Edição Dezembro/2020 / Ano XXIII
R$ 50,00
Infraestrutura em SC:
Déficit é de R$ 20 bi em todos os modais
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EDITORIAL
ISSN - 1981 - 6170
BR do Mar já é realidade
ANO 23 EDIÇÃO DEZEMBRO/2020 Editora Bittencourt Rua Anita Garibaldi, 425 | Centro | Itajaí Santa Catarina | CEP 88303-020 Fone: 47 3344.8600 Direção: Carlos Bittencourt carlos@bteditora.com.br | 47 9 8405.8777 Presidente do Conselho Editorial: Antonio Ayres dos Santos Júnior Diagramação: Solange Maria Pereira Alves (0005254/SC) solange@bteditora.com.br Capa: Shutterstock Colaboraram nesta edição: Mario Cezar de Aguiar, Christian Neumann e Nathalie Fontana Contato Comercial: Sônia Anversa - 47 9 8405.9681 carlos@bteditora.com.br Para assinar: Valor anual: R$ 600,00 A Revista Portuária não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados, que são de inteira responsabilidade de seus autores. www.revistaportuaria.com.br
A
Câmara dos Deputados aprovouo projeto de lei (PL) 4.199 de 2020, que define incentivos para a navegação de cabotagem - aquela que ocorre dentro do litoral do país, sem cruzar fronteiras marítimas, exclusivamente com atracagem em portos nacionais. A proposta libera progressivamente o uso de navios estrangeiros no País sem a obrigação de contratar a construção de unidades em estaleiros locais. Já a partir da publicação da futura lei, as empresas poderão alugar um navio vazio para uso na cabotagem. O relator do PL, o deputado Gurgel (PSL-RJ), incluiu um dispositivo para vedar expressamente a contratação de transporte terrestre, seja no trajeto até o porto ou do porto até o cliente final, por armadores marítimos ou por empresas de cabotagem ou de navegação que pertençam ao mesmo grupo econômico. O projeto usa quatro eixos fundamentais para incentivar a cabotagem: frota, indústria naval, custos e portos. Em relação às frotas, o programa estimula as empresas já existentes e dá mais autonomia a elas, além de desburocratizar o registro e o tráfego de embarcações. Para a indústria naval, o governo pretende estimular a docagem de embarcações internacionais no Brasil, o que aumentará o conhecimento em manutenção e a comercialização de peças e maquinário para navios, estimulando a escalonagem da indústria brasileira. Em redes sociais, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, comemorou a aprovação do PL e afirmou que a iniciativa "corrige um equívoco histórico: não aproveitar o litoral no transporte entre regiões."
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Sumário
22. CAPA. Infraestrutura em SC: Déficit é de
R$ 20 bi em todos os modais 08. Entrevista: BRUNO BIANCO A implosão da burocracia 10. Opinião: Mario Cezar de Aguiar Incentivo às florestas plantadas 12. Opinião: Christian Neumann A privatização ou desestatização do Porto de Itajaí 14. Opinião: Nathalie Fontana A importância da Certificação OEA no Vale do Itajaí: benefícios dos profissionais certificados
15. Portonave tem melhor mês em movimentação da sua história 16. Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes registra números históricos em 2020
26. Com rápida recuperação econômica, Chile e SC podem aumentar comércio bilateral 27. Câmara aprova projeto de estímulo à navegação entre portos nacionais
18. Porto Itapoá é destaque no Prêmio Ser Humano da ABRHSC com três cases premiados, sendo dois deles na 1ª colocação
30. Produção industrial: Santa Catarina registra maior alta do país em outubro
20. Setor portuário movimentará mais de R$ 30 bi em investimentos até 2022
31. Héderson Cassimiro é eleito o novo presidente da Acibalc gestão 2021/2022
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Entrevista: BRUNO BIANCO
A IMPLOSÃO DA BUROCRACIA Ao lançar o programa Descomplica Trabalhista, no final de outubro, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, afirmou que todo o acervo normativo da área está sendo revisado à luz de um novo conceito em normatização. Nesta entrevista exclusiva, Bianco detalha esse e outros conceitos que norteiam as ações de sua pasta para melhorar o ambiente de negócios no Brasil, gerar empregos e formalizar mais trabalhadores. O senhor fala em novo conceito de normatização trabalhista. Que conceito é esse? Bruno Bianco: A ideia é ter o menor número de normas possível para que todas as pessoas que trabalham com elas possam rapidamente e facilmente entender ao que estão vinculados. É uma lógica clara de segurança jurídica. Quando chegamos aqui, nos deparamos com o antigo Ministério do Trabalho com mais de 2 mil normas. Isso é impossível de se conhecer, e muitas delas podem ser contraditórias, ter interpretações dúbias, o que faz com que a pessoa que é o destinatário da norma acabe se confundindo ou ignorando o conteúdo normativo. Optamos por não dar nenhum passo que não fosse conjunto, com empresas, bancadas de trabalhadores e Governo trabalhando juntos. Não retrocedendo no direito do trabalhador, nunca negociando sua saúde e segurança, mas acabando com coisas absurdas, com normativas que eram feitas para se criar cada vez mais burocracia. O que muda para a indústria? Bruno Bianco: Já fizemos, por exemplo, mudanças na NR-12 e em outras normas regulamentadoras. Faltam dois terços de revisões de NRs. Em paralelo, há todo o arcabouço normativo que envolve portarias e instruções normativas que impactam na vida do empresário, que é um cipoal de normas incompreensíveis até para nós. Estamos revogando as inúteis, compilando as necessárias e faremos com que no final do dia tenhamos oito ou nove normas apenas. O auditor vai chegar a uma empresa com poucas normas específicas e o empregador conhecerá todas elas. A gente assim inaugura uma nova fase de compreensão da norma trabalhista, especialmente da norma administrativa. Nosso foco é criar oportunidades de trabalho e emprego. Tomamos atitudes macro, como programas da pandemia, programas de geração de emprego, que são grandes, mas por dentro a gente busca melhorar o ambiente de negócios e reduzir obrigações infundadas que colocam o Brasil em posição ruim no ranking de facilidade de empreender. É complicado descomplicar? Bruno Bianco: Há um caminho, que está sendo trilhado. O ministro (da Economia, Paulo Guedes) revogou burocracias inteiras, atos que alimen-
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tavam a máquina, que travavam o nosso dia a dia. Nosso ministério era o único da Esplanada que era absolutamente analógico. Não tínhamos processo administrativo eletrônico. Mas é difícil, há muita restrição, as pessoas vivem e se alimentam da burocracia. Nosso governo é focado em combate à corrupção, e muitas vezes a corrupção foi alimentada pelo excesso de burocracia, em impor dificuldades para vender facilidades. Somos servidores públicos e como tal servimos ao público, e não temos que impor restrições ou obstáculos ao público. Obviamente o povo tem que cumprir algumas obrigações, mas elas têm que ser palatáveis, têm que ser cumpríveis. Além da burocracia, os empreendedores se ressentem do alto custo de contratação. Bruno Bianco: Depois de muito diagnóstico, de uma maneira muito simples, posso dizer que nós temos três problemas. O primeiro é a burocracia e a insegurança jurídica, que estão juntas, que atacamos com o Descomplica. Depois há o custo do emprego: o brasileiro tem pouca qualificação e o salário mínimo faz com que muitas vezes,
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Entrevista: BRUNO BIANCO agregando o custo de contratação, a pessoa seja pouco atrativa. Isso leva ao terceiro flanco, que é a baixa qualificação. Precisamos baixar o custo e aumentar a qualificação. Como é a experiência de trabalhar com várias áreas antes separadas dentro do Ministério da Economia? Bruno Bianco: Foi um ganho muito grande para nós. Em primeiro lugar, tratamos previdência e trabalho juntos, que no passado não estavam. São temas muito ligados a economia, e passaram a ser tratados em conjunto com a economia. Temos a convicção de ser o setor privado que gera empregos. Então não adianta pensar em programa de geração de empregos sem pensar na melhoria da economia. Como o senhor avalia o processo de retomada da economia e dos empregos? Bruno Bianco: Temos que falar em três fases. Na pré-pandemia mudamos a economia do Brasil e fizemos a reforma da previdência. Isso fez com que o Brasil pudesse passar pela pandemia de maneira mais simples do que se não tivéssemos tido ano anterior de boas práticas econômicas. Na pandemia nosso caminho foi bem-sucedido, muito diferente de outros países. Preservamos empregos, empresas e empresários. O Brasil contrata muito devagar, e se tivéssemos perdido muitos empregos e empresas, a retomada seria muito difícil. Criamos dois benefícios, o Auxílio Emergencial e o Benefício Emergencial. O Auxílio manteve a demanda em dia, as empresas continuaram trabalhando e as pessoas consumindo. O Benefício Emergencial pagou folha, e o empresário conseguiu ficar vivo. Conseguimos então chegar em terceiro momento, o de retomada, com todo mundo com dificuldades, com pequenas sequelas, mas vivos. Este é um diferencial maravilhoso, assim é mais fácil retomar. Considerando o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), tivemos o melhor agosto dos últimos dez anos, com a criação de 259 mil vagas de trabalho. A indústria está se reerguendo, as notas fiscais estão em movimento quase normal, as perspectivas são as melhores possíveis. A recuperação do emprego depende da continuidade dos benefícios concedidos na pandemia? Bruno Bianco: Não depende. Dependeu em momento de crise. Quem gera emprego é o empresário, não é o Governo. Nós precisamos criar o ambiente. Durante a pandemia criamos o ambiente com os auxílios emergenciais. Agora não. Agora é fazer com que a economia ande com as próprias pernas, fazer com que o empresário contrate, e para isso a economia tem que voar. O Governo vai criar mecanismos para termos uma retomada econômica, e a retomada de empregos vem a reboque, não é o Governo que vai gerar. Na pandemia o Governo se deparou com a alta taxa de trabalho infor-
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mal. Como o senhor avalia este quadro da situação do trabalho? Bruno Bianco: Passamos muitos anos discutindo direitos trabalhistas e inviabilizando mudanças na CLT, o que é algo defensável. Mas governos passados ignoravam que muitas pessoas sequer tinham contrato com a CLT. Discutíamos direitos de pessoas que estavam muito acima daquelas que sequer chegavam a ter um contrato. Isso é muito ruim. Com o Auxílio Emergencial percebemos que essas pessoas que chegaram a ter os rendimentos cessados não tinham proteção previdenciária e trabalhista e nunca se valeram do Estado, não recebiam benefícios assistenciais. Estavam em um limbo. É o pessoal que chamamos de invisível, o guerreiro. Aquele cara que vende marmita na porta da empresa, que faz o salgadinho em casa, que nunca se formalizou, não paga imposto, o que é uma pena para nós também. A ideia é tentar trazer essas pessoas para dentro do mercado. Não precisa ser o mercado formal, mas dar uma certa formalização para elas. E jogar um foco de luz, de uma vez por todas, nas pessoas que não têm proteção. Precisamos ajudá-las para que subam a rampa de ascensão social e possam ter proteção trabalhista e previdenciária.
