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BRASIL PNUMA

www Visite .bra noss silpn o si uma te .org Nºº 126 .br AGO/SET 2012

Informativo do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Um Brasil 90% urbano em 2020 ONU-Habitat aponta altas taxas de crescimento das cidades da AL e do Caribe

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ançado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), em agosto, o relatório Estado das Cidades da América Latina e Caribe avalia que, até 2020,o percentual de urbanização no Brasil e nos países do Cone Sul chegará a 90% da população. O Caribe e a América Central apresentam uma urbanização mais baixa, mas com um aumento constante – podendo chegar a 83% e 75% de sua população em 2050, respectivamente. Além de informações sobre população e urbanização, o relatório reúne dados sobre desenvolvimento econômico, habitação, serviços básicos urbanos, meio ambiente, gestão de riscos e governança urbana. “O relatório reúne informação atual e variada dos principais centros urbanos da região, fornecendo uma ferramenta útil na formulação de políticas públicas que permitam avançar em direção às cidades do século 21 com melhor qualidade de vida”, diz o diretor executivo da ONU-Habitat, Joan Clos. A América Latina e o Caribe são as regiões mais urbanizadas do mundo, com quase 80% da população vivendo em cidades; proporção superior a de países mais desenvolvidos. O crescimento demográfico e a urbanização, porém, perderam força, com a evolução demográfica das cidades tendendo a se limitar

ao crescimento natural. O êxodo migratório do campo para a cidade perdeu peso na maioria dos países. Não sustentável – No entanto, a mancha urbana continua expandindo, com as cidades crescendo de forma menos compacta e se expandindo fisicamente a uma taxa que supera o aumento de sua população – um padrão nada sustentável. Segundo o estudo, modelos de cidades com níveis mais elevados de qualidade e de sustentabilidade podem ser estimulados a partir de novas políticas de planejamento, concepção e regulamentação, como mecanismos para reorientar os mercados imobiliários. Os países da América Latina e do Caribe fizeram progressos significativos na luta contra a pobreza nos últimos dez anos. A proporção da população urbana pobre tem se re-

duzido, mas, em números absolutos, os números ainda são muito elevados: cerca de 124 milhões de habitantes de cidades vivem na pobreza – ou um em cada quatro pessoas em áreas urbanas. Além da pobreza, a desigualdade de renda é extremamente elevada. O Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina, atrás da Guatemala, Honduras e Colômbia. Há um déficit considerável de emprego e uma abundante informalidade trabalhista, concentrados nos jovens e nas mulheres. A região da América Latina e Caribe já atingiu os Objetivos do Milênio em relação ao abastecimento de água: 92% da população urbana dispõe de água encanada; chegando-se a 98% se forem consideradas outras fontes de água. Mas existem lacunas significativas na qualidade do serviço. Estimase, por exemplo, que 40% da água tratada é perdida devido ao mau funcionamento da infraestrutura, vazamentos e usos inadequados. Por sua vez, os progressos nos serviços de saneamento são menores: em geral, menos de 20% das águas residuais são tratadas antes do descarte, com riscos sanitário e ambiental. Mais informações em www. pnuma.org.br. A publicação está disponível para download em http: / / www.onuhabitat.org/www. onuhabitat.org.


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EDITORIAL Em nossa capa, destacamos o estudo da ONU-Habitat sobre o Estado das Cidades da América Latina e Caribe, em que é apontada a crescente urbanização do continente – um desafio que precisa ser enfrentado no continente, em futuro próximo, para compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a preservação ambiental. Aqui ao lado, mostramos a liderança da União Europeia para lidar com um grande problema ambiental do século 21: o lixo eletroeletrônico. Na página 3, divulgamos outra importante iniciativa para o enfrentamento de outro problema crítico para a saúde planetária: o reforço de coalizão internacional para cortar as emissões de três poluentes que são também gases-estufa: fuligens, metano e HFCs. No artigo das páginas centrais, o presidente da Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro, Paulo Alcântara Gomes, fala da criação de duas novas organizações no Brasil para incentivar discussões e iniciativas em prol do desenvolvimento sustentável, tendo como base o reforço de ações em educação, ciência, tecnologia e inovação. Fechamos este número com reportagem, na contracapa, sobre o trabalho da Made in Forest, a primeira rede na web que busca divulgar e reforçar iniciativas de economia verde, a partir da troca de experiências bem-sucedidas. Um abraço e até o próximo.

