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Petrópolis aposta na ecoeficiência Projeto reduzirá desperdício de recursos naturais no setor têxtil e de vestuário
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Fumpecc (Fundação Cultural Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra) e o Sebrae/RJ (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas/RJ) lançaram, em abril, o primeiro projeto de diagnóstico ambiental para micro e pequenas empresas têxteis e de vestuário do Município de Petrópolis (RJ), que contou com o apoio do Instituto Brasil Pnuma. Resultado de pesquisa de nove meses realizada em 2005, o estudo mostra a utilização de recursos naturais nas indústrias locais e sugere mudanças simples no processo produtivo, a fim de reduzir desperdícios. Tendo como base orientadora o Programa de Produção Mais Limpa, lançado mundialmente pelo Pnuma em 1989, o projeto de diagnóstico ambiental pode tornar mais eficiente o processo produtivo das empresas sediadas em Petrópolis, fazendo com que se tornem mais competitivas no mercado. A solenidade de lançamento foi promovida no salão nobre da Universidade Católica de Petrópolis. O presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos, falou sobre o Programa de Produção Mais Limpa, defendendo que projetos como o de Petrópolis deveriam ser realizados em todo o país. Ao explicar a importância do programa do Pnuma, Haroldo afirmou que “o mundo vai mal no que se refere à utilização de recursos naturais”, já que usa 20% mais recursos naturais do que a biosfera é capaz de repor. “No início dos anos 80, o Pnuma começou a receber informações de indústrias de vários países que tinham modificado seus processos de produção, reduzindo desperdícios de matéria-prima e energia. Também reduziam a geração
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BRASIL PNUMA
ABR/MAI 2006
Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Divulgação
Despoluição do ar traz benefícios Estudo aponta ganhos ambientais e econômicos para países e cidades
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O vice-presidente da Fumpecc, Henry Grazinolli, seu presidente, Sérgio Tancredo, o diretor do Sebrae/RJ Bento Gonçalves e o presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos, lançaram projeto de diagnóstico ambiental
de resíduos e poluição que deveriam ser tratados. Verificamos que o retorno dos investimentos necessários à modificação dos processos de produção acontecia invariavelmente em poucos meses, resultando em consideráveis lucros para essas indústrias.” As informações coletadas em vários países fizeram com que o Pnuma criasse um banco de dados sobre tecnologias industriais mais limpas, que seria a base para o lançamento, em 1989, do Programa de Produção Mais Limpa. Cultura empresarial – A coordenadora do projeto de diagnóstico ambiental para o arranjo produtivo local do setor têxtil e de vestuário de Petrópolis, Maria Isabel Lopes da Costa, afirmou que a metodologia de produção mais limpa aplicada para a realização do estudo tem como prin-
cipal objetivo modificar a cultura das empresas. Ela lembrou que o diagnóstico servirá de ferramenta para que se possa desenvolver um plano de ação para aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia a partir da redução de desperdícios e da minimização, reuso e reciclagem dos resíduos gerados no processo produtivo. “Isso proporcionaria uma melhoria do desempenho ambiental e garantiria benefícios econômicos à empresa.” Técnicos e pesquisadores desejam dar continuidade ao projeto, passando para sua fase executiva, com a implementação das mudanças necessárias. “Para isso, devemos contar com a ajuda de alunos da Universidade Católica de Petrópolis, que poderão nos auxiliar acompanhando as mudanças no processo durante nove meses.”
