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BRASIL PNUMA
www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nºº 107 .br JUN/JUL 2009
Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Mais investimentos em energia limpa Arquivo Pnuma
Apesar da crise global, aplicações no setor em 2008 superaram em 5% valor de 2007
Em 2008, os maiores investimentos em energiarenovável foram direcionados para eólica (US$ 51,8 bilhões) e solar (US$ 33,5 bilhões)
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esmo com a crise econômica que impacta o planeta desde o último trimestre do ano passado, os investimentos em energia limpa em 2008 superaram em 5% o valor aplicado em 2007, em boa parte devido a projetos em países em desenvolvimento como China e Brasil. E levandose em conta apenas as nações emergentes, os investimentos subiram 27% em relação a 2007, chegando a US$ 36 bilhões. Lançado em junho pela Iniciativa de Financiamento de Energia Sustentável do Pnuma, o estudo Global Trends in Sustainable Energy Investment 2009 revela que, em 2008, foram investidos US$ 155 bilhões em companhias e projetos de produção de energia limpa – como eólica, solar, geotérmica e biocombustível. Cálculos que nem incluíram as aplicações em plantas de grandes hidrelétricas. Esses investimentos equivalem a um aumento quatro vezes maior do que fora aplicado em 2004. Em relação ao total investido em 2008, a geração de energia por ventos recebeu o maior volume: US$ 51,8 bilhões; equivalente a um aumento de 1% em relação aos valores de 2007. Mas em termos de maior percentual de aumento sobre o investido 2007, as maiores inversões foram em energia solar: US$ 33,5 bilhões; um aumento de 49%. No caso dos biocombustíveis, porém, os investimentos em 2008, de US$ 16,9 bilhões, representaram decréscimo de 9% em relação aos de 2007. Baixo carbono – Em um planeta cada vez mais quente, em que se faz
urgente o aumento dos investimentos em energia renovável, o estudo do Pnuma traz um dado alentador. Em 2008, a maior parte das aplicações em novas plantas energéticas foi direcionada para fontes de energia limpa, que já representam 40% do que vem sendo investido anualmente no aumento da capacidade de geração de todo tipo de energia. Dos US$ 155 bilhões investidos em 2008, US$ 105 bilhões foram direcionados ao desenvolvimento da geração de 40 GW de energia advinda de fontes eólica, solar, pequenas hidrelétricas, biomassa e geotérmica. Mais US$ 35 bilhões foram aplicados no desenvolvimento da geração de 25 GW a partir de plantas maiores de força hídrica. O estudo comparou o percentual desses investimentos totais de US$ 140 bilhões, na geração de 65 GW de eletricidade de baixo carbono, com os US$ 250 bilhões gastos globalmente, em 2008, com a construção de plantas de todo tipo de fontes de energia, para a geração mundial de 157 GW. No entanto, em um mundo em crise, os principais atores sociais precisam ficar atentos para reforçar as políticas e investimentos em energia renovável. Para o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, “o maior estímulo” ao pacote de investimentos renováveis poderá ser alcançado na Convenção do Clima da ONU, a ser realizada em Copenhague, em dezembro. “É onde os governos precisam selar um compromisso por um novo acordo climático.” Mais informações sobre o estudo em www.unep.org.
