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www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nº 96 .br AGO/SET 2007
Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Países despertam para energia renovável UE e EUA lideram investimentos, que já alcançam US$ 100 bilhões anuais Arquivo Pnuma
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s investimentos em fontes de energia renovável estão crescendo a cada ano, em sua maior parte na União Européia e nos Estados Unidos. Estudo do Pnuma revela que as inversões no setor – principalmente em energia dos ventos, solar e de biocombustíveis – saltaram de US$ 80 bilhões, em 2005, para o recorde de US$ 100 bilhões, em 2006. As plantas de energia renovável representam ainda apenas 2% da matriz energética planetária, baseada na queima de combustíveis de origem fóssil. Mas os investimentos anuais no setor já alcançam 18% dos novos projetos mundiais em geração de energia – sendo que a energia dos ventos lidera as aplicações financeiras. O emprego em tecnologias de energia solar e de biocombustíveis está crescendo mais do que de ventos. Mas como o cálculo partiu de base menor de comparação, ainda não figuram como as líderes nesse mercado verde. Segundo o relatório do Pnuma, os maiores responsáveis por essa “nova corrida mundial do ouro” são investidores que, só no ano passado, injetaram US$ 71 bilhões em companhias e em novos negócios no setor – um salto de 43% em relação a 2005 e mais de 157% se comparado a 2004. E a tendência de crescimento continua este ano, com os especialistas prevendo aplicações em torno de US$ 85 bilhões. Em adição aos US$ 71 bilhões aplicados em 2006 por investidores, cerca de US$ 30 bilhões entraram no setor via fusões e aquisições de empresas, resgates e refinanciamentos de ativos.
Países em desenvolvimento já contam com 21% dos investimentos no setor
Causas do crescimento – Dentre as principais razões para o crescimento das inversões no setor, o Pnuma ressalta a crescente preocupação com os efeitos das mudanças climáticas, o aumento do preço do petróleo e o crescimento do apoio de governos a fontes de energia renovável. A marcha desse crescimento é de tal ordem que já rivaliza com as novas aplicações em fontes de geração de energia à base de gás e de carvão. O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, enfatiza que os investimentos em fontes de energia renovável não dependem mais das altas e baixas do preço do petróleo, pois estão sendo adotadas por “um número crescente de companhias de energia, comunidades e países”. Os investimentos em energia reno-
vável vêm sendo feitos de forma concentrada na União Européia e nos Estados Unidos, que receberam, em 2006, 70% do capital empregado no setor. No entanto, os investimentos nos países em desenvolvimento vêm crescendo rapidamente. Enquanto que em 2004 essas nações receberam 15% das inversões, em 2006 o percentual já alcançava 21%. A China começa a surgir no cenário mundial como um importante palco de investimentos, tendo recebido, no ano passado, 9% das aplicações globais no mercado de fontes de energia renovável. Por sua vez, a América Latina aparece em uma posição razoável, com 5% do total de inversões em 2006 – a maior parte para o financiamento de plantas de biocombustíveis à base de etanol no Brasil.
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EDITORIAL Neste novo número, continuamos com nossa linha editorial de publicar informações sobre a degradação ambiental e – mais importante – as ações positivas do Pnuma e de outros parceiros do movimento ambientalista brasileiro e mundial em prol da preservação e do desenvolvimento sustentável. Na capa, falamos sobre o crescimento internacional dos investimentos em fontes de energia renovável, que já chegam a US$ 100 bilhões por ano. Aqui ao lado, informamos sobre o lançamento de projeto do Pnuma para formar banco de dados mais completo com indicadores ambientais sobre a conservação das espécies, o que ajudará nas ações dos países em defesa da biodiversidade. Na página 3, publicamos um balanço do aniversário de 20 anos do Protocolo de Montreal, que já conseguiu a substituição de 95% das substâncias químicas que provocam a destruição da camada de ozônio. Nas páginas centrais, o gerente-setorial de Articulação e Contingência da Região Sudeste, da Gerência de SMS Corporativa da Petrobras, Ronaldo Chaves Torres, fala dos cuidados ambientais, de segurança e saúde do Comperj, o maior complexo petroquímico da América Latina. Fechamos esta edição com reportagem de contracapa sobre o lançamento de projeto interestadual para a preservação dos meros, uma das espécies mais ameaçadas de extinção entre os peixes no Brasil.
