Um Refúgio para Imigrantes: Intervenção no Palacete do Carmo | Cassia Joia de Resende

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CASSIA JOIA DE RESENDE

UM REFÚGIO PARA IMIGRANTES: INTERVENÇÃO NO PALACETE DO CARMO

Trabalho de conclusão de curso submetido ao Centro Universitário Senac Santo Amaro como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Sob a orientação do Professor Me. Ralf Flôres.

SÃO PAULO 2019


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AGRADECIMENTOS


Agradeço aos meus pais, que são os meus pilares de sustentação, que me ajudam e

me apoiam em todos os momentos da minha vida e que me deram a oportunidade de chegar até aqui.

Ao meu marido que esteve comigo em toda essa jornada e que nunca me deixou

desistir, que sempre acreditou em mim e me mostrou que eu posso ser melhor todos os dias.

Aos meus professores, que me inspiram e que me auxiliaram nessa longa caminhada

acadêmica e ao meu orientador Me. Ralf Flôres que me guiou da melhor forma até aqui, que foi paciente e acreditou em mim.

E aos meus amigos(as), que desde sempre me viram crescer como pessoa e profissio-

nal, que foram pacientes comigo por todos esses anos de faculdade e mesmo com a distância, nunca me abandonaram.

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RESUMO

Em meio ao caos ocasionado por fatores de guerra e desastres

naturais, o Brasil se tornou um local de abrigo para muitos refugiados que saem de seus países natais a procura de um local seguro para recomeçarem, São Paulo tem sido uma das cidades mais procuradas por muitos refugiados que chegam ao Brasil.

Porém, a precariedade dos abrigos existentes

dificulta ainda mais o acolhimento dessa população. Diante desse cenário, a proposta do presente trabalho é projetar um abrigo para refugiados em um edifício tombado no centro da cidade de São Paulo, tornando-o referencia para aqueles que chegam até a cidade e possam ter um primeiro apoio e acolhimento, ajudando não somente aqueles que estão abrigados, mas também a toda a população. Utilizar um edifício tombado, nos ajuda a preservar a memória e história, dando vida novamente ao edifício.

Palavras-chave: Espaço de Acolhimento; Patrimônio Arquitetônico; Intervenção Patrimonial; Abrigo; Refugiado

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ABSTRACT

Amidst the chaos caused by war factors and natural disasters, Brazil has become a place of refuge for many refugees who leave their home countries in search of a safe place to start again, SĂŁo Paulo has been one of the cities most sought by many refugees arriving in Brazil. However, the precariousness of existing shelters makes it even more difficult to accommodate this population. In view of this scenario, the purpose of this study is to design a shelter for refugees in a building located in the center of the city of SĂŁo Paulo, making it a reference for those who come to the city and can have a first support and reception, helping not only those who are sheltered, but also the whole population. Using a listed building helps us preserve our memory and history, giving life back to the building.

Keywords: Reception Space; Architectural Patrimony; Patrimonial intervention; Shelter; Refugee

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1.

INTRODUÇÃO

1.1

Problema

1.2

Objetivo

2. 2.1

9 10

OBJETO DE ESTUDO

O Refugiado e Suas Características

12

2.1.1 A Chegada dos Refugiados ao Brasil

16

2.1.2 A Prática de Acolhimento no Brasil

17

2.1.3 Lei para Imigrantes e Refugiados

19

3.

ESTUDOS DE CASOS: IMIGRAÇÃO; REFUGIADO; INTERVEN-

ÇÃO EM PATRIMONIO 3.

Referências

23

3.1

Edifício Residencial Gleason

23

3.2

Abrigo Emergencial da Prefeitura Municipal de São Paulo

27

3.3

The Bridge Homeless Assistance Center

30

3.4

CAPSLO Homeless Center

SUMÁRIO

4.

6

34

PROJETO DE INTERVENÇÃO

34

4.1

Premissas para Definição do Lugar

39

4.2

O Palacete

41

4.3

Análise do Espaço

46

4.4

Diretrizes Projetuais

48

4.5

O Projeto

49

5. 6. 7.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

79

REFERÊNCIAS

81

LISTA DE IMAGENS

84


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8

CAPÍTULO 1


1. INTRODUÇÃO

Atualmente, estamos presenciando um grande contingente de povos migrando de seus países de origem para outros

países nos quais possam ter um abrigo. Fugidos da guerra, de desastres naturais ou até mesmo de seus governantes, centenas de milhares de pessoas têm vivenciado esse tipo de experiência todos os dias. O Brasil é o quarto país da América Latina que mais recebe refugiados por ano e São Paulo está entre as cidades que mais recebe essa população.

Viver em uma das maiores metrópoles do mundo, São Paulo, é o sonho de muita gente, principalmente aqueles que

estão em busca de uma vida melhor, onde possam encontrar trabalho, uma moradia digna e saúde. Porém, essas cidades nem sempre possuem uma estrutura adequada para receber essa grande quantidade de pessoas, pois na maioria das vezes, são refugiados que foram obrigados a saírem às pressas de seus países.

O processo de legalização no país ainda é muito demorado, até para aqueles que possuem poder aquisitivo maior. O

visto de permanência no Brasil leva muito tempo para ser aprovado, porém, quando se vive em um país em guerra, infelizmente não há tempo para esperar que toda documentação seja resolvida. Por isso, muitos refugiados chegam ao Brasil sem terem onde ficar, nem mesmo um parente ou um local para se abrigarem nos primeiros dias. Atualmente, a prefeitura, ONGs e até mesmo a igreja vem acolhendo essa população, mas a demanda é muito alta e as vagas nos abrigos são baixas.

1.1 PROBLEMA

Diante desse cenário, onde há um elevado número de pessoas refugiadas chegando todos os dias ao país, podemos

notar que esses imigrantes são vulneráveis, que perderam tudo o que tinham e sofrem todos os dias com o fenômeno da xenofobia, isso faz com que acabem em subempregos e subáreas, em total situação de descaso. Chegar em um país completamente diferente, com uma língua que não estão habituados e uma cultura que se diferencia da sua um tanto quanto, os assustam.

Trabalhar no centro de São Paulo nos mostra os principais problemas enfrentados na cidade, um deles é sua população

flutuante que ocupam as ruas deixando-as movimentadas durante o dia, porém após o horário comercial esse fluxo de pessoas cai drasticamente, causando o esvaziamento na região central. A ideia de trazer moradia para essa região, tem como função trazer vitalidade para o centro, pois os moradores ocupam as ruas 24 horas por dia, com seus comércios, hábitos noturnos e deslocamentos.

Ter um local para receber esses refugiados ajudaria para que não se sintam desnorteados, sem saber o que fazer ou

para onde ir. Atualmente, existe uma instituição chamada CRAI (Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes), que oferecem um primeiro atendimento a imigrantes, ofertando-lhes um serviço especializado como o suporte psicológico, jurídico e até mesmo oficinas de especialização. Mesmo com esse suporte inicial, ainda há a falta de vagas nos poucos abrigos existentes, algumas das instituições adaptam edifícios que estão sem utilização para poderem abrigar essas pessoas.

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A Arquidiocese de São Paulo é um exemplo disso, ela abriga imigrantes que chegam até eles pedindo por refúgio,

porém, não há um local apropriado para que ocorra esse tipo de acolhimento. Uma das soluções encontradas foi abrigá-los em um edifício pertencente a arquidiocese, o Palacete do Carmo, que está abandonada a alguns anos e adaptaram o local por um curto espaço de tempo, sem a estrutura necessária para atendê-los.

1.2 OBJETIVO

Propor uma intervenção no Palacete do Carmo, que seja eficiente e que respeite sua história e seu caráter inicial. Ade-

quando o edifício para que se torne um novo abrigo para refugiados, onde possa abrigá-los, capacitando-os e inserindo-os em nossa sociedade e em nossa cultura. Grande parte dessa população não falam português, ou sequer falam poucas palavras do idioma, a criação de uma escola de línguas no abrigo irá auxiliá-los para que possam se estabilizarem no país inicialmente.

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12

CAPÍTULO 2


2. OBJETO DE ESTUDO 2.1 O REFUGIADO E SUAS CARACTERÍSTICAS

A ONU (Organização das Nações Unidas) define o termo “refugiados” como “[...]pessoas que estão fora de seus países de

origem por fundados temores de perseguição, conflito, violência ou outras circunstâncias que perturbam seriamente a ordem pública e que, como resultado, necessitam de ‘proteção internacional´.” (ONU, 2017).

O mundo tem vivido uma crise humanitária vista por todos nós, caracterizada por guerras civis, perseguições políticas

e religiosas, são esses alguns dos fatores responsáveis pelo deslocamento de aproximadamente 244 milhões de refugiados, registrados pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015. Esse trânsito atinge também o Brasil, que de acordo com o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), 8.863 refugiados são reconhecidos e de 79 nacionalidades distintas, incluindo refugiados reassentados.