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Em nossa capa, apresentamos dados positivos sobre o crescimento bilionário dos investimentos em energia limpa em 2008 em relação a 2007, a despeito da crise financeira e econômica mundial, principalmente em projetos de produção de energia eólica e solar. Aqui ao lado, porém, nossa reportagem fala de um dado negativo que precisa ser combatido urgentemente: um estudo nas 12 maiores regiões de mares do mundo apontando uma verdadeira maré de lixo flutuante que ameaça a vida marinha e o turismo, em grande parte formada por materiais plásticos e pontas de cigarro. Na página 3, divulgamos relatório do Pnuma indicando que investimentos em conservação, reabilitação e gestão das florestas e turfas, entre outros ecossistemas, poderiam produzir cortes significativos nas emissões de gases de efeito estufa e evitar a liberação de grande quantidade desses gases na atmosfera. No artigo das páginas centrais, o gerente de Desempenho em SMS da Petrobras, Luis Cesar Stano, discorre sobre importantes iniciativas para aumentar a eficiência ambiental em um setor-chave da economia e da vida humana: a construção civil. Na contracapa, informamos sobre o lançamento de mais uma turma do Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental promovido pela Escola Politécnica da UFRJ, em parceria com o Instituto Brasil Pnuma. Contando com grandes profissionais, o curso tem nível de pósgraduação (MBA). Um abraço e até o próximo. Haroldo Mattos de Lemos Presidente
Maré de lixo ameaça oceanos Detritos como plásticos matam animais e prejudicam turismo Uma crescente maré de lixo – principalmente plásticos, garrafas PET e pontas de cigarro – vem ameaçando a vida nos oceanos e praias do planeta. O alarme foi dado pelo Pnuma e o organismo Ocean Conservancy ao lançarem, no Dia Mundial dos Oceanos, em 8 de junho, pioneiro relatório sobre a situação do despejo de lixo nas 12 maiores regiões de mares do mundo. O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, afirmou que os detritos nos oceanos podem ser “dramaticamente reduzidos” com melhores ações de redução de geração de lixo, de iniciativas de reciclagem e de manejo adequado dos dejetos. Além do incentivo a atividades de coleta e reciclagem e ações contra o descarte inadequado de lixo e o apoio do setor turístico para a manutenção de uma boa aparência das praias e águas do entorno, especialistas defendem a aplicação de multas pesadas às embarcações que despejarem detritos nos mares. Grande vilão – O relatório chama a atenção para os plásticos – em especial sacolas e garrafas PET –, que contribuem com mais de 80% do lixo encontrado nos mares. Como conseqüência, fragmentos plásticos se acumulam em ambientes marinhos e terrestres, ameaçando a vida marinha e atividades turísticas, entre outras.
Arquivo Pnuma
EDITORIAL
Plásticos e pontasdecigarro respondempela maiorpartedo lixoqueameaça avidamarinha e os lucros do turismo
Estudiosos alertam que inúmeras espécies de animais – como mamíferos marinhos, pássaros, peixes e tartarugas – confundem os plásticos como se fossem alimentos, ficando doentes ou morrendo ao ingeri-los. Uma pesquisa, por exemplo, sobre uma espécie de ave encontrada em região do Mar do Norte chegou à conclusão de que 95% desses pássaros marinhos continham pedaços de plástico no estômago. Maços, filtros e cigarros são outro grave problema. No Mar Mediterrâneo, 40% do lixo encontrado são desse tipo. Na costa do Equador, esses detritos correspondem a mais de 50% do lixo coletado. No Reino Unido, 92% dos pescadores pesquisados relataram problemas com lixo preso a suas redes, estimando que cada embarcação teria prejuízos anuais entre US$ 10,5 mil e US$ 53,3 mil por causa de detritos nos mares. Para a indústria pesqueira local, o custo poderia chegar a US$ 4,3 milhões.
Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico:
Roberto Messias Franco (presidente do Ibama) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito
Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável:
Santo, Roberto de Faria Almeida, Telma de Avellar Guimarães (titulares), João Alfredo Noronha
Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Josy Soares da Silva Mendes de Moraes
Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo, Vicente Hermogerio Schmall (suplentes).
Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Fotolito: Pigmento Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (ex-deputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de Almeida (diretor-geral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Henrique de Abreu Mendes (ex-
Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.
secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (ministro do Meio Ambiente), Hélio Saboya (ex -procurador geral do Estado do Rio de Janeiro), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-
INSTITUTO
ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede
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Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio),
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Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), Márcio Nogueira Barbosa (vice-diretor executivo da Unesco), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil Pnuma), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (ex- presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro), Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP),
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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo email.
