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www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nºº 94 .br ABR/MAI 2007

Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Efeito estufa já afeta ecossistemas O

mais novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, do Pnuma (IPCC, na sigla em inglês) e da Organização Meteorológica Mundial (WMO), sustenta que importantes ecossistemas já estão respondendo às mudanças climáticas em curso no planeta. Mas enfatiza: ações preventivas urgentes podem minimizar danos futuros e gerar uma série de benefícios práticos imediatos às sociedades e ao meio ambiente. O relatório conclui que rios, lagos, vida selvagem, glaciais, zonas costeiras e agentes transmissores de doenças, como a malária, dentre outros elementos, vêm sendo impactados negativamente pelo agravamento do efeito estufa provocado por emissões poluentes na atmosfera. De forma crescente, os cientistas estão se convencendo de que eventos climáticos extremos vão se tornar cada vez mais freqüentes. Caso não haja uma radical reversão do aquecimento global, o aumento do nível dos mares e outros problemas, como mudanças do ciclo hidrológico de rios e lagos, têm o potencial de causar grandes impactos ambientais, especialmente após o século 21. Por isso, é importante a adoção pelos países de medidas mitigadoras. “Nós precisamos reforçar nossas pesquisas e sistemas de monitoramento, obtendo mais experiências práticas em como melhor nos adaptar ao novo clima”, adverte o secretário-geral da WMO, Michel Jarraud, que participou do relatório divulgado em Bruxelas (Bélgica). Urgência – Os participantes do IPCC defendem ações imediatas dos países para, por exemplo, aperfeiçoar sistemas de previsão do tempo, de segurança alimentar, de fontes de água para consumo, de respostas a desastres e a situações emergenciais e de coberturas de seguro de eventuais danos ambientais. O potencial de adaptação das sociedades às mudanças climáticas é ilustrado a partir de alguns exemplos, como campanhas de reflorestamento, o incremento do uso de máquinas de produção de neve artificial pela indústria de esqui na Austrália, na União Européia e nos Estados Unidos e o planejamento de instalações de infra-estrutura costeira no Canadá, nos Estados Unidos e na Holanda que levam em conta avaliações sobre o aumento do nível dos mares. Mais dados do relatório do Grupo de Trabalho II do IPCC podem ser acessadas em www.ipcc.ch.

Arquivo Pnuma

IPCC enfatiza que ações preventivas podem minimizar drama ambiental

Campanhas de reflorestamento e outras iniciativas imediatas diminuiriam os impactos do aquecimento global


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EDITORIAL Em nossa capa, destacamos uma importante mensagem do novo relatório do IPCC sobre mudanças climáticas: ações preventivas podem – e devem – ser feitas desde agora para minimizarmos os efeitos negativos nos meio ambiente planetário, inclusive com ganhos para os países. Aqui ao lado, publicamos o resultado da visita ao Rio de Janeiro do diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner: um acordo de cooperação para que este organismo ambiental da ONU ajude o governo estadual a implementar ações e programas de combate ao efeito estufa. E mais: a última reunião deste ano do IPCC será promovida na Cidade do Rio de Janeiro, colocando-nos mais uma vez em destaque no cenário ambiental do mundo. Na página 3, falamos de outra importante estratégia ambiental para combatermos desde já o efeito estufa: o apoio político, empresarial e dos consumidores para a construção de prédios ecologicamente sustentáveis, que economizem energia. No artigo das páginas centrais, o presidente do Conselho Deliberativo da ABNT, Pedro Buzatto Costa, fala das ações implementadas em sua administração para reformar a entidade, que ajudaram a equilibrar suas finanças e a aumentar seu prestígio. Em nossa contracapa, finalizamos esta edição informando sobre nova ação educativa da ONG Eco Cidadão, de Macaé (RJ), que acaba de receber homenagem no Parlamento Europeu pelos seus dez anos de atuação nesse município do Norte Fluminense. Um abraço e até o próximo,

