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5.1 Estátua Maluca

de forma simbólica, como, por exemplo, imitar algo ou adivinhar uma questão matemática, pois muitas crianças choram ao perder e, em uma festa, os clientes não querem ver nenhuma criança chorando. Em sala de aula, da mesma maneira, não queremos que as crianças fiquem chorando, inclusive prefiro fazer os jogos de competição, adaptando-os, para que ninguém saia da brincadeira ao perder, como Corre cotia, Estátua, entre outros. Nestas, ao invés de saírem, elas imitam um animal e continuam na brincadeira.

Como professora, meu objetivo é transmitir os conteúdos e, ao mesmo tempo, fazer aulas divertidas e interessantes com meus alunos. Em sala de aula, sinto que minha liberdade é maior nesse aspecto. No caso da criança que chora ao perder, consigo conversar e explicar a importância do jogar, de respeitar as regras e, ainda assim, poder aproveitar o momento da brincadeira.

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Sobre as regras do jogo em situações distintas, gostaria de exemplificar descrevendo dois jogos e as suas aplicações na animação e em sala de aula. A lista de brincadeiras que faço, tanto nas animações, quanto na sala de aula, é: Coelhinho sai da toca, Estátua, Estátua Maluca, Estátua Maluca em dupla, Corrida dos desafios, Prova dos obstáculos, Panoball, Macaco disse, Cara de quê, entre outras. Tamiris e Samuel citaram a brincadeira Batatinha frita 1,2,3; Tamiris ainda citou Estátua, Escravos de Jó, Baltazar mandou, 1,2,3 joga seta e Brincadeiras de roda. Dentre todas essas, selecionarei duas para descrever e comparar a aplicação na sala de aula e nos eventos. São elas: A Estátua Maluca, passando pela variação de Estátua maluca em duplas, e a Prova dos desafios.

5.1 Estátua Maluca

Ao iniciar a instrução, eu pergunto às crianças: Vocês já brincaram de Estátua? Conhecem a brincadeira Estátua Maluca? Quando eu disser “Estátua Maluca”, ninguém pode se mexer. Se todos fizerem a Estátua Maluca que eu disser, todos ganham chuva de espuma (daquelas de spray utilizadas em carnaval, em algumas ocasiões chamamos também de chuva de neve). Exemplos: Estátua maluca fazendo careta, Estátua Maluca de avião, Estátua Maluca de dinossauro. E assim continua a atividade até perceber que as crianças já não estão com o mesmo interesse na brincadeira.

Podemos combinar que, a cada rodada de Estátua maluca, uma criança que está participando da brincadeira, vai escolher um animal ou objeto, e todas as outras vão fazer a Estátua Maluca. Em uma festa, uma das crianças propôs fazermos Estátua Maluca de avião. Pontuo aqui esse acontecimento por dois motivos: primeiro porque tanto na animação quanto

em sala de aula acredito que seja necessário dar espaço para as crianças sugerirem, proporem e criarem no momento da brincadeira. Segundo, como professora ou animadora/recreadora, acredito que devemos estar em jogo, mas não ser “o exemplo” do jogo. Quando a criança sugeriu que todos fizessem a estátua de avião, eu fiz primeiro, e considero que falhei ao ser óbvia e fazer um clichê de avião, induzindo as crianças, que acabaram por reproduzir um padrão. Após perceber que elas, em sua maioria, estavam reproduzindo as estátuas que eu fazia, me mantive em jogo, porém, sem ser a primeira a fazer a estátua solicitada. Passei a ser uma das últimas a paralisar o gesto. Comecei, também, a incentivar que cada um fizesse a sua estátua, por exemplo: “Estátua de porta, cada um tem uma porta, umas grandes outras pequenas, abertas ou fechadas, com maçaneta ou sem.” E ao ouvirem as sugestões, eles pararam de somente olhar para o colega em busca de um exemplo e começaram a criar as suas próprias estátuas. A partir desse momento, percebi que surgiram imagens diferentes, algumas ainda bem similares entre si; contudo, a maioria aparentemente buscava algum elemento único. O mesmo ocorreu quando pedi “Estátua Maluca” de pedra, e depois a estátua que eles mais gostam de fazer, pela empolgação que demonstram quando eu peço: a Estátua Maluca com uma careta bem assustadora. Eles fazem suas caretas assustadoras com muito barulho e empolgação. Até que ponto o adulto, professor e animador/recreador, dentro do jogo, influenciam o modo de participação das crianças? Quando e em quais atividades participar ativamente? Qual a hora de se afastar para que as crianças tenham a oportunidade de criarem por si próprias? Quando a animadora/recreadora ou professora deve ficar ou sair do centro das atividades? Ryngaert (2009) diz que

quando uma oficina de jogo não fornece modelos de imitação, não impõe “padrões” a serem reproduzidos, ela conta com a invenção. Apesar disso, essa invenção potencial está contaminada pelas ideias que os jogadores têm da estética teatral e daquilo que se diz e faz nos teatros. A improvisação não é garantia de um produto original, saído inteiramente pronto da imaginação do improvisador; como já dissemos, muitas vezes a improvisação se limita a esquemas familiares e a estereótipos. Como poderia o jogador ser capaz de um ato criativo se ele vive uma espécie de aprendizagem e se, dentro de um período, segundo a tradição, ele deve imitar modelos antes de sonhar com obras pessoais? (RYNGAERT, 2009, p. 236).

Creio que a participação efetiva do adulto junto às crianças motiva a participação delas nas atividades, traz cumplicidade e segurança. Porém é preciso sempre refletir sobre qual momento de ser mais participativo e realmente jogar, e o de estar presente como observador ativo, mediador. E, ainda, em qual momento se distanciar para que as crianças desenvolvam maior autonomia.

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