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CAPÍTULO 2 – Dança e Performance, um Encontro A Performance Arte é um movimento que não delimita espaço, não delimita forma, não delimita o que pode ser feito, nem corpos ou expressões. Nela, o corpo está em evidência. Historicamente, a Performance Arte se deu a partir de movimentos artísticos de literatos e artista visuais. Porém, artistas do teatro, da música e da dança que já vinham em busca da desconstrução de técnicas clássicas começaram a introduzir novas formas de pensar suas artes, e a utilizar as ideias da não-arte e do não virtuosismo, além de desconstruir uma ideia de arte feita para entreter a elite. Dentro dessa perspectiva, Renato Cohen (2003) fala da live art, um movimento dentro da performance para entender como ela “encara a arte” e estabelece uma relação entre vida e arte: A live art é um movimento de ruptura, que visa dessacralizar a arte, tirando-a de sua função meramente estética, elitista. A ideia é resgatar a característica de ritual da arte, tirando-a de "espaços mortos", como museus, galerias, teatros, e colocando-a numa posição "viva", modificadora. (COHEN, 2013, p. 38)
Pensar a arte e suas linguagens nessa visão possibilita uma aproximação com o real, com o cotidiano. Ela foge de estereótipos e nos faz colocar os “pés no chão”, sugerindo que não é necessário ter “grandes pirotecnias” para se fazer arte. Entender a arte como parte da nossa vida nos aproxima da legitimidade e do porquê da sua existência, podendo ela estar associada à geração de reflexão ou à diversão. Assim como a performance, a dança tem o corpo como propositor da ação. O corpo em ambas as propostas artísticas propõe a interação, questiona, reflete, oferece aos espaços novas possibilidades de organização e pode, também, entreter. Ainda que essas linguagens se aproximem e possuam elementos que as associem, não é possível colocá-las dentro de uma única proposta, pois cada uma apresenta uma forma de fazer – o que não impossibilita suas contribuições. A ideia aqui, portanto, é mostrar que a dança e a performance conversam, interagem e se encontram. Quando pensamos nos lugares de desconstrução da dança ao longo da história, eles esbarram com o que a performance vem sugerindo ao longo de seu processo de construção. Essas linguagens vêm tentando desconstruir padrões na sociedade, e o corpo, sendo elemento para opressão e que oprime, é a principal “matéria” para a subversão. Nessa ideia, padrões estéticos como corpos definidos e o virtuosismo de movimentos, vão dividir os espaços da arte com corpos gordos, magros, deficientes e que fogem de quaisquer outros rótulos sociais. Segundo Pacheco (2011), “o corpo evidencia pensamentos, comportamentos em suas ações, e, por meio de soluções provisoriamente encontradas, pode subverter certas práticas cotidianas que afetam o seu modo de ser e estar no mundo” (p.18). É importante ressaltar que, quando falamos da desconstrução promovida pela dança e pela performance, não estamos falando em negar a história da arte e do seu tradicionalismo,