Haroldo Mattos de Lemos Presidente

UE controla lixo eletroeletrônico Novas regras incentivam cadeia de reciclagem em países ricos A União Europeia adotou novas regras para que os países do continente lidem adequadamente com o descarte do lixo eletroeletrônico, composto por aparelhos eletrônicos e elétricos usados. Um dos objetivos da iniciativa é reforçar o combate às exportações ilegais desse tipo lixo, em especial para países em desenvolvimento. Elaboradas a partir de pesquisas em várias fontes de dados, como a Convenção da Basileia sobre o Controle dos Movimentos Transfronteiriços dos Resíduos Perigosos e sua Disposição, que é administrada pelo Pnuma, as diretrizes aprovadas têm também como meta o aumento dos níveis de reciclagem do lixo eletroeletrônico. Com as novas regras, deverão ser aprimoradas estruturas de coleta desse tipo de lixo nos estados membros da União Europeia, para que consumidores retornem seus equipamentos usados livres de taxas, incrementando assim a reciclagem ou a reutilização desses produtos e componentes. Percentual de coleta – Como meta de coleta de produtos usados, espera-se alcançar, em uma primeira etapa, a partir de 2016, um percentual de 45% do total de equipamentos vendidos. Em uma segunda etapa, a partir de 2019, 65% dos produtos vendidos serão recolhidos quando descartados. A partir desta data,

Meta para 2019: reciclagem ou reuso de 85% do lixo eletroeletrônico a um Pn o iv qu Ar

esperase alcançar, na União Europeia, um índice de coleta para reciclagem ou reuso de 85% do total de lixo eletroeletrônico a ser descartado. Estudos promovidos pela Convenção da Basileia sobre o descarte de lixo eletroeletrônico na África destacam o fluxo de produtos usados enviados por países industrializados, como da União Europeia, para reciclagem ou disposição final. O Reino Unido desponta como o maior exportador desses produtos usados para o Oeste da África, seguido pela França e Alemanha. Equipamentos elétricos e eletrônicos podem conter metais pesados como mercúrio e chumbo, assim como retardadores de chama bromados, que são danosos à saúde humana e ao meio ambiente. Essas substâncias são liberadas durante as operações de desmantelamento e disposição do lixo eletroeletrônico, colocando inclusive em risco a saúde dos trabalhadores do setor.

Presidente: Haroldo Mattos de Lemos Diretor Jurídico: Oscar Graça Couto Diretor Admi-

do Ibama) Conselho Fiscal: Joper Padrão do Espirito Santo, Telma de Avellar Guimarães,

nistrativo: Roberto Carrilho Padula Jornalista Responsável: Ronie Lima (MTb 15.415/RJ)

Vicente Hermogerio Schmall (titulares), João Alfredo Noronha Viegas, Saint Clair Zugno

Referências Bibliográficas: Zilda Rodrigues de Souza Arte e Diagramação: Eliana Mac Dowell

Giacobbo (suplentes).

Impressão: Corbã Conselho Consultivo: Adolpho de Marinho Pontes (ex-deputado federal do Estado do Ceará), Aloisio Ferreira de Souza (ex-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Abes, AL), Cândido Mendes de Almeida (diretor-geral da Faculdade Cândido Mendes/RJ), Carlos Henrique de Abreu Mendes (ex-secretário de Meio Ambiente do

Publicação bimestral. Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.

Estado do Rio de Janeiro), Carlos Minc (secretário de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro), Henrique Brandão Cavalcanti (ex-ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), Jean C. L.

