Bossa #2 Maio 2016

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editorial

João Compasso

Direção: Michelle Vasconcelos Styling: André Monteiro Photo: Pitanga Fotografia Colaboração: Urban Arts e Wunderbar

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João Compasso

editorial

EDITOR Arrancamos entusiasmados com o nosso segundo número. Confesso que está sendo maravilhoso fazer a BOSSA. Para esta edição muita gente bacana, mais arte, cultura e tendências. A nossa capa é de peso. Serjão Loroza, com shows para Portugal e Espanha, é só generosidade em nosso bate-papo. E foram muitos os entrevistados deste mês. O embaixador Paulo Alberto, Cônsul do Brasil em Madri, revelou à Bossa sua estreita conexão com a cultura brasileira. Entrevistamos o diretor do Centro Cultural do Brasil em Barcelona, Wagner Novaes, que gentilmente nos recebeu para contar um pouco do trabalho realizado pelo CCBBcn. A jogadora de basquete, Hortência, esteve na Espanha para a divulgação dos 100 dias para as Olimpíadas Rio’16 e também conversou conosco. No “Trend”, uma descoberta fantástica: um clube de amigos chamado Bahiana Club. Em “Cinéfilos”, trazemos tudo sobre o I Festival de Cinema Lusófono da UCM. Mudança de clima e tempo, hora de mudar o guardaroupa da família. Luzie Lima prepara um editorial infantil para guiar as mães nesse início primaveril. A revista está recheada de coisas bacanas, graças aos nossos dedicados colaboradores. Todos são responsáveis pelo conteúdo que chega até vocês. Pretendemos chegar onde vocês estiverem, porque a BOSSA é um veículo dedicado a ser a voz e os ouvidos da comunidade. Participem!

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s SUMáRIO

24 – BOSSA FM Freestyle

8 – Entrevista

Embaixador Paulo Alberto

Poucos imaginam que por de trás do peso de anos de diplomacia, vive um artista. Assim o Cônsul do Brasil generosamente se mostrou. Arte, música e cultura foram os temas da conversa.

12 – Trend

A “Bahiana” madrilena

Descobrimos um local que é impossível não divulgar aos quatro ventos. Com um conceito moderno, porém caseiro, o Bahiana Club é um local para encontrar amigos, situado no boêmio bairro da La Latina.

18 – Soul brasileiro

Um pedaço do Brasil em Barcelona

O professor Wagner Novaes é responsável pelo Centro Cultural do Brasil em Barcelona, que existe há mais de 50 anos. Com mais de 25 à frente do projeto, ele explica a importância do CCBBcn.

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Qual é o seu estilo? Precisa ter um? As regras da sociedade ditam a forma de você se vestir e expressar? Você precisa conhecer o novo programa da Bossa FM, o Freestyle.

26 – Estilo de Vida Editorial infantil

O tempo muda e as roupas também, principalmente para as crianças que precisam conciliar proteção com mobilidade para executar suas atividades. Pensando nisso, Luzie Lima montou looks que podem lhe auxiliar na hora de vestir seu filho.

30 – Rio #16

Hortência, a rainha do basquete

Há 100 dias das olímpiadas, a jogadora Hortência esteve na Espanha para divulgar as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Crítica, mas confiante, a jogadora de basquete não ficou em cima do muro e falou o que pensa sobre os jogos do Rio’16.


Capa Foto: Divulgação do artista Execução: Gonzalo López de Egea Idealização: Trasto Creativo

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50 – Agora

Puente de Encuentro

32 – Especial Serjão Loroza

“A la James Bronw”, Serjão desembarca na Europa para alguns shows. Com uma carreira maravilhosa nas costas, ele fala sobre a sua trajetória, humor e arte.

38 – Trip

Por que o Caminho de Santiago vicia?

A mochileira e viciada de plantão pelo caminho de Santiago, Suzana Paquete, lista alguns motivos – todos muito contundentes – para que alguém se vicie no caminho mais conhecido do planeta.

44 – Cinéfilos

I Mostra de Cine Lusófono UCM

Três filmes e diversos expositores participarão da mostra que visa fomentar e divulgar a cultura brasileira através da sétima arte. Para a primeira exposição o tema relacionado é a literatura.

Encontrar é uma sina, pobre daquele que nunca tem encontros em sua vida. O projeto fomenta esse encontro de músicos brasileiros morando em diferentes continentes, o resultado é tão poético quanto o encontro.

58 – Be Natural

Conheça o MATCHA TEA

O chá tem propriedades milenares, mas mesmo com o passar do tempo, sempre está na moda – e isso é ótimo! Antes o verde, agora o Matcha. Conheça os segredos desse chá conhecido como “o rei dos chás”.

64 – Quixote Macunaíma

Quem são os brasileiros no exterior?

A resposta para essa pergunta, Flavio Carvalho tem na ponta da língua, “Diversidade! Tudo isso (e nada mais)”. Será que é tão simples assim ou complicado? Para saber a resposta, só entrando de cabeça no artigo do sociólogo.

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staff DIRETOR João Compasso EDITOR João Compasso EDITORA BARCELONA Daniela Pacheco REDAÇÃO Clarice Compasso Daniela Pacheco DESIGNER Gonzalo López de Egea Gómez - Trasto Creativo. COLABORAÇÃO Flávio Carvalho, Juliana Bezerra, Rafaella Marques, Tahone Jacobs, Luzie Lima, Suzana Paquete. Michele Vasconcelos, Rodrigo da Matta, Tahone Jacobs. REVISIÃO Claúdia Maciel CONTATO editor@revistabossa.com +34 64 007 41 77

DEPÓSITO LEGAL M-10540-2016 As opiniões expressas por nossos colaboradores são de responsabilidade exclusiva dos mesmos.

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entrevista consul

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Jo達o Compasso


Paulo Alberto Soares Arte e diplomacia andam juntas

Nascido no Rio de Janeiro, o Cônsul do Brasil em Madri, Embaixador Paulo Alberto Soares, cultiva uma estreita ligação com a arte desde o seu tempo juvenil. Antes de iniciar a carreira diplomática, estudou cinema e fez dois documentários para o cinema amador do Jornal do Brasil. Descobriu o mundo da fotografia e da música e possuía um círculo de amigos formado por atores de teatro e músicos. Sua vocação para as artes em geral, tinha de ser transmitida a um dos seus filhos. Apesar de possuir outra formação, hoje um deles é músico da Orquestra do Rio de Janeiro. Seus primeiros trabalhos na diplomacia também foram dedicados ao setor cultural, onde transita com uma maestria perspicaz. Hoje, à frente ao consulado brasileiro em Madri, ele segue atuante na divulgação da arte brasileira. É o responsável pela - bem dizer “volta ao mundo” da exposição “O Rio que eu piso” do fotógrafo carioca Bruno Veiga. Depois de estar em vários países asiáticos, a exposição chegou a Europa, debutando na Espanha em Madri. Atualmente está exposta em Salamanca, no Palácio de Maldonado (Plaza San Benedito, 1), com o apoio do Centro Cultural de Estudos Brasileiros. O trabalho do fotógrafo visa divulgar o patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro de uma forma incrivelmente poética. A exposição está aberta até o dia 11 de maio, seguindo depois a outras cidades espanholas. Quais foram suas primeiras influências artísticas? Sempre tive esse interesse pelo mundo das artes. Cheguei inclusive a estudar cinema quando tinha 18 anos. Porém, a minha formação se iniciou quando ainda estudava no

colégio Santo Inácio de Loyola, porque a formação ético-religiosa é muito importante. Não interessa se depois você vai seguir o catolicismo, budismo, hinduísmo ou qualquer outra religião. O fascínio do senhor sempre esteve voltado mais à sétima arte do que à música? A música sempre foi muito forte, mas a imagem também. Era 1966, tempo do cinema novo, quando se inaugurou o I Festival de Cinema Amador. De lá saíram talentos como: Rogério Sganzerla, Neville D’almeida e Bruno Barreto. Todos saíram desse caldeirão que era o Festival de Cinema do Jornal do Brasil. Então, o amor pelo cinema era evidente e, ao mesmo tempo, tínhamos a Bossa Nova estourando por todos os lados no Rio de Janeiro. Foi um grande fascínio. O senhor tem também uma relação muito interessante com as artes plásticas. Como surgiu a ideia de realizar tais exposições ao redor do mundo? Olha, quando você tem um interesse cultural, você sempre está nas galerias, assistindo a um filme, lendo muito. É um interesse espontâneo, quase que compulsivo. Eu não consigo deixar de ver um bom filme ou ler um bom livro. Assim, o fascínio pela pintura surgiu muito espontaneamente. Eu comecei a carreira diplomática no departamento cultural do Ministério de Relações Exteriores, onde eu mantive uma grande aproximação com artistas, pintores, escritores por pelo menos 3 anos. Esse começo me proporcionou ter contato estreito com grupos de artistas com o propósito de

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promovê-los no exterior. Assim, eu organizei eventos no Irã, na Suécia, na Argentina e em muitos lugares. [...] Tudo com o apoio do Itamaraty, porque a cultura também é diplomacia. Cultura é política, não é verdade? O meu objetivo foi sempre, como o de vocês, difundir a cultura brasileira, que, além do óbvio, é pouco conhecida. Além da difusão das embaixadas, dos consulados no meio diplomático, a difusão através da mídia é muito importante. Então, o jornalismo tem um papel muito importante. Parabéns pela ideia da BOSSA aqui na Espanha. Porque eles não tem um conhecimento específico da produção artística do Brasil. O que é o “Rio que eu piso”? É uma exposição absolutamente fantástica. Eu tive a sorte de ter essa exposição comigo, porque foi um presente do maravilhoso fotógrafo e amigo, Bruno Veiga. Fizemos a exposição dele na Argentina, Cingapura, Indonésia e agora na Espanha. É fantástico porque suas fotografias não são as óbvias do Rio. Ele explora as calçadas de Copacabana, Ipanema e do centro da cidade. Sendo ele um grande fotografo, faz quase que um concretismo com as calçadas de Copacabana e mostra esse outro Rio, o empedrado. Os desenhos do Roberto Burle Marx, que para mim é um dos maiores paisagistas do mundo, eternizaram a obra dele da qual brasileiros e estrangeiros podem desfrutar ao ar livre, a custo zero. Isso é uma democracia cultural que poucas vezes você vai ver no mundo. E não é um ponto ou dois. É todo o Rio de Janeiro. O Bruno é tão bom fotógrafo que suas fotos viram obra de arte. Quer dizer, obra de arte que o Burle Marx oferece ao fotógrafo. O mais engraçado é que a obra do Burle Max é considerada muito elitista, mas é bem ao contrário. Ela é absolutamente popular, as pessoas pisam em sua obra (risos).