Comumente, os países mais desenvolvidos são os maiores alvos para os refugiados, onde o estrangeiro representa uma

grande parcela da população local. Em países desenvolvidos, o imigrante tem grande importância na economia, de empreendedorismo, em grandes investimentos e inovações. Porém, houve um grande aumento nas restrições na entrada de estrangeiros em países de primeiro mundo, principalmente refugiados que tendem a adentrar ao país de forma ilegal, como acontece nos Estados Unidos, por exemplo.

Porém, o cenário vem se alterando e o Brasil tem sido um grande alvo para refugiados, isso pode ser explicado em parte

por sua própria história de formação que tem como herança a miscigenação e a multiculturalidade. De acordo com a consultora de programas para refugiados, é uma questão histórica que já está inserida na sociedade.

Aqui é muito mais fácil de observar essa integração entre os refugiados e a sociedade do que em países como Alemanha e França, que tem um histórico de xenofobia. Temos uma disposição e uma vocação baseada na nossa história, de um país formado por imigrantes, o que torna a integração mais fácil e mais simples do que na Europa. (VAL, 2015)

No ano de 2010, houve um grande aumento no número de refugiados, ou em situações semelhantes, no mundo todo.

A Primavera Árabe desencadeou uma série de outros conflitos no Oriente Médio, por exemplo, que acarretaram no aumento dos fluxos migratórios de estrangeiros vindos dessa região. E nessa mesma época, um grande terremoto e outros eventos climáticos devastaram parte do Haiti, isso fez com que mais de 38 mil haitianos acabassem entrando ilegalmente ao Brasil pelo Acre.

No ano de 2013, o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) colocou em prática uma Resolução Normativa que

facilitava a concessão de vistos para a população síria, e um ano antes, em 2012, CNIg (Conselho Nacional da Imigração) colocou em prática essa mesma Resolução Normativa com vistos de caráter humanitário que facilitava a entrada de haitianos ao Brasil. Nesses dois anos, o Brasil recebeu mais 300 pedidos de refúgio de sírios e haitianos, sendo todos eles aprovados. 13


Figura 1. Motivação dos pedidos de refúgio Fonte: adaptado de (CONARE, 2016)

Figura 2. Total de refugiados reconhecidos no Brasil. Fonte: adaptado de (CONARE, 2016)

Porém, o cenário não para de sofrer mudanças, no ano de 2017 cerca de 48.500 venezuelanos solicitaram

refúgio no mundo todo, cerca de 17.800 foram somente para o Brasil, segundo dados da Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados). Vivendo uma crise econômica e política, milhares de venezuelanos passaram a cruzar a fronteira em busca de uma vida melhor. O país que mais recebe venezuelanos ainda é a Colômbia, porém, o Brasil fica logo atrás, com mais 50 mil solicitações de refúgio ao todo.

Atualmente no Brasil, cerca de 8.800 refugiados são reconhecidos, além dos 12 mil solicitantes que ainda

não foram aprovados, metade dessa população vive na cidade de São Paulo. A grande maioria dos refugiados são homens, cerca de 70,7%, com idade entre 18 e 39 anos, ou seja, são economicamente ativos e grande parte possuem algum tipo de capacitação profissional, porém ao chegarem ao Brasil, sem nenhum tipo de ajuda, ou até mesmo dinheiro, eles acabam se misturando na parcela da população brasileira que não possuem emprego, mesmo possuindo algum tipo de capacitação. 14


Figura 3. Porcentagem de refugiados por gênero. Fonte: adaptado de (CONARE, 2016)

Figura 4. Porcentagem de refugiados por idade Fonte: adaptado de (CONARE, 2016)

Ter o diploma reconhecido aqui no Brasil é, também, um dos principais problemas enfrentados, muitos

deles são médicos, advogados, engenheiros e entre outros, mas sem seus diplomas reconhecidos são impossibilitados de exercerem suas profissões. O que os levam a trabalharem em subempregos e em subáreas, marginalizados e alguns até mesmo se utilizam de trabalho escravo como fonte de renda principal.

Entretanto, se soubéssemos aproveitar melhor essa mão de obra capacitada como forma de

melhorar nossa economia, ambas as partes seriam beneficiadas. A pesquisadora americana Leah Zamore, afirma: “Os refugiados trazem capital humano, ideias e habilidades que os moradores locais podem não ter, aceitam trabalhos que outros não aceitariam, e muitos querem ter negócios próprios, criando oportunidades de emprego.” 15


Figura 5. Porcentagem do grau de escolaridade dos refugiados Fonte: adaptado de (ACNUR, 2016)

2.1.1 A CHEGADA DOS REFUGIADOS AO BRASIL

A chegada dos refugiados no Brasil é feita de maneira muito precária, principalmente os que vêm de

países próximos ou vizinhos do Brasil. A citação abaixo descreve a vinda de muitos venezuelanos até o país, por exemplo. “Na fuga da fome, o fluxo é desordenado e a imigração ocorre até a pé. Há venezuelanos que, sem dinheiro algum para custear passagens de vinda para o Brasil, decidem no auge do desespero caminhar [...]”. (COSTA, G1 RR, 2017).

Sem dinheiro e sem um transporte particular, essas pessoas optam por virem caminhando ou de carona

até cidades fronteiriças, porém ao chegarem até esses locais se deparam com a falta de estrutura. As pequenas cidades não estão preparadas para o acolhimento desses imigrantes, que chegam aqui somente com a roupa do corpo buscando por ajuda, a solução adotada por muitas dessas cidades é alocar esses imigrantes em grandes espaços, como ginásios, e abrigá-los por um determinado tempo até que eles se estabeleçam no país.

Trajetórias migratórias mais diversificadas também estão presentes na vida dos migrantes refugiados até chegarem em São Paulo. Essas distintas trajetórias indicam que antes de ter o status de refugiado, essas populações são migrantes” (AYDOS; BAENINGER; DOMINGUEZ. 2008).

Esse processo de migração não acontece somente com os cidadãos venezuelanos, pois haitianos, sírios,

colombianos e entre outros imigrantes, estão na mesma situação. Percorrer longos caminhos até chegarem ao seu destino é muito comum, sem dinheiro ou com o pouco que ainda lhes restou, comumente utilizados para custear a passagem de avião ou de ônibus, normalmente feita em vários trechos, pois somente assim conseguem chegar a algum lugar em que possam pedir abrigo. 16


Um exemplo prático desse percurso feito em “escalas”, são os dos haitianos que vêm até a cidade de

São Paulo, sua viagem começa por terra até a República Dominicana, indo diretamente até o Panamá de avião, e então descem pelo Equador, por meio terrestre, passando pelo Peru e Bolívia e então entram no Brasil pelo estado do Acre, depois de adentrarem no país descem diretamente até a cidade de São Paulo em busca de abrigo e emprego. O Acre não é a única rota utilizada para a entrada no país, muitos imigrantes estão utilizando também a Colômbia como rota, pois faz fronteira com o Amazonas, onde os imigrantes vão direto até Manaus, depois deslocam-se até outros estados.

Muitos desses refugiados pedem acolhimento em abrigos do estado fronteiriço, o Acre, porém esses

abrigos já não estavam mais dando conta do contingente de imigrantes que chegavam todos os dias no estado. Então, o governo acreano adotou como solução o fretamento de ônibus que levassem essa população para as capitais São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo esses destinos escolhidos pelos próprios refugiados.

2.1.2 A PRÁTICA DE ACOLHIMENTO NO BRASIL

Ao chegar no Brasil, o refugiado enfrenta diversos problemas, dos mais simples aos mais complexos, pro-

blemas como a burocracia de legalização no país, a falta de entendimento da língua, a falta de emprego, o serviço precário de saúde e principalmente a falta de moradia. As principais formas de acolhimento realizadas no país são duas: as formais – o Estado – e as informais – as ONG’s – que em parceria com a ACNUR (Comitê Nacional para os Refugiados) recebem recursos para prover a integração e a assistência dessa população.

Há diversas instituições, atualmente, que fazem esse primeiro acolhimento da população refugiada, al-

gumas delas são governamentais, mas muitas são redes solidárias que não medem esforços para abrigá-los da melhor maneira com o que possuem em mãos. Muitas instituições adaptam prédios e os transformam em abrigos temporários, até que eles consigam um lugar para morar ou, um emprego que possa suprir com o pagamento de aluguel em uma casa ou cortiços, onde normalmente o valor do aluguel é rateado entre os moradores.