Um abraço e até o próximo. Haroldo Mattos de Lemos Presidente
Projeto pela biodiversidade Pnuma forma banco de dados em defesa das espécies Em apoio à Convenção sobre Biodiversidade Biológica, o Pnuma lançou o Indicador de Parceria em Biodiversidade 2010, que tem como objetivo formar um banco de dados com novos e antigos indicadores ambientais que dêem subsídios à comunidade internacional para reforçar suas ações pela conservação das espécies. Financiado em parte pelo fundo ambiental global GEF (Global Environment Facility), o projeto de US$ 8,8 milhões reunirá uma série de indicadores que permitam aos países membros da convenção avaliar melhor as perdas de biodiversidade e as ações bem-sucedidas pela sua recuperação e preservação. Com isso, terão mais facilidade em atingir a meta estabelecida, em 2002, de se obter uma significativa redução da taxa da perda de biodiversidade por volta de 2010. Perda essa que, segundo especialistas, tem como maior causa o impacto nos ecossistemas de ações humanas como desmatamentos, poluição, exploração excessiva para produção de alimentos e caça e comércio ilegais de espécies da vida selvagem. Um dos indicadores que integrarão esse banco de dados é a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas compilada pela União Internacional para a Conservação da Natureza: estão sob risco de extinção um em cada grupo de quatro mamíferos, um em cada grupo de três anfíbios e um em cada grupo de oito de pássaros.
Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Lílian Döbereiner Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Fotolito: Pigmento Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (exdeputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de Almeida (diretorgeral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Alberto de Oliveira Roxo (gerente-geral de Meio Ambiente e Relações Corporativas da Aracruz Celulose S.A.), Carlos Henrique de Abreu Mendes (exsecretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (deputado estadual PT/RJ), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), José Mendo Misael de Souza (vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Mineiração), Márcio Moreira Alves (jornalista e presidente da Brain Trust Consultors), Marcio Nogueira Barbosa (ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil PNUMA), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro),
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Arquivo Pnuma
Meta de projeto de US$ 8,8 milhões é reduzir taxa de perda de biodiversidade
Outro indicador é a situação das áreas protegidas, consideradas como importante estratégia para a conservação de plantas e de animais. Cerca de 12% da superfície terrestre do planeta estão cobertas por 105 mil áreas protegidas. No entanto, apenas 0,6% da superfície dos oceanos estão protegidas, assim como 1,4% dos mares costeiros. Alguns novos indicadores estão sendo coletados de lista preparada pela Convenção sobre Diversidade Biológica – integrada por 189 países e mais a União Européia –, como dados do grau em que florestas, fazendas e indústria pesqueira estão sendo manejadas em prol da preservação, a tendência de disseminação de espécies invasoras e componentes da biodiversidade como genes e ecossistemas.
Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP), Roberto Messias Franco (ex-assessor do diretor regional do PNUMA para América Latina e Caribe e ex-secretário especial do Meio Ambiente) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Roberto de Faria Almeida, Telma de Avellar Guimarães (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo, Vicente Hermogerio Schmall (suplentes). Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. INSTITUTO
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www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE
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Avança recuperação da camada de ozônio China dá exemplo de ações bem-sucedidas em 20 anos do Protocolo de Montreal
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Vitória do movimento ambientalista O Protocolo de Montreal tem como objetivo eliminar o uso de substâncias como os gases CFCs, que eram muito utilizados em sistemas de refrigeração, como motores de geladeiras e de ares-condicionados, os halogênios e o brometo de metila, usado como pesticida. Essas substâncias também agravam o efeito estufa. Estudo publicado pela revista Proceedings, da Academia de Ciências dos Estados Unidos, revela que em 20 anos já foram eliminadas cerca de 11 milhões de toneladas de gases que provocam a destruição da camada de ozônio, passando-se a utilizar produtos mais benéficos para a camada e para o sistema climático. Os CFCs e halogênios deixaram de ser produzidos nos países desenvolvidos em 1996, com exceção de pequenos usos em áreas essenciais, como médicas. Em 2010, deverão ser banidos das nações em desenvolvimento, incluindo países da Ásia e Pacífico, hoje responsáveis por 70% do consumo global de CFCs. Mas especialistas advertem: para a meta ser alcançada, os governos precisam controlar os setores industriais, evitando-se que novas substâncias destruidoras sejam produzidas, e combater a produção e o comércio ilegais de substâncias como o CFC. Arquivo Pnuma