www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE INSTITUTO BRASIL PNUMA Av. Nilo Peçanha 50, sala 1.708 – Centro CEP 20.044-900 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Telefax: (21) 2262-7546 CGC: 40.200.230/0001-19 Emails brasilpnuma@brasilpnuma.org.br brasilpnuma@gmail.com
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Nova estratégia contra efeito estufa Pnuma defende fomento a conservação, reabilitação e gestão de ecossistemas
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Jefferson Rudy
elatório do Pnumente 15% das emisma lançado em 5 de sões totais de carbono junho, Dia Mundial do derivadas de atividades Meio Ambiente, sushumanas. tenta que o fomento aos As taxas de desmainvestimentos na contamento em zonas troservação, reabilitação e picais são calculadas gestão das florestas, em cerca de 14,8 miturfas, solos em geral e lhões de hectares por em outros ecossisteano – sendo responsámas essenciais podeveis por quase 1/5 das ria gerar cortes signifiemissões mundiais de cativos nas emissões gases do efeito estufa, de gases-estufa, além superando inclusive as de evitar a liberação de do setor de transporte. uma maior quantidade Em comparação, por dessas substâncias na exemplo, com técnicas atmosfera. convencionais de corte A avaliação The Nade árvores, métodos tural Fix – The Role of mais modernos podeEcosystems in Climariam reduzir as perdas te Mitigation aponta de carbono em cerca como fundamental a de 30%. adoção de uma ampla O setor agrícola ofepolítica, dentro da Conrece as maiores e mais venção das Nações fáceis oportunidades Unidas sobre Mudande ganhos no armazeças Climáticas, para namento de carbono, tratar do gerenciamense forem adotadas amto dos ecossistemas plamente boas práticas de carbono, a fim de de gestão, como não salvaguardar as reserrevirar o solo e usar vas dessa substância, nutrientes naturais, reduzir suas emissões como adubo e estere maximizar o potencial co. Dessa forma, podas zonas naturais e deriam ser sequestraagrícolas para subtraídos até 2 Gt de carbola da atmosfera. no por ano até 2030, Pnuma defende novo acordo climático em que países em Os alvos prioritários quantidade comparável desenvolvimento recebam verbas para conservar suas florestas, são as florestas tropicom as atuais emisque são grandes absorvedores de carvão cais, turfas e áreas sões do setor agrícola. agrícolas. A redução de 50% das taxas de desmatamento No entanto, o atual regime climático internacional apeaté 2050, mantendo-se esse nível até 2100, evitaria a nas aborda em parte as emissões derivadas das mudanças emissão direta de 50 Gt de carbono neste século, o no uso do solo, como desmatamentos, não oferecendo equivalente a 12% das reduções de emissões necessárias incentivos para a redução das emissões de carbono das para manter as concentrações atmosféricas de dióxido de floretas e de outros ecossistemas. Para não falar de sua carbono em níveis mínimos ideais; inferiores a 450 ppm. conservação como sumidouros de carbono. Por sua vez, com práticas sustentáveis, o setor agrícola O Pnuma espera então que os governos negociem um poderia se tornar neutro em emissões de carbono até 2030. novo acordo climático em Copenhague, em dezembro, em que seja dado o primeiro passo para que as nações mais Absorção de carbono – Segundo o estudo do Pnuma, ricas comecem a pagar aos países em desenvolvimento as florestas tropicais são o grande absorvedor de carbono, pela redução de suas emissões derivadas do desmatamenabrigando a maior reserva dessa substância em terra, com to e da degradação de suas florestas. uma absorção de cerca de 1,3 Gt por ano; ou aproximadaMais informações em www.unep.org. JUNHO/JULHO 2009 – Nº 107
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Construção S um poderoso aliado da sa
LUIS CES
As construções oferecem um enorme campo para a economia de energia, e talvez as oportunidades mais amplamente reconhecidas de aumento da eficiência energética estejam nos lares e nos locais de trabalho. (Relatório Brundtland, 1987)
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odas as pesquisas, estudos e avaliações quanto à saúde ambiental de nosso planeta chegam inexoravelmente à conclusão, hoje já encarada como indiscutível, de que o grau de deterioração dos ecossistemas da Terra, em grande parte provocado por ações antrópicas, está atingindo níveis que podem colocar em risco a sobrevivência de muitas das espécies vegetais e animais que aqui habitam. Incluindo nós, os seres humanos. Em um contexto como esse, nenhuma atividade econômica pode prescindir de uma avaliação criteriosa de seus potenciais impactos quanto ao consumo de recursos naturais ou à liberação de poluentes para o meio ambiente, levando em conta todas as etapas de seu ciclo de vida. Essa preocupação com a eficiência ambiental, ou ecoeficiência, começa a estender-se, cada vez com maior celeridade, a um dos setores mais tradicionais da atividade humana: a construção civil. Alguns dados relacionados à construção civil permitem consolidar um quadro nítido da grandeza
