BRUTAL # Extra VAGOS METAL FEST 2018

Page 1

Numero Extra VAGOS METAL FEST 2018 Distribuição Grátis

Reportagem Entrevista Exclusivo


Ficha Técnica: Propriedade : Som do Rock Administração: Paulo Teixeira. Data: Setembro 2018 Edição online Grátis. Redação/paginação/tratamento conteudos: Paulo Teixeira

Numero Extra VAGOS METAL FEST 2018 Distribuição Grátis

Conteudos: Som do Rock Reportagem e Entrevista de Margarida Salgado Fotos: Rafael Catarino / Som do Rock e Davi Cruz/Metal em Portugal Os conteúdos podem ser usados para divulgação em qualquer meio desde que mencionem os direitos de autor e tenham acesso ao original.

Editorial. No número #Extra da BRUTAL Music Magazine, dedicado exclusivamente ao VAGOS METAL FEST 2018. Com reportagem de Margarida Salgado e fotos de Rafael Catarino / Som do Rock e de Davi Cruz / METAL em PORTUGAL. Não estiveste lá mas podes ler e ver como correu o Fest que cada vez mais ocupa um lugar de destaque no meio Europeu. Vê todas as Fotos na nossa pagina do Facebook https://www.facebook.com/pg/SomdoRockMagazine/photos/?tab=album&album_id=1937279 389648710

Pag


VAGOS METAL FES 2018

Pag 3


VAGOS METAL FEST 2018

Pag 4


Esta última edição do Vagos Metal Fest trazia novas expectativas com o novo formato. Este ano teríamos mais um dia e mais um palco, uma evolução natural para quem pretende poder colocar o festival na agenda europeia. No ano passado cerca de quinze mil pessoas deslocaram- se à 2ª edição. Este ano compareceram cerca de dezoito mil entre os dias 09 e 12 de Agosto. Vagos Metal Fest foi reconhecido oficialmente como um Eco Evento 2018, com a implementação de vários ecopontos pelo recinto para incentivar a separação de resíduos. Este novo formato veio reforçar o espírito das férias passadas em família e com a tribo ouvindo boa música. Os quatro dias de concertos foram passados com muito sol, amigos, diversão, cerveja, hidromel e boa disposição. Felizmente o S. Pedro também apoiou esta reunião e manteve as temperaturas toleráveis, apesar de ter ameaçado com alguma chuva, mas que não passariam de uns “momentos refrescantes”. Outra novidade foi a aplicação disponibilizada na página do Facebook para o telemóvel onde poderíamos ver todas atualizações no decorrer do concerto. Ficou a faltar apenas um pouquinho mais de força no wifi cedido. Este ano o leque geracional também se tornou mais vasto ao partilharmos esta experiência com um grupo de “veteranos” do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo que em conjunto com a alegria das já muitas crianças presentes provaram que qualquer idade é boa para se começar a ouvir metal e que nesta celebração do género todos são bem-vindos. BoobyTrap foi a banda selecionada para a difícil incumbência de abertura no palco Starway. A banda que esteve algum tempo afastada voltou recentemente aos palcos com uma energia renovada. Apesar de estar ainda muita gente por chegar, a banda de thrash /hardcore / crossover de Aveiro manteve uma prestação coesa e decidida e um estreito contacto com o público na pessoa de Pedro Junqueiro, como nos apercebemos em “Drunkenstein”, ”o brinde

aos bêbados ”, “Fuck Off And Die” e “O Bom, O Mau e o Filho da Puta”, culminando no tributo a Lemmy Kilmister com “Ace Of Spades” já com o público rendido em mosh. Destroyers of All a banda de progressive/ death/thrash metal de Coimbra não quebraram o elo continuando a injetar bastante energia no palco Vagos. Entre a simpatia de João Mateus e a combinação do esmagador death metal com a rigor técnico do progressive e apontamentos de thrash e groove impregnadas na sua sonoridade foi a fórmula perfeita para conquistar o público que aos poucos ia aumentando e rendendo-se a esta fantástica prestação. Como bónus tivemos “Break The Chains” do novo trabalho que nos garante que a banda continua no bom caminho. O hardcore de Linda A Velha chegou ao palco Starway com os Trinta & Um, uma banda que já dispensa de apresentações, numa performance agressiva com a declaração aberta e sentida de apoio à “cena nacional” com Zé Goblin descendo junto ao público visivelmente embevecido pela experiência e o momento de cumplicidade. Embora a Organização continue a esforçar-se para dar oportunidade a todos os géneros e subgéneros, sonoridades como as dos suecos Insammer continuam a não empolgar o público. Apesar dos inúmeros apelos de Vika Dola que esteve imparável em palco e uma excelente execução técnica, a banda de transfusion metal não conseguiu grande movimento na plateia. Já Theriomorphic causaram outro impacto. Um nome de peso do death metal nacional que nos apresentou o seu mais recente trabalho “Of Fire and Light”. Numa prestação forte e coesa deambulamos ainda por “Operators Of Triumph” e “Theriomorphic” com um público visivelmente satisfeito.