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Os artistas brasileiros na Espanha hoje vivem um limbo no que se refere a incentivos artísticos. Não podem concorrer com projetos brasileiros e assim como também não podem concorrer a muitos incentivos espanhóis. Como o Itamaraty encara isso? É complicado. O que se pode fazer é reuni-los para que juntos possam ter ambientes para mostrar a arte deles. Não é fácil, mas também não é impossível. Por exemplo, pensar em tentar divulgar isso em meios mais abertos para que eles tenham visibilidade. [...] É preciso se movimentar e sair à luta e nós podemos dar essa divulgação.


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trend

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Redação


Uma “Bahiana” fincada no coração de Madri

O que é que a baiana tem? Como ela requebra bem... O que é que a baiana tem? [...] 13


A portuguesa mais brasileira da história, Carmen Miranda, já cantava o charme da baiana. Cantaria da mesma forma se tivesse a chance de conhecer a Baihana madrilena. Poucos lugares se deixam mostrar com tanto charme e cadência como o Baihana Club no boêmio e único bairro de La Latina. Cercado pela bela vista do viaduto e pelas ruas isoladas da antiga e misteriosa Madri, o local mantém um conceito progressista somado a aspectos vanguardistas. Diferente do que se pode encontrar em outros bares da região, o Baihana é um pequeno “jardim secreto” para os que desejam fugir das multidões que lotam as redondezas. Os proprietários - o uruguaio Santiago Estellano e as irmãs brasileiras Maria e Julia de Orleans e Bragança - optaram pela preparação caseira de todos os pratos do menu. “A nossa família é do tipo que está almoçando e pensando no jantar, criando o menu, pensando nos desejos. Então, essa ideia de fazer do Baihana a nossa casa faz com que a gente queira fazer uma comida caseira, simples, sem pretensão, mas que seja gostosa e com produtos de qualidade”, afirmou Julia de Orleans. O segundo nome Club não é apenas figurativo. A intenção dos sócios é criar um local que, de fato, funcione como um reduto de amigos: “nos tornamos uma verdadeira comunidade. É como um clube. As pessoas que frequentam o local acabam se conhecendo entre si. Você pode vir só que sempre vão ter pessoas a fim de interagir [...], essa sempre foi a nossa ideia”, afirmou o uruguaio. “Quem chega no Baihana, sabe que vai encontrar algum amigo, ou que vai fazer algum amigo, ou que vai ser recebido por alguém de nossa equipe que tem essa intenção de fazer com que todos se sintam

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em casa [...]. É um ambiente que atrai pessoas que tem em comum esse amor pelo bairro e que querem fugir da multidão turística do fim de semana”, concluiu Maria de Orleans. O nome foi pensado para homenagear o estado da Bahia, no Nordeste brasileiro. Apesar de estar no bairro de La Latina, o desejo era o de fugir do lugar comum, do trivial. “A gente queria um lugar um pouco fora dessa loucura de duzentos barzinhos de pincho tradicionais madrilenhos”, comenta Maria. A decoração também foi inspirada no estilo caseiro, o que torna o espaço um aconchegante ambiente familiar, com cantos tranquilos e uma área de bar para encontrar os amigos. Na primavera e no verão, o personagem principal é a terraza – que se faz presente lá como em toda boa casa. O responsável pela cozinha é o chefe espanhol Rodrigo Archilla. Segundo ele, existe uma liberdade muito grande no processo de criação dos pratos, apesar de ser uma escolha coletiva, decidida em comunhão com os proprietários do local. A frequência com que trocam o menu é de duas vezes ao ano. “Nós estamos querendo fazer algo que se fazia antigamente, que é usar o produto da estação. Voltar a comer as coisas quando tocam comer [...] é um processo mais balanceado”, defendeu Julia, explorando a ideia de elaborar pratos com vegetais e frutas da época. Apesar da alma brasileira, o restaurante não tem atualmente um prato tipicamente tupiniquim, mas adaptações ou fusões. “Eu gosto de pensar o cardápio do restaurante com toques tropicais, porque sempre tem


Pasteizinhos de moqueca de camar達o com molhinho de leite de coco.

Vieiras na chapa sobre creme de ervilhas frescas, alho negro e brotos de rabanete.

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Tiradito de merluza com cebola roxa e tomate raff.

um pouquinho da nossa influência brasileira. Não temos pratos brasileiros. No começo, fizemos uma feijoada, mas não era bem essa a ideia. [...] O que temos hoje com esse toque brasileiro é um pastelzinho com molho de moqueca”, revela Maria Orleans. O Bahiana Club é uma parada obrigatória para quem busca um ambiente agradável e saboroso. Além de oferecer um menu fresh,

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bossa e autêntico, tem as vantagens de um típico clube de bons amigos. Bahiana Club Calle Conde, 4, Madrid. Metrô: La Latina, Sol, Opera e Tirso de Molina. Telefone: 91 541 6563


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SOUL BRASILEIRO

Daniela Pacheco

UM PEDAÇO DO BRASIL EM BARCELONA O Centro Cultural do Brasil em Barcelona encontra-se na Casa Amatller, um dos edifícios mais representativos do modernismo catalão. Em pleno Passeig de Gracia, uma das avenidas mais charmosa de Barcelona, e, situado em um edifício-museu. É na emblemática Casa Amatller que encontra-se o principal agente de educação e promoção da cultura tupiniquim na Catalunha: o Centro Cultural do Brasil em Barcelona. “Há mais de 50 anos que o CCBBcn tem como objetivo a difusão da língua e cultura brasileira. Por isso, oferecemos o ensino sistemático da língua portuguesa falada no Brasil. O que é a nossa principal atividade atualmente em que estamos com um média de 200 alunos por ano”, disse Wagner Novaes, diretor do Centro Cultural do Brasil em Barcelona (foto). Grandes nomes da cultura canarinha participaram de eventos do CCBBcn como Celso Furtado, Arthur da Tavola e Suzana Amaral, entre outros. Com vasta experiência quando o assunto é cultura brasileira, Wagner Novaes é especialista em Literatura brasileira e professor aposentado das universidades de Bari, Roma, Buenos Aires e Barcelona. Também foi diretor dos Centros de Estudos Brasileiros em Roma e Buenos Aires. E desde 2003, é o coordenador da aplicação das provas do Celpe-Bras (Certificado de Proeficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros). Ele está há 25 anos à frente do Centro Cultural do Brasil em Barcelona, subordinado ao Consulado-Geral do Brasil, também em Barcelona, e ao Ministério de Relações Exteriores. Desde então foi o responsável por estimular diferentes formas de

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difusão da rica cultura brasileira, projetando não só a sua literatura, como também a produção cinematográfica. “Nós temos uma biblioteca com mais de 4 mil livros e uma midiateca toda digitalizada, inclusive, considerada a maior fora do Brasil com o intuito de divulgar a cultura do país. E tudo disponibilizado para empréstimo de forma gratuita. Agora estamos implantando uma nova ferramenta, o Moodle CCBBcn, que será um suporte para os alunos poderem usufruir de material complementar às aulas como documentos, sugestões e multimídia”, conta Novaes em entrevista para a Revista Bossa. Uma das atividades culturais programadas para este mês de maio promovidas pelo CCBBcn será o Ciclo de Cinema Brasileiro, cujo mesmo é realizado há 12 anos em Sant Sadurní d’Anoia em parceria com o Cineclube Amics del Cinema da cidade. Um outro evento é o Ciclo de Conferências intitulado “A lígua portuguesa no Brasil”. A atividade acontecerá todas as quintas-feiras, sempre às 19 horas, na qual serão abordados os seguintes temas: “A língua do Brasil é culturalmente negra”; “Presença árabe na língua portuguesa”; “Marcas dos imigrantes — italianos, alemães”; e “Debates sobre o português no Brasil no século XIX”. Já no mês de junho estão confirmadas as conferências “A gramatiquinha brasileira de Mário de Andrade” e “Acordos ortográficos”. As inscrições são gratuitas.


Prof. Wagner Novaes, diretor do Centro Cultural do Brasil em Barcelona.

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Banda black rio

Rodrigo da Matta

O lado NEGRO do Brasil Banda Black Rio

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O Brasil é o país das “misturas”. Disso todos sabemos. O que muita gente não sabe é que foi uma banda que revolucionou o cenário musical na década de 70, misturando o samba, o funk, o soul e o jazz para criar a sua identidade. Embarque com a gente nessa viagem no tempo que se inicia em 1976. Bem-vindos ao mundo dos grooves da Banda Black Rio! Nesta época, a música vivia um boom nunca antes visto. O selo americano Motown trazia à tona artistas como Marvin Gaye, Jackson Five e Stevie Wonder. Em paralelo, James Brown seguia afirmando seu estilo inovador de se fazer funk. Pela primeira vez na história, a música negra chegava, de forma massiva, ao grande público. No Brasil não foi diferente. Nessa mesma década nomes como Gerson King Combo, Toni Tornado, União Black, entre outros, representavam toda a influência da música negra americana em terras canarinhas. Pressionada por esse movimento, a gravadora WEA lançou uma caça a talentos ao redor do mundo. O responsável da WEA no Brasil, André Midani, passou então a bolar estratégias enquanto seu assistente artístico, Alcione Magalhães, indicou o irmão Oberdan Magalhães como cartada certeira na busca pelo novo. André comprou a ideia! Surgia assim, em 1976, a Banda Black Rio. E a música brasileira nunca mais foi a mesma. Para entender o nome da banda é necessário entender que nessa época a comunidade negra

do Rio de Janeiro estava em evidência e lutava por um espaço na sociedade. Cabelos black power, vestimenta única, um estilo de caminhar cheio de swing e malemolência eram impulsionados pelas produtoras conhecidas como “equipes de som” e seus bailes blacks! No comando dos bailes estavam as equipes Soul Gran Prix, Cashbox, Furacão 2000, etc. Tudo isso deu peso a uma organização social e ideológica chamada movimento “Black Rio”, mundialmente conhecido. A Banda Black Rio, aproveitou o boom do movimento black e deixou de lado a ideia de se chamar “Mr. Funk Samba” para carregar o nome do próprio movimento, o qual era um dos grandes protagonistas do momento. Em 1977, o “Maria Fumaça”, primeiro álbum da banda, foi gravado e lançado em apenas dois meses. Um disco incrível que mudou a história da black music no Brasil, vindo a ser cotado como um dos 100 melhores discos da história pela revista Rolling Stones. A banda ainda gravou o disco “Gafierira Universal” (1978) e “Saci Pererê” (1980). Em 1984, com a morte de seu líder Oberdan Magalhães, a banda adormeceu até ser retomada por seu filho William Magalhães, no ano de 2000, com o álbum intitulado “Rebirth”, seguido pelo “Movimento” (2001) e o “Supernova Samba Funk” (2011). No próximo mês de julho a banda completa 40 anos de estrada e anuncia mais uma turnê internacional, além do novo álbum “Som das Américas”, que está a ponto de ser finalizado.