Não retrocedendo no direito do trabalhador, nunca negociando sua saúde e segurança, mas acabando com coisas absurdas, com normativas que eram feitas para se criar cada vez mais burocracia.
Texto: CNI
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O pinião Opinião INCENTIVO ÀS FLORESTAS PLANTADAS
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anta Catarina tem uma condição diferenciada para plantio de florestas, que são a base de uma importante cadeia industrial em segmentos como madeira, móveis, papel e celulose. Nas últimas décadas o setor se modernizou e hoje, além de postos de trabalho, riquezas, impostos e prosperidade, gera sustentabilidade, com o fomento da silvicultura. Ao garantir matéria-prima de qualidade para a indústria de base florestal, a atividade reduz a pressão sobre as florestas nativas. Tanto é que a preservação da Mata Atlântica tem avançado em solo catarinense nos últimos anos.
Por Mario Cezar de Aguiar, Presidente da FIESC
Além da presença de empresas de classe mundial, a competitividade do setor também tem direta relação com o rápido crescimento de espécies, especialmente o pinus, que se adaptaram de maneira singular ao solo e ao clima catarinenses. A silvicultura, que se expandiu ao longo das últimas décadas, assegura o insumo necessário para manter essa engrenagem em movimento. As áreas de reflorestamento passaram de 128 mil hectares em 1970 para 918 mil hectares em 2017, conforme a Epagri, o que está alinhado com as políticas internacionais de sustentabilidade e sequestro de carbono. Embora as condições para o plantio de árvores sejam únicas no estado, a maturação do investimento leva anos. Por isso, as lideranças estaduais precisam estar atentas, para que áreas de floresta não sejam ocupadas por outras culturas agrícolas, com retorno mais rápido, desarticulando a cadeia produtiva de base florestal. Políticas de estímulo à silvicultura são necessárias. Uma alternativa pode ser a criação de fundos de investimento que apliquem no setor, remunerando os produtores enquanto as árvores se desenvolvem, evitando problemas com capital de giro durante o cultivo. Argumentos para avançar nessa discussão não faltam: estamos falando de mais de 5 mil empresas e quase 90 mil empregos diretos nos segmentos papel, celulose, madeira e móveis em Santa Catarina, além de embarques de US$ 1,4 bilhão no ano passado. Os números mostram que a madeira, que deu origem à industrialização catarinense, ainda é fundamental para nossa economia e seguirá ocupando papel central no desenvolvimento do estado. Bastam políticas inteligentes e ação.
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O pinião Opinião A PRIVATIZAÇÃO OU DESESTATIZAÇÃO DO PORTO DE ITAJAÍ
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Por: Christian Neumann O autor é graduado em Comércio Exterior e especializado em Negócios Internacionais. Atua na área de armazenagem, importação, exportação, logística e operações portuárias. É coordenador do Núcleo de Comércio Exterior da Associação Empresarial de Itajaí, professor de graduação e pós-graduação nos cursos de Logística Internacional, Comércio Exterior e Gestão Portuária.
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á há algum tempo que o assunto vem sendo discutido. Seja por sua importância para a econômica do estado, seja pelo longo processo que a Desestatização requer. Mas seria Desestatização ou privatização do Porto de Itajaí? Traduzindo de uma forma mais simples, a diferença entre desestatização e privatização. Na privatização, ocorre a venda definitiva da estatal para a empresa privada. Já na desestatização, temos uma transferência temporária de um direito de exploração. Somente para podermos relembrar, Portos Públicos são aqueles que pertencem à União e podem ser disponibilizados para o uso privado, desde que haja instrumento legal de destinação e cessão. No caso de Itajaí, o Governo Federal delegou ao município o porto organizado em convênio firmado em 1998 por um prazo de 25 anos podendo ser renovado por igual período. O primeiro período vence em 2023. Porém o Governo Federal, resolveu acelerar volume de desestatização de portos no Brasil. O porto de Itajaí foi qualificado por meio da Resolução nº 121, de 10/06/2020, durante 13ª reunião do Conselho de Programa de Parcerias de Investimentos. O objetivo do Governo é o de promover a desestatização do Porto Organizado de Itajaí e dos serviços públicos portuários a este relacionados, com vistas a modernizar a gestão portuária, atrair investimentos e melhorar a operação do setor. Segundo o Ministro Tarcísio, o Brasil tem grandes características para atrair investidores privados. E vem cobrando agilidade na estruturação dos projetos. “Essas desestatizações são prioridades absolutas para o Ministério da Infraestrutura.” Segundo a EPL - Empresa de Planejamento e Logística, o EVTEA - Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do Porto de Itajaí devem ficar prontos no terceiro trimestre de 2021. Após esta etapa, o estudo vai para consulta pública, e em seguida, para a análise do TCU - Tribunal de Contas da União. Após esta etapa, ocorre o leilão para a escolha da concessionária. A expectativa é que ocorra o leilão ainda no segundo semestre de 2022. “O porto de Itajaí tem considerável relevância no cenário nacional, já que está estrategicamente localizado próximo às principais rodovias da Região Sul do país, a BR101 e a BR470”, diz a Secretaria-Geral da Presidência sobre a inclusão do Porto de Itajaí no PPI. O Autoridade Portuária tem expectativa de que modelo de gestão do Complexo Portuário, possa continuar com o controle das decisões estratégicas, principalmente aquelas de maior impacto na relação cidade-porto e passaria o controle total da operação para o concessionário. Cabe lembrar que o Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes é o segundo maior do Brasil, com quase 1,284 milhões de TEU´s nos últimos doze meses e cerca de 12% do total movimentado no país. Gera mais de 4,9 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. Além da movimentação econômica da região. Mas para continuar figurando entre os principais portos da américa latina, precisa de investimentos constantes. Temos ainda a segunda fase da bacia de evolução para navios de 400 metros, melhoria na infraestrutura de acesso e ampliação da área retro-portuária. E estes são os investimentos da iniciativa privada que o governo busca nos leilões de desestatizações.
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O pinião Opinião A importância da Certificação OEA no Vale do Itajaí: benefícios dos profissionais certificados
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economia de Santa Catarina contribui de forma efetiva para a geração de riqueza do país. A contribuição de seus setores produtivos permite colocá-la entre as principais economias do Brasil. Com relação a este cenário, destaca-se o comércio exterior catarinense. As oportunidades para quem está por perto de um porto como o de Itajaí e de Navegantes são muitas, ainda mais se as atividades forem relacionadas ao comércio exterior e aos trâmites logísticos.
A magnitude dos Portos de Itajaí e Navegantes
Por: Nathalie Fontana Voog Assessoria Empresarial Telefone: (47) 99923-3747 ou (47) 99913-0815 Site: www.assessoriavoog.com.br e-mail: contato@assessoriavoog.com.br Instagram: @voog_assessoria LinkedIn: voog-assessoria-empresarial
É sabido que as regiões portuárias ganham importância econômica, uma vez que por ali transitam as mercadorias e as pessoas que fazem a logística portuária girar. A Superintendência do Porto de Itajaí divulgou no último dia 18 de novembro que a movimentação no mês de outubro deste ano foi histórica: “Comparando a movimentação mês que tínhamos em 2016, que era de 16 mil TEUs e foi a nossa pior movimentação, com os dados de outubro temos um crescimento de 225%, nenhum porto brasileiro cresceu tanto” destaca o Superintendente do Porto de Itajaí, Marcelo Werner Salles. Somando-se a esta movimentação, o Porto de Navegantes completou 13 anos em atuação. O tamanho da operação no terminal privado pode ser medido com o impacto na economia local: cerca de 45% do total arrecadado em Imposto Sobre Serviço (ISS) pela Prefeitura Municipal de Navegantes são gerados pela Portonave (empresa administradora do Porto). O Operador Econômico Autorizado O Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado surgiu de uma estratégia proposta pela OMA (Organização Mundial das Aduanas) para certificar os participantes da cadeia logística internacional. Na prática, quando uma empresa recebe o Certificado OEA, o mercado a reconhece como idônea, atuando dentro da legislação vigente. Muitas empresas podem buscar esta certificação: exportadoras, importadoras, depositárias, transportadores, despachantes aduaneiros - todos que participam das operações comerciais ou das operações logísticas do comércio exterior. Os principais benefícios para quem recebe o Certificado são: - a simplificação e agilização de procedimentos aduaneiros, reduzindo o percentual de cargas para conferência; - o processamento prioritário das cargas que forem conferidas; - canais de comunicação específicos com a Receita Federal; - a listagem do nome da empresa no site da Receita Federal, junto aos demais certificados. Além disso, o Brasil vem implementando Acordos de Reconhecimento Mútuo, nos quais os outros países que também aplicam programas de OEA validam os certificados brasileiros para as tramitações locais. Existem assessorias especializadas para encaminhar esta certificação para sua empresa - e esse pode ser um excelente caminho para o reconhecimento do seu trabalho.