aíses e cidades que adotarem medidas de redução da poluição atmosférica poderão ter significativos benefícios econômicos, segundo estudo publicado na edição 2006 do GEO Year Book, do Pnuma. Ao se investir no controle da poluição, os ganhos para as sociedades serão seis vezes maiores do que os gastos para se introduzir medidas antipoluentes em fábricas, estações de energia e carros. Esses ganhos econômicos seriam decorrentes da diminuição de mortes prematuras e dos menores custos de atendimento médico, devido à redução das doenças provocadas pela poluição do ar. As sociedades também se beneficiariam com a redução de danos à agricultura e a ecossistemas como florestas, bem como com a diminuição da corrosão por poluentes de prédios e de outras infra-estruturas urbanas. Para esse cálculo, os responsáveis pelo Global Environment Outlook Year Book 2006 – publicação que avalia a situação ambiental do planeta – tomaram como base dados como os do relatório da Comissão Européia sobre metas a serem alcançadas até 2020 de purificação atmosférica: para investimentos de 7 bilhões de euros para redução da poluição, esperam-se ganhos de 42 bilhões de euros. Apenas com a redução de áreas de ecossistemas atingidas por processos como os de acidificação de solos e águas e de eutrofização de águas, calcula-se uma diminuição anual de danos às safras agrícolas de 300 milhões de euros.
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Fontes renováveis de energia, como a solar, já se mostram competitivas economicamente, contribuindo para a diminuição da poluição atmosférica
Energia renovável – A geração de energia e seu uso são apontados como a maior causa da poluição atmosférica, principalmente devido à utilização de fontes de combustíveis de origem fóssil, como o petróleo. Por isso, o GEO Year Book 2006 enfatiza a importância dos países investirem em projetos para obtenção de maior eficiência de fontes convencionais de energia e para a implantação de tecnologias de energia renovável, como solar e eólica. O estudo aponta a existência de inúmeras tecnologias que reduziriam as perdas de 40% a 65% da energia gerada por plantas convencionais, bem como diminuiriam os danos à saúde e ao meio ambiente provocados por essas emissões. Levantamento do GEO Year Book mostra que filtros antipoluentes e precipitadores eletrostáticos utilizados na indústria e no setor de geração de ener-
gia poderiam reduzir as partículas poluentes liberadas no ar em até 99%. Os especialistas sustentam ainda que plantas de geração de energia baseadas em fontes renováveis, como eólica, solar e biomassa, já se mostram competitivas em relação ao uso de combustíveis de origem fóssil, como o carvão e o próprio petróleo, desde que sejam contabilizados economicamente seus benefícios sociais e ambientais. Um dos casos citados é o crescente uso, no Brasil, do etanol misturado à gasolina, com esse álcool já representando cerca de 45% do combustível utilizado pelos veículos. Nos Estados Unidos, cerca de 1/3 da gasolina já vem misturada com álcool etanol. O GEO Year Book 2006 pode ser acessado pelo site www.unep.org/geo/ yearbook/ ou adquirido em versão impressa pelo site www.earthprint.com.
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EDITORIAL Em nossa capa, uma boa notícia: estudo do Pnuma mostra que as nações podem ser beneficiadas economicamente ao investir no controle da poluição atmosférica, como em fontes alternativas de energia. Aqui ao lado, informamos sobre balanço otimista de acordos estabelecidos, no 8º Encontro da Conferência das Partes da Convenção de Biodiversidade, que visam a garantir, por exemplo, o acesso eqüitativo das sociedades aos benefícios gerados pela exploração dos recursos genéticos da natureza. Na página 3, nossa reportagem faz um grave alerta: se pouco for feito para a redução da destruição planetária, as crescentes dificuldades de suprimento de água provocarão, em 15 anos, graves danos ambientais e humanos. No artigo das páginas centrais, o jornalista André Trigueiro, que lançou o excelente livro Mundo Sustentável, fala sobre a importância da mídia em geral se engajar em outro tipo de cobertura, muito mais propositiva do que negativista, para que se torne realmente em um ator fundamental de estímulo para que todos nós nos engajemos em ações que ajudem a salvar o planeta da destruição ambiental. Na capa, outra boa notícia: um diagnóstico ambiental, que teve apoio do Instituto Brasil Pnuma, que estimulará as micros e pequenas empresas têxteis e de vestuário de Petrópolis a reduzir desperdícios e a melhorar ambientalmente seu processo produtivo. Um grande abraço, Haroldo Mattos de Lemos Presidente