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Gersom King.

Em abril a banda esteve em Madri e a BOSSA FM teve o prazer de entrevistar o atual líder da banda, William Magalhães. Muitas histórias, revelações e curiosidades que podem ser conferidas na íntegra no programa BOSSA FM ESPECIAL. Conheça toda a história da Banda Black Rio e saiba os detalhes sobre algumas faixas desde sua criação. Entre agora mesmo no site www.bossafm.com e dê o PLAY!

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BOSSA FM

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Rafaella Marques


Um dia questionei meu pai por estar usando sua camiseta do lado contrário. Ora bolas. Ele disse, meio sério, meio rindo: “Porque meu estilo é free. Eu sou freestyle e posso usar do jeito que eu quiser”. Quando estávamos escolhendo o nome do programa, nossa ideia principal era fazê-lo do jeitinho que a gente quisesse, com liberdade de criação e expressão. Num estilo bem nosso, bem cool, bem gostoso, onde pudéssemos falar sobre os temas do nosso interesse e pelo que sabíamos que muita gente também iria se interessar. Em um sábado ensolarado, em pleno inverno madrileno em fevereiro de 2016, saía da minha boca a palavra “free”, e, em seguida, “style”. Estava nascendo o programa Freestyle da BOSSA FM. Além de ser um programa que fala sobre arte, música, tendência e cultura, temos como objetivo atrair ouvintes que compartilhem das mesmas ideias, filosofias e que tenham interesses em comum com os meus, Rafaella Marques, e com os do Rodrigo da Matta, ambos criadores e apresentadores deste programa.

informações, arte, arte, arte e muita música boa! No primeiro programa falamos sobre o Liniker e os Caramelos, um artista maravilhoso que explodiu no circuito independente musical brasileiro e esperamos que ele chegue loguinho aos palcos europeus. #vemLiniker Já no segundo programa falamos sobre espaços que estão revolucionando cidades, comunidades e pessoas. Espaços que abrigam projetos sustentáveis, artísticos, que nasceram pequenos e, ainda bem, estão crescendo a cada dia. Contamos com a presença do artista multidisciplinar filipino (brasileiro de alma, berlinense de estilo) Pepe Dayaw, que trabalha no Agora, em Berlim, com seu coletivo Nowhere Kitchen. Promete uma coisa pra gente? Entre na www.bossafm.com e dê um PLAY agora mesmo! Você não vai se arrepender.

E neste formato de “podcast-empolgante-divertido-altoastral-prafrentex” queremos compartilhar ideias, fatos, histórias,

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estilo de vida

Luzie Lima

… PORQUE É PRIMAVERA! A ESTAÇÃO DAS FLORES CHEGOU E COM ELA UMA SELEÇÃO DOS LOOKS MAIS TRENDY PARA OS SEUS PEQUENOS.

Raul Becerril

sol que começa a aquecer; as festas de jardim que aparecem; os pic-nics; e porque não lembrar as aventuras no campo e a noite nos parques? Com a chegada de um clima assim, a mudança de roupa é obrigatória, especialmente no que diz respeito às crianças, que de um ano pra o outro crescem muito rápido. Neste sentido, é fundamental rever os trajes dos pequenos para avaliar o que realmente precisa ser renovado. Felipe Espinoza

Entramos, finalmente, na estação do ano mais amada. A Primavera! E com ela, as novas tendências de moda para os nossos anjinhos. Que roupas, cores e tecidos vão se usar nessa estação? Separamos uma seleção de looks acessíveis, itens que você pode encontrar por menos de 16€. Uma vez que todos nós sabemos que as crianças são, afinal, apenas crianças e que, na maioria das vezes, não vale a pena gastar uma fortuna para vesti-las bem. A Primavera é mais que uma estação do ano, é também poesia que se traduz na forma de dias com mais horas de luz; com o

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É importante lembrar que o conforto e a qualidade sempre devem prevalecer frente ao modelo das peças.


Maria LiraÂ

Para as meninas, o mercado aposta em um estilo bastante feminino e glamoroso, no qual vestidos floridos, bordados e rendas, saias de tule e, laços e cores que variam entre estampas alegres e tons pastÊis, marcam presença.


estilo de vida

Luzie Lima

Álex Rodriguez

“Safari” vai se tornar o principal mote, inspirado pelas próprias aventuras das crianças que poderão dar asas à imaginação. Este tema vem resgatar as atividades ao ar livre e caminhadas no campo. Os acessórios dão um toque de alegria, como o chapéu de palha ao estilo “Panamá”, que certamente será a cobiça da molecada. Alonso Teodósio e Athos Rodriguez

tidas, jaquetas de corte minimalista e detalhes em cores como o coral ou o rosa, são as apostas da estação.

Raul Becerril

Os tons pastéis tem, na cor verde, uma das suas maiores aliadas entre as novas coleções de moda infantil. A gama de variedades desta cor secundária será bastante explorada, incluindo camisas xadrez e de listras, casacos de malha e suéteres, além de shorts e saias. Não deixe de compartilhar em nossas redes sociais os looks que você conseguiu montar para os seus pequenos através destas dicas. Nós vamos adorar!

Enquanto para os meninos, a tendência se reflete através de looks casuais, urbanistas e todo terreno. Camisetas com estampas diver-

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Direção: Luzie Lima Foto: Natã Backhaus Produção: Suzie Lima Estudio: Backhaus


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rio#16

João Compasso

Hortência

A Rainha do basquete. A rainha do basquete brasileiro, Hortência, desembarcou na Espanha para a celebração dos 100 dias para os jogos olímpicos. Com uma agenda de atividades turbulenta, ela recebeu a BOSSA para falar sobre crise política e econômica, Zika vírus e como tudo isso interfere ou não nos jogos. Defendeu o ceticismo da mídia internacional e falou sobre sua carreira. Os 100 dias para as Olimpíadas do Rio foi comemorado de uma forma muito intensa fora do país. Várias capitais mundiais acenderam as cores verde-amarelas em seus principais pontos turísticos. Assim foi desde o London Eye, em Londres, até a Ponte Mandela em Joanesburgo. Porém, devido ao cenário político, a imprensa internacional está bastante cética sobre o sucesso dos jogos. Qual é sua opinião frente tal cenário?

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Eu acho que os jogos olímpicos já estão prontos. As construções e todas as obras, já estão 99% prontas. Os testes estão sendo feitos e eu acredito que vai dar tudo certo. Apesar de o momento político estar complicado para o Brasil, afetando também a economia brasileira, o que tinha que ser feito para as Olimpíadas acontecerem, já foi feito. É normal o fato de a impressa internacional se preocupar. Eu também ficaria, mas a gente que está lá dentro, participando, sabe como as coisas estão acontecendo. Por outro lado, na hora certa, o povo brasileiro, que é muito festivo, receptivo e alegre, vai receber bem os turistas e os atletas. A cidade é maravilhosa, está quase pronta. Eu não vejo problema não.


Você foi campeã do mundo, campeã do pan-americano e vice-campeã nas o Olimpíadas de Atlanta. Essa foi a única vitória que faltou na tua carreira? Na verdade, eu já tinha parado de jogar quando voltei para disputar uma olimpíada. Então, para mim, eu já estou no lucro. O fato de um atleta de alto rendimento participar de uma olimpíada já é um fato superimportante. Todo atleta que sentiu a emoção de disputar a maior competição do planeta já sentiu essa grande alegria. Agora trazer uma medalha, não importa se ela é ouro ou prata, é ainda maior. No meu caso, disputei duas olimpíadas e, numa delas, disputei a final. Então não acho que faltou nada não. Aquela seleção era muito especial. Era você, a Magic Paula, a Janete, a Marta, a Silvinha. E foi uma grande inspiração nacional. Muita gente só começou a assistir ao basquete feminino devido a esta seleção. Você se acha inspiração para a nova geração do basquete? Olha, o ser humano gosta de título, de se emocionar. A minha geração despertou o interesse do brasileiro, da mídia brasileira para falar sobre o basquete feminino. Começaram a falar sobre a rivalidade que existia entre mim e minha parceira, a Paula. Eu acho que isso estimulou muito. E os jogos eram muito emocionantes, nunca se ganhava com uma diferença maior do que 10 pontos, era muito disputado. Eu fico feliz de poder seguir como exemplo para as pessoas que me viram jogar. Eu acho bacana dar esse exemplo a uma criança. Recentemente a empresa Visa anunciou que as vendas de ingresso para as Olímpiadas estavam bastante abaixo do esperado. Tinham sido vendidos apenas 62% dos tíquetes. Por outro lado, eles estimam que o Rio receberá apenas 490.000 turistas estrangeiros, enquanto em Londres foram recebidos 590.000. O Brasil nunca foi muito turístico se comparado a algumas capitais da Europa. Além disso, é visto aqui fora como um país violento. Temos ainda

o problema do Zika vírus e da dengue. Isso deixa as pessoas assustadas. Elas ficam com medo. Então, acho que isso afugenta muito o turista. Até mesmo alguns atletas dizem que tem medo de vir, mas acho que se deve principalmente a esses problemas. Poderia prever que tipo de sentimento existirá no momento de carregar a tocha olímpica? Eu acho que na verdade é algo muito pessoal. Eu me considero uma pessoa comum igual a todos que vão carregar a tocha. Ter essa referência e poder contar no futuro que eu carreguei a tocha é bacana. Todos que ganharam o direito de carregar querem sentir esse sentimento que eu também quero sentir. Eu acho que quando começar a percorrer a tocha no Brasil, vai começar a surgir aquela coisa “Poxa vida! É real... vai começar. A olimpíada será aqui mesmo”. Porque, na verdade, quando você carrega o fogo, você carrega todos os valores esportivos que são a luta, garra, determinação, companheirismo. No fundo, tudo isso é muito importante. E a Hortência, o que espera destas olimpíadas? Eu vou ficar muito feliz se a gente entregar as olimpíadas como a gente sempre sonhou. Sem nenhum problema – grave problema – porque problema a gente sempre vai ter. As pessoas virem ao Brasil e saírem falando bem, como foi com a Copa do Mundo, é o que a gente mais quer. Porque estamos tratando as olimpíadas com muito carinho e assim será com os atletas que comparecerem e com os turistas.