O acolhimento no Brasil ainda é muito precário, não há nenhum tipo de instituição que tenha um local

adequado para oferecer abrigo á essas pessoas, seja por um dia ou seis meses, que é o tempo máximo necessário para que o visto de permanência seja emitido pelo governo. O Brasil possui um número pequeno de refugiados se comparado com outros países, mas esse número não para de crescer e isso tem dificultado a maneira de recepção dessa população, sem poder oferecer um lugar digno de moradia, principalmente.

Em primeira instância, muitos imigrantes procuram por órgãos públicos em busca de uma direção, onde

podem buscar por ajuda, por abrigo e informações. Então, procuram conseguir vagas em abrigos públicos, ONG’s, hotéis baratos e, também em comunidades religiosas, como a Missão Paz, a Caritas Arquidiocesana (Organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a Oásis Solidário mantida pela comunidade síria em São Paulo, o Abrigo Dom Bosco, ADUS (Instituto de Reintegração do Refugiado), entre outros. Porém, quando conseguem vagas 17


nesses abrigos, são obrigados a logo saírem de lá para que o lugar possa abrigar novos refugiados que chegam a cidade de São Paulo.

Figura 6. Tipo de moradia dos refugiados. Fonte: adaptado de (CONARE, 2016)

As dificuldades enfrentadas por esses imigrantes são muitas, como já citado, a procura incansável por

um emprego e a falta de reconhecimento do diploma é crucial para que possam ganhar dinheiro e pagar por suas próprias moradias, dentro desse cenário de dificuldades e sem poder permanecer por muito tempo dentro dos abrigos, muitos refugiados acabam se juntando a população sem-teto, que representam 1% dos sem-tetos, e ocupam edifícios abandonados ou até mesmo de forma irregular, formando cortiços e guetos.

Além de moradia, muitos desses abrigos também oferecem serviços de legalização de documentos, aulas

de português e ajuda na entrada do mercado de trabalho. Em 2013, a prefeitura municipal de São Paulo criou a Coordenadoria de Políticas para Imigrantes, que ajudaria no acolhimento dessas pessoas, porém em 2014 houve uma grande onde de refugiados haitianos chegando na capital, o que gerou um aceleramento desses processos de ajuda. No mesmo ano foi criado um abrigo emergencial provisório para atender o grande fluxo de imigrantes que chegavam na região central de São Paulo, o abrigo ficava na Rua do Gilicério, no bairro da Liberdade. A estrutura funcionou por poucos meses, porém em dias mais movimentados chegou a receber 357 pessoas e o abrigo contava com somente 150 leitos fixos, que eram divididos entre homens e mulheres.

O fato dessas pessoas não terem perspectiva de onde se abrigarem pode ocasionar um problema urbano muito sério. E é nesse ponto que a arquitetura pode ajudar. Esses locais devem, também, transmitir aos seus usuários a sensação de proteção e acolhimento. Só assim acreditarão que estão prontos para reconstruírem suas vidas. (TAGLIANE, 2017)

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2.1.3 LEI PARA IMIGRANTES E REFUGIADOS

A mobilidade urbana é um desafio histórico da humanidade e assumiu formas especialmente comple-

xas no mundo atual, hoje, mais de 244 milhões de pessoas se encontram fora do seu país de origem, números que equivalem a 3,4% da população mundial, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), referentes ao ano de 2015. “Os refugiados são forçados a fugir de seu país de origem em virtude de um receio maior quanto a sua vida e liberdade e, em grande parte das situações, essas pessoas se vêm obrigadas a abandonar sua casa, família e bens na busca de um futuro incerto.” (SOARES, 2011).

Um dos principais direitos que deve ser garantido para os refugiados, é o direito fundamental de não

ser devolvido ao seu país, principalmente se as vidas dessas pessoas estiverem sendo ameaçadas de qualquer forma. Esse princípio ficou conhecido como non-refoulement (não devolução), que em livre definição é o ato dos quais os países estão proibidos de expulsar uma pessoa para o local de origem, no qual ele possa estar exposto a algum tipo de perseguição ou risco.

Diante desse cenário, é preciso compreender melhor o papel que os Estados receptores têm nas formas

de acolhimento e, principalmente na garantia dos direitos da população migrante. O número de imigrantes que enviam pedidos de refugio no Brasil, vem aumentando todos os anos, o que se torna um aumento significativo na parcela populacional brasileira também. Há pouco tempo atrás, ainda contávamos com a Lei vigente 6815/1980, conhecida como Estatuto do Estrangeiro criado em 1980, na época da ditadura militar no Brasil, que foi elaborado sob a perspectiva de segurança nacional e via o imigrante como risco a segurança nacional e ameaça aos interesses do país.

Em contraponto ao Estatuto do Estrangeiro, temos a Lei 9.474/97 – Lei de Refúgio Brasileiro – diferente

do estatuto criado por militares, trata o imigrante para que ele não seja vitima e nem sofra com a xenofobia, pois esse é um problema muito serio enfrentado pelo estrangeiro que chega em países onde a cultura é totalmente diferente e, também por não terem condições financeiras suficientes para se manterem no país de refúgio. […] “Podemos ser diferentes e viver juntos, e podemos aprender a arte de viver com a diferença, respeitando-a, […] e aceitando a diferença do outro”. (BAUMAN, 2006, 85).

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Nos últimos anos, o Brasil vem discutindo ainda mais sobre esse assunto, principalmente por assumir

compromissos com organizaçôes internacionais (ONU) que tratam sobre a preservação dos Direitos Humanos dos cidadãos. Diante desses tantos acontecimentos migratórios para o Brasil nos últimos cinco anos, no ano de 2017 foram formuladas cinco novas propostas que sintetizam os princípios mínimos que uma legislação migratória deve se dispor.

São elas: I.) proteção aos apátridas, que organiza a cooperação jurídica entre países para a proteção aos

apátridas, asilados e brasileiros que vivem no exterior; II.) acolhida humanitária, esse lei determina a concessão de um visto temporário específico para o migrante em situação de acolhida humanitária e que precisam fugir de seus países de origem, mas não se enquadram na lei do refúgio; III.) regularização documental, procedimentos de regularização migratória rápida, efetiva e acessíveis como um direito do migrante, além de não precisarem aguardar o visto em seu país de origem; IV.) manifestação política, a nova lei acaba com a proibição do estrangeiro participar de qualquer manifestação política e garante o direito do imigrante de se associar a reuniões políticas e sindicatos; V.) trabalhadores marítimos, a nova lei acaba com as taxas consulares pagas por tripulante, o que reduz custos, simplifica a operação dos cruzeiros. A medida deve, assim, atrair mais cruzeiros e gerar emprego e renda.

Hoje, qualquer pessoa que se define como refugiado tem o direito a trabalho, saúde e educação pública,

mesmo ainda não tendo o visto oficial em mãos. A proteção legal, a legalização e a documentação dessas pessoas é responsabilidade do governo federal, quanto o Estado e o Município têm o dever de garantir acesso as políticas públicas. Porém, o sistema de proteção ainda é muito precário e demorado, pois o Estatuto do Estrangeiro restringe muitas ações feitas pela nova Lei de Migração e os direitos reservados para os imigrantes.

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CAPÍTULO 3


3. ESTUDOS DE CASOS: IMIGRAÇÃO; REFUGIADO; INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO 3.1 EDIFÍCIO RESIDENCIAL GELASON | TRAMA ARQUITECTOS

A antiga Residência Gleason, faz parte do centro histórico de Guadalajara, assim como outras tanto

que estão esquecidas e chegando a ponto de ruírem. Junto ao Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado, os arquitetos do Trama Arquitetura tiverem um desafio de intervenção nesse casarão histórico que estava em estado de abandono. “Uma propriedade degradada, negligenciada, tratada sem o menor respeito e, em um processo explicito de desaparecimento [...]”. (TRAMA ARQUITETOS, 2014).

Após ter o apoio de órgãos importantes para a construção do novo edifício, em 2012, o Residencial

Gleason deu uma nova cara para o antigo casarão. Agora o novo edifício fica afastado em relação aos parâmetros das construções já existentes. O edifício possui também traços contemporâneos onde a horizontalidade é um dos principais argumentos, já que o edifício mesmo com sua altura de quatro pavimentos deve respeitar a propriedade existente. E o último conceito, foi o de criar elementos de circulações verticais abertos ao exterior, utilizando o aço como material dentro da composição que contrasta com a arquitetura detalhada e até certo ponto refinada da proposta eclética da residência.

Figura 7. Fachada principal do Edifício Gleason Fonte: Mito Covarrubias

Figura 8. Fachada Interna do Edifício Fonte: Mito Covarrubias

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O atual edifício conta com cinco pavimentos, sendo o térreo mais quatro pavimentos superiores. Na par-

te térrea do edifício as antigas fachadas do casarão foram mantidas, criando-se nos cômodos que ainda restaram a entrada para os apartamentos, e toda a área de serviços para os funcionários. Além disso, o interior de seu lote abriga a área de estacionamento para poucos carros, e que também possuem acesso direto aos apartamentos.