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Brometo de metila
Encontro em Curitiba traça metas para salvar natureza
Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Lílian Döbereiner Arte e Diagramação: Eliana Krajcsi Fotolito: Pigmento Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (ex-deputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de Almeida (diretor-geral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Alberto de Oliveira Roxo (gerente-geral de Meio Ambiente e Relações Corporativas da Aracruz Celulose S.A.), Carlos Henrique de Abreu Mendes (ex-secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (deputado estadual PT/RJ), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), José Mendo Misael de Souza (vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Mineiração), Márcio Moreira Alves (jornalista e presidente da Brain Trust Consultors), Marcio Nogueira Barbosa (ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil PNUMA), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário
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Biodiversidade ganha reforço
Na mais expressiva conferência das partes da Convenção de Biodiversidade já realizada até agora, 122 ministros de meio ambiente acordaram, em Curitiba (PR), uma estratégia de ações para a substancial redução, até 2010, da taxa de perda da biodiversidade planetária. Dentre as 30 mais importantes decisões tomadas, os governos – com apoio de representantes da iniciativa privada e da sociedade civil organizada – se comprometeram a finalizar, até essa data, um regime internacional que garanta o acesso e a justa divisão dos benefícios pela exploração dos recursos genéticos da natureza. O 8º Encontro da Conferência das Partes da Convenção sobre Biodiversidade reuniu, de 20 a 31 de março, cerca de 4.000 delegados de vários países do mundo – incluindo 122 ministros responsáveis pelo meio ambiente, cerca de 300 líderes empresariais, 340 representantes de povos indígenas e de comunidades locais e 1.112 lideranças da sociedade civil organizada. Os participantes sugeriram que 2010 seja considerado o Ano Internacional da Biodiversidade. E seguindo a linha acordada por 110 chefes de Estado em 2002, em Johannesburgo, na África do Sul, na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
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Sustentável, decidiram apoiar a implementação de um regime internacional que é um dos objetivos da Convenção de Biodiversidade: a promoção de uma justa divisão social dos benefícios gerados pelo uso dos recursos genéticos. Para o secretário-executivo da Convenção de Biodiversidade, Ahmed Djoghlaf, nasceu em Curitiba “uma nova era” de reforço de implementação dos objetivos previstos nesse tratado. Pela primeira vez, por exemplo, foi estabelecido um diálogo com ministros e líderes empresariais visando ao engajamento do setor privado com a proteção da vida no planeta. Ao lembrar que um dos maiores tesouros ambientais são os frágeis ecossistemas de ilhas, Djoghlaf elogiou a iniciativa da República de Palau e dos Estados Federados da Micronésia, na Oceania, de colocar 30% das áreas marinhas e 20% de suas florestas sob proteção ambiental. Uma minuta das decisões acordadas no encontro de Curitiba pode ser acessada no site www.biodiv.gov.
especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro), Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP), Roberto Messias Franco (ex-assessor do diretor regional do PNUMA para América Latina e Caribe e ex-secretário especial do Meio Ambiente)
Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. INSTITUTO
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www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE
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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo e-mail.