INSTITUTO

Dubois (presidente do Instituto Rede Brasileira Agroflorestal/Rebraf,RJ), João Augusto Fortes

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(presidente da Sociedade Civil Pró-Rio), Joaquim Falcão (ex-secretário-geral da Fundação

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Roberto Marinho), José Mário de Oliveira Ramos (ex-vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro/Firjan), Márcio Nogueira Barbosa (vice-diretor executivo da Unesco), Nelio Paes de Barros (ex-diretor administrativo do Instituto Brasil Pnuma), Paulo Nogueira Neto (ex-secretário especial do Meio Ambiente), Paulo Protásio (ex-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro), Ricardo Boechat (diretor de jornalismo da Band Rio), Roberto Klabin (presidente da SOS Mata Atlântica, SP), Roberto Messias Franco (ex-presidente

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O interessado em tornar-se sócio do Instituto BRASIL PNUMA e receber este informativo deve fazer contato pelo nosso telefone ou pelo email.

www.brasilpnuma.org.br COMITÊ BRASILEIRO DO PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE INSTITUTO BRASIL PNUMA Av. Treze de Maio 13, sala 1.315 – Centro CEP 20.031-901 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Telefax: (21) 2262-7546 CGC: 40.200.230/0001-19 brasilpnuma@gmail.com

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Uma coalizão contra emissões poluentes Organismos e países articulam ações para cortar substâncias nocivas ao planeta ma coalizão internacional para cortar as emissões de uma série de poluentes danosos ao clima do planeta, à saúde pública e à agricultura foi reforçada, em julho, com a entrada de novos parceiros: Alemanha, Dinamarca, Finlândia, França, Itália, Jordânia, Reino Unido e o Stockholm Environment Institute – o primeiro instituto de pesquisa a se tornar membro da Climate and Clean Air Coalition to Reduce Short-Lived Climate Pollutants. Secretariada pelo Pnuma, a iniciativa foi lançada, em fevereiro, focando no corte das emissões de carbono preto (fuligem), gás metano e hidrofluorcarbonetos (HFCs). Com 21 membros até agora, a coalizão reúne – além do instituto sueco, do Pnuma, Banco Mundial, Comissão Europeia e os novos países-membros – Bangladesh, Canadá, Colômbia, Gana, Estados Unidos, Japão, México, Nigéria, Noruega e Suécia. Ações urgentes para cortar essas emissões podem contribuir para minorar as mudanças climáticas em curso no planeta, pois têm potencial de redução do aquecimento global esperado para 2050 em mais de 0,5º Celsius. Ao mesmo tempo, por volta de 2030, poderiam prevenir milhões de casos de mortes prematuras e evitar perdas anuais de mais de 30 milhões de toneladas de safras agrícolas. As medidas propostas são complementares a ações implementadas pelas nações-membros do Quadro das Nações Unidas da Convenção sobre Mudanças Climáticas e outras iniciativas para a redução das emissões do gás-estufa dióxido de carbono. AGOSTO/SETEMBRO 2012 – Nº 126

Arquivo Pnuma

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Países mais pobres receberão apoio para adotar tecnologias mais modernas que evitem emissões de fuligem na produção de tijolos

Financiamento de projetos – Em recente encontro da Cúpula do G8, nos Estados Unidos, os governos das oito maiores economias do planeta autorizaram o Banco Mundial a elaborar relatório sobre meios de internalizar, em suas atividades econômicas, iniciativas de redução dessas emissões. O banco também reunirá especialistas para avaliar novos modelos de financiamento de projetos de redução das emissões de gás metano; cujos resultados serão apresentados no início de 2013. Uma das frentes de trabalho da coalizão são as emissões de gás metano em depósitos de lixo urbano, cuja geração é responsável por cerca de 1/3 das emissões globais de metano. O metano é um gás-estufa 20 vezes mais potente do que o dióxido de carbono, sendo também responsável pela produção de ozônio ao nível do solo, que provoca danos em safras agrícolas e compromete a saúde humana.