Pag


Orphaned Land é uma banda que conquistou para sempre o coração dos portugueses desde que cá estiveram pela primeira vez e é sempre com muito carinho e entusiasmo que são recebidos. E tanto que haveria para dizer sobre esta banda, começando pela simplicidade e encanto de Kobi Farhi um incansável “guerreiro de luz”, espalhando mensagens de paz e igualdade e terminando naquela fusão sonora perfeita entre a melodia oriental e a “trovoada metálica”. “Unsung Prophets & Dead Messiahs” “Like Orpheus”, “We do not resist”, “In propaganda” e “All is One” foram alguns dos temas que pudemos ouvir em mais um emotivo concerto que é reproduzido numa imensa alegria no público.

Paços de Ferreira entrou com aquela garra a que já nos tem vindo a habituar, agarrando o ainda parco público que retribuiu abrindo o circle pit, respondendo assim aos incontornáveis apelos de António Rocha. Debitando o seu irresistível death/groove metal manteve-nos a todos conectados até ao fim. Revelaram-nos ainda que já se encontram a trabalhar no segundo álbum. Ficaremos à espera! Mantendo a qualidade do metal nacional seguiram-se Blame Zeus. Com uma sonoridade mais alternativa, a banda mostrou a razão de ter cada vez mais seguidores. Numa atuação irrepreensível e coesa com a envolvente voz de Sandra Oliveira que cria desde logo uma empatia inegável com o público. Tivemos oportunidade de ouvir o novo tema “Déjà Vú” que nos faz ansiar pelo que ainda mais está para vir.

Analepsy a banda lisboeta brutal/slam/death metal, apesar de jovem mostrou o seu já conhecido talento musical e brutalidade sonora com uma atuação robusta. “Colossal Human Consumption”, “The Vermin Devourer” e “Engorged Absorption” foram alguns dos temas A abrir o palco Vagos tivemos Invoke, a banda em que podemos apreciar a competência desta de black/beath metal de Oeiras. Trajados e pintados como sempre a rigor prontos para nos banda. presentearem com o seu brutalíssimo black/ Os bavarianos Dust Bolt detonaram o circle pit. death atmospheric. Não foi um dos melhores A banda de thrash/crossover metal tem uma momentos em termos de qualidade de som energia contagiante e fez questão de partilhá- apesar dos muitos fãs do género presentes. Tila. Apesar de estarmos à aproximarmos da reta vemos ainda a colaboração de Muffy dos Karfinal ainda havia muito entusiasmo e não falta- bonsoul no tema “Hall of Mirrors”. ram crowdsurfing e mosh durante todo o concerto. “Mind The Gap”, “Awake” “Toxic Attack” e Voltando ao palco Stairway aguardava-nos “Agent Thrash” mostraram, inequivocamente, a Dollar Llama, a banda lisboeta de rock/metal/ sludge. Numa atuação intensa e aguerrida conqualidade da banda. quistaram a assistência que correspondeu com Impera é mais uma jovem banda que começa a muito mosh. Dado o entusiasmo presente, pre“dar cartas”. A banda lisboeta de groove/ vê-se que a banda tenha aumentado o seu já progressive metal foi a selecionada para encer- notável grupo de fãs. rar o cartaz deste primeiro dia, após ter ganho o concurso de bandas do Stairway. E fizeram- Ratos de Porão anteciparam a sua entrada deno com grande nível. Nem nos apercebemos vido a um atraso com o voo dos Masterplan. E dos 9 pontos no joelho que o mais recente gui- como sempre também foram muito bem recebitarrista David Alves levava tal era o nível de dos aqui em terras lusas. Já todos esperávaadrenalina e entrega, apesar do aspeto casual mos o “doce caos” a que a lendária banda de e descontraído a que a banda já nos habituou. punk/hardcore/crossover já nos habituou. “Grasp” foi o tema de encerramento. Aguarda- “Sueco canta sueco, Japonês canta em japonês, Ratos canta em português” e todos cantamos atentamente pelo futuro. mos com João Gordo entre tanto mosh e Para os resistentes houve ainda Z-Collective crowdsurfing que nem a sua popular conterrânea conseguiria levantar tanta poeira. “Ratos” para a “estocada final”. gritava a plateia enquanto João Gordo filmava todo o alvoroço. Que “tareia” boa! O segundo dia começou mais cedo com In Vein a subir ao palco Stairway. A banda de

Pag 4


Pag


M n c d c n d ta z c

O b a v g d d M te e q e m o

C fi a g m n v ra m tr to

Pag 4

C m p g s d q v u d d H a d S u “B


Masterplan veio de seguida mostrar a sua arte no power/heavy metal , a banda que foi criada como um projeto paralelo de Helloween, devido a uma insatisfação e incompatibilidade musical entre alguns membros. Presentemente apenas se mantém Roland Grapow. Não foi um dos concertos mais assistidos. Muitos aproveiaram para recuperar do concerto anterior e fazer a pausa para jantar. Não obstante, a banda cumpriu a sua missão.

Os “nossos” Moonspell viriam de seguida, acabadinhos de chegar de Josefov, Praga, onde atuaram no Brutal Assault XXIII. Deste festival vieram também os Municipal Waste, Converge e Integrity. Apesar de estarem em tournée do seu recente “1755” tivemos a possibilidade de recordar outros temas como “Em nome do Medo” e a já épica e indispensável “Alma Maer”. Lamentavelmente uma quebra de energia em palco “arrefeceu” o impulso inicial da banda, que acabou por se restabelecer e render-se ao entusiasmo e reconhecimento do público que mostrou o seu apreço e dedicação durante todo o concerto.