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dos impactos negativos que a atividade pode impor ao meio ambiente:
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Mais da metade dos recursos naturais extraídos na América Latina são consumidos na construção civil; Os resíduos das construções e demolições no Brasil totalizam cerca de 80 milhões de toneladas por ano; A operação de edifícios no Brasil é responsável por 18% do consumo total de energia no país e por 50% do consumo de energia elétrica; Os edifícios são responsáveis por 25% das emissões globais de gases de efeito estufa. A magnitude desses impactos abre, por outro lado, imensas oportunidades de melhoria, uma vez que as principais tecnologias necessárias à melhoria do desempenho ambiental das edificações já se encontram disponíveis hoje em dia, abrangendo todas as etapas do ciclo de vida dos edifícios, desde a concepção e projeto, passando pelos processos de construção e de uso das edificações e chegando até a etapa de demolição. A fase de ocupação do edifício é merecedora de especial atenção, pois nessa etapa, até mesmo em função de sua longa duração, concentram-se as maiores parcelas de impacto ambiental e de custos. A concepção adequada do edifício, o uso de materiais isolantes mais eficazes e de técnicas de circulação de ar podem permitir, por exemplo, redução significativa dos impactos ambientais associados à energia necessária para aquecimento/refrigeração; projetos arquitetônicos
que viabilizem o melhor aproveitamento da iluminação natural, conjugados ao uso das lâmpadas mais eficientes hoje disponíveis e de sensores de movimento, conduzem à sensível redução na demanda de energia para iluminação; o reaproveitamento das águas servidas ou da chuva pode minimizar a necessidade de captação de água das redes municipais de abastecimento. Os governos também têm um papel fundamental a desempenhar no engajamento de todos os agentes sociais rumo à maior sustentabilidade da construção civil, por meio de ações como:
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Educação e conscientização dos moradores e ocupantes de prédios residenciais e comerciais no sentido de orientar suas escolhas e comportamentos na direção de produtos, serviços e atitudes mais ecoeficientes; Incentivo à melhoria da eficiência energética de prédios novos e já existentes e à introdução de inovações no projeto e operação de edifícios; Estabelecimento de códigos, padrões, mecanismos de avaliação e sistemas de rotulagem ambiental para prédios, eletrodomésticos e sistemas de iluminação, considerando inclusive seus ciclos de vida; Incentivo à renovação de prédios residenciais e comerciais, com a adoção de tecnologias ambientalmente mais amigáveis.
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No mundo todo podem ser encontrados exemplos de ações governamentais voltadas para a melhoria do desempenho ambiental da construção. JUNHO/JULHO 2009 – Nº 107
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Sustentável: aúde ambiental do planeta
SAR STANO
No Brasil, o Procel – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica criou em 2003 o programa Procel Edifica, que visa a promover condições para o uso eficiente da eletricidade nas edificações, reduzindo os desperdícios de energia, de materiais e os impactos sobre o meio ambiente, por meio de projetos nas áreas de capacitação tecnológica e profissional, inserção do tema conforto ambiental e eficiência energética nos cursos de arquitetura e engenharia, bem como pela disseminação dos conceitos e práticas de eficiência energética das edificações e conforto ambiental entre os profissionais de arquitetura e engenharia e aqueles envolvidos em planejamento urbano. O Procel Edifica estima que seria possível obter uma melhoria de 30% na eficiência energética de prédios já existentes por meio de reformas e modernizações e de 50% com a introdução de tecnologias mais ecoeficientes no projeto, construção e operação de novos edifícios. Também a União Européia, com a Diretiva 2002/91/EC, manifestou seu compromisso com a melhoria do desempenho energético das edificações, estabelecendo requisitos tais como:
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Aplicação de estrutura e metodologia para o cálculo do desempenho energético integrado de edificações; Requisitos mínimos para o desempenho energético de novas construções e de grandes edificações já existentes submetidas a reformas e renovações de maior porte; Certificação energética de edificações.