Haroldo Mattos de Lemos Presidente

Rio combate aquecimento global Pnuma auxilia estado na redução de gases poluentes O Pnuma vai auxiliar o governo estadual a implantar o Programa de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Rio de Janeiro. A partir de protocolo de cooperação assinado no Rio, em março, em cerimônia na sede da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, o estado deverá se tornar exemplo nacional de ações governamentais de combate ao aquecimento planetário. Pelo acordo assinado entre o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, e o secretário do Ambiente, Carlos Minc, o Pnuma repassará ao estado tecnologias para a produção de indicadores confiáveis sobre mudanças climáticas, estratégias para se minimizar o problema e um programa de geo-referenciamento para monitorar o meio ambiente. Articulado por Minc, o encontro já teve resultado prático, que colocará o Rio mais uma vez no cenário internacional de ações ambientais, 15 anos após a Rio-92: em outubro, a cidade sediará a reunião de apresentação do relatório final do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Lílian Döbereiner Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Fotolito: Pigmento Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (exdeputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de Almeida (diretorgeral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Alberto de Oliveira Roxo (gerente-geral de Meio Ambiente e Relações Corporativas da Aracruz Celulose S.A.), Carlos Henrique de Abreu Mendes (exsecretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (deputado estadual PT/RJ), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), José Mendo Misael de Souza (vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Mineiração), Márcio Moreira Alves (jornalista e presidente da Brain Trust Consultors), Marcio Nogueira Barbosa (ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil PNUMA), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro),

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(IPCC, na sigla em inglês) do Pnuma. Mais verde – Minc se comprometeu a apoiar a campanha internacional do Pnuma Plant for the P l a n e t : Arquivo Pnuma Billion Tree Campaign, para o plantio, em 2007, de um bilhão de árvores. No Rio, está acertado, entre outros projetos, o plantio de 3,6 milhões de árvores ao redor do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em Itaboraí, de um milhão na Ilha Grande e de um milhão na Bacia do Rio Guandu. Segundo Minc, a meta do governo é plantar 20 milhões de árvores no estado, até o final da atual administração. O protocolo com o Pnuma foi o primeiro do gênero assinado com um estado brasileiro. Steiner enfatizou que o Brasil descobriu que a diminuição dos gases-estufa não é apenas responsabilidade dos países industrializados. “O Brasil tem uma posição chave nessa questão”, disse. Pesou na decisão do Pnuma de assinar o acordo a iniciativa pioneira no país de Minc ao criar, na Secretaria do Ambiente, a Superintendência de Clima e Mercado de Carbono, dirigida pela professora Suzana Kahn.

Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP), Roberto Messias Franco (ex-assessor do diretor regional do PNUMA para América Latina e Caribe e ex-secretário especial do Meio Ambiente) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Roberto de Faria Almeida, Telma de Avellar Guimarães (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo, Vicente Hermogerio Schmall (suplentes). Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. INSTITUTO

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www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE

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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo e-mail.

Av. Nilo Peçanha 50, sala 1.708 – Centro CEP 20.044-900 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel.: (21) 3084-1020 – Telefax: (21) 2262-7546 CGC: 40.200.230/0001-19 e-mail: brasilpnuma@domain.com.br

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Estudo defende prédios ecológicos Redução de consumo e eficiência energética diminuiriam mudanças climáticas

Com a construção de edificações verdes, pode-se obter uma redução de até 40% do consumo mundial de energia

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anhos significativos podem ser obtidos no combate ao aquecimento global pela redução do consumo de energia e pelo aprimoramento de ações de eficiência energética na construção de prédios, sustenta relatório do Pnuma e da Iniciativa para a Construção de Prédios Sustentáveis (SBCI, na sigla em inglês), divulgado em março, em Oslo (Noruega). Segundo especialistas que participaram da elaboração do relatório, uma mistura certa de regulamentações governamentais, de maior uso de tecnologias limpas de economia de energia e de mudanças no padrão consumista das pessoas pode reduzir substancialmente as emissões de dióxido de carbono (CO2) do setor de construção. Valores que podem alcançar de 30% a 40% de redução do uso mundial de energia. O relatório sustenta que existem muitas oportunidades para que governantes, industriais e consumidores adotem ações apropriadas durante o tempo de vida útil dos prédios que ajudem a mitigar impactos das mudanças climáticas em curso no planeta. ABRIL/MAIO 2007 – Nº 94

