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www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nº 97 .br OUT/NOV 2007

Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Arquivo Pnuma

Existência humana está ameaçada Estudo do Pnuma defende ação urgente para se evitar catástrofe ambiental

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inte anos após a publicação do histórico documento Nosso Futuro Comum, da Comissão Brundtland, estudo do Pnuma lançado em outubro alerta que o futuro da humanidade está ameaçado devido a graves problemas ambientais, como as mudanças climáticas, o grau de extinção das espécies e o desafio de alimentar uma população mundial em crescimento acelerado. Preparado por cerca de 390 especialistas e revisado por mais de 1.000 outros estudiosos ao redor do planeta, o relatório Global Environment Outlook: Environment for Development (GEO-4) analisa o estado atual da atmosfera,

terra, água e biodiversidade. E a conclusão não é nada animadora, a começar pelo aquecimento global, que exige massiva redução dos gases-estufa até meados deste século. A voracidade com que a humanidade está destruindo os ecossistemas fica clara a partir de um dado alarmante: a população do planeta já é tão grande – beirando 6 bilhões de pessoas – que excedeu a capacidade da Terra em sustentá-la. A demanda por recursos naturais alcançou 21,9 hectares por pessoa – mas a capacidade biológica do planeta de suportar essa exploração é, em média, de 15,7 hectares por pessoa. Apesar do tom dramático, os organizadores do GEO-4 afirmam que seu objetivo não é “apresentar um obscuro e triste cenário, mas um urgente chamado para a ação”, por parte dos governantes, empresários e todos os segmentos sociais dos países. Até agora, segundo especialistas, as respostas das nações aos problemas ambientais têm sido lentas e tímidas demais, colocando em risco a sobrevivência planetária. Novo paradigma – Para que rápidos progressos possam ser alcançados, evitando-se um futuro dramático, o estudo defende “mudanças fundamentais nas estruturas sociais e econômicas, incluindo mudanças no estilo de vida” dos países. O GEO-4 (Panorama do Meio Ambiente Global: Meio Ambiente para o Desenvolvimento) fornece alguns exemplos da crescente – e até agora fora de controle – degradação ambiental: o declínio dos bancos de pesca; a perda de térreas férteis por ações de degradação; a pressão insustentável sobre os recursos naturais; a diminuição da quantidade de água para consumo humano e de outras criaturas; e o risco de que o dano ambiental ao planeta ultrapasse um ponto de não-retorno. Vários dados críticos foram analisados. O GEO-4 avalia, por exemplo, que apesar das fontes de fornecimento de água doce estarem em declínio, por volta de 2050 deverá haver um aumento do seu uso de 50% nos países em desenvolvimento e de 18% nos desenvolvidos. O consumo de peixes mais que triplicou de 1961 a 2001. Mas a captura de pescado estagnou ou vem declinando lentamente desde os anos 1980. A exploração da indústria pesqueira já ultrapassou em 250% a capacidade de reprodução sustentável dos bancos de pesca mundiais. A biodiversidade planetária está também a caminho de uma situação crítica. Dos maiores grupos de vertebrados identificados pelos cientistas, se encontram sob ameaça 30% dos anfíbios, 23% dos mamíferos e 12% dos pássaros. Cópia do GEO-4 pode ser baixada em www.unep.org/geo.


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EDITORIAL Em nossa capa, falamos do lançamento do GEO-4, do Pnuma, que mostra a necessidade urgente de mudarmos nossa maneira de viver e de explorar os recursos naturais, para evitarmos um futuro sombrio para a humanidade. Aqui ao lado, informamos sobre evento pioneiro que reuniu a comunidade internacional de blogueiros em defesa do meio ambiente. Na página 3, divulgamos acordo histórico, promovido pelos países signatários do Protocolo de Montreal, para diminuir o prazo de retirada do mercado dos gases HCFCs, que são danosos à camada de ozônio e provocam aquecimento global. No artigo das páginas centrais, a coordenadora do escritório do Pnuma no Brasil, Cristina Montenegro, fala da importância da presença do organismo no país para o enfrentamento de diferentes desafios ambientais. Mostramos ainda dois encontros promovidos pelo Pnuma, em São Paulo, para debater formas de produção e de desenvolvimento sustentáveis. Registramos em Antena a primeira reunião do IPCC na América Latina, que serviu para debater ações mitigadoras do efeito estufa implementadas no Estado do Rio de Janeiro. Saudamos a vinda de especialistas do IPCC, que dividiram, com All Gore, o Prêmio Nobel da Paz 2007! Na contracapa, destacamos o evento de premiação da 5ª edição do Programa Benchmarking Ambiental Brasileiro e a justa homenagem a Paulo Nogueira Neto, a quem o Brasil deve importantes iniciativas de preservação. Um abraço e até o próximo Haroldo Mattos de Lemos Presidente

