Caderno de Resumos do III Congresso de Letras do Tocantins/Cametá

Page 1



Caderno de Resumos III Congresso de Letras do Tocantins/Cametá


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Emmanuel Zagury Tourinho Reitor

Gilmar Pereira da Silva Vice-Reitor

Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira Pró-Reitora de Ensino de Graduação

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS/CAMETÁ Maria Lucilena Gonzaga Costa Tavares Coordenadora

Eraldo Souza do Carmo Vice-Coordenador

FACULDADE DE LINGUAGEM LÍNGUA PORTUGUESA Benedita Maria do Socorro Campos de Sousa Coordenadora

Luis de Nazaré Viana Valente Sousa Vice-Coordenador


Caderno de Resumos III Congresso de Letras do Tocantins/Cametá

Linguagem e ensino na Amazônia: a formação de professores de Letras

Dias 10, 11 e 12 de novembro de 2021. https://sites.google.com/view/congressoletras2021

FAL-Língua Portuguesa


COMISSÕES COMISSÃO CIENTÍFICA Prof.ª Dr.ª Ana Paula Marins Salgado (UFRA) Prof.ª Dr.ª Benedita Maria do Socorro Pinto Campos (FAL/CUNTINS) Prof. Dr. Doriedson do Socorro Rodrigues (UFPA/CUNTINS/PPGEDUC) Prof.ª Dr.ª Gilcilene Dias da Costa (CUNTINS/PPGEDUC) Prof.ª Dr.ª Ivone dos Santos Veloso (UFPA – CUNTINS) Prof. Dr. Jorge Domingues Lopes (UFPA CUNTINS/PPGEDUC) Prof. Dr. Lucas Rodrigues Lopes (UFPA CUNTINS) Prof.ª Dr.ª Maria Lucilena Gonzaga Costa Tavares (FAL/CUNTINS) Prof.ª Dr.ª Regina Célia Fernandes Cruz (UFPA/ILC/PPGL) Prof. Dr. Regis José da Cunha Guedes (UFRA) Prof.ª Dr.ª Raquel Maria da Silva Costa Furtado (FAL/CUNTINS)

COMISSÃO ORGANIZADORA Benedita Maria do Socorro Campos de Sousa (UFPA – CUNTINS) Doriedson do Socorro Rodrigues (UFPA – CUNTINS/PPGEDUC) Helane de Fátima Gomes Fernandes (UFPA – CUNTINS) Jorge Domingues Lopes (UFPA – CUNTINS/PPGEDUC) Luís de Nazaré Viana Valente (UFPA – CUNTINS) Raquel Maria da Silva Costa Furtado (UFPA – CUNTINS)

COMISSÃO ORGANIZADORA - VOLUNTÁRIOS Estudantes da Graduação

COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO Benedita Maria do Socorro Campos de Sousa - (UFPA – CUNTINS) Helane de Fátima Gomes Fernandes (UFPA – CUNTINS) Jorge Domingues Lopes (UFPA – CUNTINS/PPGEDUC) Maria Lucilena Gonzaga Costa Tavares (FAL/CUNTINS) Raquel Maria da Silva Costa Furtado - (UFPA – CUNTINS)


Apresentação

O

evento III Congresso de Letras do Tocantins/Cametá é promovido pela Faculdade de Linguagem Língua Portuguesa do Campus Universitário do Tocantins/

Cametá-UFPA e objetiva estabelecer o intercâmbio entre a Universidade e a Sociedade que a permeia, no tocante a questões de linguagem, ensino e formação de professores de Letras na Amazônia. Previsto para os dias 10, 11 e 12 de novembro de 2021, projeta receber um público de mais de 600 participantes, envolvendo docentes da educação básica, discentes do curso de Letras e educadores ligados a movimentos sociais, a fim de problematizar a temática “Linguagem e ensino na Amazônia: a formação de professores de Letras”. Comissão Organizadora.



Sumário

1. LÍNGUA E LINGUÍSTICA Expressões de intensidade no dialeto mocajubense ....................................13 As percepções linguísticas dos falantes idosos em relação à vogal média posterior /o/ na variedade falada de Cametá................................................15 Crenças e Atitudes Linguísticas diante do alteamento da vogal média posterior /o/ em posição tônica, falada no município de Cametá-PA..........17 Que jogo foi esse? Beijou a trave e deixou na saudade: sofrência no futebol?........................................................................................................19 Atitude e preconceito linguístico e o fenômeno do ideofone no município de Cametá ....................................................................................................21 Atenuação e a intensificação nas falas femininas da comunidade quilombola de São José do Icatu .................................................................23 Percepções linguísticas dos falantes cametaenses na variação da vogal média posterior /o/ ~ [u] em posição tônica ................................................24 Os fenômenos de derivação e flexão no falar cametaense ..........................26 Língua e Ação: práticas comunicativas reivindicatórias de um movimento estudantil no interior da Amazônia paraense...............................................27 E se Palmas (TO) estivesse no Atlas Linguístico do Brasil? Uma análise das denominações para a inflorescência da bananeira a partir dos dados do ALiB e do ALITTETO ...........................................................................29 Análises avaliativas nos textos de Língua Portuguesa para os alunos do 6° ano ..........................................................................................................31 Orações explicativas no âmbito da coordenação e subordinação ................33 O ato discursivo-semântico na prática do estudo da língua na sala de aula .....................................................................................................................35 As Estratégias de Polidez nas Conversações dos participantes da Associação de Remanescentes de Quilombos da Vila São José do Icatu ....36 A caracterização acústica da vogal média tônica /o/ do português falado na área rural da cidade de Cametá/PA .........................................................37


O que dizem paraenses e cearenses sobre sua própria fala: um estudo de crenças e atitudes linguísticas .....................................................................39 Léxico cametaense: Desvelando os processos de formação de palavras por derivação e flexão .................................................................................41 O processamento metafórico na construção ‘Fazer a Sandy’ ......................43 Ensino das orações adverbiais temporais: uma proposta por meio de memes .........................................................................................................45 O alteamento vocálico /o/ ~ [u] em posição tônica na variedade falada na zona rural do município de Cametá-PA ......................................................47 As percepções linguísticas em relação à vogal média posterior /o/ no falar da zona rural de Cametá ..............................................................................49 Similaridade fonológica em cruzamentos vocabulares ...............................51 Fraseologismos em nomes de estádios de futebol brasileiros .....................53

2. ESTUDOS DAS LITERATURAS Instantes, movimentos e sensações ao farol de Woolf e Monet ..................55 Mulher e resistência: o silenciamento de mulheres na literatura brasileira .....................................................................................................................56 Vozes polifônicas na literatura de Clarice Lispector ...................................57 O percurso da maldade em “Grande sertão: veredas” .................................58 Presença de Anita: de Mário Donato a Manoel Carlos – erotismo e sedução em cena..........................................................................................60 Beira Rio Beira Vida de Assis Brasil: a vida prostíbula no cais de Parnaíba.......................................................................................................61 Geologia do fogo: Hilda Hilst, erotismo & educação pelo sensível ............63 A poética subterrânea de Hélio Oiticica ......................................................65 Dalcídio Jurandir, o cronista e o articulista de Diretrizes ............................67 Perspectivas educacionais em Dalcídio Jurandir: uma análise a partir da reportagem “Os livros ganham a batalha contra Hitler” e do romance “Três casas e um rio” ..................................................................................68 Tó Teixeira: Uma outra margem da Academia do Peixe Frito ....................70 Paul Klee e a aula-acontecimento ...............................................................72

9


Alinhavos cartográficos da geo-poesia de Manoel de Barros na Educação .....................................................................................................................74 A literatura feminista que nos atravessa no ensino superior: A (des)construção do ser mulher.....................................................................76 Dalcídio Jurandir leitor de Machado de Assis .............................................78 Clarice Lispector e o devir-mulher da literatura..........................................80 (Des)caminhos e inquietudes em personagens femininas claricianas .........81 Escritos e Biografias Invisibilizadas: Notações sobre Nísia Floresta e Maria Firmina dos Reis ...............................................................................83 Dama da Amazônia, Tizuca, Beli, Força de Madre: falemos de Sibele Mendes ........................................................................................................85 Ação narrativa dos personagens de “Chove nos campos de Cachoeira” .....86 O Imaginário na Forma Narrativa de Moju: Memórias de Mestre Gení .....88

3. ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA E LITERATURA O processo da leitura inicial de artigos científicos ......................................90 Ensino de Semântica na pandemia? Análise das videoaulas de língua portuguesa do programa “Todos em Casa Pela Educação” .........................92 O Trovadorismo na Cultura Musical Regional: o gênero música como ferramenta didática e pedagógica para o ensino da literatura ......................94 Gêneros textuais fábulas como recurso para aquisição das habilidades línguísticas ..................................................................................................96 PCNA: uma formação para além do bolsista-monitor.................................98 Projeto paneiro da leitura: práticas de leitura e ludicidade em Limoeiro do Ajuru ....................................................................................................100 Relação e função: noções para análise sintática e análise morfológica na educação básica .........................................................................................102 Redação ENEM: uma análise sobre a subjetividade do aluno-escritor .....103 Footing e enquadre interativo no gênero entrevista televisiva ..................104 A funcionalidade da biblioteca para o incentivo à leitura frente aos desafios do distanciamento social .............................................................105

10


Estratégias de multiletramentos no ensino-aprendizagem de língua portuguesa e suas literaturas ......................................................................106 Gênero notícia: o registro do cotidiano com o uso das tecnologias no ensino fundamental ...................................................................................107 Letramentos digitais, práticas de leitura e escrita por meio do gênero fanfic no ensino fundamental ....................................................................109 Subjetividade e Surdez: fundamentos epistemológicos da educação inclusiva ....................................................................................................110 A “multiplataforma” do WhatsApp como mediadora do processo de ensino-aprendizagem de línguas: experiências docentes do Ensino Remoto Emergencial .................................................................................112 A autodescrição oral em apresentações discursivas ..................................114 Estratégias didáticas do livro de português para a compreensão de texto no ensino fundamental ..............................................................................116 Ressignificações pedagógicas no contexto da educação de surdos por meio de formações continuadas ................................................................117 Representações docentes de língua-cultura inglesa na Base Nacional Comum Curricular: alguns aspectos da língua franca ...............................118

11


1 Língua e Linguística


1. Língua e Linguística

Expressões de intensidade no dialeto mocajubense Ana Carolina Lopes Medeiros Edineuza Lopes Farias Maria Odilene de Sousa Pantoja RESUMO As variedades estão presentes no cotidiano do ser humano, são inúmeros os exemplos que podem ser descritos, desde as tipificações de pão até o modo de ser referir a ele (francês, cacetinho, careca, etc.). O Brasil é muito rico quando se trata de variedades, são muitas culturas, influências, meios e sotaques, isto, faz do Brasil um país plural. Tendo em vista uma pluralidade tão ampla também relacionada a língua, aponta-se uma necessidade relevante de estudos sistematizados que visam estudá-la em sua funcionalidade dentro do contexto social. O presente trabalho é uma pesquisa de cunho quantiqualitativa feita na cidade de Mocajuba e se refere ao estudo das variedades linguísticas ênfase nas Expressões de Intensidade usadas no município. Ao considerar as variantes padrões e não padrões, o mesmo visa a observar as variedades linguísticas presentes no dialeto mocajubense para perceber a frequência das variantes padrões e não padrões de intensidade, analisar o uso das expressões e a atitude linguística dos falantes. Partindo da hipótese de que os falantes não universitários usariam com mais frequência as variantes não padrões, e as mulheres em geral usariam mais a variante “horrores, em relação aos homens que tendem a ser mais conservadores. Parte-se então, de pesquisas bibliográficas como de Freitag e Lima (2010), Coelho et al. (2010) e Cardoso (2015) para fazer um levantamento conceitual, perpassando pelas linhas teóricas de Ferdinand Saussure (Estruturalismo), Noam Chomsky (Gerativismo), William Labov (Sociolinguística). À medida em que as hipóteses são verificadas,

13


percebe-se que o preconceito linguístico é muito mais recorrente entre os não universitários, assim como os homens tendem a ser bem mais conservadores. Palavras-chave Variedades Linguística. Intensidade. Preconceito Linguístico.

14


1. Língua e Linguística

As percepções linguísticas dos falantes idosos em relação à vogal média posterior /o/ na variedade falada de Cametá Ana Paula Cabral Henderson RESUMO Este estudo direciona-se para as percepções linguísticas dos falantes idosos em relação à vogal média posterior /o/ no falar da zona rural de Cametá/PA por meio dos três componentes que caracterizam a atitude linguística: cognitivo, conativo e afetivo. Para tanto, isso será verificado por meio de uma amostra estratificada em sexo e escolaridade tendo em vista o comportamento variável da média posterior /o/ ~ /u/ em posição tônica como em /boca/ ~ [buka], /toco/ ~ /tuku/. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo analisar as atitudes linguísticas em relação a vogal média tônica /o/, e se há correlação entre o uso dessas formas linguísticas e os valores sociais. Tem como fundamentação basilar os pressupostos teóricometodológicos da Sociolinguística quantitativa ou modelo laboviano, e em estudos sobre crenças e linguísticas advindos principalmente da Psicologia Social baseada em Lambert e Lambert (1996). Para coleta dos dados adotar-se-á o procedimento de coleta de dados caracterizado como pesquisa de campo. O corpus de análise para este estudo será obtido por meio da aplicação de questionários contendo perguntas específicas para avaliar as percepções linguísticas de 16 sujeitos-falantes, amostra deste estudo, pertencentes a faixa etária de 60 anos em diante, estratificados pelo sexo (masculino 08 e feminino 08) e nível de escolaridade (04 com nível pouca escolaridade, 04 com nível fundamental completo, 04 com nível médio e 04 com nível superior). Assim sendo, pretende-se com desenvolvimento desta pesquisa propor um estudo sistematizado a respeito dessa temática em

15


nossa região, que venha contribuir para o enriquecimento do acervo de pesquisas sociolinguísticas realizadas na região do baixo Tocantins, no tocante as atitudes linguísticas.

Palavras-chave Vogal média posterior. Posição tônica. Variação linguística. Percepções linguísticas.