Os membros da coalizão deverão fornecer assistência a cidades na redução da queima de lixo urbano, que provoca emissões de fuligem. Para a redução das emissões de carbono preto, serão avaliados meios de apoio a países em desenvolvimento para que adotem tecnologias mais modernas em processos de produção de tijolos que, em geral, liberam fumaças tóxicas como fuligens. Substâncias alternativas para o uso dos gases HFCs estão na mira da coalizão. Apesar de serem bons substitutos para os gases CFCs, que destroem a camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioletas do sol, os HFCs se mostraram danosos para o clima, sendo potentes gases-estufa. Em breve, será lançada pela coalizão uma plataforma na web para que cidades ao redor do mundo troquem experiências, vitórias e práticas bem-sucedidas para o corte dessas emissões poluentes. Mais informações em www.unep.org/ccac/.

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Educação, ciência, te os principais atores na bu

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estas possam agregar valor aos produtos das empresas, sempre respeitando os paradigmas da sustentabilidade. Foi com este intuito que a Universidade das Nações Unidas (UNU), sediada em Tóquio, decidiu, ainda em 2011, estimular a criação de duas novas organizações em nosso país: o Instituto de Estudos Avançados do Rio de Janeiro (IAS-Rio) e o Centro Regional de Expertise em Educação para o Desenvolvimento Sustentável (RCE-Rio de Janeiro). O IAS-Rio, em fase de organização, tem por missão contribuir para o aprofundamento e disseminação de conhecimentos relacionados com a sustentabilidade global, por intermédio de projetos de investigação, de programas de qualificação e de capacitação de pesquisadores, de estudos especiais e de apoio a governos, empresas e associações civis. Seus objetivos, intrínsecos a um instituto think tank, são a produção autônoma de diagnósticos, cenários, conhecimentos, ideias e proposições de políticas inovadoras relacionadas com os processos de sustentabilidade; a realização de projetos de investigação em temas relacionados com as economias verdes; a capacitação de jovens doutores, com bolsas de pós-doutorado; a orientação de pesquisas para candidatos ao doutorado, sempre em articulação com as universidades em que estão matriculados; e a realização de programas que disseminem a “cultura da sustentabilidade”.

Divulgação

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Rio+20, recentemente realizada no Rio de Janeiro, não foi muito diferente das dezenas de reuniões relacionadas com o desenvolvimento sustentável que marcaram as últimas décadas. Entretanto, chamou a atenção de todos a ênfase dada à necessidade urgente de oferecermos uma nova educação, capaz de formar cidadãos para a sociedade do conhecimento, em que as culturas do empreendedorismo e da educação continuada serão determinantes para a ocupação dos postos de trabalho que vêm sendo oferecidos pelas profissões que surgem em consequência dos avanços da ciência e da técnica, e para o incremento da competitividade das nações, agora fundamentada nos alicerces do conhecimento, da inovação e do empreendedorismo. Uma vez mais, ciência, tecnologia e inovação foram objetos de muitas discussões, agora num cenário de preocupação com os visíveis efeitos das mudanças climáticas, do prenúncio da falta de alimentos e de água nas próximas décadas. Dessa forma, vem sendo cada vez mais importante rediscutir o papel da ciência e da tecnologia nas sociedades sustentáveis; reformular as estruturas curriculares na educação básica, no ensino fundamental e no ensino médio; adequar o ensino profissionalizante às novas demandas das empresas; e, no caso da educação superior, oferecer novas modalidades de diplomas e ampliar a articulação entre universidades e empresas, para que

PAULO ALCÂN

"Esperamos que o IAS-Rio e o RCE-Rio de Janeiro possam contribuir para a construção de uma sociedade sustentável" Visando a utilizar sua capacidade na solução de problemas trazidos pela sociedade, as atividades do IAS-Rio estarão voltadas para a realização de projetos de pesquisa aplicada e de pesquisa tecnológica em parceria com o setor privado, de forma a contribuir efetivamente para o incremento de sua competitividade, respeitados os princípios que norteiam as sociedades sutentáveis e o estímulo a ações empreendedoras, de forma a contribuir para a criação de novas micro e pequenas empresas fundamentadas na economia verde. AGOSTO/SETEMBRO 2012 – Nº 126