Blogueiros divulgam ecologia Rede de educação ambiental reúne milhões de pessoas Blogueiros de todo o mundo, uni-vos para salvar o planeta! Em outras palavras, essa foi a idéia que reuniu pelo menos 21 mil blogs de vários países e 15 milhões de leitores, no pioneiro Dia de Ação do Blog, promovido pelo Pnuma em 15 de outubro. Com o apoio organizacional do comissário para o Meio Ambiente da União Européia, Stravos Dimas, o Blog Action Day – One Issue. Onde Day. Thousands of Voices foi um evento planetário de caráter não-lucrativo que serviu para divulgar uma importante mensagem de ação internacional coordenada: A partir da união da comunidade mundial de blogueiros, pode ser alcançada uma audiência de milhões de pessoas com mensagens ecológicas, reforçando-se assim o debate global e uma maior conscientização sobre os grandes desafios ambientais que precisam ser enfrentados pela humanidade, mais cedo do que tarde. O Dia de Ação do Blog se transformou em um chamamento inédito na rede virtual da internet, com blogueiros

Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Técnico: Carlos Gabaglia Penna Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Administrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ) Referências Bibliográficas: Lílian Döbereiner Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell Fotolito: Pigmento Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (exdeputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes,AL), Cândido Mendes de Almeida (diretorgeral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Alberto de Oliveira Roxo (gerente-geral de Meio Ambiente e Relações Corporativas da Aracruz Celulose S.A.), Carlos Henrique de Abreu Mendes (exsecretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (deputado estadual PT/RJ), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L. Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes (presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), José Mendo Misael de Souza (vice-presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Mineiração), Márcio Moreira Alves (jornalista e presidente da Brain Trust Consultors), Marcio Nogueira Barbosa (ex-diretor-geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/Inpe), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil PNUMA), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro),

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divulgando temas como a importância de se reciclar o lixo tecnológico, sugestões para se montar um computador a partir de princípios verdes, como o uso de componentes sem chumbo, e uma lista de companhias e produtos que vêm se revelando no mercado como socioambientalmente responsáveis. A partir de blogs corporativos, inúmeras empresas de destaque participaram dessa rede mundial de comunicação interativa, como o Google, Yahoo, Wells Fargo e Blog TV Brazil Segundo os organizadores, houve “uma enchente de postagens de blogs”. A melhor maneira de localizar os blogs participantes é pelo Google Blog Search. Para encontrar os blogs maiores, deve-se utilizar o Technorati’s Authority Search. Aqueles que quiserem mais informações sobre o Dia de Ação do Blog, até mesmo para se inscrever para a edição 2008, podem acessar www. blogactionday.com. No site, existe ainda a lista de alguns dos principais blogs que se ligaram nessa rede de conscientização ambiental.

Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica,SP), Roberto Messias Franco (ex-assessor do diretor regional do PNUMA para América Latina e Caribe e ex-secretário especial do Meio Ambiente) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Roberto de Faria Almeida, Telma de Avellar Guimarães (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair Zugno Giacobbo, Vicente Hermogerio Schmall (suplentes). Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. INSTITUTO

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COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE

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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo e-mail.

Av. Nilo Peçanha 50, sala 1.708 – Centro CEP 20.044-900 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel.: (21) 3084-1020 – Telefax: (21) 2262-7546 CGC: 40.200.230/0001-19 e-mail: brasilpnuma@domain.com.br

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Acordo histórico em defesa da Terra Países reduzem prazo para substituição de gás que agride ozônio e clima Arquivo Pnuma