Converse entraram decididos a mostrar toda ibra do hardcore norte-americano. A banda criada em 1990 é reconhecida pelo início da divulgação e interpretação do género metalcore/ mathcore. Uma das bandas mais esperadas neste dia. E arrasaram! Com energia para dar e vender e uma intensidade inabalável conquistaam os presentes que retribuíram com bastante movimento no pit. “The Dusk In Us” é o último rabalho e o que teve mais relevo neste concero.

Cradle of Filth foi sem dúvida o nome que mais fez deslocar os metaleiros a Vagos, quer pela sua vasta legião de fãs, quer pela sua longa ausência nos palcos portugueses. E não desiludiram. Desde o espetáculo visual à qualidade sonora foi uma agradável surpresa para quem não tinha tido oportunidade de os ver ao vivo. Esta banda inglesa também já conta com uma longa carreira e é um nome incontornável do género. Foi um momento de magia para todos os presentes. “You Will Know The Lion By His Claw” foi o tema escolhido para dedicarem aos Moonspell que participaram como convidados especiais na tournée de Cryptoriana - The Seductiveness Of Decay. Infelizmente houve uma nova quebra de energia em palco aquando Beneath The Howling Stars”. Dani Filth não

desmoralizou, desdramatizando a situação com humor. Terminamos com clássicos como “Dusk and Her Embrace” ou “The Forest Whispers My Name” que foi cantada numa só voz num momento que ficará gravado na memória de todos. Attic a banda de heavy metal alemã não teve a melhor das prestações. Verdade seja dita, também não é fácil dar seguimento às bandas de peso anteriores. Apesar de toda a sua encenação existiram alguns problemas na harmonização do som dos instrumentos e no tempo em que cada elemento estava. O público aproveitou para recuperar das emoções anteriores. Serrabulho tem a característica única de conquistar toda a gente. Independentemente da sua sonoridade, o seu elo com o público é tão forte e a sua alegria tamanha que é impossível ficar-se indiferente. Cada concerto é sinônimo de folia e em Vagos foi um festão! E a prova é que o público já aguardava entusiasmado pela banda de grindcore/death metal com almofadas, insufláveis e muita ansiedade. E não era para menos! Parecia que tínhamos entrado numa realidade paralela de party-pool em circle pit. Desde Carlos Guerra em crowdsurfing, em cima de um colchão insuflável, até a uma “procissão” atrás do mesmo à volta do recinto, houve ainda a “almofadada na fronha”, uma guerra de almofadas no pit com a música “ Sweet Grind O’Mine” e uma “Ass of death”. Também tivemos oportunidade de ouvir o novo tema “Pubic Hair in The Glasses”. Fátima Inácio foi chamada para que lhe pudessem prestar homenagem no seu aniversário e assim como Sérgio Pascoa, Paulo Gonçalves, músicos tradicionais seus conterrâneos e outros amigos convidados foram subindo ao palco para participarem nesta celebração tornando este concerto num momento único em Vagos. Para terminar contámos com a presença de Abaixo Cu Sistema, a banda de tributo aos grandes System Of A Down. Uma banda bastante reconhecida no género pela sua competência e energia como ficou provado neste concerto com um público imparável. Quem ainda tinha forças contou com o grande António Freitas para fazer as honras de encerramento das festividades deste dia. Pag


A abertura deste dia terceiro iniciou mais tarde do que era previsto inicialmente devido a uma alteração de horário resultante da greve dos controladores aéreos em França que impediu a presença dos Dagoba este ano no Vagos Metal Fest, mas ficando desde já a primeira banda a ter a sua presença garantida na próxima edição. Coube esse papel a Lost in Pain, a banda luxemburguesa de heavy metal old school athrashalhado que tem o português Hugo Nogueira Centeno como frontman. Nada entusiasma mais o público do que sentir a satisfação da banda por estar ali e nesse sentido os Lost in Pain sem dúvida que nos conquistaram. Apesar de ainda escassa a plateia, a atuação foi bastante sólida e definitivamente criaram novos fãs. Os espanhóis Wicked Inc entraram a seguir continuando no género, mas na forma mais clássica. A banda mostrou desde logo a sua simpatia e criaram de imediato cumplicidade com o público que apesar de tudo continuava reduzido. Apesar disso foi uma boa prestação na qual ainda tivemos oportunidade de ouvir alguns temas novos do seu próximo lançamento como “Devil Horns” e “Agony”.

co rendeu-se a esta prestação fantástica apesar de visualmente parca. Um poderoso momento. Na ausência de Dagoba saltamos de imediato para Sonata Artica, a banda finlandesa de power metal. Esta banda é conhecida pelas opiniões serem tão díspares. Apesar da maioria dos presentes serem fãs da banda e do carisma de Tony Kakko não houve manifestações efusivas por parte do público. Não obstante a banda deu um excelente concerto terminando com a célebre “Vodka”. O symphonic black metal band não poderia ter sido melhor representado do que com Carach Angren. Estes belgas subiram ao palco e deram um dos melhores concertos desta edição. Com Seregor a demonstrar todas as qualidades de um frontman de excelência e uma componente cénica fortíssima, a banda conquistou de imediato o público presente encantando-o durante toda a performance. Pelo número de pessoas presentes pode-se concluir que a banda já tem um considerável número de fãs em Portugal e que sem dúvida que terá conquistado outros tantos depois desta prestação.