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ecnologia e inovação: usca pela sustentabilidade

NTARA GOMES

Entre suas ações, estão previstas a instalação de duas centrais de casos de sucesso. A primeira, relacionada com as boas práticas para o desenvolvimento sustentável e realizadas por empresas e pessoas; e a segunda, relatando soluções encontradas pelas cidades no tratamento de questões ambientais, na geração de emprego e renda e na inclusão social. Pelas suas características, uma vez que está inserido num país em acelerado processo de desenvolvimento e com o compromisso de promover a inclusão social e uma melhor distribuição de renda, o IAS-Rio procurará aproximar-se de governos e empresas, oferecendo soluções inovadoras, visando à consolidação das sociedades sutentáveis por meio de projetos realizados isoladamente ou em parceria. Nesse contexto, o IAS-Rio funcionará como o líder de uma rede que articulará os laboratórios e pesquisadores em universidades e institutos de pesquisa nacionais e estrangeiros, com foco no continente americano e nos Brics. Sua similaridade com o Instituto de Estudos Avançados de Yokohama, também vinculado à UNU, foi determinante para a elaboração de um projeto com as características mencionadas anteriormente. O IAS-Rio começou a dar os seus primeiros passos nos início de 2012 e já conta com um apreciável conjunto de projetos de pesquisa em elaboração. A segunda das organizações propostas pela Universidade das Nações Unidas, o Centro Regional de Expertise em EduAGOSTO/SETEMBRO 2012 – Nº 126

cação para o Desenvolvimento Sustentável (RCE-Rio de Janeiro), estruturou-se a partir do Plano de Desenvolvimento Estratégico do Rio de Janeiro, na medida em que o alcance do Centro é regional. Segundo esse plano estratégico, pretende-se que o Rio de Janeiro seja identificado por três segmentos-âncora: petróleo e gás; turismo; e indústria do conhecimento. Os dois primeiros são evidentes, pois movimentam parte significativa do Produto Interno Bruto do nosso estado. O último é consequência de alguns fatos importantes: o estado conta hoje com 19 universidades e 26 institutos de pesquisa, e detém uma parcela expressiva da produção científica nacional. Além disso, funcionam hoje no Rio de Janeiro 18 incubadoras de empresas e cinco parques tecnológicos, todos em fase de acelerado crescimento. A partir das metas estabelecidas para o estado, o projeto do RCE-Rio de Janeiro procurou identificar como a educação poderá exercer sua missão transformadora numa sociedade em rápido processo de desenvolvimento, influenciada pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), pelos programas de recuperação de comunidades carentes e pelos grandes eventos programados para esta década, dos quais a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 se destacam. O projeto de instalação do RCERio de Janeiro parte da premissa de que os maiores legados des-

tes eventos deverão ser a melhoria da qualidade de vida, a inclusão social de elevados contingentes de nossa população e a sua preparação para a ocupação dos inúmeros postos de trabalho que surgirão nos próximos anos, além do incremento da competitividade de nossas empresas. Com o indispensável apoio da Rede de Tecnologia (RedeTec), o RCE-Rio de Janeiro vem funcionando como um centro irradiador de propostas inovadoras em educação para o desenvolvimento sustentável, estimulando a elaboração de novos projetos e participando diretamente em programas que contribuam para utilização das tecnologias de informação e comunicação no ensino médio. Pelas suas peculiaridades, o RCE-Rio de Janeiro busca também atuar na formação de líderes cidadãos em comunidades carentes; na capacitação de jovens empreendedores; na identificação de novas oportunidades para a geração de emprego e renda; e na elaboração de estruturas curriculares que atendam aos requisitos impostos pela sociedade do conhecimento. Esperamos que as duas iniciativas possam, de fato, contribuir fortemente para a construção de uma nova sociedade, consciente de suas responsabilidades com a preservação do meio ambiente, com a equidade e com a utilização dos avanços da ciência e da técnica em benefício da qualidade de vida e do bem-estar. Paulo Alcântara Gomes é presidente da Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro

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E S T A N T E

Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca CHIANCA, Maria Helena da Costa. Política nacional de resíduos sólidos e a responsabilidade pós-consumo. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental) – Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Instituto Brasil Pnuma, 2012. Rio de Janeiro, 2012. 89 p. COUTINHO, Camilla Porto Pereira. Rastreabilidade Pet Food. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental) – Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto Brasil Pnuma, 2012. Rio de Janeiro, 2012. 53 p. EBX. Sustentabilidade. [s.l.]: EBX, 2012. 57 p. FACTO. Rio de Janeiro, v. 6, v. 33, abr./ jun. 2012 – Rio+20. ISO FOCUS +. Genova, v. 3, n. 3, mar. 2012; v. 3, n. 5, maio 2012; v. 3, n. 6, jun. 2012. MARAGALL, P. Urbanisme a Barcelona: plans cap. al 92. Barcelona: Ayuntamiento de Barcelona, 1998. MIRANDA, Thalita Xavier Garrido Fechamento de Mina no Brasil: ferramenta para gestão socioambiental na atividade de mineração e as lacunas na legislação nacional. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental) – Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto Brasil Pnuma, 2012. Rio de Janeiro, 2012. 50 p.

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Relatório piloto com aplicação da metodologia IPPS ao Estado do Rio de Janeiro: uma estimativa do potencial de poluição industrial do ar/ José Luiz Sor... [et al]. – Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2008. 44 p. REVISTA DA ESPM. São Paulo, v.18, n.17, set./out. 2011. REVISTA DE POLÍTICA AGRÍCOLA. Brasília, v. 21, n. 1, jan./mar. 2012. REVISTA DO EMPRESÁRIO DA ACRJ. Rio de Janeiro, v. 71, n. 1408. Especial 203 anos. REVISTA VIVAVERDE NATUREZA. v. 6, n. 24, abr./maio 2012. Rio de Janeiro (Estado). Secretaria de Estado do Ambiente. Ambiente do Rio/Secretaria de Estado do Ambiente e Instituto Estadual do Ambiente. Rio de Janeiro: Inea, 2012. 72 p. ROMANCINI, Regina Messere. Aspectos da sustentabilidade e rastreabilidade de passivos na indústria de cosméticos. Monografia (Especialização em Gestão Ambiental) – Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto Brasil Pnuma, 2012. Rio de Janeiro, 2012. 85 p. PLURALE EM REVISTA. Rio de Janeiro, v. 5, n. 29, maio/jun. 2012.

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AGENDA

Greenbuilding Brasil – Conferência & Expo – De 11 a 13 de setembro, em São Paulo (SP). Realização: Greenbuilding Brasil. Informações em http://expogbcbrasil. org.br/. VIII Congresso Internacional de Bionergia – De 30 de outubro a 1º de novembro, em São Paulo (SP). Realização: Porthus Eventos. Informações em www.bioenergia. net.br/congresso/br/index.php. Fimai/Simai – Feira Internacional e Seminário Internacional de Meio Ambiente Industrial – De 6 a 8 de novembro, em São Paulo (SP). Realização: Comunicação Ambiental. Informações em www.fimai.com.br.

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Desenvolvimento sustentável O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou, em agosto, uma nova rede global independente formada por centros de pesquisa, universidades e instituições técnicas para ajudar a encontrar soluções de alguns dos problemas ambientais, sociais e econômicos mais graves do planeta. A rede Sustainable Development Solutions Netword (www.unsdsn. org/SDSN) vai incentivar uma crescente conexão internacional de parceiros do setor empresarial, sociedade civil, agências da ONU e outras organizações internacionais para identificar e compartilhar os melhores caminhos para se alcançar o desenvolvimento sustentável. A iniciativa é parte do trabalho liderado pela ONU para a adoção, a partir de 2015, de metas globais de desenvolvimento sustentável a serem perseguidas pelos estados-membros do organismo. O estabelecimento dessas metas faz parte de acordo que foi aprovado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, promovida no Rio de Janeiro em junho passado. A nova rede é dirigida pelo economista Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Universidade de Colúmbia e conselheiro especial do secretário-geral da ONU sobre as metas globais de combate à pobreza conhecidas como Metas de Desenvolvimento do Milênio. O resultado dos debates para o estabelecimento das metas de desenvolvimento sustentável deverá ser submetido ao Secretariado-Geral da ONU no primeiro semestre de 2013, para posterior aprovação. Mais informações em www.un.org/news.