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PORTOS E TERMINAIS
Portonave tem melhor mês
em movimentação da sua história
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Porto de Navegantes registrou o melhor mês em movimentação de contêineres em seus 13 anos de operação, com 93.897 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). O total movimentado no acumulado do ano é de 798.504, o que representa um crescimento de 16,7% se comparado ao igual período de 2019. Falando em números, a Portonave fechou o mês de novembro com o recebimento de 39.707 caminhões, uma média de 1.588 por dia. No último mês, o Terminal bateu quatro dias acima de 2 mil caminhões, chegando a registrar 2.211 veículos no dia 19. E, mesmo com tantos movimentos, o tempo médio de permanência – considerando entrada, carga ou descarga do contêiner e saída – foi de 23 minutos em novembro. O resultado do Porto de Navegantes é reflexo de uma somatória de fatores, puxados pela retomada do crescimento econômico – o PIB do Brasil no terceiro trimestre fechou em +7,7%. Mesmo
com o cenário da pandemia mundial, o setor portuário não parou e se mostrou essencial, tanto para o abastecimento das indústrias e insumos para o consumo interno, quanto para o envio de produtos e matérias-primas para outros países. As importações, que no início da pandemia até a metade do ano tiveram queda, se recuperaram nos últimos meses. As exportações, destaque por causa do câmbio favorável, representaram 35% da movimentação de novembro do porto. O recebimento de seis escalas extras de navios no último mês também contribuiu para o incremento da movimentação. A conclusão da primeira fase da Nova Bacia de Evolução, que possibilita aos portos de Itajaí e Navegantes receber navios com até 350 metros de comprimento, foi um dos fatores que colaborou com o crescimento da movimentação também. Desde maio, mais de 40 navios com mais de 306m giraram no novo espaço de manobras. Um trabalho que uniu esforços da Autoridade Portuária, Marinha, Praticagem e Governo do Estado para ser executado.
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PORTOS E TERMINAIS
Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes registra números históricos em 2020 Em três anos e meio, aumento foi de 225% na movimentação de contêineres no Porto de Itajaí
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movimentação registrada no Porto de Itajaí (berços públicos e APM Terminals) no mês de outubro alcançou índices históricos. Desde de 2013 o porto não movimentava um número tão expressivo de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) passando de 39.103 TEUs em outubro de 2019 para 52.185 em 2020, obtendo um aumento de 33%. A movimentação de tonelagem também alcançou índices positivos. No mesmo período do ano anterior foram movimentadas 433.475 toneladas contra 565.311 toneladas em 2020, registrando um crescimento de 30%. “Comparando a movimentação mês que tínhamos em 2016, que era de 16 mil TEUs e foi a nossa pior movimentação, com os dados de outubro temos um crescimento de 225%, nenhum porto brasileiro cresceu tanto” destaca o Superintendente do Porto de Itajaí, Engº Marcelo Werner Salles. Para Salles, o empenho de toda a comunidade portuária de Itajaí fez a diferença para que o porto alcançasse esses resultados: “Eu fico muito feliz em ver que o trabalho realizado nesses últimos três anos e onze meses possa ser demonstrado em números. Iniciamos essa ges-
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tão muito desacreditados, foi muito difícil, mas com a ajuda de toda nossa comunidade portuária, que foi fundamental, e com muito planejamento conseguimos recuperar o porto e alcançar esses números. E isso é muito bonito, pontua Salles”. Nas escalas, outubro também registrou seu melhor mês deste ano, com 39 navios atracados. “Os números não enganam! Se olharmos para o passado, seja lá em 2007, ou durante a enchente de 2008, até mesmo em 2013, ou no início de nossa atual gestão, neste governo, ao qual são todos pontos de referência que temos, nós estamos apresentando números cada vez mais expressivos do crescimento do nosso porto, seja na movimentação de contêineres, toneladas ou escalas de navios atracados, e da mesma forma um crescimento no complexo portuário num todo, afirmamos que o porto de Itajaí, mesmo sendo um porto pequeno porte, mas grande na movimentação, tudo o que se investe nele, demonstra resultados positivos, pois corresponde toda a sua capacidade operacional, visando ainda neste momento um processo que já está sendo evidenciado quanto ao projeto e estudos de concessão, possibilitando com isso a instalação de novos equipamentos
PORTOS E TERMINAIS muito mais modernos, ampliação de áreas, novas linhas, temos sem dúvida as melhores perspectivas para o nosso porto projetando um futuro melhor”, destacou o Prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni. Em 2020, mesmo com a pandemia do Covid-19, a questão cambial e sem registros de operações Roll-On/Roll-Off, o Porto de Itajaí demonstrou avanços significativos e números históricos. “Apesar dessas condições adversas, o Porto de Itajaí tem tido um ano muito positivo, e esperamos nos próximos meses manter esse crescimento encerrando 2020 com essa média de 14% a 15% de crescimento”, ressalta Heder Cassiano Moritz, Diretor Geral de Operações Logísticas da Superintendência do Porto de Itajaí. Ele reforça que a movimentação apresentada nesse ano tem superado os números esperados a três anos atrás, quando obras, como a nova Bacia de Evolução, precisavam ainda ser concluídas. Índice histórico para o Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes Em outubro o Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes registrou a movimentação de 129.311 TEUs e 1.431.200 toneladas. Desde 2013 o Complexo não registrava uma movimentação tão positiva. Um salto de 17% na movimentação de TEUs e 15% na tonelagem, no comparativo ao mesmo período do ano passado, em que foram mo-
vimentados 110.072 TEUs e 1.245.222 toneladas. “Os números positivos que observamos na margem direita também pode ser sentida no complexo. No acumulado do ano temos um crescimento de 12% em relação a 2019 e projetamos um crescimento de 13% para o encerramento do ano”, completa Héder. A Portonave registrou 47 escalas com movimentação de 852.085 toneladas e 77.146 TEUs, crescimento de 7% e 9%, respectivamente, no comparativo ao mesmo período do ano passado em que foram movimentados 797.450 toneladas e 70.969 TEUs. No Teporti foram realizadas três escalas, com movimentação de 7.800 toneladas; na Poly Terminais uma escala com movimentação de 6.004 toneladas; na Barra do Rio e Braskarne não foram registradas escalas em outubro. Em outubro a exportação manteve-se com principal sentido das cargas, correspondendo a 63% das cargas em contêineres movimentadas. Os principais produtos exportados foram: frango, carnes e madeiras e derivados, com destaque para as carnes que apresentaram crescimento de 51,8% na movimentação em relação a outubro de 2019. As importações corresponderam a 37% do sentido das cargas, sendo mecânicos e eletrônicos, produtos químicos e têxteis e diversos os principais produtos importados. Os produtos químicos apresentaram um aumento de 80,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
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PORTOS E TERMINAIS
Porto Itapoá é destaque no Prêmio Ser Humano da ABRH-SC com três cases premiados, sendo dois deles na 1ª colocação
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Porto Itapoá comemora a tripla conquista no 11º Prêmio Ser Humano SC, da ABRH SC (Associação Brasileira de Recursos Humanos – Santa Catarina). Concorrendo em três categorias, o Terminal foi premiado em todas e conquistou o primeiro lugar em duas: Gestão de Pessoas Administração e Gestão de Pessoas Desenvolvimento. Na categoria Sustentabilidade, ficou entre as melhores práticas. A premiação da ABRH SC reconhece estudantes, profissionais e empresas públicas e privadas que tenham contribuído de forma relevante para a evolução da prática de Gestão de Pessoas, visando promover o desenvolvimento humano e das organizações. Conheça os projetos do Porto Itapoá que foram premiados:
COMO ESTRUTURAR O PROCESSO DE MUDANÇA DE JORNADA DE TRABALHO COM FOCO EM PESSOAS 1º Lugar na Categoria Gestão de Pessoas Administração O Porto Itapoá realizou uma das mais significativas mudanças na empresa: a troca da jornada de trabalho de quantidade expressiva dos colaboradores. O impacto direto foi em 656 colaboradores, 71% do quadro total da empresa, e em suas famílias. Com esta mudança o Terminal atingiu uma significativa melhora na performance operacional. A iniciativa partiu de uma estratégia de comparação com padrão do mercado, como performance, melhora na produtividade de operação, melhora no processo de manutenção e menor troca de operadores em rendição, ou seja, otimização da mão de obra. Para a condução desta mudança, foi utilizada a metodologia PCI® People-Centred Implementation (implementação centrada em pessoas). A mudança da jornada não só impactaria nos processos internos da empresa, mas também diretamente na vida do colaborador. Com a aplicação da metodologia, foi possível considerar aspectos importantes e minimizar esses impactos.