Figura 9. Planta do pavimento térreo. Fonte: ArchDaily, 2014.

Figura 10. Planta tipo dos apartamentos. Fonte: ArchDaily, 2014.

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Os apartamentos possuem três tipologias diferentes, sendo elas: estúdio, com dois dormitórios e o maior

com três dormitórios. Na lateral do edifício se encontram os apartamentos de maior metragem e centralizados na fachada leste, os pequenos estúdios de apenas um dormitório integrado. O acesso principal aos andares superiores é feito por acessos verticais, utilizando-se de elevadores e escadas de emergência. Os andares superiores não possuem nenhuma característica do antigo casarão, pois o edifício histórico possuía apenas um único andar de pé direito duplo, por isso, pode-se realizar a criação de um mezanino que liga o térreo ao primeiro pavimento.

Figura 11. Planta do Mezanino Fonte: ArchDaily, 2014.

Figura 12. Elevação Fonte: ArchDaily, 2014.

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Figura 13. Foto dos pavimentos superiores do edifício. Fonte: Mito Covarrubias

Figura 14. Foto do Edifício Orginal Fonte: Mito Covarrubias

CONCLUSÃO: O edifício Residencial Gleason é mais um exemplo de como podemos mantar a identidade de muitos edifícios históricos que possuem pelas cidades do mundo todo. A escolhe de manter a fachada do casarão, trouxe ao residencial uma característica única, e que desperta curiosidade para aquelas que passam no local, ou que já conhecem o local há muito tempo e se lembram do casarão original da época. A intervenção ajudou a preservar sua história e arquitetura, mesmo com elementos e materiais bem diferentes do original, existe uma harmonia entre eles.

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3.2 ABRIGO EMERGENCIAL DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

O abrigo emergencial criado pela Prefeitura Municipal da Cidade de São Paulo, teve como objetivo

fazer o acolhimento de muitos imigrantes e refugiados que chegaram até a cidade de São Paulo a partir de abril de 2014. O abrigo localizava-se na Rua do Glicério, no bairro da Liberdade, esse abrigou funcionou por pouco tempo, do dia 08 de maio até o dia 28 de agosto de 2014, e em pouco tempo de funcionamento a prefeitura conseguiu registrar que mais de 2.500 imigrantes, de 20 nacionalidades diferentes passaram por ele.

Figura 15. Beliches do dormitório masculino. Fonte: Acervo de imagens da Coordenação de Políticas para Migrantes

De acordo com dados em relatórios da prefeitura municipal de São Paulo, o abrigo contava com 150 lei-

tos fixos, sendo eles divididos em 3 quartos e um galpão, porém em sua noite mais movimentada chegou a atender aproximadamente 350 pessoas, pois a orientação dada aos funcionários era a de não negar ajuda a ninguém, e contavam com uma equipe fixa de sete orientadores. Nesse abrigo foi oferecido aos abrigados banheiro com duchas quentes, tanques para lavar roupa (figura 18), bagageiros, uma refeição durante dias úteis da semana e três refeições nos finais de semana, aulas de português como forma de auxílio para a busca do primeiro emprego e também o auxílio e encaminhamento para o mercado de trabalho.

O funcionamento do abrigo emergencial envolveu a Subprefeitura da Sé e as Secretarias Municipais de

Governo (SGM), Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo (SDTE), Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), que, por meio de sua Coordenação de Políticas para Migrantes (CPMig), conseguiu fazer gerenciamento da estrutura. A equipe da Missão Paz ofereceu, e continua oferecendo, assistência e ajuda trabalhista para as pessoas migrantes.

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A maioria da população que fizeram a utilização do abrigo eram de haitianos que, chegaram à capital

paulista de forma concentrada após o fechamento do abrigo na cidade de Brasileia, no Acre, por não conseguir comportar todos os refugiados o abrigo no Acre decidiu fechar as portas e mandar toda sua população de imigrantes para a cidade de São Paulo, no entanto, em pouco menos de uma semana chegaram ao local mais de quatrocentas pessoas, sendo necessária rápida resposta da gestão municipal.

Figura 16. Pátio externo do abrigo. Fonte: Acervo de imagens da Coordenação de Políticas para Migrantes

Figura 17. Aulas de português ministradas no abrigo como forma de auxílio. Fonte: Acervo de imagens da Coordenação de Políticas para Migrantes

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O abrigo encerrou suas atividades no mesmo dia da abertura do primeiro Centro de Referência e Acolhi-

da para Imigrantes da cidade de São Paulo (CRAI-SP), para onde grande parte dos que ainda estavam no equipamento provisório foram encaminhados. Ao restante foram oferecidas vagas em outros abrigos municipais.

Figura 18. Refeitório Comunitário Fonte: Acervo de imagens da Coordenação de Políticas para Migrantes

CONCLUSÃO: O Abrigo Emergencial criado pela prefeitura de São Paulo junto a outros órgãos é mais um exemplo do descaso com os imigrantes e refugiados que chegam até a cidade, não há uma estrutura fixa e com boa infraestrutura para fazer o acolhimento dessas pessoas, há inúmeros outros abrigos na cidade de São Paulo e em outras regiões do Brasil que são muito idênticos ao que foi citado.

Ter um local fixo e com boa infraestrutura é essencial para o recebimento desses imigrantes, o motivo

de ter escolhido esse abrigo como estudo de caso é porque esse talvez seja o que está mais próximo de nossa realidade, não existe nenhum abrigo fixo e definitivo para que os refugiados que chegam ao Brasil possam ser encaminhados num primeiro momento, pois muitos deles não têm um local para se abrigarem.

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3.3THE BRIDGE HOMELESS CENTER | OVERLAND PARTNERS

O Centro de Assistência para Moradores de Rua desenvolvido grupo de arquitetos da Overland Partners,

fica em Dallas no Texas e foi construído no ano de 2010, não é somente mais um centro de acolhimento dos EUA como os outros, ele se tornou referência para abrigos de pessoas que não possuem moradias. Foi vencedor do prêmio “Best Architectural Entry” na Competição Internacional de Rebranding Homelessness, pela África do Sul. Além desse prêmio o projeto ganhou o certificado LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental). O edifício está localizado em uma das áreas mais bem estruturadas e de referência financeira da cidade, fica próximo a prédios públicos, como o da prefeitura, estacionamentos, comércios e serviços, entre outros, fazendo com que sua localização seja se fácil acesso.

Figura 19. Fachada do centro de acolhimento Fonte: ArchDaily, 2011.

Os arquitetos utilizaram o conceito de albergue para o projeto, e que remete ao campus universitário,

possui capacidade para atender até 1.200 pessoas que vivem na rua, além de possuir um sistema de voluntariado. É composto por cinco prédios que formam um pátio central que serve como foco para o projeto e, também proporciona aos assistentes sociais uma oportunidade de se conectar com os sem-teto, além de possuir um jardim nessa mesma área que trabalha a sustentabilidade, a The Bridge também incorpora um prédio de serviços de três andares, um prédio de recepção.

O projeto tem o conceito de quadra aberta, que proporciona um maior convívio social, fazendo com

que se obtenha três entradas centrais que circulam por todo o edifício e dando acesso as três ruas que o cercam. Como já citado acima, no grande pátio central está localizado a praça de alimentação, que acaba estimulando o convívio social ao ar livre, a praça conta com uma arborização de médio porte em seu interior, já na parte externa do edifício as árvores foram colocadas de maneira que criassem um fechamento “natural” ao redor dos prédios. 30


Figura 20. Implantação do centro de acolhimento. Fonte: ArchDaily, 2011.

No primeiro pavimento, está concentrado a área de oficinas e serviços, que conta com cursos profissio-

nalizantes, oficinas de artesanato e outras salas de múltiplos usos. O programa de necessidades visa a reinserção do morador de rua na sociedade, por isso, além das oficinas, também conta com assistência para a saúde mental e psicológica, cuidados pessoais, atendimento a mulher e área de leitura. Essas áreas todas ficam no pavimento térrea.

Figura 21. Planta do primeiro pavimento. Fonte: ArchDaily, 2011.

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No segundo e terceiro pavimento estão localizados os dormitórios, que são divididos em masculino e

feminino e, também possuem quartos para pessoas portadoras de deficiências físicas (PNES), e a parte administrativa do centro de acolhimento fica entre a área dos dormitórios. Todo o conjunto tem capacidade para atender mais 6 mil pessoas, entre moradores de rua ou que sofrem de outras necessidades que precisam de um abrigo de forma emergencial. O projeto está divido em três alas, que são elas: emergencial, habitacional e transitória, na ala habitacional os ambientes foram separados com divisórias que os moradores podem guardar seus pertences e, também mantém a privacidade entre os moradores, além de ter uma maior flexibilidade de layout.