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GEO5 e Economia Verde Estão disponíveis em português, para download, no site do escritório do Pnuma no Brasil (www.pnuma.org.br) as publicações Panorama do Meio Ambiente Global (GEO5) e Rumo a uma Economia Verde. Desde 1997, o Pnuma coordena avaliações ambientais integradas sobre o estado ambiental do planeta. Cinco relatórios GEO já foram elaborados: em 1997, 1999, 2002, 2007 e, agora, em 2012. Rumo a uma Economia Verde está entre as contribuiçõeschave do Pnuma para a Rio+20, apresentando dados econômicos e sociais sobre a necessidade de investimentos anuais de 2% do PIB mundial para “esverdear” dez setores estratégicos da economia global, em busca de uma sociedade com baixa emissão de carbono.

Mostra Fica no Rio

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10ª edição da mostra Fica no Rio, com filmes vencedores do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás, será promovida, em outubro, no Rio de Janeiro, para divulgar o cinema ambiental e fomentar reflexões sobre práticas sustentáveis. Com entrada franca, a mostra reunirá um grupo de palestrantes formado, entre outros, por Leonardo Boff, Ailton Krenak, André Trigueiro e Marcos Palmeira. Serão revistos filmes premiados que marcaram a década: Surplus (Suécia), Umbrella (Índia), The Botton Line Privatizing the World (Canadá) e Efeito Reciclagem (Brasil). Mais informações com a diretora executiva da Kria Produção Multimídia, Carla de Oliveira Trigueiro, pelos tels. (21) 2626-4689 e 8141-5876 ou em www.facebook.com/KriaProducaoMultimidia.

Olimpíadas sustentáveis Aprovadas pelo Pnuma, as medidas de sustentabilidade das Olimpíadas de 2012, em Londres, servirão de modelo para os Jogos Olímpicos que serão rea-lizados, em 2016, na Cidade do Rio de Janeiro. Algumas iniciativas elogiadas foram a recuperação ambiental de uma antiga área industrial contaminada, para a construção do Parque Olímpico, e o baixo consumo de energia desde a concepção até a construção do Estádio Olímpico. Outro destaque foram os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos terem sido os primeiros a medir a pegada de carbono ao longo de todo o projeto. Em Londres, foi utilizado também um novo guia de avaliação de sustentabilidade desenvolvido pela Global Reporting Initiative. O Pnuma foi convidado para ajudar o Rio de Janeiro nos preparativos dos Jogos Olímpicos de 2016. O sumário e relatório completo prévio de sustentabilidade das Olimpíadas de Londres podem ser acessados em www. london2012.com.

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Rádio contra mudanças climáticas nos Andes Comunidades rurais indígenas que vivem no Peru, na Cordilheira dos Andes, nas regiões de Cuzco e Apurimac, já estão sofrendo impactos negativos das mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e alterações no regime de chuvas. O estado de pobreza dessas comunidades remotas tende a se agravar se nada for feito para mitigar os efeitos do aquecimento global. No Dia Internacional dos Povos Indígenas, em 9 de agosto, representantes dessas comunidades divulgaram alerta global sobre a situação enfrentada e soluções para minorar problemas como impactos negativos em plantações tradicionais de batata, milho e quinoa. Vivendo em altitudes superiores a 3.000 metros, essas comunidades têm dificuldades em receber informações de centros de pesquisa urbanos que estudam soluções para o país lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Para ajudá-las, uma rede de trans-