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A certificação por terceira parte de edificações começa de fato a ganhar corpo em todo o mundo, com iniciativas como a Leadership in Energy and Environmental Design – LEED, promovida pelo United States Green Building Council, que concede certificados a prédios que atingem uma determinada pontuação em requisitos distribuídos ao longo de sete categorias: localização sustentável, eficiência no uso da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental interna, projeto inovador e prioridades regionais. Os requisitos abordam aspectos tais como escolha do local da construção (proteção de áreas verdes, habitats e recursos naturais; reabilitação de áreas degradadas; possibilidade de deslocamento a pé e uso de transporte público como alternativa ao transporte individual; maximização de áreas não construídas; espaço prioritário para o estacionamento de bicicletas e veículos não poluentes; redução das áreas de solo cobertas e maximização da infiltração da água; redução do uso de água potável e utilização de tecnologias inovadoras para o tratamento das águas servidas; estabelecimento de padrões mínimos de desempenho energético; utilização de fontes renováveis de energia; uso da iluminação natural; implantação de sistemas individuais de medição do consumo de energia; facilidades para coleta e armazenamento de materiais recicláveis; minimização da poluição provocada pela atividade de construção; gestão ambientalmente adequada dos resíduos da construção; utilização de materiais reaproveitados ou reciclados, de materiais disponíveis na região e de madeira certificada;
Se o consumo de energia nas edificações continuar a crescer às taxas atuais, elas estarão consumindo em 2050 quase tanta energia quanto a indústria, a manufatura e a mobilidade juntas. (WBCSD, Energy Efficiency in Buildings, 2006)
garantia da qualidade ambiental interior das edificações; atendimento a prioridades ambientais específicas de cada região. O prédio atualmente ocupado pela Universidade Petrobras no Rio de Janeiro, com 52 mil m2 de área construída, foi o primeiro edifício a receber no Brasil a certificação LEED na modalidade Core & Shell. O edifício utiliza revestimento externo que minimiza a necessidade de uso de sistemas de condicionamento do ar interior, promove o aproveitamento controlado da iluminação natural, a coleta da água da chuva e o reuso da água servida em pias e lavatórios, reduzindo em 40% a necessidade de captação de água da rede pública. Estima-se que um edifício dotado dessas facilidades custe entre 7% e 10% mais caro que uma construção comum. O investimento adicional, porém, é amortizado em prazo curto pela redução dos dispêndios operacionais da edificação, sem contar os inegáveis benefícios para o meio ambiente. Luis Cesar Stano é gerente de Desempenho em SMS da Petrobras
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Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca AGÊNCIA DA BACIA DO RIO PARAÍBA DO SUL – Agevap. Relatório de atividades 2008. São Paulo: Agevap, 2009. 31p. AMBIENTE URBANO. São Paulo: Instituto Triângulo. ano 4, n. 33, mar. 2009. BOLETIM ABNT. Caminhos abertos aos inovadores. São Paulo, v. 7, n. 82, maio 2009. BOLETIM IRAM. Normas para fortalecer la cadena de provisión de alimentos, n. 152, fev. 2009. BOLETIM IRAM. Água: um desafio vital, Iram, n. 153, mar. 2009. CEMPRE ENERGIA. São Paulo: Cempre. n. 104, mar./abr. 2009. CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - CEBDS. Ecossistemas e bem-estar humano: oportunidades e desafios para empresas e a indústria. Rio de Janeiro: Stylita, 2006. 34p.