Ao citar a União Européia como um dos exemplos, o estudo afirma que mais de 1/5 do atual consumo de energia no continente e mais de 45 milhões de toneladas de CO2 por ano poderão estar sendo economizados por volta de 2010 com a aplicação de padrões mais sustentáveis nos novos e também nos prédios já existentes . Uso sustentável – Seja durante sua construção ou especialmente após sua ocupação, existe um gasto de energia nos prédios devido a fatores como aquecimento e resfriamento ambiente, iluminação e cozinha. Em geral, mais de 80% da energia consumida durante a vida útil de um prédio ocorrem durante seu uso – e menos de 20% durante sua construção. Por isso, o relatório do Pnuma/ SBCI defende o maior emprego de tecnologias verdes já existentes, como o isolamento térmico, sistemas naturais de ventilação, iluminação elétrica mais eficiente e campanhas de educação ambiental. Os especialistas enfatizam ainda a importância da aplicação paralela de adequadas políticas governamen-

tais de códigos de construção, de preços de energia e de incentivos financeiros que encorajem a redução do consumo. Políticas que devem ser entendidas e apoiadas por todos que atuam no setor, como arquitetos e construtores. No entanto, devido à complexidade das realidades existentes no mundo, o relatório observa que deverão variar as soluções por mais eficiência energética nos prédios. Nas nações desenvolvidas, o desafio principal é se alcançar uma redução do consumo de energia em edificações já existentes. Em outras partes do mundo, porém, como na China, onde cerca de dois bilhões de metros quadrados de espaços de prédios são construídos a cada ano, o grande desafio é se encontrar, desde agora, soluções para a construção de unidades mais eficientes energeticamente. Mais informações sobre o relatório Buildings and Climate Change: Status, Challenges and Opportunities podem ser acessadas em www.unep.fr/ ou em www.unep.org.

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A ABNT renovada Divulgação

PEDRO BUZATTO COSTA

"Nos últimos anos, a organização levou muito a sério a expressão 'por a casa em ordem'. Restabeleceu as finanças, promoveu reformas administrativas, resgatou sua identidade e retomou o prestígio dentro e fora do Brasil"

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esde sua criação, em 28 de setembro de 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem buscado estar em sintonia com o que acontece no mundo, articulando a participação do Brasil nos organismos internacionais de normalização. Em 1947, a ABNT estava entre as instituições representantes de 25 países que fundaram a ISO. Também ajudou a criar a Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (Copant) e a Associação Mercosul de Normalização (AMN), e é membro da IEC desde sua fundação. Inúmeras conquistas foram obtidas nestes quase 67 anos de existência, tanto em termos de consolidação do papel da ABNT no que se refere à normalização nacional, quanto em nossa participação nas organizações internacionais de normalização, na defesa dos melhores interesses de nosso país no cenário global. Para que se tenha uma idéia, a ABNT conta hoje com 58 comitês técnicos voltados para a elaboração de normas nos mais diferentes campos de atuação, dispondo de um acervo de cerca de 9.600 normas. E muitos desses comitês participam ativamente também nos comitês técnicos da ISO e da IEC.

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Entretanto, no Brasil, como na maioria dos países em desenvolvimento, os benefícios da normalização ainda não são imediatamente aparentes. Os empresários não podem esquecer que as normas os protegem e a certificação os garante, porém só existe certificação quando há normas e, se são necessárias normas, estas devem refletir as melhores práticas existentes. Também para os consumidores as normas são importantes instrumentos para a sua proteção. Estes fatores evidenciam a importância de uma nação contar com um Organismo Nacional de Normalização em condições ade-

A ABNT tem 58 comitês técnicos voltados à elaboração de normas dos mais diferentes campos de atuação

quadas para representar os interesses da indústria e da sociedade em geral. É essencial tomar parte ativa dos trabalhos da ISO, à luz de uma visão estratégica de coordenação de esforços e suporte adequado. Para enfrentar esta realidade, a ABNT implementou uma profunda reestruturação de suas práticas e processos, tanto do ponto de vista técnico quanto financeiro. Desde que assumimos a administração da organização, perseguimos como objetivo central o saneamento financeiro da entidade e já alcançamos a tão almejada virada, que nos colocou em melhores condições de desempenhar o papel a que a ABNT se destina. Vencida esta fase, nossos esforços concentram-se agora na sustentabilidade para um novo modelo de gestão. Em 2005, pudemos, finalmente, resgatar a identidade da ABNT, com a inauguração de amplas instalações em São Paulo, no bairro de Higienópolis. Até então, ocupávamos um espaço cedido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas e, trabalhando arduamente, pudemos alicerçar o caminho para a independência. ABRIL/MAIO 2007 – Nº 94