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PLANO DE SUCESSÃO: ESCOLHAS DE SUCESSO 1º Lugar na Categoria Gestão de Pessoas Desenvolvimento O plano de sucessão tem como propósito o planejamento e a preparação dos profissionais para o futuro, com intuito de garantir a continuidade dos negócios e a permanência dos profissionais que geram valor para a empresa e gerar agilidade ao processo de reposição. A metodologia utilizada inclui o mapeamento de cargos, desenvolvimento do mapa de sucessão, diagnóstico de perfil do sucessor, avaliação de competências para o cargo atual e cargo a ser sucedido e plano de desenvolvimento do sucessor. Com a implantação do programa de sucessão foi possível substituir, com muita rapidez, os cargos de gestão que em geral são os mais críticos da organização, sem causar prejuízos ao negócio. O resultado de maior relevância no processo sucessório na experiência do Porto Itapoá foi manter e até melhorar os resultados financeiros e de desempenho comprovados pelo EBITDA e pesquisa de engajamento. ITAPOÁ SEMPRE VERDE Entre os melhores na Categoria Sustentabilidade O projeto Itapoá Sempre Verde conta com duas vertentes de atuação para manter a cidade sempre verde. Uma delas é com o Viveiro Florestal Educador mantido pelo Porto Itapoá na Reserva Natural de Preservação da Natureza (RPPN) Padre Piet Van der Aart, que compensou em 10 vezes a área para a ampliação do Terminal e que, associada à RPPN Reserva Volta Velha, tornou-se uma das maiores reservas particulares de Santa Catarina e do país e um importante ativo ambiental de Itapoá. No local são realizadas atividades de interação da Mata Atlântica, plantio de mudas de árvores nativas e
atividades de educação ambiental. A outra vertente busca valorizar os conhecimentos tradicionais com o Curso de Produção e Comercialização de Plantas Alimentícias e Medicinais. Entre as atividades do curso estão a troca de experiências, a geração de renda com a produção local e a compostagem doméstica. Pelos resultados do Projeto Itapoá Sempre Verde, o Porto Itapoá já havia conquistado também o Prêmio Fritz Müller 2019, realizado pelo Instituto de Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA), e o Prêmio Empresa Cidadã, promovido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB/SC). Sobre o Porto Itapoá O Porto Itapoá iniciou suas operações em junho de 2011, sendo considerado um dos terminais mais ágeis, eficientes e sustentáveis da América Latina e um dos maiores e mais importantes do País na movimentação de cargas conteinerizadas, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). De administração privada, possui uma estrutura capaz de movimentar 1,2 milhão de TEUs por ano e está rumo a fase final de sua expansão que possibilitará a movimentação de 2 milhões de TEUs anualmente. Situado no litoral norte de Santa Catarina, o Porto Itapoá está posicionado entre as regiões mais produtivas do Brasil, contemplando importadores e exportadores de diversos segmentos empresariais. Sua localização privilegiada, na Baía da Babitonga, proporciona condições seguras e facilitadas para a atracação dos navios. Com águas calmas e profundas, a Baía é ideal para receber embarcações de grande porte, uma tendência cada vez mais adotada na navegação mundial.
O Porto Itapoá está na rota dos grandes navios Terminal recebeu o navio Kota Pusaka, um dos maiores a operar em águas brasileiras Um dos maiores navios de contêineres, em capacidade, atracou no Porto Itapoá. O navio Kota Pusaka, do armador PIL, tem capacidade para armazenar até 12 mil TEUs e é um dos maiores a operar em águas brasileiras. Com 330 metros de comprimento, e 48,2 de largura, a embarcação que possui bandeira de Hong Kong operou por cerca de 8 horas no Terminal, movimentando mais de 1500 contêineres, sendo 1000 apenas de importação. Baía da Babitonga é o estuário dos grandes navios O maior navio a atracar no Porto Itapoá foi o Hyundai Loyalty, com 340 metros de comprimento e 45 de largura, com capacidade de armazenamento de 8.600 TEUs. Desde então, a presença das grandes embarcações é comum no Porto Itapoá. As embarcações acima de 300 metros de comprimento já correspondem a mais de 50% da operação do Terminal, incluindo operações e manobras simultâneas no canal de acesso para essas embarcações.
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EXPORTAÇÃO • IMPORTAÇÃO Economia&Negócios • Edição DEZEMBRO/2020 • 19
Setor portuário movimentará mais de R$ 30 bi em investimentos até 2022 Portos públicos brasileiros com os melhores índices de desempenho em suas gestões foram premiados pelo Governo Federal
O
ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, participou do encerramento do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária – Brasil Export, realizado em Brasília. O ministro destacou os avanços do setor portuário no Brasil, que subiu 13 posições no ranking de modais do Fórum Econômico Mundial. Na ocasião, foram anunciados os vencedores do prêmio “Portos + Brasil”. “Apesar do ano difícil, o setor de Portos mostrou uma resiliência impressionante em 2020. Galgamos posições importantes no ranking de eficiência mundial do segmento e registramos movimentações recordes nos portos brasileiros. Hoje, celebramos a meritocracia”, declarou Tarcísio. Ele destacou, ainda, que o setor irá movimentar cerca de R$ 30 bilhões em investimentos até 2022 com a realização de mais de 30 leilões e 68 contratos de adesão para terminais portuários. Tarcísio também registrou que o projeto BR do Mar, aprovado na Câmara dos Deputados, será um braço auxiliar na atração de investimentos privados para o setor de cabotagem, favorecendo a concorrência e produtividade no segmento. PREMIAÇÃO Pela primeira vez, os portos públicos brasileiros com os melhores índices de desempenho em suas gestões foram premiados pelo Governo
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Federal com o “Portos + Brasil”, criado pelo MInfra. Esta primeira edição avaliou os melhores portos do país, com base no Índice de Gestão das Autoridades Portuárias (IGAP). “A intenção do governo é estimular a busca permanente de excelência na gestão dos portos públicos do Brasil”, avaliou o secretário nacional Diogo Piloni, titular da SNPTA do MInfra. A iniciativa faz parte das diretrizes previstas na Portaria MTPA n° 574/18, que garante mais autonomia às autoridades portuárias nos procedimentos licitatórios, além de maximizar a descentralização da administração dos portos organizados. A portaria permite, ainda, que o ministério identifique quais autoridades portuárias vêm adotando as melhores práticas de mercado, de gestão e governança, de transparência e que possuam boa estrutura organizacional, física e quadro funcional adequado à exploração portuária. Na cerimônia foram premiados os portos que tiverem a melhor nota na execução dos investimentos planejados, no crescimento da movimentação, na variação da margem EBTIDA e no ranking IGAP. O indicador avalia o nível de eficiência operacional, de eficiência administrativa, de manutenção de acessos aquaviários, de execução orçamentária de investimento, dentre outros. Confira os vencedores da disputa.
ATRASO DE OBRA – É POSSÍVEL CONGELAR A CORREÇÃO DO SALDO DEVEDOR? PEDRO HENRIQUE ALMEIDA DA SILVA OAB/SC 40.495 Sócio do Silva & Silva Advogados Associados e especialista em estruturação de negócios e contratos complexos.
A
correção monetária proporciona o equilíbrio financeiro das relações jurídicas, eis que o decurso do tempo acarreta em volatilidade entre os preços de bens de consumo e outras moedas que circulam em outros países. Em se tratando da construção civil, os indexadores que comumente entram em cena durante a fase de obras são: CUB (Custo Unitário Básico) e o INCC (Índice Nacional da Construção Civil). Ressalte-se que tais índices são aplicáveis às parcelas vincendas de contratos de compra e venda de bens imóveis na planta, considerando que os imóveis prontos ficam submetidos a outros indexadores e até mesmo aos juros remuneratórios pós obra. Em continuidade, por mais que a correção se preste a gerar um compasso entre o custo de obra e o saldo vincendo devido pelo imóvel, há algumas indagações sobre a legalidade da correção do saldo devedor de imóveis sob os quais recaia atraso na entrega. Ou seja, se o imóvel deveria ter sido entregue em junho mas já se passaram 06 (seis) meses, é devida a correção do preço de junho em diante? Enveredando na questão, o Superior Tribunal de Justiça se manifestou da seguinte forma no julgamento do Recurso Especial nº 1.729.593:
O descumprimento do prazo de entrega do imóvel computado o período de tolerância faz cessar a incidência de correção monetária sobre o saldo devedor com base em indexador setorial, que reflete o custo da construção civil, o qual deverá ser substituído pelo IPCA, salvo quando este último for mais gravoso ao consumidor. Buscando entender a posição, tem-se que o adquirente não pode ser lesado pela privação do uso do bem, eis que os índices setoriais possuem média histórica superior à inflação oficial. No entanto, tal lesão não seria suficiente para simplesmente estancar qualquer tipo de correção, pois tal hipótese acarretaria em demasiado prejuízo do incorporador. Deste modo, prevalecem atualmente as seguintes premissas: a) O saldo do preço deve ser corrigido, contudo, sem que seja por índices setoriais (CUB ou INCC). b) O preço deve ser corrigido pelo IPCA (Índice oficial da inflação), desde o início do atraso até a efetiva entrega do imóvel, desde que a troca do índice represente benefício ao adquirente.
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Economia&Negócios • Edição DEZEMBRO/2020 • 21
Infraestrutura de SC demanda investimentos de R$ 20 bi Apresentado estudo elenca as demandas e os respectivos investimentos para a melhoria da competitividade do estado
É
de R$ 19,9 bilhões o valor estimado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) de investimentos necessários nos próximos quatro anos para garantir competitividade padrão mundial à economia catarinense. A informação consta no documento Agenda Estratégica para Infraestrutura e a Logística Catarinense 2021, lançado em evento on-line a partir da sede da entidade. A necessidade de investimento anual é estimada em R$ 4,97 bilhões. “A agenda é o documento em que nós elencamos todas as demandas com respectivos investimentos para melhoria da infraestrutura de Santa Catarina”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. “As deficiências da infraestrutura têm sido um problema recorrente e têm tirado a competitividade da nossa produção, por isso, precisamos rapidamente melhorá-la para que nossa cadeia produtiva possa se desenvolver cada vez mais”, completa. Do total estimado, R$ 15,7 bilhões (R$ 3,92 bi/ano) devem ser dedicados ao modal rodoviário. O setor aquaviário demanda R$ 1,54 bilhão (R$ 385,2 mi/ano); o aeroviário requer investimentos de R$ 1,3 bi no quadriênio 2021-2024 e o ferroviário, R$ 981,7 milhões no mesmo período. A novidade da agenda lançada este ano foi a inclusão do segmento dutoviário, cuja estimativa de investimentos em quatro anos é de R$ 400 milhões. “A indústria de Santa Catarina tem hoje um consumo de 2,1 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, embora tenha uma limitação de fornecimento de 2 milhões de metros cúbicos”, explica o presidente da FIESC. “Há uma expectativa para que se assine brevemente a autorização para a construção de uma usina de regaseificação na Baía da Babitonga. É uma matriz
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A agenda é o documento em que nós elencamos todas as demandas com respectivos investimentos para melhoria da infraestrutura de Santa Catarina
Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC
energética importante e temos que fortalecer o fornecimento desse tipo de insumo”, acrescenta. No plano das esferas de investimentos, o setor privado tem a maior fatia, de R$ 8,6 bilhões no quadriênio ou R$ 2,15/ano. Ao governo federal cabem R$ 5,9 bilhões (R$ 1,47 bi/ano), à esfera estadual, R$ 5,2 bi (R$ 1,3 bi/ano). Os governos municipais devem investir R$ 200 milhões, ou R$ 50 milhões por ano. A agenda estratégica, que é atualizada a cada ano, considera as necessidades de investimentos a partir das demandas focadas no transporte de pessoas e cargas, de acordo com as demandas econômicas, que incluem o turismo. “Um exemplo é o planejamento da BR 101 do futuro, que demanda diversas obras, inclusive outros contornos viários, além daquele em obras na Grande Florianópolis”, explica Egídio Antônio Martorano, secretário da Câmara de Transporte e Logística da FIESC e que coordenou a elaboração do estudo. A agenda tem por base os aspectos de planejamento, investimento, política e gestão. Em sua elaboração, o estudo passou por críticas e atualizações de órgãos
parceiros da FIESC, como a seção catarinense do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O trabalho apresenta diversas sugestões de investimentos estratégicos. Um deles é a modernização da SC 108, uma rodovia estadual de 472 km, de traçado norte a sul de Santa Catarina, paralela à BR 101 e que conecta os três Estados da Região Sul do país. Outro exemplo é a SC 283, também estadual e que tem 237 quilômetros entre Concórdia e Itapiranga (passando por Seara, Chapecó, entre outras), no Oeste do Estado, paralela à BR 282. Um terceiro caso é a concessão integrada do intitulado Eixo Rodoviário Estratégico de Santa Catarina, que envolve as BR’s 163, 282 e 470 e passaria a incorporar a SC 110 ou a SC 108. “A FIESC defende adefinição dos Corredores Logísticos Estratégicos, com planejamento sistêmico e integrado dos diversos projetos previstos conjuntamente e com uma única gestão”, explicou Martorano. Desta forma, os projetos podem unificar diferentes modais ou conjuntos de rodovias, independentemente de serem ligadas à esfera estadual, federal ou mesmo municipal.