Kamelot com exceção na qualidade de som, mantiveram o nível da interpretação anterior. A banda de Florida é também um nome incontornável do symphonic/power metal com uma versão mais progressiva que torna a sua sonoridade única. Com Tommy Karevik extremamente comunicativo conquistaram de imediato o público e a presença de Lauren Hart (de Once Human) enriqueceu grandemente o concerto. Em “Veil of Elysium”,” Karma” e “Center of the Universe” pudemos ver um público completamente Gwydion começaram com um atraso devido a rendido a esta atuação que esteve a ser regisquestões com o som que não melhorou durante tada para um DVD a ser lançado em breve. o concerto. A banda de viking/folk metal subiu ao palco de kilts e pinturas de guerra prontos para dar um grande concerto. E assim começa- Enslaved era uma das bandas mais aguardaram a festa a que já nos habituaram onde hou- das e infelizmente o concerto só não cumpriu ve muito crowdsurfing e uma enorme wall of as expectativas na íntegra devido à decisão da death proporcional ao talento destes senhores. banda norueguesa em testar um novo sistema O concerto terminou com o tema Thirteen de munição sacrificando bastante a qualidade Days ( do novo álbum ) e a participação de do som, principalmente no início do concerto. Mas "Svarte Vidder" (tocado ao vivo pela seMuffy dos Karbonsoul. gunda vez), "Loke", "Gylfaginning" e “Storm Son” fizeram-nos esquecer as dificuldades soOs suiços Bolzer apresentaram- se de seguida noras e entregarmo-nos até ao último acorde a num excelente concerto de black/death metal esta brilhante atuação. com Therry Jones ou KzR a impressionar na sua brutalíssima guitarra de 10 cordas. O públiSimbiose é um nome incontornável do punk/ crust/grindcore português e isso ficou provado com a movimentação no circle pit durante toda a atuação. Com a habitual intensidade e irreverência em palco, a banda fez levantar a primeira vaga de pó deste dia. “Ignorância Colectiva”, “Acabou a Crise Começou a Miséria ” ou “Modo Regressivo” foram alguns dos temas que desfilaram pelo palco.

Pag 4


Pag


Pag 6


Holocausto Canibal é bastante conhecida pela atuação demolidora e agressiva com que debitam o seu death/gore/grind e em Vagos não foi exceção. O público retribui com mosh mostrando que apesar do terceiro dia ainda era possível encontrar forças para usufruir deste assombroso concerto. Beyond Strength vieram consumir a restante energia. A banda de tributo aos enormes Pantera teve ainda uma grande e animada audiência durante toda a atuação que terminou com a participação de Muffy dos Karbonsoul em “Walk”. Os mais resilientes puderam ainda desfrutar a restante noite com Rockline Tribe no after party. O quarto e último dia começou com Stonerust, a banda stoner/rock de Cascais com Bruno Vale a subir ao palco com a máscara de porco a interpretar “Man & Pig”. Apesar de uma sumida audiência a banda fez uma boa prestação mostrando-se bastante satisfeita por estar presente neste evento de referência. Os galegos Dark Embrace chegaram de seguida com o seu gothic/doom metal cheio de força, promovendo o seu trabalho “The Call of the Wolves”. Foi uma prestação robusta e entusiasta com uma plateia já mais composta e participativa. Apesar de ser uma banda de qualidade, encontra-se muito “colada” à influência de Amon Amarth ficando a faltar um cunho mais pessoal da sua originalidade. Schammasch foi uma boa aposta como banda escolhida para substituir Sinister que cancelou por motivos familiares. A banda suiça de black/ death metal avant garde, envolta de teatralidade mostrou toda a sua autoridade e competência em temas como “Consensus”. “Metanoia” ou “Chimerical Hope”. Uma atuação irrepreensível! Feed The Rhino é mais uma banda que escolheu seguir o seu próprio caminho numa mistura de sonoridades que resulta. Uma amálgama de hardcore/rock/punk/metal servida em full po-

wer. Esta atuação foi marcada com Lee Tobin a descer para as grades e a puxar pelas hostes organizando inclusive uma wall of death. A banda inglesa mostrou uma grande energia e conquistou o público presente. Chegou então a hora do lendário ex- guitarrista dos célebres Manowar, Ross The Boss nos honrar com a sua presença. E que bonita e fantástica receção teve por parte do público. Apesar da atuação ter sido vocacionada para trabalhos mais antigos ninguém se importou com isso. Temas como Blood Of The Kings” ou “Battle Hymns” foram junto com a simpatia e o carisma de Ross, catalisadores para a movimentação enorme de uma plateia visivelmente empolgada que terminou em êxtase com muito crowdsurf em “Hail And Kill” e Marc Lopes junto ao público. Integrity apesar de uma sonoridade distinta com o seu hardocore não veio de nenhuma forma abrandar esse movimento. A sua atuação foi pautada de mosh e crowdsurfing do princípio ao fim com uma técnica e performance de excelência. A banda apesar de andar a promover o seu último trabalho, “Howling, For the Nightmare Shall Consume” não deixou de tocar temas mais antigos fazendo uma pequena viagem aos álbuns anteriores. “Hybrid Moments” dos Misfits foi o tema selecionado para fechar este magnífico concerto. Se já achávamos o público visivelmente participativo e satisfeito com as bandas anteriores, Municipal Waste iria levar-nos ao redline. Nem a chuva que insistiu em cair durante o primeiro tema “Grease Peace” afugentou a enorme multidão que se manteve irredutível. Um colossal moshpit junto com um crowdsurfing que se transformou em wave of death durante todo o concerto foi resposta à descarga de energia que vinha do palco com temas como “You’re Cut Off”, “Slime & Punishment” ,“The Art Of Partying” e “Born To Party”. Tony Foresta esteve bastante comunicativo e bem-disposto e a banda provou ter um elo inquebrável com o público. A sua qualidade assim o permite transformando esta atuação num momento histórico deste festival. Voltem sempre!