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m histórico acordo internacional foi obtido no Canadá, em setembro, durante as comemorações do aniversário dos 20 anos do Protocolo de Montreal. Representantes de 190 países e da Comissão Européia concordaram em encurtar em dez anos o prazo para o fim da produção e uso dos gases hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), que, além de nocivos à camada de ozônio, contribuem para o aquecimento global. Pelo acordo assinado em Montreal, as nações desenvolvidas se comprometeram a reduzir a produção e o consumo desses gases em 75% por volta de 2010 e em 90% em 2015 – finalmente retirando o produto do mercado em 2020. Já os países em desenvolvimento concordaram em diminuir sua produção e consumo em 10% em 2015, em 35% em 2020 e em 67,5% por volta de 2025 – cortando totalmente seu uso em 2030. Os representantes dos governos que participaram do 19º Encontro das Partes do Protocolo de Montreal também concordaram em reforçar, em 2008, o fundo financeiro de assistência a iniciativas em países em desenvolvimento para substituição das substâncias que destroem a camada de ozônio que protege a Terra dos efeitos nocivos dos raios ultravioletas do Sol. Cerca de US$ 2 bilhões do Fundo Multilateral – braço financeiro do Protocolo de Montreal – foram aplicados até o momento em nações em desenvolvimento. Agora, um grupo de especialistas promoverá estudo para, no início de 2008, indicar aos países signatários do protocolo as somas necessárias para reforçar o fundo. Uso temporário – Nos anos 90 do século 20, os gases HCFCs passaram a ser utilizados em substituição aos CFCs (clorofluorcarbonos) em alguns sistemas de refrigeração e de produção de espumas. Segundo o Protocolo de Montreal, seriam substitutos interinos, já que danificam a camada de ozônio, embora em menor escala do que os CFCs. Ficou acertaOUTUBRO/NOVEMBRO 2007 – Nº 97

Países concordaram em retirar o gás HCFC totalmente do mercado até 2030

do então que deixariam de ser utilizados pelos países desenvolvidos em 2030 e pelas nações em desenvolvimento apenas em 2040. Mas agora esses prazos foram antecipados em uma década. Afinal, nos últimos anos foram crescendo as evidências científicas de que, liberados na atmosfera, os HCFCs também contribuem para o agravamento do aquecimento global. Especialistas estimam que se não fosse o novo acerto, a produção e o consumo dos gases HCFCs poderiam dobrar por volta de 2015. O acordo histórico resultou de uma combinação de várias sugestões de países como Brasil, Argentina, Noruega, Suíça e Estados Unidos. O diretor-executivo do Pnuma, Achim

Steiner, ressaltou que o compromisso demonstrou “que quando as nações estão unidas podem realizar um grande acordo e em múltiplas frentes”. O Protocolo de Montreal é exemplar de como a comunidade internacional é capaz de se engajar em ações bem-sucedidas em nome do desenvolvimento sustentável, havendo apoio político, disponibilidade de mecanismos financeiros e auxílio às indústrias e entidades ambientalistas. Apesar do buraco da camada de ozônio ter alcançado, em 2006, novo recorde de tamanho sobre a Antártica, atingindo 27,5 milhões de km2 – um pouco mais de três vezes a área do Brasil –, cientistas avaliam que a partir de 2050 deverá ocorrer sua recuperação aos níveis de 1980.

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O Pnuma no Brasil face aos desaf C

riado durante a Convenção de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano, em 1972, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é o órgão normativo do Sistema das Nações Unidas incumbido de promover a responsabilidade e a sustentabilidade no uso de recursos naturais e pelo monitoramento do meio ambiente global. O desenvolvimento sustentável sugere hábitos econômicos, nomeadamente os produtivos e de consumo. O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, alemão nascido no Brasil, assumiu o cargo em 2006 ressaltando que os recursos naturais, tanto quanto os financeiros, materiais e os recursos humanos, são os fundamentos para a riqueza das nações. O bem-estar de bilhões de pessoas no mundo em desenvolvimento está, mais do que nunca, atrelado à necessidade de equacionar questões ambientais, segurança, saúde, economia e relações sociais para fazer frente aos desafios do desenvolvimento e da sustentabilidade. O Pnuma abriga os secretariados de várias convenções ambientais, dentre elas, o Secretariado de Ozônio e do Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal, a Convenção de Diversidade Biológica e um conjunto crescente de acordos e estratégias de gestão sustentável de substâncias químicas. O Pnuma compartilha com a OMM (Organização Meteorológica Mundial) a coordenação do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que reúne especialistas de todo o mundo para avaliar as tendências do aquecimento global e oferece aconselhamento técnico na questão. O IPCC foi recentemente laureado com o Prêmio Nobel da Paz. Além dessa ampla agenda global, o Pnuma implementa uma plataforma de cooperação regional que se delineia, a partir de linhas prioritárias definidas pelo Fórum de Ministros de Meio Ambiente da América Latina e Caribe. Este fórum é o mais amplo espaço de debate sobre temas ambientais no continente. As decisões do fórum são tomadas por consenso e as reuniões se realizam a cada dois anos. A próxima reunião está agendada para 12 a 14 de novembro, na República Dominicana. O Pnuma assumiu nos últimos anos uma estratégia de descentralização que, na América Latina e Caribe, levou à abertura de um escritório da organização no Brasil, em Brasília, em abril de 2004. Essa estratégia tem o objetivo de reforçar o alcance regional de suas atividades, além de identificar, definir e desenvolver projetos que atendam às prioridades nacionais em termos de gestão ambiental, de estímulo ao desenvolvimento sustentável e de combate à pobreza.

