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www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nº 100 .br ABR/MAI 2008

Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Menos peixes em um mundo mais quente Diminuição da circulação térmica dos oceanos é nova ameaça à vida marinha

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ntitulado “Em Água Morta” (In Dead Water), relatório do Pnuma aponta mais uma grande ameaça à vida marinha que começa a ficar evidente para cientistas: o aquecimento global poderá desacelerar a circulação térmica dos oceanos e, em cem anos, diminuir os mecanismos de “descarga e limpeza” dos mares continentais. Esses mecanismos são processos cruciais para manter a qualidade da água, para a circulação de nutrientes e para a reprodução marinha em águas profundas em pelo menos 75% dos principais locais de pesca do mundo, incluindo o Ártico e o Mar Mediterrâneo. A ligação entre áreas de pesca saudáveis e produtivas e a circulação oceânica foi registrada, pela primeira vez, em estudo publicado há três anos: uma quantidade de água equivalente a dois anos de deságuas de todos os rios que fluem em direção ao Mar Mediterrâneo foi transportada em quatro meses do Golfo dos Leões para as profundezas do Mediterrâneo Ocidental, através de um cânion. Essa movimentação causou impacto sobre a população altamente explorada dos camarões de águas profundas Aristeus antennatus: ao trazer mais alimentos, promoveu o aumento das populações jovens, resultando, três a cinco anos depois, em grande quantidade de pesca. – Imagine o que acontecerá se a mudança climática reduzir ou interromper esse transporte natural de alimentos e esses efeitos de “descarga” em águas que normalmente já são poluídas, altamente superpovoadas de peixes, danificadas e sobrecarregadas. Nós estamos jogando com o nosso suprimento de comida – alerta o chefe da equipe que elaborou “Em Água Morta”, Christian Nellemann. Múltiplos impactos – No entanto, outras graves agressões aos ecossis-temas foram registradas. Elaborado em parceria com institutos e universidades dos Estados Unidos e da União Européia, “Em Água Morta” sustenta que “as piores concentrações de impactos cumulativos das mudanças climáticas, com a superexploração, a pesca com redes de arrasto, as infes-tações de espécies invasoras, o desenvolvimento costeiro e a poluição parecem ter se concentrado em 10% a 15% dos oceanos”. Mais de 80% das principais espécies de peixes que atraem a indústria pesqueira estão sendo explorados além

Arquivo Pnuma

O aquecimento global, a pesca predatória, a poluição e outros impactos ambientais colocam os mares em risco

ou muito próximo de sua capacidade de reprodução. Problema que só tende a crescer com o aumento da poluição. Segundo o relatório, mais de 90% das costas temperadas e tropicais serão gravemente afetadas pela poluição até 2050, em especial no Sudeste e Leste da Ásia. Além disso, as temperaturas mais elevadas das superfícies dos mares ameaçam branquear e matar, nas próximas décadas, até 80% dos recifes de corais, que são importantes atrações turísticas, defesas naturais e também berçários de peixes. Os mais ameaçados estão no Oeste do Pacífico, Oceano Índico, Golfo Pérsico, Oriente Médio e Caribe. Corais de águas frias e profundas podem também ser afetados até 2050 pela crescente acidez dos oceanos, devido à absorção mais intensa de CO2 pelos oceanos. O relatório pode ser acessado em www.grida.no, www.unep.org ou www.globio.info.


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