Pag 7


Ensiferum, a banda de melodic/folk metal não teve muita sorte na viagem para o nosso país onde chegou sem os seus instrumentos. Graças à Câmara Municipal de Vagos foram disponibilizados outros para que pudessem avançar em concerto acústico. A banda tinha passado por uma experiência semelhante sendo por isso o segundo da sua carreira tendo sido primeiro em França pelo mesmo motivo. Sami Hinkka, brincou com a situação referindo como sendo um dos hobbies da banda. Não podemos deixar de os felicitar pelo seu profissionalismo, empenho e competência. O público abraçou a ideia e recebeu-a com entusiasmo criando o primeiro mosh acústico em Portugal. Um concerto memorável e único. Que senhores!

E assim caminhamos para a última atuação desta edição cabendo aos Rasgo esta honra. Apesar de ser uma banda recente trata-se de um conjunto de músicos com grande experiência e contam já com um álbum lançado o ano passado, “Ecos da Selva Urbana”. A sua sonoridade pode ser descrita como thrash metal / crossover e já contam com um número considerável de fãs. Mesmo estando a terminar o 4º dia ainda houve energia para acompanhar Paulo Gonçalves, que não permitiu que ninguém se rendesse, saltando para o circle pit e cantando entre mosh e crowdsurfing. E assim acabámos em excelente companhia e em ambiente de festa com temas como “Ergue a Foice ” e “Homem Ao Mar”. Curiosamente este evento viria a terminar com uma cover de Pantera, Outros senhores se seguiam para mais um “Fucking Hostile”. Perfeito! concerto memorável- Suicidal Tendencies e que bom que foi! Outro dos melhores desta edi- Para os mais perseverantes havia ainda after ção. Esta é mais uma banda com a característi- party com Distorsion Crew. ca empática. Independentemente da sonoridade conseguem sempre criar um elo mágico com o público. Mais uma vez voltaríamos a ter Este foi um ano de aprendizagem. O novo foro “doce caos” entre moshpit e crowdsurfing ali- mato apesar de resultar trouxe novos desafios. mentados por temas como “You Can’t Bring Há que referir que não foi o melhor ano a nível Me Down”, “Lost Again” e “War Inside My He- de som, além dos percalços na distribuição de ad” que teve a participação de Tony Foresta energia que afetaram alguns concertos. de Municipal Waste. Mike Muir que teve Por outro também não podemos deixar de saliacompanhamento vocal do público durante to- entar a excelente equipa de segurança, princido o concerto apela para a invasão de palco palmente junto ao palco que aguentou de forma em “Pledge of Allegiance” e não poderia ter estoica e bem-disposta a “tareia” destes 4 dias terminado da melhor forma com dezenas de que foi monumental. pessoas a tomar o mesmo de assalto. Foi sem Também nós passamos por um momento de dúvida um teste à sua resistência ultrapassado aprendizagem em que descobrimos a nossa com sucesso! resiliência. Como diz o velho ditado “quem corre por gosto não cansa” e a prova é que não só Acalmando um pouco a população seguiu-se sobrevivemos como saímos de coração cheio e Memoriam que ao que tudo indica partilharam um infindável leque de memórias que nos dá do mesmo problema de Ensiferum no extravio vontade de voltar de imediato. Vagos Metal dos seus instrumentos em viagem optando por Fest não é apenas um festival de música é um tocar com outros emprestados. Contudo a ban- encontro de pessoas que partilham a mesma da inglesa de death metal não deixou de de- paixão. monstrar toda a sua qualidade. Karl Willets esteve sempre bem-humorado e animado afetan- SOMOS TODOS VAGOS!! do-nos a todos. Apesar da setlist se ter focado apenas em temas da banda é difícil não fazer a sua associação com Bolt Thrower.