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CRISTINA MONTENEG Divulgação

Cristina Montenegro: aproximação e interação das agendas ambientais global, regional e nacional são o eixo central das ações do Pnuma no Brasil

No Brasil, o Pnuma vem concentrando suas atividades na construção de capacidades e transferência de metodologias para apoiar processos de avaliações ambientais e os vários temas associados à produção e consumo sustentáveis, dentre eles, mudanças climáticas, construção e turismo sustentável e produção mais limpa. Apóia também a agenda brasileira de integração ambiental, particularmente com os países membros do Mercosul, na harmonização de ações, estratégias e políticas ambientais promovidas pelo Subgrupo Temático 6 – Meio Ambiente (SGT-6), em tópicos como recursos hídricos, biodiversidade, bens e serviços ambientais e qualidade do ar. A aproximação e a interação das agendas global, regional e nacional são, portanto, o eixo central das ações do escritório do Pnuma no Brasil que permite aliar não só a expertise internacional à de parceiros locais, como também aumentar as interfaces e acelerar a implementação dos diversos acordos ambientais multilaterais e de políticas ambientais nacionais. A variedade, a transversalidade e complexidade dos temas ambientais, a multiplicidade de atores sociais, públicos, privados e de cooperadores internacionais atuantes em temas ambientais exigem do Pnuma uma contínua atualização de sua agenda, de suas modalidades de cooperação e de sua presença estratégica nas diversas regiões do mundo. Isso é particularmente importante em um país como o Brasil, que conta com um riquíssimo patrimônio natural, excepcionais capacidades individuais e institucionais, com um marco legal avançado, com sofisticados mecanismos de participação dos vários setores da sociedade na gestão ambiental e, conseqüentemente, com a imensa responsabilidade de assegurar um desenvolvimento em bases sustentáveis. Essas características, aliadas ao papel central que o Brasil exerce em foros ambientais internacionais, dão a correta dimensão dos desafios e oportunidades que a cooperação entre o Pnuma e seus parceiros no Brasil tem pela frente. Cristina Montenegro é coordenadora do escritório do Pnuma no Brasil OUTUBRO/NOVEMBRO 2007 – Nº 97


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fios ambientais globais e nacionais

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Encontros em São Paulo discutem produção e desenvolvimento sustentáveis Com o apoio do setor industrial brasileiro e do Pacto Global das Nações Unidas, o Pnuma realizou, em 15 e 16 de outubro, em São Paulo (SP), o Diálogo Global de Empresas e da Indústria 2007, que contou com a participação de cerca de 150 empresários e representantes de empresas, indústrias, instituições financeiras, instituições públicas e organizações não-governamentais do Brasil e do exterior. Pela primeira vez promovido fora da União Européia, desde os anos 80 do século 20, o evento abordou, por meio de seis sessões temáticas e um painel, novas tendências, inovações, desenvolvimento de políticas e oportunidades de parceria com as ONU, tanto globais como em