té então o maior país produtor de CFCs (clorofluorcarbonos) e halogênios, a China fechou, em julho, cinco de suas seis fábricas de produção desses produtos químicos destruidores da camada de ozônio. Com a decisão do governo chinês, foi dado um passo expressivo para que as nações em desenvolvimento atinjam a meta estabelecida pelo Protocolo de Montreal de eliminar, até 2010, a produção das substâncias que agridem essa camada que protege a Terra dos raios ultravioletas do Sol. Principalmente a partir de políticas de substituição adotadas pelos países desenvolvidos, cerca de 95% dos produtos destruidores da camada de ozônio já foram retirados do mercado. Ao lembrar os 20 anos da assinatura do Protocolo de Montreal, o diretorexecutivo do Pnuma, Achim Steiner, destacou que essa iniciativa ambiental “está entre as histórias de maior sucesso dos anos recentes”. Assinado em 16 de setembro de 1987 e ratificado por 191 países, o Protocolo de Montreal é importante exemplo de como a comunidade internacional pode se engajar em ações bem-sucedidas em prol do desenvolvimento sustentável, desde que haja apoio político, disponibilidade de mecanismos financeiros criativos e auxílio às indústrias e ONGs ambientalistas. Apesar do buraco da camada de ozônio ter alcançado, em 2006, novo recorde de tamanho sobre a Antártica, atingindo 27,5 milhões de km2, cientistas avaliam que a partir de 2050 deverá ocorrer a sua recuperação aos níveis de 1980. Por outro lado, se não fossem as ações de substituição implementadas, os níveis de presença das substâncias destruidoras na atmosfera seriam dez vezes maiores em 2050. Com a destruição da camada de ozônio que essa presença massiva na atmosfera acarretaria, poderia se chegar, em 2050, a uma situação dramática de saúde pública: um aumento de mais de 20 milhões de casos de câncer de pele e de mais de 130 milhões de cataratas nos olhos em relação aos números registrados em 1980.
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Gestão de Segurança, Meio A o
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), empreendimento constituído em parceria da Petrobras, Grupo Ultra e BNDES e com previsão de início das operações em 2012. O projeto central de uma refinaria para processar 150 mil barris/ dia de petróleo pesado representa o maior plano individual da Petrobras, com investimentos avaliados em cerca de US$ 9 bilhões na 1ª e na 2ª geração de produtos petroquímicos. O Comperj consistirá em um complexo industrial formado por uma unidade de refino e 1ª geração para produção de petroquímicos básicos, como eteno (1,3 milhão de toneladas/ano), benzeno (600 mil toneladas), paraxileno (700 mil toneladas) e propeno (880 mil toneladas), além de unidades de segunda geração que irão transformar estes produtos básicos em petroquímicos como estireno (500 mil toneladas anuais), etileno-glicol (600 mil toneladas), polietilenos (800 mil toneladas), polipropileno (850 mil toneladas) e PTA/ PET (500 mil e 600 mil toneladas). O Comperj será localizado nas imediações da vasta planície dos rios Macacu e Caceribu, na confluência dos municípios de Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Itaborai, promovendo relações de vizinhança com Rio Bonito, Tanguá, Magé, São Gonçalo, Niterói e Maricá, na parte leste da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. A sede do empreendimento ficará em Itaborai, em terreno
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RONALDO CHA de 40 milhões de metros quadrados, com a instalação da Unidade de Produção de Petroquímicos Básicos, ligada à Central de Escoamento de Produtos Líquidos e ao Centro de Integração para a demanda de mão de obra do Comperj, ambos localizados em S.Gonçalo Além da proximidade com o núcleo metropolitano (Niterói e Rio de Janeiro), o arranjo espacial do Comperj favorecerá o desenvolvimento regional, pela formação potencial de um conjunto de alternativas econômicas no eixo Niterói, São Gonçalo, Itaborai, factíveis de sensibilização de investimentos, possíveis pela gestão dos impactos e incremento nas receitas previstas. A região de Itaboraí foi escolhida para sediar o Comperj em função de condições logísticas e o contexto socioambiental favorável. Além disso, o Comperj ajudará a estruturar operacionalmente o Arco Metropolitano, que atrairá indústrias que vão utilizar as maténas-primas produzidas pelo complexo petroquímico e pelas siderúrgicas situadas no entorno do Porto de Itaguaí. Esta localização assegura um melhor aproveitamento da logística já existente da Petrobras e o Complexo Gasquímico de Duque de Caxias (Sinergia com o Cenpes, Reduc, Riopol e Suzano), mais competitividade para a cadeia produtiva e, genericamente, a possibilidade de maior inclusão social, já que proporcionará benefícios para um número maior de habitantes e municípios.