mento Limpo – MDL: uma análise crítica. São Paulo: Fiúza, 2007. 238p. GUEIROS, Suzana. O ecodesign como uma das estratégias para a sustentabilidade empresarial do pólo industrial da Suframa. 2009. 69f. Monografia (Pós-Graduação em Gestão Ambiental) – Escola Politécnica da UFRJ, Instituto Brasil Pnuma, Rio de Janeiro GUSMÃO, Antônio Carlos de Freitas de. Gestão ambiental da indústria. Rio de Janeiro: SMS Digital, 2009. 224p. IBGE. Mapa da área de aplicação da lei n. 11.428 de 2006. IBGE, 2008. Escala: 1: 5 000 000. INFORMATIVO IEA. Projeto Mucky: protegendo nossos melhores primatas, Rio de Janeiro. ano 15, n. 88, mar/abr. 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA – IBS. Siderurgia brasileira: relatório de sustentabilidade 2008. Rio de Janeiro: IBS, 2009. 60p.
DIAS, Adriana. Expedição natureza gaúcha. São Paulo: Metalivros, 2008. 144p.
PRICEWATERHOUSECOOPERS. Estudo sobre o setor de tratamento de resíduos industriais.
ECONOMIA E ENERGIA. Os caminhos para o petróleo e o gás no Brasil, Rio de Janeiro: Ecen. ano 13, fev./mar. 2009.
PROJETO MATA ATLÂNTICA. A Mata Atlântica tem legislação específica. Projeto Mata Atlântica, 2009.
ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. v. 14, n. 1, jan./mar. 2009
REDE DE ONGS PELA MATA ATLÂNTICA. A Mata Atlântica e sua biodiversidade no contexto da mitigação das mudanças climáticas: a contribuição da sociedade civil. Brasília: RMA, 2008. 80p.
FERREIRA, Victor Ribeiro Alves. Geoprocessamento como importante ferramenta ao planejamento ambiental e territorial. 2008. 26f. Monografia (PósGraduação em Gestão Ambiental) – Escola Politécnica da UFRJ, Instituto Brasil Pnuma, Rio de Janeiro. GRAU NETO, Werner. O Protocolo de Quioto e o Mecanismo de DesenvolviTER
REDE PELA MATA. ano 3, n. 4, dez. 2008 REVISTA BENCHMARKING. Arte a serviço da sustentabilidade, São Paulo: Mais Projetos Gestão e Capacitação Socioambiental, n. 2, jan./abr. 2009.
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AGENDA
XI Feira e Seminário Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade – De 4 a 6 de novembro, em São Paulo (SP). Realização: Revista do Meio Ambiente Industrial. Informações em www.fmai.com.br.
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – 15ª Conferência das Partes – De 7 a 18 de dezembro de 2009, em Copenhague (Dinamarca). Realização: Organização das Nações Unidas. Informações em http://en.cop15.dk.
4ºº Congresso Internacional de Bioenergia e 1ºº Congresso Brasileiro de Geração Distribuída e Energias Renováveis – De 18 a 21 de agosto, em Curitiba (PR). Realização: UFPR – Fupef, Copel e Itaipu. Informações pelo tel. (54) 3226-4113; contato@porthuseventos.com.br; e www.eventobioenergia.com.br/congresso/ br/inscricao_j.php.
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Combate a espécies exóticas Em seu pronunciamento pelo Dia Internacional da Biodiversidade, em 22 de maio, o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, chamou a atenção para a importância de se aprimorar a cooperação internacional, dentro do quadro da Convenção da Biodiversidade, no combate às chamadas espécies exóticas invasoras. Microorganismos, plantas e animais transportados de um canto a outro do planeta, por importações irregulares ou até mesmo em águas de lastro de navios, essas espécies, na falta dos seus predadores naturais, se proliferam perigosamente, destruindo espécies endêmicas de outros habitats. Além de séria ameaça à biodiversidade planetária, alguns estudos estimam que essas espécies podem estar causando perdas na economia global que ultrapassam US$ 1,4 trilhões. Somente na União Européia, haveria atualmente pelo menos 11 mil espécies invasoras, sendo que 15% delas provocando prejuízos econômicos e ameaçando a fauna e flora nativas. Steiner enfatizou a importância de se reforçar, em especial nos países em desenvolvimento, o controle nacional com suas alfândegas e agências de quarentena.