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Divulgação

Reunião debateu mudanças para novos padrões e estilos de vida

nível da América Latina. Os temas centrais da edição de 2007 foram mudanças climáticas, energia e manejo responsável de produtos químicos e suas interfaces de interesse ao setor industrial e de negócios. Em seguida ao evento, foi realizada em 18 e 19 de outubro, também em São Paulo, a 4ª Consulta Regional do Processo de Marrakech sobre Consumo e Produção Sustentáveis (CPS), reunindo (foto) cerca de 90 participantes oriundos de governos, sociedade civil, agências de cooperação,

setor privado e organismos internacionais. O encontro serviu para fortalecer a vinculação e cooperação entre esses atores sociais, fator essencial ao sucesso do processo – que visa a uma mudança para padrões e estilos de vida mais sustentáveis. Valiosas contribuições ao Processo de Marrakech foram incorporadas ao plano de ação regional, identificando-se assim prioridades regionais para o fortalecimento do marco de programas de dez anos em CPS. Os representantes dos governos presentes aprovaram ainda uma recomendação que será levada à XVI Sessão do Fórum de Ministros de Meio Ambiente da América Latina e Caribe, que será promovido na República Dominicana, agora em novembro.

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Parte das publicações, periódicos e CD-ROMs recebidos pela biblioteca

BENCH MAIS: as 85 melhores práticas em gestão socioambiental do Brasil/ [organizado por] Marilena Lino de Almeida Lavorato, Adalberto Wodianer Marcondes, Rogério Raupp Ruschel. – 1ed. São Paulo: Mais projetos: Instituto Envolverde; Cotia: ruschel e Associados marketing Ecológico, 2007. 328p. Cadeia Produtiva do Milho. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura; Coordenador Luiz Antônio Pinazza. Brasília: IICA: Mapa/ SPA, 2007. 108p. (Série Agronegócios; Volume I). Cadeia Produtiva da Soja. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura; Coordenador Luiz Antônio Pinazza. Brasília: IICA: Mapa/ SPA, 2007. 116p. (Série Agronegócios; Volume II). DÉCADA Sustentável das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do plano internacional de implementação. Brasília: Unesco, Orealc, 2005.120p. INDUSTRIALIZAÇÃO, Desindustrialização e Desenvolvimento. Publicação: Fiesp. São Paulo: 2005. 154p. TE

Legislação Ambiental do Município do Rio de Janeiro/ Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Rio de Janeiro: coordenadoria de Informações e Planejamento Ambiental, 2007. 471p. (Volume I). Legislação Ambiental do Município do Rio de Janeiro: Áreas Protegidas/ Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Rio de Janeiro: coordenadoria de Informações e Planejamento Ambiental, 2007. 235p. (Volume II). REDUZINDO, reutilizando, reciclando: a indústria ecoeficiente/ (texto André Vilhena e Elie Politi). São Paulo: Cempre: Senai, 2005. 93p. Relatório de Gestão 2003: 2006: Política Ambiental Integrada para o Desenvolvimento Sustentável. Publicação: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Rio de Janeiro: [2007]. 133p. Terceiro Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica: Brasil/ MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Brasília: MMA, 2006. 368p. (Série Biodiversidade, 21).

Juventude verde A brasileira Gabriela Almeida Monteiro, de Salvador (BA), foi eleita um dos dois representantes da América Latina no Conselho Consultivo Jovem Tunza, organização internacional ligada ao Pnuma que estimula a participação infantil e da juventude em questões ambientais. Na Conferencia Internacional Tunza 2007, realizada na Alemanha, em agosto, com 180 jovens de 85 países, entre 15 e 24 anos, foram eleitos seis homens e seis mulheres para o novo conselho, com mandato bianual. Em outra boa notícia para essa rede ambientalista jovem, o Pnuma e a Bayer renovaram, por mais três anos, o contrato de cooperação na área de juventude e meio ambiente. Com o reforço da parceria, serão desenvolvidos ou ampliados 12 projetos ambientais voltados para crianças e jovens. A companhia alemã destinará 1,2 milhões de euros para a realização de projetos do Tunza, como conferências internacionais, concursos e a publicação da revista Tunza.

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INVENTANDO UM FUTURO MELHOR: uma estratégia mundial para a criação de competência em ciência e tecnologia. Produzido por: MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. 162p.