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Ambiente e Saúde no Comperj
AVES TORRES
Cuidados com SMS O projeto do Comperj nasceu em consonância com a Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras e suas respectivas Diretrizes (um total de 15 diretrizes). O Projeto Estratégico – Excelência em SMS da Petrobras visa a atingir padrões internacionais de excelência em SMS através da implementação das 15 Diretrizes Corporativas de SMS, visando à consolidação da cultura de SMS como um valor na companhia através de: Sistema de Gestão de SMS integrado; ecoeficiência de operações e produtos; prevenção de acidentes, incidentes e desvios; saúde dos trabalhadores; prontidão para situações de emergência e minimização de riscos e passivos ainda existentes.
Responsabilidade Social Os impactos previsíveis na Região Leste Metropolitana e áreas adjacentes começarão a ser mitigados e/ou eliminados com a implantação e funcionamento do Centro de Integração, que deverá ter papel ativo e fundamental no desenvolvimento sustentável da região. O Centro Integrado tem como objetivos: Capacitar e qualificar a população da região de influência para o desenvolvimento das vocações locais, em bases competitivas e sustentáveis, para implantação do Comperj. Principais Fatores: Potencializar a empregabilidade da mão-de-obra local, qualificar e capacitar pessoas; dinamizar a economia regional, mediante recursos humanos e fornecedores mais qualificados; e viabilizar o estabelecimento de metas empresariais sustentáveis, além de qualificar e especializar, pelo menos, 30 mil profissionais ao longo de quatro a cinco anos. O programa vai oferecer aos profissionais que não tenham renda bolsas de formação, permitindo seu sustento durante a fase de preparação. Ou seja: quem comprovar estar desempregado durante o curso poderá ter direito a uma ajuda de custo, cujo valor será determinado de acordo com o grau de instrução do aluno. Para participar do treinamento, de quatro a oito meses, os candidatos farão exame escrito, organizado pela Fundação Cesgranrio. Os formados serão cadastrados em um banco de dados que servirá às empresas envolvidas na construção do complexo. Não há garantia de que todos os 30 mil serão contratados. Mas será uma mão-deAGOSTO/SETEMBRO 2007 – Nº 96
obra qualificada e certificada que poderá ser aproveitada em qualquer outro empreendimento. O Comperj vai gerar 212 mil empregos diretos e indiretos durante a sua construção, sendo 50 mil quando entrar em operação.
Meio Ambiente O princípio filosófico do descarte zero de resíduos será seguido pelo empreendimento. Ou seja: onde for possível, as emissões do Comperj serão zeradas. Já foi dado início à construção de um cinturão verde em torno da área do complexo. Inspirado no que foi feito em uma refinaria da Índia, o cinturão tem como objetivos, entre outros, proteger a área industrial, restaurar a cobertura vegetal da região e gerar mercado de trabalho no manejo da mata. Tem sido uma constante na execução do empreendimento o diálogo e parcerias com a sociedade e com o Poder Púbico: órgãos ambientais, Ministério Público, ONGs etc. O consumo de água do Comperj na fase de obra, é estimado em 100 m3/h (0,03 m3/s), com um pico estimado de 200 m3/h (0,06 m3/s), além do consumo durante sua operação que será em torno de 3 m3/s de água bruta. Essa estimativa levou, inexoravelmente, a um aprofundamento dos estudos sobre os recursos hídricos local e potencial para atender suas necessidades. Assim, estão em estudos oito alternativas para suprimento de água do Comperj: Rio Guandu (alternativa 1); Reservatório do Ribeirão das Lajes (2); Rio Paraíba do Sul (3); Reservatório do Rio Guapi-Açú (4); Reservatório de Juturnaíba (5); efluente de ETEs da Cedae, à leste da Baía de Guanabara (6); efluentes da ETA Guandu (7); e dessalinização da água do mar (8). Essas são algumas referências sobre o elenco de questões sensíveis levantadas pelas equipes multidisciplinares que estão atuando diretamente no projeto e execução do Comperj. Assim, o Comperj inaugura uma postura moderna e transparente de conduzir projetos pela Petrobras, uma empresa de energia que trabalha com responsabilidade social e ambiental sem perder o foco na sustentabilidade de seus negócios no Brasil ou em qualquer outra parte do planeta onde atua. Ronaldo Chaves Torres é gerente-setorial de Articulação e Contingência da Região Sudeste, da Gerência de SMS Corporativa da Petrobras
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E S T A N T E Parte das publicações, periódicos e CD-ROMs recebidos pela biblioteca ATLAS Nordeste – abastecimento urbano de água: alternativas de oferta de água para as sedes municipais da Região Nordeste do Brasil e do Norte de Minas Gerais: resumo executivo. Publicação: Agência Nacional de Águas, Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos, Consórcio Engecorps/Projetec/Geoambiente/Riverside Technology. Brasília, 2006. 154p. BATISTA, E.; CAVALCANTI, R.; FUJIHARA,M.A. Caminhos da Sustentabilidade no Brasil. Publicação: Terra das Artes. São Paulo, 2005. 247p.