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BR 282 + eficiente e segura No evento, a FIESC também informou que contratou um estudo, a ser realizado no início de 2021 para o projeto intitulado “BR 282 + Segura e Eficiente”, para melhorias na rodovia no trecho entre os entroncamentos com as BRs 101 (em Palhoça) e 470 (em Campos Novos). “Nesse estudo, vamos identificar os gargalos e as soluções quantificando esses investimentos para que se possa melhorar não só a trafegabilidade, mas também a segurança”, frisou Aguiar. O estudo deve identificar os gargalos e suas soluções, especialmente para a execução de terceira faixas, que elevarão a segurança e a média de velocidade, em especial nas regiões de serra, onde muitas vezes caminhões carregados retêm o trânsito, formando longas filas e atrasando a viagem de muitos motoristas. Os investimentos podem ser obtidos por meio de concessão ou com sua inclusão na Lei Orçamentária Anual (LOA). O superintendente Regional do DNIT em Santa Catarina, Ronaldo Carioni, explicou que o trecho na região de Santo Amaro da Imperatriz requer a construção de um contorno viário, incluindo um túnel. Entre os quilômetros 28 e 223, o DNIT identificou a possibilidade de execução imediata de 16 quilômetros de terceira faixa, ao custo de aproximadamente R$ 30 milhões. Segundo o superintendente, esses 16 quilômetros são os considerados mais baratos. “Esses 16 km podem parecer pouco, mas farão muita diferença se forem bem distribuídos”, disse o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jean Coelho. No seu entendimento, a realização de um maior número de segmentos, mesmo que de menor extensão, terá melhor impacto na segurança da rodovia e eficiência das viagens. Para ele, outra medida relevante para elevar segurança e eficiência é a melhoria da aderência do pavimento, principalmente nas curvas.
Portos A apresentação também dedicou espaço para o debate da agenda dos portos, com a participação de Marcelo Werner Salles, superintendente do Porto de Itajaí; Osmari de Castilho Ribas, diretor superintendente da PortoNave, e Cássio José Schreiner, presidente do Porto de Itapoá. Eles apresentaram os projetos e demandas dos portos que dirigem e a situação da ampliação da Bacia de Evolução do Rio Itajaí e dos acessos da Baía da Babitonga. 24 • Edição DEZEMBRO/2020 • Economia&Negócios
Cabotagem A apresentação da agenda também contou com a abordagem de propostas para o transporte via cabotagem - transporte marítimo dentro do território nacional. Dino Antunes Dias Batista, diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias, da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, apresentou medidas que vêm sendo adotadas para fortalecer a cabotagem no Brasil. “A cabotagem é uma BR marítima”, disse, ao explicar o conjunto de medidas que integram projeto de lei proposto pelo governo. “Trata-se de um rol de propostas que facilitam o fretamento de embarcações, permitindo que novas empresas comecem a operar no mercado de cabotagem, mesmo sem ter embarcações próprias. O objetivo é baratear a logística nacional, tornando a economia mais competitiva”, destacou. Já Adison Joel Liebl, diretor-presidente do Grupo Sunorte/Liebl Transportes, apresentou sua experiência com o transporte de cargas fracionadas por meio de cabotagem. Ele explicou que os armadores exigem contêineres fechados para fazer o transporte, o que inviabiliza a operação por parte de empresas de menor porte ou para cargas que não completem um contêiner. É exatamente essa limitação que a empresa de Liebl vem superando, fornecendo o serviço para todo o estado. “É um modal que vem crescendo no país, mais sustentável, mais seguro e com menor impacto sobre a mercadoria. E se tiver incentivo do governo poderá avançar ainda mais”, afirmou Mario Cezar de Aguiar. “O caminhão é imbatível, chega até a porta da indústria, mas precisamos contemplar outras alternativas de transporte para outras distâncias. Temos que aproveitar e conhecer as potencialidades desse modal de transporte”, ressaltou o presidente da FIESC.
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Com rápida recuperação econômica, Chile e SC podem aumentar comércio bilateral Tema foi discutido durante webinar, promovida pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC)
A
rápida recuperação das economias de Santa Catarina e do Chile, mesmo durante a pandemia, pode ser um fator determinante para que o estado aumente sua corrente de negócios com aquele país da costa pacífica da América do Sul. As oportunidades de comércio e intercâmbio entre os dois territórios foram discutidas durante webinar, da série Desvendando Mercados, promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), com a presença do embaixador do Chile no Brasil, Fernando Schmidt, e de representantes de órgãos de promoção comercial do Chile e do Brasil. O presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, afirmou que a Federação das Indústrias tem um grande desejo de aumentar as relações comerciais com o Chile e observou que Santa Catarina tem se recuperado rapidamente dos impactos da pandemia na área econômica. Entre os indicadores econômicos que citou, Aguiar observou que o índice de confiança do industrial já retornou aos patamares pré-pandemia e a intenção de investir das empresas do setor já aproxima de 74%. “Pela diversidade e riqueza do Chile e pela potencialidade das indústrias de Santa Catarina temos condições de ampliar as negociações que mantemos atualmente”, afirmou Aguiar. Em sua apresentação, ele ponderou que, de janeiro a outubro de 2020, o Chile foi o sexto maior destino dos produtos catarinenses. Nesse período, Santa Catarina exportou o equivalente a 240 milhões de dólares, sendo que os principais produtos vendidos foram carnes suína e de aves, transformadores, motores e geradores elétricos. Por outro lado, é o quarto maior exportador para Santa Catarina, com o saldo de 1 bilhão de dólares. Os principais produtos desta via do fluxo comercial são cobre, peixes, minério de molibdênio e vinho. O embaixador Fernando Schmidt salientou que o “Chile está com previsão de crescimento econômico de 5% em 2021, com inflação de 2,3%
Pela diversidade e riqueza do Chile e pela potencialidade das indústrias de Santa Catarina temos condições de ampliar as negociações que mantemos atualmente
Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC 26 • Edição DEZEMBRO/2020 • Economia&Negócios
Chile está com previsão de crescimento econômico de 5% em 2021, com inflação de 2,3% e uma baixa constante dos índices de desemprego; é um cálculo conservador, feito para a elaboração do orçamento
Fernando Schmidt, embaixador do Chile
e uma baixa constante dos índices de desemprego; é um cálculo conservador, feito para a elaboração do orçamento”. Segundo ele, a pandemia deixou muitas sequelas e o país ainda não recuperou a totalidade dos empregos. “Não temos o temor de que 2021 seja mais um ano perdido”, destacou. Para ele, as economias chilena e catarinense têm muitas complementaridades. Ele citou o exemplo da carne suína, que poderia ser transformada no Chile, para chegar aos mercados asiático e australiano com tarifa zero. Maria Teresa Bustamante (presidente da Câmara de Comércio Exterior) e João Leite (chefe do Setor de Promoção Comercial da Embaixada do Brasil em Santiago), Salvatore Di-Giovanni (chefe da Unidade de Promoção de Investimentos do InvestChile, Maria Julia Riquelme (diretora Comercial do ProChile no Brasil, Fernanda Franco (representante Comercial do ProChile em Belo Horizonte) também participaram do evento.
Câmara aprova projeto de estímulo à navegação entre portos nacionais A proposta, conhecida como "BR do Mar", seguirá para o Senado
E
ntre outras medidas, o projeto libera progressivamente o uso de navios estrangeiros na navegação de cabotagem sem a obrigação de contratar a construção de embarcações em estaleiros brasileiros. A partir da publicação da futura lei, as empresas poderão afretar uma embarcação a casco nu, ou seja, alugar um navio vazio para uso na navegação de cabotagem. Foi aprovado o parecer do relator, deputado Gurgel (PSL-RJ), que aumenta de três para quatro anos o tempo de transição depois do qual o afretamento de navios estrangeiros será livre. Assim, depois de um ano da vigência da lei, poderão ser dois navios; no segundo ano de vigência, três navios; e no terceiro ano da mudança, quatro navios. Daí em diante, a quantidade será livre, observadas condições de segurança definidas em regulamento. As embarcações deverão navegar com suspensão da bandeira de origem. A bandeira do país vincula diversas obrigações legais, desde comerciais, fiscais e tributárias até as trabalhistas e ambientais. Empresas brasileiras também poderão operar com esses navios estrangeiros sem precisar contratar a construção de navios no Brasil. Outra novidade no texto do relator é a dispensa de autorização para afretar navio estrangeiro por viagem ou por tempo, a ser usada na navegação de cabotagem em
substituição a outra que esteja em reforma nos estaleiros nacionais ou estrangeiros.
fim de manter a profundidade da área fixada no edital de concessão.