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Visando a um melhor relacionamento com nosso público, implantamos em 2006 o ABNTNET, um serviço desenvolvido com os mais avançados recursos tecnológicos e que proporcionou maior agilidade ao processo de consulta e aquisição de normas Seus principais benefícios são: acesso unificado ao acervo de normas técnicas da empresa; gerenciamento das normas (controle de atualização, quem acessou, quanto acessos) por relatórios gerenciais; acesso em qualquer lugar; manter a coleção de normas sempre atualizada; rapidez e segurança no acesso à informação; redução de custo, porque não requer investimento em infra-estrutura; e facilidade e praticidade de uso. Funcional, o serviço fornece informação em tempo real, via internet (www.abntnet.com.br). No que se refere a nossa atuação na normalização, decidimos deixar de lado a usual atitude reativa nas nossas relações com a sociedade, substituindo-a por uma posição pró-ativa, buscando nos antecipar às necessidades por normas, sejam elas nacionais ou internacionais, além de promover uma participação consistente do Brasil nos foros internacionais de normalização. Como exemplo, lembro a nossa atuação nos Comitês Técnicos da ISO voltados para a elaboração de normas de sistemas de gestão. No primeiro deles que foi criado, o TC -176, que trata de Sistemas de Gestão da Qualidade, demoramos a perceber que o trem estava passando e pegamos o comboio andando, o que exigiu um esforço muito maior para entrar e passar para os primeiros vagões. No TC 207, que trata de normas de Sistemas de Gestão Ambiental, estávamos mais atentos e pegamos o trem ainda na plataforma de embarque. ABRIL/MAIO 2007 – Nº 94

Assim pudemos estar desde o início nos primeiros vagões e exercer algumas posições secundárias de liderança. Hoje, trabalhando com o conceito da pró-atividade, vislumbrando desde cedo a oportunidade que se apresenta, estamos atuando na montagem dos trilhos por onde passará o trem da Norma Internacional de Responsabilidade Social, a futura ISO 26000. Graças aos esforços da sociedade brasileira, organizada sob a coordenação da ABNT, somos maquinistas deste trem e, em parceria com a Suécia, estamos desempenhando as funções de secretaria e presidência do Grupo da ISO de Responsabilidade Social, exercendo dessa forma muito maior poder de influenciar os rumos que esta nova e importante norma internacional irá tomar. Como resultado dos esforços que estamos empreendendo, temos um representante no Conselho Superior da ISO. Estamos representados também em diversos foros de discussão estratégica e política daquele organismo internacional. Nosso Comitê Brasileiro da Qualidade, o ABNT/CB 25, participa do ISO TC 176, responsável pela série de normas ISO 9000 sobre gestão da qualidade. Também o ABNT CB-

Para melhor relacionamento com o público, implantou-se o www.abntnet. com.br, para consultas e aquisições de normas

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38, de Gestão Ambiental, vem atuando fortemente no ISO TC 207, encarregado da família de normas ISO 14000. Em 2006, a ABNT foi escolhida para ocupar a Secretaria do Comitê Técnico de Alimentos (ISO TC 34), também no sistema de twinning que vem sendo adotado pela organização para somar competências de um país desenvolvido e outro em desenvolvimento. Desta vez, a parceria é com a Associação Francesa de Normalização (AFNOR). A ABNT já vinha também ocupando a secretaria do Subcomitê do Café, presidido pela Itália. Por meio do ABNT/CB-03 – Eletricidade, nossa organização conseguiu ainda no ano passado um feito inédito: foi eleita para participar da Diretoria de Avaliação da Conformidade da International Electrotechnical Commission (CAB/IEC). Entretanto, temos uma clara percepção de que a ABNT ainda é pequena em relação à economia do país e que deve haver uma mobilização geral e um trabalho contínuo de conscientização para que nossa organização cresça e aumente a participação do Brasil na normalização internacional. Muito já foi feito por esta administração, com o apoio dos conselhos (Deliberativo, Fiscal e Técnico). Mas ainda há muito a fazer, como consolidar as mudanças e ampliar a nossa atuação. Sabemos que, com planejamento, trabalho e apoio adequado, é possível levar nosso país a um patamar mais compatível com sua importância no cenário internacional, defendendo dessa forma os melhores interesses de nossa indústria e contribuindo também com a sociedade global, da qual, afinal, fazemos parte também. Pedro Buzatto Costa é presidente do Conselho Deliberativo da ABNT desde 2002