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Cerca de 5.000 fazendeiros, companhias e organizações mundiais, como a rede de supermercados Marks & Spencer e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), anunciaram parceria, em abril, para acelerar a substituição nas lavouras do uso do pesticida brometo de metila, substância que destrói a camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioletas do Sol. Esse pesticida tem sido largamente empregado em fazendas para eliminar pestes nos solos antes do plantio de safras de tomates, pimentas, morangos, melões e flores. A interrupção da produção e uso de substâncias que destroem a camada de ozônio, como os gases CFCs (clorofluorocarbonetos), tem sido apontada como um grande sucesso da luta ambientalista pela preservação do planeta, com a substituição por produtos menos agressivos. Mas o brometo de metila ainda tem sido empregado largamente, sob a alegação de que os produtos alternativos são ineficientes ou caros. Agora, a partir de exemplos concretos identificados em um levantamento global, os parceiros dessa iniciativa pretendem mostrar que pelo menos 5.000 fazendas comerciais, espalhadas por mais de 30 países, já produzem safras sem o uso do brometo de metila. Esses parceiros querem estabelecer uma rede internacional de serviços para interligar produtores certificados com mercearias e supermercados que estejam à procura de mercadorias produzidas sem o uso desse pesticida. Fazendeiros e companhias que se reuniram nessa parceria verde já interromperam totalmente o uso do brometo de metila ou se comprometem a cortar sua utilização pela metade até setembro de 2007, quando será celebrado o aniversário de 20 anos do Protocolo de Montreal.
Petrobras verde Ao analisar as atividades das 15 maiores companhias petroleiras do mundo, a agência de avaliação Management & Excellence (M&E) classificou a Petrobras como a segunda empresa do setor que mais respeita o meio ambiente, atrás apenas da Shell. Em pesquisa anterior, a empresa brasileira havia ficado na sétima posição.
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Construção ecológica Sob o auspício do Pnuma, gigantes mundiais da construção de prédios, como a Lafarge, a Skanska e a Arcelor, acabam de fundar a Sustainable Building and Construction Initiative (SBCI), iniciativa que pretende difundir no mercado internacional normas que sigam o conceito de construção verde, como os prédios inteligentes que economizam o uso de água e de energia elétrica. A primeira prioridade da iniciativa será incentivar a eficiência energética e a diminuição das emissões de dióxido de carbono, gás que é um dos maiores vilões do aquecimento global. Essa companhias querem
atrair outras empresas do ramo, firmas particulares e seguradoras, ao demonstrar benefícios para seus negócios com o planejamento, a construção e a administração de prédios inteligentes. Calcula-se que internacionalmente o setor empregue diretamente 111 milhões de pessoas e contribua com cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) planetário. Ao mesmo tempo, consome cerca de 25% a 40% do total de energia utilizada, gera de 30% a 40% de resíduos sólidos e é responsável por 30% a 40% das emissões globais de gases-estufa.
Projetos ambientais Estão abertas até 7 de junho as inscrições para a seleção 2006 do programa Petrobras Ambiental, que em sua segunda edição investirá R$ 48 milhões em projetos direcionados ao tema Água: Corpos d’Água Doce e Mar, incluindo também sua biodiversidade. O objetivo principal do programa é desenvolver e apoiar iniciativas como a de promoção e conscientização sobre o uso racional dos recursos hídricos, a manutenção e a recuperação das paisagens, visando ao equilíbrio do ciclo hidrológico, e a gestão ambiental voltada para a preservação de ecossistemas e de espécies ameaçadas.
Poderão ser inscritos gratuitamente, pelo site da Petrobras, www.petrobras. com.br, projetos de pequeno, médio e grande porte que solicitem patrocínio de até R$ 3,6 milhões e que sejam executados em período de 12 a 24 meses. Lançado em 2003, o programa recebeu, na primeira seleção, 1.681 projetos de várias partes do país, dos quais 30 foram selecionados para receber um total de recursos de R$ 40 milhões. Os projetos envolveram cerca de 250 municípios, atendendo diretamente a cerca de 3 milhões de pessoas e 20 milhões de forma indireta.