Longo prazo e dragagem Duas mudanças aprovadas pelo Plenário por meio de emendas tratam de regras sobre contratos de transporte de longo prazo e uso de recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para financiar projetos de dragagem. Emenda da deputada Carla Dickson (Pros-RN) retoma trechos do texto original do projeto que haviam sido excluídos pelo relator, atribuindo ao Ministério da Infraestrutura a definição das cláusulas essenciais dos contratos de transporte de longo prazo e a tonelagem máxima que poderá ser afretada em relação às embarcações operantes com bandeira brasileira. Quanto à encomenda de navios no exterior, o Poder Executivo definirá normas para os contratos e a apresentação de garantias, assim como sobre a fiscalização e o acompanhamento de sua construção. De autoria do deputado Sérgio Souza (MDB-PR), a outra emenda aprovada direciona 10% dos recursos do FMM ao financiamento total de projetos de dragagem de portos, hidrovias e canais de navegação apresentados por arrendatários e operadores de terminais de uso privado a
Facilidades O projeto facilita a atuação de empresas brasileiras de investimento na navegação, como já ocorre internacionalmente com aviões comerciais. Devido ao alto preço, grupos econômicos geralmente vinculados a bancos compram um avião e o alugam às companhias aéreas. Com as empresas de investimento em navegação ocorre o mesmo. O texto permite a essas empresas inclusive transferir os direitos de afretamento de embarcação estrangeira por tempo determinado às empresas de navegação, que são aquelas que realmente prestam o serviço de transporte marítimo. Isso poderá ocorrer durante o período de construção de navio encomendado a estaleiro nacional e envolve navios afretados com capacidade até o dobro do navio encomendado. Outros casos de afretamento são incluídos: • para substituir, por até 36 meses, navio semelhante em construção no exterior com igual capacidade de carga ou com o dobro da capacidade se o navio estiver em construção no Brasil; • para atender exclusivamente a contrato de transporte de longo prazo; • para atender a operações de cabotagem em rotas e com cargas ainda não transportadas usualmente por até 36 meses, prorrogáveis por mais 12 meses; • para ampliar a capacidade total de transporte ofertada por grupo econômico à qual pertença a empresa afretadora, em proporção a ser definida pelo Poder Executivo. Termo de compromisso Segundo o texto, as empresas terão ainda de se submeter a inspeções periódicas pelo Comando da Marinha, que exerce as atribuições de autoridade marítima no Brasil. As empresas candidatas ao programa deverão comprovar situação regular de tributos federais e assinar um termo se comprometendo a apresentar periodicamente informações sobre expansão das atividades, melhoras na qualidade do serviço, valorização do emprego da tripulação brasileira contratada, desenvolvimento sustentável, transparência quanto aos valores dos fretes, entre outros pontos. O substitutivo aprovado especifica que normas reguladoras não poderão criar nenhuma obrigação a essas empresas além da prestação dessas informações. Se a empresa descumprir essas obrigações, perderá o direito de manter embarcação estrangeira no Brasil. Economia&Negócios • Edição DEZEMBRO/2020 • 27
Balneário Camboriú ganhará concierge turístico Espaço, dentro do PZ Ecomall, atuará como uma curadoria das melhores atividades turísticas da região
A
lém de reunir grandes marcas da gastronomia nacional, trazendo diversidade e qualidade para cidade de Balneário Camboriú, o PZ Ecomall, um espaço gastronômico com foco na sustentabilidade, também aposta na importância do turismo de qualidade para a cidade. Para isso, o empreendimento sediará um Concierge Turístico, com funcionamento das 9h às 01h. O espaço, que será inaugurado em Janeiro de 2021, na Rua 3500, esquina com Avenida Brasil, reunirá informações sobre as principais opções de diversão e entretenimento na cidade, uma das 10 mais visitadas no Brasil. “ Nosso intuito não é criar apenas uma experiência gastronômica, de arte e de arquitetura. Queremos criar uma conexão
entre todos estes pilares com o turismo, permitindo assim que todos que aproveitam a cidade com qualidade e segurança”, diz Filipe Pitz, CEO da PZ Inc. e sócio fundador do PZ Ecomall. Além disso, o espaço com um exclusivo serviço de atendimento ao turista será ponto de venda para as principais atrações da região. O PZ Ecomall contará com 10 operações gastronômicas, dentre elas as já confirmadas: Barolo Trattoria, de Curitiba, Matteo Gelato Criativo, de Cuiabá, Café Cultura, de Florianópolis, a nova Puppilo Pizza, de Itajaí e a Yellow Beer Box, de Passo Fundo e Guache Cozinha Oriental, de Itapema. O empreendimento ainda contará com espaço de arte, praça central para eventos, espaço kids e também será pet-friendly.
INPI concede primeira patente de medicamento à Univali Trabalho é resultado do trabalho de pesquisadores em Ciências Farmacêuticas A Universidade do Vale do Itajaí (Univali) obteve a concessão da primeira patente no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) de um medicamento fitoterápico a partir do extrato da Aleurites moluccana, planta conhecida como nogueira-da-índia, que possui propriedades analgésicas, antiinflamatórias e antifebril. Com isso, a Universidade recebe autorização para explorar a produção do medicamento. O trabalho realizado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (Mestrado/Doutorado) fornece uma composição farmacêutica como método de tratamento para prevenção, controle ou tratamento de afecções dolorosas, inflamatórias e febris. “Esse resultado, fruto do trabalho de muitos anos, é resposta à dedicação da pesquisa científica e universitária para contribuir com a sociedade. Nesse caso, no uso de fitoterápicos como alternativa de tratamento”, explica o reitor da Univali, e um dos pesquisadores envolvidos no projeto, Valdir Cechinel Filho. 28 • Edição DEZEMBRO/2020 • Economia&Negócios
Governo vai relançar agência Investe SC Representantes das empresas instaladas em Santa Catarina destacam as questões tributárias entre Brasil e Estados Unidos, que impactam nos negócios
O
governo de Santa Catarina relançará, em 2021, a Investe SC, agência de promoção de investimentos viabilizada por meio de parceria com a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina). A informação foi divulgada pela secretária de Relações Internacionais, Daniella Abreu, durante evento online promovido pela Amcham Joinville (Câmara Americana de Comércio) e o Consulado Geral dos Estados Unidos em Porto Alegre. O Investe SC terá novo formato com suporte a investidores, e, de acordo com a secretária, vem para esclarecer opções de investimentos, entender o interesse do investidor e acompanhar a instalação de novas empresas no estado. Daniella afirmou ainda que Santa Catarina tem muitas lacunas em estruturação de projetos de infraestrutura. Segundo ela, hoje são cinco projetos pequenos estruturados no estado, e o governo está aberto a acolher o apoio de organismos que possam ajudar a evoluir na formatação de projetos. No encontro, Rodrigo Mota, da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos EUA, se colocou à disposição para estruturação. De acordo com Mota, o órgão já apoiou mais de 300 projetos no Brasil. "Um de nossos principais objetivos em Santa Catarina é promover a prosperidade econômica compartilhada por meio do aumento do comércio e do investimento bilateral, desenvolvimento de infraestrutura, apoio para ecossistemas de inovação e cooperação agrícola em áreas de interesse comum. Esperamos que o painel de hoje seja a primeira de muitas iniciativas que desenvolveremos juntos em busca desses objetivos", declara Shane Christensen, cônsul Geral dos EUA em Porto Alegre. Para o coordenador regional da Amcham Joinville, Messias Didimo Andrade, a interlocução entre governo do estado, consulado e setor produtivo permite que tais atores se organizem para facilitar o fluxo de trocas e crescimento de ambas regiões. “O ambiente de negócios de Santa Catarina é muito promissor no cenário nacional pois reúne localização estratégica, infraestrutura moderna e grandes players que puxam o desenvolvimento econômico. Enquanto Amcham, continuaremos promovendo essa ponte para que ideias e projetos se tornem reais e bem-sucedidos”.
Tributação O diretor de Estratégias Corporativas da WEG, Daniel Godinho, um dos gestores de empresas participantes do evento, afirma que potencializar o comércio entre os Estados Unidos e o Brasil passa pela revisão da bitributação. Essa forma de taxar importações e exportações afeta diretamente as operações financeiras e os serviços prestados pelas empresas nos dois países. “Isso penaliza muito as nossas empresas. E certamente um acordo traria mais investimentos. Essa seria uma medida importante para gerar negócios”, comenta. A WEG, fabricante de produtos para geração de energia, nasceu em Santa Catarina nos anos 1960 e desde 1980 está nos Estados Uni-
dos, onde mantém seis fábricas e emprega 1,5 mil pessoas. Godinho elogiou o pacote comercial, anunciado em outubro, firmado entre os dois países e que tem como objetivos atender a agenda dos setores privados nas esferas de facilitação de comércio e cooperação aduaneira, boas práticas e anticorrupção. Além dele, participaram Eduardo Vasconcelos, diretor de Relações Institucionais da Whirlpool, e Adriano Barros, diretor de Relações Públicas e Governamentais da General Motors. Vasconcelos ressaltou a importância do acesso do Brasil à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o que pode acelerar a implementação de reformas no Brasil, como a tributária, melhorar o ambiente de negócios e facilitar as relações comerciais. Barros, da GM, concorda com a necessidade de se rever a questão tributária. “É algo que precisa estar na agenda e é necessário esforço para se conseguir”, diz. Ele mencionou ainda que aumentar a alíquota de 0,1% do Reintegra (o regime especial de reintegração de valores tributários para empresas exportadoras) seria uma possibilidade para resolver, em curto prazo, o problema da competitividade e amenizar os impactos da falta de reformas estruturantes.