INVENTANDO um Futuro Melhor: uma estratégia mundial para criação de competência em ciência e tecnologia. Publicação: InterAcademic Council e Ministério da Ciência e Tecnologia. 162p. KISS, A.; SHELTON, D. International Environmental Law. Publicação: PNUMA. Nairóbi, 2004. 458p. MARCO Referencial em Agroecologia. Publicação: Embrapa. Brasília, 2006. 70p.
BRAUN, Ricardo. Municipal Environmental Management and Incentive Scheme for Agenda 21 Implementation in Brígida Sub-Basin, Brazil. Tese da Universidade de Aberdeen, 2004. 292p.
METODOLOGIA Sebrae para Implementação de Gestão Ambiental. Gestão Ambiental. Publicação: Sebrae. Brasília, 2004. 113p.
COMPENDIUM of Summaries of Judicial Decisions In Environment-Related Cases. Publicação: Pnuma. Nairóbi, 2005. 249p.
METODOLOGIA Sebrae 5 Menos que são Mais: Redução de Desperdício. Gestão Ambiental. Publicação: Sebrae. Brasília, 2004. 60p.
CURSO Básico Gestão Ambiental. Gestão Ambiental. Publicação: Sebrae. Brasília, 2004. 111p.
MONITORAMENTO Ambiental da Área de Influência do Emissário de Cabiúnas. Publicação: Petróleo Brasileiro S.A. Petrobras. Rio de Janeiro, 2002. 276p.
EXPERIÊNCIAS Sebrae com Implantação de GA em Organizações. Gestão Ambiental. Brasília, 2004. 76p. FINANCIAL Risk Management Instruments for Renewable Energy Projects – Summary Document. Publicação: Pnuma. 2004. 47p. SEG
GLOBAL Judges Programme. Publicação: Pnuma. Nairóbi. 74p.
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SISTEMAS Integrados de Gestão. Gestão Ambiental. Brasília, 2004. 70p.
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SELECTED Texts of Legal Instruments in International Environmental Law. Publicação: Pnuma. Nairóbi, 2005. 734p.
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Pesquisadores detectaram o aumento de “zonas mortas” – áreas de água sem oxigênio – no Golfo do México com cerca de 25 mil km2. Segundo estudo do Pnuma, o problema é provocado pelo despejo nos mares de excesso de nutrientes, particularmente nitrogênio, provenientes de fertilizantes agrícolas usados em grande escala, do despejo de esgoto sem tratamento adequado (terciário) e da fumaça de veículos e de fábricas presente na atmosfera. Esses compostos de nitrogênio caem diretamente nos mares ou penetram nos solos, indo parar em rios, como o Mississipe, sendo então carreados para o Golfo do México. Os nutrientes provocam o crescimento de algas no mar – que, por sua vez, consomem o oxigênio da água, causando as “zonas mortas”. O aumento do plantio de milho nos Estados Unidos para a produção de etanol estaria agravando o problema.