Entrevista a Luis Salgado Após a conclusão de mais um Vagos Metal

difícil. Ok, a parte logística foi difícil, tivemos a

Fest fomos conversar com o Luis Salgado pa- sorte de conseguir uma grande equipa, consera percebermos a perspetiva da organização

guimos bons profissionais a trabalhar no even-

sobre este último ano.

to em si e a parte de bandas também foi importante, acho que conseguimos ali um bom rol de

SR: Começando pelo início, explica-me um

pouco de onde surgiu a vontade de dar continuidade a um festival em Vagos?

bandas que estavam disponíveis. O resto é sempre o público que o faz e acho que o público estava ali a querer que aquilo acontecesse,

Luis Salgado: Nós estamos exatamente no

não queria estar um ano parado e isso notou-

sítio onde a ideia surgiu. Foi aqui no Stairway

se. Foi uma simbiose. Da nossa vontade, da

a meio da noite em conversa. Estávamos mais vontade do público e da parte profissional ter corrido bastante bem. ou menos a acompanhar o que se estava a passar na altura como toda a gente estava e como sabes nós também estamos ligados à

SR: E quais têm sido as maiores dificulda-

des em manter um festival desta dimensão?

organização de eventos há bastante tempo com a Amazing Events e sempre foi um so-

Luis Salgado: A maior dificuldade e é uma

nho conseguir ter um festival e surgiu a ideia

grande dificuldade para todas as pessoas que

de fazer uma proposta à Câmara Municipal de trabalham comigo é a minha ambição para o Vagos. A grande vantagem penso eu que

festival. Porque obviamente que eu sabia o his-

tínhamos era poder fazer a edição ainda na-

torial do festival, mas não queria ir para lá fazer

quele ano. Segundo consta eles tiveram outras mais do mesmo. Queria colocar o meu cunho propostas e ao principio, penso eu, eles não

pessoal e queria que o festival crescesse, não

estavam a acreditar que nós iriamos conseguir só a nível nacional até porque a nível nacional fazer logo a primeira edição em três meses,

ele já era uma referência, mas eu queria um

mas o que explicamos foi que a parte da orga-

bocadinho mais e acho que faz falta a Portugal

nização de eventos, a parte da organização

um festival ser referencia também a nível euro-

das bandas não era um comboio que iria inici-

peu. E essa se calhar é a grande dificuldade,

ar, era um comboio que já estava em anda-

de fazer com que haja ali uma convergência de

mento, portanto para mim não seria assim tão

todas as pessoas do metal e também do rock.




O festival, para mim, não é apenas uma experi- um segundo palco e aumentar um dia… até

ência só de um género de musica tem que ser

que se fosse por mim eu não o faria. Mas o Ivo

também uma experiencia de vida e essa é a

falou e explicou a ideia dele à equipa… e pen-

grande dificuldade, o fazer com que aquilo

samos: Ok, na parte da estabilização iremos

cresça, estabilize e que as pessoas entendam

estar mais um ano a aprender, isto vai haver

que aquilo é mais do que um festival de músi-

aqui muita aprendizagem, como houve, mas ao

ca, também é essa tal experiencia e a comu-

mesmo tempo ia de encontro à tal ambição que

nhão que para mim é a grande vantagem de

estava a falar. Acho que não houve ou já há

Vagos, a comunhão das pessoas. É o junta-

muito tempo que não havia um festival assim

rem-se ali uma vez por ano e terem as férias

desta envergadura, com quatro dias, dois pal-

descansados. Obviamente que a música é im-

cos e ao mesmo tempo se queremos mostrar à

portante e está lá e por isso também tem que

Europa que temos cá um festival deste tama-

se manter a qualidade das bandas. Por isso a

nho… quase todos os festivais da Europa não

maior dificuldade é mesmo a minha ambição e

se baseiam só num palco, baseiam-se em dois

fazer com que o festival cresça na minha pers- ou mais… e a esse nível a alteração para este petiva.

formato foi uma aposta ganha. Nós gostamos bastante da dinâmica que trouxe os dois palcos

SR: Este ano houve uma alteração no for-

mato com mais um palco e mais um dia. O objetivo foi mesmo esse? O colocar o teu cunho pessoal, tentar fazer o evoluir o festival? Luis Salgado: Essa parte não é minha é do Ivo. Ele o ano passado é que decide colocar

e acho que o pessoal consegue aguentar os quatro dias, não apenas o público, mas também os profissionais pois o nosso trabalho começa muito antes e acaba muito depois. Foi uma aposta ganha, tenho que dar os parabéns ao Ivo por isso e para o ano é para manter.


SR: Achas que este formato funciona em

um festival de metal que possa ser considerado

Portugal então?

de grande dimensão passa por ter os 4 dias. Eu compreendo que haja pessoas que não possam

Luis Salgado: Sim, acho que tem tudo para funcionar. O feedback que temos tido até agora é positivo. Vamos reduzir um bocado o número de bandas. Vamos alterar algumas questões de horários. Por exemplo no último dia vai terminar

no headline, não vai haver bandas a seguir, portanto acaba em clima de festa. Vamos reduzir algumas slots tanto na quinta feira como nos outros dias. Vamos começar um bocadinho mais tarde ou se calhar dar mais tempo a algumas bandas. Também estamos a preparar uma edição melhor a nível de qualidade do cartaz em que se calhar faz mais sentido dar mais tempo a algumas bandas e não estar a meter outras… e pronto essa mudança vai acontecer.

vir os 4 dias ou porque trabalham ou assim, mas a verdade é que também há muita gente que quer vir os 4 dias e uma das grandes apostas que vamos fazer para o ano é o mercado estrangeiro. E para as pessoas que vêm de fora, se calhar faz mais sentido irem e passarem os 4 dias ou mais. Nós vamos tentar vender essa imagem porque poderemos não ter o cartaz do ano a nível europeu, mas também temos muitas coisas boas, ou seja, temos um bom cartaz, temos preços acessíveis, temos o campismo grátis, estamos numa zona com uma beleza natural única, temos as praias que também facilmente

se chega lá, temos a comida… para as pessoas que vêm de fora terem a experiencia dos 4 dias,

