B R A S I L
B R A S I L P N U M A
I N S T I T U T O
Petrópolis aposta na ecoeficiência Projeto reduzirá desperdício de recursos naturais no setor têxtil e de vestuário
A
Fumpecc (Fundação Cultural Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra) e o Sebrae/RJ (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas/RJ) lançaram, em abril, o primeiro projeto de diagnóstico ambiental para micro e pequenas empresas têxteis e de vestuário do Município de Petrópolis (RJ), que contou com o apoio do Instituto Brasil Pnuma. Resultado de pesquisa de nove meses realizada em 2005, o estudo mostra a utilização de recursos naturais nas indústrias locais e sugere mudanças simples no processo produtivo, a fim de reduzir desperdícios. Tendo como base orientadora o Programa de Produção Mais Limpa, lançado mundialmente pelo Pnuma em 1989, o projeto de diagnóstico ambiental pode tornar mais eficiente o processo produtivo das empresas sediadas em Petrópolis, fazendo com que se tornem mais competitivas no mercado. A solenidade de lançamento foi promovida no salão nobre da Universidade Católica de Petrópolis. O presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos, falou sobre o Programa de Produção Mais Limpa, defendendo que projetos como o de Petrópolis deveriam ser realizados em todo o país. Ao explicar a importância do programa do Pnuma, Haroldo afirmou que “o mundo vai mal no que se refere à utilização de recursos naturais”, já que usa 20% mais recursos naturais do que a biosfera é capaz de repor. “No início dos anos 80, o Pnuma começou a receber informações de indústrias de vários países que tinham modificado seus processos de produção, reduzindo desperdícios de matéria-prima e energia. Também reduziam a geração
PNUMA
BRASIL PNUMA
ABR/MAI 2006
Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Divulgação
Despoluição do ar traz benefícios Estudo aponta ganhos ambientais e econômicos para países e cidades
P
O vice-presidente da Fumpecc, Henry Grazinolli, seu presidente, Sérgio Tancredo, o diretor do Sebrae/RJ Bento Gonçalves e o presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos, lançaram projeto de diagnóstico ambiental
de resíduos e poluição que deveriam ser tratados. Verificamos que o retorno dos investimentos necessários à modificação dos processos de produção acontecia invariavelmente em poucos meses, resultando em consideráveis lucros para essas indústrias.” As informações coletadas em vários países fizeram com que o Pnuma criasse um banco de dados sobre tecnologias industriais mais limpas, que seria a base para o lançamento, em 1989, do Programa de Produção Mais Limpa. Cultura empresarial – A coordenadora do projeto de diagnóstico ambiental para o arranjo produtivo local do setor têxtil e de vestuário de Petrópolis, Maria Isabel Lopes da Costa, afirmou que a metodologia de produção mais limpa aplicada para a realização do estudo tem como prin-
cipal objetivo modificar a cultura das empresas. Ela lembrou que o diagnóstico servirá de ferramenta para que se possa desenvolver um plano de ação para aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia a partir da redução de desperdícios e da minimização, reuso e reciclagem dos resíduos gerados no processo produtivo. “Isso proporcionaria uma melhoria do desempenho ambiental e garantiria benefícios econômicos à empresa.” Técnicos e pesquisadores desejam dar continuidade ao projeto, passando para sua fase executiva, com a implementação das mudanças necessárias. “Para isso, devemos contar com a ajuda de alunos da Universidade Católica de Petrópolis, que poderão nos auxiliar acompanhando as mudanças no processo durante nove meses.”
aíses e cidades que adotarem medidas de redução da poluição atmosférica poderão ter significativos benefícios econômicos, segundo estudo publicado na edição 2006 do GEO Year Book, do Pnuma. Ao se investir no controle da poluição, os ganhos para as sociedades serão seis vezes maiores do que os gastos para se introduzir medidas antipoluentes em fábricas, estações de energia e carros. Esses ganhos econômicos seriam decorrentes da diminuição de mortes prematuras e dos menores custos de atendimento médico, devido à redução das doenças provocadas pela poluição do ar. As sociedades também se beneficiariam com a redução de danos à agricultura e a ecossistemas como florestas, bem como com a diminuição da corrosão por poluentes de prédios e de outras infra-estruturas urbanas. Para esse cálculo, os responsáveis pelo Global Environment Outlook Year Book 2006 – publicação que avalia a situação ambiental do planeta – tomaram como base dados como os do relatório da Comissão Européia sobre metas a serem alcançadas até 2020 de purificação atmosférica: para investimentos de 7 bilhões de euros para redução da poluição, esperam-se ganhos de 42 bilhões de euros. Apenas com a redução de áreas de ecossistemas atingidas por processos como os de acidificação de solos e águas e de eutrofização de águas, calcula-se uma diminuição anual de danos às safras agrícolas de 300 milhões de euros.
Apoio Cultural 8
P N U M A
www Visite .bras noss ilpnu o site ma.o rg.b Nº 88 r
ABRIL/MAIO DE 2006 – Nº 88
ABRIL/MAIO DE 2006 – Nº 88
Arquivo Pnuma
Fontes renováveis de energia, como a solar, já se mostram competitivas economicamente, contribuindo para a diminuição da poluição atmosférica
Energia renovável – A geração de energia e seu uso são apontados como a maior causa da poluição atmosférica, principalmente devido à utilização de fontes de combustíveis de origem fóssil, como o petróleo. Por isso, o GEO Year Book 2006 enfatiza a importância dos países investirem em projetos para obtenção de maior eficiência de fontes convencionais de energia e para a implantação de tecnologias de energia renovável, como solar e eólica. O estudo aponta a existência de inúmeras tecnologias que reduziriam as perdas de 40% a 65% da energia gerada por plantas convencionais, bem como diminuiriam os danos à saúde e ao meio ambiente provocados por essas emissões. Levantamento do GEO Year Book mostra que filtros antipoluentes e precipitadores eletrostáticos utilizados na indústria e no setor de geração de ener-
gia poderiam reduzir as partículas poluentes liberadas no ar em até 99%. Os especialistas sustentam ainda que plantas de geração de energia baseadas em fontes renováveis, como eólica, solar e biomassa, já se mostram competitivas em relação ao uso de combustíveis de origem fóssil, como o carvão e o próprio petróleo, desde que sejam contabilizados economicamente seus benefícios sociais e ambientais. Um dos casos citados é o crescente uso, no Brasil, do etanol misturado à gasolina, com esse álcool já representando cerca de 45% do combustível utilizado pelos veículos. Nos Estados Unidos, cerca de 1/3 da gasolina já vem misturada com álcool etanol. O GEO Year Book 2006 pode ser acessado pelo site www.unep.org/geo/ yearbook/ ou adquirido em versão impressa pelo site www.earthprint.com.