e referências teóricas. Vou ater-me somente aos jogos e brincadeiras.
Hoje, posso dizer que, de todos os conhecimentos que construí no Magistério, o mais importante para as crianças de zero a cinco anos é: aprender brincando, usar o lúdico no dia a dia, procurar inovar nas atividades propostas e usar a criatividade para que, através de brincadeiras e histórias, seja possível abordar todos os conteúdos programáticos. Pereira (2014) apresenta uma crítica à forma como a ideia de lúdico é usualmente utilizado no cotidiano escolar. Para ele,
o termo “lúdico” ganhou nas últimas décadas o significado restrito de prazer, de algo que se realiza sem dificuldades. O adjetivo passou a ser usado para caracterizar situações em que não estão presentes o conflito, a ansiedade ou a tensão. Aliás, esse emprego é muito comum na perspectiva pedagógica escolar. O que não é o nosso posicionamento, pois pode haver também momentos de tensão na situação lúdica. Por outro lado, a palavra “lúdico”, além de ter o sentido de jogo, brincadeira e divertimento, tem o sentido de ilusão e simulação. Nesse aspecto, ressaltamos que é por intermédio da atitude lúdica que os sujeitos estabelecem um acordo ficcional entre si ou com alguma coisa, transmutando a realidade da situação (PEREIRA, 2014, p. 249).
Sobre essa atitude lúdica, o acordo pré-estabelecido entre as partes (professor, animador/recreador e criança), percebo que ocorre tanto nas aulas de teatro quanto nos momentos de recreação em festas infantis. Para que haja cumplicidade nas atividades propostas é preciso estabelecer combinados, os quais, em sala de aula, são trabalhados paulatinamente, durante o dia a dia. Já, nos eventos sociais, precisam ser estabelecidos de forma mais rápida. Porém, gostaria de ressaltar que, nas animações, recorro a combinados que considero já serem costumes das crianças com seus professores em sala de aula, fato que, na maioria das vezes, é confirmado. Um exemplo disso é a fala rítmica: “Pampamramram, pam...” e as crianças respondem “pampam”, e as variações utilizando outras vogais, como “Pimpimrimrim, pim...”, resposta “pimpim”. Em todas as festas que utilizei essa fala, quando precisei de um momento maior de silêncio para explicar alguma atividade, não orientei as crianças sobre qual seria a resposta, somente comecei a cantarolar e elas, espontaneamente, foram me respondendo. Para este estudo fiz uma revisão bibliográfica e, durante a minha busca, encontrei muitas referências sobre animação/recreação e mercado de lazer, de autores da graduação e pósgraduação da área de Educação Física. No que diz respeito à área de teatro, não encontrei referências ligadas a esse tema no campo do teatro. Em busca de mais informações sobre o tema, realizei entrevistas audiovisuais com alunos e ex-alunos da graduação em Teatro da Escola de Belas Artes da UFMG e, ainda, do Teatro Universitário dessa mesma universidade. Os entrevistados foram: Babita Faria, Rafael Zanon, Tamiris Gouveia, Michel Sarantides, Samuel Macedo e Íris Harry. Eles ainda citaram outras pessoas com formação em Teatro pela