Figura 22. Planta do segundo pavimento. Fonte: ArchDaily, 2011.

Figura 23. Planta do terceiro pavimento. Fonte: ArchDaily, 2011.

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Figura 24. Habitações. Fonte: ArchDaily, 2011.

CONCLUSÃO: O projeto foi escolhido como estudo de caso, pois seu programa de necessidades está muito próximo ao de um centro de acolhimento para refugiados, possuem características muito similares, enfrentam problemas psicológicos, problemas de moradia e até mesmo de maus tratos. Os módulos criados para abrigar os moradores de rua podem ser usados como referência principal para a proposta realizada. A criação de um pátio interno para uso coletivo e de maior convívio social ajuda na inserção desses moradores de rua na sociedade, assim como, um refugiado que chega até um país desconhecido também precisa de ação para um melhor desempenho. Além de que, o projeto se tornou referência para o desenvolvimento de muitos outros abrigos, pois há poucos projetos de abrigos de grande porte, tanto para pessoas em situação de rua, quanto para imigrantes e refugiados que estão desabrigados.

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3.4 CAPSLO HOMELESS CENTER

O CAPSLO Homeless Services Center é o projeto de um abrigo para moradores de rua, que foi desen-

volvido em conjunto pelos escritórios de arquitetura Gwynne Pugh Urban Design Studio e AArquitetura Garcia Design, que está localizado em San Luis Obispo, na Califórnia. Há muitos anos, a região de San Luis conta com dois abrigos já existentes, porém, eles não são o suficiente para atender a demanda de moradores de rua que vivem no local, o condado então, resolveu disponibilizar um terreno para a construção de um novo abrigo, que mais eficiente, que ficasse aberto 24h e pudesse atender essa demanda existente.

Figura 25. Fachada Principal Fonte: Gwynne Pugh Urban Design Studio e AArquitetura Garcia Design

O novo abrigo é composto por um prédio de dois andares com camas, sala espaçosa multi-uso, lavande-

ria, chuveiros, uma área multiuso, uma biblioteca, computadores e escritórios para trabalhadores e funcionários. O prédio vai acomodar salas de exames médicos, instalações de saúde mental, uma grande sala de jantar e uma cozinha comercial. O esquema de design oferece uma fachada elegante para a comunidade, bem como privacidade para os moradores.

Com o objetivo de alcançar uma classificação LEED “Prata”, a eficiência energética é maximizada através

de estratégias de projeto passivas, sistemas mecânicos e de transporte de água de alta eficiência e sistemas de água fotovoltaica e cinza.

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Figura 26. Planta do Pavimento Térreo Fonte: Gwynne Pugh Urban Design Studio e AArquitetura Garcia Design

Figura 27. Planta do Primeiro Pavimento Fonte: Gwynne Pugh Urban Design Studio e AArquitetura Garcia Design

CONCLUSÃO: O novo abrigo para moradores de rua de San Luis possui um programa muito similar ao

que estou trabalhando atualmente, porém, mais reduzido. A ideia de trabalhar com quartos comunitários que possuem um numero pequeno de leitos é muito interessante, pois essa é uma maneira de tratar o acolhimento de maneira mais humana, principalmente nos setores em que possuem crianças, que necessitam de uma espaço acolhedor e tranquilo para que elas possam crescer e desenvolver suas atividades. Possui espaços flexíveis para inúmeros usos, capaz de ser modificado de acordo com sua demanda, resolvendo os espaços a partir deste grande corredor central, capaz de interligar todos os espaços do abrigo.

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Figura 28. Render da Fachada aos Fundos Fonte: Gwynne Pugh Urban Design Studio e AArquitetura Garcia Design

Figura 29. Render do Hall de Entrada Fonte: Gwynne Pugh Urban Design Studio e AArquitetura Garcia Design

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CAPÍTULO 4


4. PROJETO DE INTERVENÇÃO 4.1 PREMISSA PARA DEFINIÇÃO DO LUGAR

Ao conhecer outros países, ou até mesmo outras cidades sempre procuramos pelo coração do local, o

centro, onde tudo gira em torno desse ambiente, lojas, serviços, comércios locais, atividades ao ar livre, entre outros. Porém, ao chegar a cidade de São Paulo nos deparamos com um cenário um tanto quanto incomum de outras metrópoles, que são ainda mais antigas, o centro da cidade está “espalhado” por toda a parte, no qual chamamos de novos centros.

O centro de São Paulo sofreu com o processo de desvalorização e abandono por parte das elites, que

teve início no século XIX, quando houve a expansão urbana devido ao crescimento da economia cafeeira. Até os anos de 1950 a 1960 o centro era um lugar de prestigio e de identidade para a população metropolitana da cidade de São Paulo. O centro passou por inúmeras intervenções ao longo dos anos, criação de espaços públicos, alargamentos de ruas, a construção de prédios comerciais, entre outras grandes mudanças. Dentre essas mudanças, a retira dos habitantes “indesejados’, a retirada dos cortiços, das vilas operárias e das casas de prostituições, tudo isso para dar mais espaços para os novos empreendimentos e, também para os novos centros de comércio e serviço. No final da década de 30, mais da metade dos edifícios que se localizavam na região central eram comerciais.

“A consolidação do automóvel e da indústria automotiva nacional viabilizou a criação de novas centrali-

dades ao mesmo tempo em que o processo de metropolização de São Paulo adquiria uma nova escala geográfica.” (SILVA, 2005). Novas ruas e avenidas tomaram a frente da região central da cidade, rua Augusta, Av. Faria Lima, Av. Paulista, Av. Luiz Carlos Berrini (1990) e a famosa Marginal do Rio Pinheiros (1990), que se tornaram marcos importantes da cidade a partir dos anos 1960 até os anos 1990, passando a concentrar grande parte dos empreendimentos imobiliários dessas épocas, e isso fez com que a população de mais dinheiro acabasse se mudando do centro para essas novas centralidades, alterando significativamente a situação da região central.

Diante desse cenário, a desvalorização imobiliária cresceu na região central, não haviam mais tantos lan-

çamentos imobiliários como antes, além de que o preço dos imóveis na região caiu de uma forma significativa. Outro marco que alavancou o abandono do centro, foi a criação do plano de avenidas de Prestes Maia, que foi a criação de vias rápidas elevadas que levaria a população de forma mais rápida até outras localidades da cidade de São Paulo. Porém, o entorno dessas vias elevadas foram deteriorando-se rapidamente.

Nas últimas décadas, observamos esses locais cada vez mais abandonados e menos cheio de vida, sua

população flutuante está lá presente durante o dia, porém ao cair da noite a vida não se faz mais presente. Inúmeros edifícios abandonados, casarões antigos que antes eram sempre cheios de gente e festas, agora estão em total descaso e até mesmo em ruínas. Pessoas sem teto passaram a preencher o vazio de muitos edifícios que foram esquecidos, outros se tornaram cortiços controlados por pessoas que nem ao menos são donos do local. 39


O centro da cidade de São Paulo é, atualmente, o local mais bem munido de infraestrutura, linhas de trem e metrô que ligam a vários outros locais mais afastados, serviços e comércios dos mais diversos, visto de fora, talvez esse fosse o local ideal para se começar uma nova vida, principalmente para aquelas que perderam tudo em seu país.

Atualmente, existem inúmeros projetos que ajudam a com a revitalização da área central, novos em-

preendimentos de HIS (habitação de interesse social) começaram a ser lançados, muitos terrenos abandonados estão dando espaço para novos centros comerciais e até mesmo edifícios culturais. Porém, a quantidade de edifícios tombados e que estão em situação de abandono ainda são inúmeros, utilizar-se desses imóveis para tivessem novos usos, ajudaria para que a revitalização da região central acontece de uma forma pouco mais acelerada. Hoje, a grande parte de bens tombados abrigam órgãos públicos, outros tantos estão simplesmente abandonados e sem nenhum tipo de uso. Restaurar e preservar equipamentos de interesse cultural e do patrimônio histórico estão entre os projetos que ajudam na revitalização da região central, dar novos usos a esses edifícios é de extrema importância, impede que se tornem meras ruínas, ajudam a manter o local em condições adequadas ao uso, a preservação e a memória.

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4.2 O PALACETE

Sabemos que, atualmente, a região central da cidade de São Paulo conta com inúmeros edifícios tomba-

dos e que estão em situação de abandono e decadência. O edifício escolhido para intervenção não se encontra em diferente estado, esquecido pela população e sem nenhum tipo de uso, o Palacete do Carmo é hoje apenas ruínas para quem passa pelo local. Pertencente a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, que na época de sua construção abrigava salas comerciais e de serviços, assim como vários outros prédios da região central antes do seu esvaziamento.