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Instituto Triângulo
Curso de direito ambiental
Nossas desculpas ao Instituto Triângulo de Desenvolvimento Sustentável. Na última edição, publicamos uma contracapa sobre o trabalho dessa organização da sociedade civil de interesse público, sediada em Santo André (SP), em defesa do meio ambiente, como a mobilização de milhares de pessoas da Grande São Paulo para a coleta seletiva de óleo de cozinha usado. No entanto, por uma distração, saiu trocado o nome do Instituto Triângulo no subtítulo e na legenda das fotos da reportagem.
O IEDHMA (Instituto de Estudos dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente) estará promovendo, a partir de agosto, o Curso de Pós-Graduação em Direito Ambiental Aplicado da Univercidade, no Rio de Janeiro, às segundas e quartas-feiras, das 18h30 às 21h20. O curso pode ser financiado pela Caixa Econômica Federal em até 36 meses. Mais informações e inscrição em www.univercidade.edu.
Ações de meio ambiente Ao investir em ações ambientais, o Senai de São Paulo conquistou, em dezembro passado, a certificação NBR ISO 14001 de suas escolas técnicas em Vila Leopoldina, na capital, e nos municípios de São José do Rio Preto e Franca, além da sua administração central, que fica junto ao prédio da sede da Fiesp, na Av. Paulista. O trabalho de certificação envolveu 14 áreas tecnológicas e a auditoria do organismo de certificação Bureau Veritas, que comprovou a capacidade do Senai em atender aos requisitos ambientais da NBR ISO 14001.
Um plano de ação do Senai de São Paulo vem multiplicando esse trabalho para mais 84 unidades educacionais. Ao final, 87 escolas no Estado de São Paulo estarão com esse sistema de gestão implantado. A diretoria do Senai tem estabelecido objetivos e metas relacionados a temas como consumo de água e de energia elétrica, consumo de papel, resíduos perigosos e reflorestamento de mata nativa ou ciliar. Em apoio à campanha mundial do Pnuma pelo plantio de bilhões de árvores, o Senai de São Paulo se mobiliza para que cada um dos seus alunos plante pelo menos uma árvore ao longo de 2009. Ao todo, são cerca de 110 mil alunos em cursos regulares e de treinamento de curta duração.
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Plantio de árvores no twitter A mais nova febre entre internautas, o site de comunicação twitter passou a ser utilizado pelo Pnuma para reforçar mundialmente a meta da campanha de plantio de 7 bilhões de árvores até o fim de 2009 (//twitter.com/ UNEPandYou). Até agora, cerca de 3 bilhões de árvores já foram plantadas em mais de 150 países. “Para alcançar a meta de árvores plantadas, precisamos do apoio de escolas, governos, empresários e cidadãos”, diz o direto-executivo do Pnuma, Achim Steiner. Para o registro mundial da campanha, o Pnuma solicita que as pessoas que plantarem árvores assinalem sua cota em www.unep.org/ billiontreecampaign/.
Vencedores do SEED 2009 Vinte iniciativas locais de países em desenvolvimento – dentre elas, três projetos de sustentabilidade do Brasil – receberam, em maio passado, o Prêmio SEED 2009. Promovido pelo Pnuma e Pnud, o prêmio internacional reconhece inovações em âmbito de empreendedorismo local, ambientalmente responsável e sustentável.
Prêmio para a Universidade Federal do Paraná O Cenacid da Universidade Federal do Paraná (UFPR), representado pelo seu coordenador e fundador, o professor Renato Lima, recebeu, em maio passado, na Bélgica, o Green Star Award. O Prêmio Estrela Verde foi concedido, pelo Pnuma e pela Green Cross International, pelo trabalho científico do Cenacid de resposta e redução de consequências de desastres naturais, ambientais e tecnológicos, no Brasil e no exterior. Esse centro de excelência conta com 80 cientistas de vários departamentos da UFPR e também de outras universidades, como UFRJ, USP (São Carlos), UFBA e UFOP, além de pesquisadores universitários de países como Guatemala, Espanha, Peru e Panamá. O Cenacid já atuou em mais de 40 grandes emergências no Brasil e no exterior, sendo reconhecido como parceiro importante na redução de vítimas, sofrimento e prejuízos ambientais gerados por desastres.