16


1. Língua e Linguística

Crenças e Atitudes Linguísticas diante do alteamento da vogal média posterior /o/ em posição tônica, falada no município de Cametá-PA Andreza Prazeres Gaia Raquel Maria Da Silva Costa Furtado RESUMO O presente trabalho investiga as crenças e atitudes linguísticas sobre o alteamento da vogal média posterior /o/ tônica no português falado em Cametá-PA. Tem como objetivo analisar por meio de testes de atitudes e crenças, considerando fatores extralinguísticos, se o alteamento da vogal média posterior em posição tônica é rotulado de forma positiva ou negativa na comunidade cametaense, e verificar se os falantes demonstram atitudes diferenciadas e até mesmo preconceituosas em relação à diferença fonética da vogal média posterior em posição tônica /o/ > [u], e se há valores sociais (noções de prestígio e desprestígio) atribuídos aos falantes que usam tais formas linguísticas; Tomará como base de análise a Teoria da Variação Linguística ou Sociolinguística Quantitativa, e em estudos sobre Crenças e atitudes linguísticas, advindos principalmente da Psicologia Social baseada em Lambert e Lambert (1996). O corpus para análise do fenômeno estudado neste estudo será constituído por uma amostra estratificada de 18 participantes pertencentes a zona urbana estratificados em: sexo/gênero (09 masculino e 09 feminino); nível de escolaridade (06 com nível fundamental, 06 com nível médio e 06 com nível superior); e faixa etária (06 de 18 a 29 anos; 06 na faixa etária de 30 a 49; e 06 de 50 anos em diante). Sendo assim, a partir da realização deste trabalho verificamos quais as atitudes linguísticas de informantes cametaenses pertencentes a zona urbana diante do alteamento vocálico da vogal média /o/ em posição tônica,

17


bem como o comportamento variável do sistema vocálico do Português do Brasil, em termos de língua falada, que operam sobre as vogais, principalmente sobre as vogais medias em posição tônica /o/ > [u].

Palavras-chave Vogal média posterior. Crenças e atitudes linguística. Variação linguística. Identidade linguística.

18


1. Língua e Linguística

Que jogo foi esse? Beijou a trave e deixou na saudade: sofrência no futebol? Carlene Ferreira Nunes Salvador Davi Pereira de Souza Larissa Medeiro de Lima RESUMO O presente trabalho, vinculado ao projeto de pesquisa Fraseologia dialetal do futebol no Vale do Acará/PA (PVTA 361-2020) desenvolvido na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus de Tomé-Açu/PA, tem como objetivo analisar a ocorrência de unidades fraseológicas semanticamente opacas no futebol paraense, com o intuito de divulgar as ações e resultados do projeto. Fundamenta-se teoricamente na vertente francesa de Fraseologia, particularmente nos estudos desenvolvidos por Mejri (1997; 2012; 2018), considerando o processo de cristalização lexical na origem das unidades fraseológicas delimitadas a partir de critérios como polilexicalidade, frequência de uso, fixidez, congruência e idiomaticidade. O corpus do estudo é originário da base de dados do referido projeto, o qual foi composto a partir de fraseologismos presentes em narrações de partidas de futebol de times paraenses, postadas em vídeos no YouTube. Os resultados preliminares apontam unidades com alto grau de opacidade semântica cujo sentido não pode ser interpretado ao pé da letra, demonstrando o dinamismo semânticolexical que confere à linguagem do futebol maior proximidade com o cotidiano do falante/torcedor, explorando palavras e imagens comuns na construção de significados por vezes inusitados, como: abrir a bandeira, deixou na saudade, deu caneta, fechou o caixão, lance de fliperama, segue o baile, entre outros.

19


Palavras-chave Fraseologia. Projeto de pesquisa. Futebol paraense.

20


1. Língua e Linguística

Atitude e preconceito linguístico e o fenômeno do ideofone no município de Cametá Cintia Gonçalves Miranda Raquel Maria da Silva Costa Furtado RESUMO A presente pesquisa analisa as atitudes linguísticas de falantes moradores da localidade de Tentem, zona rural de Cametá-PA, diante dos ideofones “avortado”, “teteé”, “tebudo”, “tchobo” e “gitito”. Ressalta-se que a região cametaense contempla uma diversidade cultural e histórica rica em diversidade e, por conseguinte, uma variedade linguística bastante relevante para ser estudada. O objetivo proposto neste trabalho é analisar as atitudes linguísticas de falantes da região Cametaense acerca da variedade ideofônica falada na localidade de Tentem, a partir de uma amostra estratificada em sexo, escolaridade e faixa etária, direcionando para os objetivos específicos tem-se: 1) descrever as atitudes linguísticas dos falantes cametaenses (zona rural) a partir de sua variedade local por ideofones; 2) identificar o valor social atribuído pelo falante (zona rural) a sua variante linguística e a variante do outro; 3) analisar se as atitudes linguísticas dos sujeitos da zona rural contribuem para o preconceito linguístico contra as pessoas da sua própria comunidade de fala que usam a variedade ideofônica. A metodologia aplicada é de cunho quanti-qualitativo e o corpus da pesquisa foi coletado a partir da realização de entrevistas sistemáticas com apresentações de áudios e aplicação de questionário, desenvolvido pela técnica matched guise ou “falsos pares”, de Lambert e Lambert (1972). O aporte teórico basea-se em Cardoso (2015), Lambert e Lambert (1972), Corbari (2013) e Bagno (1999-2020) para analisar as atitudes e preconceitos manifestados pelos colabores de Tentem, diante do fenômeno, ressalta-se os sujeitos serão os juízes, de forma que atribuição dada por eles pode ser positiva (aceitação), ou negativa (recusa), está recusa muitas vezes esta associada ao preconceito linguístico, ou seja,

21


um juízo de valor pejorativo contra a forma de falar do seu próprio grupo de fala.

Palavras-chave Ideofones. Atitude Linguística. Preconceito Linguístico.

22


1. Língua e Linguística

Atenuação e a intensificação nas falas femininas da comunidade quilombola de São José do Icatu Danieli Dutra Correa Almeida Benedita Maria do Socorro Campos de Sousa RESUMO Projeto de Pesquisa Atenuação e a Intensificação nas Falas Femininas da Comunidade Quilombola de São José do Icatu, foi realizado na Comunidade Quilombola de São José do Icatu, cujo território constitui-se ao longo da Rodovia Estadual PA-151, no km 195, estendendo-se ao km 200. Desse modo, o objetivo geral desse projeto é analisar como se caracterizam as interações verbais de mulheres pertencentes à Comunidade Quilombola e em que medida os membros dessa comunidade se preocupam com suas faces durante as conversações, verificando se utilizam estratégias de atenuação ou intensificação na produção da polidez. Os sujeitos da pesquisa são mulheres pertencentes a diferentes faixas etárias que nasceram e foram criadas na Comunidade Remanescente do Quilombo São José do Icatu. A partir das análises do corpus, identificamos a frequência das estratégias linguísticas interacionais de atenuação e intensificação nas falas de mulheres quilombolas. A atenuação é ultilizada durante as enunciações para a proteção da própria face e da face do interlocutor. A intensificação é usada para elevar a face positiva dos participantes do ato interacional, assim como é utilizada para fazer uma afirmação ou proteção contra FTA. É importante destacar que este estudo foi embasado nos estudos de Goffman (1967); Brown e Levinson (1987); Rosa (1992) e Kerbrat-Orecchioni (2006). Palavras-chave Falas Femininas. Atenuação. Intensificação. São José do Icatu.

23


1. Língua e Linguística

Percepções linguísticas dos falantes cametaenses na variação da vogal média posterior /o/ ~ [u] em posição tônica Dara Pinto de Oliveira Jamille Trindade Pinto Raquel Maria da Silva Costa Furtado RESUMO A presente pesquisa contempla uma investigação sobre as percepções linguísticas de informantes nativos da zona rural de Cametá-PA diante do comportamento variável da vogal média posterior /o/ ~ [u] em posição tônica, como em /boca/ ~ [buka], /toco/ ~ [tuku], /noite/ ~ [nutʃɪ]. O estudo objetiva verificar se esse fenômeno de alteamento é rotulado de forma positiva ou negativa no falar cametaense, e apresenta como objetivos específicos: I) depreender a atuação dos fatores extralinguísticos como sexo e escolaridade no comportamento variável dos participantes da pesquisa; e II) averiguar a variável em questão segundo os componentes da atitude linguística: cognitivo, conativo e afetivo. O trabalho baseia-se nos pressupostos teóricometodológicos da Sociolinguística quantitativa, e em estudos sobre crenças e atitudes linguísticas de Cardoso (2015), Lambert e Lambert (1972), Costa (2017) e Melo (2007). O corpus foi constituído por meio da aplicação de um questionário social com 08 (oito) informantes da zona rural do município de Cametá, pertencentes a faixa etária de 18 a 29 anos estratificados em: sexo (masculino 04 e feminino 04) e nível de escolaridade (02 com nível pouca escolaridade, 02 com nível fundamental completo, 02 com nível médio e 02 com nível superior). Deste modo, espera-se com a realização desta investigação apreender as atitudes linguísticas dos falantes diante do alteamento vocálico da vogal média em posição

24


tônica e se esse fenômeno é concebido pelos falantes cametaenses como uma forma linguística sem prestígio.

Palavras-chave Vogal média posterior. Atitudes linguísticas. Análise.

25


1. Língua e Linguística

Os fenômenos de derivação e flexão no falar cametaense Deiliany Damasceno Castro Zenilda Raniéri Costa RESUMO Neste trabalho apresentamos 5 palavras que sofreram flexão e outras 5 que sofreram derivação, devido a sua fundamental importância da manutenção da cultural oral de nossa localidade, visando a compreensão de como tais construções se formam. Como percurso metodológico, foram realizadas entrevistas e posteriormente coleta de áudios com os relatos fornecidos pelos sujeitos informantes, para que estes fizessem a narrativa de histórias e lendas de nossa região, assim como, de seus conhecimentos em geral, a respeito da cultura regional, com moradores do município, na zona rural e urbana da cidade de Cametá, após isso, selecionamos as palavras solicitadas e realizamos a sua análise. Esta pesquisa de base teórica ressalta a importância de tais construções para nossa tradição oral e propagação de nossa cultura, observando a necessidade de se resgatar e realizar a manutenção de construções morfológicas que são vistas na oralidade, no que chamamos de “falar cametaense”. E não visando apenas apresentar um conceito fechado a respeito de flexão e derivação e sim gerar a reflexão sobre ambos os fenômenos e sua importância culturalmente. Com isso, as construções realizadas pelos moradores de nossa cidade darão embasamento para a análise de como tais construções são realizadas e assim aprofundarmos nossas teorias e estudos aqui realizados. Palavras-chave Tradição oral. Derivação. Flexão.

26


1. Língua e Linguística

Língua e Ação: práticas comunicativas reivindicatórias de um movimento estudantil no interior da Amazônia paraense Douglas do Nascimento Borges Helane de Fátima Gomes Fernandes RESUMO O presente trabalho apresenta os resultados de um estudo realizado sobre as práticas comunicativas reivindicatórias do Movimento Estudantil do Campus Universitário do Tocantins/Cametá – UFPA. O estudo tem como objetivo principal compreender o uso da língua nas atividades reivindicatórias, trazer à lume a atuação do Movimento no que se refere à sua representação enquanto uma entidade estudantil atuante na defesa dos interesses e direitos dos estudantes, através de suas principais práticas comunicativas. Além disso, refletir como essas práticas podem contribuir para uma abordagem de ensino de língua comprometida com a justiça social, em um contexto marcado por injustiças sociais. O estudo se fundamenta na perspectiva de língua como prática social (HANKS, 2008), nos Estudos Críticos do Discurso (FAIRCLOUGH, 2016) e na educação como prática emancipatória/libertadora (FREIRE, 1967). De paradigma interpretativo e natureza qualitativa, trata-se de um estudo de caso, com estratégias da etnometodologia. O contexto social de investigação é o do interior da Amazônia paraense, contexto marcado por insistentes injustiças sociais. Os dados foram constituídos a partir das estratégias de levantamento de documentos, observação participante, notas de campo, entrevistas e questionários. A análise e interpretação dos dados foram subsidiadas pela estratégia de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2016) e pela Análise Crítica do Discurso. Os principais resultados indicam que as atividades reivindicatórias se organizam em gêneros textuais orais e escritos multimodais como gêneros de ação retórica (MILLER, 2009), pois são práticas de uso da língua que satisfazem as necessidades do movimento na defesa dos

27


interesses e direitos estudantis. Concluímos que os gêneros textuais e os recursos linguísticos semióticos que se destacaram nas atividades do movimento podem constituir base para uma proposta de ensino de língua para a promoção da justiça social.

Palavras-chave Língua. Discurso. Movimento estudantil. Justiça Social.

28


1. Língua e Linguística

E se Palmas (TO) estivesse no Atlas Linguístico do Brasil? Uma análise das denominações para a inflorescência da bananeira a partir dos dados do ALiB e do ALITTETO Edmilson José de Sá RESUMO Propõe-se neste trabalho um estudo de variação linguística de natureza lexical de modo a verificar as denominações que um determinado item possui numa comunidade de fala. Ao se deparar com os pontos de inquérito do Atlas Linguístico do Brasil – ALIB (CARDOSO et al., 2014), percebe-se que a capital Palmas, no estado do Tocantins, não fez parte do projeto de investigação dialetal por ter sido fundamental em 1989, após a Constituição de 1988, não atendendo, assim, ao perfil determinado para escolha do lócus e formação do corpus de pesquisa. O referido estado, por sua vez, fez parte do Atlas Linguístico Topodinâmico e Topoestático do Estado do Tocantins – ALITTETO, construído como tese de Doutorado por Silva (2018). Assim, dos corpora do ALiB, especificamente da Região Norte, e do ALITTETO, serão analisadas as denominações para a parte terminal da inflorescência da bananeira, de modo a verificar segundo as dimensões diatópica e diastrática aproximações ou distanciamentos quanto à distribuição das variantes. De posse das respostas, será apresentado um estudo lexicográfico sobre as denominações mais relevantes, pois, do ponto de vista diatópico já se evidenciam marcas compartilhadas pela maioria dos estados do Norte conforme registros no atlas nacional, mas também abrigam variantes regionalizadas, da mesma forma que ocorre em Palmas com itens comuns aos demais pontos do estado e também variantes identificadas exclusivas da capital tocantinense.

29


Palavras-chave ALiB. ALITTETO. Inflorescência da bananeira

30


1. Língua e Linguística

Análises avaliativas nos textos de Língua Portuguesa para os alunos do 6° ano Eliane dos Santos Leão Eliane Marques Rocha Iolete Filha Ferreira Progênio Micellem Fernandes Barbosa RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar as práticas avaliativas em cadernos de alunos do 6° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Coronel Novaes”, no município de Limoeiro do Ajuru (PA), e, elaborar atividades avaliativas inovadoras e formativas para a mesma série, tendo como a seguinte tese: a forma como o professor exercita os conteúdos não deve se distanciar do modo que ele avalia o aluno. Para isso, usamos o método da análise documental em uma pesquisa social/explicativa. Tomamos como referência para nossa análise os dois parâmetros legais – os PCNs (1997) e a BNCC (2017), assim, como os autores: Suassuna (2007) – que trata da avaliação produtiva fundamentada no diálogo, Moreira (2005) – na qual faz referência acerca da pesquisa documental que se baseia na identificação, verificação e apreciação de documentos e Minayo (2001) – que argumenta sobre a abordagem qualitativa. A partir dos dados obtidos em um contexto geral, a gramática se sobressaiu em relação aos outros eixos linguísticos, o que nos permite inferir que o ensino e a forma de avaliar ainda estão atrelados ao paradigma tradicional. No final, elaboramos uma proposta de intervenção, a partir de um texto retirado do caderno analisado, contemplando cinco questões de leitura e cinco questões de gramática na perspectiva formativa.