AGENDA
19º Encontro das Partes do Protocolo de Montreal – de 17 a 21 de setembro, em Montreal (Canadá). Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br. 1º Fórum Nacional Sustentável Impactos no Meio Ambiente – em 19 de setembro, em São Paulo (SP). Realização: ConvergeNEWS/stratetic.business. Informações pelo site www.convergenews.com.br/meio_ambiente. 2ª Conferência Internacional sobre Turismo e Mudança Climática – de 1 a 3 de outubro, em Davos (Suíça). Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e parceiros. Informações pelo tel. (61) 329-2113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br. Diálogo de Negócios e Indústrias Globais sobre Clima, Energia e Manejo Responsável de Químicos – de 15 a 16 de outubro, em São Paulo (SP). Realização: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Informações pelo tel. (61) 3292113 ou pelo email unep.brazil@undp.org.br. 1st International Workshop – Advances in Cleaner Production/ IV Semana Paulista de P+L/IV Conferência Paulista de P+L – de 21 a 23 de novembro, em São Paulo (SP). Realização: Unip (Universidade Paulista). Informações pelo site www.advancesincleanerproduction.net.
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Zonas mortas no golfo
Jovens embaixadores O Programa Jovens Embaixadores Ambientais vai levar quatro jovens ambientalistas brasileiros para a Alemanha. Nos primeiros três anos de realização da iniciativa no Brasil – uma parceria da Bayer com o Pnuma –, 12 projetos foram selecionados. A comissão julgadora, composta por professores, ambientalistas, jornalistas especializados em meio ambiente e técnicos, tem seus critérios de avaliação auditados externamente pela PricewaterhouseCoopers. Mais informações em www.byee. com.br.
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Reflorestamento recorde na Índia Arquivo Pnuma
O Departamento Florestal do Governo de Uttar Pradesh, estado mais populoso da Índia, anunciou um recorde da campanha do Pnuma para o plantio, em 2007, de no mínimo de 1 bilhão de árvores no mundo: em apenas um dia, em 31 de julho, foram plantadas 10,5 milhões de espécies. Esse ambicioso projeto, que contou com a participação de 600 mil pessoas, teve como principal objetivo aumentar a consciência dos habitantes desse estado indiano sobre a importância das ações de reflorestamento e o papel vital das árvores na correção de desequilíbrios ecológicos, no combate à poluição e na recuperação das coberturas florestais. Uma decisão de governo, o mutirão de plantio contou com a participação de alunos, da população local, de fazendeiros e de representantes de unidades industriais e de departamentos de governo. O plantio foi cuidadosamente planejado, com os buracos cavados com antecedência, de forma a viabilizar a ação em apenas um dia.
Os interessados em participar da campanha internacional Plant for the Planet: Billion Tree Campaign estão convidados a inscrever seus compromissos com metas de plantio no site www.unep.org/billiontreecampaign.
UFRJAmbientável Com apoio da Escola Politécnica, da Escola de Química, da Coppe e da Decania do Centro de Tecnologia da UFRJ, estudantes do curso de graduação em Engenharia Ambiental promoverão, de 11 a 14 de setembro, o UFRJ Ambientável – uma série de palestras, mesas-redondas, visitas técnicas, apresentações de trabalhos e projetos cul-
turais para estimular discussões sobre questões ambientais relevantes. A temática da terceira edição do evento – a ser realizado no Centro de Tecnologia da UFRJ, na Ilha do Fundão – é Vulnerabilidades e Esforços diante das Alterações Climáticas. Mais informações em www.ufrjambientavel. poli.ufrj.br.
Prêmio de sustentabilidade Com o patrocínio de Faber-Castell, Henkel, Petrobras, Tetra Pak e VW Caminhões e Ônibus, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha abriu inscrições para a edição 2007 do Prêmio von Martius de Sustentabilidade, que reconhece o mérito de iniciativas de empresas, do poder público, de indivíduos e da sociedade civil que promovam o desenvolvimento econômico, social e cultural de forma sustentável. Com edições anuais, o prêmio foi criado com o objetivo de divulgar e
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reforçar o compromisso das empresas e da Alemanha com o desenvolvimento sustentável. Os projetos – com inscrições abertas até 30 de setembro – poderão abranger três categorias: Humanidade, Tecnologia e Natureza. A cerimônia de entrega dos troféus aos premiados será realizada na Cidade do Rio de Janeiro, em 7 de novembro. Mais informações pelo telefone (11) 4702-9006 ou pelo email info@premiovonmartius.com.br.