Sobre a Amcham A Amcham (Câmara Americana de Comércio) é uma das maiores associações de empresas do Brasil, com 15 filiais em todo o País e mais de 5,2 mil empresas associadas. O objetivo da Amcham é criar um ambiente favorável de negócios por meio de boas práticas de mercado, capacitação profissional e cidadania empresarial. A Amcham visa facilitar relações empresariais, gerar negócios, ser ponte no relacionamento governamental e internacional, além de prover conteúdos que amplifiquem o conhecimento de seus associados. Economia&Negócios • Edição DEZEMBRO/2020 • 29
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anta Catarina apresentou um crescimento de 7,6% na produção industrial de outubro, quando comparado ao mesmo período do ano passado. O desempenho representa a maior alta entre os 15 locais pesquisados e está bem acima da média nacional de 0,3%. Os dados da Pesquisa Industrial Mensal foram divulgados pelo IBGE. Os números evidenciam o crescimento econômico do estado frente à pandemia, como destaca o governador Carlos Moisés. “Desde o início do enfrentamento à Covid-19 em Santa Catarina, foram estabelecidos protocolos sanitários para que a indústria não parasse. Graças aos esforços do Governo do Estado, com o apoio do setor industrial e da população, continuamos gerando renda e oportunidades às famílias catarinenses”, reforça. Depois de Santa Catarina, os estados de Pernambuco (7,2%) e Ceará (6,1%) apresentaram os maiores avanços. Amazonas (5,2%), Pará (4,9%), Paraná (4,8%), Rio Grande do Sul (2,6%), São Paulo (2,1%) e Minas Gerais (1,4%) completaram o conjunto de locais com crescimento na produção. “O ano tem sido desafiador, mas Santa Catarina é um estado diferenciado, com uma economia competitiva e diversificada que se destaca no cenário nacional. A produção industrial está aquecida e, mesmo em um ano de pandemia, já temos números melhores que o mesmo período do ano passado. Isto demonstra a confiança do empreendedor nas ações do Estado que investe e aposta na retomada econômica”,
Foto: Ricardo Wolffenbuttel / Arquivo / Secom
Produção industrial: Santa Catarina registra maior alta do país em outubro
avalia o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Celso Albuquerque. Na comparação entre setembro e outubro deste ano, Santa Catarina também se destacou com um crescimento de 2,8%, superior à média nacional (1,1%). Oito dos 15 locais pesquisados tiveram aumento na produção industrial, na série com ajuste sazonal. Além do estado catarinense, tiveram destaque o Paraná (3,4%), Pernambuco (2,9%) e Região Nordeste (1,7%).
Economia de SC deve crescer acima de 3,5% em 2021
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presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, afirmou nesta quarta-feira (9) que o crescimento da economia catarinense deve ficar acima de 3,5% em 2021. A entidade apresentou dados da economia do Estado em um balanço anual e destacou a alta intenção de investimento do setor, que atingiu recorde em novembro, com 74 pontos no índice de 0 a 100. Aguiar também apresentou a projeção de crescimento do PIB brasileiro para o ano que vem, que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), deve ficar entre 0% e 3%. Segundo ele, Santa Catarina deve ficar bem acima da média nacional. “A expectativa é a melhor possível. Santa Catarina tem uma indústria muito bem diversificada, que produz bens com valor agregado e que exporta muito”, disse. “Acima de 3,5%”, complementou. Ele ainda afirmou que o Estado está com a menor taxa de desocupação do país (6,6%), em patamar muito melhor do que o registrado no Brasil (14,6%). Além disso, destacou a confiança do industrial catarinense, que atingiu 66,5 pontos em novembro, também no índice de 0 a 100. A alta no PIB deve ocorrer na maioria dos estados, já que a base de comparação é um ano ruim (2020). Mesmo assim, a Fiesc está otimista no crescimento bem acima do patamar do próprio Estado e também acima da média nacional. “Santa Catarina tem uma cultura empreendedora. O empresário está mais confiante”, acrescentou Aguiar.
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Poder público
Além da confiança e investimento privados, a Fiesc defende uma ampla ação dos governos federal e estadual para combater os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19. Segundo a entidade, as Medidas Provisórias de redução de salário e jornada foram fundamentais para manter os empregos, assim como o auxílio emergencial para atender às populações mais afetadas. “O auxílio emergencial foi importante, assim como é o Bolsa Família, teve um poder de alavancar a economia em um momento difícil. Mas agora o crescimento da economia deve dar uma resposta com geração de empregos para essas pessoas”, disse Aguiar. O presidente da Fiesc defendeu ainda as reformas administrativa e tributária a nível nacional, para equilibrar os gastos públicos e respeitar o teto de gastos, assim como uma reforma da Previdência estadual, para sanar o déficit crescente das contas do governo.
Héderson Cassimiro é eleito o novo presidente da Acibalc gestão 2021/2022 Conheça a nova gestão da Acibalc 2021/2022:
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empresário do ramo tecnológico Héderson Cassimiro é o novo Presidente da Associação Empresarial de Balneário Camboriú e Camboriú (Acibalc) na gestão 2021/2022. Eleito por chapa única, o sócio das empresas Onexo e HiGestor é natural de Ipatinga (MG) e escolheu Santa Catarina para empreender com qualidade de vida há mais de dez anos. Apaixonado por esportes e inovação, encontrou no empreendedorismo adrenalina parecida e agora substituirá a Sócia-Proprietária do Grupo Preze, Maria Pissaia, à frente da entidade. Héderson iniciou na Acibalc participando do Núcleo de Informática, atual Núcleo de Inovação, e foi Vice-Presidente de Tecnologia na gestão 2019/2020. O empresário sente que o novo cargo é um momento importante em sua trajetória empreendedora. “Ser eleito para presidir uma associação como a Acibalc é de uma responsabilidade imensa. Suceder uma gestão com a liderança da Maria só aumenta o meu anseio por trabalhar bastante e manter a entidade entre as que fazem a diferença em nossa região. Para tanto, ao meu lado nesse biênio, terei a Kátia Tonioti como vice presidente, e juntos já mapeamos algumas estratégias para melhorar ainda mais nosso relacionamento com os associados e entregar bastante valor com nossos benefícios”, destaca.
Presidentes: Presidente: Héderson Cassimiro – HiGestor Vice-Presidente de Relações Institucionais: Katia Maria Tonioti - Stage Produtora Vice-Presidente de Gestão e Finanças: Cássio Fernandes de Paula - Ottimizzare Vice-Presidente para Assuntos Jurídicos: Eraldo Luiz de Carvalho Junior - Carvalho Júnior Adv. Associados Vice-Presidente Adjunto para Assuntos Jurídicos: Daniel Fernandes - Brasil Fernandes Adv. Associados Vice-Presidente de Comunicação e Marketing: Melissa Bergonsi - Huna Comunicação Vice-Presidente de Relacionamento Estratégico: Elizangela Cardoso - Balneário Shopping Vice-Presidente de Relacionamento com Associado: Diego Martins – Diego Martins Consultoria Vice-Presidente de Desenvolvimento Econômico: Cirlei Donato – Onexo Vice-Presidente de Turismo e Eventos: Osny Maciel Jr. – Hotel Sibara Vice-Presidente de Desenvolvimento Empresarial: Nathalia Mendes Schaadt - Mendes Empreendimentos Vice-Presidente de Inovação e Criatividade: Marco Aurélio Petrelli – Univali Vice-Presidente de Núcleos: Juliana Maria Schmitz - Prime Desen. Empresarial Vice-Presidente de Responsabilidade Social: José dos Santos Pereira - Grupo Conjel Vice-Presidente de Formação Empreendedora: Sandro Marques - Nova Microway Vice-Presidente de Tecnologia: Tiago Berlim – Gestalt Conselho Fiscal: Paulo Junek – Keuze Fernando Benassi – Credifoz Roseli Grotto Rosa - Invista Consultoria Aline Voigt – Sankhya Jéssica Busarello – SicoobMaxicrédito Alexandre Werner - UniAvan
Economia&Negócios • Edição DEZEMBRO/2020 • 31
Reformas econômicas fundamentais:
o que esperar do Governo Federal em 2021? Se 2019 foi o ano da Reforma da Previdência, 2021 vai exigir total empenho político para levar o Brasil rumo a uma economia mais próspera
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e a situação das contas públicas brasileiras já era grave, com a pandemia que pegou o mundo de surpresa, este cenário se tornou quase caótico. A base de arrecadação de impostos despencou e os gastos do Governo Federal, principalmente com auxílio emergencial, aumentaram muito. Agora, faltando menos de um mês para o final do ano, economistas de todo o país enfatizam a necessidade urgente de uma reforma que reduza os gastos do Estado. Se 2019 foi o ano da Reforma da Previdência, 2021 vai exigir total empenho político para embarcarmos rumo a uma economia mais próspera. “A Reforma Administrativa que o Governo enviou para o Congresso é muito tímida, afetando somente os funcionários públicos que ainda vão ingressar no serviço público, e isso não basta”, aponta
Robson Gonçalves, professor de Economia dos cursos de MBA do FGV/ISAE. Segundo o especialista, se não forem tomadas medidas eficazes para preservar o teto de gastos, a possibilidade de a inflação voltar ao Brasil, por conta da necessidade de emissão monetária, é muito alta. Para que uma reforma seja feita abrangendo os funcionários públicos da ativa, é necessária uma emenda constitucional. Contudo, o Governo ainda não se mostrou aberto para aprovar as propostas já em trâmite no Congresso. “Já passou da hora do Governo olhar com zelo à agenda econômica nacional e executar planos de ação concretos”, diz. “De todas as reformas que já deveriam ter sido feitas há muito tempo, a de redução dos gastos do Estado se tornou prioritária e urgente”, complementa Robson Gonçalves.