31


Palavras-chave Avaliação da aprendizagem. Língua Portuguesa. 6° ano.

32


1. Língua e Linguística

Orações explicativas no âmbito da coordenação e subordinação Eliziete do Socorro Moreira Furtado Robson Borges Rua RESUMO O presente trabalho pretende realizar uma discussão acerca das orações explicativas no âmbito da coordenação e subordinação, fazendo uma breve abordagem no que diz respeito ao processo de coordenação e subordinação na visão dos gramáticos e dos linguistas. Nesse sentido, pretende-se abordar essa temática considerando os aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos, pois sabe-se que diante da perspectiva dos estudos funcionalistas, não é muito aceito fazer uma análise das relações de (in)dependência e encaixamento entre orações apenas pelos níveis sintáticos. Haja vista que, para esclarecer essa relação precisa-se considerar todos os aspectos linguísticos presentes na língua em uso. Dentre dessa linha de pesquisa, busca-se também discutir as características que aproximam as orações coordenadas explicativas com as orações subordinadas causais, que por vez, as gramáticas tradicionais não deixam muito claro essa relação que existem entre uma e outra. A considerar que os estudos meramente sintáticos não conseguem estabelecer de forma clara a relação de dependência entre coordenação e subordinação. Faz-se necessário o uso de um continuum para expor essa dicotomia que existem entre as articulações de orações. Para tal, fundamentamos nossa pesquisa na perspectiva de alguns autores de cunho funcionalistas, entre eles Olímpio (2006) e Rosário (2016), ressaltase que ambos tecem discussões importantes sobre as articulações de (in)dependência e encaixamento entre orações, considerando três aspectos que são: parataxe (coordenação), hipotaxe e subordinação. Procura-se com esse trabalho mostrar que para os estudos linguísticos, fazer uso de um continuum para esclarecer se existe ou não dependência e encaixamento entre orações é de suma importância.

33


Palavras-chave Coordenação. Subordinação. (In)dependência.

34


1. Língua e Linguística

O ato discursivo-semântico na prática do estudo da língua na sala de aula Fabiano Matheus Pinheiro Rosa RESUMO Este trabalho tem como objetivo uma breve análise expositiva da obra de Claudio Costa “Filosofia da Linguagem” (2002) juntamente com as perspectivas dos estudos de Análise do Discurso e a prática do ensino de língua na sala de aula por meio dos pressupostos Semânticos. Em termos de organização metodológica, a primeira seção é destinado ao enredo da obra referentes à Filosofia da Linguagem. A segunda seção, designa-se as principais abordagens no campo de Análise do Discurso. Na terceira e última seção é sobre prática do ensino de Língua Portuguesa em sala de aula, propondo 3 atividades com uma visão de novas conjecturas filosóficas-discursiva em obliquidade semântica. Por fim, os resultados concluintes dessas atividades resultam em uma interação lúdica na aprendizagem sobre a língua.

Palavras-chave Filosofia da Linguagem. Discurso. Linguagem. Semântica.

35


1. Língua e Linguística

As Estratégias de Polidez nas Conversações dos participantes da Associação de Remanescentes de Quilombos da Vila São José do Icatu Franciane Moreira Serrão Benedita Maria do Socorro Campos de Sousa RESUMO O presente estudo investiga o fenômeno ocorrente em interações conversacionais. Neste sentido ressaltamos que a polidez positiva permite proximidade entre os participantes da entrevista, e a negativa ressalta a distância. O objetivo central é analisar como os participantes da Associação Quilombola de São José do Icatu agem nas interações verbais de maneira a identificar possíveis manifestação de polidez linguística nas reuniões da Associação Quilombola da Comunidade de São José do Icatu, como desdobramentos, propomonos identificar a ocorrência de estratégias de proteção à face dos interagentes das reuniões da associação de quilombolas; verificar de que maneira eles protegem suas faces, se há preferência de uso de estratégias de polidez ou se prevalece atos políticos nas interações entre os participantes. Os dados foram coletados através de uma entrevista com 03 participantes da Associação. A entrevista foi gravada com ajuda de um aparelho celular e na sequência foram realizadas as análises grafemáticas. Para referenciar esta pesquisa buscou-se apoio em diversos autores como: Goffman (1967); Brown e Levinson (1987); Kerbrat-Orecchioni (2006) entre outros. Palavras-chave Polidez Linguística. Interação Verbal. Comunidade Quilombola.

36


1. Língua e Linguística

A caracterização acústica da vogal média tônica /o/ do português falado na área rural da cidade de Cametá/PA Jamille Trindade Pinto Raquel Maria da Silva Costa RESUMO Este trabalho trata de uma análise acústica da vogal média tônica /o/ do português falado na área rural da cidade de Cametá/PA: análise dos dados de fala lida. Tem como objetivo caracterizar acusticamente a vogal média posterior /o/ ~ [u] em posição tônica na língua falada na zona rural do município de Cametá (PA), com base em uma amostra estratificada na área rural do município de Cametá-PA, para fornecer uma referência do espaço acústico das vogais em análise. Esta pesquisa é orientada pelos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística quantitativa ou modelo laboviano e adota o procedimento de coleta de dados caracterizado como “pesquisa de campo”. O material de fala colhido, que constituirá uma parte do corpus de análise deste estudo virá de 18 informantes, estratificados pelo sexo (masculino 09 e feminino 09); nível de escolaridade (06 com nível fundamental,06 com nível médio e 06 com nível superior) e faixa etária (06 de 18 a 29 anos, 06 de 30 a 45 e 06 de 45 anos em diante). O tratamento e processamento desses dados serão pelo programa computacional Praat, e será segmentado, em: 1) vowel duration (transcrição fonológica da vogal tônica); 2) vowel (transcrição fonética da vogal tônica); 3) syllable (sílaba); e 4) word_target (palavra-alvo (pertencente ao corpus de análise). Assim sendo, o presente estudo espera contribuir para a caracterização do sistema vocálico do português falado na Amazônia paraense apresentando resultados que permitam demonstrar o comportamento

37


das vogais médias tônicas /o/ na variedade falada na área rural da cidade de Cametá (PA). Palavras-chave Vogal média posterior. Posição tônica. Caracterização acústica.

38


1. Língua e Linguística

O que dizem paraenses e cearenses sobre sua própria fala: um estudo de crenças e atitudes linguísticas Jany Éric Queirós Ferreira RESUMO Os estudos sobre crenças e atitudes linguísticas, no campo da linguagem, por meio de análises sociolinguísticas que visam verificar o significado social da variação como também analisar condicionamentos avaliativos sobre determinadas variantes, variedades e mesmo sobre determinadas línguas, têm sido a tônica em pesquisas sociolinguísticas atualmente. Pelo fato de as atitudes linguísticas poderem estar na origem de escolhas de uso linguísticos (MORENO FERNANDES, 1998), conhecer o que pensam os falantes sobre a língua que falam e sobre outras formas de uso dessa mesma língua ou de outras é de suma importância para compreender comportamentos linguísticos. Assim, esta apresentação objetiva realizar breve percurso metodológico de estudos de crenças e atitudes e apresentar alguns resultados da pesquisa de Ferreira (2019). O trabalho, pautado nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional (RADTKE; THUN, 1996), da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972), e mais especificamente dos Estudos de Crenças e Atitudes Linguísticas (LAMBERT, LAMBERT, 1968; LÓPEZ MORALES, 1993; entre outros), foi realizado com 40 informantes (paraenses e cearenses), de cinco localidades Região Nordeste do Pará, distribuídos com base nos parâmetros diatópico, diassexual, diageracional, por meio de entrevistas; questionários quantitativos e qualitativos foram utilizados para coletar dados de crenças e atitudes linguísticas, com uso adaptado da técnica Matched Guise. O corpus, constituído do questionário quantitativo, recebeu tratamento estatístico no Golvarb

39


X e o do questionário qualitativo foi organizado e categorizado por meio da técnica de análise de conteúdo. Os resultados apontaram que os dialetos avaliados possuem certo prestígio nas localidades; crenças e atitudes de paraenses e cearense se assemelham quanto ao conhecimento da variedade linguística local; entretanto, os cearenses foram menos leais aos seu dialeto que os paraenses.

Palavras-chave Atitude linguística. Crença Linguística. Sociolinguística.

40


1. Língua e Linguística

Léxico cametaense: Desvelando os processos de formação de palavras por derivação e flexão Juliane Rodrigues Amaral Marília Garcia Wanzeler RESUMO O pesente estudo, realizado no município de Cametá/PA, buscou investigar sobre o léxico cametaense, a fim de desvelar os processos de formação de palavras por derivação e flexão. A inquietação para buscar aprofundamento nesta área é o fato de tentar compreender como alguns falantes, mesmo não tendo consciência das regras linguísticas de sua língua, conseguem formar palavras de maneira apropriada ao seu texto. A pesquisa teve como objetivos: mostrar as 5 palavras por derivação e as 5 palavras por flexão detectadas na investigação; identificar como ocorre, no falar cametaense, o processo de formação das palavras; analisar as novas derivações e flexões que são possíveis serem criadas na língua contínua. Usou-se como metodologia estudos bibliográficos e de campo para discutir o processo de formação de palavras na área da Morfologia construcional com abordagem qualitativa, através de observação no falar de pessoas de determinados lugares do Município de Cametá. O referencial teórico expõe ideias de autores como: Câmara (1969), Santos (2006) e Margotti (2011). Ao final da pesquisa concluiu-se que as palavras sofrem alterações ao passar do tempo, justamente por que a língua é continua e usada por pessoas como sendo uma das principais formas de comunicação. Sendo assim, ela se torna imprescindível para que o indivíduo se comunique criando seus códigos linguísticos.

41


Palavras-chave Formação de palavras. Derivação. Flexão.

42


1. Língua e Linguística

O processamento metafórico na construção ‘Fazer a Sandy’ Liédson Valente Gomes Robson Borges Rua RESUMO O presente trabalho objetiva desenvolver uma discussão e análise acerca da construção gramatical irregular no português bastante produtiva, a saber: FAZER A SANDY. Essa construção ou instanciação, é originada a partir do padrão esquemático FAZER A X. Ou seja, trata-se de um hiperônimo que seria uma construção mais esquemática e de nível menos abstrato, e que no momento em que a posição de “x” é preenchida emerge hipônimos de níveis mais abstratos e consequentemente menos composicionais. Ainda em relação à construção em estudo, ressalta-se que o verbo não se encontra no sentido de processo, como em “Maria fez o almoço”, mas sim apresenta uma semântica mais abstrata. Nesse sentido, afim de construir o corpus dessa pesquisa, recrutou-se dados da internet, mais precisamente do aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp). Portanto, a fundamentação teórica deste trabalho está enraizada na perspectiva da Linguística Funcional, a considerar os pressupostos de Bybee (2010); e nos estudos de Goldberg (1995; 2006), segundo a qual a língua se organiza por meio de construções que se encontram inter-relacionadas. Além disso, apoia-se na teoria de Lakoff e Jhonson (1980), acerca da Metáfora Conceptual, no qual passa-se a observar a metáfora no cotidiano, e não mais apenas em contextos literários. Portanto, esse trabalho tem como principal objetivo contribuir com os estudos linguísticos, buscando oferecer uma discussão e análise acerca de padrões irregulares, que apesar de não fazerem parte do

43


cânone da língua são bastante produtivos e demonstram a expressividade da comunidade LGBTQIA+ e simpatizantes.

Palavras-chave Metáfora. Construção gramatical. LGBTQIA+.

44


1. Língua e Linguística

Ensino das orações adverbiais temporais: uma proposta por meio de memes Luan Alves Ribeiro Robson Borges Rua RESUMO O presente trabalho objetiva desenvolver uma discussão acerca da ligação de orações, a considerar não somente o que está posto nos manuais de gramática, mas também a visão de linguistas sob a perspectiva funcional da linguagem. Nesse sentido, recorreu-se ao gênero meme, presente no espaço digital, a fim de analisar a articulação entre orações coordenadas e subordinadas no gênero em questão. Desse modo, realizou-se buscas em redes sociais a fim a construir o corpus dessa pesquisa, direcionando o foco da abordagem para as orações adverbiais temporais antepostas à oração principal, uma vez que o objeto da pesquisa possibilita identificar três categorias diferentes acerca da empregabilidade da oração matriz. Logo, destacou-se os três contextos de ocorrência da matriz: imagem, texto e cognição. Assim recorreu-se a base teórica dos estudos funcionalistas a destacar a perspectiva de análise discursiva dos aspectos de figura e fundo, ressaltados nos estudos de Araújo e Freitag (2012). Essa abordagem possibilita uma discussão em que as orações subordinadas são concebidas como fundo para a oração principal (matriz), a qual é considerada a figura. No que diz respeito a contribuição dessa pesquisa para o ensino, sinaliza-se para novas perspectivas do ensino de língua portuguesa na sala de aula, a considerar o ‘meme’ como um dos suportes para a análise do funcionamento.

45


Palavras-chave Coordenação. Subordinação. Funcionalismo.

46


1. Língua e Linguística

O alteamento vocálico /o/ ~ [u] em posição tônica na variedade falada na zona rural do município de Cametá-PA Mariane Daysa de Castro Gomes Raquel Maria da Silva Costa Furtado RESUMO Este trabalho aborda sobre alteamento vocálico da vogal média posterior fechada /o/ em posição tônica na variedade falada na zona rural do município de Cametá, nordeste paraense. Tem como objetivo analisar a atuação dos fatores linguísticos e dos sociais/extralinguísticos como sexo, escolaridade e faixa etária para a alternância da vogal média tônica /o/ ~ [u], com base em uma amostra estratificada e sob a análise teórico-metodológica da Sociolinguística variacionista. O corpus deste estudo foi constituído por meio de entrevistas livres, envolvendo relatos de experiências pessoais de 18 informantes, todos cametaenses e residentes da zona rural do município de Cametá, os quais foram sistematizados conforme as variáveis sociais: sexo (09 femininos e 09 masculinos); faixa etária (06 de 18 a 29 anos; 06 de 30 a 45 anos; e 06 de 46 anos em diante); e escolaridade (06 com pouca escolaridade, 06 com ensino médio e 06 com ensino superior). Os dados de fala foram tratados e analisados quanti-qualitativamente por meio do programa computacional estatístico Goldvarb X, seguindo os moldes labovianos. A análise, em andamento, incide sobre as variáveis independentes, a fim de verificar em quais ambientes linguísticos e sociais o alteamento /o/ ~ [u] tem mais probabilidade de ocorrer, como também destacar qual a variante de maior predominância na fala dos moradores da zona rural do município de Cametá, por meio de um modelo matemático de análise da regra variável.

47


Palavras-chave Vogal média posterior fechada. Alteamento vocálico. Variação sociolinguística.