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Fontes de água estão ameaçadas Apesar de sinais positivos, Pnuma prevê aumento de destruição ambiental
Parte das publicações, periódicos e CD-ROMs recebidos pela biblioteca PUBLICAÇÕES/CD-ROMs AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS. Panorama da qualidade das águas superficiais no Brasil. Brasília, 2005. CD-ROM. ARQUITETURA sustentável. São Paulo: Romano Guerra, 2005. BRAUN, Ricardo. Novos paradigmas ambientais. Petrópolis, Vozes, 2005. DIAGNÓSTICO ambiental para o arranjo produtivo local do município de Petrópolis. Rio de Janeiro: Sebrae, 2006. CD-ROM. DIRETRIZES para Estudos e Projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas. Publicação Eletrobrás – Texto Grupo de trabalho de revisão do manual de pequenas centrais elétricas – Brasil – Janeiro 2000 – 426 p. FURRIELA, Rachel Biderman. Democracia, cidadania e proteção do meio ambiente. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2002. 193 p. FURTADO, João Salvador. Sustentabilidade empresarial: guia de práticas econômicas, ambientais e sociais. Salvador: Neama, 2005. MALHEIROS, Gustavo. Amazônia – Fotos. Rio de Janeiro: Arte Ensaio Editora, 2005. MELADO, Jurandir. Manejo sustentável de pastagens sem o uso do fogo. Brasília: Embaixada da Itália, 2002. 60 p. O QUE O BRASILEIRO pensa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: ISER, 2002. 181 p. PACHECO, Tânia. Sustentabilidade, meio ambiente e democracia no III FSM: visões e concepções. Rio de Janeiro: FBOMS/BSD, 2004. 202p. PINTO, Carlos de Souza. Oficina de elaboração de projetos e captação de recursos. In: FORUM DE EDUCAÇÃO AMTE
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BIENTAL, 4., 1997. Guarapari (ES). Guarapari (ES): CP Empreendimentos, 1997. 25 p. QUEM faz o que pela Mata Atlântica – 1990-2000: Projeto Avaliação dos esforços de Conservação, recuperação e uso sustentável dos recursos naturais da Mata Atlântica. Organizador João Paulo R. Capobianco. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2004. 59 p. REBOUÇAS, Aldo da C.; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia (Org.). Águas doces do Brasil. São Paulo: Escrituras, 2006. REÚSO de Água/Pedro Caetano Sanches Mancuso e Hilton Felício dos Santos, Editora Manole Ltda – USP – SP 2003, 579 p. ROMERO, Meneses. Adensamento tecnológico do processo em cadeia da reciclagem. Brasília: MCT, 2005. SÉRIE Construindo os Recursos do Amanhã, V.1 Cidadania e meio ambiente – Carlos Frederico Bernardo Loureiro (organizador) Salvador – Bahia – 2003 – Publicação CRA – Centro de Recursos Ambientais 168 p. SOLANES, Miguel; JOURAVLEV, Andrei. Recursos naturales e infraestructuras: integrando economia, legislación y administración en la gestión del água y sus serviços em América. Chile: Nações Unidas, 2005. UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME. Environmental management in oil and gas exploration and production. Londres, 1997. ______. Geo year book 2006: an overview of our changing environment. Nairobi, 2005. ______. One planet many people: atlas of our changing environment. Nairobi, 2005. 1 atlas.
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AGENDA
2º Encontro de Consulta de Manejo e Disposição de PCB da Convenção de Estocolmo – De 8 a 10 de maio, em Genebra, na Suíça. Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br.