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E S T A N T E Parte das publicações, periódicos e CD-ROMs recebidos pela biblioteca AFRICA ENVIRONMENT OUTLOOK 2. Our Environment, Our Wealth. Publicação: Unep – United Nations Environment Programme. Nairobe, 2006. 542p. AGENDA Ambiental na Administração Pública. Organizadores: Ministério do Meio Ambiente e Comissão Gestora da A3P. Brasília, 2006, 3ª Edição. 109p. CONTEC 40 Anos – História da Normalização Técnica na Petrobras. Publicação: Petrobras. Rio de Janeiro, 2006. 117p.

JÚNIOR, Alceu de Castro Galvão; SILVA, Alexandre Caetano da; QUEIROZ, Eveline Alves de e SOBRINHO, Geraldo Basílio. Regulação Procedimentos de Fiscalização em Sistema de Abastecimento de Água. Publicação: Expressão Gráfica e Editora Ltda. Fortaleza, 2006. 160p.

Convenções sobre Diversidade Biológica Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança: Principais Resultados – COP 8 e MOP 3. Publicação: Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006. 80p.

MAPA do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro 2006/2015. Publicação, Sistema Firjan, Rio de Janeiro, RJ, 2006. 112p.

CORRÊA, Marcos Sá. Sinais da Vida – Algumas Histórias de Quem Cuida da Natureza no Brasil. Publicação: Fundação o Boticário de Proteção à Natureza. São Paulo, 2005. 203p.

Monitoramento Ambiental da Atividade de Produção de Petróleo na Bacia de Campos – Etapa de Pré-Monitoramento: Relatório Final. Publicação: Petróleo Brasileiro S.A. Petrobras. Rio de Janeiro, 2001. 222p.

DIRETRIZES e Prioridades do Plano de Ação para Implementação da Política Nacional da Biodiversidade PAN – Bio – Biodiversidade 22. Publicação Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006. 80p. DOSSIÊ do Saneamento: Esgoto é Vida. Publicação: Água e Cidade, 4ª edição, Brasil, 2006. 68p. GEO BRASIL – Recursos Hídricos: Componente da Série de Relatórios sobre o Estado e Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Publicação: ANA – Agência Nacional de Águas. Brasília, 2007. 264p. QU

GORE, Albert. Uma Verdade Inconveniente – O Que Devemos Saber (E Fazer) Sobre o Aquecimento Global. Editora Manole. Tradução: Isa Mara Lando. EUA, 2006. 326p.

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PANORAMA da Biodiversidade Global 2. Publicação: Ministério do Meio Ambiente. Brasília, 2006. 81p. PERFIL do Setor de Tratamento de Resíduos e Serviços Ambientais. Publicação: Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos – Abetre. São Paulo, 2006. 24p. SOUZA, Ivan Sergio Freire de. Agricultura Familiar na Dinâmica da Pesquisa Agropecuária. Publicação: Embrapa. Brasília, 2006. 434p.

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AGENDA

Conferencia sobre Ecoturismo Global – De 14 a 16 de maio, em Oslo (Noruega). Realização: Divisão de Tecnologia, Indústria e Economia do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br. Reunião da Conferência das Partes do Cites – De 3 a 15 de junho, em Haia (Holanda). Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br. Comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente – Em 5 de junho, em Tromso (Noruega). Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br.