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ESPECIAL

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Daniela Pacheco


O JAMES BROWN BRASILEIRO Sérgio Loroza, em turnê pela Espanha, concedeu uma entrevista muito divertida para a Revista Bossa. Confira! “A música está em tudo, até no nada. Afinal, silêncio também é música.” disse Sérgio Loroza. Esta fala é apenas o reflexo da grandeza desse cantor e compositor brasileiro que consegue diversificar sua arte indo desde MPB, samba até o rapper e funk. O que ele gosta mesmo é de cantar música negra brasileira, com sotaque africano e estilo black power. Em entrevista descontraída para a Revista Bossa, Sérgio Loroza contou sobre a emoção de se apresentar fora do Brasil e encontrar seus conterrâneos. Quem quiser cair na dança com um dos melhores artistas cariocas da atualidade, o show acontece no próximo dia 28, na sala El Sol, em Madri. Revista BOSSA - Sérgio, você tem mais de 35 anos fazendo arte. Começou tocando baixo, conquistou seu espaço no mercado de trabalho como ator e cantor. Profissional respeitado, esteve sempre ditando tendências. Como você analisa essa trajetória e o momento atual de sua carreira?

Sérgio Loroza - Fico amarradão quando olho para trás e vejo que consegui chegar até aqui de uma maneira legal. Talvez eu até pudesse ter imprimido mais ritmo em alguns momentos. Mas, como diria o mestre Martinho da Vila, “Devagar, devagarinho...” também é sabedoria. Nem que seja para saborear melhor o caminho (Risos). É bom poder dizer que, até hoje, a arte ainda é minha companheira. Revista BOSSA - Neste último trabalho, você também chegou a explorar a área da direção. Ou seja, desafios ditam a sua carreira. Pode-se dizer então que sua inspiração caminha junto com o gosto de arriscar fazer arte? Sérgio Loroza - O desafio é um excelente combustível para o artista. Arriscar-se é necessário. É aí que reside o sublime. Ficar no mesmo lugar pode até ser confortável, mas não é tão divertido (Risos).

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Revista BOSSA – Então podemos dizer que você é um multiartista, um fazedor de artes. Conte para a gente qual é o papel da música na sua vida? Sérgio Loroza - A música foi o que me fez despertar em mim a sensibilidade. Não é à toa que é a arte que mais interage com as outras. A música está em tudo, até no nada. Afinal, silêncio também é música. Revista BOSSA Quais são suas influências? Sérgio Loroza - Todos os grandes me influenciam, mas os da minha geração, por estarem mais próximos, acabam fazendo muito mais a minha cabeça. Para citar alguns: Mart’Nália, Diogo Nogueira, Seu Jorge, Gabriel Moura, Simoninha, Zé Ricardo, Rodrigo Maranhão, Pedro Luís, Fernanda Abreu, Sandra de Sá e Toni Garrido entre tantos outros. Revista BOSSA - E por falar em inspiração, o humor é uma das grandes marcas de Sérgio Loroza. Você já acorda de bom humor? Como é o seu dia a dia quando você não está atuando? O que você gosta de fazer nas horas vagas? Sérgio Loroza - Mais importante do que ter bom humor é ter senso de humor, pois ele sim transforma o mau humor. Quando não se tem o que fazer, o melhor é deixar tudo na mesma (Risos). Na real, o ócio é o grande parceiro da criatividade. As melhores obras de arte vem da falta do que fazer.

Revista BOSSA - Como você dá conta de toda essa agitação? Porque você transmite uma sensação de quem não para. Sempre está em diferentes projetos. E depois da turnê pela Europa, quais são seus próximos projetos? Sérgio Loroza - Artista é pior do que arquiteto: tem sempre que ter uns projetos na manga (Risos). Ainda este ano tem a estreia do meu programa de gastronomia de rua, chamado “Rua pra toda gula” no TLC (canal de tv a cabo), onde atuarei como apresentador. Além disso, tem também o lançamento do meu novo EP, não esquecendo, é claro, da parte brasileira da turnê da Loroza Brass Band, que estamos começando aqui pela Europa. Revista BOSSA - Numa entrevista, você disse que quando estamos fora do Brasil sentimos que somos mais brasileiros. “Eu tô longe mas não posso esquecer de onde eu vim” foram as suas palavras. Já faz mais de 10 anos que você faz shows pela Europa. Então conta para a gente… É diferente o público europeu do brasileiro? Qual a sua impressão da plateia daqui? Sérgio Loroza - O que não pode faltar em shows pela Europa é o “Brazuca” que se emociona ao recordar da terra natal, e o “Gringo” impressionado com a cultura brasileira. A primeira vez que eu fiz o espectador chorar foi na Europa. Logo eu que me acreditava especialista em provocar sorrisos (muitos risos). Mas é incrível que quanto mais pra dentro do próprio umbigo nós sejamos, mais universais nos tornamos. É louco!

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Revista BOSSA - Aliás, você tem um respeito e uma relação bem emotiva para com as suas raízes, com Madureira, com a cultura negra, com a arte de ser feliz. Você faz black music com sotaque brasileiro. Explica um pouco sobre a importância disso na sua vida. Sérgio Loroza - Eu quase respondi na pergunta anterior, mas é mais ou menos assim: “Não sei pra onde eu vou, mas de onde eu vim, sempre será de Madureira. A favela, o subúrbio, o Rio de Janeiro, o Brasil... A América Latina, o Planeta Terra, a Via Láctea, o Universo. Na real, sou cidadão do mundo, com a cabeça nas nuvens, mas os pés no chão. Revista BOSSA – Na música “É Nóis” do seu mais novo trabalho, você acaba convocando o povo para pensar. Você tem essa intenção de querer que a sua arte possa mudar alguma coisa no mundo e/ou no Brasil? Sérgio Loroza - Toda arte é, em essência, revolucionária. É Nóis é uma canção do craque Serginho Meriti, que instiga a união dos populares. É a coletividade se afirmando num momento em que impera o individualismo generalizado. Cada um por si é vacilação… É Nóis! Revista BOSSA - Para finalizar, fale um pouco do disco “Carpe Diem”? Sérgio Loroza - Produzido por Plínio Profeta, com canções de alguns dos melhores compositores brasileiros e tocado por grandes instrumentistas do mainstream nacional, Carpe Diem é um orgulho pra mim, artisticamente falando. O fato de o título ser em latim, alertou-me para a questão da sua internacionalidade. Estou conversando com uma distribuidora sobre fazer um lançamento pela Europa. Em tempo, todo mundo precisa “Aproveitar o Dia”.

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trip

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Suzana Paquete


POR QUE O CAMINHO DE SANTIAGO VICIA?

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Faça o teste: pergunte aos seus amigos se eles já ouviram falar sobre o Caminho de Santiago, uma rota de peregrinação que existe desde a Idade Média na Espanha. A maioria vai dizer que sim. Alguns porque leram Paulo Coelho em algum momento das suas vidas, outros porque conhecem alguém que já o percorreu e outros porque estão tentando achar um espaço na agenda para fazê-lo. Para muitos é um sonho. Felizmente, hoje em dia, cada vez mais gente consegue realizá-lo. Apesar de ter se popularizado muito e bater recordes de peregrinos a cada ano, as pessoas ainda encontram o que vão buscar no Caminho, que pode ser um pouco de paz, lindas vistas, superação física e mental, celebrar a cura, recomeçar e, principalmente, encontrar a si mesmo. Ou seja, ainda que ele esteja muito mais massificado que há 10 anos, a sua essência segue intacta. E as pessoas, apesar de passarem por dias duros e terem que lidar com dores nos pés, bolhas, tendinites, albergues lotados, muitos roncos, sol forte, chuva fria, subidas intermináveis, descidas que acabam com os joelhos, o peso da mochila, entender outros idiomas e acordar às 6 da manhã todos os dias (nas suas férias), chegam a Santiago de Compostela já pensando em quando voltar. Não há um ponto de partida específico que possa ser considerado o início do Caminho de Santiago. Ele pode começar em vários países. Tem gente que começa na porta da sua casa seja na Alemanha, Holanda, Itália ou onde for. Há uma rota, porém, que é a mais conhecida, chamada Caminho Francês. O ponto de partida é um vilarejo chamado Saint Jean Pied de Port, na França, e o percurso vai até a praça do Obradoiro em Santiago de Compostela, na Espanha. São cerca de 800 km que, a pé, podem ser percorridos em 33 dias mais ou menos. Você cruza o país de ponta a ponta e vai vendo como mudam as paisagens, as comidas, os sotaques e a arquitetura. Além disso, você vai conhecer grandes cidades como Pamplona, Burgos, León e outras menores que você não visitaria normalmente. Até quem não é religioso se emocio-

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na ao passar por tantas igrejas, ermitas e capelas construídas em lugares especiais e ao participar das missas para os peregrinos ao longo do caminho. Todos estabelecem um laço de amizade e companheirismo tão grande e instantâneo que você vai se sentir acolhido e cuidado em toda a sua jornada. Não é de se estranhar que, depois de tudo isso, você queira voltar o mais breve possível para reviver essa experiência, ou melhor, esse novo vício. Suzana Paquete é jornalista e travel blogger de Curitiba. Vive há 11 anos em Madrid, já fez seis vezes o Caminho e trabalhou como voluntária em um albergue de peregrinos em 2015. Ela escreve sobre viagens e o Caminho de Santiago no blog: www.thatgoodtrip.com.