O Palacete do Carmo, foi construído na década de 1920 pelo Engenheiro Arquiteto Alexandre Albuquer-

que, possui sete pavimentos no total, sendo o térreo abrigado por comércios e, os outros seis por salas comerciais da época de sua construção, abrigou diversos escritórios de grandes empresas, como a Rádio 9 de Julho, a Agência Paiva, o Partido Nacionalista de São Paulo, entre outros. O edifício está inserido na região histórica da cidade de São Paulo, protegido pela área envoltória do Solar da Marquesa, foi tombado em 2016 pelo Conpresp (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico), em razão do seu valor afetivo representado, do reconhecimento do valor ambiental e do interesse histórico.

Figura 30. Fachada Principal do Palacete do Carmo Fonte: Acervo da Autora

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O Palacete sofreu algumas modificações ao longo dos anos, para que pudesse adaptar seus usos, como

o caso do novo anexo (ver figura 34), pois quando comparamos com as plantas originais podemos notar a demolição do antigo anexo aos fundos no terreno, que abrigava um bar, e a construção do novo anexo que funcionaria como ampliação para a sede da Radio 9 de Julho, feita a partir dos anos de 1956 também a redistribuição das salas de escritório no andares superiores ao térreo. O acesso as salas de escritórios era feito a partir de uma entrada localizada no térreo, a partir daí os funcionários tinham que subir as escadas para que pudessem ter acesso aos elevadores que levariam até os andas superiores. As salas comerciais possuíam diferentes tamanhos, com uma circulação feita a partir de um único corredor central que ligava o prédio de uma extensão a outra, e seu hall principal se localizava na parte central do edifício, como mostrado em planta.

Figura 31. Planta Original - Pavimento Térreo Fonte: Arquivo Municipal de Processos

Figura 32. Planta Original - Pavimento Tipo Fonte: Arquivo Municipal de Processos

Figura 33. Planta Reforma - Pavimento Tipo Fonte: Autor Desconhecido

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De estilo eclético da matriz neoclássica, com extensas fachadas que em sua composição possui avanços

e recuos de planos, e pela simetria dos módulos a partir do eixo central da fachada principal. Nos pavimentos superiores, possui elementos como balcões com guarda-corpos metálico e outros tantos adornos. O pavimento térreo, com atual acabamento em pintura comum, é composto basicamente de vãos comerciais e pilastras, sob a atual pintura do pavimento térreo. Neste nível, o eixo central é reforçado pelo acesso ao edifício com uma pequena marquise. No térreo, os estabelecimentos comerciais possuem portas metálicas de enrolar, muito utilizadas atualmente em garagens residenciais. As fachadas voltadas para o interior da quadra apresentam-se livres de detalhes ornamentais, em empenas cegas ou com esquadrias.

Figura 34. Fachada do Palacete do Carmo no centro histórico de São Paulo Fonte: Eduardo Knapp

O antigo Palacete que antes era cheio de vida, com pessoas entrando e saindo a todo tempo agora se

tornou mais um entre todos os outros edifícios que estão esquecidos no centro de São Paulo. Atualmente, o Palacete encontra-se com seus andares superiores fechados, somente o andar térreo é utilizado por alguns comerciantes. O Palacete do Carmo também já foi cenário de notícias, em 2014, a Arquidiocese de São Paulo e atual dona do edifício, abrigou mais de 3.500 estrangeiros em seu interior, por falta de vagas nos abrigos da região, os refugiados acabavam indo até a paróquia em busca de ajuda, e com isso o prédio acabou se tornando um abrigo temporário para muitos imigrantes sem-teto, porém não demorou muito para que essa população fosse despejada de lá.

Localizado em um dos principais marcos da cidade de São Paulo, o Palacete do Carmo é munido de

infraestrutura em seu entorno. Fica ao lado do metrô Sé, basta caminhar poucos metros e já pode-se avistar o antigo palacete. Pertence a região que hoje possui interesse histórico e arquitetônico, a poucos metros podemos encontrar o tão conhecido Solar da Marquesa de Santos e o Pátio do Colégio, duas figuras importantes para a história da cidade. 43


Todo seu entorno possui prédios de gabaritos similares, pois por pertencerem a região central e por estarem próximos a edifícios que são tombados há leis que devem ser seguidas para a construção de novos edifícios na região. Muitos dos prédios abrigam comércios e escritórios de diversas empresas e também alguns abrigam órgãos públicos.

Figura 35. Detalhe da Fachada Principal Fonte: Eduardo Knapp

Escolher o Palacete do Carmo como cenário de abrigo para refugiados, teve como motivação o fato do

edifício já ter sido utilizado como abrigo temporário em outro momento e, também pelo pela sua preservação como patrimônio histórico. Além de que, está localizada no coração da cidade, onde muitos imigrantes, segundo dados, sonham em morar, por possuir infraestrutura o suficiente para que eles possam ter uma vida mais digna. Manter o edifício que é tombado, e não deixar que suas principais característica sejam modificadas é um dos pontos mais importantes, falamos tanto em revitalizar a região central, porém nada acontece e pouco é feito, trazer esse tipo de edificação ajuda na revitalização da região central e, também auxilia na preservação de edifícios que são tombados, mas que muitos deles estão em situação precária atualmente.

Figura 36. Detalhe do Corte C-D Fonte: Arquivo Municipal de Processos

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Figura 37. Detalhe da Fachada Fonte: Acervo da Autora

Figura 38. Detalhe da Fachada Interna Fonte: Eduardo Kanapp

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4.3 ANÁLISE DO ESPAÇO

De acordo com o que já foi citado anteriormente, fazer a apropriação de edifícios existentes e de valor

histórico traz inúmeros benefícios para a cidade, proporcionando para o bairro uma nova vida. A escolha do edifício foi baseada na intenção de trabalhar na área central da cidade de São Paulo, após inúmeras pesquisas sobre refugiados e seus fluxos migratórios, cheguei até o Palacete do Carmo, com uma noticia no qual dizia que o prédio já teria sido ocupado por refugiados com a ajuda da igreja e então, por esse motivo, porque não dar um novo uso ao prédio que já foi abrigo para muitas pessoas.

A grande maioria dos refugiados que vivem hoje na cidade de São Paulo estão localizados no bairro da

Sé, podemos encontrar muitos deles em situação de rua, principalmente da praça da Sé, logo ao lado do edifício escolhido. A localização do edifício é muito privilegiada, começando pela infraestrutura de transporte, região onde podemos encontrar a maior concentração de transporte sobre trilhos, além das inúmeras linhas de ônibus que ligam o centro a toda a cidade e a região metropolitana de São Paulo, o edifício está próximo as estações Sé, Pedro Segundo e São Bento do metrô. O local também é muito procurado por turistas, pois faz parte do círculo histórico da cidade, com vários edifícios históricos, museus e praças, como a Catedral Metropolitana de São Paulo, o Solar da Marquesa, Pateo do Colégio, a rua 25 de março e muitos outros. Conta também com os mais diferentes tipos de serviços e comércios em seu entorno, a maioria dos refugiados que chegam até a cidade não possuem veículo próprio, por isso, manter o edifício em um local de fácil acesso a qualquer necessidade básica contribui para os deslocamentos que essas pessoas precisem enfrentar no dia-a-dia.

Figura 39. Mapa com Pontos de Interesse Fonte: Acervo da Autora

TRANSPORTE CULTURAL SERVIÇOS ÁREA ENVOLTÓRIA AO PALACETE

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A partir da análise do mapa de uso e ocupação do solo, podemos concluir que a região tem como predo-

minância o uso comercial e de serviços, sendo a maioria de usos misto, além do mais, possui uma grande quantia de bens com usos culturais. É classificada no zoneamento como ZC – Zona de Centralidade, que são regiões que estão localizadas fora dos eixos de estruturação da transformação urbana destinadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de sub-centros regionais ou de bairros, em que se pretende promover majoritariamente os usos não residenciais. Conta com um coeficiente de aproveitamento determinado para a região de mínimo 0,2 e máximo de 2,50 em relação a área do terreno. Sua taxa de aproveitamento é igual a 0,70, uma taxa de permeabilidade de 0,15 e recuo frontal mínimo de 5,0m, além disso devem possuir um recuo de 3,0m nas laterais e traseiro a partir dos 10m de altura e sem aberturas voltadas para o terreno vizinho, de acordo com a legislação.

