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de elementos tecnológicos, que são integrados ao processo criativo, e não são usados meramente como construção cênica. Foram diversos os artistas e as artistas que contribuíram e levaram o pensamento de ruptura de uma arte clássica para espaços urbanos, salas de arte e galerias, e propuseram uma criação cênica que não tivesse repertórios prontos como objetivo, nem uma virtuosidade ou uma música bem marcada para compor a cena. Dançarinos considerados vanguardistas do século XX, alguns ainda da arte moderna, outros considerados pós-modernos e/ou contemporâneos, como Loui Fuller, Maya Deren, Antonin Artaud, Kazuo Ono, Vicente Escudero, William Forsythe, Trisha Brown, Merce Cunningham, Marina Abramovic, Melati Suryodarmo, entre vários outros, revelavam processos performativos e contemporâneos de criação em suas obras. Eles criaram estratégias compositivas que subvertiam técnicas e procedimentos tradicionais em dança e/ou performance que estavam habituados a praticar, ousando investigar por outros caminhos, alguns arriscando contaminações entre dança, teatro, performance e tecnologias. (PACHECO, 2011, p. 30)
Desde o fim do século XIX e início do século XX, artistas da dança passam a incorporar em seus trabalhos cênicos movimentos naturais dos corpos em cotidiano, como correr e andar. Isadora Duncan20 rompe com símbolos que se tornaram clássicos na dança, como a sapatilha e o tutu. Opta por estar descalça, vestir trajes que não modelavam o corpo e deixar o cabelo livre. Ao longo século XX, artistas como Martha Grahan21 vão atuar na desconstrução do que seria dança clássica, propondo uma ruptura ao balé clássico e aos lugares onde ele poderia acontecer. Yvonne Rainer22, como vimos, além de propor uma concepção em que a dança poderia ser pensada a partir de gestos e ações cotidianas, propões um corpo que questiona sobre o que é ser um corpo que dança. Na década 50, Merce Cunninghan23 reflete sobre composições musicais que fogem das já estabelecidas nas danças de repertório. Cunninghan desconstrói a cena, a forma de
pela ciência dominante e passando a investigar o movimento nos seus próprios corpos.” (STRAZZACAPPA; MORANDI, 2006 apud VIEIRA, 2015, p 128). 20 Bailarina estadunidense, pioneira da dança moderna, nascida 1877. 21 “Martha Graham foi um dos grandes nomes da dança moderna norte-americana. Bailarina, coreógrafa e professora, ela rompeu com as rígidas convenções do balé e desenvolveu uma técnica que compreendia uma profunda relação entre respiração e movimento – extensão e relaxamento [...], gestos amplos e contato com o chão - abandonando, desta forma, alguns dos princípios básicos da dança tradicional.” (GONÇALVES, 2009 p. 9). Referência: GONÇALVES, Maria da Graça Giradi. Martha Graham: Dança, Corpo e Comunicação. Dissertação de Mestrado. Uniso. Sorocaba-SP: 2009. 22 Yvonne Rainer, (nasceu em novembro 1934, em São Francisco, Califórnia, EUA), coreografa e cineasta estadunidense, em ambos as áreas artistas rompeu com as convenções e apresentou elementos fundamentais para entender a dança e o audiovisual na contemporaneidade. Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/Yvonne-Rainer> acesso dia 16 de agosto de 2020. 23 Com coreografias abstratas, sem ligações simbólicas ou argumentos, Cunningham criou um estilo de dança experimental e vanguardista, a minimal dance, impondo essa disciplina artística como uma forma de arte independente. Após uma colaboração com Martha Graham, considerada a pioneira da dança moderna, fundou, em