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Gourmet

Redação

SALADA DE CÉSAR 3 ramos de alecrim fresco e picado

3 alfaces romanas

1 limão galego espremido

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100gr de parmesão

Tem coisa mais fresh que uma saladinha para os dias de primavera e verão? A grande verdade é que salada sempre é uma ótima pedida para essas épocas. Entre as saladas, uma geralmente reina: a tradicional Salada César. Muitas são as versões do prato mundialmente conhecido e simples de fazer, porém, existe um denominador comum entre os grandes chefes e é isso que a seção Gourmet traz hoje para você.

1 pão de ciabatta, cortado em cubos

4 coxas de galinha com pele


6 1h 50MIN DIFICULTADe

fácil

INGREDIENTES

PREPARAÇÃO Esquente o forno a 200ºC. Coloque as coxas de galinha e os cubos de pão em um refratário. Polvilhe-os com o alecrim e um pouco de azeite de oliva, sal e pimenta e ponha no forno. Deixe por uns 40-45 minutos. Abra o forno e coloque o bacon por cima da galinha e dos pedaços de pão. Deixe no forno por mais 15-20 minutos até que tudo fique bem crocante. O segredo para saber se a galinha já está pronta e pegar um garfo e tentar tirar a carne de osso. Se consegue fazer isso fácil, a galinha está pronta. Então, já pode retirar tudo do forno e deixar fora para esfriar gradualmente. Molho: Triturar o alho com anchova em pilão e socador até conseguir uma pasta. Misturar essa pasta com o parmesão, a maionese, o sumo do limão galego e 50 ml de azeite de oliva. Sal e pimenta a gosto.

• 3 alfaces romanas • 10 fatias finas de bacon • 4 coxas de galinha com pele • ¼ de um dente de alho descascados • 1 pão de ciabatta, cortado em cubos

APRESENTAÇÃO Desossar a galinha (o truque é fazer isso com dois garfos) e misturar ela com os pedaços de pão e bacon. Lave bem as folhas de alface e corte em pedaços. Misture o pão com a galinha e com o molho que você preparou. O toque do chefe é finalizar com uma cobertura de parmesão ralado.

• 4 files de anchova • 100g de parmesão • 1 colher de maionese • 1 limão galego espremido • 50 ml azeite de oliva

CONSELHO DO CHEFE A imaginação é a arma mais importante do cozinheiro. Investigue e se arrisque em suas criações. A salada pode ser acompanhada de um bom vinho.

• sal e pimenta negra a gosto • 3 ramos de alecrim fresco e picado

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cinéfilos

Redação

I MOSTRA DE CINEMA UCM. Literaturas lusófonas na cinematografia. De 11 a 13 de maio de 2016 José Maria Eça de Queiroz, publicado pela primeira vez em 1874; e Ensaio sobre a cegueira (2008), do diretor brasileiro Fernando Meirelles, em uma co-produção entre Brasil-Japão-Canadá, baseado no romance publicado em 1995, pelo escritor português ganhador de um prêmio Nobel, José Saramago. Será explorada a relação entre o cinema e a literatura com três filmes de alta qualidade, em que as obras são adaptações de autores proeminentes das literaturas lusófonas. Para apresentar os filmes, teremos especialistas da área portuguesa que tratarão de diversos temas relacionados às respectivas obras literárias e que farão breves introduções dos filmes.

Ensaio sobre a cegueira.

A Mostra de Cinema UCM é organizada pelo Departamento de Filologia Galega e Portuguesa da Faculdade de Filologia da Universidade Complutense de Madri. O evento tem como objetivo iniciar uma série de filmes relacionados à cultura lusófona, com periodicidade anual, para recolher trabalhos cinematográficos em vários formatos e com diferentes perfis temáticos de interesse sociocultural. Para a sua inauguração, o tema deste ano será limitado a literaturas lusófonas na cinematografia. Serão apresentados três filmes: Dona Flor e seus dois maridos (1976), do diretor brasileiro Bruno Barreto, adaptado do romance publicado em 1966 pelo escritor brasileiro Jorge Amado; Singularidades de uma rapariga loura (2009), do diretor Português Manoel de Oliveira, uma adaptação da história com o mesmo título do escritor Português

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Singularidades de uma rapariga loura.


QUARTA-FEIRA, 11 DE MAIO

19h - Filme

17h - Inauguração

Singularidades de uma rapariga loura / Diretor: Manoel de Oliveira / 2009 / 63’

Sr. Eugenio Ramón Luján Martínez (Decano da Faculdade de Filologia da Universidad Complutense de Madri) Sr. Marcelo Koiti Hasunuma (Chefe do Setor Cultural da Embaixada do Brasil) Sr. Pedro Berhan da Costa (Conselheiro de Cultura da Embaixada de Portugal) Sr. Francisco Gallo Marín (Diretor Executivo da Fundación Cultural Hispano Brasileña) Sra. María Josefa Postigo Aldeamil (Catedrática de Filología Galega e Portuguesa da Universidad Complutense de Madrid) 17h45 - Recordando a Jorge Amado. Sra. Maria Gessy Nunes de Souza (Colégio Maior Universitário Casa do Brasil)

SEXTA-FEIRA, 13 DE MAIO 18h - No avesso do homem: As faces da ética no Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. Expositor: Sandra Teixeira de Faria (Universidad Complutense de Madri). 18h30 - Filme Ensaio sobre a cegueira / Diretor: Fernando Meirelles / 2008 / 121’ Filmes em áudio original com legenda em espanhol.

18h15 - Filme Dona Flor e seus dois maridos / Diretor: Bruno Barreto / 1976 / 110’ 20h15 - Show David Tavares: Compositor e músico brasileiro com seu novo disco Ni tan rey, ni cola de ratón.

ORGANIZAÇÃO Área de Filologia Gallega e Portuguesa Faculdade de Filologia da Universidad Complutense de Madri

QUINTA-FEIRA, 12 DE MAIO

COMITÊ DE COORDENAÇÃO

18h - As adaptações literárias lusófonas na coprodução ibérica dos anos quarenta.

Coordinadora: Sandra A. Teixeira de Faria

Expositor: Pedro Peira 18h30 - O amor e a honra em «Singularidades de uma rapariga loura», de Eça de Queirós.

Colaboradores: Francisco Martínez Real, Lidia Teixeiro, Maria C. Jiménez, Amable González López Meio de comunicação oficial: Revista Bossa

Expositor: Sofia Rangel Pinto (Universidad Complutense de Madri).

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agora barcelona

Daniela Pacheco

Dia das Flores e dos livros em Barcelona No dia do padroeiro da Catalunha toda a região entra em um clima mágico e se entrega ao poder da leitura e do amor. Segundo a tradição em Barcelona, no dia 23 de abril, homenageia-se São Jorge, santo canonizado no ano de 494. Nessa data, os catalães tem o costume de presentear seus amores, familiares e amigos, no qual as mulheres recebem flores e os homens, livros. As ruas da cidade se enchem de vida, cores, flores e gente. Muita gente que caminha pelas ruas do centro. A magia é tão grande por propagar o amor através dos livros e das flores, que essa data passou também a representar o dia dos namorados em Barcelona. “Sem nenhuma dúvida, é o dia mais lindo do ano. Sempre faz sol. Moro aqui há muitos anos, mas, é especial caminhar pela cidade no dia de Sant Jordi. É inspirador! Afinal, são mais de 400 mil pessoas que passam por aqui nesse período. E o Centro Cultural do Brasil também participa do evento presenteando as pessoas com livros da literatura brasileira”, declarou Wagner Novaes, diretor do Centro Cultural do Brasil em Barcelona.

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Por conta desse costume, em 1996 o dia de São Jorge foi declarado pela Unesco o Dia Internacional do Livro. Sem esquecer a feliz coincidência, segundo a história, de que neste mesmo dia é, também, aniversário de morte de grandes nomes da literatura mundial como Shakespeare e Cervantes. Durante o período de homenagens ao Santo, as comemorações não param por aí. Segundo produtores e floristas, foram vendidos mais de sete milhões de rosas este ano. Apesar da vasta oferta de tipos diferentes de flores e cores presentes no mercado, as mais procuradas foram as vermelhas. Uma nova alternativa para os mais atentos e criativos foram as flores artesanais, elaboradas com diferentes tipos de materiais. O outro protagonista da festa, o livro, impressionou pela quantidade de barraquinhas que ofereceram exemplares dos mais variados temas e nacionalidades. O Grêmio de Livreiros da Catalunha acredita ter superado a expetativa de faturar cerca de 20,3 milhões de euros, com a venda de 1,5 milhões de livros entre os 40 mil títulos que estiveram à venda neste ano.


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agora madrid

Juliana Menezes

Dois anos chorando em Madri A Roda de Choro de Madrid completa dois anos de existência no mês de maio. Produzido pela paulista Fabiana Ferraz, as apresentações acontecem todas as segundas-feiras, no bar Liber Art e reúne músicos brasileiros e espanhóis, a fim de atrair um público cada vez mais interessado na cadência consagrada por Jacob do Bandolim e Pixinguinha. “A Roda de Choro de Madrid é o resultado de muito esforço por parte dos músicos” destaca a produtora Fabiana Ferraz. “O mais bonito destes dois anos foi ver a união entre eles, especialmente daqueles que não conheciam o gênero e se dispuseram a aprendê-lo”, ressalta. Pioneiro na divulgação do choro em Madri, o grupo já recebeu músicos brasileiros que vieram tocar na cidade e aproveitaram para dar uma “canja” como o Trio Clarioca e Armandinho de Macêdo. Também o argentino Gustavo Javier Arroyo, responsável por uma roda de choro em Buenos Aires, já participou tocando seu cavaquinho por lá.