COMÉRCIO E SERVIÇO

GARAGENS

RESID. VERTICAL MÉDIO PADRÃO

INDÚSTRIA E ARMAZÉNS

RESIDENCIAL E COMÉRCIO

RESID. HORIZONTAL MÉDIO PADRÃO

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

TERRENOS VAGOS

Figura 40. Mapa Uso e Ocupação do Solo Fonte: Geosampa

Como já citado, podemos encontrar em todo o centro a presença de muitos imóveis sem uso algum, ou

subutilizados como cortiços ou somente o térreo tendo uso comercial, isso causa os grandes vazios urbanos existentes atualmente. No bairro da Sé esses edifícios estão muito presentes por onde andamos, podemos também notar que muitos deles estão sendo utilizados por moradores de ruas e até mesmo refugiados que não possuem abrigo ou um lugar para morar. Abaixo, podemos observar o mapa de densidade demográfica, que nos mostra que em determinados pontos do bairro, possuem uma densidade muito baixa, mesmo com tantos edifícios sem utilização. Podemos notar claramente que o centro histórico possui uma densidade muito menor do que as áreas que se afastam da parte histórica, o edifício escolhido está inserido na área de baixa densidade demográfica. Por estar localizado na região central da cidade de São Paulo, o terreno está em uma zona de fluxos de pessoas e carros muito elevado, pois milhares de pessoas circulam pela região diariamente, possui uma densidade flutuante muito elevada, principalmente no período diurno quando a população está ali para trabalhar ou usufruir dos comércios locais.

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351 - 30346

92 - 146

207 - 351

ATÉ 92

Figura 41. Mapa Densidade Demográfica Fonte: Geosampa

146 - 207

4.4 DIRETRIZES PROJETUAIS

A partir das análises realizadas, podemos definir as diretrizes a serem seguidas para o projeto de inter-

venção, com intuito de direcionar as soluções arquitetônicas propostas. Sendo elas:

- Preservar e revitalizar a fachada já existente, fazendo modificações somente no térreo, com a retirada das portas de ferro nas aberturas e fazendo a utilização de vidros para iluminação do interior;

- Demolições necessárias para a adaptação do programa, pois o uso antigo impossibilita algumas áreas de se manterem as alvenarias existentes;

- Se apropriar da estrutura existente e reforçá-las com os novos pré-dimensionamentos;

- Requalificar o patrimônio histórico com o novo uso que será dado a edificação;

- Parte do edifício será demolido, mantendo somente sua fachada existente, para assim, poder abrigar da melhor maneira o programa de necessidades;

- Criar um espaço de acolhimento e educacional no pavimento térreo auxiliando não somente os que ali estão abrigados, mas também os que chegam até a cidade de São Paulo;

- Criação de 3 módulos de abrigos, sendo eles familiares, fixos (até 6 meses) e emergenciais.

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4.5 O PROJETO

O projeto de intervenção baseia-se na necessidade da criação de um abrigo que atenda às necessidades

básicas daqueles que chegam à cidade sem terem um lugar para se abrigarem. A premissa do projeto parte da necessidade da preservação e valorização do patrimônio histórico da cidade de São Paulo e como o esvaziamento da região central está relacionada com essa premissa. A escolha do Palacete do Carmo vem a partir da questão de já ter sido utilizado como abrigo para refugiados, utilizado pela Mitra, que é dona da edificação e dos edifícios do seu entorno, que atualmente nenhum deles possuem uso algum. O palacete esta localizado entre as ruas Venceslau Brás, Roberto Simonsen, Irmã Simpliciana e a praça da Sé, por isso, possui uma boa localização, seu entorno imediato conta com somente dois edifícios que hoje se encontram em ruínas, e o interior da quadra, hoje, está sendo utilizada como estacionamento, assim como muitos outros terrenos vazios existentes nas proximidades. A região central conta com uma boa infraestrutura, necessária para que essas pessoas possam encontrar de forma facilitada um espaço de acolhimento ou até mesmo de trabalho, pois possuem também a necessidade de trabalharem para poder se sustentarem, sendo assim, não teriam a necessidade de percorrem longos caminhos entre moradia e trabalho.

O estado do edifício é preocupante, somente o pavimento térreo tem sido utilizado e parte da população

não se conforma com o seu abandono, pois é um edifício de muita presença na região em que está localizado, porém o prédio já está ruinando em seus demais andares, atualmente, foi necessário a colocação de uma tela de proteção para que partes do edifício que caiam não atinjam os transeuntes.

Figura 42. Estado Atual do Edifício Fonte: Acervo da Autora

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Para dar início ao projeto de intervenção foram necessárias análises das plantas existentes do edifício,

mesmo sendo um edifício tombado, sua documentação é muito precária e pouco clara. A partir de então foi criado um programa de necessidades que atendessem da melhor forma o desejado para um abrigo de refugiados, analisando as dimensões existente e adaptando os usos de acordo com o edifício, um dos principais pontos do abrigo é a necessidade de ter um espaço que seja referencia não somente para que ali se abrigam, mas para todos que chegam até a cidade e precisam desse primeiro apoio, por isso, o programa conta com serviços básicos de uso público, além disso, conta também com habitações que foram projetadas de acordo com as necessidades pré-estabelecidas, e serão divididas em três categorias: 1. Habitações familiares; 2. Habitações fixas; 3. Habitações emergenciais.

Figura 43. Diagrama de Usos Fonte: Acervo da Autora

Figura 44. Fluxograma do Programa Fonte: Acervo da Autora

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Com o intuito de preservar o patrimônio histórico, as fachadas originais foram mantidas, foi realizada

somente uma pequena intervenção na fachada do pavimento térreo, com a retirada das portas de ferro que foram substituídas por vidros com acabamento fosco para que o interior possa ter uma melhor iluminação, porém mantendo a privacidade necessária para sua utilização. O acesso principal foi ampliado e as divisões dos galpões do pavimento térreo foram abertas e algumas mantidas, porém, como já citado, com diferentes usos entre o antigo e o novo, foi necessário a modificação e adaptação dos layouts, porém, mesmo com as demolições necessárias os eixos estruturais existentes foram mantidos, reforçando-os com as novas paredes estruturais. Para melhor adaptar o uso do abrigo, a parte central e o anexo do edifício serão demolidos, dando espaço para um novo edifício que será utilizado para melhor adaptar as circulações verticais e torná-las acessíveis, pois as circulações originais não atendiam essas necessidades, além disso, foi projetado uma nova estrutura para esse edifício e também, foi necessário a utilização de uma estrutura metálica para poder segurar a fachada original no local onde houve as devidas demolições para dar lugar ao novo edifício.

DEMOLIR

Figura 45. Diagrama de Demolição Fonte: Acervo da Autora

CONSTRUIR

No térreo, com a demolição da parte central é criado um grande saguão de entrada, que conta com uma

recepção e triagem assim que entramos no edifício, além disso, esse grande saguão poderá ser utilizado para apresentações ou exposições, sendo iluminado por uma grande abertura zenital que está presente em todos os pavimentos do edifício. A parte esquerda do edifício foi adaptada para que pudesse receber as salas de atendimento que estão presentes no programa de necessidades, além disso, o edifício também conta com um grande vazio que se abre para o interior da quadra, onde as parede com janelas foram substituídas por uma grande parede de vidro para melhor iluminação e ventilação das salas e do corredor que estão em seus limites, porém, as paredes de sustentação foram mantidas, assim como as vigas que sustentam as lajes existentes. Junto ao novo edifício, há um anexo aos fundos do terreno no qual foram implantados os sanitários e o pequeno auditório de apoio para o abrigo. Na parte direita do edifício, fica localizada uma pequena biblioteca de apoio, pois o abrigo irá oferecer aulas de português para auxiliar os refugiados na inserção do mercado de trabalho, interligados estão o café e a loja, que estão presentes no edifício para que os próprios abrigados possam trabalhar e ganhar seu próprio dinheiro, assim como na loja, possam vender itens feitos por eles mesmo, de seus países, para que possam ter uma renda nesse início antes mesmo de conseguir um emprego fixo.

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Figura 46. Implantação

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Figura 47. Planta de Demolição Térreo Fonte: Acervo da Autora

Figura 48. Planta de Construção Térreo Fonte: Acervo da Autora

As circulações verticais se repetem em todos os pavimentos. Dando continuidade, no primeiro pavi-

mento estão presentes as habitações familiares, que contam com um sanitário próprio, estas habitações serão direcionadas paras pessoas que chegam até o abrigo com seus filhos ou que possuem uma idade avançada, pois assim, podem ser acomodados de maneira mais humana, principalmente as crianças, que podem ter um espaço mais reservado. Além disso, a partir deste pavimento foram projetadas salas de uso comum a todos, a sala de tv, a lavanderia e a cozinha comunitária que irá repetir-se em todos os de mais pavimentos. No anexo aos fundos, está presente as salas administrativas e dos funcionários, um espaço mais reservado, sem acesso ao público que não está abrigado no edifício.