SR: Com 4 dias não tens receio que as pes-

já pode ser considerado umas férias de Verão. E

soas optem apenas por virem só 2 dias ou 3,

para o ano acho que vamos conseguir o aumen-

que já “compensa” a viagem em vez de virem to dessas pessoas que já este ano tivemos, para grande surpresa minha, uma vez que não aposos dias todos do festival? támos assim tanto na publicidade exterior a PorLuis Salgado: Pois, não sei… nós até tivemos

tugal, mas a verdade é que vendemos para mui-

em cima da mesa a opção de ter o bilhete só pa- tos sítios do mundo: Estónia, India, Brasil, Canara 2 dias ou 3, mas a verdade é que aumenta-

dá… comprarem o bilhete para virem a um festi-

mos um dia e o número de bandas e pouco ou

val em Portugal de metal é gratificante.

nada alteramos o valor do bilhete em relação ao ano anterior, por isso nesse sentido não há assim um prejuízo para quem não possa ir os 4 dias. Nós realmente achamos que aquilo que queremos passar lá para fora, que em Portugal há



SR: Nessa perspetiva também de férias te-

implementar uma parte especial de apoio às cri-

mos visto cada vez mais o festival ser uma

anças ou aos pais que já era para ter sido feito

opção de família e consequentemente o nú-

este ano, mas que eu não senti que havia ainda

mero de crianças presentes estar a aumentar. ali a segurança que eu necessitava para avanVai haver uma adaptação por parte do festi-

çar, que era ter um espaço onde as crianças

val a este público, tanto a nível de segurança possam estar entretidas a brincar e haver um como a nível de entretenimento?

controlo sempre do número de crianças que estão lá dentro e dos próprios pais. Apesar de nós

Luis Salgado: Nós temos essa noção e desde o primeiro ano que isso era uma preocupação minha. Mas para avançar com isso, com um ter um ATL que é a minha ideia não é à toa, é uma responsabilidade muito grande. Em termos de segurança o plano está feito para se uma criança se perde ali no recinto deixam de ser permitidas entradas e saídas, ou seja, a prioridade será sempre encontrar a criança. Felizmente nunca aconteceu. Mas isso é um fator que nos preocupa, porque nós queremos obviamente ter lá cada vez mais crianças, mas também temos que fazer com que as condições para elas sejam asseguradas e essas condições são muito diferentes das condições para um adulto. Condições alimentares, salvaguarda do sol… a preocupação é grande e a responsabilidade que acarreta também é grande e eu tenho mais medo de

fazer mal do que não fazer. Mas começamos a pensar agora em fazer. O festival sempre foi um bocado família, mas agora e este ano já se começou a notar e temos que nos habituar que não vai ser só família. Que a família se mantenha, nós somos o núcleo duro, mas vai começar a haver novas tribos, novas pessoas e novas mentalidades e por isso para o ano já vamos

sabermos o tipo de pessoas que somos e eu

acredito piamente em todos nós e o civismo do metaleiro está à vista, não só nessa parte como na parte ambiental também, temos que ir de encontro à necessidade dos pais e das próprias crianças e para o ano isso vai acontecer. Também estamos a desenvolver contactos para tampões auditivos e a tentar que as próprias pulseiras do festival sejam repelentes e estamos à espera de resposta de empresas que nos possam ajudar com os custos que isso também envolve.




SR: No encerramento referiste que os núme-

SR: No encerramento também referiste não

ros tinham ficado um bocadinho aquém das

achar que tivesse alguma coisa a ver com o

tuas expetativas pessoais. Agora que a poei-

cartaz o fato de não teres atingido esse obje-

ra de Vagos já assentou mais um bocadinho

tivo. Mas achas que no sábado pelo menos

o que é que achas que poderia ter levado a

possa ter sido essa a razão?

isso não se ter concretizado ou o que pensas que possa ter corrido menos bem para que isso não acontecesse?

Luis Salgado: Não sei… também nesse aspeto quando decidimos pegar no festival e colocar o nosso cunho pessoal sabíamos que o Vagos

Luis Salgado: Eu não acho que o festival tenha estava direcionado para um estilo de metal ou corrido mal. Aí junta-se um bocado a conversa

pelo menos para alguns subgéneros de metal e

de há pouco sobre a minha ambição. Porque

a minha ideia era trazer um bocadinho de outros

nós este ano até tivemos o maior número de

géneros para o festival e temos estado a conse-

pré-vendas dos três anos e muito superior mes-

guir meter sempre outras coisas e criar ali um

mo. Obviamente face o número que tinha dos

público novo e este ano isso foi conseguido que

anos transatos e depois com a pré-venda que

também é uma parte muito importante. Tivemos

tinha este ano, obviamente que pensei: ok, isto

muita gente que foi a primeira vez a Vagos e

se correr tão bem como correu nos outros anos

que no ano passado também já tinha aconteci-

nos próprios dias vai ser uma edição histórica. E do. Este ano não sei porque sábado era um dia esperava chegar ao número dos 20000 que era

mais direcionado para um género de metal mais

o que pretendia, mas obviamente que também já clássico, mas que sempre foi um dos géneros sabia que ia ter 17/18000 entradas nos quatro

principais do público de Vagos. Nos outros anos

dias, mas queria um bocadinho mais. Se calhar

sempre correu muito bem. As bandas também

o dia que ficou um bocadinho aquém foi o sába- tinham visitado Portugal há pouco tempo e tamdo porque os outros até correram bastante bem. bém pode ter sido por aí. Quando tens um cabeO sábado foi um dia normal que pensei, exata-