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Controle de químicos Um acordo global voluntário entre nações foi estabelecido, sob auspício do Pnuma, para controlar o uso de produtos químicos que tragam risco à vida humana e ao meio ambiente. Batizado de Abordagem Estratégica para o Manejo Internacional de Químicos, a iniciativa avaliará os riscos potenciais do uso de produtos químicos, desenvolverá cuidados para o tratamento de substâncias obsoletas e estocadas e mobilizará recursos para que agências em nível nacional, principalmente de países em desenvolvimento, treinem equipes de segurança para lidar com vazamentos e acidentes, entre outros problemas. Incluída na Declaração de Dubai, a iniciativa foi aprovada por mais de cem ministros de saúde e de meio ambiente que participaram, em fevereiro, nos Emirados Árabes Unidos, do Fórum Ministerial Ambiental Global e da 9ª. Sessão Especial do Conselho Governamental do Pnuma. A iniciativa se justifica pela urgência de se controlar a produção e comercialização de produtos químicos que, muitas vezes, trazem sérios riscos à saúde. Nos próximos 15 anos, deverá ocorrer um aumento da produção de químicos da ordem de 80%. Avalia-se que existam no mercado cerca de 70 mil a 100 mil químicos, sendo que surgem por ano cerca de 1.500 novos produtos. Como a produção mundial está se deslocando dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento, as nações mais pobres necessitam de auxílio técnico e financeiro para melhor uso e estocagem segura dessas substâncias. Arquivo Pnuma
2ª Revisão Intergovernamental do Programa Global de Ação para a Proteção do Meio Ambiente Marinho de Atividades Baseadas em Terra – De 16 a 20 de outubro, em Pequim, na China. Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br.
Encontro Geral Anual das Iniciativas Financeiras do Pnuma – De 25 a 26 de outubro, em Nova York, nos Estados Unidos. Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br.
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os próximos 15 anos, as crescentes dificuldades de suprimento de água doce deverão provocar o incremento de danos ambientais e humanos, como perdas em áreas agricultáveis, insegurança alimentar e redução de bancos de pesca, ao lado do aumento da má-nutrição e de doenças em geral. O alerta foi dado pelo estudo Avaliação Global das Águas Internacionais, divulgado em 22 de março, Dia Internacional da Água, sob patrocínio do Pnuma. Cerca de 1.500 especialistas se debruçaram sobre a situação presente e futura de fontes de águas doce e também costeiras em cerca de 66 áreas transfronteiriças, a maior parte ligada a nações em desenvolvimento. Diante do aumento da destruição ambiental, devido principalmente à redução de fontes de água doce, à poluição e à pesca predatória, os estudiosos esperam em muitas áreas a queda do fluxo das águas de rios, o aumento da salinização de estuários, a perda de espécies de peixes e de planta aquáticas e a redução de sedimentos costeiros. Os sólidos em suspensão nas águas, principalmente devido a desmatamentos e a atividades agrícolas predatórias, já afetam gravemente recifes de corais, gramas marinhas e hábitats de rios em cerca de 1/5 das áreas, como no Caribe, no Brasil e no Sudeste da Ásia. Pelo menos, porém, alguns sinais positivos foram detectados, com a expectativa de que em pelo menos 20% das áreas analisadas haja um crescimento da pesca, devido à adoção de práticas sustentáveis de exploração, e que em 10% ocorra uma diminuição dos impactos ambientais sobre fontes de água para consumo, como em regiões da Austrália e da Rússia. ABRIL/MAIO DE 2006 – Nº 88
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PIB verde – Segundo o Pnuma, um dos caminhos para se reverter essa curva de destruição é a adoção da contabilidade ambiental, em que os países avaliem economicamente, em seus PIBs (Produtos Internos Brutos), o capital natural de suas florestas, savanas, fontes de água e hábitats costeiros, entre outros ecossistemas. Preocupados com a situação da agricultura, os especialistas criticam a falta de conhecimento em muitas nações em desenvolvimento, que “operam no escuro” em relação à utilização de suas fontes de água, sem adotar modelos precisos de suprimento e de demanda, o que tem agravado o desperdício. O relatório enfatiza que as falhas de avaliação econômica dos mercados contribuem para graves danos aos suprimentos de água doce e também aos ecossistemas costeiros. Muitos produtos têm seus preços subavaliados porque não levam em conta seus custos sociais e ambientais, como nos casos da produção de água para consumo, dos subsídios para pesticidas e de atividades pesqueiras. Um dos exemplos mais gritantes é a pesca predatória. Incentivada por subsídios anuais de US$ 20 bilhões, existem poucos esforços para a aplicação de leis que garantiriam uma atividade sustentável. Na Indonésia, a pesca com o uso de explosivos para a captura de peixes ao redor de recifes de corais deverá provocar prejuízos ao país, nos próximos 20 anos, da ordem de US$ 3 bilhões. Em contrapartida, a pesca sustentável, com anzóis, geraria benefícios de US$ 320 milhões. O estudo está disponível impresso ou pode ser acessado nos sites www.unep.org/dewa e www.giwa.net/ publications.