missões radiofônicas – popularmente conhecida como Pachamamanchista Munakusun (Alimentando a Mãe Terra) – foi lançada, em fevereiro, pelo Pnuma, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação e a Organização Pan-Americana da Saúde. Com transmissões diárias na língua local quéchua e em espanhol, famílias e fazendeiros da região são estimulados a identificar problemas que estão sofrendo e a propor caminhos de adaptação às novas condições de vida provocadas, por exemplo, por chuvas em meses em que não costumava chover e rios e riachos que estão secando. Pela rádio, são debatidas experiências como a diversificação de safras, com o plantio de espécies mais resistentes ao aumento da temperatura e ao novo regime de chuvas.

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Rede online divulga economia verde Made in Forest promove banco de dados sobre ecologia e sustentabilidade

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undada em 2010, com um modelo de relacionamento baseado nas redes sociais, em que as pessoas participam da elaboração do seu conteúdo, a Made in Forest (www.madeinforest.com) é a primeira rede online global de economia verde. Focada em ecologia e sustentabilidade, com escritórios em São Paulo (SP) e Miami (EUA), a rede tem como objetivo identificar, divulgar e estimular a organização de iniciativas de economia verde no mundo – e, em especial, em municípios brasileiros. O autocadastro de cada empresa, ONG ou cidadão é gratuito: cada um cria seu próprio minissite, podendo disponibilizar conteúdo em forma de texto, contatos, fotos, vídeo ou apresentações para download do consumidor ou interessado. Com 700 mil contatos e visitas de mais de cem países, a Made in Forest já está integrada com 320 redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut etc.). Além de colocar as pessoas em contato entre si, a Made in Forest possibilita negócios e a transferência de conhecimento inclusive em nível internacional, já que cada página cadastrada é traduzível em 51 idiomas. “A credibilidade do seu conteúdo é fiscalizada diariamente por milhares de consumidores, que podem conhecer a economia sustentável da cidade onde vive ou deseja visitar, e eventualmente comentar as páginas de cada empresa ou ONG visitada”, afirma Martin Mauro, que fundou a rede

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com Fábio Biolcati; ambos com MBA, em administração estratégica e saúde, e experiência executiva e de gestão. Ecofornecedores – “Tivemos a iniciativa de organizar, em uma única plataforma, todos os agentes envolvidos com a economia verde, de forma a facilitar o acesso da população aos ecofornecedores que já decidiram adotar o conceito do respeito ao meio ambiente e sustentabilidade em suas atividades cotidianas”, explica Martin. Na Made in Forest, o ecocidadão tem disponível oito segmentos para relacionamento social,

consumo consciente e descarte sustentável: Ecoprodutos; Ecosserviços; Ecoturismo; Central da Reciclagem; Educação e Cultura Ambiental; ONGs e Oscips Ambientais; Ecocidadão; e Ecocidades. Segundo Martin, a Central da Reciclagem é o mais completo banco de dados com informações sobre pontos de descarte de 37 tipos de materiais recicláveis existentes em mais de 2.350 municípios brasileiros. “É um serviço que as prefeituras municipais de qualquer porte podem disponibilizar para suas populações, além de servir de plataforma para a logística reversa, conforme a Lei Nacional dos Resíduos Sólidos.” Martin destaca ainda a sessão Ecocidades, em que é disponibilizado um censo de economia verde das cidades. “Nas páginas de cada um desses municípios, é possível identificar rapidamente a economia sustentável existente em cada uma das sessões da rede, bem como o total dos empregos verdes. Este censo é um instrumento fundamental de planejamento de desenvolvimento sustentável, quer da cidade, quer da região.” Em São Paulo, 16 municípios já promoveram o seu censo de economia verde – e mais 179 cidades do interior paulista, como Campinas e Ribeirão Preto, se preparam para disponibilizar suas informações na sessão Ecocidades. Mais informações em contato@ madeinforest.com ou pelo tel. (11) 3446-3000. AGOSTO/SETEMBRO 2012 – Nº 126


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