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Dia Mundial da Água Como parte das comemorações do Dia Mundial da Água, em 22 de março, cerca de 70 instituições representativas da área ambiental, reunidas em São Paulo, assinaram manifesto em prol da sustentabilidade na América do Sul. O movimento de adesão ao manifesto tem como base estudos do Inpe (Instituto Nacional de Estudos Espaciais) que apontam a interdependência entre a floresta amazônica e a manutenção da umidade e das chuvas no Pantanal, Bacia do Rio da Prata e Região Sudeste do Brasil. O movimento ambientalista é liderado pelo Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), de São Paulo, pelo Instituto Brasil Pnuma, do Rio de Janeiro, e pela Fundación Metropolitana, de Buenos Aires (Argentina). “Todos os países têm direito soberano de utilizar seus recursos naturais de acordo com suas políticas de desenvolvimento, mas com responsabilidade e sem interferir nos territórios vizinhos”, afirmou o presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos. Segundo o presidente do Proam, Carlos Bocuhy, “o aquecimento global altera cenários futuros, em que vamos precisar de mais água, enquanto o desmatamento da Amazônia fragiliza a produção natural, principalmente no Centro-Sul da América do Sul”. Já o presidente da Fundación Metropolitana, Pedro Del Piero, ressaltou que “a Bacia do Rio da Prata necessita de maior atenção, pois além da poluição, temos sérias evidências sobre ameaças ao próprio ecossistema de produção natural”. Durante o evento, a tribo Guarani, da aldeia KruKutu, de Palhereiros, apresentou a Dança da Chuva – Xontaro, que é realizada após o plantio de milho, feijão e mandioca (foto acima).

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Responsabilidade sociombiental O Sistema Fiesp estará realizando, de 2 a 4 de agosto, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo (SP), a Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental. Com o auxílio de estandes para exposições e de palestras, debates, painéis de universidades e apresentações de casos de sucesso, estarão sendo divulgados e promovidos conceitos e práticas de responsabilidade socioambiental coorporativa. Os promotores da mostra pretendem melhor agregar os atores sociais envolvidos com a questão, propiciando a formação de parcerias e a multiplicação de projetos já implantados, para mostrar que o capital privado pode estar a serviço do bem público. Mais informações pelo telefone (11) 3549-4200 ou pelo site www.fiesp.com.br.

Campeões da Terra 2007

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ambém em comemoração ao Dia Mundial da Água, foi promovido no Rio de Janeiro o Encontro Águas de Março – 2007, em 21 e 22 de março, no Espaço Tom Jobim – Cultura e Meio Ambiente, no Jardim Botânico. Patrocinado pela Petrobras, em parceria com várias instituições, o evento teve como objetivo pensar e discutir o manuseio e a preservação desse recurso natural, além de sensibilizar a sociedade de que a água precisa ser tratada como fonte de vida. Também foram debatidas questões como o aquecimento global e a degradação ambiental, que causam impacto direto e indireto na preservação da água. Participaram dos debates, entre outros, a presidente da Fundação France-Libertés, Danielle Mitterrand, o secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, o presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos, o jornalista André Trigueiro, o presidente da Associação de Cultura e Meio Ambiente, Paulo Jobim, e o ambientalista João Fortes (foto abaixo).

Por sua luta pela preservação da Floresta Amazônica, tendo como base o uso sustentável pela população da região, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi um dos sete líderes ambientais mundiais homenageados com o prêmio do Pnuma Campeões da Terra 2007, concedido durante a Cúpula de Negócios Globais pelo Meio Ambiente, promovida pelo Pnuma e pelo programa da ONU Pacto Global, em abril, em Cingapura. O ex-vicepresidente dos Estados Unidos Al Gore foi homenageado por suas iniciativas contra o aquecimento global. Além de Gore e de Marina Silva, cinco outros ambientalistas receberam o prêmio por suas ações – seja em nível de governo, do setor privado ou da sociedade civil – em prol de uma trajetória de crescimento mundial mais inteligente e sustentável: o argelino Cherif Rahmani, a filipina Elisea ‘Bebet’ Gillera Gozun, a sueca Viveka Bohn, o príncipe jordaniano Hassan Bin Talal e o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge.