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Quando o Mundo Sustentável é notícia N
um mundo em constante mudança e transformação, o bom jornalismo talvez seja aquele que consegue acompanhar a evolução dos fatos sem descuidar do contexto em que eles se resolvem. Neste momento em que experimentamos uma crise ambiental sem precedentes na história – aquecimento global, escassez de recursos hídricos, desertificação do solo, destruição acelerada da biodiversidade, crescimento desordenado das cidades, consumismo desenfreado, produção monumental de lixo, transgenia irresponsável – o estudante de jornalismo que sai da universidade depois de quatro anos de curso sem um pacote mínimo de informações na área ambiental, não está apto a cumprir sua função social. O mundo mudou, e as universidades devem acompanhar essa transformação, particularmente na área ambiental. Para os já formados, é preciso oferecer cursos de capacitação que ajudem o profissional de imprensa a se situar melhor num cenário que inspira inúmeros cuidados na elaboração das pautas e na definição do que é notícia. Não basta denunciar o que está errado. Isso é importante, mas não é o suficiente. O que se espera da mídia neste início de século XXI é a capacidade de sinalizar rumo e perspectiva, mostrar quais seriam as soluções inteligentes e sustentáveis para velhos problemas inerentes a um modelo de desenvolvimento “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”. No dia-a-dia de uma redação, não se economiza espaço para mostrar tragédias ambientais como grandes vazamentos de óleo, queimadas, enchentes, deslizamentos de terra, furacões e outros problemas do gênero. São assuntos “quentes”, segundo o jargão jornalístico, que rendem textos calóricos e imagens espetaculares. Mas deveríamos aguçar os sentidos para perceber a dimensão da notícia num gênero de cobertura que ganha cada vez mais força e prestígio: o que funciona, o que dá certo, o que poderia inspirar novas idéias e atitudes na direção da sustentabilidade. O primeiro desafio é aplicar aquilo que pensadores como Edgar Morin e Fritjof Capra denominam de “visão sistêmica” ao exercício jornalístico. Ao reconstruir a realidade numa perspectiva invariavelmente reducionista e fragmentada, o jornalismo perde de vista a percepção do universo tal qual os físicos quânticos o descrevem: uma rede de fenômenos interligados que interagem e se comunicam o tempo todo. Enxergar sistemicamente significa perceber
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ANDRÉ TRIGUEIRO
Há uma mudança em “curso no mundo que precisa ser melhor diagnosticada e compreendida. Ela é típica dos períodos de transição, em que novos valores desmontam lenta e progressivamente o que havia antes. Desta vez, entretanto, há um agravante: em nenhum outro momento da história a necessidade da mudança foi tão urgente
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essa teia infinita de relações que emprestam sentido aos temas ambientais, e que poderiam oxigenar a notícia com abordagens menos imediatistas e mais abrangentes. Nesse sentido, pouco importa se uma redação tem ou não uma Editoria de Meio Ambiente. Se todas as editorias entenderem a visão sistêmica como uma preciosa ferramenta de trabalho para qualificar a pauta e redimensionar o conceito de notícia, a tão propalada “transversalidade dos assuntos ambientais” será fato no universo jornalístico. No livro “Mundo Sustentável – Abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação” (Editora Globo, 2005), procurei demonstrar a urgência de uma abordagem mais agressiva da mídia na direção de alguns assuntos ambientais que ainda são entendidos como marginais ou periféricos. O livro reúne artigos e reportagens veiculados no rádio, na televisão, na internet e na mídia impressa, divididos em oito capítulos temáticos – consumo consciente, lixo, meio ambiente nas cidades, água, biodiversidade, energia, questões globais e jornalismo ambiental – que são ABRIL/MAIO DE 2006 – Nº 88