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A Roda de Choro de Madrid gravou seu primeiro disco que pode ser escutado no site SoundCloud. com e tem se consagrado como uma referência na difusão da boa música brasileira na cidade. “Estamos mais conhecidos em Lavapiés, mas ainda tem muito trabalho a ser feito para divulgar o choro em Madri” completa Fabiana Ferraz que tem planos de realizar oficinas do ritmo para formar novos chorões. Além da música, para esquentar os motores o professor de dança Carlos Martini dá aulas antes da apresentação. Ainda que alguns músicos se revezem nos encontros, a Roda de Choro de Madrid está formada principalmente por Fernando de la Rua, violão 7 cordas; Carlos Gallifa, violino; José Vera Bello, sax; Rodrigo da Matta, percussão; Leticia Malvares, flauta; Roberto Monteiro, cavaquinho; Rogério Souza, percussão e Luis Martinez, violão 6 cordas.


Juliana Menezes

agora madrid

Serviço: Tomar Posición Galeria Ponce + Robles. Calle Calle Alameda, 5. Metrô Atocha, L1. Horário: Terça a sexta: 11h ás 14h e 17h ás 20h. Sáb: 11h ás 14h.

Tomar posición Tomar Posición é a exposição de pinturas, objetos, desenhos e instalações dos artistas brasileiros Ding Musa e Carlos Nunes e do espanhol Raúl Diaz Reyes, em cartaz na galeria Ponce + Robles até o dia 20 de maio. “O título Tomar Posición tem um duplo significado: o primeiro é o sentido político de decidir por um lado; e ao mesmo tempo, remete a maneira pela qual você decide olhar as coisas” explica Musa.

veu um trabalho para “encontrar a luz dos objetos”, como ele define. “As obras que apresento agora, de certa forma, são uma extensão daquela pesquisa” conta Carlos Nunes. “No desenho ‘Fevereiro’ fiz dobraduras num papel negro e os coloquei na janela durante o mês de fevereiro. Assim pude estudar a incidência da luz nessas dobraduras.” O resultado é uma interessante sequência onde se notam quadros com diferentes tons de cores.

Natural de São Paulo, Ding Musa expõe em Madri pela terceira vez este ano, quando já teve suas obras exibidas na Feira ARCO e na Galeria Fernando Pradilla. O artista participa com fotografias, objetos e desenhos, sempre instigando o espectador. “O meu trabalho tem este questionamento: se é para estar completo ou não, se funciona ou não” comenta Ding Musa.

Completa o trio de artistas o madrileno Raúl Díaz Reyes que participa com pinturas e esculturas em alumínio cuja base são fotos de Ding Musa e de Carlos Nunes. “Eu também as pintei, mas a principal contribuição da cor à escultura é a foto que está embaixo” comenta o espanhol que esteve em São Paulo onde participou de residências artísticas e expôs em lugares como a Casa das Caldeiras e a FAAP. Uma boa oportunidade para tomar posição sobre a arte brasileira contemporânea.

Igualmente, o fotógrafo paulista Carlos Nunes volta a Madri após ter participado em 2014 de uma residência artística no Matadero, onde desenvol-

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agora madrid

Redação

Puente de encuentro Um projeto idealizado com o propósito de conectar, unir e divulgar a música independente brasileira, reúne três fantásticos músicos: Élio Camalle, Darwinson e Pedro Moreno. Atualmente estes artistas vivem em diferentes países - Espanha, França e Brasil - e pertencem ao movimento de resistência artístico cultural que zela pela estética de uma música de qualidade, relacionada com a estética e os valores da música brasileira. Tudo isso ligado ao mesmo tempo com a música cosmopolita mundial e suas riquezas rítmicas.

Uma música comprometida com a cultura, com elementos poéticos e uma clara preocupação estética literária, cujos texto poéticos são apresentados em português, espanhol e francês. Músicos de alto calibre, já dividiram palco com Jorge Vercilo, Toninho Horta, Hermeto Pascoal, Milton Nas-

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cimento, Fagner, João Bosco, Paulinho da Viola, Chico César, Paulinho Moska, Zé Renato, Tunai, Claudio Nucci, entre outros.

18/5 - Sala Clamores, às 21h Entrada: 10€ e 8€ antecipada 19/5 - Rock Palace, às 22h 22/5 Teatro Umbral de Primavera, às 21h Entrada: 10€ e 8€ antecipada


Rodrigo da Matta

agora madrid

LINE UP TERREIRO - FUNK SAMBA SOUL DJ HP76 (CBB - BERLIM) DJ RODRIGO DA MATTA (BOSSA FM) DJ CARLO GROOVE (EL JUNCO) DJ JOTA JOTA (BOSSA FM)

A música brasileira ganha mais um espaço Novidade quente para os amantes da música brasileira de qualidade: um dos templos da noite madrilena, a sala Junco, abre um espaço semanal em sua programação dedicado ao melhor da nossa cultura musical. Sim, uma noite inteirinha para dançar, cantar e se divertir. No dia 15 de maio, inicia-se uma série de shows e festas semanais, em que a música brasileira é a estrela da festa! A cada domingo a casa receberá uma banda diferente, escolhida a dedo, a partir das 22 horas. E a festa seguirá no comando dos DJs residentes Rodrigo da Matta e Carlo Groove, entre outros DJs convidados.

completar, na estreia do Cooking Brazilian Beats em Madri, estará presente comandando as pick ups do Junco, o próprio idealizador da festa, o DJ HP76. A noite começa com a banda Terreiro - Funk Samba Soul, que promete um show que fará todo mundo dançar do começo ao fim. Na sequência, um time de DJs garantindo que a festa não pare até as 6 da manhã!

O projeto não poderia começar em melhor estilo, já que contará com nada menos que a festa Cooking Brazilian Beats, nascida em Berlim, e que completará a sua 30ª edição na capital espanhola! Criada pelo DJ e colecionador brasileiro HP76, que mora na capital alemã há 7 anos, a festa preza pela música tocada unicamente em vinil. E para

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agora madrid

Redação

Curso de teatro em português Você já deve ter passado por alguns teatros nas ruas do centro de Barcelona ou Madri, onde o espetáculo era em inglês ou francês. Hoje em dia é uma tendência mundial assistir a peças de teatro em idioma estrangeiro, principalmente em inglês. E, muito mais comum do que se imagina, é encontrar cursos de teatro em outros idiomas. Na Espanha, a professora Elizabeth Firmino Pereira - doutora em Artes Cênicas pela Universidad Rey Juan Carlos - comandará um curso de teatro ministrado em português. Uma iniciativa brilhante que fomenta não apenas a difusão do idioma lusófono, mas a história do teatro brasileiro. O curso é destinado a todos que possuem um nível de português avançado com ou sem experiência teatral. O método de trabalho adotado por Elizabeth será através de jogos de improviso a partir de textos brasileiros. O programa inclui ainda a vivência cul-

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tural, bem como a comunicação e expressão verbal e corporal. O primeiro módulo estudará textos de Millôr Fernandes, Clarice Lispector, Augusto Boal, Torquato Neto, Hilda Hilst, entre outros. “A didática de teatro que exploro é o ‘processo colaborativo’, que também utilizamos em São Paulo nas aulas de teatro vocacional e que tem funcionado muito bem, pois se baseia em improvisos tendo como ponto de partida textos de autores brasileiros. Também faz parte do programa a preparação corporal e vocal. A proposta é trabalhar a criatividade e a desenvoltura, através de um mergulho na cultura brasileira”, afirmou a professora. As aulas serão dadas na Casa do Brasil. Casa do Brasil – Av. De la Victoria, 3, Madri. Período: 07 de maio a 02 julho. Horário: sábados, das 11h às 13h. Preço: 120 euros. Mais informação: 914 55 15 60


Redação

agora valencia

Mininiños promoverá e desenvolverá o português como língua de herança (PLH). O projeto Mininiños iniciará suas atividades em Valência nos dias 14 e 15 de maio de 2016, em parceria com o Consulado Honorário do Brasil de Valência, na “Feria de Idiomas”. Realizada no Centro del Carmen, (C/ Museu, 2, Valência), a feira participará do evento Primavera Educativa organizado pela Direção Geral de Política Linguística e Gestão do Multilinguismo do governo valenciano. Baseando-se nas demais iniciativas do PLH- Português como Língua de Herança, na Espanha e ao redor do mundo, o projeto Mininiños se dedicará a transmitir a Língua Portuguesa e os valores culturais do Brasil para os filhos de brasileiros nascidos ou residentes desde muito pequenos na Espanha. O processo tem como alicerce o propósito, emocional e/ou racional, que os pais tem de disseminar suas raízes culturais e sociais e por isso buscam criar ambientes que proporcionem a seus filhos valorizar e estabelecer um forte vínculo afetivo com sua identidade como cidadãos brasi-

leiros. O envolvimento dos familiares no processo educativo dos falantes de língua de herança é fundamental para a criação do contexto de vivência da língua, sendo extremamente significativo para ampliar e aprofundar essa vivência em cada encontro e atividade realizada para favorecer essa conexão. Pioneiro em Valência, o projeto está sendo executado por Aline Navarro e Paula Carneiro e está aberto aos futuros colaboradores. A participação no evento representará o início das atividades do projeto e a comemoração do Dia Internacional do Português como Língua de Herança, celebrado no dia 16/5 por diversas iniciativas ao redor do mundo. Feria de Idiomas Valência 14/5 Sábado- das 10h às 14h e das 16h às 19h 15/5 Domingo- das 10h às 14h Informações: www.casadobrasilvalencia.com

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agora oviedo

Redação

III CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA SOBRE A MÚSICA DO BRASIL ENCERRA COM A PARTICIPAÇÃO DE VERÔNICA FERRIANI O III Curso sobre a música brasileira acontece no edifício histórico da Universidade de Oviedo, dentro da programação das atividades de Extensão Universitária. Patrocinado pela Embaixada do Brasil em Madri e pela Fundação de Estudos Hispânicos Brasileiros, o curso tem como responsáveis o crítico musical Miguel Á. Fernández e o músico brasileiro Vaudí Cavalcanti. As conferências do ciclo que tiveram o seu início em 16 de fevereiro vão até 6 de maio. A aula de fechamento acontece com a participação da cantora Verônica Ferriani, acompanhada por Wagner Barbosa na guitarra. O formato do curso é principalmente formado por interações entre diferentes elementos audiovisuais e performances ilustrativas, elaboradas pelo músico Vaudí.

zo, Tamima Brasil e Ferriani. Após as sessões, os convidados realizam um show aberto ao público em geral. Valeu a pena conferir! Conferência “100 anos de samba”, ministrada por Verônica Ferriani, acompanhada pelo guitarrista Wagner Barbosa Sexta-feira - 6 de Maio, às 18h. Aula Severo Ochoa, Universidade de Oviedo. Aberta ao Público.