48


1. Língua e Linguística

As percepções linguísticas em relação à vogal média posterior /o/ no falar da zona rural de Cametá Reinara Costa Silva Oclícia Sales Barros Raquel Maria da Silva Costa Furtado RESUMO Esta pesquisa volta-se para as percepções linguísticas em relação a vogal média posterior /o/ no falar da zona rural de Cametá, em detrimento a sua variação (/o/ ~ [u]) na posição tônica, como em /boca/> [boka], /toco/> [tuku], /noite/> [nutʃi] no interior de Cametá (PA). São poucos os trabalhos dessa natureza desenvolvidos na região do Baixo Tocantins, por isso, a necessidade de realização deste estudo de maneira sistemática para identificar as regras subjacentes que norteiam a manifestação desta variável linguística. Dessa forma, temos como objetivo observar as atitudes linguísticas dos falantes cametaenses em relação a alteamento da vogal média /o/ em posição tônica considerando fatores extralinguísticos como idade e escolaridade e se há correlação entre o uso dessas formas linguísticas e os valores sociais (noções de prestígio e desprestígio). A pesquisa é desenvolvida com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística quantitativa, em estudos sobre Crenças e atitudes linguísticas advindos da Psicologia Social baseada em Lambert e Lambert (1996). Toma também como parâmetro de coleta de dados e análise a pesquisa de Corbari (2013) e o procedimento de coleta de dados de “pesquisa de campo”. O corpus será constituído por uma amostra estratificada de 16 informantes em: faixa etária (08 (18 a 29 anos), 08 (35 a 50 anos); e nível de escolaridade (04 com nível pouca escolaridade, 04 com nível fundamental completo, 04 com nível médio e 04 com nível superior). Além de verificar as atitudes linguísticas dos falantes da zona rural de Cametá, diante da variação de /o/ ~ [u] na variedade falada na localidade, pretendemos contribuir com o enriquecimento do acervo de pesquisas realizadas na região do baixo Tocantins.

49


Palavras-chave Percepções linguísticas. Vogal média posterior. Posição tônica.

50


1. Língua e Linguística

Similaridade fonológica em cruzamentos vocabulares Renan do Socorro dos Santos Borges RESUMO Entende-se como cruzamento vocabular uma palavra que resulta da fusão de outras duas, as quais são resgatadas semanticamente no cruzamento formado. Ampla abordagem desse fenômeno tem sido feita do ponto de vista morfológico e recebido várias denominações. O objetivo foi evidenciar a similaridade fonológica total e parcial envolvida na formação do cruzamento feito entre um nome de lugar paraense e um nome de estabelecimento comercial, como a formação ‘curuçambar’, feita a partir de Curuçambá (bairro de Ananindeua) + bar (local de venda de bebidas). Esta descrição inicial pode contribuir para a compreensão de um processo produtivo na língua, o cruzamento vocabular (CV), já analisado sob diversos vieses sobre sua condição morfológica e fonológica. Para isso, selecionamos os cruzamentos do tipo entranhamento lexical, quando há semelhança entre algum elemento fônico das palavras cruzadas. A metodologia utilizada para análise foi de base quali-quantitativa a partir de outras pesquisas realizadas no âmbito desse fenômeno. O corpus contempla 17 vocábulos descritos e analisados fonologicamente, selecionados dentre os 87 comentários da postagem. Como resultados, identificouse que as palavras cruzadas resultantes apresentam similaridade fonológica diversa quando da formação do novo item, com compartilhamento de segmentos sonoros tanto parcial quanto totalmente semelhantes e diversos processos de inserção, troca e supressão de segmentos na formação do novo vocábulo, com vistas, sobretudo, ao efeito humorístico. Em suma, as palavras resultantes são fruto de expressividade do usuário da língua e revelam-se como

51


itens nada triviais. São elementos que, se observados com atenção, demonstram-se complexos para análise tanto fonológica como morfológica.

Palavras-chave Cruzamento vocabular. Similaridade fonológica. Produtividade lexical.

52


1. Língua e Linguística

Fraseologismos em nomes de estádios de futebol brasileiros Sirlene Rocha de Oliveira Carlene Ferreira Nunes Salvador RESUMO O futebol é considerado, no Brasil, o esporte das massas e apresenta um número significativo de torcedores que difundem os termos e expressões que circundam sua prática. Uma das áreas que é contemplada pela difusão da linguagem do futebol reside nos nomes dos estádios de futebol que recebem os times, torcedores e todos os envolvidos nesse esporte coletivo que tem grande aceitação entre o povo brasileiro. No entanto, percebe-se que os nomes oficiais desses estádios têm sido substituídos por expressões que cumprem o papel equivalente de nomeação desses espaços. Assim, esta apresentação traz o levantamento das fraseologias existentes em nomes de estádios de futebol brasileiros, base temática do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, do Curso de Letras - Licenciatura Plena em Língua Portuguesa, da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, cuja pesquisa tem por objetivo documentar e analisar as fraseologias expressas em nomes de estádios de futebol brasileiros, segundo a orientação teórica de Mejri (1997; 2012), e Labov ([1972] 2008) no que concerne aos conceitos de variação linguística. A metodologia aplicada é a pesquisa documental exploratória descritiva (GIL, 2017) e a análise de dados de cunho qualitativo. Por tratar-se de pesquisa em andamento, os resultados encontrados apontam para fraseologias como: Brinco de ouro da princesa, Velho Chico, Arena da Paz, Gigante do Agreste, Coliseu do Sertão, dentre outros. Apesar de a temática futebolística ser um tema muito abordado em pesquisas acadêmicas, ainda são poucas as descrições de cunho fraseológico, o que justifica a natureza da investigação ora pretendida. Palavras-chave Fraseologia. Futebol. Nomes de estádios.

53


2 Estudos das Literaturas


2. Estudos das Literaturas

Instantes, movimentos e sensações ao farol de Woolf e Monet Ademilson Filocreão Veiga RESUMO O artigo em questão é resultado das aulas da disciplina de Cartografias Intensivas em Educação, ministrada em 2021 pelo professor Dr. José Valdinei Miranda e pela professora Dra. Gilcilene Dias da Costa no Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura do Campus Universitário do Tocantins/ Cametá. No texto, estamos imbuídos de discutir alguns aspectos da obra “Ao Farol”, de Virgínia Woolf (2016), colocando-a em relação com a Filosofia da Diferença Deleuziana, e entrelaçando algumas das suscitações poéticas da obra com as pinturas de Claude Monet. Sobretudo, no que diz respeito à interioridade e à potencialidade que as obras engendram enquanto realizações artísticas que flagram instantes, a partir de capturas de movimentos e sensações. Para tanto, alguns referenciais teóricos foram necessários, tais como “O Sol e o Peixe”, de Virgínia Woolf (2015), por meio do qual introduz-se aspectos sobre o ato de pintar, e “Mil Platôs”, Volume 1, de Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995), obra necessária às discussões acerca das multiplicidades potencializadas pela obra de arte, seja ela literária ou pictórica. Entre a obra literária de Woolf e as pinturas de Monet, o artigo debruça-se sobre suas derivas, conexões e desconexões, tais obras suscitando sentidos múltiplos como fósforos acesos na escuridão, que tão logo se apagam, não sem antes deixarem rastros e potências.

Palavras-chave Literatura. Pintura. Multiplicidade.

55


2. Estudos das Literaturas

Mulher e resistência: o silenciamento de mulheres na literatura brasileira Ana Carolina Corrêa Nogueira RESUMO Tradicionalmente, as mulheres são colocadas à margem da sociedade em função do patriarcado e estereótipos, por tanto se faz necessário uma apreciação e um levantamento histórico, social, político e estético da figura da mulher e suas trajetórias. A mulher é um componente do processo histórico literário e com sua participação que por sinal evidentemente vem crescendo no decorrer dos anos torna-se possível compreender que o seu papel na literatura faz parte de um processo histórico literário e que sua representação permite com que a literatura ganhe um novo olhar na produção literária, fazendo assim, com que a literatura se distanciasse daquele padrão ocidental homogêneo. Diante disso, este artigo se propõe a analisar e fazer uma reflexão acerca do lugar que é referido a escrita literária de autoria feminina com base na vida e obra da autora Narcisa Amália de Campos e para melhor compreensão dos percursos que a autora encontrou na sua trajetória literária até chegar numa posição de destaque, será essencial fazer um estudo da Teoria da literatura e a outras perspectivas e áreas de investigação como a crítica literária feminista que também servirá como base para apresentar o que é literatura e discutir o lugar conferido à produção de autoria feminina e a maneira como ela é colocada à margem da escrita literária brasileira.

Palavras-chave Escrita de autoria feminina. Resistência. Literatura Brasileira.

56


2. Estudos das Literaturas

Vozes polifônicas na literatura de Clarice Lispector Ana Carolina Lopes Medeiros Gilcilene Dias da Costa RESUMO Este artigo é resultante do plano de trabalho “Vozes polifônicas femininas na Literatura de Clarice Lispector”, vinculado ao projeto de pesquisa “O livro-rizoma e a máquina literária: devires do corpo político feminino nas artes de escrever-educar”, orientado pela Prof.ª Dr.ª Gilcilene Dias da Costa. E este projeto visa ampliar as perspectivas literárias, pois embora a literatura esteja na escola, ela ainda é usada apenas como um instrumento de avaliação e obtenção de conceitos de avaliação. Portanto, o referido plano propõe analisar as vozes polifônicas femininas que reverberam na literatura Clariciana em diálogo com o conceito de Polifonia desenvolvido em Bakhtin (2003) e como elas expressam o corpo feminino de resistências e o não silenciamento das mulheres. Seu desenvolvimento deu-se por meio de pesquisa bibliográfica aprofundada, utilizando recursos impressos e digitais como a seleção das entrevistas televisiva e radialista, juntamente com trechos retirados da obra “A descoberta do mundo” para análise e discussão. Traçando uma linha de vivências da escritora que influenciaram em sua literatura, os trajetos que elevaram sua literatura ao reconhecimento de um trabalho intelectual que muitas mulheres foram impedidas de chegar. A influência da literatura clariciana fala ainda hoje e compõe o discurso de muitas mulheres em suas lutas cotidianas. Palavras-chave Polifonia. Literatura. Lispector.

57


2. Estudos das Literaturas

O percurso da maldade em “Grande sertão: veredas” Carlos César Lima RESUMO A proposta da presente pesquisa é apresentar uma análise semiótica do percurso isotópico da maldade em “Grande sertão: veredas” e verificar em que medida tal percurso colabora na garantia da continuidade temática da obra. Haja vista que, no campo das ciências humanas há uma diversidade de teorias que se debruçam sobre o sentido. Dentre elas, optamos pelo modelo teórico-metodológico da Semiótica da Escola de Paris para aplicarmos à análise do romance. Ao refletirmos sobre o percurso da maldade por meio da análise semiótica, vemos como a cultura modela o discurso, o imaginário e a forma narrativa dos romancistas; assim sendo, por meio do protagonista Riobaldo, jagunço apartado das armas, enquanto enunciador, narra sua vida de aventuras a seu interlocutor, jovem doutor da cidade. Junto aos recursos do ritmo da fala e da memória, as isotopias vão se engendrando no discurso, ou seja, no procedimento da enunciação constroem-se os percursos isotópicos. A iteração dos semas ao longo do discurso abastece o aporte de informações responsáveis por garantir os traços semânticos que contribuem com a coerência textual. Assim, no texto de Guimarães Rosa, as isotopias amarram de forma coesa o percurso isotópico da maldade que pode estar figurativizado no reino animal e vegetal, nos seres humanos, nos espaços e no próprio sertão. A título de exemplo, o locus imaginal, Liso do Suçuarão é o palco de eventos que se repetem; ora na luta aguerrida entre Riobaldo e o jagunço Treciziano, na primeira tentativa de travessia; ora no confronto final entre Diadorim e o Hermógenes. Assim, um dos eixos que compõe essa proposta é examinar as ações

58


das personagens que figuram nessas narrativas e reforçam a isotopia da maldade.

Palavras-chave Romance. Semiótica. Maldade.

59


2. Estudos das Literaturas

Presença de Anita: de Mário Donato a Manoel Carlos – erotismo e sedução em cena Carmelinda Carla Carvalho e Silva RESUMO Publicado em 1948 pelo então escritor e jornalista Mário Donato, Presença de Anita, traz-nos uma narrativa repleta de temáticas tocantes à polêmica para uma sociedade conservadora e por assim dizer pouco adepta de uma leitura camuflada de sedução e erotismo. É justamente com esse tom mais aguçado que em 2001 o autor Manoel Carlos presenteia seus telespectadores com uma minissérie que nos mostra pelo olhar do cinema uma Anita cintilante em seu cenário e fulguras. Uma trama que envolve quem assiste e faz com que o leitor teça uma criticidade envolvendo a obra física (romance) de Mário Donato e o olhar de Manoel Carlos ao compor a dramaturgia incluindo aspectos que a crítica avalia como sendo imprescindíveis, bem como não possuindo a aclamada ‘fidelidade’ em outros momentos. Dessa forma este trabalho busca discutir as duas obras em questão apontando pontos que as aproximem ou as distanciem uma vez que ambas são de autorias diferentes, mas que dialogam com a finalidade de apresentar ao público, seja leitor ou telespectador, uma obra ampla em discussões. Exploraremos as definições de transição midiática para averiguarmos as modificações feitas entre as duas artes. Para tal êxito em nossa pesquisa utilizaremos os estudos de Tânia Franco Carvalhal (2006), Mirian Tavares (2006), Marcel Martins (2003), entre outros.

Palavras-chave Presença de Anita. Literatura e Cinema. Erotismo. Sedução.

60


2. Estudos das Literaturas

Beira Rio Beira Vida de Assis Brasil: a vida prostíbula no cais de Parnaíba Carmelinda Carla Carvalho e Silva RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar o detrimento ocasionado pela prostituição descrita na obra Beira Rio, Beira Vida (1965), de Assis Brasil, inserida na tetralogia piauiense, na qual insere o sujeito feminino na condição de meretrício, ora devido os fatores sociais, ora pela escassez de expectativas quanto a uma vida acertada em meio à pobreza e decadência de caráter agregados às personagens femininas. Assis Brasil enfatiza as relações sociais da época por meio da descrição de uma realidade que desvela a marginalização e a intolerância vivenciada pela mulher às margens do rio Parnaíba, espaço da narrativa, onde as personagens buscam subsistência. Expondo uma escolha de vida ou não, Assis Brasil mostra as duas facetas de uma sociedade hipócrita. Uma quando valoriza apenas a classe média e todo o conjunto de valores que são considerados importantes em uma sociedade e a outra representada pela exclusão da população de nível pobre e marginal como se fosse uma escolha de vida feita pelos adeptos do sofrimento que anseia ultrapassar a barreira que os separam, sem indiferenças e sendo tratados de forma igualitária. A privação de oportunidades faz com que as personagens já possuam o seu destino como determinado, eliminando qualquer possibilidade de uma vida distinta daquelas habitualmente encontradas num ciclo de paupérie humana. Como fonte de pesquisa, buscou-se fundamentos em Candido (1880), Schueler (1989) e Rossiaud (1991).

61


Palavras-chave Libertinagem. pobreza. marginalização. intolerância.

