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6 CONCLUSÕES
from Andressa Cunha Miranda - A PRESENÇA DO JOGO E DO TEATRO NA ANIMAÇÃO DE EVENTOS E NA SALA DE AULA...
by Biblio Belas
6 CONCLUSÕES
Gostaria de finalizar este trabalho com uma citação de Vigotski (2014, p. 89). Para esse autor, “a representação teatral está mais próxima e mais diretamente ligada às brincadeiras do que qualquer outra forma de expressão artística. Ela é raiz de toda a criatividade infantil”. Se, como o autor diz, a representação teatral está diretamente ligada às brincadeiras, está também diretamente ligada à animação de eventos, principalmente em festas infantis, pois o coração, o ápice, o auge das animações são as brincadeiras. Creio que todas as brincadeiras estão relacionadas e podem ser utilizadas, tanto no fazer teatral, como na animação, se o condutor fizer as modificações necessárias, de acordo com o seu público. Gostaria de ressaltar, aqui, as brincadeiras de faz de conta, que no universo infantil é o próprio fazer teatral. No trabalho com crianças, acredito que o desenvolvimento da criatividade é um dos pontos mais importantes, pois possibilita que as crianças se tornem mais participativas e expressivas. E o trabalho com faz de conta, o “ser” outro alguém estimula a criação e a expressividade das crianças. Sobre essa estreita ligação entre as brincadeiras e o teatro, Altemar (2016, p. 5) afirma que “para um observador desatento um jogo infantil pode ser apenas um jogo infantil, mas para alguém que busque perceber a teatralidade da infância pode ser um processo investigativo da trilha da experiência do brincar ao fazer teatro”. É preciso estar atento às possibilidades que os jogos e brincadeiras trazem para o fazer teatral. É preciso encontrar o que cada jogo pode e tem a oferecer e aproveitar desses elementos tanto para o ensino e criação em sala de aula, quanto para diversão nas animações. Lembrando, também, que cada turma que acompanhamos na escola e cada grupo de pessoas que acompanhamos em eventos são únicos e agem de uma forma determinada. Essa ação coletiva precisa ser observada tanto pelo professor como pelo animador/recreador, a fim de que eles consigam maior cumplicidade e maior escuta do grupo com o qual estão trabalhando. Percebi que a presença dos jogos e brincadeiras, tanto em sala de aula quanto nas animações, precisa estar de acordo com o perfil das crianças envolvidas, as faixas etárias e as disponibilidades dos participantes. Percebi, ainda, que, com as brincadeiras, crio um vínculo mais forte e mais harmonioso com as crianças, o que facilita muito meu trabalho, seja como professora ou como animadora/recreadora, tornando a minha comunicação, em ambos os casos, mais clara e mais acessível.
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Noto, também, que o repertório de jogos precisa ser flexível, podendo haver mudanças de acordo com a resposta dos participantes em cada atividade. E que o ponto mais importante
e primordial para que as brincadeiras funcionem, tanto na animação quanto em sala de aula, é o prazer de brincar, o prazer gerado por novas possibilidades e desafios, de estar verdadeiramente com o outro e compartilhar o momento presente, no qual o jogo acontece. Babita relata o seguinte:
toda vez que eu tenho que fazer [...] teatro, é muita brincadeira [...] o jeito mais fácil de acessar a criança é com brincadeira [...] a recreação ajuda muito no teatro, e o teatro ajuda muito na recreação, é muito cruzado esse relacionamento [...] nunca houve nada que eu fiz depois de trabalhar com recreação que não tivesse alguma coisa de recreação no meio [...] Eu descobri na recreação um espaço de fazer teatro (BABITA, 2018 - entrevista).
Eu acredito nisso e, do mesmo modo, encontrei na animação uma forma de fazer teatro e, no teatro, uma forma de levar as atividades de recreação comigo. Levar essa energia pulsante, esse brilho no olhar, uma forma descontraída e leve, porém com responsabilidade e seriedade, tendo sempre em mente a brincadeira como algo divertido e sério, algo que as crianças consideram e que realmente é muito precioso. Íris Harry16 disse na entrevista:
eu vi algumas referências que trabalham em festas que são atores, atrizes, cantores e fui pesquisando isso até iniciar um trabalho também de brincadeira. A princípio eu fiquei relutante, mas depois conheci algumas empresas que fazem isso de uma forma muito legal, e vi que tem uma ligação incrível com o trabalho de atriz [e] que eu não estou fugindo da minha área. Não estou com uma segunda alternativa. Estou colocando em prática a minha profissão. Acho que uma qualidade do ator, como animador, é a forma de conduzir as brincadeiras (HARRY, 2018 - entrevista).
Conversando com ela, percebi que nossos trajetos foram bem parecidos, entrando para a animação, a princípio, de forma despretensiosa e, depois, percebendo a profissão de animador/recreador como uma área também do teatro. Da mesma forma, outros atores que utilizam dos jogos e brincadeiras tanto em sala de aula, quanto no trabalho de animação, perceberam também. Agora, posso afirmar que há outros pares que veem na animação uma ligação direta com o Teatro e uma opção interessante e bem remunerada para inserção no mercado de trabalho em nossa área de estudos, seja como bacharel ou licenciado em Teatro. A presença do teatro na animação de eventos sociais, mas especificamente em festas infantis, realizadas por profissionais com formação acadêmica em Teatro, é cada vez maior.
16 Atriz formada pela Escola de Teatro PUC/MG e graduanda em Teatro pela UFMG, idealizadora da empresa de animação Quem Sonha, no mercado de animação, em BH, desde 2016.