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AGENDA

Conferência Resíduos Industriais – Investindo na Análise da Cadeia Produtiva e na Segurança do Descarte e da Reciclagem – De 27 a 28 de novembro, em São Paulo (SP). Realização: Ibc (International Business Communications) e Informa. Informações pelo telefone (11) 3017-6888, pelo email ambiental@ibcbrasil.com.br ou pelo site www.ibcbrasil.com.br/ambiental. Seminário Indicadores de Desempenho Ambiental – Estabeleça uma Gestão Ambiental Eficiente a Partir da Análise e Mensuração dos KPI’s – Em 29 de novembro, em São Paulo (SP). Realização: Ibc (International Business Communications) e Informa. Informações pelo telefone (11) 3017-6888, pelo email ambiental@ ibcbrasil.com.br ou pelo site www.ibcbrasil.com.br/ambiental.

I Simpósio Nacional sobre Produção Animal e Ambiente – De 9 a 10 de novembro, em Belo Horizonte (MG). Realização: Departamento de Zootecnia da Escola Veterinária da UFMG. Informações pelo email pro.sustentabilidade@yahoo.com.br.

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Indicadores ecológico-financeiros

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IPCC e a agenda ambiental do Rio

O grupo de trabalho instituído em 2006 pela Iniciativa Financeira do Pnuma e a Global Reporting Initiative (GRI) testou e revisou vários indicadores de desempenho socioambiental do GRI Financial Services Sector Supplement. As modificações realizadas estão abertas para comentários e sugestões até 10 de janeiro, em www.unepfi.org/. Cerca de 160 instituições internacionais, como bancos e seguradoras, participam dessa parceria do Pnuma com o setor financeiro em apoio a projetos e ações de preservação do planeta e pelo desenvolvimento sustentável.

Dia do Meio Ambiente Um dos primeiros países do mundo a se comprometer a implementar ações de neutralização das emissões de carbono na atmosfera, a Nova Zelândia foi escolhida pelo Pnuma para sediar a próxima comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho de 2008. A celebração, na cidade de Wellington, incentivará o debate mundial sobre soluções e oportunidades para que nações, companhias e comunidades mudem seus hábitos consumistas, promovendo a transição para outros padrões de modelo de vida. Serão divulgados temas como a importância da eficiência energética em prédios e em outras aplicações, incluindo formas mais limpas e renováveis de geração de energia e de sistemas de transporte.

Promovido no Rio de Janeiro, em outubro, pela Secretaria de Estado do Ambiente, com apoio da Companhia Vale do Rio Doce, o Workshop do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas serviu para a elaboração de documento com iniciativas de combate ao aquecimento global no estado, a ser encaminhado para a reunião do IPCC em Bali, em dezembro, em que será aprovado resumo dos relatórios científicos debatidos e divulgados ao longo deste ano. O documento destaca um conjunto de iniciativas em curso no estado, como o projeto de implantação de parques fluviais e de ações de reflorestamento das margens de rios, como o Parque Fluvial do Guandu; o Projeto Iguaçu, de dragagem, saneamento e urbanização de rios da Baixada Fluminense, com recursos do PAC; a instalação de um Escritório de Carbono, com apoio da Firjan; a produção de inventário das emis-

sões de carbono, por regiões e setores econômicos; um estudo dos pontos de vulnerabilidade das regiões e dos recursos hídricos e ações de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, a cargo do Inpe e da Coppe/UFRJ; a implantação de aterros sanitários, para acabar com 80 lixões existentes no Rio; e a promoção do Prove – um programa de reaproveitamento de óleo de cozinha usado na produção de biodiesel. Ao defender no workshop a segurança dos modelos científicos sobre as mudanças climáticas, o vice-presidente do IPCC, Mohan Munasinghe, afirmou que as populações pobres dos países em desenvolvimento serão as mais afetadas pelo aquecimento global. Ele defendeu um esforço continuado para que as ações de desenvolvimento sustentável sejam integradas às políticas públicas dos países.