62


2. Estudos das Literaturas

Geologia do fogo: Hilda Hilst, erotismo & educação pelo sensível Eleazar Venancio Carrias Gilcilene Dias da Costa RESUMO Trata-se de experimentar alianças e conexões entre a literatura erótica de Hilda Hilst e uma (im)possível educação pelo sensível, tomando como central a questão do corpo como espaço de desejo e de atravessamentos políticos. O problema coloca-se na forma de questões-convite: o que pode um corpo erótico na educação? Como inventar uma educação pelo sensível a partir das relações entre CorpoErótico e a criação poética com Hilda Hilst? Como ensaiar a invenção de uma educação pelo sensível atravessada pelo corpo erótico-político e pelo devir minoritário de uma escritura impessoal, liberada das raízes do gênero e da pessoalidade? A metodologia, ou melhor, o procedimento se realiza segundo a cartografia e a pesquisa rizomática, como proposto por Deleuze e Guattari, especialmente em Mil Platôs e Kafka: por uma literatura menor. Cartografar se configura como um procedimento de registro e análise que consiste em separar as linhas moleculares das linhas que preservam a ordem instituída. (OLEGÁRIO, 2015). Primeiro procedimento para se fazer o mapa das erupções eróticas do corpo: realizar uma cartografia dos afetos no texto hilstiano. “Pensar o corpo, tentar nitidez.” (HILST, 2018, p. 23). Segundo procedimento: cartografar potências da educação que emergem da experiência poética com Hilda Hilst para fazer nascer o Corpo-Erótico-Político, filho (bastardo?) de uma transa entre a literatura e a educação. Finalmente, será possível contaminar de erotismo e sensibilidade a educação. Não lamentar a má saúde da educação brasileira; antes, alimentá-la de erotismo e sensibilidade, a

63


fim de renovar-lhe um vigor de juventude: “que coisa o corpo vivo e jovem” (HILST, 2018, p. 27). Raramente vimos um corpo doente se excitar. O erotismo é uma saúde.

Palavras-chave Hilda Hilst. Erotismo. Educação pelo sensível.

64


2. Estudos das Literaturas

A poética subterrânea de Hélio Oiticica Fernanda Serrão Carneiro José Valdinei Albuquerque Miranda RESUMO O presente artigo traz uma reflexão acerca dos textos em forma de manifesto Subterrânia e Subterrânia 2, do artista plástico e inventor Hélio Oiticica, escrito ao final da década de 60 e publicado na revista Pasquim em 70, do século XX. Sem a pretensão de promover uma análise do discurso ou descrições linguísticas, este artigo visa identificar a influência da poesia marginal e antropofágica na construção poética das obras de Oiticica, considerando o contexto político-social da época, e o posicionamento anárquico do artista. Para compreender o processo de roteirização e conceituação das obras e performances de Hélio Oiticica por meio da escrita, nos apoiaremos na pesquisa documental, a partir de publicações, textos e cartas trocadas pelo artista plástico com os artistas Nelson Motta, Toquarto Netto e Mário Pedrosa. Baseia-se também na concepção de Underground criada por Heloisa Buarque de Hollanda em Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde, 1960-1970 (2012), para descrever o conceito de Subterrânia em uma perspectiva nacional da arte na década de 60/70, em Oswald de Andrade, para tratar sobre a ideia antropofágica de uma cultura movente presente na relação SUL SUB, desenvolvida por Oiticica em Subterrânia. Por tratar-se de uma reflexão acerca da influência da poesia marginal na construção da arte-performance plástica de Hélio Oiticica, deste trabalho resulta o percurso percorrido pelo artista até a concretização da performance, passando pela recepção e a socialização do devir sub entre os artistas, em direção a uma contribuição com a vanguarda literária e visual contemporânea no Brasil.

65


Palavras-chave Hélio Oiticica. Literatura. Poesia concreta.

66


2. Estudos das Literaturas

Dalcídio Jurandir, o cronista e o articulista de Diretrizes Gisele dos Santos Melo Ivone dos Santos Veloso RESUMO A presente comunicação apresenta o plano de trabalho da pesquisa intitulada “Dalcídio Jurandir, o cronista e o articulista de Diretrizes (1942-1944)”, que está vinculado ao projeto de pesquisa “Dalcídio Jurandir: faces do jornalista, contrafaces do romancista”. Com o intuito de analisar as contribuições de Dalcídio como cronista e articulista para o periódico Diretrizes, com destaque, para as colunas “A inteligência contra o facismo”, “front literário” e “Suplemento Literário ficção, crítica e debate”, para assim, desvendar as relações entre essa escrita jornalista e a construção ficcional do romance Três casas e um rio (1958) do Ciclo Extremo-Norte. Nosso objetivo é analisar o material já coletado em pesquisas anteriores a respeito da face articulista de Dalcídio Jurandir, a fim de compreender melhor as relações entre esses escritos e a ficção produzida pelo escritor paraense, assim como, analisar os artigos de Dalcídio Jurandir publicadas na Revista Diretrizes, bem como, correlacionar a escrita do articulista de Diretrizes com a escrita do romance “Três casas e um rio” (1958) e confrontar a postura estética e ideológica do autor na produção jornalística e ficcional. A pesquisa é de natureza bibliográfica e documental. Utilizamos como suporte teórico autores como Brasil (2014), Furtado (2011), Furtado e Barbosa (2010), Santos e Furtado (2016).

Palavras-chave Jornalismo. Diretrizes. Dalcídio Jurandir.

67


2. Estudos das Literaturas

Perspectivas educacionais em Dalcídio Jurandir: uma análise a partir da reportagem “Os livros ganham a batalha contra Hitler” e do romance “Três casas e um rio” Gissandra Diovana Dias Teixeira Ivone dos Santos Veloso RESUMO Este trabalho traz alguns resultados do projeto de pesquisa “Dalcídio Jurandir: Faces do jornalista; contrafaces do romancista”, na presente pesquisa investigamos de que maneira perspectivas educacionais apresentam-se na escrita jornalística e ficcional do escritor paraense Dalcídio Jurandir, por intermédio da análise da reportagem “Os livros ganham a batalha contra Hitler” e do romance Três casas e um rio. Objetiva-se com isso, ressaltar a preocupação do escritor com esta temática, seja por meio de matérias jornalísticas que criticavam a perseguição nazifascista ao conhecimento e a liberdade de pensar no período de produção da reportagem, seja através de sua ficção, na qual apresenta situações e práticas de escolarização vivenciadas pelos personagens do romance Três casas e um rio (1958), tal qual acontece com o protagonista Alfredo, cujo sonho era estudar na capital paraense. A coleta de dados para esta pesquisa de natureza bibliográfica e documental deu-se por meio de pesquisas na Hemeroteca digital brasileira e na catalogação de textos organizados por Furtado (2010), na qual consta a reportagem destacada. A partir da análise evidenciou-se como Dalcídio Jurandir denuncia as dificuldades econômicas e as questões de ordem político-social que contribuíam para a desigualdade entre classes, ao mesmo tempo que pensa um quadro de educação escolar livre de injustiças sociais e que possibilitasse ao povo o acesso ao conhecimento.

68


Palavras-chave Dalcídio Jurandir. Educação. Reportagens.

69


2. Estudos das Literaturas

Tó Teixeira: uma outra margem da Academia do Peixe Frito Jaqueline Mirian Muniz Bandeira Paulo Jorge Martins Nunes RESUMO A história das narrativas dos indivíduos nos últimos tempos vem ganhando relevância social como objeto de estudo. Compreender o sujeito como único e singular, agentes de acontecimentos históricos sociais e produtor de conhecimento é reconstruir fatos, memórias deixadas ao longo dos anos no esquecimento. Nesse sentido, o presente artigo buscar trazer um recorte sobre a vida do músico e poeta Tó Teixeira e sua relação com a Academia do Peixe Frito, grupo que acompanhava as discussões modernistas no Brasil, as questões políticas e sociais envolvidas na Amazônia, com um sentimento de inovação, ruptura e crítica das artes literárias. Jornalistas, poetas, músicos, negros que manifestavam um olhar de valorização do cotidiano de Belém mediante a literatura pela busca da identidade amazônida com viés popular. Para alcançar os objetivos, realizou-se um levantamento bibliográfico, documental de autores e obras, livros, artigos, teses, dissertações e monografias sobre a Academia do Peixe Frito, tendo como base teórica os estudos de Nunes e Costa (2016), sobre Tó Teixeira o estudo concentrou-se nas pesquisas de campo a partir da entrevista com Habib (2013). Além das contribuições de Salles (2013), Hall (2013) as diásporas Africanas. Nos resultados parciais, a pesquisa aponta a influência dos poetas da Academia do Peixe Frito na formação de práticas sociais em busca da identidade Amazônida. Por isso, este trabalho tornou-se fruto de uma inquietação que culminou na compreensão das vozes que por anos foram (e continuam sendo) subjugados pelo poder econômico e social. Tó Teixeira, na tessitura de sua obra fala de gente da sua cor, do lugar de pertencimento, do contexto social marginalizado e silenciado pelas classes ricas.

70


Palavras-chave Tó Teixeira. Academia do Peixe Frito. Literatura.

71


2. Estudos das Literaturas

Paul Klee e a aula-acontecimento Jessé Pinto Campos Gilcilene Dias da Costa RESUMO O referido trabalho se propõe discutir o conceito de arte menor e aula acontecimento nos interstícios da filosofia da diferença, arte-literatura e educação. Nesse propósito se alia aos blocos de infâncias vivenciados por Paul Klee, tanto em seus “Diários” (1990) como nas suas obras de arte. Tendo em vista que a arte menor se experimenta nas minorações, nos agenciamentos minoritários, no político, no social e nas vivências singulares de cada pessoa. No mergulho por essa arte menor minoramos um conceito de aula-acontecimento no ensejo do desejo e da criação de novos signos para o solo da educação, por essa razão se debruça na liberdade das travessias experimentadas nos intervalos de uma aula, no rabisco de um desenho na mesa de casa, um singular passeio a tarde, tais experimentações nascem dos acontecimentos vivenciados na vida e que continuam a reverberar em nós enquanto um ritornelo. Nesse percurso caminhamos metodologicamente pela cartografia literária entre seus espaçostempo vividos nas territorialidades, rupturas, rizomas e agenciamentos pelos quais não se opera por um tempo administrado da história, pelo contrário se dança na melodia aníon do tempo, criando novos possíveis. Na construção dessa melodia musicamos com Gilles Deleuze e Felix Guattari, em “Kafka: por uma literatura menor” (1998), “Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia” (2012), “que é a filosofia?” (2007), Virginia Kastrup (et al, 2009) “Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade” e entre outros. Em suma, cartografamos os percursos de Paul Klee acerca da sua vida e arte que ressoam por uma aula-

72


acontecimento no rigor do desejo e da liberdade, para assim, mergulhar nos blocos de infância vivenciadas pelo autor como pistas de uma educação à criação de novos signos que nascem no encontro menor da arte e da vida. Palavras-chave Arte menor. Aula-acontecimento. Paul Klee.

73


2. Estudos das Literaturas

Alinhavos cartográficos da geo-poesia de Manoel de Barros na Educação Jônatas de Jesus Tavares Farias Gilcilene Dias da Costa RESUMO Este trabalho configura-se enquanto proposta a pensar-se as possíveis composições, as ressonâncias e as inventividades da geo-poesia de Manoel de Barros no território educativo, movendo-se, para tanto, por meio de uma linha rizomática, num sentido de um alinhavar entre os elementos poético-educativos. Nesta proposição tomamos por intercessores Deleuze e Guattari (1997, 2011), e seus estudos filosóficos-literários do pensamento da diferença, voltando-nos aos conceitos de rizoma, multiplicidade e devir, para traçarmos um mapa rizomático das potências da poética de Manoel de Barros na educação; dialogamos com Skliar (2014) e Larrosa (2003, 2018), também pensadores da diferença, partindo, com este primeiro, de suas provocações nos interstícios dos educares e das poéticas do ínfimo, confluindo com o segundo e suas proposições sobre a experiência e sobre a linguagem possível de uma (des)educação. Tomamos o conceito de geo-poesia para extrair da poética de Manoel de Barros (2010, 2016), suas paisagens do ínfimo e suas invencionices, potentes de desutilidades e despropósitos para pensar-fruir uma educação outra. Metodologicamente, embrenhamo-nos nos rios-rizomas da cartografia das intensidades, com Deleuze e Guattari (2011) e Passos e Kastrup (2015), numa produção e proliferação de mapas que se formam no acompanhamento de processos, no movimento intensivo dos encontros entre territórios poéticos e educativos. Nas tessituras destes alinhavos potentes afirmam-se novas composições entre estas paisagens do ínfimo, das existências da geo-poesia de Manoel de

74


Barros, que ressoam, perfuram e habitam no território educativo, no sentido de experimentar-se nessas aberturas e povoamentos de intensidades inventivas e de chão, num movimento inaugural de ensaiar um encontro poético na educação.

Palavras-chave Educação. Geo-poesia. Manoel de Barros.

75


2. Estudos das Literaturas

A literatura feminista que nos atravessa no ensino superior: A (des)construção do ser mulher Luciete Cardoso Pompeu Karine Marques Souza RESUMO A escolha da discussão parte da experiência vivida na disciplina política educacional ao discutirmos sobre diversidades de gênero e feminismos, em que foi exposto sobre mulheres autoras fazendo com que pudéssemos perceber que somente no ensino superior foi de fato quando tivemos acesso às diversas obras existentes sobre inúmeras mulheres e após esse contato ocorreu nossa emancipação, mudanças de atitudes, pensamentos e inquietações. Tendo em vista que o processo de descobrir-se mulher na sociedade é contínuo como já descrito por Simone de Beauvoir (2009) “não se nasce mulher, tornase mulher”, nota-se que a literatura tem um papel importante nesse processo, mais especificamente as leituras feministas que nos atravessam. Com isso, essa pesquisa tem por problemática “Qual o impacto da literatura feminista na (des)construção do ser mulher?”. Na busca por responder esta inquietação traçamos três objetivos sendo o primeiro compreender quais mudanças o acesso e a ausência da literatura feminista causa na construção para vivência em sociedade. O segundo objetivo é identificar o porquê da resistência em torno da discussão dessas obras e seus atravessamentos aos estudantes no ensino superior e por fim mostrar o poder transformador da literatura feminista para o processo de (des)construção da mulher. Com isso, percebeu-se que o processo de construção e desconstrução da mulher está ligada às suas vivências, nesse sentido o acesso a essas obras atua diretamente para proporcionar maior autonomia e reconhecimento de sua própria história. O contato com autoras

76


feministas como Hannah Arendt, Clarice Lispector, Conceição Evaristo e tantas outras que expressam a condição da mulher, a força, o poder e a luta por liberdade alimentam a libertação de ideias construídas socialmente em uma sociedade patriarcal.

Palavras-chave Literatura. Mulher. Desconstrução.