Nesta terceira edição, a surpresa foi a intervenção de diversos artistas brasileiros, como Isaac TurienMiguel Á. Fernández e Vaudí Cavalcanti.

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Daniela Pacheco

agora mallorca

MALLORCA

Será sede da XX edição dos Jogos das Ilhas Evento esportivo que acontece há vinte anos conta com a participação de brasileiras A competição intitulada “Jogos das Ilhas” (Jeux des Iles) acontecerá este ano no município de Mallorca, de 24 a 29 de maio. O evento é organizado pelo COJI - Comitê Organizador dos Jogos das Ilhas, e contará com a participação de mais de 800 jovens entre 12 e 17 anos de todas as ilhas da Europa, que prometem marcar presença nas 15 modalidades oferecidas. “Esta 20ª edição dos Jogos Mallorca 2016 tem contado com o apoio de atletas de ponta como o tenista Rafa Nadal, que já esteve envolvido em edição anterior da competição e sabe a importância de um evento desportivo deste calibre”, conta em entrevista para a Revista BOSSA a brasileira Taty Ferrer, colaboradora do Comitê Organizador.

Outra brasileira que está participando ativamente da organização dos Jogos das Ilhas é a treinadora de vôlei Luanna Franco. “Muitos dos melhores atletas das Ilhas Baleares quiseram mostrar seu apoio ao evento. Não só Rafa Nadal, como seu tio Miguel Angel Nadal e Toni Nadal também marcaram presença, além de Carlos Moya, Luis Vidal, Pere Casasnovas, Paola Ferrari, Aleide Lawant, David Salom e Alex Abrines, dentre outros”, recorda a treinadora. Já a brasileira Taty Ferrer acha importante ressaltar o impacto econômico que a disputa dos Jogos das Ilhas terá em Mallorca, que receberá não apenas atletas, como também os delegados esportivos, técnicos, famílias e o público oriundos das mais diversas partes da Europa”. Já está confirmada a participação de delegações das Ilhas Baleares, Córsega, Açores, Jersey, Malta, Martinica, Guiana Francesa, Corfu e Sardenha.

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agora sevilHa

Redação

SEVILHA

Tem roda de samba A capital andaluza se rendeu aos encantos do samba. Sevilha também já tem um espaço para os amantes da música brasileira, neste caso, o samba. O projeto liderado e idealizado pela musicista Romi Karioka, é composto por uma base de três músicos – vocal, guitarra e percussão. Todavia, sempre contam com convidados criando uma autêntica Jam Session, ou seja, cada músico trazendo o seu instrumento. A Roda de Samba foi criada com o objetivo de agregar em todos os sentidos. E como coração de mãe sempre cabe mais um, não há o pré-requisito de ser brasileiro. O inerente interesse pela música e cultura brasileira tem crescido na Andaluzia e aproveitando esse momento, foi concebido o projeto da roda de samba. “Nossa intenção é reunir pessoas de todas as nacionalidades para disfrutar, cantar e dançar”, afirmou Romi. Dependendo do formato, a roda pode ser acompanhada por um verdadeiro mergulho à gastronomia brasileira.

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Atualmente a roda acontece no espaço TBO Sevilha - Centro Cultural Don Cecílio localizado no bairro da Macarena - Calle Sanchez Perrier, nº 3. O grupo está sempre buscando difundir seu trabalho e em abril tocou na ‘Feria de Abril de Sevilla’. Contudo, a melhor forma de estar por dentro da agenda da roda é acompanha-los no facebook pelo “Roda de Samba en Sevilla”.

Fotos: Paulo Ramalho www.pauloramalho.com


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be natural

Tahone Jacobs

MATCHA TEA o chá da moda que faz bem! O Matcha é um chá japonês da mais alta qualidade, considerado “o rei dos chás”. Ele foi descoberto há cerca de 800 anos por monges budistas e é utilizado em cerimônias japonesas de chá até hoje. É cuidadosamente elaborado através de um processo de seleção das folhas mais novas e tenras da planta. A indústria alimentícia tem cada vez mais explorado o Matcha – matéria prima ideal no preparo de iguarias com o sabor do chá verde. Muitas patisseries, chocolaterias, sorveterias e renomados chefes, oferecem aos seus clientes sobremesas que tem como base o chá, não esquecendo de mencionar os famosos lattes e smoothies, também derivados do Matcha. As folhas são moídas com moinhos de pedras artesanais que resultam na extração de um pó muito fino de cor verde acentuada. Vim falar dele aqui pois, além de adorar o gosto intenso do chá puro e de quando é usad o

na culinária (sei que não é todo mundo que gosta), ele também é muito benéfico para a saúde e, por conseguinte, para a pele. O Matcha tem efeitos estimulantes (contém cafeína) e, ao mesmo tempo, tranquilizantes por causa da L-Teanina. O chá é assimilado completamente pelo corpo que absorve seus aminoácidos, antioxidantes (aproximadamente 5 vezes mais do que o goji berry), vitaminas A e C, além de cálcio, potássio e ferro em doses muito maiores do que no chá verde tostado. Deixo aqui duas receitas: uma para beber e outra para alimentar a pele topicamente.

MATCHA LATTE - 1/2 colher (chá) de Matcha - 50 ml água fervida - 300 ml de leite previamente batido (pode ser leite de soja, aveia, amêndoas pra quem não toma leite de vaca) - Açúcar, mel ou agave. Diluir o pó de Matcha na água quente, bater bem até ele dissolver por inteiro e fazer uma espuminha em cima. Adicionar o leite quente e bater mais. Depois é só adoçar a gosto. É uma delícia e uma ótima maneira de começar o dia. Pode perfeitamente substituir o café, pois ele contém 5 vezes mais cafeína.

MÁSCARA FACIAL DE MATCHA - 1 colher (sopa) de pó de Matcha - 2 colheres de água mineral

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Misturar a água e o Matcha até formar uma pasta consistente e aplicar no rosto por 30 minutos. A pele fica incrível! Aqui na Espanha o Matcha pode ser encontrado em herbolários e alguns cafés como o Le Pain Cotidien e até o Starbucks. Já o sorvete de chá verde, alguns restaurantes orientais e asiáticos como o Ninja Ramen (Calle Barceló, 1, 28004 Madrid) ou o Izakaya Han (Calle de San Bartolomé, 10, 28004 Madrid) oferecem boas opções no cardápio. No Japão tem até Kit Kat de Matcha! Quem falou que chá verde não pode ser uma delícia?

Tahone Jacobs é brasileira, morou em Milão, onde se formou em moda e se especializou em cosmética natural. Mudou-se para Madri há 4 anos e criou a marca de cosmética natural Premium Per Purr, responsável por formular sabonetes feitos a frio manualmente, óleos vegetais corporais e faciais, sais de banho e esfoliantes. www.perpurr.com

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jobs

Luís Carlos Vasconcelos

DICAS PARA BUSCAR TRABALHO NA ESPANHA Ainda se pode sentir o reflexo da crise na Espanha, especialmente no que se refere aos empregos. Hoje, a taxa de desemprego no país é de 20,5%. Ou seja, a cada 5 pessoas, 1 está desempregada. O número é ainda pior para os jovens menores de 25 anos, 45%, quase a metade deles, está desempregada. Diante de números tão pessimistas, é normal o desânimo ao buscar um trabalho. Porém, existem alguns passos que podem ser dados para suas chances aumentarem consideravelmente.

Mais de 70% das pessoas são descartadas em um processo seletivo devido ao seu currículo. Porém, muitos eliminados tinham competência para a função, mas não possuíam um currículo claro e bem apresentado. É importante ser objetivo e organizado. Possua vários currículos, um para cada posto diferente de trabalho. Inclua apenas experiências relevantes para o posto de trabalho ao qual você concorre.

Saber mais de um idioma, nesse caso o Português, pode ser um diferencial. Quanto mais idiomas souber, mais chances terá. Porém, é de fundamental importância falar um bom espanhol. Caso você não tenha condições financeiras para conseguir fazer um curso, existem vários cursos grátis. Seguem aí algumas dicas:

É quase primordial que você seja sistemático e disciplinado na sua busca por trabalho. Reserve um período diário para fazer suas buscas. Hoje, a internet é uma excelente plataforma pesquisa e localização de vagas para o seu perfil. Existem muitos sites especializados que podem te dar um suporte. Entregar currículo no local, pode trazer resultados, mas não costuma ser eficiente.

PASSO:

CURRÍCULO

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IDIOMA

Madri – La casa Encendida (Ronda de Valencia, 2) www.lacasaencendida.es 902 43 03 22 cursoslce@montemadrid.es Barcelona – CFA Francesc Layret (Calle de San Pedro Más Bajo, 55) www.cfalayret.cat 933 17 00 44

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PASSO:

ONDE PROCURAR


Não seja preguiçoso, faça uma carta individual para cada posto de trabalho. É imprescindível que quem analise sua carta saiba que você escreveu especialmente para aquela oferta de trabalho.

O seu trabalho não acaba ao mandar o currículo. Faça um acompanhamento, ligue para a empresa e pergunte como está o processo, mostre interesse. Porém, cuidado para não ser invasivo. Existe uma linha tênue entre ser interessado e inconveniente.

Não desista nunca! O seu sucesso dependerá do esforço que você emprega agora e sempre. Mantenha o foco no que deseja e faça acontecer. A sua chance, o seu tempo é o agora.