SC registra recorde de importações em novembro Segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia, Santa Catarina desembolsou US$ 1,85 bilhão com importações em novembro. Este é o maior valor já registrado desde o início da série histórica, em 1997. O resultado representa um alta de 24% em relação a outubro e de 43% na comparação com novembro do ano passado. O crescimento nas compras no mercado externo foi puxado pela alta na aquisição de insumos industriais. A importação de cobre, por exemplo, mais que dobrou em um ano, passando de US$ 51 milhões em novembro de 2019 para US$ 117 milhões neste ano. No período, o volume importado do produto passou de 8,6 mil toneladas para 17,2 mil toneladas. Além do cobre, os principais itens da pauta foram ureia (US$ 47 milhões), PVC (US$ 30 milhões), alumínio (US$ 25 milhões) e filamentos sintéticos (US$ 24 milhões). O principal produto importado não relacionado a um insumo industrial foram os automóveis (US$ 21 milhões). Além destes, a lista contempla ainda diversos itens, como outros insumos industriais, bens de consumo, alimentos, e máquinas e equipa32 • Edição DEZEMBRO/2020 • Economia&Negócios
mentos. A questão das matérias-primas tem sido um desafio na recuperação da economia. Segundo a Federação das Indústrias de SC (Fiesc), 50,5% das empresas do setor não aumentar sua produção devido à falta de insumos. Isso acontece porque a velocidade na retomada pressionou a demanda, tornando a produção atual insuficiente.
Principais parceiros Em novembro, o principal país de origem das importações catarinenses foi a China, com US$ 695 milhões. O destaque foi a compra de dispositivos semicondutores (US$ 20 milhões) - muito utilizados em indústrias de motores elétricos -, e filamentos sintéticos (US$ 18 milhões) - importante insumo para o setor têxtil. O segundo principal parceiro de Santa Catarina foi o Chile (US$ 158 milhões), impulsionado principalmente pela compra de cobre refinado. Na sequência aparecem os Estados Unidos (US$ 120 milhões), Argentina (US$ 95 milhões) e Alemanha (US$ 84 milhões).
Logistique se reinventa e aborda temas de relevância nacional e internacional Conscientes da sua responsabilidade social, os organizadores da Logistique optaram pelo formato digital na edição deste ano e garantiram um upgrade na abordagem. Trouxeram para o evento grandes nomes da economia brasileira, diplomatas, lideranças de importantes setores produtivos e a expertise de empresas nacionais e internacionais
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Logistique Web Conference, carro-chefe da edição 2020 da Logistique – Feira e Congresso de Logística e Negócios Multimodais de Cargas, foi realizada de 4 a 6 de novembro no formato totalmente digital e reuniu grandes nomes da economia, relações internacionais, comércio exterior, transporte multimodal, logística e intralogística, e relevante conteúdo direcionado às respectivas áreas. A programação foi distribuída em três áreas distintas, o que propiciou uma maior abordagem dos temas propostos. “Precisamos tem uma cadeia logística cada vez mais eficiente para fomentar nossa indústria e torna-la cada vez mais competitiva. Eventos como a Logistique são cruciais para atingirmos nossos objetivos”, diz o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mário Cezar de Aguiar. Para a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Tereza (Maitê) Bustamante, uma boa logística impacta diretamente nos resultados do comércio exterior brasileiro. Segmentação O primeiro da Logistique Web Conference reuniu experts em economia, comércio internacional e relações internacional em discussões de peso com os embaixadores de grandes nações que têm relações comerciais com o Brasil. A programação foi aberta pelos economistas Caio Megale e Welber Barral, considerados dois dos maiores nomes da
economia brasileira, que abordaram a realidade da economia global, a inserção do Brasil nesse contexto, e as alternativas para minimizar os impactos da crise global. Os embaixadores da China no Brasil Yang Wanming, dos Emirados Árabes Unidos Saleh Alsuwaidi, e da União Europeia Ignacio Ybáñez; participaram mesas redondas com Maitê Bustamante e Mário Cezar de Aguiar, mais a especialista em relações internacionais Carolina Valente, representantes da indústria catarinense e jornalistas da área econômica. “É extremamente importante o debate sobre a ampliação das relações comerciais. Santa Catarina tem condições de atender diversos mercados, notadamente, neste momento em que há uma tendência de substituição de fornecimento de produtos asiáticos por outros países. Pela qualidade da nossa indústria temos condições de atender boa parte dessa demanda”, diz Aguiar. O presidente da Fiesc participou do debate com o embaixador Saleh Alsuwaidi e apresentou um panorama da economia catarinense. Chamou a atenção para o crescimento do índice de confiança do empresário, indicador importante que sinaliza uma tendência de investimento. Maitê Bustamante mediou o debate com o embaixador Ignacio Ybáñez e participou como convidada de mesa redonda com o embaixador da China no Brasil Yang Wanming, que teve Carolina Valente como mediadora. Economia&Negócios • Edição DEZEMBRO/2020 • 33
Multimodalidade A logística e o transporte multimodal de cargas foram a tônica do segundo dia da conferência, 5 de novembro. Um importante painel internacional reuniu o presidente do Sistema Fiesc com os executivos Thomas Nobel, Lars Deiterding e Jens Klauenberg, das respectivas Deutsche GVZ-Gesellschaft, Hacon e Logistics Alliance Germany - LAG Transport Logistic, grandes especialistas de tradicionais empresas que logística que operam nos mercados alemão e europeu. Na pauta discussões sobre a experiência multimodal alemã e as melhores práticas no hub central da Europa. “O custo logístico é representativo para as indústrias catarinenses”, afirma Aguiar. Ele ressalta que a Fiesc propõe um estudo de viabilidade de um sistema intermodal para Santa Catarina, considerando a infraestrutura de transporte atual, os projetos ferroviários, rodoviários, aeroviários, portuários, a cabotagem e o potencial para o transporte hidroviário. “Essa é nossa proposta está baseada muito na experiência multimodal alemã”, completa. Case da global FedEx Express abordou a tecnologia como pilar fundamental no atendimento do e-commerce e um painel direcionado ao transporte marítimo de cargas reuniu o presidente do Grupo Maersk para o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, Julian Thomas; os presidentes do Porto Itapoá, Cassio Schreiner, e Portos do Paraná, Fernando Garcia da Silva; além de executivos das gigantes BR Foods e Berneck SA. Nas discussões a digitalização do comércio marítimo na era pós covid e a realidade e perspectivas futuras para a navegação marítima no planeta. A mediação foi de Leandro Carelli Barreto, especialista em Economia Internacional e Inteligência Competitiva. Outro ponto alto da programação do segundo dia foi um painel que discutiu o papel do transporte rodoviário de cargas na cadeia logística. As discussões englobaram o papel do caminhão no transporte multimodal, a regulação do transporte rodoviário, a composição ideal dos preços e a realidade atual, o peso do custo do transporte rodoviário na composição do Custo Brasil, a falta de infraestrutura e o respectivo impacto na cadeia do transporte. Entraram ainda nas discussões o impacto da legislação trabalhista no setor, obrigatoriedade do código identificador de operação de transporte, segurança, infraestrutura e situação da frota. Temas cruciais para a garantia da competitividade do transporte rodoviário de cargas. Participam do painel representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), da Federação dos Transportadores de Cargas de Santa Catarina (Fetrancesc) e da Transpocred – Cooperativa de Crédito Ari Rabaiolli; da MAN Latin America – Volkswagen Caminhões e Ônibus e do presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e de Operações Logísticas de Joinville (Setracajo). A mediação foi de Dagnor Roberto Schneider, presidente da Concórdia Logística, vice-presidente da Fetrancesc e diretor da CNT. Logística e intralogística A programação do terceiro e último dia da Logistique Web Conference abordou a intralogística ou logística in house, ferramenta que otimiza toda a gestão da cadeia de suprimentos e os processos e tem influência decisiva na eficiência 34 • Edição DEZEMBRO/2020 • Economia&Negócios
dos serviços das empresas. Aumenta ainda a produtividade e o valor do negócio e ganha ainda mais importância quando se fala em diferenciais competitivos. A programação do Intralogistic Day foi amplamente estruturada com a curadoria do IMAM Consultoria e Treinamento, Supply Chain e Desenvolvimento Organizacional, para atender as reais necessidades do mercado. Na pauta discussões relacionadas a logística interna, soluções de movimentação, estocagem e automação no ambiente e-commerce, desafios e iniciativas da intralogística, softwares e plataformas e soluções automatizadas, lean manufacturing e soluções inovadoras para o transporte multimodal. Foram mostrados cases do Grupo Movicarga e Célere Intralogística, Dematic, Cacau Show, Oracle Brasil, SSI Schäfer - Sistemas de Automação e da global 3M. A apresentação e mediação ficou a cargo do diretor do IMAM, Eduardo Banzato. “Foram três dias de conteúdo riquíssimo e de grande interesse dos setores que atam nas áreas de logística, comércio exterior, intralogística e transporte multimodal. As abordagens aconteceram de forma bastante segmentada e temos a plena convicção de termos trazidos para o evento os principais nomes dos segmentos que optamos por abranger”, diz a diretora de conteúdo da Logistique, Karine Marmitt. Leonardo Rinaldi, diretor geral da Logistique, considera a realização da edição 2020 uma conquista e já planeja a edição do ano que vem, previamente agendada para os dias 5, 6 e 7 de outubro, no Complexo de Exposições da Expoville, em Joinville Santa Catarina. “Com todas as mudanças impostas pelo ‘novo normal’ precisamos nos reinventar, quebrar paradigmas, mas conseguimos realizar um evento com excelente conteúdo e reunimos um público altamente especializado. Só temos a comemorar os resultados esta edição e já começamos a pensar na próxima”, diz Rinaldi. Com relação ao formato, já está definido que a próxima um evento presencial, com grande possibilidade de um congresso no formato híbrido, reunindo painelistas locais, nacionais e internacionais. A Logistique 2020 teve o patrocínio do Porto Itapoá e apoio da Logistics Alliance Germany e Transport Logistic/Messe München, Fiesc, Federação das Associações Empresariais do Estado (Facisc), Fetrancesc, Setracajo, IMAM, Convention & Visitors Bureau de Joinville e apoio técnico do Sebrae Santa Catarina.
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