77


2. Estudos das Literaturas

Dalcídio Jurandir leitor de Machado de Assis Luiz Fernando Siqueira Muniz Ivone dos Santos Veloso RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar a produção jornalística de Dalcídio Jurandir (1909-1979) para o periódico Diretrizes-RJ, entre os anos de 1942 a 1944, sob o aspecto pouco conhecido do crítico de arte. Por consequência de seu ofício como ficcionista na produção dos dez romances inseridos no ciclo Extremonorte, aliado ao seu comprometimento social na escrita à imprensa, constatamos diversas relações intrínsecas entre as facetas do romancista e do jornalista. Com destaque à segunda faceta, a produção do periodista abrange desde reportagens, crônicas, ensaios até críticas literárias, estas inseridas em duas colunas cujo os títulos são A Inteligência Contra o Fascismo e Front Literário. Ao apresentar uma crítica ao livro de Monteiro Lobato em O Aniversário de Urupês é abordado as técnicas de estruturação da narrativa utilizadas na construção de alguns contos do livro, ocasião em que Dalcídio Jurandir cita Machado de Assis como exemplo à elaboração de enredos. Dessa forma, partimos da concepção de que ser um leitor antecede o ser escritor, por meio das impressões de leitura passamos a contar com um importante instrumento à compreensão dos fatores que determinam o pensamento na criação literária. Logo, nos textos de Dalcídio, para os periódicos, temos acesso ao que o autor lia, suas impressões sobre as leituras e como essas leituras afetam sua concepção acerca da literatura. Em conclusão, a coleta de dados foi realizada através de pesquisas bibliográficas dos acervos da hemeroteca digital brasileira e contará com aporte teórico de Furtado (2010), Costa (2015), Santos (2016) e outros.

78


Palavras-chave Dalcídio Jurandir. Machado de Assis. Crítica Literária.

79


2. Estudos das Literaturas

Clarice Lispector e o devir-mulher da literatura Maria Eduarda dos Santos Bacha RESUMO A partir do reconhecimento e da importância da leitura de obras literárias na formação escolar e outros ambientes sociais, o presente trabalho tem como objeto de estudo o conceito de devir-mulher na obra literária de Clarice Lispector, fundindo vida-pensamento, literatura-mundo, ao encontro de uma educação feminista. Esta pesquisa está fundamentada na filosofia da diferença, sobretudo de Deleuze e Guattari. Para tanto, será tomada como recorte a obra “A Paixão segundo G.H.” (2009), de Clarice Lispector. Nos objetivos traçados para a organização do que fora pesquisado, buscou-se discutir o conceito de devir-mulher na obra literária “A Paixão segundo G.H.” (2009), de Clarice Lispector, fundindo vidapensamento, literatura-mundo, ao encontro de uma educação feminista. Bem como, conhecer as bases teóricas e práticas do pensamento da diferença e dos estudos de gênero e feministas na literatura e educação. Além de propiciar as condições de possibilidades para se pensar uma perspectiva feminista na educação no cruzamento com a literatura de Clarice Lispector. Deste modo, a relevância do tema exposto consiste em potencializar canais de acesso à palavra literária de Clarice Lispector ao encontro de uma educação feminista, construindo pontes e experiências de sentidos na vida de mulheres imersas nas veredas da palavra literária de Clarice Lispector, para pensar-transformar suas relações afetivas e sociais e as condições historicamente definidas, por uma lógica sexista e patriarcal, de uma representação fixa de ser-estar mulher no mundo.

Palavras-chave Clarice Lispector. Devir-mulher. Literatura.

80


2. Estudos das Literaturas

(Des)caminhos e inquietudes em personagens femininas claricianas Suzana do Espírito Santo Oliveira Furtado Gilcilene Dias da Costa RESUMO O presente trabalho busca tecer uma correlação entre as personagens femininas presentes nos contos claricianos “A Língua do P”, “Mas vai chover” e “Praça Mauá” e os estudos da diferença de base feministas, uma vez que a partir da leitura de Clarice Lispector, reverberam os ecos de inquietudes e conflitos de um existir feminino múltiplo e subversivo, onde a mulher tenta romper com as regulações sociais para lançar-se ao encontro de sua liberdade. A construção metodológica do trabalho deu-se pelo viés bibliográfico e literário, com embasamento teórico em Beauvoir (1967), Butler (2003), Igreja (2020), dentre outras que nos permitem entender as formas como as subjetividades femininas são socialmente construídas. Desse modo, o objetivo geral busca analisar as correlações entre as personagens femininas do texto literário e a condição da mulher na sociedade, suas inquietudes e liberdades, tendo por base os contos de Clarice Lispector na obra A via crucis do corpo e as possíveis aproximações aos estudos feministas, especificamente na abordagem dos contos “Mas vai chover”, “A língua do P” e “Praça Mauá”. Nas análises e resultados, contextualiza-se que o enfoque Clariciano nos contos da coletânea A via crucis do corpo possui forte relação com as epistemologias feministas, uma vez que os contos se inserem em discussões ligadas à condição da mulher na sociedade, à sexualidade e às intersecções de gêneros que saltam para além das estereotipias de corpo e relações de poder construídas historicamente. Dito isto, observa-se que a escrita de Clarice Lispector ressoa os ecos de

81


liberdade no existir feminino e provoca múltiplos modos de expressão feminina a partir do texto literário.

Palavras-chave Personagens Femininas. Feminismos. Clarice Lispector.

82


2. Estudos das Literaturas

Escritos e Biografias Invisibilizadas: Notações sobre Nísia Floresta e Maria Firmina dos Reis Tereza Cristina Veloso Pantoja RESUMO O presente trabalho visa contribuir com a desconstrução da invisibilidade relegada aos escritos e as biografias de mulheres no cânone literário brasileiro, para essa discussão apontamos notações sobre Nísia Floresta, primeira jornalista feminista do Brasil, e Maria Firmina dos Reis, primeira romancista brasileira. A historiografia da literatura brasileira é visivelmente construída com princípios patriarcais e eurocêntricos, basta recorremos aos documentos oficiais e observar quantas mulheres estão presentes nesses registros, logo se torna emergencial evidenciar a produção literária feminina e a escrita de mulheres negras, fazendo-se necessário o estudo de suas biografias, uma vez que não apenas seus escritos foram invisibilizados, mas suas histórias de vida também. A pesquisa de cunho bibliográfica revisita para análise as contribuições de Zahidé Lupinacci Muzart (1990, 2003), Sylvia Perlingeiro Paixão (1990), Constância Lima Duarte (2003,2015), Norma Telles (2008), Ivia Alves (1998), Michelle Perrot (2012) para embasar o cenário da produção autoral feminina no Brasil do século XIX, bem como outros autores que em seus estudos tratam sobre a vida e produção literária de Nísia Floresta e Maria Firmina dos Reis. As autoras trazem contribuições importantes para as temáticas do feminismo, como educação e emancipação feminina, e escrevem sobre temas sociais de sua época como a abolição da escravatura, denunciando as injustiças, maus tratos e as condições sub-humanas em que os escravos viviam aqui no Brasil. O legado deixado por essas mulheres são bandeiras de luta e resistência, são inspirações para continuarmos buscando

83


reconhecimento e fazendo ecoar as vozes silenciadas ao longo da história literária.

Palavras-chave Literatura. Biografia. Invisibilidade.

84


2. Estudos das Literaturas

Dama da Amazônia, Tizuca, Beli, Força de Madre: falemos de Sibele Mendes Vivianne da Cruz Vulcão RESUMO O romance Sibele Mendes, amor e luta (1984), foi o primeiro romance produzido pelo escritor paraense Salomão Larêdo. Sibele é seu inaugural no gênero, por assim dizer. A obra, assim como a maioria dos trabalhos produzidos por este autor – com mais de trinta anos de atividade literária – versa sobre memórias, narrativas, histórias inventadas, poesias de encantamento e acariciamento. Nesse sentido, o presente artigo trata da apropriação de leitura e releitura do referido romance, da discussão teórica relacionada a temas que eclodem do enredo, nos possibilitando ainda, conhecer uma obra muito interessante e com edição limitada. Na proposta de análise, recorreremos a fortuna crítica de autores que discutam a relação que esta personagem constrói ou reconstrói na sociedade em que transita. Analisaremos os laços de sociabilidade e interações que cria entre si e com o mundo, averiguando também, marcas de identidade. Entendemos que o artigo em sua totalidade, nos ajudará a compreender ainda mais sobre a emancipação feminina frente a história cultural amazônica, reconhecendo possíveis “bandeiras de luta” em vozes projetadas pelo autor, numa “linha de tempo” alusiva aos anos de 1984 e que ressoam até hoje.

Palavras-chave Sibele Mendes. História Cultural. Amazônia.

85


2. Estudos das Literaturas

Ação narrativa dos personagens de “Chove nos campos de Cachoeira” Yandra Dias de Oliveira Gisele dos Santos Melo Reinara Costa Silva RESUMO Este trabalho foi desenvolvido a partir da disciplina “Teoria do texto narrativo”. Assim sendo, apresenta um objetivo investigativo, uma vez que busca analisar a ação narrativa de alguns personagens no romance “Chove nos campos de Cachoeira”, do escritor marajoara Dalcídio Jurandir. Compreender como se estrutura a narrativa do romance e se esta segue um modelo tradicional ou contemporâneo; mas tem um caráter propositivo, uma vez que, a partir da análise, propomos fazer um paralelo entre às ações das personagens e algumas canções que podem servir como uma introdução ao romance ao público discente, especialmente, do nível médio da educação básica. As linhas narrativas trabalhadas foram dos seguintes personagens: Alfredo, Eutanázio, Dona Amélia, Irene, Felícia, Lucíola Para estabelecer relações das canções com as ações dos personagens, selecionamos trechos do romance para melhor exemplificarmos. Os resultados obtidos através da análise do romance, no que diz respeito a ação narrativa, demonstram que o romance não segue a estrutura dos romances tradicionais, visto que não possui a apresentação, bem como, um desfecho concluído, mas sobretudo notamos que a maioria das ações descritas no romance são narradas a partir das perspectivas internas das personagens, ainda que ocasionadas por fatos externos, isto é, os conflitos e o clímax das linhas narrativas nos são descritos por meio da psique das personagens. Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, os autores utilizados para o embasamento foram Abdala

86


Jr. (1999), Sales (2009). As músicas utilizadas foram: “Irene”, de Caetano Veloso; “Maria Maria”, de Milton Nascimento; “Não creio em mais nada”, de Paulo Sérgio; “Sonho impossível”, de Maria Betânia; “Troca de Calçada”, de Marília Mendonça.

Palavras-chave Ação narrativa. Romance. Dalcídio Jurandir.

87


2. Estudos das Literaturas

O Imaginário na Forma Narrativa de Moju: Memórias de Mestre Gení Zilene dos Reis Maciel Monise Campos Saldanha RESUMO Força motriz que move as culturas, reconstituindo livremente e imediatamente o horizonte e a esperança do ser na sua perenidade é o imaginário. O conceito mencionado motiva o presente artigo, fruto do projeto interdisciplinar apresentado à Universidade do Estado do Pará. Trata-se, pois de investigação sobre a forma narrativa contidas nas memórias de Mestre Gení, cancioneiro de boi da cidade de Moju no Estado do Pará. O objetivo deste estudo é analisar a forma narrativa presente nas memórias do mestre de cultura Gení, cantadas pelo narrador da pesquisa. A metodologia aplicada foi a da revisão bibliográfica atrelada a entrevista semiestruturada, postulados, fundamentados em Marconi e Lakatos (2021); Minayo e Deslandes (2007); Durand (2012); Barthes (1976), entre outros. Verificou-se que o narrador traz em germe, em suas canções de boi, a forma narrativa caracterizada como conto épico, conceito trabalhado por Barthes (1976) e Propp (2001). Conclui-se que as memórias do cancioneiro de boi contêm teor literário substancial, alocada na teoria proppiana sobre o conto, como também categorizado por Barthes (1976) enquanto forma narrativa de exposição. No entanto, por estar alocada em produções culturais ditas folclóricas, tais constructos são postos às margens dos estudos literários.

Palavras-chave Gení. Imaginário. Memória.

88


3 Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

O processo da leitura inicial de artigos científicos Aldaleia Oliveira Ferreira Jorge Domingues Lopes (orientador) RESUMO A leitura é, sem dúvida, um processo complexo de interação entre o leitor e o texto. Por isso, é importante ressaltar que a construção desse processo varia de leitor para leitor. Além disso, os leitores, ao praticarem a leitura, percebem que há diferentes modos de realizar essa ação, pois existem diversas técnicas para se chegar à compreensão textual. É importante frisar que alguns leitores, por não saberem manusear e praticar essas técnicas, encontram dificuldades na compreensão de textos, isso implica negativamente na hora de alcançar o objetivo da leitura dos textos acadêmicos. Portanto, o objetivo desse trabalho se concentra em dois momentos: o primeiro, é saber como os alunos estão realizando o processo de leitura dos artigos científicos, entender o ponto inicial e o ponto final através do percurso que cada um realizou, ou seja, de que parte do texto eles iniciam suas leituras; o segundo ponto a ser analisado está relacionado ao nível de decodificação que cada um conseguiu obter usando suas estratégias. Em vista disso, nos questionamos como as estratégias de leituras de textos podem facilitar a compreensão textual. Para refletir sobre essas questões, buscamos teóricos como Solé (1998), para compreender a importância das estratégias na formação do leitor. Metodologicamente, essa experiência foi realizada com alunos de cursos diferente da UFPA/Campus Cametá. Para realizar nossa análise, fizemos testes de leitura com estudantes de graduação, usando artigos científicos. Em síntese, percebeu-se que as estratégias de leitura, uma vez que elas são bem utilizadas, podem facilitar a

90


compreensão de qualquer texto, e que o processo de leitura é construído através da prática.

Palavras-chave Práticas de Leitura. Estratégia Leitura. Compreensão Textual.

91


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Ensino de Semântica na pandemia? Análise das videoaulas de língua portuguesa do programa “Todos em Casa Pela Educação” Amanda Izabel dos Santos dos Santos Eric Brendon Moreira Vale dos Santos Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva Maria Mônica Sanches Viana RESUMO Devido à pandemia de covid-19, a modalidade de ensino remota se tornou uma opção recorrente em vários estados brasileiros. No Pará, a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) promoveu o programa Todos em Casa pela Educação, tendo como público alvo estudantes dos ensinos Fundamental e Médio. Desde 30 de março de 2020, o programa elaborou aulas gravadas que foram transmitidas no Youtube e na TV Cultura. Em vista disso, construímos o seguinte problema de pesquisa: como se caracteriza o ensino de Língua Portuguesa em quatro videoaulas do programa Todos em casa pela Educação, da SEDUC-PA? Para nortear teoricamente a análise, buscamos subsídios em Perini (1998), Libâneo (1990), Geraldi (2011) e Antunes (2007), que ajudam na compreensão dos aspectos didáticos e da relação gramática e ensino. Esta pesquisa apresenta abordagem qualitativa; pesquisas bibliográfica, de caso e documental, visando a descrição do corpus, identificação dos objetivos de ensino, conteúdos, recursos didáticos e demais procedimentos metodológicos que foram utilizados nas respectivas aulas. A pesquisa foi desenvolvida durante a disciplina Prática Educativa V (5º semestre do curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa, do IFPA/Campus Belém), que se deu de forma remota, durante o primeiro semestre de 2021. Essa atividade foi solicitada pelo professor da disciplina como um dos momentos

92


avaliativos. Concluiu-se que houve o aproveitamento dos recursos audiovisuais e plataformas que são de fácil acesso, juntamente com aulas e atividades didaticamente organizadas e compreensíveis, focadas na prática de análise linguística dos recursos gramaticais sem dar espaço para a prática de produção de textos.