Figura 49. Planta de Demolição Primeiro Pavimento Fonte: Acervo da Autora

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Figura 50. Planta de Construção Primeiro Pavimento Fonte: Acervo da Autora

O segundo pavimento é idêntico ao primeiro referente as habitações familiares e as salas comunitárias,

porém, o anexo aos fundos sofrerá modificações, pois de acordo com a legislação a partir dos 10m de altura, os recuos são obrigatórios, sendo 3m de recuos laterais e traseiros. Sendo assim, o anexo será utilizado como sala de recreação, podendo ser utilizado para diversas atividades, além disso, terá acesso as lajes do pavimento inferior, que funcionará como terraço, onde as pessoas possam cirular livremente, conta com guarda-corpos para a segurança de todos.

Figura 51. Planta de Demolição Segundo Pavimento Fonte: Acervo do Autor

Figura 52. Planta de Construção Segundo Pavimento Fonte: Acervo da Autora

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A partir do terceiro e quarto pavimento estarão presentes os abrigos fixos, que são habitações para aque-

les que estão em processo de retirada de documentos, vistos, etc, e necessitam deste tempo até que possam conseguir um emprego e pagar por sua próprio moradia, o tempo necessário para que os documentos necessários estejam prontos é de aproximadamente 6 meses. Essas habitações possuem um número variado de leitos, de 2 até 4 leitos em uma mesma habitação. Todas elas contam com um armário próprio e leito individual. As salas comunitárias também se repetem nesses andares, como já citado, a partir desses andares, o anexo agora será utilizado como sanitários de uso comum, e irá se repetir até o último pavimento.

Figura 53. Planta de Demolição Terceiro e Quarto Pavimento Fonte: Acervo da Autora

Figura 54. Planta de Construção Terceiro e Quarto Pavimento Fonte: Acervo da Autora

Os dois últimos pavimentos, quinto e sexto, contam com as habitações emergenciais, que serão utiliza-

das para aqueles que chegam as pressas a cidade, e não possuem condições alguma de se abrigarem em outros lugares, as habitações emergenciais terão uma duração de 1 a 3 meses de permanência, essas habitações serão coletivas e possuem mais leitos, porém, ainda assim será um espaço mais reservado e humano para essas pessoas, as habitações contam também com lockers, as salas comunitárias assim como nos de mais pavimentos e os sanitários de uso comum, como já citado.

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Figura 55. Planta de Demolição Quinto e Sexto Pavimento Fonte: Acervo da Autora

Figura 56. Planta de Construção Quinto e Sexto Pavimento Fonte: Acervo da Autora

Em todos os pavimentos podemos observar a presença de um vazio central, que funciona como fonte

de iluminação para esse grande hall social no novo edifício central (corte xx), na cobertura, teremos uma abertura semelhante as existentes nos demais pavimentos, com uma cobertura em acrílico para a entrada de luz, nas de mais seções será mantida a cobertura já existe no edifício original.

Para melhor compreensão, os demais desenhos serão apresentados nas próximas páginas desse traba-

lho, contando com plantas, cortes, fachadas e maquetes eletronicas do projeto descrito acima.

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Figura 57. Planta do Pavimento TĂŠrreo Escala 1:250

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Figura 58. Planta do Primeiro Pavimento Escala 1:250

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Figura 59. Planta do Segundo Pavimento Escala 1:250

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Figura 60. Planta do Terceiro e Quarto Pavimento Escala 1:250

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Figura 61. Planta do Quinto e Sexto Pavimento Escala 1:250

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Figura 62. Planta de Cobertura Escala 1:250

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Figura 63. Corte AA

Figura 64. Corte BB

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Figura 65. Corte CC

Figura 66. Corte DD

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Figura 67. Fachada Oeste

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Figura 68. Fachada Norte

Figura 69. Fachada Sul

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Figura 70. Entrada do Abrigo Fonte: Acervo da Autora

Figura 71. SaguĂŁo Principal Fonte: Acervo da Autora

Figura 72. Sala de Aula com Vista para o Jardim Externo Fonte: Acervo da Autora

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Figura 73. Habitação Familiar com Banheiro Fonte: Acervo da Autora

Figura 74. Habitação Emergencial Coletiva Fonte: Acervo da Autora

Figura 75. Habitação Fixa Fonte: Acervo da Autora

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CAPÍTULO 5


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo à análise da população imigrante e refugiada que chega até a

cidade de São Paulo, entender melhor sua chegada, suas motivações, seu primeiro abrigo e de que forma são recebidos pela sociedade. Entender melhor como os imigrantes e refugiados são tratados pelos meios de comunicação e como essa imagem pode influenciar na vida dessas pessoas. E por fim, à análise do edifício de intervenção, suas características principais e de que maneira podemos intervir sem que o patrimônio seja drasticamente modificado.

O projeto foi criado para que as pessoas que se abriguem no edifício tenham um local onde possam cha-

mar de casa, onde se sintam acolhidos e mantenham conexões sociais com outras pessoas, que possam ver essa mudança como um recomeço em suas vidas. Sua elaboração foi um processo complexo e de diversas análises e discussões, porém sempre buscando atender as necessidades técnicas, de normas de preservação e além de tudo a humanização dos ambientes de acordo com à adaptação dos espaços.

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LISTA DE IMAGENS 84

Figura 1 - Motivação dos Pedidos de Refúgio Figura 2 - Total de Refugiados Reconhecidos no Brasil Figura 3 - Porcentagem de Refugiados por Genero Figura 4 - Porcentagem de Refugiados por Idade Figura 5 - Porcentagem do Grau de Escolaridade dos Refugiados Figura 6 - Tipo de Moradia dos Refugiados Figura 7 - Fachada Principal do Edifício Gleason Figura 8 - Fachada Interna do Edifício Figura 9 - Planta do Pavimento Térreo Figura 10 - Planta Tipo dos Apartamentos Figura 11 - Planta do Mezanino Figura 12 - Elevação Figura 13 - Foto dos Pavimentos Superiores Figura 14 - Foto do Edifício Original Figura 15 - Beliches do Dormitório Masculino Figura 16 - Pátio Externo do Abrigo Figura 17 - Aulas de português ministradas no abrigo como forma de auxílio Figura 18 - Refeitório Comunitário Figura 19 - Fachada do Centro de Acolhimento Figura 20 - Implantação do Centro de Acolhimento Figura 21 - Planta do Primeiro Pavimento Figura 22 - Planta do Segundo Pavimento Figura 23 - Planta do Terceiro Pavimento FIgura 24 - Habitações Figura 25 - Fachada Principal Figura 26 - Planta do Pavimento Térreo FIgura 27 - Planta do Primeiro Pavimento Figura 28 - Render da Fachada aos Fundos Figura 29 - Render do Hall de Entrada Figura 30 - Fachada Principal do Palacete do Carmo Figura 31 - Planta Original - Pavimento Térreo Figura 32 - Planta Original - Pavimento Tipo Figura 33 - Planta Reforma - Pavimento Tipo Figura 34 - Fachada do Palacete do Carmo no centro histórico de São Paulo Figura 35 - Detalhe da Fachada Principal Figura 36 - Detalhe do Corte CD Figura 37 - Detalhe da Fachada Figura 38 - Detalha da Fachada Interna Figura 39 - Mapa com Pontos de Interesse Figura 40 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo Figura 41 - Mapa de Densidade Demográfica Figura 42 - Estado Atual do Edifício Figura 43 - Diagrama de Usos Figura 44 - Fluxograma do Programa Figura 45 - Diagrama de Demolição Figura 46 - Implantação Figura 47 - Planta de Demolição Térreo Figura 48 - Planta de Consttrução Térreo Figura 49 - Planta Demolição Primeiro Pavimento Figura 50 - Planta de Construção Primeiro Pavimento Figura 51 - Planta de Demolição Segundo Pavimento Figura 52 - Planta de Construção Segundo Pavimento Figura 53 - Planta de Demolição Terceiro e Quarto Pavimento Figura 54 - Planta de Construção Terceiro e Quarto Pavimento


Figura 55 - Planta de Demolição Quinto e Sexto Pavimento Figura 56 - Planta de Construção Quinto e Sexto Pavimento FIgura 57 - Planta do Pavimento Térreo Figura 58 - Planta do Primeiro Pavimento Figura 59 - Planta do Segundo Pavimento Figura 60 - Planta do Terceiro e Quarto Pavimento Figura 61 - Planta do Quinto e Sexto Pavimento Figura 62 - Planta de Cobertura Figura 63 - Corte AA Figura 64 - Corte BB Figura 65 - Corte CC Figura 66 - Corte DD Figura 67 - Fachada Oeste Figura 68 - Fachada Norte Figura 69 - Fachada Sul Figura 70 - Entrada do Abrigo Figura 71 - Saguão Principal Figura 72 - Sala de Aula com Vista para o Jardim Externo Figura 73 - Habitação Familiar com Banheiro Figura 74 - Habitação Emergencial Coletiva Figura 75 - Habitação Fixa

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