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Corredor Verde do Pan Uma parceria do governo estadual, da Prefeitura do Rio de Janeiro, da Petrobras e da Coppe/UFRJ, o projeto de reflorestamento Corredor Verde do Pan, no Maciço da Pedra Branca, em Jacarepaguá, foi lançado em agosto, com a presença do governador em exercício, Luiz Fernando Pezão, do secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e da secretária municipal de Meio Ambiente, Rosa Fernandes. Para reforçar a iniciativa de reflorestamento – que prevê o plantio de 100 mil mudas de Mata Atlântica em 40 hectares de área degradada, para unir as florestas da Tijuca e do Maciço da Pedra Branca –, Carlos Minc anunciou o aumento dos limites do Parque da Pedra Branca em 71 hectares. Além de reconstituir a biodiversidade da Mata Atlântica, o Corredor Verde do Pan tem o objetivo de neutralizar a quantidade de gás carbônico que foi emitida durante os Jogos Pan-americanos; cálculo a cargo da Coppe/ UFRJ. O Corredor Verde do Pan marcou o lançamento dos Corredores Verdes, um dos principais programas da SEA (Secretaria de Estado do Ambiente), em parcerias com prefeituras e Ibama, para criar interligações com matas nativas entre “manchas” dispersas de florestas ainda existentes no Rio de Janeiro, que foram separadas ao longo do tempo por desmatamentos. Outro corredor previsto é o de Bocaina-Tinguá, para unir de forma contínua as florestas de Angra dos Reis e Paraty ao núcleo central de Mata Atlântica da Reserva Biológica do Tinguá e do Parque Estadual de Três Picos.
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Entidades se unem para salvar meros Projeto em quatro estados visa a preservar peixe ameaçado de extinção
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Foto Noeli Ribeiro
ançado oficialmente em maio, em workshop promovido no Centro de Visitantes do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia, o Projeto Meros: Estratégias para Conservação de Ambientes Costeiros e Marinhos do Brasil visa a preservar uma das espécies mais ameaçadas de extinção entre os peixes marinhos no Brasil. Fruto de parceria institucional entre a Universidade do Vale do Itajaí (SC) e as ONGs Ecomar (BA), Recifes Costeiros (PE) e Instituto Ambiental Vidágua (SP), com apoio do Programa Petrobras Ambiental, o projeto está sendo desenvolvido em quatro pontos, nos litorais de Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco. O grupo de entidades coordenadoras do projeto e seus apoiadores vêm, nos últimos anos, identificando as linhas prioritárias de ações direcionadas à pesquisa e conservação da espécie no âmbito de suas respectivas áreas de atuação. Praticamente extinto em alguns países, como o México, e protegido da pesca nos Estados Unidos, o mero foi o primeiro peixe marinho brasileiro a receber um mecanismo legal de proteção total, passando a ser reconhecido como fauna silvestre pela legislação ambiental brasileira, fato marcante na história da conservação marinha do país.
Fragilidade – Algumas características desse peixe o tornam mais propício ao risco de extinção: proporções extraordinárias (atinge mais de 400 quilos), alta longevidade (40 anos), demora para iniciar sua fase adulta (oito anos e 60 quilos em peso) e formação de cardumes para a reprodução (tornando-se alvo fácil de pescadores). Além de crescentes taxas de exploração pesqueira, a degradação de manguezais em todo o Brasil vem provocando a diminuição drástica da disponibilidade do habitat essencial para as fases iniciais da vida dessa espécie. Devido ao seu alto grau de vulnerabilidade, o mero foi incluído na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), como espécie Criticamente em Perigo de Extinção em curto espaço de tempo. No entanto, a partir de ações preservacionistas, um grupo de instituições não-governamentais conseguiu aprovar junto ao Ibama, em setembro de 2002, a publicação da Portaria 121, que interrompeu, por cinco anos, a pesca, a captura e a comercialização em todo o território nacional do mero Epinephelus itajara. Segundo as entidades responsáveis pelo Projeto Meros: Estratégias
Lista Vermelha aponta o mero como Criticamente em Perigo de Extinção
para Conservação de Ambientes Costeiros e Marinhos do Brasil, a espécie apresenta uma série de características que a torna uma bandeira para a conservação de ambientes marinhos no Brasil: Devido ao seu tamanho e comportamento imponente, mas dócil, chama a atenção de crianças e adultos para as problemáticas socio-ambientais referentes aos ambientes de manguezal, recifes de corais e costão rochoso; É uma espécie Criticamente em Perigo de Extinção; Pouquíssimas informações sobre a espécie encontram-se registradas pela ciência convencional.
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Mais informações sobre o projeto em www.vidagua.org.br.
Apoio Cultural 8
AGOSTO/SETEMBRO 2007 – Nº 96