Palavras-chave Videoaulas de Língua Portuguesa. Ensino de Semântica. Ensino remoto.

93


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

O Trovadorismo na Cultura Musical Regional: o gênero música como ferramenta didática e pedagógica para o ensino da literatura Andreza Prazeres Gaia Fernanda Batista Wanzeler RESUMO O presente trabalho abordará o conteúdo “trovadorismo”, tal movimento literário medieval tem como suporte o gênero música. O referido plano de aula iniciou com a investigação dos materiais trabalhados no ensino médio emergencial remoto, e após a análise do material coletado foi elaborado uma proposta de ensino pautada na literatura em específico o conteúdo do trovadorismo, no qual possui como suporte o gênero música. Tem-se como objetivo central fazer com que os alunos do ensino médio, possam relacionar, valorizar e aprender de forma prazerosa tal conteúdo abordado aqui, pois, observou-se que a literatura trovadoresca é bastante usada na sala de aula, além de se corriqueira nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (EMEM). Partimos dos seguintes pressupostos teóricos: Carvalho (1996; 2013) que faz uma abordagem sobre a Sequência de Ensino Investigativa (SEI); Brasil (2002) que fala a respeito do o ensino de literatura; Lapa (1977) sobre o trovadorismo; Marcuschi (2001) que pontua o ensino dos gêneros; Costa (2008) que aborda o gênero música como ferramenta educacional; e ABNCC (2018) do ensino médio que orienta nas suas habilidades a importância da pesquisa investigava. A valorização da cultura é essencial para a identidade sociocultural do aluno e com suporte desse gênero será trabalhado as músicas regionais e fazer com que nossos alunos possam ir em busca de músicas que correlacione com as catingas do

94


período medieval, no entanto agora com músicas atuais de nossa região.

Palavras-chave Trovadorismo. Música. Regional.

95


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Gêneros textuais fábulas como recurso para aquisição das habilidades línguísticas Bruna de Paiva da Silva Claydy Estumano Galvão Cássia Cristina Moura Benchimol RESUMO O Estágio Supervisionado tem como intuito aliar a teoria adquirida pelo discente durante a graduação com a prática de trabalho do futuro profissional. Com isso, o presente projeto foi desenvolvido a partir da verificação dos conteúdos de Língua Portuguesa encontrados no caderno de um aluno do 6º ano do Ensino Fundamental da zona urbana, buscando investigar e compreender as práticas de ensino dessa disciplina. Observamos como é feito a aplicação dos gêneros textuais e como são trabalhados em sala de aula. Buscamos suporte com os respectivos teóricos: Sapir (1929), Geraldi (1984), Koch (2002), Dolz (2004), Noverraz (2004), Schneuwly (2004) e outros, que enfatizam a importância dos textos como unidade de ensino a serem trabalhados em diversos gêneros e situações discursivas em Língua Portuguesa. Assim também norteiam a BNCC e os PCN’s, já que ambos afirmam que o trabalho da leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados em conjunto. Por meio dos resultados da presente pesquisa, pode-se afirmar que boa parte das atividades e conteúdos ministrados pelo docente em questão são pautados na gramática tradicional, fazendo uso de métodos totalmente teóricos, visando somente a aprendizagem de normas, sem nenhuma significação na vida dos alunos, que por sua vez, não conseguem estabelecer relação entre a teoria gramatical e a prática de texto. Diante disso, faz-se necessário que o professor reconheça que a análise de palavras e frases isoladas, não contribuem de forma significativa para alcançar resultados satisfatórios no que diz respeito aprendizagem do aluno, visto que esses fatores dificultam o desenvolvimento de uma produção textual de qualidade. Por outro lado, através de aulas práticas envolvendo a leitura, gramática e

96


produção textual, o aluno passa aprimorar o seu conhecimento linguístico. Em vista disso, por meio dos exercícios analisados podese dizer que há pouco uso da gramática discursiva, sendo esta de grande importância, pois, enfatiza como a língua funciona. Mediante a isso e aos conhecimentos adquiridos por meio dos autores e dos documentos estudados, contribuímos com um projeto de intervenção pedagógica, o qual traz uma sequência didática que irá auxiliar no melhor desempenho do docente e aproveitamento dos alunos no processo de ensino aprendizagem.

Palavras-chave Língua. Fala. Ensino.

97


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

PCNA: uma formação para além do bolsista-monitor Darleyson Wesley da Mata Teles Jorge Domingues Lopes (orientador) RESUMO A universidade é uma das principais formadoras de cidadãos e de pessoas que buscam conhecimento acadêmico específico, cada uma em sua determinada área. E de acordo com cada universidade, principalmente nas públicas, a disponibilidade de pesquisas em bolsas acadêmicas são caminhos que alguns alunos podem percorrer para aprimoramento desses conhecimentos para além dos conhecimentos adquiridos na graduação. Dessa forma, tratando especificamente do Programa de Cursos de Nivelamento da Aprendizagem (PCNA), discutimos como ele contribui com a formação do docente. Com isso, a proposta baseia-se em levantar as pautas e discussões que foram disponibilizadas em reuniões preparatórias e mostrar a importância que essas reuniões tiveram nesse processo de aprendizagem. O principal objetivo dessa pesquisa é compreender o quanto o trabalho de orientação em projetos acadêmicos contribui para o ensinamento e preparação do discente-futuro-docente, e quais foram as estratégias utilizadas para a formação dos bolsistas. Para desenvolvimento deste trabalho foram utilizados estudos de Halliday (2016), Koch (2003; 2010) e Teberosky (2003). Em relação a conhecimentos específicos de determinados termos, consideramos a utilização do Dicionário de Termos Linguísticos I-II (1992) e o Dicionário de Análise do Discurso (2002). A metodologia utilizada para tal elaboração foi de cunho bibliográfico, com base em anotações e resumos produzidos ao longo das reuniões de orientação, durante o período-vigência dos encontros preparatórios. Entendemos, até o momento, que este trabalho pode contribuir para contemplar estratégias que possam ser utilizadas pelos alunos-bolsistas junto aos alunos atendidos pelo PCNA, e aos seus futuros alunos. Dessa forma, expomos como cada estratégia utilizada contribui para avanços acadêmicos e para uma

98


melhor compreensão em relação aos assuntos abordados em sala de aula.

Palavras-chave PCNA. Estratégias de Ensino-Aprendizagem de Português língua materna. Formação de estudantes de Letras.

99


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Projeto paneiro da leitura: práticas de leitura e ludicidade em Limoeiro do Ajuru Darlone Gomes Costa Jherykson Nunes RESUMO O Projeto Paneiro de Leitura tem como intuito principal valorizar o aprendizado e incentivar o interesse de crianças e adolescentes pela leitura, com ações voltadas à leitura de forma lúdica, contextualizada conforme nossa regionalidade e proporcionando a reflexão de seus leitores, levando aos bairros da zona urbana e as comunidades ribeirinhas da zona rural o acesso à leitura de forma lúdica. Assim, o objetivo deste trabalho é mostrar como projetos educacionais podem levar às crianças e adolescentes o acesso à leitura por meio de livros, contação de histórias, poesias, teatros, fantoches e outras formas de expressões culturais que façam com que elas tenham interesse pela leitura, bem como pelo aprendizado. O nome do projeto foi escolhido levando em consideração as raízes culturais do município de Limoeiro do Ajuru, pois o fruto açaí está presente no cotidiano desse povo, seja como alimento diário e/ou forma de sustento. E o paneiro é um instrumento de trabalho que auxilia no manuseio e preparo desse alimento. Entendendo que a leitura proporciona ao leitor um momento de reflexão e interação com o meio e com o contexto social onde este encontra-se inserido, a metodologia do estudo compreendeu cada momento da execução, observando como as ações foram desempenhadas, desde a mobilização dos professores participantes, dos alunos e a socialização/avaliação com o intuito de verificar as metodologias de ensino repassadas por cada docente. Por fim, este trabalho permitiu contextualizar as ferramentas locais à realidade do educando, como proposto pelo método “Paulo Freire” com suas

100


contribuições voltadas a métodos de ensino, para crianças, jovens e adultos, por meio de “Temas geradores” na perspectiva de auxiliar os alunos em suas leituras, possibilitando uma aprendizagem mais significativa.

Palavras-chave Leitura. Ludicidade. Limoeiro do Ajuru.

101


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Relação e função: noções para análise sintática e análise morfológica na educação básica Ebenezaide Cristina Nunes de Sá RESUMO Este trabalho se delimita em analisar a linguística na educação básica, razões pelas quais serão desenvolvidas uma proposta com ênfase na abordagem das análises sintáticas e morfológicas (análise linguística) que sempre se configurou como um problema para os alunos da educação básica. Adotamos o ponto de vista crítico e reflexivo, com análise linguístico-gramatical. Sendo este motivado na contribuição de o ensino de língua na educação básica no contexto investigado. Na presente pesquisa propomos atividades para serem desenvolvidas nas aulas de língua portuguesa que surgiram a partir da investigação desenvolvida numa escola do ensino médio e tem foco principal na análise linguística na educação básica, se tratando da temática “Relação e função: noções para a análise morfológica e sintática na educação básica”. Além disso, pretendemos apresentar propostas concretas para um trabalho profícuo da análise linguística na escola. Para atingirmos tal objetivo, do ponto de vista teórico, apoiamos nos pressupostos bibliográficos de Travaglia (2009), Freire (1996), BNCC (2018), PCNs (1998), entre outros. E também nos ancoramos do ponto de vista metodológico em Reis e Jorge (2020), Zilbermam (2012), Zeichner (2014), etc. Desenvolvemos, uma pesquisa documental por intermédio de uma aluna do ensino médio, que contribuiu para o surgimento da proposta na prática de análise linguística nas aulas de língua portuguesa, mostrando que é possível propor uma forma de ensino de gramática produtiva e pertinente para o aluno, que vise o desenvolvimento de sua competência comunicativa. Palavras-chave Educação Básica. Análise linguística. Contexto social.

102


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Redação ENEM: uma análise sobre a subjetividade do aluno-escritor Hugo Henrique Carvalho da Silva RESUMO O presente artigo faz uma análise sobre a relação entre as regras exigidas pela Matriz de Referência de Redação do ENEM, documento que orienta o participante o professor sobre a estrutura e as particularidades do exame, e a escrita subjetiva e a postura adotada pelo aluno nesse processo que marca, para a maioria dos que participam do exame, a oportunidade de ingressar no ensino superior. Assim como qualquer exame seletivo, o ENEM possui exigências que devem ser cumpridas para que o participante possa alcançar uma boa nota na redação. Essas exigências são lançadas anualmente no Guia do Participante, fornecido pelo órgão responsável por toda a logística da prova – o INEP. Dessa forma, o artigo cria uma reflexão sobre em que medida essas “leis da redação” limitam a capacidade de escrita criativa e original do aluno. Ademais, o trabalho faz uma análise sobre o lugar da subjetividade do aluno, em uma prova que pode definir o ingresso do aluno às universidades dentro e fora do país, a partir da proposta de Lacan (1964) sobre a alienação e a separação. A análise será feita a partir de um corpus coletado em uma oficina de redação realizada com alunos da 1ª série do Ensino Médio.

Palavras-chave Redação. Alienação. Separação.

103


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Footing e enquadre interativo no gênero entrevista televisiva Jhully Portilho Castro Letícia Alho Rodrigues Paloma Wanzeler Dias RESUMO Este artigo foi elaborado a partir de uma atividade da disciplina Compreensão e produção oral em português, ministrada pelo professor mestre Luís de Nazaré Viana Valente, na turma do curso de Letras da UFPA, Polo de Limoeiro do Ajuru, em 2018. Analisamos uma entrevista televisiva que foi transmitida na Emissora Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) no dia 10 de março de 2014, realizada por Danilo Gentili, apresentador do programa The Noite, exibido durante a semana por volta da meia-noite. A pesquisa tem como objetivo analisar e descrever as regras e princípios da conversação, dentro de um contexto sociocognitivo. O objeto de análise é o footing e seus enquadres interativos que têm como os princípios de regras básicas: o alinhamento, a postura, a projeção do “eu” de uma relação com o outro, consigo mesmo e com o discurso em construção. Eles podem ocorrer simultaneamente, pois, dependendo da conversa, vai mudando sua postura. Os autores utilizados nessa pesquisa para foram Goffman (2002); Marcuschi (1997); Ribeiro (1998). A partir da análise da entrevista televisa, encontramos pistas verbais, não verbais e paraverbais, e enquadres interativos, constatando diferentes enquadres em uma entrevista. Palavras-chave Conversação. Enquadre. Footing.

104


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

A funcionalidade da biblioteca para o incentivo à leitura frente aos desafios do distanciamento social Juliane Rodrigues Amaral RESUMO O estudo, realizado através de pesquisa bibliográfica, visa estudar a relação entre alunos da educação básica e a prática de leitura. A problemática está centrada na inquietação de buscar informações a respeito de como a escola pode traçar caminhos para proceder com as atividades de incentivo à leitura, surgindo assim, a pergunta norteadora: como a coordenação escolar pode se articular para amenizar os desafios causados pelo novo corona vírus e levar conhecimento aos alunos? A pesquisa teve como objetivos: Verificar os desafios causados pelo distanciamento social e o chamado ensino remoto; discutir sobre as formas de atividades que os alunos podem desenvolver envolvendo a biblioteca; refletir sobre a importância de desenvolver o hábito de leitura. Usou-se como metodologia, estudo bibliográfico, com abordagem qualitativa para tentar entender as novas perspectivas nesse novo método que as escolas foram obrigadas a passar. O referencial teórico expõem ideias de autores como Pereira (2012), Silva (2013) entre outros. Ao final da pesquisa, concluiu-se que a escola precisa se mostrar comprometida no processo continuo da leitura, mesmo com todas as adversidades que assolam o sistema de ensino por conta do distanciamento social e, por isso, a biblioteca precisa está ativa nesse momento, mesmo que de forma virtual. Palavras-chave Distanciamento social. Biblioteca. Leitura.