Os escolhidos do Brasil foram o Programa Um Milhão de Cisternas, que prevê a construção de tanques domésticos para a coleta da água da chuva nas regiões semiáridas; o Uso Sustentável de Sementes Amazônicas, que visa à geração de renda com a produção de óleos feitos a partir de sementes; e o Projeto Piabas do Rio Negro, que promove a pesca comercial e ecologicamente sustentável de peixes ornamentais.
Novos telefone e email do Brasil Pnuma Com sede no Centro da Cidade do Rio de Janeiro, na Av. Nilo Peçanha, 50, sala 1.708, o Instituto Brasil Pnuma está com novos telefone – (21) 2262-7546 – e email – brasilpnuma@ brasilpnuma.org.br.
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Pós-graduação em gestão ambiental UFRJ e Pnuma abrem nova turma de curso para profissionais de diversas áreas Divulgação
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Escola Politécnica da UFRJ, em parceria com o Instituto Brasil Pnuma, abriu inscrições para a segunda turma de 2009 do Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental, a ser realizado a partir de 21 de agosto, às sextas-feiras, das 18h às 22h, e aos sábados, das 8h às 17h, na sede da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Rua do Russel, 1, Glória). Coordenado pelo professor Haroldo Mattos de Lemos, o curso tem nível de pós-graduação (MBA). As aulas terão duração de dez meses, até julho de 2010, e as monografias deverão ser entregues até 20 de agosto de 2010. Com a continuidade da grande demanda pelo curso, a exemplo de anos anteriores, novamente se decidiu, em 2009, pela abertura de uma segunda turma. O curso tem como objetivo contribuir para a formação de profissionais interessados em trabalhar na área ambiental e para aperfeiçoar e atualizar aqueles que já atuam no setor. Professores de formação diversificada capacitarão profissionais de várias especialidades para a gestão ambiental de atividades, projetos e programas, tanto do setor privado quanto do público. Com 400 horas/aula de aulas expositivas, práticas, palestras, seminários e visitas técnicas a empresas, o curso tem como base uma abordagem interdisciplinar e holística, visando a uma perspectiva integrada da gestão do meio ambiente. A variável ambiental é abordada em sua relação com as questões econômicas, tecnológicas e sociais de desenvolvimento sustentável, de forma a permitir transformar os desafios e as restrições ambientais em oportunidades de negócios.
Apoio Cultural
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Assim como a Turma Ga 2008 II, nova classe terá aulas com abordagem interdisciplinar
O programa inclui temas como Metodologia e Didática do Ensino Superior; Sociedade e Meio Ambiente; Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Estatística Aplicada ao Meio Ambiente; Recursos Hídricos; Ecodinâmica; Química Ambiental; Saúde Pública: Planejamento Territorial; Direito Ambiental; Economia Ambien-
tal; e Gestão Industrial Sustentável. Mais informações e matrículas no Instituto Brasil Pnuma, pelo telefone (21) 2262-7546 ou pelo email brasilpnuma@brasilpnuma.org. br; ou no Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da UFRJ, pelos tels. (21) 2562-7982 e 2562-7983.
Variável ecológica é fundamental para empresas que queiram sobreviver no mercado moderno
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Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental atende a uma realidade em que a temática ambiental se encontra crescentemente inserida nas atividades relativas ao sistema produtivo e à administração das organizações. Nas empresas, a competitividade é determinante para sua sobrevivência no mercado, e o meio ambiente tornou-se um fator essencial nessa questão. As informações sobre custos ambientais existentes e as oportunidades de ganho no gerenciamento de processos e na racionalização do uso de recursos naturais e energia são elementos fundamentais para a gestão estratégica das empresas. Por outro lado, as instituições públicas precisam nortear, regular e administrar o meio ambiente como patrimônio de todos, em busca do desenvolvimento sustentável.
Impresso em papel ecoeficiente Printmax 90g/m² da Votorantim Celulose e Papel - VCP. Papel produzido com florestas plantadas de eucalipto. Preservando matas nativas, em harmonia com o meio ambiente. JUNHO/JULHO 2009 – Nº 107