PASSO:

PASSO:

CARTA DE APRESENTAÇÃO

ACOMPANHAMENTO

PASSO:

MANTENHA O FOCO

Dica BOSSA: Ao buscar trabalho nos sites de emprego, coloque como palavra-chave: “Português”. Aparecerão todas as oportunidades de trabalho que exigem fluência do idioma. *Próximo artigo: Melhores sites e locais para buscar emprego.

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agenda

madri VERÔNICA FERRIANI & WAGNER BARBOSA

LEO MINAX

5 de maio | 19h | Gratuito. Centro Cultural Galileo | Calle Galileo, 39

6 de maio | 22h | 8€ Café Libertad 8 | Calle Libertad, 8 O cantor brasileiro Leo Minax com mais de 20 anos de carreira discográfica faz um show único no Café Libertad 8.

Verônica Ferian e Wagner Barbosa percorrerão as origens e a evolução do samba, assim como sua fusão com outros gêneros como o tropicalismo, o funk ou o pop.

PUENTE DE ENCUENTRO

18 de maio | 21h | Desde 8€ Sala Clamores | Calle Albuquerque, 14 Projeto liderado por Pedro Moreno que reúne cantores brasileiros de diversos lugares do mundo.

SERJÃO LOROZA

28 de maio | 21h | Desde 8€ Sala El Sol | Calle Jardines, 3

COOKING BRAZILIAN BEATS

15 de maio | 22h | 8€ El Junco | Plaza Santa Barbara, 10 El Junco começa um projeto brasileiríssimo. Para estreia, Banda Terreiro. FEIJÃO COM SAMBA

15 de maio | 14h | 10€ Ancora Madrid | Calle Trafalgar, 6 O feijão mais conhecido de Madri volta com muito samba. Em turnê pela Europa, Serjão faz parada em Madri e promete abalar geral. 62


barcelona JHANA CANTA CLARA

14 de maio | 22h30 | Desde 5€ La Caja Fuerte | Calle Bruniquer, 57

Museu Olímpico de Barcelona | Avinguda de l’Estadi, 60 Dedicada ás Olimpíadas Rio 2016.

GRUPO SAPATO BRANCO

20 de maio | 22h30 | 5€ Marula Café | Escudellers, 49 Aulas da gafieira também são oferecidas a partir das 22h.

A cantora Jhana Silveira canta Clara Nunes acompanhada de um time de músicos brasileiros.

JAM BRASILEIRA

Toda segunda | 21h30 | Gratuito Frizz | Calle Balmes, 83 Agora as segundas tem um local certo para Jam brasileira.

EXPOSIÇÃO “3,2,1... RIO”

De 3 de maio até 18 de setembro | 10h-20h | Gratuito Domingos e feriados: de 10h ás 14h30

BCN SPORTS FILM FESTIVAL - MULHERES OLÍMPICAS, DE LAÍS BODANZKY

5 de maio | 18h | Gratuito Museu Olímpico de Barcelona | Avinguda de l’Estadi, 60 Mostra que a história da mulher brasileira no esporte se confunde, muitas vezes, com a história da mulher como um todo. 63


QUIXOTE macunaíma

Flávio Carvalho

Quem são os brasileiros no exterior? Diversidade! Tudo isso (e nada mais). “gente espelho da vida doce mistério” (Veloso). A pergunta que mais respondi a pesquisadores e jornalistas que estavam em busca de conhecer a realidade dos brasileiros no exterior foi: quem são esses? Qual o perfil? Queriam uma frase para resumir a manchete. A resposta foi sempre a mesma: diversidade. Não há como resumir, sintetizar ou reduzir. Ainda bem! Como migrante, tive a felicidade de conhecer diversas, emocionantes e surpreendentes histórias de vida de brasileiras (na maioria, sempre mulheres) e brasileiros que vivem em cidades tão distantes como Abu Dhabi ou Kuala Lumpur. Entretanto, para ficar mais perto somente da Catalunha onde eu moro, dou exemplos, bem diferentes, que pessoalmente conheço ou conheci. Histórias de sucesso. Ou nem tanto. Começo, aleatoriamente, por uma goiana casada com um iraniano que vende cerveja de maçã catalã em todos os países da Europa. Ou pela mãe de um jovem brasileiro que se suicidou, recentemente, na estação de alta tensão elétrica da companhia ferroviária, por não suportar a abstinência do vício do crack. Sigo... Vinte e dois mestres e con-

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tramestres de capoeira, participantes de dezesseis associações diferentes, que, por sua própria arte e conhecimento, alguns com mais de trinta anos de ofício, já ensinaram português e culturas brasileiras (além de saúde física e mental) a milhares de não brasileiros. E mais de três dezenas de brasileiros que vivem do ofício de ensinar português para centenas de empresas e estrangeiros, ou para filhos de famílias brasileiras. Vinte e nove associações sem fins lucrativos que ajudam nossa comunidade com projetos socioculturais de maior ou menor êxito. O casal de brasileiros que, ao voltarem juntos ao Brasil, o marido a abandonou com quatro filhos (que não queriam voltar). E a filha mais apegada ao pai, hoje retornada à Espanha e sem contato com ele, que está no sexto ano de tratamento médico contra uma grave depressão (com suas sequelas mentais). Três belíssimas jovens, modelos profissionais do mundo da moda, que compartilham a feliz coincidência de residir diante do mar de Ibiza e estarem, ao mesmo tempo, domiciliadas nos Estados Unidos. Quatro dos doze brasileiros moradores de

rua que são assistidos pelo serviço de caridade da Comunidade Católica de Santo Egídio, no Centro de Barcelona. Seis pastores de igrejas evangélicas com centenas de fiéis, brasileiros ou não. Uma inteligentíssima carioca, assistente do brasileiro que mais vende livros em todo o mundo. A família inteira que perdeu tudo no incêndio mais forte do norte da Catalunha nos últimos dez anos. Seis mães e pais cujos filhos, crianças e adolescentes, sobrevivem, há anos, em unidades intensivas dos hospitais dos serviços de saúde pública da Catalunha (dois deles com doenças raras, servindo como voluntários para estudos muito sofisticados). A pernambucana que um dia ganhou na loteria e até hoje mantém o barzinho brasileiro mais antigo e, em minha opinião, mais importante de Barcelona. Quarenta e um proprietários, trabalhadores, somelliers ou chefes de cozinha de igual número de restaurantes, bares e empreendimentos gastronômicos com “um tempero brasileiro” no cotidiano do seu ofício. A brasileira que entrou para a família que faz o chocolate mais famoso e tradicional da Catalu-


nha, casada com o dono do restaurante que faz a melhor paella de Barcelona (segundo a crítica gastronômica local). O dançarino, campeão mundial de lambada. O serralheiro, contratado pela justiça espanhola (e pelos bancos), pra consertar as portas arrombadas, depois do desalojamento de famílias que ocupam imóveis vazios. E o brasileiro, ator goiano, que foi preso por ocupar. A paulista que serviu, várias noites, o jantar japonês mais simples, do catalão melhor chefe de cozinha do mundo. O catalão-brasileiro que introduziu, nos anos cinquenta, a produção dos melhores vinhos brasileiros no até então desacreditado Sertão do nosso país. O paraibano campeão mundial de futebol que soube transmitir aos seus dois filhos e filha os valores educativos que os fizeram chegar aos melhores times do esporte europeu e mundial. A pernambucana que joga na seleção espanhola de handebol e o mineiro integrante da equipe espanhola de para-ciclismo. Dezenas de mulheres de origem humilde, muitas delas mães e avós, que cumprem anos de prisão na Espanha, condenadas por estarem envolvidas, na maioria, por tráfico de drogas. O brasileiro que desenhou o aplicativo para celulares dos divertidos personagens Minions. Os brasileiros que trabalham para a

Microsoft, Tweeter e outras empresas destacadas do setor. A gaúcha que largou tudo pra incorporar-se como voluntária no resgate dos refugiados na Ilha de Lesbos, na Grécia. A responsável de logística da ONG Médicos Sem Fronteiras. Uma jovem brasileira esfaqueada pelo marido espanhol e a filha da brasileira assassinada a tiros, na sua frente, pelo seu pai. A transexual que foi jogada do sétimo andar de um hotel do centro de Barcelona e sobreviveu. Dois trabalhadores sexuais brasileiros que vendem seus serviços, por muito dinheiro, em países orientais onde a prostituição pode chegar a ser sentenciada com a pena de morte. O médico brasileiro mais importante da Organização Mundial de Saúde, que já alertava, antes do vírus Zica, para o perigo epidêmico das doenças tropicais em áreas de extrema pobreza. A baiana, empreendedora criativa, pioneira na promoção de roupas com tecidos que já incorporam repelentes de mosquitos, vendidas para equipes olímpicas que irão competir no Rio de Janeiro. O ex-preso político brasileiro que, provavelmente, depois de muitas sessões de tortura e sentindo-se ainda “perseguido pelas ditaduras do mundo”, cruza as fronteiras da Europa, buscando asilo político em metade do con-

tinente. Dom Pedro Casaldáliga, um dos melhores poetas que conheci pessoalmente – e, para mim, o catalão mais importante do Brasil. O jovem baiano, artista, capoeirista, garçom, instrutor e reparador de bicicletas, modelo fotográfico, cientista político... e destacado militante dos partidos da esquerda anticapitalista que estão revolucionando a cidade de Barcelona. O brasileiro que já foi reeleito quatro vezes para o organismo mais importante de enfrentamento à discriminação racial em todo o mundo. Dois proprietários de empreendimentos especializados em brigadeiros, um em açaí e três autônomos dedicados exclusivamente a comercializar seu principal produto: coxinhas de frango. A faxineira que limpa cada mês, há vários anos, o apartamento desabitado de um escritor Prêmio Nobel de Literatura...! Percebem, comigo, a imensa dificuldade de reduzir toda essa diversidade? Contar a história de suas vidas é um dos maiores sonhos que, em breve, poderei compartilhar com vocês leitores. Conhecê-los é (ou foi), para mim, um enorme prazer.

Para todas e todos: aquele abraço!

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