105


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Estratégias de multiletramentos no ensinoaprendizagem de língua portuguesa e suas literaturas Marcilene do Carmo de Oliveira Miranda RESUMO Esta comunicação tem o propósito de apresentar discussões, reflexões e análises de estratégias de multiletramentos desenvolvidas em sala de aula de turmas finais do Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Médio Júlia Passarinho, na cidade de Cametá, estado do Pará. Tais estratégias foram subsidiadas por reflexões de vários pesquisadores, professores e estudiosos da língua, de modo a perceber que as práticas de multiletramentos não são meras consequências dos avanços das novas tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs), bem como das culturas de redes, visto que as instituições e academias devem focar sobretudo no ensino de língua e de linguagem com base em um processo de formação voltado a sujeitos leitores/escritores críticos e éticos. No contexto da hipermodernidade, Rojo (2013) salienta a relevância de compreendermos e enxergarmos o aluno em sala de aula como o nativo digital que é: um sujeito que constrói e colabora no processo de criação conjugada na era das linguagens líquidas. Os fundamentos linguísticos de Bakhtin (2003) e a abordagem literária de Jorge Larrosa (2015) também consistirão em atravessamentos importantes e necessários nesse percurso analítico. Nessa esteira teórica, pretendemos articular a realidade assistida em nossas escolas públicas para que possamos compreender o perfil do lautor que temos e possibilitarmos a construção de leitores e escritores sendo partícipes e críticos de sua própria realidade.

Palavras-chave Multiletramentos. Hipermodernidade. Nativo digital.

106


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Gênero notícia: o registro do cotidiano com o uso das tecnologias no ensino fundamental Marisselma Barbosa Martins Rosely Novaes Silva Silvielem Martins Fonseca Vergolino RESUMO Esta proposta de intervenção tem como objetivo a investigação do gênero notícia, na turma do 7º ano, turno manhã na escola Jerônimo Milhomem Tavares. Identificamos as dificuldades dos discentes em relação a esse gênero, analisamos também a abordagem que o livro didático utilizado em sala de aula apresenta a respeito do gênero notícia. Posteriormente, sugerimos uma proposta didática que apresente alternativas para minimizar as dificuldades dos alunos. Outras questões foram sobre as dificuldades mais recorrentes com relação à produção do gênero, diagnosticamos três, são elas: leitura, escrita e produção textual, no qual visa este projeto para trabalhar essas práticas de linguagem para o desenvolvimento e aprimoramento do ensino e aprendizagem dos discentes. Neste trabalho serão apresentados os objetivos, competências e as habilidades gerais que serão propostos aos alunos, didáticas de ensino voltado para sua realidade, através de uma avaliação diagnóstica da necessidade que os alunos apresentam, consoante esses resultados foram elaborados planos de aulas que visa trabalhar metodologias e estratégias de ensino do 7º ano ensino fundamental na Escola Jerônimo Milhomem Tavares. Tendo em vista o resultado, foi definido um plano de trabalho com as metas a serem desenvolvidas pelos alunos e professores, atividades, tendo por base as competências necessárias garantidas no processo de ensino da Língua Portuguesa.

107


Palavras-chave Gênero Notícia. Leitura e Produção Textual.

108


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Letramentos digitais, práticas de leitura e escrita por meio do gênero fanfic no ensino fundamental Marliane Ribeiro de Sousa Áustria Rodrigues Brito RESUMO A presente pesquisa tem por objetivo desenvolver práticas de leitura e escrita capazes de promover o letramento digital dos discentes do 8º ano do ensino fundamental a partir do gênero discursivo fanfic. As fanfics são histórias produzidas por fãs, a partir de um livro, quadrinhos, anime, filme ou série de TV. A escrita e a leitura de fanfics constituem práticas de letramentos inseridas em plataformas virtuais, nas quais os alunos poderão interagir, compreender e explorar a multimodalidade da linguagem. O letramento digital é uma prática social com papel fundamental na vida do professor e dos alunos. Portanto, ler e escrever são fundamentais na interação virtual na atualidade, o que torna relevante e urgente o estudo e a discussão sobre letramentos digitais no contexto educacional. A abordagem metodológica da pesquisa é qualiquantitativa com observação participante. Para este estudo, optei pelos seguintes passos de investigação: delineamento do objeto de estudo: leitura e escrita de fanfics em plataformas virtuais; exposição de objetivos e de perguntas de pesquisa; seleção do corpus; explanação teórica e análise dos textos. O referencial teórico é fundamentado na perspectiva teórica de Buzato (2016); Coscarelli (2016) Ribeiro (2016, 2018, 2021); Rojo (2009, 2012, 2013, 2015, 2019), Kleiman (2010), Soares (2002) e a Base Comum Curricular como documento norteador deste trabalho. Palavras-chave Letramentos digitais. Leitura e escrita. Fanfic.

109


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Subjetividade e Surdez: fundamentos epistemológicos da educação inclusiva Merian de Cristo Lobato RESUMO O trabalho pretende suscitar a constituição de subjetividades de pessoas surdas no viés da perspectiva histórico-cultural levantada por Vygotsky (1982), que tece a partir de estudos da psicologia, o desenvolvimento de pessoas com deficiência moldadas pelos aspectos culturais ao qual estão imersas e, dessa forma, problematizar os fundamentos epistemológicos para a educação inclusiva sustentada nos pressupostos de Santos (2018) a partir de relações políticas e culturais de práticas excludentes que preconiza os saberes para os povos inferiorizados que, em contrapartida, buscam na luta contra hegemônica os seus direitos, como por exemplo, o de ser Surdo. Nessa consoante, este estudo se objetiva em compreender a constituição da pessoa surda em meio às mudanças sócio históricas, (des) moldadas no seio das relações sociais numa perspectiva de construção psicológica que caracteriza os processos do desenvolvimento humano a partir de uma visão sócio interacionista (VIGOTSKI, 2001). Nessa trajetória de constituição, pretende-se levantar reflexões no teor de estudos bibliográficos, de como a pessoa surda foi, e, é atravessada por pensamentos excludentes, através daquilo que Lander (2005) denomina de “discurso hegemônico de um modelo civilizatório” que são circunscritos dentro de um modelo de vida preconizado para as pessoas como ideal. Nesse sentido, pretende-se traçar, não de forma aprofundada, mas de forma a possibilitar aprofundamentos epistemológicos, essa constituição subjetiva do sujeito surdo a partir do contexto histórico cultural, envolvida numa relação fundada nas epistemologias dos saberes, mais especificamente, numa trajetória político cultural naturalizada no desenvolvimento histórico da sociedade para aqueles tidos como inferiores ou incapazes, que tiveram direitos sendo-lhes negados a partir da visão cultural eurocêntrica.

110


Palavras-chave Subjetividade. Surdez. Educação Inclusiva.

111


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

A “multiplataforma” do WhatsApp como mediadora do processo de ensino-aprendizagem de línguas: experiências docentes do Ensino Remoto Emergencial Rivaldo Ferreira da Silva RESUMO Nos dias atuais as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) ajudam os professores a mediarem o processo de ensino-aprendizagem, tornando, dessa forma, uma prática significativa e colaborativa. Em tempos de Ensino Remoto, os recursos digitais por possuírem características multimodais e multissemióticas abrem oportunidades para a construção de sentidos em sala de aula; e é nesse contexto de construção de sentidos que podemos inserir a multiplataforma do WhatsApp como uma possibilidade pedagógica, (XAVIER; SERAFIM, 2020); (SOUZA; NASCIMENTO, 2020). Posto isto, este trabalho tem por objetivo geral relatar e analisar como se deu o processo de aplicação de uma Sequência Didática com base no Gênero Textual Digital chat na modalidade de Ensino Remoto. Já como objetivos específicos iremos: (i) pesquisar sobre docência no ensino remoto; (ii) discutir sobre o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem de gêneros textuais digitais; e por fim, (iii) discorrer sobre os conceitos de Gênero Textual Digital e Sequência Didática. Para embasar teoricamente este artigo usamos como referências os estudos de Arruda e Siqueira (2021), Behar (2021) e Rodrigues (2020) que discorrem sobre docência no Ensino Remoto. Kelm (1996), Paiva (2001), Serafim e Sousa, (2011) que dissertam sobre as contribuições das TDICs para o ensino de línguas estrangeiras e a suas implicações na formação docente. Sobre

112


Sequência Didática nos ancoramos em Araújo (2013), Cristóvão (2009) Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004). No que tange os estudos de gêneros textuais digitais nos baseamos nos escritos de Bakhtin (1992) e Marcuschi (2002; 2003; 2005; 2010). E por fim, Souza e Nascimento (2020), Xavier e Serafim (2020) guiou as nossas discussões quanto o uso da multiplataforma do WhatsApp como uma possibilidade pedagógica.

Palavras-chave Multiplataforma do WhatsApp. Ensino Remoto. Docência.

113


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

A autodescrição oral em apresentações discursivas Suelem de Fatima Cruz dos Prazeres Jorge Domingues Lopes (orientador) RESUMO A oralidade se faz presente em nossa vida desde muito cedo e, à medida que vamos aprendendo, aperfeiçoamos e melhoramos essa prática. Dentre os gêneros disponíveis nessa oralidade, está a autodescrição, motivada pela necessidade de a pessoa ter de descrever a si própria em ambientes sociais. Sendo assim, o presente trabalho tem o intuito de compreender as formas e estratégias linguísticas de autodescrições em situações comunicativas. A pesquisa busca compreender como esse gênero tem sido usado, sobretudo no atual contexto de uso de tecnologias digitais conectadas à internet, identificando suas formas mais recorrentes, a fim de apoiar a reflexão e construção de propostas consistentes de ensino da oralidade. Analisamos um conjunto de autodescrições autênticas, com base em autores como Koch e Marcuschi. Assim, essa prática consciente da oralidade pode ser o ponto primordial para um bom resultado do uso oral da língua portuguesa, evitando situações de falta de compreensão e problemas de interação. Propomos, com base nas sistematizações e descobertas da autodescrição, também algumas formas para melhorar essa prática, respeitando cada ambiente e situação onde acorre a apresentação. O trabalho com esse tipo de oralidade se inscreve no quadro do Programa de Cursos de Nivelamento da Aprendizagem (PCNA), projeto que faz parte do Campus de Cametá da UFPA, e aproveita observações realizadas durante a formação dos estagiários para atuar no Programa de Extensão. Esperamos com este trabalho contribuir de alguma forma para o entendimento e domínio dessa prática, a fim de obter como resultado excelentes exposições em

114


qualquer ambiente ou situação onde houver a necessidade de se autodescrever.

Palavras-chave Oralidade em língua portuguesa. Autodescrições. Apresentações orais. Formação acadêmica no PCNA.

115


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Estratégias didáticas do livro de português para a compreensão de texto no ensino fundamental Thiago Junior Miranda Pompeu Jorge Domingues Lopes (orientador) RESUMO Ensinar compreensão de texto é uma tarefa complexa, que envolve muitos fatores. No livro didático, esse ensino tende a ser mais padronizado e com estratégias que buscam desenvolver uma leitura mais eficiente. Com isso, este artigo apresenta uma análise de um livro didático de português do 6° ano do ensino fundamental, com intuito de demonstrar quais estratégias didáticas são utilizadas nas atividades e também evidenciar como a ordem das perguntas podem ajudar ou não o aluno a construir o entendimento do texto. Para embasamento teórico deste trabalho, está sendo utilizado os estudos sobre leitura e compreensão de Solé (1998) e de organicidade do material didático de Volmer e Ramos (2009). A pesquisa é qualitativa e tem como objeto de investigação o livro intitulado “Singular e plural: leitura, produção e estudos de linguagem”, de Marisa Balthasar e Shirley Goulart, que faz parte de uma coleção atual do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e que está sendo utilizado por escolas públicas da zonal rural do Município de Cametá (PA). Verificamos, desse modo, a concatenação das perguntas para construir a coesão, isto é, se são organizadas para favorecer a compreensão, ou se são dispostas aleatoriamente, sem preocupação com a ordem. Palavras-chave Compreensão de textos. Livro didático. Estratégias didáticas de leitura.

116


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Ressignificações pedagógicas no contexto da educação de surdos por meio de formações continuadas Wanessa Suely Cardoso Rodrigues José Orlando Ferreira de Miranda Júnior RESUMO Este estudo foi feito por intermédio de ações dos projetos intitulados “Vozes em Diálogo: Debates entre Universidade e Educação Básica” e “Carto(grafias) da Educação de Surdos: Espaços para a Diferença na Escola” realizado pelo GEPEES (Grupo de Estudos, Pesquisa, Extensão em Educação de Surdos), na E.M.E.I.F. Santa Terezinha e Dinorá Tavares que atende alunos com deficiência e uma aluna com surdez. O objetivo das ações inseridas foi buscar conscientizar os funcionários e pais de alunos sobre a inclusão, possibilitando conhecimento sobre a surdez e aprendizado e o objetivo específico foi produzir formações continuadas sobre a educação de surdos para profissionais da educação. Com embasamento teórico em: Passos (2015), Silva (2001) e Skliar (2019; 2016). Usou-se a metodologia cartográfica que possibilita intervir medidas para as soluções de problemas sociais, na medida que o processo da pesquisa se realiza. Possibilitando demover dúvidas e inquietações sobre a temática, além de aprenderem a língua de sinais para dissolução da barreira comunicativa. O ensino da Língua Brasileira de Sinais foi fundamental para a formação continuada de professores no enriquecimento da linguagem como o meio para a inclusão e formação de sociedade que deve ter direitos igualitários.

Palavras-chave Língua Brasileira de Sinais. Formação continuada. Inclusão.

117


3. Ensino-aprendizagem de Língua e Literatura

Representações docentes de língua-cultura inglesa na Base Nacional Comum Curricular: alguns aspectos da língua franca Zamara Rodrigues Pinheiro Lucas Rodrigues Lopes RESUMO Este trabalho apresenta resultados de um projeto de Iniciação Científica desenvolvido no período de 2020 a agosto de 2021 através da bolsa PIBIC Prodoutor, onde foram investigadas e analisadas as representações dos professores de língua-cultura inglesa presentes na Base Nacional Comum Curricular. Consideramos os estudos de Monte Mór (2015), Lopes e Silveira (2019), Lopes e Araújo (2020), investigamos a constituição dos discursos em documentos normativos, tal como a BNCC, refletindo criticamente sobre as representações diante as orientações da Base. O contexto de investigação dessa pesquisa considerou a realidade em que a Universidade Federal do Pará (UFPA) – Campus Cametá está inserida, uma vez que a formação de professores de língua-cultura inglesa perpassa o desenvolvimento de metodologias de ensino que abarquem o Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), para contextos diversos: ribeirinhos, quilombolas, indígenas, assentados rurais. O corpus de análise desse trabalho foi construído através de entrevistas com professores de língua-cultura inglesa da cidade de Cametá-Pará. O desenvolvimento contou com contribuições dos estudos do discurso de base foucaultiana (CORACINI, 2003), (FOUCAULT, 2002; 2004), (PAULON; NASCIMENTO; LARUCCIA, 2014), (ORLANDI, 2016), na interface com estudos referentes a tecnologia no ensino e aprendizagem de línguas. Desse modo, as representações docentes verificadas reconhecem o respaldo de língua franca, a importância de rever o conceito de falante proficiente de língua inglesa. Considerando que a formação docente deve proporcionar uma base

118


ao docente de Língua-cultura Inglesa, na qual os habilite a julgar as implicações propostas em documentos, por exemplo.

Palavras-chave BNCC. Língua-Cultura. Discursos.

119


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.