arrematados com comentários de especialistas convidados. A edição exibe um vasto repertório de experiências inteligentes e sustentáveis no uso dos recursos naturais que, embora ignorados pela grande mídia, merecem visibilidade. “Há uma mudança em curso no mundo que precisa ser melhor diagnosticada e compreendida. Ela é típica dos períodos de transição, em que novos valores desmontam lenta e progressivamente o que havia antes. Desta vez, entretanto, há um agravante: em nenhum outro momento da história a necessidade da mudança foi tão urgente” – é o que afirmo na apresentação do livro na condição de testemunha. A informação não pode tudo, mas pode muito. Se já detemos um estoque de conhecimento, de ciência e de tecnologia capaz de promover a grande virada na direção de um mundo sustentável, e isso ainda não acontece no ritmo desejado, poderíamos atribuir essa letargia a duas possíveis causas: desinformação ou má-fé. Estou convencido de que a primeira alternativa prevalece sobre a segunda, ou seja, há uma ABRIL/MAIO DE 2006 – Nº 88
enorme energia potencial de mudança sobre a qual a faísca da informação que remete à sustentabilidade pode desencadear uma benfazeja explosão. Não se mudam hábitos e comportamentos por decreto ou medida provisória. Há um tempo de decantação das idéias até que estas amadureçam na forma de atitude. Mas o senso de urgência que deveria inspirar essa mudança é prejudicado pela vida artificial que levamos nas cidades – onde vivem 81% dos brasileiros –, como denunciou certa vez o saudoso José Lutzemberger ao afirmar que “o homem moderno, predominantemente urbano, nasce e se cria em ambiente artificial. Suas percepções e seus sentimentos são moldados por circunstâncias que nada se assemelham àquelas que nos deram origem e em que evoluímos. O homem moderno tornou-se incapaz de sentir profundamente o belo, não se incomoda com a feiúra, com o lixo e com a agressão à paisagem. Falta-lhe a ânsia de alcançar a harmonia em torno de si. Não somente o ambiente em que vivemos nos predispõe à alienação diante do mundo vivo. Toda filosofia de vida, nossa ética convencional, encontra-se em oposição às leis da vida”. Salve Lutz! Não cabe mais invocar as gerações futuras como o fiel da balança na mudança de paradigma que se faz necessária e urgente. O timing acelerado das mudanças climáticas, agravadas pela queima progressiva de petróleo, gás e carvão – seguramente o maior problema ambiental do século XXI –, reduziu assustadoramente a escala de tempo das tragédias de origem antrópica. Somos nós, aqui e agora, que devemos assumir a responsabilidade histórica pelo novo rumo. Não haverá missionários, salvadores da pátria, lideranças arrebatadoras capazes de mobilizar tantos, tão rapidamente, num intervalo de tempo tão curto. A complexidade das negociações no âmbito da ONU e o vagar das políticas públicas governamentais sufocam as ações mais abrangentes e visíveis. Ainda assim, há um movimento em curso. É importante dar-lhe força e sentido. No que diz respeito à imprensa, quando a informação fomenta a atitude que transforma a realidade, cumpre-se uma das funções mais nobres do jornalismo: mudar o mundo. Transformá-lo num lugar melhor e mais justo, um mundo sustentável. André Trigueiro é jornalista da Globo News e da CBN, criador e professor do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, coordenador editorial e um dos autores do livro “Meio Ambiente no Século 21” (Ed. Autores Associados) e autor do livro “Mundo Sustentável” (Ed. Globo).
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