ça de cartaz e um co-headline que visitaram o

mente por ser sábado e ser aquele dia que as

país há pouco tempo, se calhar arriscamos a is-

pessoas conseguem ir, que fosse ser tão forte

so. Mas pronto, o número esteve lá e era o nú-

como foi o domingo ou a sexta ou até mesmo a

mero que necessitávamos para que aquilo fosse

quinta que para um dia de semana foi forte. Ob-

uma boa moldura… mas se calhar aquele ex-

viamente que esteve lá muita gente no sábado,

tra… pode ter sido por aí, não sei…

faltava aquele bocadinho que eu precisava…


SR: Em relação aos problemas com a quali-

ma palavra a dizer. Vamos estar sempre depen-

dade do som e às falhas de som e de luz, na

dentes da qualidade dos técnicos de som , a

tua perspetiva, o que achas que são situa-

qualidade de som que a banda quer, que muitas

ções incontornáveis e o que foram situações vezes eles pedem porque gostam do som mais de aprendizagem? O que é possível melho-

“sujo” por exemplo … e outras vezes tem a ver

rar?

com a posição onde a pessoa está a ver/ouvir. Há bandas que têm o som mais concentrado à

Luis Salgado: O trabalho de técnico de som nunca é fácil, ao ar livre ainda menos. Mas o que acho importante o público saber são se calhar alguns fatores. E eu também sou público. Há ali bandas que eu também queria ver e também

frente e outras têm o som mais concentrado atrás… e pronto, vamos ter que viver sempre

com isso. Da nossa parte é tentar fazer sempre o melhor e a nível de material, pelo menos, estar lá tudo e isso está.

não gostei do som e eu sou a primeira pessoa a tentar chegar lá e perceber o que está a aconte- A parte das falhas técnicas sim podem ser impucer. Nós o ano passado tivemos muito boas críti- tadas à Organização, foi uma falha de medição cas em relação ao som e este ano a empresa

de energia. Nós até tínhamos reforçado a nível

era exatamente a mesma. O trabalho foi muito

de geradores e a nível local também, a única di-

bem feito, eu gosto muito do equipamento deles

ferença foi colocarmos outro palco e o momento

é equipamento topo de gama e o trabalho está

onde as coisas falhavam era quando a outra

lá e a equipa é extremamente profissional, uma

banda que estava a fazer o ensaio de som no

das melhores em Portugal. Além do clima, o

outro palco puxava também pelo sistema de luz.

vento até às vezes a humidade, muita coisa po-

Aquilo não aguentava e tivemos que nos adaptar

de influenciar o som. Por exemplo, nós não con- e conseguimos resolver depois o problema. Tiseguimos controlar o técnico de som da própria

vemos aqueles dois primeiros dias em que vaci-

banda. Eles trazem os técnicos que querem e

lamos um pouquito, entretanto percebemos onde

nós não podemos chegar lá e impor a nossa

estava o problema e ficou resolvido e para o ano

vontade. No caso dos Enslaved por exemplo, à

esse problema não vai existir porque agora já

última da hora quiseram experimentar um siste-

sabemos donde é que vem. Já falamos, já tive-

ma de munição diferente. Para nós é um bocado mos a reunião técnica e está resolvido. Também chato e inglório e ingrato também que acabamos não há outra maneira de fazer aquilo sem ser por levar com as críticas e às vezes a culpa nem uma banda estar a tocar e a outra estar a fazer o é nossa ou da equipa que contratámos. Nem tu- ensaio de som. do passa por nós e a vontade da banda a nível de som é que prevalece e eles é que têm a últi-


SR: O que podemos esperar para 2019? Luis Salgado: A próxima edição vai manter este formato. Os principais objetivos do próximo ano serão trazer mais pessoas de fora, do estrangeiro, melhorar a qualidade do cartaz e alterar os horários para que algumas bandas possam tocar mais tempo. Já percebemos que há bandas que o pessoal gostaria de ver mais tempo, apesar das pessoas também terem que entender que é um festival e não dá para ter concertos de três horas. Haverá mudança de atividades no recinto, ou seja, outras atividades para além dos concertos. Em breve iremos revelar os dias que não vão fugir muito daquilo que tem sido feito até hoje e vamos também anunciar passado pouco tempo um cabeça de cartaz bem como algumas bandas que já fazem parte do certame do próximo ano. Vamos tentar aumentar a sinergia com os hotéis e restaurantes da zona que até hoje não conseguimos explorar porque é algo que carece de algum tempo e dedicação. SR: Obrigada! Texto: Margarida Salgado

Fotos: Rafael Catarino/Som do Rock Davi Cruz / Metal em Portugal


VĂŞ todas as Fotos na nossa pagina do Facebook

https://www.facebook.com/pg/SomdoRockMagazine 1937279389648710


e/photos/?tab=album&album_id=



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.