Dois premios em defesa da Terra A sul-africana Jeunesse Park e a ONG de Bangladesh Shidhulai Swanirvar Sangstha venceram a edição 2007 do prêmio Unep Sasakawa Prize, e vão dividir US$ 200 mil. A premiação anual é concedida para indivíduos e instituições que tenham feito uma substancial contribuição para a proteção e o manejo do meio ambiente. Este ano, foram premiadas iniciativas de combate ao aquecimento global. Jeunesse Park é fundadora e presidente da ONG Food and Trees for África, que promove ações de segurança alimentar e de uso e manejo sustentável de recursos naturais, como florestas. A ONG Shidhulai realiza inú-

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meras ações de incentivo à implantação de projetos de educação ambiental e de geração de energias renováveis, como a solar. Para disseminar seus programas por Bangladesh, se utiliza de botes que navegam por uma rede de rios, atracando em diversas localidades e fazendas, levando informações sobre novas tecnologias, projetos, estratégias e ferramentas de ação. Já os organizadores da edição 2007 do prêmio internacional Blue Planet Prize anunciaram a premiação do professor Joseph L. Sax e do dr. Amory B. Lovins, ambos dos Estados Unidos. Promovido desde 1992 pela fundação japonesa Asahi Glass Foundation, a premiação visa a reconhecer ações

ecológicas de indivíduos e organizações que demonstram profundo conhecimento de questões ambientais e acreditam na importância da colaboração internacional na busca de soluções. Professor Emérito da Universidade da Califórnia, Joseph Sax é especialista em leis ambientais, tendo lutado pela aprovação de importantes textos legais nos Estados Unidos. Cientista-chefe do Instituto Rocky Mountain, Amory Lovins já atuou em pelo menos 50 países, contribuindo para programas de uso eficiente de energia e de transição para fontes de energia renovável, visando à proteção do meio ambiente global. Além de certificado e troféu, receberão 50 milhões de ienes (cerca de R$ 780 mil).

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Modelos de gestão socioambiental Programa Benchmarking premia empresas e homenageia Paulo Nogueira Neto

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Divulgação

m cerimônia promovida no Masp, em São Paulo (SP), em setembro, pela empresa Mais Projetos, foram anunciados os casos vencedores da 5ª. edição do Programa Benchmarking Ambiental Brasileiro. Com a presença de executivos, gestores, especialistas e jornalistas, o grande homenageado do Dia Benchmarking – Compartilhar para Crescer foi o ambientalisa Paulo Nogueira Neto, escolhido Personalidade Benchmarking 2007. Professor titular emérito da USP e presidente da Câmara Técnica de Biodiversidade e Fauna do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), Nogueira Neto é considerado a memória viva do ambientalismo brasileiro, sendo reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho em defesa do desenvolvimento sustentável. O presidente do Instituto Brasil Pnuma, Haroldo Mattos de Lemos, fez a apresentação do homenageado. Em comemoração aos cinco anos do Programa Benchmarking, foi lançado o livro “BenchMais: as 85 melhores práticas em gestão socioambiental do Brasil”, que reúne os casos vencedores das edições anteriores. Os 5.000 exemplares da primeira edição serão distribuídos gratuitamente em universidades e entidades representativas do país. O programa Benchmarking Ambiental Brasileiro foi lançado em 2003, após enquete com cerca de 300 empresas que identificou uma demanda por esse tipo de indicadores. A empresa de gestão e capacitação socioambiental Mais Projetos desenvolveu então um programa para identificar, selecionar e compartilhar boas práticas gerenciais,

Haroldo Mattos de Lemos entregou o prêmio Personalidade Benchmarking 2007 a Paulo Nogueira Neto

com potencial de replicabilidade, adotadas por empresas e instituições. Na cerimônia, instituições, gestores e personalidades apresentaram modelos gerenciais contendo soluções inovadoras em várias vertentes da gestão socioambiental. As apresentações

técnicas dos casos foram filmadas para disponibilização na internet. Os casos vencedores foram analisados por comissão técnica multidisciplinar com especialistas de atuação nacional e internacional, do Brasil, México e Estados Unidos.

Os primeiros colocados no ranking 2007 Categoria Premiada 1. Itaipu – Cultivando Água Boa na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná III 2. Faber-Castell – 15 Anos Projeto Animalis – Conhecimento e Conservação da Fauna do Cerrado 3. Philips – Aprendendo com a Natureza 4. Copebras – Estudo de Biodiversidade 5. Itautec – Redução de Substâncias Nocivas ao Meio Ambiente em Equipamentos de Automação e Informática – Projeto ATM CX3 6. Duratex – ARM – Área de Recuperação de Materiais

Categoria Menção Honrosa 1. Alcoa – Gerenciamento Ambiental nas Obras do Projeto Alref U2 2. Johnson & Johnson – Resíduo: Matéria-Prima da Transformação Social 3. Bayer – Escola Verde

Apoio Cultural 8

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