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Em Plena Luz O Centro Cultural dos Correios, no centro do Rio, inaugurou em abril a exposição Em Plena Luz, da arquiteta, ambientalista e artista plástica Vera Patury. Com exposições realizadas em diversas cidades do Brasil e dos Estados Unidos, Japão e União Européia, a artista está expondo 12 pinturas em acrílica, papel e folhas de ouro sobre telas; e cinco relicários – objetos em acrílica, pigmentos, papel, tecelagem e folhas de ouro e prata, montados em molduras antigas, que fazem referências a outros tempos. Suas obras misturam técnicas indígenas com processos e formas contemporâneas, com o olhar da artista sempre voltado para a preservação ambiental. Entre outros prêmios, Vera recebeu, em 2005, no Palais des Festivals, em Cannes (Franças), o Prêmio Arte e Criação, pelo conjunto do seu trabalho. A exposição Em Plena Luz está aberta até 3 de junho, de terça-feira a domingo, das 12h às 19h. O Centro Cultural Correios fica na Rua Visconde de Itaboraí, 20, no Centro do Rio.

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Eco Cidadão ganha prêmio austríaco Educação ambiental em Macaé é homenageada no Parlamento Europeu Divulgação

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Brigada ecológica recicla pneus usados

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m mais uma de suas iniciativas pelo meio ambiente de Macaé (RJ), o Programa Eco Cidadão encontrou solução original para reduzir os impactos negativos dos pneus velhos descartados em locais inadequados, como rios: transformá-los em canteiros para o plantio de tubérculos e de ervas medicinais e aromáticas. A campanha Transformando Pneus em Canteiros foi lançada em março com a participação de quatro escolas municipais. Formada por 60 estudantes, entre 12 e 16 anos, uma brigada ecológica está recolhendo pneus das margens do Rio Macaé, que passa por grave processo de assoreamento, destruição da vegetação de Mata Atlântica e contaminação de suas águas por lixo e esgoto. Além disso, com auxílio de agrônomo, os alunos realizam o plantio de tubérculos e de ervas medicinais e aromáticas.

Com aulas práticas de educação ambiental em escolas, Macaé está se conscientizando sobre a importância da preservação ambiental

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a condição de vencedor da categoria Brasil do prêmio Energy Globe 2006, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente da Áustria, o Programa Eco Cidadão, desenvolvido no Município de Macaé (RJ), recebeu uma homenagem no Parlamento Europeu, em Bruxelas (Bélgica), em abril, em meio às celebrações pelos 50 anos da União Européia. O Energy Globe destaca iniciativas voltadas para o desenvolvimento sustentável. “Esse prêmio tem grande valor pedagógico”, diz a pedagoga Marielza Cunha Horta, coordenadora do Eco Cidadão. “O reconhecimento é um estímulo para continuarmos nossa luta cotidiana. Ele renova as esperanças. Compartilho essa honra não só com os colaboradores, mas com as pessoas que lutam para promover melhorias socioambientais em todo o mundo.” Em parceria com a Prefeitura de Macaé, o Eco Cidadão promove ações que buscam transformar valores e atitudes, despertando a consciência sobre a importância da preservação ambiental, da limpeza urbana, do consumo consciente e do comportamento solidário, ético e moral. Nada mais urgente numa região que sofreu crescimento desordenado devido à exploração petrolífera na Bacia de Campos. Marielza reconhece as dificuldades em mudar toda uma cultura de valores antiecológicos, mas avanços vêm sendo obtidos. Com as ações educativas, segundo ela, conseguiu-se, por exemplo, reduzir em mais de seis toneladas o descarte diário de lixo nas vias centrais da cidade. “A poluição das praias também diminuiu consideravelmente. São duas toneladas a menos de lixo por dia. Além disso, a utilização correta das lixeiras públicas aumentou em 70%.”

Marielza Horta recebeu o prêmio Energy Globe das mãos do ator Martin Sheen

As iniciativas do Eco Cidadão acabaram obtendo reconhecimento fora do Brasil. Em 2002, a ONG ficou entre os 40 finalistas do Prêmio Internacional de Dubai para Melhores Práticas, do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos. Houve mais dois reconhecimentos da ONU, como a participação, em 2004, do Fórum de Barcelona, em que o programa foi apontado como um dos 42 projetos no mundo que mudaram a realidade de cidades.

Apoio Cultural 8

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